SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
E-book e livro impresso: duelo ou parceria?
Com a rápida disseminação dos e-books no mundo, paira no ar uma pergunta: está decretada
a extinção do livro impresso? Confira o que especialistas pensam sobre o futuro da leitura. Página 7
Das 25 unidades de prevenção e tratamen-
to de Aids e outras DSTs de São Paulo, 11
estão na Zona Leste. O serviço é gratuito e
abrange bairros como Mooca, Vila Pruden-
te, São Mateus e Sapopemba. Página 6
Tratamento de DSTs
na Zona Leste
A Lei Seca, que tem como objetivo a pre-
venção e redução dos acidentes provocados
por motoristas embriagados, aumentou a
rigidez da fiscalização e legislação em 2012.
Página 3
Entenda o funcionamento da
Lei Seca Mídia sensacionalista?
Durante a cobertura da im-
prensa no incêndio da boate
Kiss, diversos meios de co-
municação do Brasil foram
acusados de se aproveitarem
da tragédia para aumentar a
audiência. Página 2
O som ao redor
Viver em uma cidade baru-
lhenta como São Paulo pode
causar diversos problemas à
saúde auditiva e psicológica.
Confira em detalhes esses
males. Página 4.
Cidade mais limpa: Ecopontos ampliam funcionamento
Após a privatização em 2011 pela prefeitura de São Paulo, os Ecopontos ampliam seus serviços
com funcionamento todos os dias da semana. Recebendo pequenos volumes de entulho, resídu-
os recicláveis e grandes objetos, os Ecopontos tornam-se uma alternativa para evitar o descarte
na natureza. Página 5
Um pedaço da Rússia na Zona Leste
Para preservar o folclore russo na cidade de São Paulo, o Grupo Volga enfrentou represálias e
censura durante as ditaduras no Brasil. Conheça a história da associação pioneira dessa cultura,
como esses imigrantes chegaram ao nosso país e todas as dificuldades que encontraram em sua
trajetória. Página 8
Yulika Ganizev
Mayara Marim
Stella Antoniassi
Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul
Ano XIV - Número 43 - Maio de 2013
Imprensa é acusada de sensacionalismo
Mídia brasileira não exagera durante cobertura do incêndio na boate Kiss, segundo jornalistas
DE OLHO NA IMPRENSAPÁGINA 2 - MAIO DE 2013
Leonardo Pereira
No dia 27 de Janeiro, aconteceu
na cidade de Santa Maria, Rio Gran-
de do Sul, o incêndio na boate Kiss,
que deixou 240 pessoas mortas e
mais de 100 feridos. Segundo tes-
temunhas, durante a apresentação
da Banda Gurizada Fandanguei-
ra, o vocalista do grupo musical,
Marcelo de Jesus dos Santos, teria
acendido um sinalizador de uso ex-
terno, que soltou faíscas e atingiu o
teto da boate, dando início ao in-
cêndio que tomou conta do local.
O evento e sua cobertura jor-
nalística promoveram uma série de
repercussões éticas debatidas pela
sociedade civil. Nesta edição, o Jor-
nal Cidadão mostra reflexões sobre
o ocorrido. Inicialmente se discutiu
a pertinência do termo “catástrofe”
na cobertura de Santa Maria, tendo
em vista que a denominação é mais
apropriada para eventos naturais.
Nos jornais impressos o sen-
sacionalismo da imprensa ga-
nhou a primeira página dos três
principais jornais do país: Folha
de S. Paulo, O Globo e O Esta-
do de S. Paulo. A manchete não
poderia ser outra, a tragédia de
Santa Maria, tomou conta de pá-
ginas e mais páginas, com dados
desencontrados e sem apuração.
Para Mauro San Martin, editor
da revista Buzz, não houve sensa-
cionalismo na cobertura. “O fato
foi apresentado de todos os ân-
gulos possíveis pela mídia”. Celso
Arnaldo Araújo, editor-chefe da
revista Go´Where, concorda com
o colega de profissão. Para ele,
a cobertura de um evento com
240 mortes dispensa qualquer
modalidade de sensacionalismo.
Em se tratando de televisão, a
Rede Globo foi a primeira emisso-
ra a noticiar o fato em rede nacio-
nal. É o que a imprensa denomina
“furo jornalístico”. A partir daí, as
principais concorrentes noticiaram
o ocorrido de uma forma intensa
e até repetitiva. Durante o dia da
tragédia, um domingo, boa parte
da programação das emissoras foi
modificada para a cobertura do in-
cêndio. Repórteres foram enviados
para o local com o objetivo de atua-
lizar as informações em tempo real.
A exploração do tema foi tamanha
que programas de entretenimento
como Domingo Legal e Eliana, no
SBT, foram interrompidos a todo
o momento para divulgar mais in-
formações sobre o caso. Na Rede
Record, o Programa do Gugu e
o Domingo Espetacular também
dedicaram atenção especial à tra-
gédia. A cada domingo, o Fantás-
tico, da Rede Globo, apresentava
reportagens a respeito do acidente.
Em uma de suas edições che-
gou a produzir uma maquete em
tamanho real do local do acidente.
Segundo Martin, não há repe-
tição porque sempre que há algo
novo em notícia, todas as informa-
ções são passadas para situar o lei-
tor que não acompanhou a cobertu-
ra do fato. “O assunto é explorado
até se esgotar e a mídia fala do fato
em si, as opiniões, análises, conse-
quências e sempre há algo novo”.
No rádio, as principais emisso-
ras aproveitam a instantaneidade do
veículo para noticiar o evento com
boletins durante a programação.
Na internet os principais por-
tais do país deram destaque ao
incêndio em suas páginas iniciais,
com dados imprecisos e imagens
que exploravam o sentimentalismo
e a tristeza no fato. Araújo consi-
dera que, é impossível à mídia ig-
norar ou até mesmo minimizar ou
relativizar um evento desse porte.
O caso de Santa Maria, como
ficou conhecido, expõe a neces-
sidade de jornalistas formados
com sólidas bases éticas e mo-
rais; o que valida a relevância
do diploma de ensino superior
para o exercício da profissão.
O mosaico acima mostra a capa dos principais jornais e revistas do país noticiando a tragédia de Santa Maria
Seja bem-vindo (a) à presente
edição do Jornal Cidadão;
uma publicação realizada
integralmente pelos alunos do
4°/5° semestre de Jornalismo
do campus Anália Franco da
Universidade Cruzeiro do Sul. Da
pautaàdiagramação,osestudantes
estiveram envolvidos com as
notícias de maior relevância para
a região da Zona Leste. Logo
de cara, na editoria De olho na
imprensa (p.2) você encontra um
intenso debate sobre a possível
abordagem sensacionalista da
grande mídia durante a cobertura
da tragédia de Santa Maria. Em
seguida, temos Infografando
(p.3), uma ilustração dinâmica
que aborda o endurecimento
da lei seca; mostrando assim,
as consequências e a reação dos
motoristas diante de uma blitze.
Saibamaiscomoapoluiçãosonora
pode interferir na qualidade de
vida em uma grande metrópole
através da nossa editoria
Urbano (p.4). Você já conhece o
Ecoponto? Leia na editoria Meio
ambiente (p.5) o que a prefeitura
de São Paulo criou para legalizar
o descarte do entulho e outros
resíduos específicos. Já em Saúde
e bem-estar (p.6), os portadores
de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DSTs) têm uma
nova esperança no tratamento
oferecido gratuitamente por
centros especializados. Para
descontrair, mergulhamos no
mundo dos E-books na Páginas
midiáticas (p.7) desta edição.
Entendacomoestanovidadepode
incentivar o interesse na leitura.
Não só de italianos e japoneses
São Paulo é composta, entre tantas
etnias e culturas, destacamos na
editoria Memória (p.8) o Grupo
Volga que representa a colônia
russa na Zona Leste. Vale dizer
que esta publicação foi produzida
sob a orientação do corpo
docente composto por: Regina
Tavares, Danielle Gaspar e Josué
Makoto. Além da ajuda mais
que bem-vinda dos monitores:
Maris Landim e Rafael Biazão.
Agradecemos à todos e também
à Universidade Cruzeiro do Sul,
por ter nos proporcionado essa
grande experiência. Esperamos
que goste e uma boa leitura!
Editorial
GuilhermeCerveira
Reitora
Profª. Dra. Sueli Cristina Marquesi
Pró-Reitor de Graduação
Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral
Pró-Reitor de Pós Graduação e Pesquisa
Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte
Pró-Reitor de Extensão e
Assuntos Comunitários
Profª. Dra. Janice Valia de Los Santos
Coordenador dos Cursos de Comunicação
Social - Jornalismo - Publicidade e Propaganda
- Relações Públicas - Rádio, TV e Internet
Prof. Ms. Carlos Barros Monteiro
Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da
Universidade Cruzeiro do Sul
Ano XIV - Número 43 - Maio de 2013
Telefone para contato: (11) 2037-5706
Tiragem: 1.500 exemplares
Impressão: Jornal ùltima Hora (11) 4226-7272
Diagramação Final: Rafael Biazão
Professores Orientadores:
Ms. Danielle Gaspar, Ms. Josué Kuwano Makoto
e Ms. Regina TavaresAcesse e confira as notícias feitas pelos alunos
de jornalismo.
1
2
3
4
5
6
INFOGRAFANDO MAIO DE 2013 - PÁGINA 3
Lei Seca: entenda seu funcionamento
A rigidez da legislação diminuiu 12,9% os acidentes de trânsito em comparação à janeiro de 2012
Criada em junho de 2008, a Lei 11.705 surge para coibir a utilização do álcool associada à direção. Seu
endurecimento, em dezembro de 2012, adotou a tolerância zero para esse tipo de infração. Esta mu-
dança tem como objetivo a prevenção e redução dos acidentes provocados por motoristas embriaga-
dos no Brasil. A pessoa que dirigir sob o efeito de álcool pagará uma multa no valor de R$ 1915,00, per-
derá a carteira de habilitação e o direito de dirigir por um ano. Em alguns casos, o infrator pode ser preso.
StellaAntoniassi
Dados de janeiro a abril de 2013
da capital paulista
Allyne Pires
Gabriela Ferraz
1
16.982 pessoas fo-
ram fiscalizadas pela
blitze da Lei Seca na
capital paulista.
2
40 pessoas se recu-
saram a fazer o teste
do bafômetro*.
3
971 pessoas subme-
tidas ao bafômetro
estavam dirigindo
na via pública sob
influência de álcool.
4
93 pessoas foram
presas em flagrante.
5
706.200 pessoas
foram fiscalizadas
pela blitze da Lei
Seca na capital pau-
lista desde seu surgi-
mento, em 2008.
6
Ao todo 2.856
pessoas recusaram
fazer o teste do ba-
fômetro.
Lei Seca adverte:
Se beber não dirija!
*O etilômetro,
conhecido como bafômetro,
foi criado em 1954, nos Estados
Unidos, pelo médico Robert Borke-
nsten, do Departamento de Polícia de
Indiana.
É um equipamento utilizado por
policiais para identificar o nível de
álcool no organismo do indivíduo.
A sua presença e quantidade são detec-
tadas a partir da análise do ar expelido
pelos pulmões.
Além do teste do bafômetro,
podem ser feitos exames clínicos e de
sangue, se houver determinação da
autoridade policial.
AllynePires
Ruídos urbanos pertubam sono e ouvidos
PÁGINA 4 - MAIO DE 2013 URBANO
Viver em uma cidade turbu-
lenta como São Paulo pode causar
diversos problemas à saúde. A po-
luição sonora proveniente dos sons
que estão em excesso no ambiente
por trânsito barulhento, ruídos da
construção civil, bares, restaurantes,
shows e baladas causam desconfor-
to e interferem na qualidade de vida
dos habitantes das grandes metró-
poles.
Estudo realizado pelo Programa
de Doutorado em Meio Ambiente e
Desenvolvimento Urbano da Uni-
versidade Federal do Paraná identi-
fica o ruído público como respon-
sável por causar distúrbios na vida
de milhares de pessoas. A pesquisa
constata que no interior das residên-
cias em apenas 7% o nível de ruído
estava abaixo de 40 dB (decibéis),
em 86% o nível era superior a 65 dB.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), ruídos acima de 55
dB são considerados prejudiciais a
saúde urbana.
A fonoaudióloga Drª. Regina
Vasconcelos descreve alguns sin-
tomas que pessoas submetidas à
poluição sonora podem apresentar.
“Além de comprometer a audição,
os ruídos podem causar outros da-
nos à saúde. A exposição contínua à
poluição sonora pode gerar proble-
mas como dificuldade para dormir,
estresse, depressão, agressividade,
dor de cabeça, entre outras”, declara
a especialista.
As pessoas que utilizam apare-
lho auditivo também são prejudica-
das. O aparelho acaba amplificando
não só o som da voz do interlocutor,
mas todo o som do meio ambiente.
Segundo a Drª. Regina, existem apa-
relhos muito modernos que tentam
filtrar o ruído de fundo, mas ainda
não são acessíveis para a maioria das
pessoas.
Leandro da Silva é deficiente au-
ditivo e explica como é a sensação
de estar com ou sem o aparelho au-
ditivo em lugares barulhentos e mo-
vimentados. “Aparelhos auditivos
ligados em um lugar com grandes
aglomerações são sinônimos de fácil
desconcentração, dores de cabeça
frequentes e náuseas. No trabalho
procuro mantê-los desligados quan-
do é algo que exige minha atenção”.
Sabrina Braga relata que come-
çou a ter a audição comprometida
ainda quando pequena; ela não ou-
via sons agudos, apenas graves e
descreve como é usar o aparelho
auditivo pela primeira vez. “A sen-
sação é estranha, ao colocar o apa-
relho, consegui escutar muitos sons
agudos. Passei a escutar mais alto.
Às vezes, o aparelho me atrapalha,
mas me ajuda a ouvir pessoas que
falam muito baixo”.
A poluição sonora é crime con-
tra o meio ambiente, tipo penal pre-
visto na Lei de Crimes Ambientais
(Lei 9.605/98). A degradação da
qualidade ambiental resultante de
atividades que prejudiquem a saúde,
a segurança e o bem-estar da popu-
lação também é protegida pelo Ar-
tigo 3° da Lei 6.938. Qualquer po-
luidor, seja pessoa física ou júridica,
de direito público ou privado, será
responsável em caso de atividade
causadora de degradação ambiental.
Pesquisa identifica a poluição sonora como responsável por causar distúrbios na vida das pessoas
Uso excessivo de fones pode causar surdez
O fone de ouvido é um dos principais vilões modernos da audição.
Outro problema que assola a
audição dos jovens é o uso fre-
quente de fones de ouvido. O que
era para ser uma forma de diversão
e benefício para a saúde e o bem-es-
tar, se não for utilizado moderada-
mente, pode ocasionar graves lesões
auditivas.
A fonoaudióloga Drª. Regina
Vasconcelos alerta para o hábito
de ouvir música alta durante o des-
locamento de casa para o trabalho.
“Se a pessoa tem o hábito de usar o
transporte público ouvindo música
Uso de aparelho auditivo em aglomerações prejudica a concentração.
alta nos fones de ouvido, em médio
prazo, poderá desenvolver uma per-
da auditiva”.
“As alterações auditivas depen-
dem do tempo de uso do fone de
ouvido, intensidade e frequência dos
ruídos que as pessoas usualmente
estão expostas”, ratifica a doutora.
O primeiro sintoma de perda
de audição é quando a pessoa não
consegue ouvir claramente o amigo
em uma conversa, e pede para repe-
tir constantemente o que ele havia
dito. Escutar constantemente zum-
bidos, aumentar demasiadamente o
volume da televisão ou do rádio, são
BrunaRegina
outros sinais de degradação auditiva.
Nossos ouvidos estão propen-
sos a aguentar uma intensidade so-
nora de até 75 decibéis sem sofrer
qualquer dano. Segundo a Sociedade
Brasileira de Otologia, a 85 decibéis,
o tempo máximo de exposição por
dia é de oito horas. Conforme o vol-
ume aumenta, esse tempo permitido
para a exposição é diminuído.
Um aparelho reprodutor musical
pode chegar a 120 decibéis quando
utilizado no volume máximo. A in-
tensidade chega a ser maior do que
o barulho de britadeira (equivalente
a 110 dB), e semelhante ao ruído de
uma turbina de avião (aproximada-
mente 130 dB).
Existem vários tipos de fones de
ouvido disponíveis no comércio. Os
acessórios dos tipos Intra-auricular
e Earbud são os mais ecônomicos,
eles isolam o som ambiente, mas
por estarem em contato direto com
o canal auditivo podem causar uma
série de problemas aos ouvidos. Os
fones dos tipos Supra-auricular e
Circoauricular são mais confortáveis
e agridem menos aos ouvidos. Os
fones do tipo Esportista são os mais
indicados aos praticantes de ativi-
dades físicas, causam menos incô-
modo em dias quentes. Por último,
os fones do tipo Headset que con-
tam com a presença de microfones
embutidos é o mais indicado para
utilização em computadores.
BancodeImagens
Andressa Volpini
Bruna Regina
Felipe Mendes
Leandro Correia
Felipe Mendes
“A exposição contínua
à poluição sonora pode
gerar problemas como
dificuldade para
dormir, estresse,
depressão, agressividade
e dor de cabeça”
O decibel (dB) é a uni-
dade logarítmica utiliza-
da para medir a pressão,
potência e intensidade de
um som.
A medição é efetuada
por um aparelho Me-
didor de Nível de Pres-
são Sonora (MNPS),
também chamado de
Decibelímetro.
MAIO DE 2013 - PÁGINA 5MEIO AMBIENTE
Ecopontosrecebemmaislixocomprivatização
Os consórcios Soma e Inova administram os 51 ecopontos espalhados pela cidade de São Paulo
VerônicaHonorato
Fernanda Chiarato
A quantidade de entulho deixada
nos ecopontos da cidade de São Pau-
lo cresceu após a sua privatização,
por dois consórcios, em dezembro
de 2011. O aumento é atribuído à
alteração dos dias de atendimento
dos postos, que passaram a abrir
todos os dias da semana.
A gestão do ex-prefeito Gilberto
Kassab sancionou a lei Mudanças
Climáticas e um dos pontos aborda-
dos foi a quantidade de materiais que
normalmente são descartados na
rua. Com isso, houve o surgimento
de ecopontos por toda a cidade de
São Paulo.
A iniciativa é necessária para que
esses detritos não sejam descartados
em locais inapropriados e a privati-
zação auxiliou no aumento de dias
para que a população faça o descarte.
Nos ecopontos, existem ca-
çambas reservadas aos pequenos
volumes de entulho que podem ter,
no máximo, 1m³ e locais reservados
para a entrega de móveis velhos,
lixo reciclável, poda de árvores
etc. Privatizados, os ecopontos são
administrados por dois consórcios,
Soma e Inova. A Zona Leste é re-
presentada pelo Soma que possui
33 dos 51 pontos de atendimento
destinados à entrega de resíduos.
Os consórcios também são respon-
sáveis pelo projeto
‘Varrição de Ruas’.
Condu z idos
pelas novas em-
presas, os postos
de atendimento fi-
cam abertos todos
os dias, incluindo
finais de semana
e feriados, o que
antes não ocorria.
Luís Carlos Pejon
mora no bairro
Vila Carrão e afirma que agora
consegue utilizar os ecopontos.
“Só consigo fazer o descarte dos
materiais inutilizáveis nos finais de
semana. Agora eu consigo acumular
todo o lixo reciclado que fica na
minha casa para jogar em um lugar
adequado”, diz Pe-
jon. A fiscalização
é realizada pelas
subprefeituras atra-
vés da SLP (Super-
visão de Limpeza
Pública). Miguel
Malvone, funcio-
nário da subprefei-
tura Aricanduva/
Formosa/Carrão,
explica que a ins-
peção funciona
regularmente. A subprefeitura Ari-
canduva fiscaliza dois ecopontos,
um localizado na Rua Astarte e o
outro na Avenida Aricanduva.
De acordo com o funcionário do
“Os ecopontos
podem ser grandes
aliados da
limpeza urbana”
Cada morador pode descartar até 1m³ de pequenos entulhos por dia nas caçambas reservadas. Os ecopontos também possuem locais para outros descartes.
Soma, Reginaldo Moura, o ecoponto
localizado na Rua Astarte é o mais
movimentado da cidade, principal-
mente nos finais de semana. “Se
você passar um sábado inteiro aqui
vai ver a movimentação intensa de
carros saindo e entrando. Isso daqui
não para”, afirma Moura.
Rita Frenedozo, professora de
ecologia e ecossistemas, explica
que o mau descarte de entulhos
acarreta em enchentes, entupimento
de bueiros, infestações de pragas,
ou seja, grandes malefícios ao meio
ambiente. A professora também in-
forma sobre o lixo orgânico, como
podas de árvores, que podem virar
adubo. “Os ecopontos podem ser
grandes aliados da limpeza urbana”,
conclui Rita.
FernandaChiarato
BeatrizPrieto
CristianDrovas/FelipeMotta
O Soma possui 33 pontos de atendimento na Zona Leste.
Flagra - Descarte ilegal próximo ao ecoponto da rua Astarte.
ZLtem11unidadesparatratamentodeDSTs
Moradores podem realizar tratamento gratuito, que vai desde prevenção até assistência e acompanhamento
Ataide Aquino
Joy Agoston
Juliana Costa
Mayara Marim
Murillo Magaroti
Willian Maffezoli
A Zona Leste de São Paulo tem
11 unidades para prevenção e trata-
mento de DSTs. Essas unidades de
saúde oferecem tratamento gratuito
e exclusivo para DSTs, desde o tra-
balho de prevenção até assistência
ao portador e acompanhamento de
um psicólogo, quando necessário.
A unidade Serviços de Assis-
tência Especializada (SAE) Herbert
de Souza, no Sapopemba, oferece,
além dos serviços de prevenção, o
acompanhamento ao paciente. “O
paciente que adere ao tratamento
[da Aids] é seguido pelo resto da
vida nessa unidade, inclusive por
dentista, educadores físicos, nutri-
cionistas, terapeutas ocupacionais
e psicólogos”, esclarece Elisa Fer-
reira, coordenadora do Centro de
Testagem e Aconselhamento (CTA)
de São Mateus, uma das unidades
que realiza o primeiro atendimento
e encaminha o paciente aos SAEs.
Ao todo, a cidade de São Pau-
lo tem 25 centros para prevenção
e tratamento de DSTs. Os outros
bairros da Zona Leste que contam
com unidades são: São Miguel, Itaim
Paulista, Cidade Tiradentes, Cidade
Líder, Mooca, Penha, Vila Fidélis,
Vila Prudente e Vila Chabilândia.
BETINHO - Primeiro SAE de São Paulo leva o nome de ativista em prol de portadores de HIV
Trabalho pioneiro
.
Com o surgimento da Aids,
no início dos anos 80, alguns
grupos da sociedade civil passa-
ram a se encontrar para discutir
e entender a doença. Um des-
ses grupos deu
origem ao Gapa
(Grupo de Apoio
à Prevenção à
Aids).
O Gapa é
uma ONG fun-
dada em 1985 e
pioneira na Amé-
rica Latina a se
preocupar com
os problemas
que a Aids pode trazer à socie-
dade. A atual vice-presidente da
entidade, Wildney Feres Contre-
ra, no Gapa desde 1989, acredi-
ta que as ONGs tiveram papel
fundamental no final da década
de 80 e nos anos 90. “O trabalho
das ONGs ajudou a repercurtir
em todo o país o que é a doença”
explica.
Para Wildney, é fundamental
tratar a doença como epidemia e
as campanhas de prevenção de-
vem ser constantes. “Os números
caem, às vezes, mas
voltam a aumentar em
grupos vulneráveis,
como mulheres, crian-
ças e pessoas da ter-
ceira idade”, analisa.
São inúmeras as
ONGs que atualmen-
te trabalham para o
controle da epidemia,
cada uma em uma
frente. O Gapa visa
garantir a preservação dos di-
reitos humanos e integração das
pessoas portadoras do vírus. O
grupo sobrevive de doações e
trabalho voluntário. Informações
de como doar e/ou se volunta-
riar no site www.gapabrsp.org.br.
“O trabalho das
ONGs ajudou
a repercutir em
todo país o que
é a doença “
Murillo Magaroti
Renata Vieira
Jornalista faz da Aids sua causa
BATALHA - Portador de HIV
luta por igualdade
Juliana Costa
Paulo Giacomini, 51 anos, é
ativista em prol dos portadores
de Aids desde 1994,
quando descobriu
ter contraído o vírus
após a morte de um
namorado, em 1984.
Em uma época
em que os grupos de
risco eram formados por prostitu-
tas, usuários de drogas injetáveis e
homossexuais, sofreu preconceito e
discriminação por parte da família,
perdeu amigos e emprego por conta
de sua condição. Apesar das dificul-
dades, ingressou na faculdade Cás-
per Líbero para cursar Jornalismo.
Especialista em comunicação
em Aids, Giacomini faz parte de
grupos de ajuda para
novos infectados, os
orientando em sua
nova condição, e é
engajado em proje-
tos e movimentos em
prol da causa. Seus
planos para o futuro são iniciar o
doutorado e viver. “Pelo dinheiro
gasto [com o tratamento], não só
meu, mas também da sociedade
que paga impostos, o mínimo que
posso fazer é seguir em frente”, diz.
MayaraMarim
BancodeImagens
SAÚDE E BEM-ESTARPÁGINA 6 - MAIO DE 2013
“O mínimo que
posso fazer é
seguir em frente”
Distribuição dos serviços municipais
de DST na Zona Leste
Descobertas
científicas
As últimas descober-
tas científicas que podem
mostrar o caminho para a
cura da Aids datam de janei-
ro e março deste ano. Em
janeiro, na Austrália, um ci-
entista, David Harrich do
Instituto de Pesquisa Médi-
ca de Queensland, disse ter
conseguido barrar a proteína
que tem a função de multi-
plicação do vírus HIV. Nos
Estados Unidos, em março,
uma equipe de virologistas
anunciou a cura funcional de
um bebê, que nasceu com o
HIV transmitido pela mãe.
Entende-se por cura funcio-
nal a não manifestação do
vírus e seus sintomas, mes-
mo tendo ainda o vírus no
corpo. Especialistas alerta-
vam, porém, que a cura fun-
cional em um adulto estava
ainda distante. Uma semana
depois do anúncio, um es-
tudo realizado na França re-
velou que 14 adultos ficaram
funcionalmente curados.
Para mais informações:
http://www10.prefeitura.sp.gov.br/dstaids
1 - CTA Cidade Tiradentes
R.Luis Bordose, 96
Cohab Cidade Tiradentes
Telefone(s): 2282-7055 / 2964-0784
2 - CTA Dr. Sérgio Arouca
R. Valente Novais, 131
Itaim Paulista
Telefone(s): 2561-3052 / 2563-0019
3 - CTA São Mateus
Av. Mateo Bei, 838
São Mateus
Telefone(s): 2919-0697
4 - CTA São Miguel
R. Eng. Manoel Osório, 151
São Miguel Paulista
Telefone(s): 2297-6052 / 2031-2701
5 - CTA Guaianases
R. Centralina, 168
Vila Princesa Izabel – Guaianases
Telefone: 2554-5312
6 - SAE DST/AIDS Cidade
Líder R. Médio Iguaçu, 86
Cidade Líder
Telefone(s): 2748-0255 / 2748-1139
7 - SAE DST/AIDS Fidélis
Ribeiro
R. Peixoto 100
Vila Fidélis Ribeiro
Telefone(s): 2622-0123 / 2621-4753
8 - AE Vila Prudente
Pça Centenário de Vl. Prudente, 108
Vila Prudente
Telefone(s): 2061-7836 / 2273-1665
9 - CR DST/AIDS Penha
Praça Nossa Senhora da Penha, 55
Penha
Telefone(s): 2092-4020 / 2295-0391
10 - CTA Mooca
Rua Taquari, 549
Mooca
Telefone(s): 2694-3338
11 - SAE DST/AIDS Herbert
de Souza - Betinho
Av. Arquiteto Vilanova Artigas, 515
Sapopemba
Telefone(s): 2704-3341 / 2704-0833
E-book não compromete espaço do livro impresso
Relação comercial entre mídia eletrônica e tradicional fortalece os dois formatos de leitura
Ana Mendonça
Gabriel Bonafé
Lívia Donadeli
Yulika Ganizev
YulikaGanizev
O surgimento de novas mídias
tecnológicas, fortemente alimenta-
das pela crescente abrangência da
internet, deixa a sociedade a par
de inúmeros benefícios. O e-book
é um dos exemplos. Em formato
digital, obras literárias podem ser
lidas em diversos aparelhos eletrô-
nicos, como celulares, computado-
res e e-readers (leitor eletrônico).
As vantagens que ele oferece ao
público são muitas, como mobili-
dade, portabilidade, leitura no es-
curo e outros.
Em meio a todos esses méritos,
o único prejudicado seria o livro
impresso. Submetido a tal concor-
rência, ele pode ser suprimido pelo
formato digital. Evidências não
faltam quando se fala do triunfo
do meio tecnológico sobre o tra-
dicional. Recentemente, o serviço
de locação virtual de filmes, por
exemplo, ocasionou o declínio
das videolocadoras. Até mesmo
o desuso de cartões postais está
atrelado à tecnologia, que oferece
meios de comunicação mais práti-
cos e instantâneos.
Apesar desses fatores, Arnaud
Vin, diretor de tecnologia do Gru-
po Editorial Autêntica, diz que
prever um ambiente hostil entre a
mídia digital e impressa seria impre-
ciso, já que um completa o outro.
“Não se lança mais um livro im-
presso hoje sem lançar sua versão
digital. Se não ao mesmo tempo,
poucos meses depois. Isso é fato
consumado”, afirma Vin.
O diretor de tecnologia fala que
é possível usar o mercado de livro
digital no Brasil como estratégia de
vendas para os livros impressos.
“Podemos lançar primeiro a versão
digital e, dependendo da resposta; a
versão impressa”, explica Vin. Ele
até brinca e diz que a relação das
duas mídias é um dos raros exem-
plos de ‘casamento para sempre’.
Vin ainda argumenta que ao
lado das vantagens, sempre existe
uma desvantagem. Ele exemplifica
essa frase com a liberdade edito-
rial que o livro eletrônico oferece.
“Qualquer um pode ganhar o Prê-
mio Nobel de Literatura. Em com-
pensação, temos que arcar com um
volume de lixo eletrônico avassala-
dor”, adverte ele.
Para Marisa Myashiro, bibliote-
cária há 18 anos na Lenyra Fraca-
rolli (Vila Manchester, Zona Leste
de São Paulo), o crescimento da lei-
tura, independente do meio, fortale-
ce o posicionamento dos livros. “O
avanço dos e-books pode despertar
o interesse pela leitura de quem não
tem costume de ler livros. Quanto
mais meios existirem para divulgar
a literatura, melhor”, justifica ela.
Embora Marisa tenha uma vi-
são positiva sobre a relação entre
livro digital e impresso, ela não dei-
xa de ressaltar que cada mídia tem
seus pontos positivos. Em relação
ao e-book, a bibliotecária mencio-
na a possibilidade de carregar uma
ou vinte obras sem alterar o peso.
“No impresso, não se consegue
carregar essa quantidade de obras”,
“Não se lança mais um
livro impresso hoje sem
lançar sua versão digital”
compara Marisa. Entretanto, ela
explica que prefere o material im-
presso devido ao cansaço que o
brilho da tela proporciona para os
olhos e pela sua intimidade com o
formato tradicional. “A sensação
de folhear um livro e de senti-lo
é muito relevante. Por maior que
“Quanto mais meios
existirem para divulgar a
literatura, melhor”
seja o desenvolvimento das tecno-
logias, essa sensação é única”, des-
taca Marisa.
Com a ascensão da internet, o
fator inovação se tornou uma ne-
cessidade internacional. Entretan-
to, o surgimento de novos meios
não deve ser tratado como confli-
to, mas sim como oportunidade
de reinvenção, identificação e for-
talecimento das especificidades.
Seguindo essa ideia, os dois lados
ganham: o público e as mídias.
E-READER - Aparelho eletrônico desenvolvido exclusivamente para leitura de e-books
LADO A LADO - Livro impresso e eletrônico exploram suas especificidades e evitam conflitos
YulikaGanizev
PÁGINA 7 - MAIO DE 2013PÁGINAS MIDIÁTICAS
Grupo Volga: presença russa em São Paulo
A associação resistiu a ameaças, repressões e censura para manter viva a cultura russa no Brasil
JUVENTUDE - O Grupo se destaca pela presença de jovens integrantes em suas apresentações de danças russas
Mayara Almeida
Raíssa Fernandes
Vinícius Buzzetti
Sobrevivente de períodos con-
turbados no Brasil, o Grupo Vol-
ga de Folclore Russo representa a
grande comunidade na cidade de
São Paulo. Com sede na Vila Ze-
lina - Zona Leste, o grupo realiza
eventos com o objetivo de man-
ter as tradições culturais russas
por meio de danças, cantos, ex-
posições de artesanato, culinária
e atividades esportivas. O Volga
tem como principal característica
a presença de jovens que revitali-
zam a cultura desses antepassados.
Originalmente com o nome
Kalinka, a primeira versão do gru-
po surgiu no ano de 1972, sendo
extinta três anos depois devida a
grande represália que os imigran-
tes russos enfrentavam no Brasil
naquela época. Tamara Gers Dimi-
trov, fundadora do Grupo Volga,
se lembra da ameaça proferida por
um militar na ocasião. “Para vossa
saúde, nós aconselhamos vocês a
acabarem com essas atividades”.
Outros grupos folclóricos e clubes
russos também foram fechados e
sofreram censura cultural e literá-
ria pelo fato da Rússia estar rela-
cionada ao comunismo. “Qualquer
grupo russo criado nos anos 70 era
tido como associação política e não
cultural”, relembra a fundadora.
Esta, porém, não foi a primeira
vez que os imigrantes russos fo-
ram perseguidos. De acordo com
a Profª Drª Ana Bárbara Pederiva,
docente do curso de História da
Universidade Cruzeiro do Sul, os
imigrantes já sofriam perseguição
desde o início de sua vinda ao Bra-
sil. A suposição é que teriam trazido
as ideologias que ganhavam força
na Europa, como o Comunismo e
a Anarquia. Durante o período his-
tórico no Brasil, conhecido como
Era Vargas, essa perseguição se
intensificou. Os imigrantes russos
sofreram pela ligação do país com
a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) e o Comunismo.
“A perseguição foi até mais dura
que no período militar, na década
de 60. Muitos de nós, foram presos
e torturados apenas pela Rússia ser
comunista”, nos revela Vera Gers
Dimitrov, diretora cultural do gru-
po. Segundo Bárbara, naquela épo-
ca, bastava ser estrangeiro para ser
considerado comunista ou perigoso.
As igrejas cristãs ortodoxas fo-
ram essenciais na sobrevivência da
cultura russa. Apesar da forte repres-
são desses períodos, ainda existia
uma pequena liberdade de rito. No
quintal de uma dessas igrejas, o Gru-
po Volga iniciou seus primeiros en-
saios. A culinária e a convivência em
comunidade também foram impor-
tantes na preservação dos costumes
e após seis anos, a Rússia novamen-
te voltou a ter sua cultura publica-
mente manifestada em nosso país.
Com o apoio de Victor Gers
Junior e Nicolay Chocianowicz, Ta-
mara Gers Dimitrov fundou no ano
de 1981 a Associação Cultural Gru-
po Volga de Folclore Russo. “Minha
amiga Samara me mostrou a apre-
sentação dos letonianos. Como os
russos estavam sem representação,
consultei um coronel que concor-
dou com a criação de um grupo
russo”. O nome da instituição foi
escolhido em referência ao rio Vol-
ga, o mais extenso da Europa. A
intenção era representar o país em
eventos culturais, incentivando a
participação de crianças e adoles-
centes de uma maneira que ajudasse
a manter viva a cultura dos russos
que hoje representa cerca de cinco
mil dos quinze mil habitantes da
Vila Zelina, bairro sede do grupo.
Atualmente, o grupo oferece au-
las gratuitas de dança e coral típicos
do país. Os eventos são disponíveis
tanto para descendentes quanto para
Conheça como os russos chegaram ao Brasil
	 1905: A primeira imigração oficial para o
BrasilocorreuapósaRevoluçãoRussade1905.
Os russos descontentes com as renovações promovidas
pela igreja Russa resolveram deixar o país no intuito
de manterem suas crenças religiosas.
	 1918: Segunda imigração. Esta foi compos-
ta por refugiados da revolução bolchevista e era formada
por representantes de diversas classes profissionais e sociais
da monarquia russa deposta, que chegou ao Brasil com
auxílio do governo americano.
	 1926: Nessa época, a imigração para o Brasil tinha um incentivo maior, pois, a política imigratória
do Estado de São Paulo privilegiava a vinda de camponeses e pessoas habituadas ao trabalho pesado na agri-
cultura. Descontentes e perseguidos em seu próprio país, os russos não hesitaram em dissimular sua instrução e
cultura para aproveitar esta oportunidade e sair da Rússia de qualquer maneira, fugindo do regime bolchevista.
	 1945: Famílias refugiadas do regime comu-
nista em países vizinhos da Rússia, durante a década
de 20, imigraram para o Brasil. Começaram a
chegar por aqui, navios de refugiados russos mais uma
vez em busca de um novo lar e de paz.
	 Osimigrantesforamabrigadosemhospedariasda
cidade de São Paulo. As imigrações foram intensas
até a década de 1950. Os dados sobre a imigração
russa registram a entrada no país de 123.727 russos
no período de 1919 a 1947. Fonte: News Of Russia
AcervoGrupoVolga
MEMÓRIAPÁGINA 8 - MAIO DE 2013
pessoas de outras origens que se
interessem em conhecer e partici-
par da cultura russa. Todos os en-
saiossãogratuitoseacontecemaos
domingos a partir das 14h, na Rua
Frei Antônio de Guadalupe, por-
tão da quadra azul, Vila Zelina.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!
Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!
Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!Jornal Verdade
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48Valter Gomes
 
EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019Afonso Pena
 
Quebrangulo enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...
Quebrangulo   enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...Quebrangulo   enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...
Quebrangulo enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...Quebrangulo
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017Roberto Rabat Chame
 
EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO
EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO
EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO Afonso Pena
 
EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020
EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020
EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020Afonso Pena
 
EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020
EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020
EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020Afonso Pena
 
EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019Afonso Pena
 
Tempo Presente 20-01-2014
Tempo Presente 20-01-2014Tempo Presente 20-01-2014
Tempo Presente 20-01-2014Donaldson Gomes
 

Mais procurados (20)

Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!
Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!
Jornal A Verdade - O conteúdo faz a diferença!
 
Formação das famílias na costa da lagoa
Formação das famílias na costa da lagoaFormação das famílias na costa da lagoa
Formação das famílias na costa da lagoa
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
 
Imp 31
Imp 31Imp 31
Imp 31
 
Acontece 377
Acontece 377Acontece 377
Acontece 377
 
EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 359 DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019
 
Quebrangulo enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...
Quebrangulo   enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...Quebrangulo   enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...
Quebrangulo enchente junho de 2010 - cai para 135 o número de desaparecidos...
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 621 an 23maio 2017
 
EDIÇÃO 352
EDIÇÃO 352EDIÇÃO 352
EDIÇÃO 352
 
EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO
EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO
EDIÇÃO 368 DE 13 DE FEVEREIRO
 
Jornal site
Jornal siteJornal site
Jornal site
 
615 an 11 abril_2017.ok
615 an 11 abril_2017.ok615 an 11 abril_2017.ok
615 an 11 abril_2017.ok
 
Ermelino 203
Ermelino 203Ermelino 203
Ermelino 203
 
EDIÇÃO 339
EDIÇÃO 339EDIÇÃO 339
EDIÇÃO 339
 
Serrano 158
Serrano 158Serrano 158
Serrano 158
 
EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020
EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020
EDIÇÃO 396 DE 26 DE AGOSTO DE 2020
 
EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020
EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020
EDIÇÃO 384 DE 04 DE JUNHO DE 2020
 
EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019
EDIÇÃO 357 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019
 
Jornal digital 4632_seg_23032015
Jornal digital 4632_seg_23032015Jornal digital 4632_seg_23032015
Jornal digital 4632_seg_23032015
 
Tempo Presente 20-01-2014
Tempo Presente 20-01-2014Tempo Presente 20-01-2014
Tempo Presente 20-01-2014
 

Destaque

Jornal junho de 2006 n 22
Jornal junho de 2006 n 22Jornal junho de 2006 n 22
Jornal junho de 2006 n 22nanimotta
 
Jornal outubro de 2006 n 24
Jornal outubro de 2006 n 24Jornal outubro de 2006 n 24
Jornal outubro de 2006 n 24nanimotta
 
Jornal dezembro de 2006 número 25
Jornal dezembro de 2006   número 25Jornal dezembro de 2006   número 25
Jornal dezembro de 2006 número 25nanimotta
 
Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton
Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton
Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton Rajeshwar Wupradristha
 
DECOR DESIGN INTERNET PROFILE
DECOR DESIGN INTERNET PROFILEDECOR DESIGN INTERNET PROFILE
DECOR DESIGN INTERNET PROFILELee van der Walt
 
Intercontinental Hotel, Ningbo, China
Intercontinental Hotel, Ningbo, ChinaIntercontinental Hotel, Ningbo, China
Intercontinental Hotel, Ningbo, ChinaWalter Bone, RLA ASLA
 
EWDA Portfolio & Projects Book
EWDA Portfolio & Projects BookEWDA Portfolio & Projects Book
EWDA Portfolio & Projects Bookdianezwack
 
Diseases of salivary glands
Diseases of salivary glandsDiseases of salivary glands
Diseases of salivary glandsYaqoob Marri
 
Aluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive Applications
Aluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive ApplicationsAluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive Applications
Aluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive ApplicationsIOSR Journals
 

Destaque (16)

Jornal junho de 2006 n 22
Jornal junho de 2006 n 22Jornal junho de 2006 n 22
Jornal junho de 2006 n 22
 
Jornal outubro de 2006 n 24
Jornal outubro de 2006 n 24Jornal outubro de 2006 n 24
Jornal outubro de 2006 n 24
 
Jornal dezembro de 2006 número 25
Jornal dezembro de 2006   número 25Jornal dezembro de 2006   número 25
Jornal dezembro de 2006 número 25
 
O cidadão
O cidadãoO cidadão
O cidadão
 
O Cidadão
O CidadãoO Cidadão
O Cidadão
 
Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton
Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton
Magician Raj of Mississauga Ardglen fundraising Brampton
 
DECOR DESIGN INTERNET PROFILE
DECOR DESIGN INTERNET PROFILEDECOR DESIGN INTERNET PROFILE
DECOR DESIGN INTERNET PROFILE
 
Expressões Idiomáticas
Expressões IdiomáticasExpressões Idiomáticas
Expressões Idiomáticas
 
Info lcb laboratorio clínico y biomédico
Info lcb laboratorio clínico y biomédicoInfo lcb laboratorio clínico y biomédico
Info lcb laboratorio clínico y biomédico
 
Vertebrata
VertebrataVertebrata
Vertebrata
 
Info tl transporte y logística
Info tl transporte y logísticaInfo tl transporte y logística
Info tl transporte y logística
 
Intercontinental Hotel, Ningbo, China
Intercontinental Hotel, Ningbo, ChinaIntercontinental Hotel, Ningbo, China
Intercontinental Hotel, Ningbo, China
 
EWDA Portfolio & Projects Book
EWDA Portfolio & Projects BookEWDA Portfolio & Projects Book
EWDA Portfolio & Projects Book
 
Diseases of salivary glands
Diseases of salivary glandsDiseases of salivary glands
Diseases of salivary glands
 
Aluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive Applications
Aluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive ApplicationsAluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive Applications
Aluminum Oxide-Silver Nanoparticle Interfaces for Memristive Applications
 
Was ist ein Barcamp?
Was ist ein Barcamp?Was ist ein Barcamp?
Was ist ein Barcamp?
 

Semelhante a E-book x livro impresso: qual o futuro da leitura

Semelhante a E-book x livro impresso: qual o futuro da leitura (20)

Cidadao completo 38 1
Cidadao completo 38 1Cidadao completo 38 1
Cidadao completo 38 1
 
Guaianas 108
Guaianas 108Guaianas 108
Guaianas 108
 
Estacao 21
Estacao 21Estacao 21
Estacao 21
 
Enem 2dia
Enem 2diaEnem 2dia
Enem 2dia
 
Tipo carioca - maio 2013
Tipo carioca - maio 2013Tipo carioca - maio 2013
Tipo carioca - maio 2013
 
EDIÇÃO 346
EDIÇÃO 346EDIÇÃO 346
EDIÇÃO 346
 
Guaianas 126
Guaianas 126Guaianas 126
Guaianas 126
 
Acontece 379
Acontece 379Acontece 379
Acontece 379
 
Guaianas 105
Guaianas 105Guaianas 105
Guaianas 105
 
Edição nº 15_do_primeira_pauta,_o_jornal_laboratório_do_ielusc,_joinville
Edição nº 15_do_primeira_pauta,_o_jornal_laboratório_do_ielusc,_joinvilleEdição nº 15_do_primeira_pauta,_o_jornal_laboratório_do_ielusc,_joinville
Edição nº 15_do_primeira_pauta,_o_jornal_laboratório_do_ielusc,_joinville
 
Jornal paginas abertas 2
Jornal paginas abertas 2Jornal paginas abertas 2
Jornal paginas abertas 2
 
Jornal 360º - UNIP - Jornalismo 2017
Jornal 360º - UNIP - Jornalismo 2017  Jornal 360º - UNIP - Jornalismo 2017
Jornal 360º - UNIP - Jornalismo 2017
 
ESTADO DE DIREITO - 31 EDIÇÃO
ESTADO DE DIREITO - 31 EDIÇÃOESTADO DE DIREITO - 31 EDIÇÃO
ESTADO DE DIREITO - 31 EDIÇÃO
 
Jornal Viva Gente Edição 05
Jornal Viva Gente Edição 05 Jornal Viva Gente Edição 05
Jornal Viva Gente Edição 05
 
NIT PORTAL SOCIAL - DIGA NÃO AO PRECONCEITO! SUA SAÚDE AGRADE!
NIT PORTAL SOCIAL - DIGA NÃO AO PRECONCEITO! SUA SAÚDE AGRADE!NIT PORTAL SOCIAL - DIGA NÃO AO PRECONCEITO! SUA SAÚDE AGRADE!
NIT PORTAL SOCIAL - DIGA NÃO AO PRECONCEITO! SUA SAÚDE AGRADE!
 
Jornal digital 19-05-17
Jornal digital 19-05-17Jornal digital 19-05-17
Jornal digital 19-05-17
 
Folha 222
Folha 222Folha 222
Folha 222
 
GAZETA SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015
GAZETA SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015GAZETA SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015
GAZETA SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015
 
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015GAZETA DO SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015
GAZETA DO SANTA CÂNDIDA SETEMBRO 2015
 
Mapa 2013 jovens
Mapa 2013 jovensMapa 2013 jovens
Mapa 2013 jovens
 

E-book x livro impresso: qual o futuro da leitura

  • 1. E-book e livro impresso: duelo ou parceria? Com a rápida disseminação dos e-books no mundo, paira no ar uma pergunta: está decretada a extinção do livro impresso? Confira o que especialistas pensam sobre o futuro da leitura. Página 7 Das 25 unidades de prevenção e tratamen- to de Aids e outras DSTs de São Paulo, 11 estão na Zona Leste. O serviço é gratuito e abrange bairros como Mooca, Vila Pruden- te, São Mateus e Sapopemba. Página 6 Tratamento de DSTs na Zona Leste A Lei Seca, que tem como objetivo a pre- venção e redução dos acidentes provocados por motoristas embriagados, aumentou a rigidez da fiscalização e legislação em 2012. Página 3 Entenda o funcionamento da Lei Seca Mídia sensacionalista? Durante a cobertura da im- prensa no incêndio da boate Kiss, diversos meios de co- municação do Brasil foram acusados de se aproveitarem da tragédia para aumentar a audiência. Página 2 O som ao redor Viver em uma cidade baru- lhenta como São Paulo pode causar diversos problemas à saúde auditiva e psicológica. Confira em detalhes esses males. Página 4. Cidade mais limpa: Ecopontos ampliam funcionamento Após a privatização em 2011 pela prefeitura de São Paulo, os Ecopontos ampliam seus serviços com funcionamento todos os dias da semana. Recebendo pequenos volumes de entulho, resídu- os recicláveis e grandes objetos, os Ecopontos tornam-se uma alternativa para evitar o descarte na natureza. Página 5 Um pedaço da Rússia na Zona Leste Para preservar o folclore russo na cidade de São Paulo, o Grupo Volga enfrentou represálias e censura durante as ditaduras no Brasil. Conheça a história da associação pioneira dessa cultura, como esses imigrantes chegaram ao nosso país e todas as dificuldades que encontraram em sua trajetória. Página 8 Yulika Ganizev Mayara Marim Stella Antoniassi Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul Ano XIV - Número 43 - Maio de 2013
  • 2. Imprensa é acusada de sensacionalismo Mídia brasileira não exagera durante cobertura do incêndio na boate Kiss, segundo jornalistas DE OLHO NA IMPRENSAPÁGINA 2 - MAIO DE 2013 Leonardo Pereira No dia 27 de Janeiro, aconteceu na cidade de Santa Maria, Rio Gran- de do Sul, o incêndio na boate Kiss, que deixou 240 pessoas mortas e mais de 100 feridos. Segundo tes- temunhas, durante a apresentação da Banda Gurizada Fandanguei- ra, o vocalista do grupo musical, Marcelo de Jesus dos Santos, teria acendido um sinalizador de uso ex- terno, que soltou faíscas e atingiu o teto da boate, dando início ao in- cêndio que tomou conta do local. O evento e sua cobertura jor- nalística promoveram uma série de repercussões éticas debatidas pela sociedade civil. Nesta edição, o Jor- nal Cidadão mostra reflexões sobre o ocorrido. Inicialmente se discutiu a pertinência do termo “catástrofe” na cobertura de Santa Maria, tendo em vista que a denominação é mais apropriada para eventos naturais. Nos jornais impressos o sen- sacionalismo da imprensa ga- nhou a primeira página dos três principais jornais do país: Folha de S. Paulo, O Globo e O Esta- do de S. Paulo. A manchete não poderia ser outra, a tragédia de Santa Maria, tomou conta de pá- ginas e mais páginas, com dados desencontrados e sem apuração. Para Mauro San Martin, editor da revista Buzz, não houve sensa- cionalismo na cobertura. “O fato foi apresentado de todos os ân- gulos possíveis pela mídia”. Celso Arnaldo Araújo, editor-chefe da revista Go´Where, concorda com o colega de profissão. Para ele, a cobertura de um evento com 240 mortes dispensa qualquer modalidade de sensacionalismo. Em se tratando de televisão, a Rede Globo foi a primeira emisso- ra a noticiar o fato em rede nacio- nal. É o que a imprensa denomina “furo jornalístico”. A partir daí, as principais concorrentes noticiaram o ocorrido de uma forma intensa e até repetitiva. Durante o dia da tragédia, um domingo, boa parte da programação das emissoras foi modificada para a cobertura do in- cêndio. Repórteres foram enviados para o local com o objetivo de atua- lizar as informações em tempo real. A exploração do tema foi tamanha que programas de entretenimento como Domingo Legal e Eliana, no SBT, foram interrompidos a todo o momento para divulgar mais in- formações sobre o caso. Na Rede Record, o Programa do Gugu e o Domingo Espetacular também dedicaram atenção especial à tra- gédia. A cada domingo, o Fantás- tico, da Rede Globo, apresentava reportagens a respeito do acidente. Em uma de suas edições che- gou a produzir uma maquete em tamanho real do local do acidente. Segundo Martin, não há repe- tição porque sempre que há algo novo em notícia, todas as informa- ções são passadas para situar o lei- tor que não acompanhou a cobertu- ra do fato. “O assunto é explorado até se esgotar e a mídia fala do fato em si, as opiniões, análises, conse- quências e sempre há algo novo”. No rádio, as principais emisso- ras aproveitam a instantaneidade do veículo para noticiar o evento com boletins durante a programação. Na internet os principais por- tais do país deram destaque ao incêndio em suas páginas iniciais, com dados imprecisos e imagens que exploravam o sentimentalismo e a tristeza no fato. Araújo consi- dera que, é impossível à mídia ig- norar ou até mesmo minimizar ou relativizar um evento desse porte. O caso de Santa Maria, como ficou conhecido, expõe a neces- sidade de jornalistas formados com sólidas bases éticas e mo- rais; o que valida a relevância do diploma de ensino superior para o exercício da profissão. O mosaico acima mostra a capa dos principais jornais e revistas do país noticiando a tragédia de Santa Maria Seja bem-vindo (a) à presente edição do Jornal Cidadão; uma publicação realizada integralmente pelos alunos do 4°/5° semestre de Jornalismo do campus Anália Franco da Universidade Cruzeiro do Sul. Da pautaàdiagramação,osestudantes estiveram envolvidos com as notícias de maior relevância para a região da Zona Leste. Logo de cara, na editoria De olho na imprensa (p.2) você encontra um intenso debate sobre a possível abordagem sensacionalista da grande mídia durante a cobertura da tragédia de Santa Maria. Em seguida, temos Infografando (p.3), uma ilustração dinâmica que aborda o endurecimento da lei seca; mostrando assim, as consequências e a reação dos motoristas diante de uma blitze. Saibamaiscomoapoluiçãosonora pode interferir na qualidade de vida em uma grande metrópole através da nossa editoria Urbano (p.4). Você já conhece o Ecoponto? Leia na editoria Meio ambiente (p.5) o que a prefeitura de São Paulo criou para legalizar o descarte do entulho e outros resíduos específicos. Já em Saúde e bem-estar (p.6), os portadores de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) têm uma nova esperança no tratamento oferecido gratuitamente por centros especializados. Para descontrair, mergulhamos no mundo dos E-books na Páginas midiáticas (p.7) desta edição. Entendacomoestanovidadepode incentivar o interesse na leitura. Não só de italianos e japoneses São Paulo é composta, entre tantas etnias e culturas, destacamos na editoria Memória (p.8) o Grupo Volga que representa a colônia russa na Zona Leste. Vale dizer que esta publicação foi produzida sob a orientação do corpo docente composto por: Regina Tavares, Danielle Gaspar e Josué Makoto. Além da ajuda mais que bem-vinda dos monitores: Maris Landim e Rafael Biazão. Agradecemos à todos e também à Universidade Cruzeiro do Sul, por ter nos proporcionado essa grande experiência. Esperamos que goste e uma boa leitura! Editorial GuilhermeCerveira Reitora Profª. Dra. Sueli Cristina Marquesi Pró-Reitor de Graduação Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral Pró-Reitor de Pós Graduação e Pesquisa Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Profª. Dra. Janice Valia de Los Santos Coordenador dos Cursos de Comunicação Social - Jornalismo - Publicidade e Propaganda - Relações Públicas - Rádio, TV e Internet Prof. Ms. Carlos Barros Monteiro Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul Ano XIV - Número 43 - Maio de 2013 Telefone para contato: (11) 2037-5706 Tiragem: 1.500 exemplares Impressão: Jornal ùltima Hora (11) 4226-7272 Diagramação Final: Rafael Biazão Professores Orientadores: Ms. Danielle Gaspar, Ms. Josué Kuwano Makoto e Ms. Regina TavaresAcesse e confira as notícias feitas pelos alunos de jornalismo.
  • 3. 1 2 3 4 5 6 INFOGRAFANDO MAIO DE 2013 - PÁGINA 3 Lei Seca: entenda seu funcionamento A rigidez da legislação diminuiu 12,9% os acidentes de trânsito em comparação à janeiro de 2012 Criada em junho de 2008, a Lei 11.705 surge para coibir a utilização do álcool associada à direção. Seu endurecimento, em dezembro de 2012, adotou a tolerância zero para esse tipo de infração. Esta mu- dança tem como objetivo a prevenção e redução dos acidentes provocados por motoristas embriaga- dos no Brasil. A pessoa que dirigir sob o efeito de álcool pagará uma multa no valor de R$ 1915,00, per- derá a carteira de habilitação e o direito de dirigir por um ano. Em alguns casos, o infrator pode ser preso. StellaAntoniassi Dados de janeiro a abril de 2013 da capital paulista Allyne Pires Gabriela Ferraz 1 16.982 pessoas fo- ram fiscalizadas pela blitze da Lei Seca na capital paulista. 2 40 pessoas se recu- saram a fazer o teste do bafômetro*. 3 971 pessoas subme- tidas ao bafômetro estavam dirigindo na via pública sob influência de álcool. 4 93 pessoas foram presas em flagrante. 5 706.200 pessoas foram fiscalizadas pela blitze da Lei Seca na capital pau- lista desde seu surgi- mento, em 2008. 6 Ao todo 2.856 pessoas recusaram fazer o teste do ba- fômetro. Lei Seca adverte: Se beber não dirija! *O etilômetro, conhecido como bafômetro, foi criado em 1954, nos Estados Unidos, pelo médico Robert Borke- nsten, do Departamento de Polícia de Indiana. É um equipamento utilizado por policiais para identificar o nível de álcool no organismo do indivíduo. A sua presença e quantidade são detec- tadas a partir da análise do ar expelido pelos pulmões. Além do teste do bafômetro, podem ser feitos exames clínicos e de sangue, se houver determinação da autoridade policial. AllynePires
  • 4. Ruídos urbanos pertubam sono e ouvidos PÁGINA 4 - MAIO DE 2013 URBANO Viver em uma cidade turbu- lenta como São Paulo pode causar diversos problemas à saúde. A po- luição sonora proveniente dos sons que estão em excesso no ambiente por trânsito barulhento, ruídos da construção civil, bares, restaurantes, shows e baladas causam desconfor- to e interferem na qualidade de vida dos habitantes das grandes metró- poles. Estudo realizado pelo Programa de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano da Uni- versidade Federal do Paraná identi- fica o ruído público como respon- sável por causar distúrbios na vida de milhares de pessoas. A pesquisa constata que no interior das residên- cias em apenas 7% o nível de ruído estava abaixo de 40 dB (decibéis), em 86% o nível era superior a 65 dB. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ruídos acima de 55 dB são considerados prejudiciais a saúde urbana. A fonoaudióloga Drª. Regina Vasconcelos descreve alguns sin- tomas que pessoas submetidas à poluição sonora podem apresentar. “Além de comprometer a audição, os ruídos podem causar outros da- nos à saúde. A exposição contínua à poluição sonora pode gerar proble- mas como dificuldade para dormir, estresse, depressão, agressividade, dor de cabeça, entre outras”, declara a especialista. As pessoas que utilizam apare- lho auditivo também são prejudica- das. O aparelho acaba amplificando não só o som da voz do interlocutor, mas todo o som do meio ambiente. Segundo a Drª. Regina, existem apa- relhos muito modernos que tentam filtrar o ruído de fundo, mas ainda não são acessíveis para a maioria das pessoas. Leandro da Silva é deficiente au- ditivo e explica como é a sensação de estar com ou sem o aparelho au- ditivo em lugares barulhentos e mo- vimentados. “Aparelhos auditivos ligados em um lugar com grandes aglomerações são sinônimos de fácil desconcentração, dores de cabeça frequentes e náuseas. No trabalho procuro mantê-los desligados quan- do é algo que exige minha atenção”. Sabrina Braga relata que come- çou a ter a audição comprometida ainda quando pequena; ela não ou- via sons agudos, apenas graves e descreve como é usar o aparelho auditivo pela primeira vez. “A sen- sação é estranha, ao colocar o apa- relho, consegui escutar muitos sons agudos. Passei a escutar mais alto. Às vezes, o aparelho me atrapalha, mas me ajuda a ouvir pessoas que falam muito baixo”. A poluição sonora é crime con- tra o meio ambiente, tipo penal pre- visto na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98). A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da popu- lação também é protegida pelo Ar- tigo 3° da Lei 6.938. Qualquer po- luidor, seja pessoa física ou júridica, de direito público ou privado, será responsável em caso de atividade causadora de degradação ambiental. Pesquisa identifica a poluição sonora como responsável por causar distúrbios na vida das pessoas Uso excessivo de fones pode causar surdez O fone de ouvido é um dos principais vilões modernos da audição. Outro problema que assola a audição dos jovens é o uso fre- quente de fones de ouvido. O que era para ser uma forma de diversão e benefício para a saúde e o bem-es- tar, se não for utilizado moderada- mente, pode ocasionar graves lesões auditivas. A fonoaudióloga Drª. Regina Vasconcelos alerta para o hábito de ouvir música alta durante o des- locamento de casa para o trabalho. “Se a pessoa tem o hábito de usar o transporte público ouvindo música Uso de aparelho auditivo em aglomerações prejudica a concentração. alta nos fones de ouvido, em médio prazo, poderá desenvolver uma per- da auditiva”. “As alterações auditivas depen- dem do tempo de uso do fone de ouvido, intensidade e frequência dos ruídos que as pessoas usualmente estão expostas”, ratifica a doutora. O primeiro sintoma de perda de audição é quando a pessoa não consegue ouvir claramente o amigo em uma conversa, e pede para repe- tir constantemente o que ele havia dito. Escutar constantemente zum- bidos, aumentar demasiadamente o volume da televisão ou do rádio, são BrunaRegina outros sinais de degradação auditiva. Nossos ouvidos estão propen- sos a aguentar uma intensidade so- nora de até 75 decibéis sem sofrer qualquer dano. Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia, a 85 decibéis, o tempo máximo de exposição por dia é de oito horas. Conforme o vol- ume aumenta, esse tempo permitido para a exposição é diminuído. Um aparelho reprodutor musical pode chegar a 120 decibéis quando utilizado no volume máximo. A in- tensidade chega a ser maior do que o barulho de britadeira (equivalente a 110 dB), e semelhante ao ruído de uma turbina de avião (aproximada- mente 130 dB). Existem vários tipos de fones de ouvido disponíveis no comércio. Os acessórios dos tipos Intra-auricular e Earbud são os mais ecônomicos, eles isolam o som ambiente, mas por estarem em contato direto com o canal auditivo podem causar uma série de problemas aos ouvidos. Os fones dos tipos Supra-auricular e Circoauricular são mais confortáveis e agridem menos aos ouvidos. Os fones do tipo Esportista são os mais indicados aos praticantes de ativi- dades físicas, causam menos incô- modo em dias quentes. Por último, os fones do tipo Headset que con- tam com a presença de microfones embutidos é o mais indicado para utilização em computadores. BancodeImagens Andressa Volpini Bruna Regina Felipe Mendes Leandro Correia Felipe Mendes “A exposição contínua à poluição sonora pode gerar problemas como dificuldade para dormir, estresse, depressão, agressividade e dor de cabeça” O decibel (dB) é a uni- dade logarítmica utiliza- da para medir a pressão, potência e intensidade de um som. A medição é efetuada por um aparelho Me- didor de Nível de Pres- são Sonora (MNPS), também chamado de Decibelímetro.
  • 5. MAIO DE 2013 - PÁGINA 5MEIO AMBIENTE Ecopontosrecebemmaislixocomprivatização Os consórcios Soma e Inova administram os 51 ecopontos espalhados pela cidade de São Paulo VerônicaHonorato Fernanda Chiarato A quantidade de entulho deixada nos ecopontos da cidade de São Pau- lo cresceu após a sua privatização, por dois consórcios, em dezembro de 2011. O aumento é atribuído à alteração dos dias de atendimento dos postos, que passaram a abrir todos os dias da semana. A gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab sancionou a lei Mudanças Climáticas e um dos pontos aborda- dos foi a quantidade de materiais que normalmente são descartados na rua. Com isso, houve o surgimento de ecopontos por toda a cidade de São Paulo. A iniciativa é necessária para que esses detritos não sejam descartados em locais inapropriados e a privati- zação auxiliou no aumento de dias para que a população faça o descarte. Nos ecopontos, existem ca- çambas reservadas aos pequenos volumes de entulho que podem ter, no máximo, 1m³ e locais reservados para a entrega de móveis velhos, lixo reciclável, poda de árvores etc. Privatizados, os ecopontos são administrados por dois consórcios, Soma e Inova. A Zona Leste é re- presentada pelo Soma que possui 33 dos 51 pontos de atendimento destinados à entrega de resíduos. Os consórcios também são respon- sáveis pelo projeto ‘Varrição de Ruas’. Condu z idos pelas novas em- presas, os postos de atendimento fi- cam abertos todos os dias, incluindo finais de semana e feriados, o que antes não ocorria. Luís Carlos Pejon mora no bairro Vila Carrão e afirma que agora consegue utilizar os ecopontos. “Só consigo fazer o descarte dos materiais inutilizáveis nos finais de semana. Agora eu consigo acumular todo o lixo reciclado que fica na minha casa para jogar em um lugar adequado”, diz Pe- jon. A fiscalização é realizada pelas subprefeituras atra- vés da SLP (Super- visão de Limpeza Pública). Miguel Malvone, funcio- nário da subprefei- tura Aricanduva/ Formosa/Carrão, explica que a ins- peção funciona regularmente. A subprefeitura Ari- canduva fiscaliza dois ecopontos, um localizado na Rua Astarte e o outro na Avenida Aricanduva. De acordo com o funcionário do “Os ecopontos podem ser grandes aliados da limpeza urbana” Cada morador pode descartar até 1m³ de pequenos entulhos por dia nas caçambas reservadas. Os ecopontos também possuem locais para outros descartes. Soma, Reginaldo Moura, o ecoponto localizado na Rua Astarte é o mais movimentado da cidade, principal- mente nos finais de semana. “Se você passar um sábado inteiro aqui vai ver a movimentação intensa de carros saindo e entrando. Isso daqui não para”, afirma Moura. Rita Frenedozo, professora de ecologia e ecossistemas, explica que o mau descarte de entulhos acarreta em enchentes, entupimento de bueiros, infestações de pragas, ou seja, grandes malefícios ao meio ambiente. A professora também in- forma sobre o lixo orgânico, como podas de árvores, que podem virar adubo. “Os ecopontos podem ser grandes aliados da limpeza urbana”, conclui Rita. FernandaChiarato BeatrizPrieto CristianDrovas/FelipeMotta O Soma possui 33 pontos de atendimento na Zona Leste. Flagra - Descarte ilegal próximo ao ecoponto da rua Astarte.
  • 6. ZLtem11unidadesparatratamentodeDSTs Moradores podem realizar tratamento gratuito, que vai desde prevenção até assistência e acompanhamento Ataide Aquino Joy Agoston Juliana Costa Mayara Marim Murillo Magaroti Willian Maffezoli A Zona Leste de São Paulo tem 11 unidades para prevenção e trata- mento de DSTs. Essas unidades de saúde oferecem tratamento gratuito e exclusivo para DSTs, desde o tra- balho de prevenção até assistência ao portador e acompanhamento de um psicólogo, quando necessário. A unidade Serviços de Assis- tência Especializada (SAE) Herbert de Souza, no Sapopemba, oferece, além dos serviços de prevenção, o acompanhamento ao paciente. “O paciente que adere ao tratamento [da Aids] é seguido pelo resto da vida nessa unidade, inclusive por dentista, educadores físicos, nutri- cionistas, terapeutas ocupacionais e psicólogos”, esclarece Elisa Fer- reira, coordenadora do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de São Mateus, uma das unidades que realiza o primeiro atendimento e encaminha o paciente aos SAEs. Ao todo, a cidade de São Pau- lo tem 25 centros para prevenção e tratamento de DSTs. Os outros bairros da Zona Leste que contam com unidades são: São Miguel, Itaim Paulista, Cidade Tiradentes, Cidade Líder, Mooca, Penha, Vila Fidélis, Vila Prudente e Vila Chabilândia. BETINHO - Primeiro SAE de São Paulo leva o nome de ativista em prol de portadores de HIV Trabalho pioneiro . Com o surgimento da Aids, no início dos anos 80, alguns grupos da sociedade civil passa- ram a se encontrar para discutir e entender a doença. Um des- ses grupos deu origem ao Gapa (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids). O Gapa é uma ONG fun- dada em 1985 e pioneira na Amé- rica Latina a se preocupar com os problemas que a Aids pode trazer à socie- dade. A atual vice-presidente da entidade, Wildney Feres Contre- ra, no Gapa desde 1989, acredi- ta que as ONGs tiveram papel fundamental no final da década de 80 e nos anos 90. “O trabalho das ONGs ajudou a repercurtir em todo o país o que é a doença” explica. Para Wildney, é fundamental tratar a doença como epidemia e as campanhas de prevenção de- vem ser constantes. “Os números caem, às vezes, mas voltam a aumentar em grupos vulneráveis, como mulheres, crian- ças e pessoas da ter- ceira idade”, analisa. São inúmeras as ONGs que atualmen- te trabalham para o controle da epidemia, cada uma em uma frente. O Gapa visa garantir a preservação dos di- reitos humanos e integração das pessoas portadoras do vírus. O grupo sobrevive de doações e trabalho voluntário. Informações de como doar e/ou se volunta- riar no site www.gapabrsp.org.br. “O trabalho das ONGs ajudou a repercutir em todo país o que é a doença “ Murillo Magaroti Renata Vieira Jornalista faz da Aids sua causa BATALHA - Portador de HIV luta por igualdade Juliana Costa Paulo Giacomini, 51 anos, é ativista em prol dos portadores de Aids desde 1994, quando descobriu ter contraído o vírus após a morte de um namorado, em 1984. Em uma época em que os grupos de risco eram formados por prostitu- tas, usuários de drogas injetáveis e homossexuais, sofreu preconceito e discriminação por parte da família, perdeu amigos e emprego por conta de sua condição. Apesar das dificul- dades, ingressou na faculdade Cás- per Líbero para cursar Jornalismo. Especialista em comunicação em Aids, Giacomini faz parte de grupos de ajuda para novos infectados, os orientando em sua nova condição, e é engajado em proje- tos e movimentos em prol da causa. Seus planos para o futuro são iniciar o doutorado e viver. “Pelo dinheiro gasto [com o tratamento], não só meu, mas também da sociedade que paga impostos, o mínimo que posso fazer é seguir em frente”, diz. MayaraMarim BancodeImagens SAÚDE E BEM-ESTARPÁGINA 6 - MAIO DE 2013 “O mínimo que posso fazer é seguir em frente” Distribuição dos serviços municipais de DST na Zona Leste Descobertas científicas As últimas descober- tas científicas que podem mostrar o caminho para a cura da Aids datam de janei- ro e março deste ano. Em janeiro, na Austrália, um ci- entista, David Harrich do Instituto de Pesquisa Médi- ca de Queensland, disse ter conseguido barrar a proteína que tem a função de multi- plicação do vírus HIV. Nos Estados Unidos, em março, uma equipe de virologistas anunciou a cura funcional de um bebê, que nasceu com o HIV transmitido pela mãe. Entende-se por cura funcio- nal a não manifestação do vírus e seus sintomas, mes- mo tendo ainda o vírus no corpo. Especialistas alerta- vam, porém, que a cura fun- cional em um adulto estava ainda distante. Uma semana depois do anúncio, um es- tudo realizado na França re- velou que 14 adultos ficaram funcionalmente curados. Para mais informações: http://www10.prefeitura.sp.gov.br/dstaids 1 - CTA Cidade Tiradentes R.Luis Bordose, 96 Cohab Cidade Tiradentes Telefone(s): 2282-7055 / 2964-0784 2 - CTA Dr. Sérgio Arouca R. Valente Novais, 131 Itaim Paulista Telefone(s): 2561-3052 / 2563-0019 3 - CTA São Mateus Av. Mateo Bei, 838 São Mateus Telefone(s): 2919-0697 4 - CTA São Miguel R. Eng. Manoel Osório, 151 São Miguel Paulista Telefone(s): 2297-6052 / 2031-2701 5 - CTA Guaianases R. Centralina, 168 Vila Princesa Izabel – Guaianases Telefone: 2554-5312 6 - SAE DST/AIDS Cidade Líder R. Médio Iguaçu, 86 Cidade Líder Telefone(s): 2748-0255 / 2748-1139 7 - SAE DST/AIDS Fidélis Ribeiro R. Peixoto 100 Vila Fidélis Ribeiro Telefone(s): 2622-0123 / 2621-4753 8 - AE Vila Prudente Pça Centenário de Vl. Prudente, 108 Vila Prudente Telefone(s): 2061-7836 / 2273-1665 9 - CR DST/AIDS Penha Praça Nossa Senhora da Penha, 55 Penha Telefone(s): 2092-4020 / 2295-0391 10 - CTA Mooca Rua Taquari, 549 Mooca Telefone(s): 2694-3338 11 - SAE DST/AIDS Herbert de Souza - Betinho Av. Arquiteto Vilanova Artigas, 515 Sapopemba Telefone(s): 2704-3341 / 2704-0833
  • 7. E-book não compromete espaço do livro impresso Relação comercial entre mídia eletrônica e tradicional fortalece os dois formatos de leitura Ana Mendonça Gabriel Bonafé Lívia Donadeli Yulika Ganizev YulikaGanizev O surgimento de novas mídias tecnológicas, fortemente alimenta- das pela crescente abrangência da internet, deixa a sociedade a par de inúmeros benefícios. O e-book é um dos exemplos. Em formato digital, obras literárias podem ser lidas em diversos aparelhos eletrô- nicos, como celulares, computado- res e e-readers (leitor eletrônico). As vantagens que ele oferece ao público são muitas, como mobili- dade, portabilidade, leitura no es- curo e outros. Em meio a todos esses méritos, o único prejudicado seria o livro impresso. Submetido a tal concor- rência, ele pode ser suprimido pelo formato digital. Evidências não faltam quando se fala do triunfo do meio tecnológico sobre o tra- dicional. Recentemente, o serviço de locação virtual de filmes, por exemplo, ocasionou o declínio das videolocadoras. Até mesmo o desuso de cartões postais está atrelado à tecnologia, que oferece meios de comunicação mais práti- cos e instantâneos. Apesar desses fatores, Arnaud Vin, diretor de tecnologia do Gru- po Editorial Autêntica, diz que prever um ambiente hostil entre a mídia digital e impressa seria impre- ciso, já que um completa o outro. “Não se lança mais um livro im- presso hoje sem lançar sua versão digital. Se não ao mesmo tempo, poucos meses depois. Isso é fato consumado”, afirma Vin. O diretor de tecnologia fala que é possível usar o mercado de livro digital no Brasil como estratégia de vendas para os livros impressos. “Podemos lançar primeiro a versão digital e, dependendo da resposta; a versão impressa”, explica Vin. Ele até brinca e diz que a relação das duas mídias é um dos raros exem- plos de ‘casamento para sempre’. Vin ainda argumenta que ao lado das vantagens, sempre existe uma desvantagem. Ele exemplifica essa frase com a liberdade edito- rial que o livro eletrônico oferece. “Qualquer um pode ganhar o Prê- mio Nobel de Literatura. Em com- pensação, temos que arcar com um volume de lixo eletrônico avassala- dor”, adverte ele. Para Marisa Myashiro, bibliote- cária há 18 anos na Lenyra Fraca- rolli (Vila Manchester, Zona Leste de São Paulo), o crescimento da lei- tura, independente do meio, fortale- ce o posicionamento dos livros. “O avanço dos e-books pode despertar o interesse pela leitura de quem não tem costume de ler livros. Quanto mais meios existirem para divulgar a literatura, melhor”, justifica ela. Embora Marisa tenha uma vi- são positiva sobre a relação entre livro digital e impresso, ela não dei- xa de ressaltar que cada mídia tem seus pontos positivos. Em relação ao e-book, a bibliotecária mencio- na a possibilidade de carregar uma ou vinte obras sem alterar o peso. “No impresso, não se consegue carregar essa quantidade de obras”, “Não se lança mais um livro impresso hoje sem lançar sua versão digital” compara Marisa. Entretanto, ela explica que prefere o material im- presso devido ao cansaço que o brilho da tela proporciona para os olhos e pela sua intimidade com o formato tradicional. “A sensação de folhear um livro e de senti-lo é muito relevante. Por maior que “Quanto mais meios existirem para divulgar a literatura, melhor” seja o desenvolvimento das tecno- logias, essa sensação é única”, des- taca Marisa. Com a ascensão da internet, o fator inovação se tornou uma ne- cessidade internacional. Entretan- to, o surgimento de novos meios não deve ser tratado como confli- to, mas sim como oportunidade de reinvenção, identificação e for- talecimento das especificidades. Seguindo essa ideia, os dois lados ganham: o público e as mídias. E-READER - Aparelho eletrônico desenvolvido exclusivamente para leitura de e-books LADO A LADO - Livro impresso e eletrônico exploram suas especificidades e evitam conflitos YulikaGanizev PÁGINA 7 - MAIO DE 2013PÁGINAS MIDIÁTICAS
  • 8. Grupo Volga: presença russa em São Paulo A associação resistiu a ameaças, repressões e censura para manter viva a cultura russa no Brasil JUVENTUDE - O Grupo se destaca pela presença de jovens integrantes em suas apresentações de danças russas Mayara Almeida Raíssa Fernandes Vinícius Buzzetti Sobrevivente de períodos con- turbados no Brasil, o Grupo Vol- ga de Folclore Russo representa a grande comunidade na cidade de São Paulo. Com sede na Vila Ze- lina - Zona Leste, o grupo realiza eventos com o objetivo de man- ter as tradições culturais russas por meio de danças, cantos, ex- posições de artesanato, culinária e atividades esportivas. O Volga tem como principal característica a presença de jovens que revitali- zam a cultura desses antepassados. Originalmente com o nome Kalinka, a primeira versão do gru- po surgiu no ano de 1972, sendo extinta três anos depois devida a grande represália que os imigran- tes russos enfrentavam no Brasil naquela época. Tamara Gers Dimi- trov, fundadora do Grupo Volga, se lembra da ameaça proferida por um militar na ocasião. “Para vossa saúde, nós aconselhamos vocês a acabarem com essas atividades”. Outros grupos folclóricos e clubes russos também foram fechados e sofreram censura cultural e literá- ria pelo fato da Rússia estar rela- cionada ao comunismo. “Qualquer grupo russo criado nos anos 70 era tido como associação política e não cultural”, relembra a fundadora. Esta, porém, não foi a primeira vez que os imigrantes russos fo- ram perseguidos. De acordo com a Profª Drª Ana Bárbara Pederiva, docente do curso de História da Universidade Cruzeiro do Sul, os imigrantes já sofriam perseguição desde o início de sua vinda ao Bra- sil. A suposição é que teriam trazido as ideologias que ganhavam força na Europa, como o Comunismo e a Anarquia. Durante o período his- tórico no Brasil, conhecido como Era Vargas, essa perseguição se intensificou. Os imigrantes russos sofreram pela ligação do país com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e o Comunismo. “A perseguição foi até mais dura que no período militar, na década de 60. Muitos de nós, foram presos e torturados apenas pela Rússia ser comunista”, nos revela Vera Gers Dimitrov, diretora cultural do gru- po. Segundo Bárbara, naquela épo- ca, bastava ser estrangeiro para ser considerado comunista ou perigoso. As igrejas cristãs ortodoxas fo- ram essenciais na sobrevivência da cultura russa. Apesar da forte repres- são desses períodos, ainda existia uma pequena liberdade de rito. No quintal de uma dessas igrejas, o Gru- po Volga iniciou seus primeiros en- saios. A culinária e a convivência em comunidade também foram impor- tantes na preservação dos costumes e após seis anos, a Rússia novamen- te voltou a ter sua cultura publica- mente manifestada em nosso país. Com o apoio de Victor Gers Junior e Nicolay Chocianowicz, Ta- mara Gers Dimitrov fundou no ano de 1981 a Associação Cultural Gru- po Volga de Folclore Russo. “Minha amiga Samara me mostrou a apre- sentação dos letonianos. Como os russos estavam sem representação, consultei um coronel que concor- dou com a criação de um grupo russo”. O nome da instituição foi escolhido em referência ao rio Vol- ga, o mais extenso da Europa. A intenção era representar o país em eventos culturais, incentivando a participação de crianças e adoles- centes de uma maneira que ajudasse a manter viva a cultura dos russos que hoje representa cerca de cinco mil dos quinze mil habitantes da Vila Zelina, bairro sede do grupo. Atualmente, o grupo oferece au- las gratuitas de dança e coral típicos do país. Os eventos são disponíveis tanto para descendentes quanto para Conheça como os russos chegaram ao Brasil 1905: A primeira imigração oficial para o BrasilocorreuapósaRevoluçãoRussade1905. Os russos descontentes com as renovações promovidas pela igreja Russa resolveram deixar o país no intuito de manterem suas crenças religiosas. 1918: Segunda imigração. Esta foi compos- ta por refugiados da revolução bolchevista e era formada por representantes de diversas classes profissionais e sociais da monarquia russa deposta, que chegou ao Brasil com auxílio do governo americano. 1926: Nessa época, a imigração para o Brasil tinha um incentivo maior, pois, a política imigratória do Estado de São Paulo privilegiava a vinda de camponeses e pessoas habituadas ao trabalho pesado na agri- cultura. Descontentes e perseguidos em seu próprio país, os russos não hesitaram em dissimular sua instrução e cultura para aproveitar esta oportunidade e sair da Rússia de qualquer maneira, fugindo do regime bolchevista. 1945: Famílias refugiadas do regime comu- nista em países vizinhos da Rússia, durante a década de 20, imigraram para o Brasil. Começaram a chegar por aqui, navios de refugiados russos mais uma vez em busca de um novo lar e de paz. Osimigrantesforamabrigadosemhospedariasda cidade de São Paulo. As imigrações foram intensas até a década de 1950. Os dados sobre a imigração russa registram a entrada no país de 123.727 russos no período de 1919 a 1947. Fonte: News Of Russia AcervoGrupoVolga MEMÓRIAPÁGINA 8 - MAIO DE 2013 pessoas de outras origens que se interessem em conhecer e partici- par da cultura russa. Todos os en- saiossãogratuitoseacontecemaos domingos a partir das 14h, na Rua Frei Antônio de Guadalupe, por- tão da quadra azul, Vila Zelina.