SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
“Q
uer pagar quanto?”, gritava à
exaustão um insistente garoto-
propaganda de uma rede de
magazines. Parafraseando o famoso slo-
gan, poderíamos dizer que quem quiser
comprar orgânicos também pode esco-
lher quanto quer pagar por eles. Pesquisa
do Idec levantou os preços de sete ali-
mentos orgânicos (repolho verde, berin-
jela, pimentão verde, chuchu, tomate,
cebola e alface americana) em quatro ca-
pitais do país e concluiu que a diferença
de preço de um mesmo produto pode
chegar a 463%, dependendo do canal de
venda (grandes supermercados, feiras de
orgânicos e entregas em domicílio). É o
caso de Curitiba, onde a média de preço
de um pé de alface americana é de es-
trondosos R$ 3,94 em supermercados e
de R$ 0,70 em feiras de orgânicos.
Em 100% dos casos, os preços mais
baixos foram os praticados por feirantes.
Os supermercados, no outro extremo,
apresentaram valores mais salgados em
68% dos casos. E as entregas em do-
micílio tiveram ofertas menos vantajosas
em 32% dos casos. Veja o resultado com-
pleto no quadro Onde É Mais Barato.
Se considerada a lógica de mercado
aplicada à maioria das atividades eco-
nômicas, os grandes distribuidores ten-
dem a oferecer preços mais baixos que os
dos pequenos comerciantes. Claro, quem
tem mais capital de giro e mais pontos de
venda também tem mais poder de bar-
ganha na hora de negociar com o produ-
tor. Mas isso não se aplica ao setor de
orgânicos: no caso das feiras, o comer-
ciante é quase sempre o próprio produ-
tor. Assim, sem intermediários, é maior a
16 Revista do Idec | Abril 2010
CAPA
Os alimentos orgânicos,
felizmente, vieram
para ficar. Mas seus
preços variam bastante:
são bem mais caros em
supermercados e mais
baratos em feiras
especializadas. É o que
revela pesquisa do Idec
Quer pagar
quanto?
FOTOSIZILDAFRANÇA
probabilidade de o preço final ser
mais baixo.
Araci Kamiyama, engenheira agrô-
noma da equipe de agricultura sustentá-
vel da Secretaria de Meio Ambiente de São
Paulo, comenta que a logística também infla-
ciona os preços em supermercados. “As grandes
redes gastam mais com distribuição e também
demandam itens que encarecem os produtos,
como embalagens. Além disso, elas entendem que
a demanda por orgânicos se concentra, sobretudo,
em um público de maior poder aquisitivo e, por
isso, cobram preços mais elevados”, justifica.
Prova disso é a política de marketing do Grupo
Pão de Açúcar, uma das maiores redes de super-
mercados do país. As lojas Pão de Açúcar, assu-
midamente dirigidas a um público mais abastado,
têm 600 itens orgânicos em seu portfólio. Já as
lojas Compre Bem, que pertencem ao mesmo
grupo e cujo público-alvo é a “classe média po-
pular”, têm apenas 40 itens orgânicos à disposição
dos clientes.
CRESCIMENTO CHINÊS
Os números que envolvem a produção e o mer-
cado de orgânicos no Brasil e no mundo impres-
sionam. Embora possam ser questionados, existe
praticamente um consenso de que o setor vem
crescendo em ritmo acelerado nos últimos anos. O
mercado mundial movimenta hoje cerca de US$
50 bilhões, e segundo Fábio Ramos, diretor da
consultoria especializada em orgânicos Agrosuisse,
o setor cresceu 235% entre 1999 e 2008.
No Brasil, o avanço dos orgânicos também vem
ocorrendo a passos largos. Fábio estima que a
média anual de crescimento é de 30%. O Gru-
po Pão de Açúcar afirma estar incrementando
suas vendas em taxas de 40% ao ano – em 2009,
o faturamento com esse tipo de produto foi de
R$ 58 milhões.
Em relação à área de produção, o Ministério de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
fala em 1,5 milhão de hectares. Se comparado aos
cerca de 300 milhões de hectares de toda a ativi-
dade agropecuária brasileira, o número ainda é
tímido, mas está bem acima dos 800 mil estima-
dos em 2007.
Revista do Idec | Abril 2010 17
O sistema hidropônico nada tem a ver com o or-
gânico. O primeiro, ao contrário do que se pensa, uti-
liza adubos químicos e produtos como inseticidas e
fungicidas. A principal diferença em relação ao sis-
tema convencional é que a planta não tem contato
com o solo, pois “cresce” na água.
Não confunda
Quando se pensa em orgânicos, a primeira ideia
que vem à mente são alimentos saudáveis, já que
não é permitido o uso de fertilizantes sintéticos
solúveis, agrotóxicos e transgênicos em sua pro-
dução. Além disso, aplicam-se princípios que con-
templam o emprego responsável dos recursos na-
turais. De acordo com pesquisa da Latin Panel de
2007, 54% das pessoas que preferem orgânicos
são motivadas por preocupação com a saúde.
O conceito de orgânico, no entanto, pressupõe
sustentabilidade não apenas ambiental, mas tam-
bém social e econômica. “O movimento agroeco-
lógico coloca em debate o atual modelo de desen-
volvimento agrícola. O foco é a agricultura fami-
liar, ou seja, um modelo de organização de merca-
do que não explore a mão de obra e não concentre
capital”, afirma Dênis Monteiro, secretário executi-
vo da Articulação Nacional de Agroecologia.
Tudo isso para dizer que crescimento rápido não
significa, necessariamente, crescimento bom. Co-
mo o setor de orgânicos se tornou bastante lucra-
tivo, corre o risco de se tornar um “negócio” como
qualquer outro, em que a velha lei de mercado dita
as regras. Araci Kamiyama lembra, por exemplo,
que há alguns anos o mercado de orgânicos, em-
bora ainda incipiente, baseava-se principalmente
na relação direta entre produtor e consumidor. E
que, hoje, 80% do mercado está nas mãos das
grandes redes de varejo. Já Fábio Ramos cita nú-
meros diferentes: "Há cerca de cinco anos o per-
centual era de 70%, e hoje é de 50%”.
Independentemente de qual seja o número exa-
18 Revista do Idec | Abril 2010
CAPA
Onde é mais barato
3,62
Repolho
verde
(cabeça)
Verde: menores preços Vermelho: maiores preços NE: alimento não encontrado
Supermercado
2,74Entrega em domicílio
1,83Feira orgânica
97,45% 83,60% 66,77% 13,26% 115,29% 87,33% 79,07%
9,18
Berinjela
(kg)
8,31
5,00
12,30
Pimentão
verde (kg)
15,76
9,45
7,13
Chuchu
(kg)
NE
6,30
12,81
Tomate
(kg)
12,70
5,95
11,24
Cebola
(kg)
9,67
6,00
3,88
Alface
americana
(pé)
2,78
2,17
Variação menor/maior
SÃO PAULO (SP)
2,28Supermercado
4,20Entrega em domicílio
2,00Feira orgânica
110%
2,99
3,40
2,00
5,68
6,75
5,00
3,36
NE
1,50
10,78
NE
3,00
4,97
NE
2,00
2,23
NE
1,00
Variação menor/maior
RECIFE (PE)
3,22Supermercado
2,00Entrega em domicílio
1,50Feira orgânica
114,66%
7,01
8,00
3,00
6,15
5,00
3,00
NE
NE
NE
11,97
5,00
3,50
9,56
4,00
4,00
3,94
1,30
0,70
Variação menor/maior
CURITIBA (PR)
NESupermercado
2,59Entrega em domicílio
2,16Feira orgânica
19,90%
70%
166,66%
106,48%
35%
105%
60,32%
124%
NE
300%
259,33%
242%
89,94%
148,50%
139%
107,87%
123%
462,85%
60,69%
4,46
2,59
2,16
5,90
4,15
3,68
6,48
2,10
1,62
4,98
6,99
3,68
NE
4,49
2,16
NE
2,29
3,68
Variação menor/maior
FORTALEZA (CE)
Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$)
Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$)
Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$)
Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$)
to, a evidência é que gradativamente o pequeno
produtor de orgânico se torna refém das grandes
empresas. “Se ele vende em feiras, a margem de
lucro é bem maior, mas quantitativamente vende
pouco. Assim, muitas vezes ele prefere vender em
maior quantidade [para as grandes redes], mesmo
sabendo que vai ter menos lucro”, diz Araci. A
consequência disso é a mudança no perfil da la-
voura orgânica: em vez de se ter uma plantação
bastante diversificada – um dos princípios do sis-
tema orgânico –, o agricultor passa a focar em
poucos tipos de alimento, com o intuito de obter
um volume de produção maior e, assim, poder
atender à demanda dos supermercados.
Para Roberto Mattar, coordenador de agroecolo-
gia do MAPA, a saída para o pequeno agricultor é
a união, pois só assim vai sobreviver e ter poder de
barganha com as grandes empresas. Mas o con-
sumidor também tem papel importante nesse
processo. “Frequentar feiras de orgânicos é uma
maneira de incentivar o pequeno produtor e de
contar com preços mais acessíveis”, acredita
Adriana Charoux, pesquisadora do Idec e autora
do estudo dos preços de orgânicos.
É comum o argumento de que a produção
orgânica não daria conta de garantir a oferta de
alimentos em larga escala e a preços acessíveis.
“Isso não passa de preconceito”, declara Araci, que
cita um estudo da Food and Agriculture Orga-
nization – FAO (organismo das Nações Unidas
para a agricultura e a alimentação), segundo o qual
“a produção de orgânicos incrementa a disponibi-
lidade de alimentos e o acesso a eles nos locais
onde a pobreza e a fome são mais graves (…). O
desafio não é nem agronômico, nem econômico: é
político-social”. Mas para que isso se concretize é
inegável a importância de incentivos governamen-
tais, como a Lei Federal no
11.947/2009, regula-
mentada pela Resolução no
38/2009, que prevê
que no mínimo 30% dos recursos destinados à
compra de alimentos por escolas públicas deverão
ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios
oriundos da agricultura familiar. Essa legislação
também prioriza os alimentos orgânicos. “Isso sig-
nifica a democratização de acesso a um alimento
mais saudável e um estímulo à conversão do sis-
tema convencional ao sistema orgânico”, comemo-
ra Ana Flávia Badue, educadora ambiental e dire-
tora do Instituto Kairós.
ELA VEM CHEGANDO
Para controlar a produção de orgânicos no país,
o governo federal, por meio do MAPA, criou
o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformida-
de Orgânica (Sisorg). Assim, um selo oficial per-
mitirá ao consumidor identificar os alimentos que
são de fato orgânicos (aqueles compostos por no
máximo 5% de ingredientes não orgânicos. Os
produtos que tiverem menos de 70% de ingredi-
entes orgânicos não receberão o selo).
Os agricultores têm até 31 de dezembro deste
ano para se adaptar às regras previstas pela “lei de
orgânicos” (Lei no
10.831/2003) e sua posterior re-
gulamentação (decretos no
6.323/2007 e no
7.048/
2009). Estão previstas duas modalidades de con-
trole. Uma já é bastante conhecida: as empresas
certificadoras (que agora deverão ser credenciadas
pelo MAPA) verificam se determinado produtor
segue à risca as regras da agricultura orgânica.
A novidade é a certificação por “sistemas parti-
cipativos de garantia da qualidade orgânica” – pro-
dutores, técnicos, transportadores, armazenado-
res, consumidores e organizações sociais poderão
se unir e criar “pessoa jurídica” que, credenciada
pelo MAPA, poderá exercer a função de empresa
certificadora. “É um sistema bastante inclusivo,
pois tende a ser mais barato que a certificação con-
vencional”, observa Roberto Mattar, do MAPA.
Há ainda uma terceira forma de garantir a pro-
cedência prevista pela “lei de orgânicos”: a relação
direta entre produtores e consumidores. O produ-
tor de orgânicos que aderir a essa modalidade rece-
berá periodicamente órgãos fiscalizadores do go-
verno, mas os produtos não receberão o selo oficial.
A garantia de que eles são realmente orgânicos
ocorrerá pelo vínculo entre os produtores e uma
“organização de controle social” (que pode ser asso-
ciação, cooperativa ou consórcio de agricultores).
Revista do Idec | Abril 2010 19
“Frequentar feiras
orgânicas é uma maneira
de incentivar o pequeno
produtor e de contar com
preços mais acessíveis”
Adriana Charoux, pesquisadora do Idec
Selo do governo
identificará
os produtos
orgânicos a partir
do ano que vem
DIVULGAÇÃOMAPA
20 Revista do Idec | Abril 2010
Como foi feita a pesquisa
No início de 2010 foram levantados os preços de 18 frutas,
verduras e legumes orgânicos encontrados em supermercados,
feiras livres especializadas nesse tipo de alimento e serviços de
entrega em domicílio de sete capitais do país: Belém (PA), Campo
Grande (MS), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Recife (PE), Rio de
Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
O levantamento foi realizado em parceria com entidades asso-
ciadas ao Fórum Nacional de Entidades Civis de Defesa do
Consumidor (FNECDC) — Instituto para o Consumo Educativo
Sustentável (Icones — Belém), Associação Brasileira da Cidadania
e do Consumidor (Abccon — Campo Grande), Associação dos
Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná (Acopa —
Curitiba), Associação Brasileira de Economistas Domésticos
(Abed — Fortaleza), Associação de Defesa da Cidadania e do
Consumidor (Adeccon — Recife), Associação Brasileira do
Consumidor (Abracon — Rio de Janeiro) — e uma organização que
desenvolve estudos na área de consumo e agroecologia, o Centro
Ecopedagógico Bicho do Mato (Recife).
No entanto, como nem sempre os 18 itens selecionados foram
encontrados em todas as cidades ou estavam disponíveis nos três
canais de venda, a pesquisa foi limitada a sete alimentos — repo-
lho verde, berinjela, pimentão verde, chuchu, tomate, cebola e
alface americana. Belém e Rio de Janeiro foram excluídas do
estudo, pois nelas não foram encontrados os sete alimentos.
Campo Grande não consta dos resultados finais, pois os orgâni-
cos são vendidos somente em supermercados.
Em cada localidade foram selecionados os supermercados com
maior faturamento. As feiras e serviços de entrega foram escolhi-
dos por meio de consulta ao portal <planetaorganico.com.br>.
Para calcular a média de preços dos alimentos foram visitados
três supermercados em cada cidade e três bancas (no caso de
feiras que tinham várias ban-
cas vendendo os mesmos
produtos). Para os serviços
de entrega (quando havia
mais de um na cidade) tam-
bém se trabalhou com a
média de preço.
CAPA
A
comunidade acadêmica não entrou em consen-
so sobre qual alimento é mais nutritivo – o con-
vencional ou o orgânico –, já que o conceito de
“mais nutritivo” é relativo. Elaine de Azevedo, nutri-
cionista especializada em alimentos orgânicos e pós-
doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da Uni-
versidade de São Paulo (USP), explica que “valor
nutricional” pode ser interpretado de duas maneiras.
A primeira diz respeito aos macronutrientes – subs-
tâncias capazes de gerar energia (carboidratos, pro-
teínas e lipídios) – e a segunda, aos micronutrientes
(vitaminas, minerais e fitoquímicos).
Sob a ótica dos macronutrientes, praticamente
não há diferença entre alimentos orgânicos e con-
vencionais. Explica-se: o grande diferencial da agri-
cultura orgânica é o manejo da terra. No entanto,
como a síntese de carboidratos e lipídios quase não
é influenciada pela qualidade do solo, os teores
dessas substâncias tendem a ser os mesmos nos
dois tipos de alimentos.
A exceção seria a proteína, cujo teor, acredite,
tende a ser maior em alimentos não orgânicos. A
explicação é: a agricultura convencional utiliza fer-
tilizantes que contêm nitrogênio, que é a base das
proteínas. “Mas são alimentos desequilibrados e
com mais nitratos livres, que no organismo se
transformam em nitrito, substância cancerígena”,
pondera Elaine.
No campo dos micronutrientes, os orgânicos se
sobressaem. A agência britânica de alimentos Food
Standards Agency (FSA) publicou no ano passado
uma pesquisa que aponta que, em alguns alimen-
tos pesquisados, os orgânicos têm 12,7% a mais de
proteína; 53,6% a mais de betacaroteno; 8,3% de
cobre; 7,1% de magnésio; 6% de fósforo; 2,5% de
potássio; 8,7% de sódio; 10,5% de enxofre; e
11,3% de zinco.
Quanto aos fitoquímicos, os teores também são
maiores: na média, 13,2% a mais de compostos
fenólicos (antioxidantes que combatem o enve-
lhecimento de células) e 38,4% de flavonoides
(que têm ação anticancerígena, entre outras). Os
números são da Agência Francesa de Segurança
Sanitária de Alimentos. A explicação é simples:
como na cultura orgânica não se usam agrotóxicos,
o sistema natural de defesa das plantas é ativado,
gerando esse tipo de substância.
Em relação aos alimentos de origem animal, Elai-
ne afirma que a qualidade da gordura dos orgâni-
cos é, em geral, superior à dos convencionais.
Questão de saúde
Saiba mais
Para saber onde comprar orgânicos em sua cidade, acesse os
portais <www.prefiraorganicos.com.br>, do Ministério da Agricul-
tura, Pecuária e Abastecimento, e <planetaorganico.com.br>
PHOTOS.COM
Um livro para
mudar o mundo
Revista do Idec | Abril 2010 21
Maria Cecília Castro Gasparian*
L
er o livro Honrar a criança: co-
mo transformar este mundo foi
um prazer para mim, pois há
muitos anos trabalho em prol de
uma sociedade mais justa. Também
fiquei feliz em saber que existem
pessoas (e muitas!) preocupadas
com as gerações vindouras e com
a “saúde” do planeta.
Baseada na proposta de um no-
vo modelo de educação e de rela-
cionamento social, a obra pretende
organizar a sociedade em torno das
necessidades básicas do ser huma-
no, ou seja, amor, respeito, cuida-
do e aceitação, colocando a criança
sempre em primeiro lugar. Em sín-
tese, fala de amor ao próximo,
igualdade, tolerância, compaixão e
sustentabilidade, e nos incita a re-
ver nossos valores e nossas atitudes
frente à perpetuação da espécie hu-
mana na Terra.
É muito triste para mim, que me
dedico há mais de 40 anos à for-
mação de professores, saber que
somos a única espécie que não
cuida de sua prole adequadamente
e que precisamos, em pleno século
21, alertar pais e educadores de que
nossas crianças e jovens necessitam
ser cuidados.
Os organizadores Raffi Cavou-
kian e Sharna Olfman foram cau-
telosos na hora de selecionar os te-
mas, entre os quais estão: cresci-
mento emocional, vulnerabilidade
nos primeiros anos de vida, papel
da família, espiritualidade, estímu-
lo ao consumo infantil, sustenta-
bilidade, cenários futuros e mui-
tas outras questões fundamentais –
todas tratadas com profundidade.
Os autores dos artigos são pen-
sadores do nosso tempo com re-
nome internacional e visões inova-
doras nas áreas de psicologia, edu-
cação, economia, administração
e religião.
O livro é dividido em duas partes
e cinco seções que tratam da forma-
ção moral e social da criança. A pri-
meira parte – Necessidades univer-
sais: as chaves do jardim – enfoca a
criança pessoal, a cultural e a plane-
tária. A segunda parte – Resgatando
nosso futuro – aborda as mudanças
que ocorreram no mundo.
Todos os artigos estão estreitamen-
te ligados à corrente filosófica hono-
ring the child (“honrar a criança”).
Fundada por Raffi Cavoukian, ela vê
as crianças como pessoas criativa-
mente inteligentes, respeita sua in-
dividualidade, reconhece-as como
membros da comunidade e lhes ofe-
rece a formação de que precisam pa-
ra florescer.
Espero que todos possam usu-
fruir desta leitura e sentir, como
eu, a alegria de saber que ainda po-
demos salvar o planeta e as gera-
ções futuras.
DIVULGAÇÃO
*Psicopedagoga, mestre e doutora
em Educação pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo
(PUC/SP) e terapeuta de família.
Foi presidente nacional da Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
de 2001 a 2003
Título: Honrar a criança: como transformar este mundo
Organizadores: Raffi Cavoukian e Sharna Olfman
Tradução: Alyne Azuma
Editado por: Instituto Alana
Ano: 2009
Páginas: 336
Preço: R$ 32
CULTURA CONSUMERISTA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação AlimentarGrupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentarredeeco
 
Apresentação artigo agronegocio e bx carbono
Apresentação artigo agronegocio e bx carbonoApresentação artigo agronegocio e bx carbono
Apresentação artigo agronegocio e bx carbonoJunior Cesar Santiago
 
1o dia acolhida mar 2017
1o dia acolhida mar 20171o dia acolhida mar 2017
1o dia acolhida mar 2017redeeco
 
Apresentação rede ecológica agosto 2016
Apresentação rede ecológica    agosto 2016Apresentação rede ecológica    agosto 2016
Apresentação rede ecológica agosto 2016redeeco
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.okAGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.okRoberto Rabat Chame
 
PESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
PESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADEPESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
PESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADENilo Basílio
 
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...Oxfam Brasil
 
Carta política da vi festa da semente da paixão
Carta política da vi festa da semente da paixãoCarta política da vi festa da semente da paixão
Carta política da vi festa da semente da paixãoAsdp Propac
 

Mais procurados (10)

Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação AlimentarGrupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
 
Agricultura toxica
Agricultura toxicaAgricultura toxica
Agricultura toxica
 
Apresentação artigo agronegocio e bx carbono
Apresentação artigo agronegocio e bx carbonoApresentação artigo agronegocio e bx carbono
Apresentação artigo agronegocio e bx carbono
 
1o dia acolhida mar 2017
1o dia acolhida mar 20171o dia acolhida mar 2017
1o dia acolhida mar 2017
 
Apresentação rede ecológica agosto 2016
Apresentação rede ecológica    agosto 2016Apresentação rede ecológica    agosto 2016
Apresentação rede ecológica agosto 2016
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.okAGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
 
PESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
PESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADEPESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
PESQUISA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
 
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos: Empresas transnacionais e produção...
 
Carta política da vi festa da semente da paixão
Carta política da vi festa da semente da paixãoCarta política da vi festa da semente da paixão
Carta política da vi festa da semente da paixão
 
349
349349
349
 

Destaque

Midias Sociais - Policamp e FAC
Midias Sociais - Policamp e FACMidias Sociais - Policamp e FAC
Midias Sociais - Policamp e FACLógica Digital
 
O Curso Viver melhor Agora Funciona
O Curso Viver melhor Agora FuncionaO Curso Viver melhor Agora Funciona
O Curso Viver melhor Agora FuncionaAna Julia
 
Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009
Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009
Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009Dmitry Tseitlin
 
Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...
Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...
Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...RedeMulherEmpreendedora_RME
 
Mulher empreendedora digital na Semana Global do Empreendedorismo
Mulher empreendedora digital na Semana Global do EmpreendedorismoMulher empreendedora digital na Semana Global do Empreendedorismo
Mulher empreendedora digital na Semana Global do Empreendedorismo@cristianoweb
 
Mapa do Aprendizado
Mapa do AprendizadoMapa do Aprendizado
Mapa do AprendizadoSoulWorking
 
Workshop AGAP - Lideres em forma - PNL e Liderança
Workshop AGAP - Lideres em forma - PNL e LiderançaWorkshop AGAP - Lideres em forma - PNL e Liderança
Workshop AGAP - Lideres em forma - PNL e LiderançaArmando Moreira
 
Mulher empreendedora e-book
Mulher empreendedora e-bookMulher empreendedora e-book
Mulher empreendedora e-bookIsmê Lucas
 
Empreendedeorismo Digital no Feminino - Becas Ferreira
Empreendedeorismo Digital no Feminino - Becas FerreiraEmpreendedeorismo Digital no Feminino - Becas Ferreira
Empreendedeorismo Digital no Feminino - Becas FerreiraMaria Paula Santos
 
Como Aprender a Aprender - Palestra
Como Aprender a Aprender - PalestraComo Aprender a Aprender - Palestra
Como Aprender a Aprender - PalestraHuaras Duarte
 
8 motivos para não contratar um coach
8 motivos para não contratar um coach8 motivos para não contratar um coach
8 motivos para não contratar um coachGuilherme França
 
Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!
Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!
Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!@cristianoweb
 
Palestra: ATITUDE é o que precisamos!
Palestra: ATITUDE é o que precisamos!Palestra: ATITUDE é o que precisamos!
Palestra: ATITUDE é o que precisamos!Fabrício Ottoni
 

Destaque (13)

Midias Sociais - Policamp e FAC
Midias Sociais - Policamp e FACMidias Sociais - Policamp e FAC
Midias Sociais - Policamp e FAC
 
O Curso Viver melhor Agora Funciona
O Curso Viver melhor Agora FuncionaO Curso Viver melhor Agora Funciona
O Curso Viver melhor Agora Funciona
 
Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009
Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009
Minerva Presentation Rusnanoforum 6 8 Oct 2009
 
Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...
Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...
Finanças para Pequenas Empreendedoras - no 50º Café com Empreendedoras rme - ...
 
Mulher empreendedora digital na Semana Global do Empreendedorismo
Mulher empreendedora digital na Semana Global do EmpreendedorismoMulher empreendedora digital na Semana Global do Empreendedorismo
Mulher empreendedora digital na Semana Global do Empreendedorismo
 
Mapa do Aprendizado
Mapa do AprendizadoMapa do Aprendizado
Mapa do Aprendizado
 
Workshop AGAP - Lideres em forma - PNL e Liderança
Workshop AGAP - Lideres em forma - PNL e LiderançaWorkshop AGAP - Lideres em forma - PNL e Liderança
Workshop AGAP - Lideres em forma - PNL e Liderança
 
Mulher empreendedora e-book
Mulher empreendedora e-bookMulher empreendedora e-book
Mulher empreendedora e-book
 
Empreendedeorismo Digital no Feminino - Becas Ferreira
Empreendedeorismo Digital no Feminino - Becas FerreiraEmpreendedeorismo Digital no Feminino - Becas Ferreira
Empreendedeorismo Digital no Feminino - Becas Ferreira
 
Como Aprender a Aprender - Palestra
Como Aprender a Aprender - PalestraComo Aprender a Aprender - Palestra
Como Aprender a Aprender - Palestra
 
8 motivos para não contratar um coach
8 motivos para não contratar um coach8 motivos para não contratar um coach
8 motivos para não contratar um coach
 
Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!
Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!
Web Empreendedoras - 10 dicas de mulheres revolucionárias!
 
Palestra: ATITUDE é o que precisamos!
Palestra: ATITUDE é o que precisamos!Palestra: ATITUDE é o que precisamos!
Palestra: ATITUDE é o que precisamos!
 

Semelhante a IDEC: Quer pagar quanto?

Correio Popular - Os orgânicos crescem. E depressa
Correio Popular - Os orgânicos crescem. E depressaCorreio Popular - Os orgânicos crescem. E depressa
Correio Popular - Os orgânicos crescem. E depressaAgricultura Sao Paulo
 
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicaçãoSustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicaçãoMarcelo Pereira de Carvalho
 
Clipping do Varejo 28112011
Clipping do Varejo 28112011Clipping do Varejo 28112011
Clipping do Varejo 28112011Ricardo Pastore
 
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013redeeco
 
Materia Agenda Agronegócio
Materia Agenda AgronegócioMateria Agenda Agronegócio
Materia Agenda AgronegócioACIDADE ON
 
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambienteOs danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambienteSergio Adreliane
 
Versão fashion sustentabilidade_NataliaFernandes
Versão fashion sustentabilidade_NataliaFernandesVersão fashion sustentabilidade_NataliaFernandes
Versão fashion sustentabilidade_NataliaFernandesNatália Fernandes
 
1 4908969734667502104
1 49089697346675021041 4908969734667502104
1 4908969734667502104wlsoberta
 
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaCentro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaMarcos A. M. Ary
 
2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...
2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...
2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...Ricardo Vernieri Alencar
 
Apresentação NúCleo De Consumo Fgv
Apresentação NúCleo De Consumo FgvApresentação NúCleo De Consumo Fgv
Apresentação NúCleo De Consumo Fgvcymatsumoto
 
Entrevista com Helio Mattar, do Instituto Akatu
Entrevista com Helio Mattar, do Instituto AkatuEntrevista com Helio Mattar, do Instituto Akatu
Entrevista com Helio Mattar, do Instituto AkatuDialogoComunicacao
 
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200Lela Gomes
 
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos Brasil
 

Semelhante a IDEC: Quer pagar quanto? (20)

ApresentaSão
ApresentaSãoApresentaSão
ApresentaSão
 
Agrotóxicos
AgrotóxicosAgrotóxicos
Agrotóxicos
 
Correio Popular - Os orgânicos crescem. E depressa
Correio Popular - Os orgânicos crescem. E depressaCorreio Popular - Os orgânicos crescem. E depressa
Correio Popular - Os orgânicos crescem. E depressa
 
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicaçãoSustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicação
 
Orgânicos Campinas Café
Orgânicos Campinas CaféOrgânicos Campinas Café
Orgânicos Campinas Café
 
Clipping do Varejo 28112011
Clipping do Varejo 28112011Clipping do Varejo 28112011
Clipping do Varejo 28112011
 
País do desperdício
País do desperdícioPaís do desperdício
País do desperdício
 
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013
 
Materia Agenda Agronegócio
Materia Agenda AgronegócioMateria Agenda Agronegócio
Materia Agenda Agronegócio
 
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambienteOs danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
Os danos dos agrotóxicos ao meio ambiente
 
Versão fashion sustentabilidade_NataliaFernandes
Versão fashion sustentabilidade_NataliaFernandesVersão fashion sustentabilidade_NataliaFernandes
Versão fashion sustentabilidade_NataliaFernandes
 
1 4908969734667502104
1 49089697346675021041 4908969734667502104
1 4908969734667502104
 
Pós colheita hortaliça
Pós colheita hortaliçaPós colheita hortaliça
Pós colheita hortaliça
 
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção OrgânicaCentro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
Centro Avançado de Tecnologia a Produção Orgânica
 
2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...
2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...
2012 mkt635 motivações e valores determinantes para o consumo de alimentos or...
 
Apresentação NúCleo De Consumo Fgv
Apresentação NúCleo De Consumo FgvApresentação NúCleo De Consumo Fgv
Apresentação NúCleo De Consumo Fgv
 
Entrevista com Helio Mattar, do Instituto Akatu
Entrevista com Helio Mattar, do Instituto AkatuEntrevista com Helio Mattar, do Instituto Akatu
Entrevista com Helio Mattar, do Instituto Akatu
 
Release Nova Aliança
Release Nova AliançaRelease Nova Aliança
Release Nova Aliança
 
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
 
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
Orgânica - Feira de Produtos Orgânicos
 

Mais de Oxfam Brasil

Inequality matters: BRICS inequalities fact sheet
Inequality matters: BRICS inequalities fact sheetInequality matters: BRICS inequalities fact sheet
Inequality matters: BRICS inequalities fact sheetOxfam Brasil
 
Questões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICS
Questões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICSQuestões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICS
Questões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICSOxfam Brasil
 
Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...
Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...
Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...Oxfam Brasil
 
Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...
Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...
Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...Oxfam Brasil
 
Even it up: Time to end extreme inequality
Even it up: Time to end extreme inequalityEven it up: Time to end extreme inequality
Even it up: Time to end extreme inequalityOxfam Brasil
 
A oxfam adverte a desigualdade econômica está fora de controle
A oxfam adverte a desigualdade econômica está  fora de controleA oxfam adverte a desigualdade econômica está  fora de controle
A oxfam adverte a desigualdade econômica está fora de controleOxfam Brasil
 
Justiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no Caribe
Justiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no CaribeJustiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no Caribe
Justiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no CaribeOxfam Brasil
 
Sistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdade
Sistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdadeSistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdade
Sistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdadeOxfam Brasil
 
As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda
As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de rendaAs implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda
As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de rendaOxfam Brasil
 
Sugar cane and indigenous people
Sugar cane and indigenous peopleSugar cane and indigenous people
Sugar cane and indigenous peopleOxfam Brasil
 
Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...
Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...
Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...Oxfam Brasil
 
BRICS and the challenges in fighting inequalities
BRICS and the challenges in fighting inequalitiesBRICS and the challenges in fighting inequalities
BRICS and the challenges in fighting inequalitiesOxfam Brasil
 
Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...
Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...
Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...Oxfam Brasil
 
Os BRICS e seus desafios no combate à desigualdade
Os BRICS e seus desafios no combate à desigualdadeOs BRICS e seus desafios no combate à desigualdade
Os BRICS e seus desafios no combate à desigualdadeOxfam Brasil
 
O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...
O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...
O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...Oxfam Brasil
 
The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...
The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...
The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...Oxfam Brasil
 
Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...
Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...
Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...Oxfam Brasil
 
Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.
Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.
Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.Oxfam Brasil
 
Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.
Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.
Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.Oxfam Brasil
 

Mais de Oxfam Brasil (20)

Inequality matters: BRICS inequalities fact sheet
Inequality matters: BRICS inequalities fact sheetInequality matters: BRICS inequalities fact sheet
Inequality matters: BRICS inequalities fact sheet
 
Questões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICS
Questões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICSQuestões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICS
Questões da desigualde: Informativo sobre desigualdades nos países BRICS
 
Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...
Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...
Por Trás das Marcas: Justiça alimentar e as "10 grandes" empresas de alimento...
 
Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...
Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...
Equilibre o jogo! É hora de acabar com a desigualdade extrema (Sumário execut...
 
Even it up: Time to end extreme inequality
Even it up: Time to end extreme inequalityEven it up: Time to end extreme inequality
Even it up: Time to end extreme inequality
 
A oxfam adverte a desigualdade econômica está fora de controle
A oxfam adverte a desigualdade econômica está  fora de controleA oxfam adverte a desigualdade econômica está  fora de controle
A oxfam adverte a desigualdade econômica está fora de controle
 
Justiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no Caribe
Justiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no CaribeJustiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no Caribe
Justiça fiscal para reduzir a desigualdade na América Latina e no Caribe
 
Sistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdade
Sistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdadeSistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdade
Sistemas fiscais da América Latina e do Caribe outro reflexo da desigualdade
 
As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda
As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de rendaAs implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda
As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda
 
Sugar cane and indigenous people
Sugar cane and indigenous peopleSugar cane and indigenous people
Sugar cane and indigenous people
 
Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...
Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...
Em terras alheias: A produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso ...
 
BRICS and the challenges in fighting inequalities
BRICS and the challenges in fighting inequalitiesBRICS and the challenges in fighting inequalities
BRICS and the challenges in fighting inequalities
 
Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...
Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...
Rio+20: O Brasil e a estrutura institucional internacional para o desenvolvim...
 
Os BRICS e seus desafios no combate à desigualdade
Os BRICS e seus desafios no combate à desigualdadeOs BRICS e seus desafios no combate à desigualdade
Os BRICS e seus desafios no combate à desigualdade
 
O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...
O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...
O Banco de Desenvolvimento dos BRICS: Por que o novo banco dos BRICS deve ado...
 
The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...
The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...
The BRICS development bank why the world’s newest global bank must adopt a pr...
 
Ficando de fora
Ficando de foraFicando de fora
Ficando de fora
 
Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...
Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...
Standing on the Sidelines: Why food and beverage companies must do more to ta...
 
Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.
Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.
Feminist economics and food sovereignty: Progress and challenges ahead.
 
Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.
Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.
Economía feminista y soberanía alimentaria: Avances y desafíos.
 

IDEC: Quer pagar quanto?

  • 1. “Q uer pagar quanto?”, gritava à exaustão um insistente garoto- propaganda de uma rede de magazines. Parafraseando o famoso slo- gan, poderíamos dizer que quem quiser comprar orgânicos também pode esco- lher quanto quer pagar por eles. Pesquisa do Idec levantou os preços de sete ali- mentos orgânicos (repolho verde, berin- jela, pimentão verde, chuchu, tomate, cebola e alface americana) em quatro ca- pitais do país e concluiu que a diferença de preço de um mesmo produto pode chegar a 463%, dependendo do canal de venda (grandes supermercados, feiras de orgânicos e entregas em domicílio). É o caso de Curitiba, onde a média de preço de um pé de alface americana é de es- trondosos R$ 3,94 em supermercados e de R$ 0,70 em feiras de orgânicos. Em 100% dos casos, os preços mais baixos foram os praticados por feirantes. Os supermercados, no outro extremo, apresentaram valores mais salgados em 68% dos casos. E as entregas em do- micílio tiveram ofertas menos vantajosas em 32% dos casos. Veja o resultado com- pleto no quadro Onde É Mais Barato. Se considerada a lógica de mercado aplicada à maioria das atividades eco- nômicas, os grandes distribuidores ten- dem a oferecer preços mais baixos que os dos pequenos comerciantes. Claro, quem tem mais capital de giro e mais pontos de venda também tem mais poder de bar- ganha na hora de negociar com o produ- tor. Mas isso não se aplica ao setor de orgânicos: no caso das feiras, o comer- ciante é quase sempre o próprio produ- tor. Assim, sem intermediários, é maior a 16 Revista do Idec | Abril 2010 CAPA Os alimentos orgânicos, felizmente, vieram para ficar. Mas seus preços variam bastante: são bem mais caros em supermercados e mais baratos em feiras especializadas. É o que revela pesquisa do Idec Quer pagar quanto? FOTOSIZILDAFRANÇA probabilidade de o preço final ser mais baixo. Araci Kamiyama, engenheira agrô- noma da equipe de agricultura sustentá- vel da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, comenta que a logística também infla- ciona os preços em supermercados. “As grandes redes gastam mais com distribuição e também demandam itens que encarecem os produtos, como embalagens. Além disso, elas entendem que a demanda por orgânicos se concentra, sobretudo, em um público de maior poder aquisitivo e, por isso, cobram preços mais elevados”, justifica. Prova disso é a política de marketing do Grupo Pão de Açúcar, uma das maiores redes de super- mercados do país. As lojas Pão de Açúcar, assu- midamente dirigidas a um público mais abastado, têm 600 itens orgânicos em seu portfólio. Já as lojas Compre Bem, que pertencem ao mesmo grupo e cujo público-alvo é a “classe média po- pular”, têm apenas 40 itens orgânicos à disposição dos clientes. CRESCIMENTO CHINÊS Os números que envolvem a produção e o mer- cado de orgânicos no Brasil e no mundo impres- sionam. Embora possam ser questionados, existe praticamente um consenso de que o setor vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos anos. O mercado mundial movimenta hoje cerca de US$ 50 bilhões, e segundo Fábio Ramos, diretor da consultoria especializada em orgânicos Agrosuisse, o setor cresceu 235% entre 1999 e 2008. No Brasil, o avanço dos orgânicos também vem ocorrendo a passos largos. Fábio estima que a média anual de crescimento é de 30%. O Gru- po Pão de Açúcar afirma estar incrementando suas vendas em taxas de 40% ao ano – em 2009, o faturamento com esse tipo de produto foi de R$ 58 milhões. Em relação à área de produção, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) fala em 1,5 milhão de hectares. Se comparado aos cerca de 300 milhões de hectares de toda a ativi- dade agropecuária brasileira, o número ainda é tímido, mas está bem acima dos 800 mil estima- dos em 2007. Revista do Idec | Abril 2010 17 O sistema hidropônico nada tem a ver com o or- gânico. O primeiro, ao contrário do que se pensa, uti- liza adubos químicos e produtos como inseticidas e fungicidas. A principal diferença em relação ao sis- tema convencional é que a planta não tem contato com o solo, pois “cresce” na água. Não confunda
  • 2. Quando se pensa em orgânicos, a primeira ideia que vem à mente são alimentos saudáveis, já que não é permitido o uso de fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos e transgênicos em sua pro- dução. Além disso, aplicam-se princípios que con- templam o emprego responsável dos recursos na- turais. De acordo com pesquisa da Latin Panel de 2007, 54% das pessoas que preferem orgânicos são motivadas por preocupação com a saúde. O conceito de orgânico, no entanto, pressupõe sustentabilidade não apenas ambiental, mas tam- bém social e econômica. “O movimento agroeco- lógico coloca em debate o atual modelo de desen- volvimento agrícola. O foco é a agricultura fami- liar, ou seja, um modelo de organização de merca- do que não explore a mão de obra e não concentre capital”, afirma Dênis Monteiro, secretário executi- vo da Articulação Nacional de Agroecologia. Tudo isso para dizer que crescimento rápido não significa, necessariamente, crescimento bom. Co- mo o setor de orgânicos se tornou bastante lucra- tivo, corre o risco de se tornar um “negócio” como qualquer outro, em que a velha lei de mercado dita as regras. Araci Kamiyama lembra, por exemplo, que há alguns anos o mercado de orgânicos, em- bora ainda incipiente, baseava-se principalmente na relação direta entre produtor e consumidor. E que, hoje, 80% do mercado está nas mãos das grandes redes de varejo. Já Fábio Ramos cita nú- meros diferentes: "Há cerca de cinco anos o per- centual era de 70%, e hoje é de 50%”. Independentemente de qual seja o número exa- 18 Revista do Idec | Abril 2010 CAPA Onde é mais barato 3,62 Repolho verde (cabeça) Verde: menores preços Vermelho: maiores preços NE: alimento não encontrado Supermercado 2,74Entrega em domicílio 1,83Feira orgânica 97,45% 83,60% 66,77% 13,26% 115,29% 87,33% 79,07% 9,18 Berinjela (kg) 8,31 5,00 12,30 Pimentão verde (kg) 15,76 9,45 7,13 Chuchu (kg) NE 6,30 12,81 Tomate (kg) 12,70 5,95 11,24 Cebola (kg) 9,67 6,00 3,88 Alface americana (pé) 2,78 2,17 Variação menor/maior SÃO PAULO (SP) 2,28Supermercado 4,20Entrega em domicílio 2,00Feira orgânica 110% 2,99 3,40 2,00 5,68 6,75 5,00 3,36 NE 1,50 10,78 NE 3,00 4,97 NE 2,00 2,23 NE 1,00 Variação menor/maior RECIFE (PE) 3,22Supermercado 2,00Entrega em domicílio 1,50Feira orgânica 114,66% 7,01 8,00 3,00 6,15 5,00 3,00 NE NE NE 11,97 5,00 3,50 9,56 4,00 4,00 3,94 1,30 0,70 Variação menor/maior CURITIBA (PR) NESupermercado 2,59Entrega em domicílio 2,16Feira orgânica 19,90% 70% 166,66% 106,48% 35% 105% 60,32% 124% NE 300% 259,33% 242% 89,94% 148,50% 139% 107,87% 123% 462,85% 60,69% 4,46 2,59 2,16 5,90 4,15 3,68 6,48 2,10 1,62 4,98 6,99 3,68 NE 4,49 2,16 NE 2,29 3,68 Variação menor/maior FORTALEZA (CE) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) Preços (R$) to, a evidência é que gradativamente o pequeno produtor de orgânico se torna refém das grandes empresas. “Se ele vende em feiras, a margem de lucro é bem maior, mas quantitativamente vende pouco. Assim, muitas vezes ele prefere vender em maior quantidade [para as grandes redes], mesmo sabendo que vai ter menos lucro”, diz Araci. A consequência disso é a mudança no perfil da la- voura orgânica: em vez de se ter uma plantação bastante diversificada – um dos princípios do sis- tema orgânico –, o agricultor passa a focar em poucos tipos de alimento, com o intuito de obter um volume de produção maior e, assim, poder atender à demanda dos supermercados. Para Roberto Mattar, coordenador de agroecolo- gia do MAPA, a saída para o pequeno agricultor é a união, pois só assim vai sobreviver e ter poder de barganha com as grandes empresas. Mas o con- sumidor também tem papel importante nesse processo. “Frequentar feiras de orgânicos é uma maneira de incentivar o pequeno produtor e de contar com preços mais acessíveis”, acredita Adriana Charoux, pesquisadora do Idec e autora do estudo dos preços de orgânicos. É comum o argumento de que a produção orgânica não daria conta de garantir a oferta de alimentos em larga escala e a preços acessíveis. “Isso não passa de preconceito”, declara Araci, que cita um estudo da Food and Agriculture Orga- nization – FAO (organismo das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação), segundo o qual “a produção de orgânicos incrementa a disponibi- lidade de alimentos e o acesso a eles nos locais onde a pobreza e a fome são mais graves (…). O desafio não é nem agronômico, nem econômico: é político-social”. Mas para que isso se concretize é inegável a importância de incentivos governamen- tais, como a Lei Federal no 11.947/2009, regula- mentada pela Resolução no 38/2009, que prevê que no mínimo 30% dos recursos destinados à compra de alimentos por escolas públicas deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios oriundos da agricultura familiar. Essa legislação também prioriza os alimentos orgânicos. “Isso sig- nifica a democratização de acesso a um alimento mais saudável e um estímulo à conversão do sis- tema convencional ao sistema orgânico”, comemo- ra Ana Flávia Badue, educadora ambiental e dire- tora do Instituto Kairós. ELA VEM CHEGANDO Para controlar a produção de orgânicos no país, o governo federal, por meio do MAPA, criou o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformida- de Orgânica (Sisorg). Assim, um selo oficial per- mitirá ao consumidor identificar os alimentos que são de fato orgânicos (aqueles compostos por no máximo 5% de ingredientes não orgânicos. Os produtos que tiverem menos de 70% de ingredi- entes orgânicos não receberão o selo). Os agricultores têm até 31 de dezembro deste ano para se adaptar às regras previstas pela “lei de orgânicos” (Lei no 10.831/2003) e sua posterior re- gulamentação (decretos no 6.323/2007 e no 7.048/ 2009). Estão previstas duas modalidades de con- trole. Uma já é bastante conhecida: as empresas certificadoras (que agora deverão ser credenciadas pelo MAPA) verificam se determinado produtor segue à risca as regras da agricultura orgânica. A novidade é a certificação por “sistemas parti- cipativos de garantia da qualidade orgânica” – pro- dutores, técnicos, transportadores, armazenado- res, consumidores e organizações sociais poderão se unir e criar “pessoa jurídica” que, credenciada pelo MAPA, poderá exercer a função de empresa certificadora. “É um sistema bastante inclusivo, pois tende a ser mais barato que a certificação con- vencional”, observa Roberto Mattar, do MAPA. Há ainda uma terceira forma de garantir a pro- cedência prevista pela “lei de orgânicos”: a relação direta entre produtores e consumidores. O produ- tor de orgânicos que aderir a essa modalidade rece- berá periodicamente órgãos fiscalizadores do go- verno, mas os produtos não receberão o selo oficial. A garantia de que eles são realmente orgânicos ocorrerá pelo vínculo entre os produtores e uma “organização de controle social” (que pode ser asso- ciação, cooperativa ou consórcio de agricultores). Revista do Idec | Abril 2010 19 “Frequentar feiras orgânicas é uma maneira de incentivar o pequeno produtor e de contar com preços mais acessíveis” Adriana Charoux, pesquisadora do Idec Selo do governo identificará os produtos orgânicos a partir do ano que vem DIVULGAÇÃOMAPA
  • 3. 20 Revista do Idec | Abril 2010 Como foi feita a pesquisa No início de 2010 foram levantados os preços de 18 frutas, verduras e legumes orgânicos encontrados em supermercados, feiras livres especializadas nesse tipo de alimento e serviços de entrega em domicílio de sete capitais do país: Belém (PA), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). O levantamento foi realizado em parceria com entidades asso- ciadas ao Fórum Nacional de Entidades Civis de Defesa do Consumidor (FNECDC) — Instituto para o Consumo Educativo Sustentável (Icones — Belém), Associação Brasileira da Cidadania e do Consumidor (Abccon — Campo Grande), Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná (Acopa — Curitiba), Associação Brasileira de Economistas Domésticos (Abed — Fortaleza), Associação de Defesa da Cidadania e do Consumidor (Adeccon — Recife), Associação Brasileira do Consumidor (Abracon — Rio de Janeiro) — e uma organização que desenvolve estudos na área de consumo e agroecologia, o Centro Ecopedagógico Bicho do Mato (Recife). No entanto, como nem sempre os 18 itens selecionados foram encontrados em todas as cidades ou estavam disponíveis nos três canais de venda, a pesquisa foi limitada a sete alimentos — repo- lho verde, berinjela, pimentão verde, chuchu, tomate, cebola e alface americana. Belém e Rio de Janeiro foram excluídas do estudo, pois nelas não foram encontrados os sete alimentos. Campo Grande não consta dos resultados finais, pois os orgâni- cos são vendidos somente em supermercados. Em cada localidade foram selecionados os supermercados com maior faturamento. As feiras e serviços de entrega foram escolhi- dos por meio de consulta ao portal <planetaorganico.com.br>. Para calcular a média de preços dos alimentos foram visitados três supermercados em cada cidade e três bancas (no caso de feiras que tinham várias ban- cas vendendo os mesmos produtos). Para os serviços de entrega (quando havia mais de um na cidade) tam- bém se trabalhou com a média de preço. CAPA A comunidade acadêmica não entrou em consen- so sobre qual alimento é mais nutritivo – o con- vencional ou o orgânico –, já que o conceito de “mais nutritivo” é relativo. Elaine de Azevedo, nutri- cionista especializada em alimentos orgânicos e pós- doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da Uni- versidade de São Paulo (USP), explica que “valor nutricional” pode ser interpretado de duas maneiras. A primeira diz respeito aos macronutrientes – subs- tâncias capazes de gerar energia (carboidratos, pro- teínas e lipídios) – e a segunda, aos micronutrientes (vitaminas, minerais e fitoquímicos). Sob a ótica dos macronutrientes, praticamente não há diferença entre alimentos orgânicos e con- vencionais. Explica-se: o grande diferencial da agri- cultura orgânica é o manejo da terra. No entanto, como a síntese de carboidratos e lipídios quase não é influenciada pela qualidade do solo, os teores dessas substâncias tendem a ser os mesmos nos dois tipos de alimentos. A exceção seria a proteína, cujo teor, acredite, tende a ser maior em alimentos não orgânicos. A explicação é: a agricultura convencional utiliza fer- tilizantes que contêm nitrogênio, que é a base das proteínas. “Mas são alimentos desequilibrados e com mais nitratos livres, que no organismo se transformam em nitrito, substância cancerígena”, pondera Elaine. No campo dos micronutrientes, os orgânicos se sobressaem. A agência britânica de alimentos Food Standards Agency (FSA) publicou no ano passado uma pesquisa que aponta que, em alguns alimen- tos pesquisados, os orgânicos têm 12,7% a mais de proteína; 53,6% a mais de betacaroteno; 8,3% de cobre; 7,1% de magnésio; 6% de fósforo; 2,5% de potássio; 8,7% de sódio; 10,5% de enxofre; e 11,3% de zinco. Quanto aos fitoquímicos, os teores também são maiores: na média, 13,2% a mais de compostos fenólicos (antioxidantes que combatem o enve- lhecimento de células) e 38,4% de flavonoides (que têm ação anticancerígena, entre outras). Os números são da Agência Francesa de Segurança Sanitária de Alimentos. A explicação é simples: como na cultura orgânica não se usam agrotóxicos, o sistema natural de defesa das plantas é ativado, gerando esse tipo de substância. Em relação aos alimentos de origem animal, Elai- ne afirma que a qualidade da gordura dos orgâni- cos é, em geral, superior à dos convencionais. Questão de saúde Saiba mais Para saber onde comprar orgânicos em sua cidade, acesse os portais <www.prefiraorganicos.com.br>, do Ministério da Agricul- tura, Pecuária e Abastecimento, e <planetaorganico.com.br> PHOTOS.COM Um livro para mudar o mundo Revista do Idec | Abril 2010 21 Maria Cecília Castro Gasparian* L er o livro Honrar a criança: co- mo transformar este mundo foi um prazer para mim, pois há muitos anos trabalho em prol de uma sociedade mais justa. Também fiquei feliz em saber que existem pessoas (e muitas!) preocupadas com as gerações vindouras e com a “saúde” do planeta. Baseada na proposta de um no- vo modelo de educação e de rela- cionamento social, a obra pretende organizar a sociedade em torno das necessidades básicas do ser huma- no, ou seja, amor, respeito, cuida- do e aceitação, colocando a criança sempre em primeiro lugar. Em sín- tese, fala de amor ao próximo, igualdade, tolerância, compaixão e sustentabilidade, e nos incita a re- ver nossos valores e nossas atitudes frente à perpetuação da espécie hu- mana na Terra. É muito triste para mim, que me dedico há mais de 40 anos à for- mação de professores, saber que somos a única espécie que não cuida de sua prole adequadamente e que precisamos, em pleno século 21, alertar pais e educadores de que nossas crianças e jovens necessitam ser cuidados. Os organizadores Raffi Cavou- kian e Sharna Olfman foram cau- telosos na hora de selecionar os te- mas, entre os quais estão: cresci- mento emocional, vulnerabilidade nos primeiros anos de vida, papel da família, espiritualidade, estímu- lo ao consumo infantil, sustenta- bilidade, cenários futuros e mui- tas outras questões fundamentais – todas tratadas com profundidade. Os autores dos artigos são pen- sadores do nosso tempo com re- nome internacional e visões inova- doras nas áreas de psicologia, edu- cação, economia, administração e religião. O livro é dividido em duas partes e cinco seções que tratam da forma- ção moral e social da criança. A pri- meira parte – Necessidades univer- sais: as chaves do jardim – enfoca a criança pessoal, a cultural e a plane- tária. A segunda parte – Resgatando nosso futuro – aborda as mudanças que ocorreram no mundo. Todos os artigos estão estreitamen- te ligados à corrente filosófica hono- ring the child (“honrar a criança”). Fundada por Raffi Cavoukian, ela vê as crianças como pessoas criativa- mente inteligentes, respeita sua in- dividualidade, reconhece-as como membros da comunidade e lhes ofe- rece a formação de que precisam pa- ra florescer. Espero que todos possam usu- fruir desta leitura e sentir, como eu, a alegria de saber que ainda po- demos salvar o planeta e as gera- ções futuras. DIVULGAÇÃO *Psicopedagoga, mestre e doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e terapeuta de família. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) de 2001 a 2003 Título: Honrar a criança: como transformar este mundo Organizadores: Raffi Cavoukian e Sharna Olfman Tradução: Alyne Azuma Editado por: Instituto Alana Ano: 2009 Páginas: 336 Preço: R$ 32 CULTURA CONSUMERISTA