SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
Baixar para ler offline
“Os três
últimos anos
foram incríveis.
A gente não
sentiu essa crise
e o consumo
só vem
aumentando.”
Busca saudável amplia
o mercado de orgânicos
Produtora orgânica
ALIMENTAÇÃO ||| TENDÊNCIA
ARIANE DE SOUZA
José Eduardo Mansur
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
jose.mansur@rac.com.br
A busca por alimentos mais
saudáveis tem impulsionado o
segmento de produtos orgâni-
cos, que ignorou a crise econô-
mica brasileira dos últimos
tempos. Na região de Campi-
nas, o setor está em pleno cres-
cimento e o índice de novos
agricultores certificados per-
manece acima da média regis-
trada no estado de São Paulo.
Apesar da maior oferta no mer-
cado, os consumidores conti-
nuam pagando mais caro para
poder consumir alimentos nu-
tritivos e sem a carga de agro-
tóxicos dos produtos conven-
cionais.
Todas as quartas-feiras, a
costureira Márcia Cardoso Soa-
res marca presença na feira de
produtos orgânicos no Bosque
dos Jequitibás, em Campinas.
“Eu levo legumes, verduras,
frutas, ovos e até mesmo lei-
te”, contou a consumidora, an-
tes de escolher os alimentos
em uma das barracas de horta-
liças. “O que eu encontro, eu
levo, mesmo sendo um pouco
mais caro; nem que eu leve
uma menor quantidade”, dis-
se a costureira, citando que há
10 anos opta por uma alimen-
tação mais saudável.
A assiduidade de Márcia na
feira do Bosque comprova a
preferência de uma parcela da
população pelos orgânicos,
mas o depoimento também re-
vela um dos entraves para o
aumento do consumo no seg-
mento. O levantamento do
Conselho Brasileiro de Produ-
ção Orgânica e Sustentável (Or-
ganis) indica que 41% dos bra-
sileiros evitam os alimentos or-
gânicos para não sacrificar o
orçamento familiar. O estudo,
divulgado em junho deste ano,
aponta que 72% dos consumi-
dores frequentes também con-
sideram os preços como um
dos obstáculos para o aumen-
to das compras.
Reconhecidamente, os orgâ-
nicos são mais caros que os
produtos vendidos na modali-
dade convencional. Nas feiras
especializadas em Campinas,
as alfaces dos tipos lisa, mimo-
sa e crespa são encontradas
por até R$ 3,50 a unidade, va-
lor superior ao praticado nas
feiras livres e nos supermerca-
dos. Nas grandes redes, a alfa-
ce crespa pode ser comprada
por R$ 2,00, em média.
Outros produtos, como sal-
sa, hortelã, brócolis e berinje-
la, chegam a ter os preços equi-
parados, mas as maiores varia-
ções são encontradas em ali-
mentos cuja valoração é extre-
mamente dependente do volu-
me e da qualidade da safra in-
dustrial do País. Em junho, a
cotação da batata inglesa caiu
cerca de 20% em função da al-
ta produtividade nas lavouras.
Atualmente, nos hipermerca-
dos de Campinas, o tubérculo
é encontrado por menos de R$
2,00. Já nas feiras orgânicas da
cidade, a batata orgânica está
sendo vendida a R$ 10,00 o qui-
lo, mesmo sem os atravessado-
res, uma vez que o produtor
comercializa diretamente ao
consumidor.
Para quem tem o orçamen-
to apertado, fazer a feira sema-
nal somente com orgânicos es-
tá fora dos planos. “Eu passo
por aqui e levo só alguma coisi-
nha. Não dá pra comprar tudo
o que eu gostaria, infelizmen-
te”, lamentou o professor de in-
glês Flávio de Carvalho, que
comprou apenas folhas na ban-
ca dos produtores Irmãos Sou-
za, empresa familiar e que há
14 anos se dedica aos orgâni-
cos.
À frente da barraca, Ariane
de Souza, filha de um dos só-
cios da firma, revela que o fatu-
ramento vem basicamente do
resultados nas feiras: três vezes
por semana em Campinas e
um dia em Jaguariúna, sede do
sítio. “A gente atende algumas
lojas, mas é coisa pequena, jus-
tamente para não encarecer o
produto e para o consumidor
nos conhecer. É muito legal es-
se contato do produtor com o
consumidor. É bacana”, co-
menta Ariane, contando que o
movimento da clientela está ca-
da vez maior. “Os três últimos
anos foram incríveis. A gente
não sentiu essa crise e o consu-
mo só vem aumentando. Bus-
camos ainda uma maior diver-
sidade, um leque muito grande
de produtos. Cultivamos, na
média, 50 ou 60 produtos por
ano, dependendo da sazonali-
dade”, conta a agricultora.
Os bons ventos nas lavouras
orgânicas são confirmados por
outro produtor rural de Jagua-
riúna, Romeo Mattos Leite.
“Nossas vendas têm aumenta-
do entre 20% e 30% ao ano”, co-
memora o proprietário da Vila
Yamaguishi, também presiden-
te da Associação de Agricultura
Natural de Campinas e Região
(ANC). Apesar das sucessivas al-
tas do faturamento nos últimos
sete anos, Romeo diz que os
elevados custos da produção
orgânica acabam refletindo no
preço final ao consumidor. “O
agricultor orgânico não usa her-
bicida, então é tudo manual, ar-
rancamos o mato com a mão.
Assim, você acaba usando
mais mão de obra, o que enca-
rece o processo. Mas isso aca-
ba sendo um beneficio, porque
você gera trabalho e segura o
homem no campo, evitando
que ele vá para a cidade formar
favelas”, destaca o produtor,
que emprega 35 pessoas na fa-
zenda de orgânicos.
LEIA MAIS NAS PÁGINAS A5 E A6
Sugestões de pautas, críticas e elogios:
cidades@rac.com.br ou
pelos telefones 3772-8221 e 3772-8003
Atendimento ao assinante:
3736-3200 ou pelo
e-mail saa@rac.com.br
Editores: Claudio Liza Junior, Jorge Massarolo, Patrícia Penzin e Ronaldo Faria Chefe de reportagem: Guilherme Busch
Mesmo com o significativo
grau de empregabilidade no
segmento de orgânicos, e ape-
sar das vendas em alta, o pro-
dutor Romeo Leite ressalta que
os resultados poderiam ser me-
lhores se houvesse avanço em
pesquisa. “Hoje, ninguém mais
quer pegar em enxadas. Esta-
mos usando ferramentas me-
dievais e o mercado ainda tem
poucos profissionais capacita-
dos para dar assistência técni-
ca ao produtor. O próprio agri-
cultor tem que pesquisar e ten-
tar melhorar a sua produtivida-
de”, reclama Romeo, lembran-
do que a inovação é fundamen-
tal para diminuir o custo de cul-
tivo. “Por se uma produção em
pequena escala e por não ter
métodos eficientes, o produto
acaba ficando mais caro que o
da agricultura convencional”,
resume o presidente da ANC.
O pesquisador Sebastião Wil-
son Tivelli reconhece que as de-
ficiências tecnológicas e a falta
de assistência técnica no cam-
po são alguns dos motivos que
encarecem os orgânicos. “Essa
é uma antiga demanda do se-
tor, mas temos desenvolvido tra-
balhos para atender essas neces-
sidades”, diz o engenheiro agrô-
nomo, à frente do centro de re-
ferência estadual em São Ro-
que, a Unidade de Pesquisa e
Desenvolvimento em Agricultu-
ra Ecológica (UPDEA), vincula-
da à Agência Paulista de Tecno-
logia dos Agronegócios (APTA).
Apesar de o centro de exce-
lência ter sido criado em 2013,
as pesquisas em orgânicos
acontecem desde 1994. Uma
das conquistas é o desenvolvi-
mento de cultivares de batata
específicas para a agricultura
ecológica. Os tubérculos são re-
sistentes a doenças e foram de-
senvolvidos em parceria com
os técnicos do Instituto Agronô-
mico de Campinas. A disponibi-
lização no mercado depende
apenas da liberação do Ministé-
rio da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, que analisa
também o novo tipo de cebola
produzido pela UPDEA. “A ce-
bola orgânica é fruto de um tra-
balho de 12 anos. Trata-se uma
material que pode ser produzi-
do em uma época onde não
existe oferta no estado de São
Paulo. Quando essa cultivar for
lançada, vai atender também a
agricultura comercial”, diz.
Lavouras
Em relação à consultoria nas la-
vouras orgânicas, o pesquisa-
dor revela que 277 técnicos já
foram capacitados para prestar
assistência técnica agroecológi-
ca. “O trabalho começa a mos-
trar resultados, apesar do pou-
co tempo do programa de trei-
namento, que começou em
2012”, enfatiza Tivelli, lembran-
do que a quantidade de novas
certificações comprova a eficá-
cia da formação dos novos pro-
fissionais.
De acordo com o Cadastro
Nacional de Produtores Orgâni-
cos, do Ministério da Agricultu-
ra, o estado de São Paulo regis-
trou um aumento de certifica-
ções orgânicas em 7,8% no pri-
meiro semestre deste ano. Em
2016, o números de agriculto-
res no segmento já havia cresci-
do 16,9%. No entanto, a região
de Campinas tem superado a
média estadual. De acordo
com a ANC, que também é cer-
tificadora, hoje existem 128 pro-
dutores habilitados. Até o fim
do ano passado, eram 88.
“Além de o mercado estar em
crescimento, o nosso modelo
de certificação é participativo,
bem mais barato que o méto-
do por auditoria”, diz Romeo.
Na modalidade participativa, o
agricultor integra grupo com-
posto por técnicos e outros pro-
dutores que se encarregam de
uma fiscalização mútua.
O agricultor somente é certi-
ficado caso cumpra os requisi-
tos que obedeçam às normas e
práticas que assegurem o culti-
vo e o manejo orgânico. O selo
Produto Orgânico Brasil atesta
a garantia de procedência, mas
também influencia diretamen-
te nos custos de produção. O
centro de pesquisas em orgâni-
cos da APTA, na cidade de Itara-
ré, desembolsa cerca de R$ 5
mil anuais às entidades certifi-
cadoras, valor que varia tam-
bém de acordo com o períme-
tro cultivado dentro do terre-
no. “Ainda existem outras duas
inspeções por ano, uma delas é
surpresa, sem prévio aviso. Ca-
da uma custa R$ 800,00. Quan-
do você extrapola isso para um
agricultor familiar, ele precisa
colocar esses custos na produ-
ção dele”, exemplifica Tivelli,
que publicou um artigo, dispo-
nível na internet, explicando
porque os produtos orgânicos
costumam ser mais caros.
A produtora Ariane de Souza
confirma que a maior dificulda-
de é arcar com os gastos da cer-
tificação. “O governo exige mui-
to. Tem que fazer a inspeção
anual, análise de água, análise
de solo e isso requer muito di-
nheiro. Tudo custa em torno de
R$ 2 mil por ano, além do paga-
mento de uma taxa mensal à
certificadora”, explica a agricul-
tora do sítio familiar em Jagua-
riúna. De acordo com a ANC, a
contribuição mensal pode va-
riar entre R$ 30,00 e R$ 120,00 e
também é calculada de acordo
com a área certificada. (JEM/
AAN)
Consumidores em banca de legumes da feira de orgânicos do Bosque dos Jequitibás, em Campinas: procura seria maior com preços mais acessíveis
Mulher escolhe verduras em uma banca da feira de produtos orgânicos realizada no Bosque dos Jequitibás
41
Dos brasileiros evitam os
orgânicos para não sacrificar
o orçamento doméstico
Custos altos ainda são entrave para modelo de negócio
Cidades
Apesar da crise, setor segue em pleno crescimento em Campinas
Fotos: Leandro Ferreira/AAN
POR CENTO
Oferta de produtos
cresce, mas preço
ainda é um problema
Para produtor de Jaguariúna, resultados poderiam ser muito superiores se houvesse mais investimento em pesquisas
A4 CORREIO POPULARA4 Campinas, domingo, 13 de agosto de 2017

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...
USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...
USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...Jacqueline Carvalho Professora
 
O Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos OrgânicosO Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos OrgânicosBrasil
 
Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020
Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020
Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020Luiz Valeriano
 
Art jessica rev final
Art jessica rev finalArt jessica rev final
Art jessica rev finalWitalo Silva
 
OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...
OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...
OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...1sested
 
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVESAGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVESCarima Atiyel
 
AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...
AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...
AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...Carima Atiyel
 
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaCentro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaMarcos A. M. Ary
 

Mais procurados (20)

USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...
USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...
USO DO INDICE DE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA BOVINA: ESTUDO DO MUNICIPIO DE ...
 
O Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos OrgânicosO Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos Orgânicos
 
V. 5 n.10
V. 5 n.10V. 5 n.10
V. 5 n.10
 
Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020
Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020
Pesquisa Cafeeira Safra 2019/2020
 
Art jessica rev final
Art jessica rev finalArt jessica rev final
Art jessica rev final
 
Clipping cnc 19022015 versão de impressão
Clipping cnc 19022015   versão de impressãoClipping cnc 19022015   versão de impressão
Clipping cnc 19022015 versão de impressão
 
Clipping cnc 15e16072015 versão de impressão
Clipping cnc 15e16072015   versão de impressãoClipping cnc 15e16072015   versão de impressão
Clipping cnc 15e16072015 versão de impressão
 
OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...
OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...
OS PRODUTORES DE CACAU DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL: ANÁLISE DAS CONDIÇÕ...
 
Relatorio v.5 n.6
Relatorio v.5 n.6Relatorio v.5 n.6
Relatorio v.5 n.6
 
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVESAGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
 
Clipping cnc 02092014 versao de impressao
Clipping cnc 02092014   versao de impressaoClipping cnc 02092014   versao de impressao
Clipping cnc 02092014 versao de impressao
 
Clipping cnc 15072014 versao de impressao
Clipping cnc 15072014   versao de impressaoClipping cnc 15072014   versao de impressao
Clipping cnc 15072014 versao de impressao
 
AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...
AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...
AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS: CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS E ENTRAV...
 
Clipping cnc 16022016 versão de impressão
Clipping cnc 16022016   versão de impressãoClipping cnc 16022016   versão de impressão
Clipping cnc 16022016 versão de impressão
 
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaCentro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
 
Clipping cnc 28102015
Clipping cnc 28102015Clipping cnc 28102015
Clipping cnc 28102015
 
Clipping cnc 18112015 versão de impressão
Clipping cnc 18112015   versão de impressãoClipping cnc 18112015   versão de impressão
Clipping cnc 18112015 versão de impressão
 
Ed62agosto11
Ed62agosto11Ed62agosto11
Ed62agosto11
 
Clipping cnc 22082016 versão de impressão
Clipping cnc 22082016   versão de impressãoClipping cnc 22082016   versão de impressão
Clipping cnc 22082016 versão de impressão
 
Clipping cnc 22 e 23032017 versão de impressão
Clipping cnc 22 e 23032017   versão de impressãoClipping cnc 22 e 23032017   versão de impressão
Clipping cnc 22 e 23032017 versão de impressão
 

Semelhante a Custos altos ainda são entrave para modelo de negócio

Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaCentro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaMarcos A. M. Ary
 
Materia Agenda Agronegócio
Materia Agenda AgronegócioMateria Agenda Agronegócio
Materia Agenda AgronegócioACIDADE ON
 
Os Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
Os Desafios Socioambientais para o Agro SustentávelOs Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
Os Desafios Socioambientais para o Agro SustentávelAgriculturaSustentavel
 
O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015
O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015
O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015isareboucas
 
Livro processamento minimo de frutas e hortaliças
Livro processamento minimo de frutas e hortaliçasLivro processamento minimo de frutas e hortaliças
Livro processamento minimo de frutas e hortaliçasMayara Coradini
 
Certificação e acompanhamento da produção
Certificação e acompanhamento da produçãoCertificação e acompanhamento da produção
Certificação e acompanhamento da produçãoInstitutoKairosSP
 
Livro processamento minimo
Livro processamento minimoLivro processamento minimo
Livro processamento minimoAna Veiga
 
Livro processamento minimo
Livro processamento minimoLivro processamento minimo
Livro processamento minimosousaregiane
 
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos Brasil
 
Informe Rural - 03/10/13
Informe Rural - 03/10/13Informe Rural - 03/10/13
Informe Rural - 03/10/13Informe Rural
 
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambienteOs danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambienteSergio Adreliane
 

Semelhante a Custos altos ainda são entrave para modelo de negócio (20)

Pós colheita hortaliça
Pós colheita hortaliçaPós colheita hortaliça
Pós colheita hortaliça
 
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaCentro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
 
Materia Agenda Agronegócio
Materia Agenda AgronegócioMateria Agenda Agronegócio
Materia Agenda Agronegócio
 
Orgânicos Campinas Café
Orgânicos Campinas CaféOrgânicos Campinas Café
Orgânicos Campinas Café
 
Os Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
Os Desafios Socioambientais para o Agro SustentávelOs Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
Os Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
 
Agricultura Organica
Agricultura OrganicaAgricultura Organica
Agricultura Organica
 
O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015
O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015
O mercado-de-mini-e-baby-hf-e-gigante revista hf brasil 2015
 
Clipping cnc 31012018 versão de impressão
Clipping cnc 31012018   versão de impressãoClipping cnc 31012018   versão de impressão
Clipping cnc 31012018 versão de impressão
 
Livro processamento minimo de frutas e hortaliças
Livro processamento minimo de frutas e hortaliçasLivro processamento minimo de frutas e hortaliças
Livro processamento minimo de frutas e hortaliças
 
Revista Orgânicos Nº 02
Revista Orgânicos Nº 02Revista Orgânicos Nº 02
Revista Orgânicos Nº 02
 
Certificação e acompanhamento da produção
Certificação e acompanhamento da produçãoCertificação e acompanhamento da produção
Certificação e acompanhamento da produção
 
Livro processamento minimo
Livro processamento minimoLivro processamento minimo
Livro processamento minimo
 
Livro processamento minimo
Livro processamento minimoLivro processamento minimo
Livro processamento minimo
 
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
 
Caderno soja 2013 prova
Caderno soja 2013 provaCaderno soja 2013 prova
Caderno soja 2013 prova
 
Info Wolf n°10
Info Wolf n°10 Info Wolf n°10
Info Wolf n°10
 
Informe Rural - 03/10/13
Informe Rural - 03/10/13Informe Rural - 03/10/13
Informe Rural - 03/10/13
 
Agriculturaorganica
AgriculturaorganicaAgriculturaorganica
Agriculturaorganica
 
ApresentaSão
ApresentaSãoApresentaSão
ApresentaSão
 
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambienteOs danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
 

Mais de Agricultura Sao Paulo

Usina de Lixo Verde tem expectativa de desfecho
Usina de Lixo Verde  tem expectativa de desfechoUsina de Lixo Verde  tem expectativa de desfecho
Usina de Lixo Verde tem expectativa de desfechoAgricultura Sao Paulo
 
Laboratórios de ponta são inaugurados no IAC
Laboratórios de ponta são inaugurados no IACLaboratórios de ponta são inaugurados no IAC
Laboratórios de ponta são inaugurados no IACAgricultura Sao Paulo
 
Globo Rural Responde: Laranja atacada
Globo Rural Responde: Laranja atacadaGlobo Rural Responde: Laranja atacada
Globo Rural Responde: Laranja atacadaAgricultura Sao Paulo
 
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019Agricultura Sao Paulo
 
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e AgostoChuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e AgostoAgricultura Sao Paulo
 
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR Agricultura Sao Paulo
 
Novas Cultivares de uvas para região sul
Novas Cultivares de uvas para região sul     Novas Cultivares de uvas para região sul
Novas Cultivares de uvas para região sul Agricultura Sao Paulo
 
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiroGlobo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiroAgricultura Sao Paulo
 
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agostoChuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agostoAgricultura Sao Paulo
 
Extremistas não terão vez na agricultura paulista
Extremistas não terão vez na agricultura paulistaExtremistas não terão vez na agricultura paulista
Extremistas não terão vez na agricultura paulistaAgricultura Sao Paulo
 
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custoAmendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custoAgricultura Sao Paulo
 
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimentoPara ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimentoAgricultura Sao Paulo
 
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados Agricultura Sao Paulo
 
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019Agricultura Sao Paulo
 
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPBA importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPBAgricultura Sao Paulo
 
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviaisNematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviaisAgricultura Sao Paulo
 

Mais de Agricultura Sao Paulo (20)

Usina de Lixo Verde tem expectativa de desfecho
Usina de Lixo Verde  tem expectativa de desfechoUsina de Lixo Verde  tem expectativa de desfecho
Usina de Lixo Verde tem expectativa de desfecho
 
Laboratórios de ponta são inaugurados no IAC
Laboratórios de ponta são inaugurados no IACLaboratórios de ponta são inaugurados no IAC
Laboratórios de ponta são inaugurados no IAC
 
Globo Rural Responde: Laranja atacada
Globo Rural Responde: Laranja atacadaGlobo Rural Responde: Laranja atacada
Globo Rural Responde: Laranja atacada
 
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
 
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e AgostoChuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
 
Nova variedades no campo
Nova variedades no campoNova variedades no campo
Nova variedades no campo
 
Batata-Semente produzida no ar
Batata-Semente produzida no arBatata-Semente produzida no ar
Batata-Semente produzida no ar
 
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
 
Captação de água em debate
Captação de água em debateCaptação de água em debate
Captação de água em debate
 
Novas Cultivares de uvas para região sul
Novas Cultivares de uvas para região sul     Novas Cultivares de uvas para região sul
Novas Cultivares de uvas para região sul
 
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiroGlobo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
 
Captação de água em debate
Captação de água em debateCaptação de água em debate
Captação de água em debate
 
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agostoChuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
 
Extremistas não terão vez na agricultura paulista
Extremistas não terão vez na agricultura paulistaExtremistas não terão vez na agricultura paulista
Extremistas não terão vez na agricultura paulista
 
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custoAmendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
 
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimentoPara ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
 
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
 
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
 
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPBA importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
 
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviaisNematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
 

Custos altos ainda são entrave para modelo de negócio

  • 1. “Os três últimos anos foram incríveis. A gente não sentiu essa crise e o consumo só vem aumentando.” Busca saudável amplia o mercado de orgânicos Produtora orgânica ALIMENTAÇÃO ||| TENDÊNCIA ARIANE DE SOUZA José Eduardo Mansur DA AGÊNCIA ANHANGUERA jose.mansur@rac.com.br A busca por alimentos mais saudáveis tem impulsionado o segmento de produtos orgâni- cos, que ignorou a crise econô- mica brasileira dos últimos tempos. Na região de Campi- nas, o setor está em pleno cres- cimento e o índice de novos agricultores certificados per- manece acima da média regis- trada no estado de São Paulo. Apesar da maior oferta no mer- cado, os consumidores conti- nuam pagando mais caro para poder consumir alimentos nu- tritivos e sem a carga de agro- tóxicos dos produtos conven- cionais. Todas as quartas-feiras, a costureira Márcia Cardoso Soa- res marca presença na feira de produtos orgânicos no Bosque dos Jequitibás, em Campinas. “Eu levo legumes, verduras, frutas, ovos e até mesmo lei- te”, contou a consumidora, an- tes de escolher os alimentos em uma das barracas de horta- liças. “O que eu encontro, eu levo, mesmo sendo um pouco mais caro; nem que eu leve uma menor quantidade”, dis- se a costureira, citando que há 10 anos opta por uma alimen- tação mais saudável. A assiduidade de Márcia na feira do Bosque comprova a preferência de uma parcela da população pelos orgânicos, mas o depoimento também re- vela um dos entraves para o aumento do consumo no seg- mento. O levantamento do Conselho Brasileiro de Produ- ção Orgânica e Sustentável (Or- ganis) indica que 41% dos bra- sileiros evitam os alimentos or- gânicos para não sacrificar o orçamento familiar. O estudo, divulgado em junho deste ano, aponta que 72% dos consumi- dores frequentes também con- sideram os preços como um dos obstáculos para o aumen- to das compras. Reconhecidamente, os orgâ- nicos são mais caros que os produtos vendidos na modali- dade convencional. Nas feiras especializadas em Campinas, as alfaces dos tipos lisa, mimo- sa e crespa são encontradas por até R$ 3,50 a unidade, va- lor superior ao praticado nas feiras livres e nos supermerca- dos. Nas grandes redes, a alfa- ce crespa pode ser comprada por R$ 2,00, em média. Outros produtos, como sal- sa, hortelã, brócolis e berinje- la, chegam a ter os preços equi- parados, mas as maiores varia- ções são encontradas em ali- mentos cuja valoração é extre- mamente dependente do volu- me e da qualidade da safra in- dustrial do País. Em junho, a cotação da batata inglesa caiu cerca de 20% em função da al- ta produtividade nas lavouras. Atualmente, nos hipermerca- dos de Campinas, o tubérculo é encontrado por menos de R$ 2,00. Já nas feiras orgânicas da cidade, a batata orgânica está sendo vendida a R$ 10,00 o qui- lo, mesmo sem os atravessado- res, uma vez que o produtor comercializa diretamente ao consumidor. Para quem tem o orçamen- to apertado, fazer a feira sema- nal somente com orgânicos es- tá fora dos planos. “Eu passo por aqui e levo só alguma coisi- nha. Não dá pra comprar tudo o que eu gostaria, infelizmen- te”, lamentou o professor de in- glês Flávio de Carvalho, que comprou apenas folhas na ban- ca dos produtores Irmãos Sou- za, empresa familiar e que há 14 anos se dedica aos orgâni- cos. À frente da barraca, Ariane de Souza, filha de um dos só- cios da firma, revela que o fatu- ramento vem basicamente do resultados nas feiras: três vezes por semana em Campinas e um dia em Jaguariúna, sede do sítio. “A gente atende algumas lojas, mas é coisa pequena, jus- tamente para não encarecer o produto e para o consumidor nos conhecer. É muito legal es- se contato do produtor com o consumidor. É bacana”, co- menta Ariane, contando que o movimento da clientela está ca- da vez maior. “Os três últimos anos foram incríveis. A gente não sentiu essa crise e o consu- mo só vem aumentando. Bus- camos ainda uma maior diver- sidade, um leque muito grande de produtos. Cultivamos, na média, 50 ou 60 produtos por ano, dependendo da sazonali- dade”, conta a agricultora. Os bons ventos nas lavouras orgânicas são confirmados por outro produtor rural de Jagua- riúna, Romeo Mattos Leite. “Nossas vendas têm aumenta- do entre 20% e 30% ao ano”, co- memora o proprietário da Vila Yamaguishi, também presiden- te da Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC). Apesar das sucessivas al- tas do faturamento nos últimos sete anos, Romeo diz que os elevados custos da produção orgânica acabam refletindo no preço final ao consumidor. “O agricultor orgânico não usa her- bicida, então é tudo manual, ar- rancamos o mato com a mão. Assim, você acaba usando mais mão de obra, o que enca- rece o processo. Mas isso aca- ba sendo um beneficio, porque você gera trabalho e segura o homem no campo, evitando que ele vá para a cidade formar favelas”, destaca o produtor, que emprega 35 pessoas na fa- zenda de orgânicos. LEIA MAIS NAS PÁGINAS A5 E A6 Sugestões de pautas, críticas e elogios: cidades@rac.com.br ou pelos telefones 3772-8221 e 3772-8003 Atendimento ao assinante: 3736-3200 ou pelo e-mail saa@rac.com.br Editores: Claudio Liza Junior, Jorge Massarolo, Patrícia Penzin e Ronaldo Faria Chefe de reportagem: Guilherme Busch Mesmo com o significativo grau de empregabilidade no segmento de orgânicos, e ape- sar das vendas em alta, o pro- dutor Romeo Leite ressalta que os resultados poderiam ser me- lhores se houvesse avanço em pesquisa. “Hoje, ninguém mais quer pegar em enxadas. Esta- mos usando ferramentas me- dievais e o mercado ainda tem poucos profissionais capacita- dos para dar assistência técni- ca ao produtor. O próprio agri- cultor tem que pesquisar e ten- tar melhorar a sua produtivida- de”, reclama Romeo, lembran- do que a inovação é fundamen- tal para diminuir o custo de cul- tivo. “Por se uma produção em pequena escala e por não ter métodos eficientes, o produto acaba ficando mais caro que o da agricultura convencional”, resume o presidente da ANC. O pesquisador Sebastião Wil- son Tivelli reconhece que as de- ficiências tecnológicas e a falta de assistência técnica no cam- po são alguns dos motivos que encarecem os orgânicos. “Essa é uma antiga demanda do se- tor, mas temos desenvolvido tra- balhos para atender essas neces- sidades”, diz o engenheiro agrô- nomo, à frente do centro de re- ferência estadual em São Ro- que, a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultu- ra Ecológica (UPDEA), vincula- da à Agência Paulista de Tecno- logia dos Agronegócios (APTA). Apesar de o centro de exce- lência ter sido criado em 2013, as pesquisas em orgânicos acontecem desde 1994. Uma das conquistas é o desenvolvi- mento de cultivares de batata específicas para a agricultura ecológica. Os tubérculos são re- sistentes a doenças e foram de- senvolvidos em parceria com os técnicos do Instituto Agronô- mico de Campinas. A disponibi- lização no mercado depende apenas da liberação do Ministé- rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que analisa também o novo tipo de cebola produzido pela UPDEA. “A ce- bola orgânica é fruto de um tra- balho de 12 anos. Trata-se uma material que pode ser produzi- do em uma época onde não existe oferta no estado de São Paulo. Quando essa cultivar for lançada, vai atender também a agricultura comercial”, diz. Lavouras Em relação à consultoria nas la- vouras orgânicas, o pesquisa- dor revela que 277 técnicos já foram capacitados para prestar assistência técnica agroecológi- ca. “O trabalho começa a mos- trar resultados, apesar do pou- co tempo do programa de trei- namento, que começou em 2012”, enfatiza Tivelli, lembran- do que a quantidade de novas certificações comprova a eficá- cia da formação dos novos pro- fissionais. De acordo com o Cadastro Nacional de Produtores Orgâni- cos, do Ministério da Agricultu- ra, o estado de São Paulo regis- trou um aumento de certifica- ções orgânicas em 7,8% no pri- meiro semestre deste ano. Em 2016, o números de agriculto- res no segmento já havia cresci- do 16,9%. No entanto, a região de Campinas tem superado a média estadual. De acordo com a ANC, que também é cer- tificadora, hoje existem 128 pro- dutores habilitados. Até o fim do ano passado, eram 88. “Além de o mercado estar em crescimento, o nosso modelo de certificação é participativo, bem mais barato que o méto- do por auditoria”, diz Romeo. Na modalidade participativa, o agricultor integra grupo com- posto por técnicos e outros pro- dutores que se encarregam de uma fiscalização mútua. O agricultor somente é certi- ficado caso cumpra os requisi- tos que obedeçam às normas e práticas que assegurem o culti- vo e o manejo orgânico. O selo Produto Orgânico Brasil atesta a garantia de procedência, mas também influencia diretamen- te nos custos de produção. O centro de pesquisas em orgâni- cos da APTA, na cidade de Itara- ré, desembolsa cerca de R$ 5 mil anuais às entidades certifi- cadoras, valor que varia tam- bém de acordo com o períme- tro cultivado dentro do terre- no. “Ainda existem outras duas inspeções por ano, uma delas é surpresa, sem prévio aviso. Ca- da uma custa R$ 800,00. Quan- do você extrapola isso para um agricultor familiar, ele precisa colocar esses custos na produ- ção dele”, exemplifica Tivelli, que publicou um artigo, dispo- nível na internet, explicando porque os produtos orgânicos costumam ser mais caros. A produtora Ariane de Souza confirma que a maior dificulda- de é arcar com os gastos da cer- tificação. “O governo exige mui- to. Tem que fazer a inspeção anual, análise de água, análise de solo e isso requer muito di- nheiro. Tudo custa em torno de R$ 2 mil por ano, além do paga- mento de uma taxa mensal à certificadora”, explica a agricul- tora do sítio familiar em Jagua- riúna. De acordo com a ANC, a contribuição mensal pode va- riar entre R$ 30,00 e R$ 120,00 e também é calculada de acordo com a área certificada. (JEM/ AAN) Consumidores em banca de legumes da feira de orgânicos do Bosque dos Jequitibás, em Campinas: procura seria maior com preços mais acessíveis Mulher escolhe verduras em uma banca da feira de produtos orgânicos realizada no Bosque dos Jequitibás 41 Dos brasileiros evitam os orgânicos para não sacrificar o orçamento doméstico Custos altos ainda são entrave para modelo de negócio Cidades Apesar da crise, setor segue em pleno crescimento em Campinas Fotos: Leandro Ferreira/AAN POR CENTO Oferta de produtos cresce, mas preço ainda é um problema Para produtor de Jaguariúna, resultados poderiam ser muito superiores se houvesse mais investimento em pesquisas A4 CORREIO POPULARA4 Campinas, domingo, 13 de agosto de 2017