O documento apresenta o conteúdo programático de uma disciplina de Interpretação e Produção de Textos em uma universidade. O programa inclui tópicos como diferentes tipos de linguagem, noções de texto, gêneros discursivos, interpretação e produção de textos, e sugere duas obras de referência.
Aula 03 (1ºsem) 2013 Comportamento Humano nas Organizações
Apostila de IPT
1. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
Interpretação e Produção de Texto
Campus Jundiaí
INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTO
Profa. Ms. Cristina Tischer Ranalli
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
CURSO: _____________________________________
SÉRIE: 1o semestre
TURNO:Noturno
DISCIPLINA: INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS
CARGA HORÁRIA SEMANAL: 02 horas/aula.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1) Conscientização da importância da leitura como fonte de conhecimento e
participação na sociedade;
2) As diferentes linguagens: verbal, não verbal; formal e informal;
3) Noções de texto: unidade de sentido;
4) Textos orais e escritos;
5) Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário, publicitário
entre outros;
6) Interpretação de textos diversos e de assuntos da atualidade;
7) Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e correção gramatical;
8) Complemento gramatical;
9) Produção de textos diversos.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristóvão. 11ª ed. Prática de texto para estudantes
universitários. Petrópolis: Vozes, 2003.
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 2004.
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UNIDADE I – Conscientização da importância da leitura como fonte
de conhecimento e participação na sociedade
Curiosidade foi a escrita nas cavernas, pintura
rupestre, pois o Homem sentia
Cor de burro quando foge
necessidade de registrar seu
Corro de burro quando foge
conhecimento e perpetuá-los para as
próximas gerações. Da pintura rupestre o
Máxima latina
Homem dá o terceiro passo, registra seu
Repetitio est mater studiorum conhecimento em argila com forma de
A repetição é a mãe dos estudos tabletes. É a escrita cuneiforme. É da
Cassiodoro escrita cuneiforme que o alfabeto
começou a ser formado, uma vez que
Termo latino havia a necessidade de simplificar tantos
Ante meridian – antes do meio-dia símbolos criados. Os símbolos, então,
Post meridian – depois do meio-dia passaram a representar sílabas e o
próximo passo, o quarto, havia sido dado:
INTRODUÇÃO: o hieroglifo. Hieroglifo significa a escrita
do sagrado e enquanto os símbolos
Uma primeira reflexão necessária representavam conceitos os desenhos
nos leva a pensar sobre o que é um texto, representavam objetos. Quando o
como ele se estrutura e como interagimos hieroglifo passa a representar apenas
com ele nos diversos momentos de ideias toma a forma de ideogramas, que
nossas vidas. O texto e sua interpretação em sua evolução indicará os valores
faz parte do SER HUMANO, uma vez que fonéticos. A quinta fase de evolução da
o SER HUMANO é um ser racional. linguagem é a era dos papiros,
Podemos dizer, pois, que é impossível mecanismo que agilizava a escrita e
viver em sociedade sem interpretar textos, possibilitava o registro do sagrado e da
sejam eles escritos, falados, vida em sociedade.
representados pela pintura ou pela Dos papiros há um grande salto na
escultura, manifestados no teatro, no evolução da representação da linguagem
cinema ou na televisão. com os gregos. Os gregos foram
Na história da Aquisição da reponsáveis por acrescentarem as vogais
Linguagem Humana observamos que na representação escrita, por
várias fases foram estabelecidas e simplificarem o número de símbolos
aprimoradas pelo Homem, a fim de utilizados para as representações das
comunicar-se com o seu semelhante de ideias e por indicarem a direção de escrita
maneira cada vez mais eficaz. A primeira e leitura – da esquerda para a direita e de
grande conquista foi a FALA, a cima para baixo.
organização de sons para transmitir uma Com os gregos chegamos ao
ideia, um conceito. A segunda conquista alfabeto conhecido atualmente e com o
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alfabeto chegamos às inúmeras com o próprio corpo; pode fundir metais
possibilidades de representação do
com o olhar. Além disso, tem uma série de
pensamento humano. A escrita era
elitizada, mas com a criação da prensa de qualidades: beleza, bondade, humildade.
Gutenberg o conhecimento passa a ser
Sua vida é dedicada à causa do bem.
compartilhado com todos, o que causa
uma revolução social. Gutenberg abre as O Super-homem vive entre os
portas para várias revoluções do
homens sob a aparência do jornalista
pensamento humano e hoje temos várias
maneira de comunicar textos, sejam eles Clark Kent, que é um tipo medroso,
quais forem. Temos rádio, televisão,
tímido, pouco inteligente, míope. Clark
cinema, teatro, jornais, revistas, livros,
internet, MSN, Facebook, Twitter, Kent namora Louise Lane, sua colega,
torpedos, placas, outdoors, embalagens,
que, na verdade, o despreza e ama
sites etc. Impossível pensar hoje numa
situação em que o texto não esteja loucamente o Super-homem.
inserido, não esteja representado ou que
Todo texto é um pronunciamento so-
não seja interpretado.
bre uma dada realidade. Ao fazer esse
pronunciamento, o produtor do texto
O texto e suas relações com a História
trabalha com as ideias de seu tempo e da
sociedade em que vive. Com efeito, as
Todos conhecem as aventuras do
concepções, as ideias, as crenças, os
Super-homem. Ele não é um terráqueo,
valores não são tirados do nada, mas
mas chegou à Terra, ainda criança, numa
surgem das condições de existência.
nave espacial, vindo de Crípton, planeta
Todo texto assimila as ideias da
que estava para ser destruído por uma
sociedade e da época em que foi
grande catástrofe. É dotado de poderes
produzido. Neste momento, você poderia
sobre-humanos; seus olhos de raio X
estar dizendo que o texto do
permitem ver através de quaisquer
Super-homem prova exatamente o
corpos, a uma distância infinita; sua força
contrário, pois nada tem ele a ver com a
é ilimitada, possibilitando-lhe escorar
realidade histórica, onde não existem
pontes prestes a desabar e levantar
super-homens. Quando se afirma que os
transatlânticos; a pressão de suas mãos
textos se relacionam com a história, não
submete o carbono a temperaturas tão
se quer dizer que eles narram fatos
altas que o transforma em diamante; sua
históricos de um país, mas que revelam
apurada audição permite-lhe escutar o
os ideais, as concepções, os anseios e os
que se fala em qualquer ponto. Pode voar
temores de um povo numa determinada
a uma velocidade igual à da luz e, quando
época. Nesse sentido, a narrativa do
ultrapassa essa velocidade, atravessa a
Super-homem mostra os anseios dos
barreira do tempo e transfere-se para
homens das camadas médias das
outras épocas; pode perfurar montanhas
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sociedades industrializadas do século XX, com relação aos mesmos dados da
massacrados por um trabalho monótono e realidade.
por uma vida sem qualquer heroísmo. Há algumas ideias que predominam
Esse homem, mediocrizado e sobre suas contrárias numa dada época.
inferiorizado, nutre a esperança de Elas refletem os interesses dos grupos
tornar-se um ser todo-poderoso assim sociais dominantes. Fazer uma reflexão
como Clark Kent, que se transforma em pessoal é analisar essas ideias de
Super-homem. maneira crítica, verificando até que ponto
Como se vê, as ideias produzidas elas têm apoio na realidade.
num determinado tempo, numa dada Para entender com mais eficácia o
época estão presentes no texto. Cabe sentido de um texto, é preciso verificar as
lembrar, no entanto, que uma sociedade concepções correntes na época e na
não produz uma única forma de ver a sociedade em que foi produzido. Cabe
realidade. Como ela é dividida pelos lembrar ainda que as ideias de uma época
interesses antagônicos dos diferentes gru- são veiculadas por textos, uma vez que
pos sociais, produz ideias contrárias entre não existem ideias puras, ou seja, não
si. A mesma sociedade que gera as ideias transmitidas linguisticamente. Assim,
racistas produz ideias anti-racistas. Por analisar as ideias presentes num texto é
isso constroem-se nessa sociedade textos estudar o diálogo entre textos, em que um
que fazem pronunciamentos antagônicos assimila ou registra as ideias presentes
nos outros.
Comentário Teórico:
O texto pode ser concebido como resultado parcial de nossa atividade comunicativa,
que compreende processos, operações e estratégias que têm lugar na mente humana, e
que são postos em ação em situações concretas de interação social. Defende-se, portanto,
a posição de que:
a. a produção textual é uma atividade verbal, a serviço de fins sociais e, portanto,
inserida em contextos mais complexos de atividades;
b. trata-se de uma atividade consciente, criativa, que compreende o desenvolvimento de
estratégias concretas de ação e a escolha de meios adequados à realização dos objetivos;
isto é, trata-se de uma atividade intencional que o falante, de conformidade com as
condições sob as quais o texto é produzido, empreende, tentando dar a entender seus pro-
pósitos ao destinatário através da manifestação verbal;
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c. é uma atividade interacional, visto que os interactantes, de maneiras diversas, se
acham envolvidos na atividade de produção textual.
KOCK, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2003.
ESCREVA CORRETAMENTE:
CORRETO ERRADO
Com certeza concerteza
De repente derrepente
Por isso porisso
Comigo com migo
O que oque
A partir apartir
sozinho sózinho
Exercícios:
Os animais que eu treino não são obrigados a fazer o que vai contra a natureza
deles.
(Gilberto Miranda, na Folha de São Paulo, 23/2/96)
01. O sentimento que melhor define a posição do autor perante os animais é:
a) fé
b) respeito
c) solidariedade
d) amor
e) tolerância
02. O autor do texto é:
a) um treinador atento
b) um adestrador frio
c) um treinador qualificado
d) um adestrador consciente
e) um adestrador filantropo
03. Segundo o texto, os animais:
a) são obrigados a todo tipo de treinamento.
b) fazem o que não lhes permite a natureza.
c) não fazem o que lhes permite a natureza.
d) Não são objeto de qualquer preocupação para o autor.
e) São treinados dentro de determinados limites.
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Estou com saudade de ficar bom. Escrever é consequência natural.
(Jorge Amado, na Folha de São Paulo, 22/11/96)
04. Segundo o texto:
a) o autor esteve doente e voltou a escrever.
b) o autor está doente e continua escrevendo.
c) o autor não escreve porque está doente.
d) o autor está doente porque não escreve.
e) o autor ficou bom, mas não voltou a escrever.
05. O autor na verdade tem saudade:
a) de trabalhar
b) de conversar
c) da doença
d) da saúde
e) de escrever
06. “Escrever é consequência natural”. Consequência de:
a) voltar a trabalhar.
b) recuperar a saúde.
c) ter ficado muito tempo doente.
d) estar enfermo.
e) ter saúde
impressão de desorganização cede lugar
à percepção de que o texto tem harmonia
Níveis de leitura de um texto
e coerência.
Ao primeiro contato com um texto
Para exemplificar o que acaba de ser
qualquer, por mais simples que ele
dito, vamos ler uma pequena fábula de
pareça, normalmente o leitor se defronta
Monteiro Lobato e tentar demonstrar que,
com a dificuldade de encontrar unidade
a partir da observação dos dados
por trás de tantos significados que
concretos da superfície, pode-se chegar à
ocorrem na sua superfície.
compreensão de significados mais
Numa crônica ou numa pequena
abstratos, que dão unidade e organização
fábula, por exemplo, surgem personagens
ao texto.
diferentes, lugares e tempos
desencontrados e ações as mais diversas.
O galo que logrou a raposa
Na primeira leitura, parece impossível
encontrar qualquer ponto para o qual Um velho galo matreiro, percebendo
a aproximação da raposa, empoleirou-se
convirjam tantas variáveis e que dê
numa árvore. A raposa, desapontada,
unidade à aparente desordem. murmurou consigo: “Deixe estar, seu
malandro, que já te curo!”... E em voz alta:
Mas, quando se trata de um bom
- Amigo, venho contar uma grande
texto, por trás do aparente caos, há novidade: acabou-se a guerra entre os
animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto,
ordem. Quando, após várias leituras,
onça e veado, raposa e galinhas, todos os
encontra-se o fio condutor a primeira bichos andam agora aos beijos, como
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namorados. Desça desse poleiro e venha Num segundo nível, podemos
receber o meu abraço de paz e amor.
organizar esses dados concretos num
- Muito bem! - exclama o galo. Não
imagina como tal notícia me alegra! Que plano mais abstrato:
beleza vai ficar o mundo, limpo de
guerras, crueldades e traições! Vou já
descer para abraçar a amiga raposa, - um dos personagens do texto (o galo) dá
mas... como lá vêm vindo três cachorros,
mostras de ter consciência de que os
acho bom esperá-los, para que também
eles tomem parte na confraternização. animais estão em estado de guerra;
- outro personagem (a raposa) dá mostras
Ao ouvir falar em cachorro, Dona
Raposa não quis saber de histórias, e de que os animais estão em estado de
tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:
paz;
- Infelizmente, amigo Có-ri-có-có,
tenho pressa e não posso esperar pelos - no nível do fingimento, isto é, da
amigos cães. Fica para outra vez a festa,
aparência, ambos percebem ter entrado
sim? Até logo.
E raspou-se. em acordo, mas, no nível da realidade,
Contra esperteza, esperteza e meia.
isto é, da essência, os dois continuam em
(LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19. ed. São Paulo, desacordo.
Brasiliense, s. d. p. 47.)
Num primeiro nível de leitura, Num terceiro nível, podemos
podemos depreender os seguintes imaginar uma leitura ainda mais abstrata,
significados: que resume o texto todo:
- um galo espertalhão, consciente de que - afirmação da belicosidade (da
a raposa é inimiga, coloca-se sob guerra) - negação da belicosidade
proteção, fora do alcance das suas garras; - afirmação da pacificação.
- a raposa tenta convencer o galo de que
não há mais guerra entre os animais e Tudo isso, como se viu, no nível
que se instaurou a paz; apenas do fingimento, ou seja, do
- o galo finge ter acreditado na fala da faz-de-conta. A esperteza do galo
raposa, mostra-se alegre e convida-a a manifestou-se exatamente no fato de ter
esperar três cães para que também eles dado a impressão de estar de acordo com
participem da confraternização; a raposa, quando na realidade continuou
- a raposa, sem negar o que dissera ao em desacordo e com isso preservou sua
galo, alega ter pressa e vai embora. vida.
Os três níveis de leitura, como se
pode notar, distinguem-se um do outro
pelo grau de abstração: o primeiro nível
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depreende os significados mais dispersos na superfície para ir atingindo
complexos e mais concretos; o terceiro significados cada vez mais abstratos.
nível depreende os significados mais
simples e abstratos. Recado ao senhor 903
As diversidades se manifestam no
Vizinho —
nível da superfície do texto, e a unidade Quem fala aqui é o homem
do 1003. Recebi outro dia, consternado, a
se encontra no nível mais profundo.
visita do zelador, que me mostrou a carta
Desse modo, pode-se imaginar que o em que o senhor reclamava contra o
barulho em meu apartamento. Recebi
texto admite três planos distintos na sua
depois a sua própria visita pessoal - devia
estrutura: ser meia-noite - e a sua veemente
reclamação verbal. Devo dizer que estou
desolado com tudo isso, e lhe dou inteira
1) uma estrutura superficial, onde afloram razão. O regulamento do prédio é explícito
e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao
os significados mais concretos e
seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha
diversificados. É nesse nível que se o dia inteiro tem direito ao repouso
noturno e é impossível repousar no 903
instalam no texto o narrador, os
quando há vozes, passos e músicas no
personagens, os cenários, o tempo e as 1003. Ou melhor: é impossível ao 903
dormir quando o 1003 se agita: pois como
ações concretas;
não sei o seu nome nem o senhor sabe o
meu, ficamos reduzidos a ser dois
números, dois números empilhados entre
2) uma estrutura intermediária, onde se
dezenas de outros. Eu, 1003, me limito, a
definem basicamente os valores com Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao
Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo
que os diferentes sujeitos entram em
1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo
acordo ou desacordo; 903 - que é o senhor. Todos esses
números são comportados e silenciosos;
apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos
3) uma estrutura profunda, onde ocorrem algum ruído e funcionamos fora dos
horários civis: nós dois apenas nos
os significados mais abstratos e mais
agitamos e bramimos ao sabor da maré,
simples. É nesse nível que se podem dos ventos e da lua. Prometo
sinceramente adotar, depois das 22 horas,
postular dois significados abstratos que
de hoje em diante, um comportamento de
se opõem entre si e garantem a manso lago azul. Prometo. Quem vier à
minha casa (perdão: ao meu número) será
unidade do texto inteiro.
convidado a se retirar às 21:45, e
explicarei: o 903 precisa repousar das 22
às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para
Após o que ficou exposto, pode-se
tomar o 109 que o levará até o 527 de
concluir que o leitor cumpre o trajeto que outra rua, onde ele trabalha na sala 305.
Nossa vida, vizinho, está toda numerada;
parte da estrutura da superfície, passa
e reconheço que ela só pode ser tolerável
pela intermediária e, por fim, chega à quando um número não incomoda outro
número, mas o respeita, ficando dentro
estrutura profunda. Parte dos significados
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dos limites de seus algarismos. Peço-lhe amigos e amigas do vizinho entoando
desculpas - e prometo silêncio. canções para agradecer a Deus o brilho
... Mas que me seja permitido das estrelas e o murmúrio da brisa nas
sonhar com outra vida e outro mundo, em árvores, e o dom da vida, e a amizade
que um homem batesse à porta do outro e entre os humanos, e o amor e a paz.
dissesse: “Vizinho, são três horas da
manhã e ouvi música em tua casa. Aqui BRAGA, Rubem. - ln: ANDRADE, Carlos
estou”. E o outro respondesse: “Entra, Drummond de et alii. Para gostar de ler; crônicas.
São Paulo, Ática, 1975. v. 1, p. 74-5.
vizinho, e come de meu pão e bebe de
meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e Faça a análise dos três níveis estruturais
cantar, pois descobrimos que a vida é do texto de Rubem Braga. (superficial,
curta e a lua é bela”. narrativa e profunda)
E o homem trouxesse sua
mulher, e os dois ficassem entre os
PROBLEMAS GERAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA
A / Há
- A = indica que ainda vai acontecer – tempo futuro
- Há = indica o que já aconteceu – tempo passado, decorrido.
Há algum tempo, ele deixou de ser meu amigo.
Daqui a algum tempo, pretendo fazer um curso de Alemão.
Aonde / Onde
- Aonde = equivale a para onde e acompanha verbos que indicam movimento.
- Onde = acompanha verbos que não dão ideia de movimento (verbos estáticos).
Aonde você vai com tanta pressa?
Onde você mora?
Afim / a fim
- Afim = significa igual, semelhante, transmite ideia de afinidade.
- A fim = faz parte da locução a fim de e indica finalidade.
Suas ideias eram afins, entretanto o namoro não ia bem.
Marcos estudava muito, a fim de passar no vestibular.
Mas / Mais / Más
- Mas = é conjunção coordenativa adversativa (indica oposição)
- Mais = é advérbio de intensidade (indica adição)
- Más = é o plural de má, pessoa malvada.
O menino era insaciável, queria mais sorvete.
A prova começou às 19:00, mas alguns alunos não compareceram.
Aquelas meninas más foram ao baile de formatura.
Vier / Vir
- Vier = é forma verbal do futuro do subjuntivo do verbo vir.
- Vir = é forma verbal do futuro do subjuntivo do verbo ver.
Se você vier a São Paulo não deixe de comer pizza no Bexiga.
Quando você vir o professor de matemática, diga-lhe que logo estarei de volta.
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Mal / Mau
- Mal = advérbio (antônimo de bem).
- Mau = adjetivo (antônimo de bom).
O mau aluno não fez a atividade novamente.
Antenor estava muito mal.
Demais / de mais
- Demais = muito, indica intensidade
- De mais = de menos
Elas falam demais.
Não havia feito nada de mais.
À toa / À-toa
- À toa = a esmo, sem razão
- À-toa = impensado, inútil, desprezível
Ninguém lhe dava valor: era uma pessoa à-toa.
Andava à toa pelas ruas da cidade.
Cessão / Sessão / Secção / Seção
- Cessão = ato de ceder, dar
- Sessão = reunião, assembléia
- Secção ou Seção = subdivisão, repartição
Ele fez a cessão de seus bens.
Assistimos a uma sessão de cinema
Lemos a notícia na seção de esportes.
Por que / Por quê / Porque / Porquê
- Por que = significa por que motivo, por que razão. É usado em frases interrogativas e
declarativas.
- Por quê = significa por que motivo, por que razão. É usado em final de frases,
interrogativas ou não, ou quando estiver isolado em uma frase.
- Porque = é conjunção causal e explicativa usada em respostas. Equivale a uma vez
que, pois.
- Porquê = é substantivo e equivale a motivo, a razão e vem sempre antecedido por um
determinante (artigo ou pronome indefinido)
Por que você está tão aborrecida?
Nem eu mesma sei por que estou assim.
Por quê?
Você sabe por quê?
Porque ele não me ligou hoje.
Você sabe o porquê de ela estar tão preocupada?
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Segundo o último Acordo Ortográfico de 2009, a acentuação recai sobre a sílaba
tônica que pode ser:
Última – oxítona = café
Penúltima – paroxítona = lápis
Antepenúltima – proparoxítonas = número
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Os acentos gráficos da Língua Portuguesa são: agudo ( ‘ ); circunflexo ( ^ ); e grave
( ` ). O til ( ~ ) é apenas sinal ortográfico.
Recebem acentuação gráfica os vocábulos:
REGRA EXEMPLOS
Os monossílabos terminados em a, e, o, pá, pé, pó
seguidos ou não de “s”
As oxítonas terminadas em a, e, o , Pará, café, paletó
seguidas ou não de “s” e as terminadas em também, parabéns
ém, éns
Todas as proparoxítonas sem exceção. Árabe, público, último
As paroxítonas terminadas em i, is, u, us, júri, lápis, vírus, ímã, órfã, bênção, álbum,
ã, ãs, ao, aos, um, uns, l, n, r, x, ps, amável, hífen, açúcar, fênix, bíceps, fáceis,
ditongos. séria
O ditongo aberto éu. chapéu
O i e u tônicos dos hiatos quando estiverem baú, Itaú, saída, saúva
sozinhos na sílaba ou forem seguidos de Heloísa, rainha
“s”, ou ainda quando não estiverem
seguidos pelo dígrafo “nh”.
Acento diferencial (classes gramaticais pôr (verbo) – por (preposição) / pode
diferentes). Somente em três casos: (presente) – pôde (passado) / fôrma - forma
Os verbos TER e VIR são acentuados na Ele tem / Eles têm – Ele vem / Eles vêm
terceira pessoa do plural, já seus derivados, Ele mantém / Eles mantêm
receberão acento agudo na terceira pessoa
do singular e acento circunflexo na terceira
pessoa do plural.
OBS:
O til ( ~ ) é um sinal ortográfico que indica a nasalização de um fonema.
Irmão, anão, casarão, irmã, órfã
O trema ( “ ) é um sinal ortográfico que foi abolido da ortografia da Língua
Portuguesa a partir de 01/01/2009. Permanece apenas em nomes estrangeiros.
O alfabeto incorporou na última reforma ortográfica as letras: K, W, Y.
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UNIDADE II – As diferentes linguagens: verbal, não-verbal, formal e informal
E
UNIDADE IV – Textos Orais e Escritos
Curiosidade
A linguagem humana nasce da
Cuspido e escarrado
necessidade que o Homem tem em se
Esculpido e encarnado
comunicar, em interagir com o mundo que
o cerca. Para satisfazer seu desejo de
Quem não tem cão caça com gato
comunicação o Homem criou várias
Quem não tem cão caça como gato
maneiras de representação do
pensamento durante sua história. A
Máximas latina
representação do pensamento humano se
Quod scripsi, scripsi dá através de signos, uma forma
O que escrevi está escrito convencional de representação do
Pôncio Pilatos pensamento. Há o signo linguístico que
são as palavras, há o signo pictórico que
Dosis facit venenum são os desenhos formados por traços,
A dose faz o veneno cores e jogo de luz, por exemplo.
Paracelso (1493-1541)
A leitura que fazemos dos textos
que nos cercam divide-se em duas
Termo latino
grandes áreas: a linguagem verbal e a
Ad infinitum
linguagem não-verbal.
Ao infinito
Carpe diem
Texto não-verbal
Aproveite o dia
INTRODUÇÃO Quando se fala em texto ou
A linguagem é um
instrumento com que o homem linguagem, normalmente se pensa em
pensa e sente, forma estados de texto e linguagem verbais, ou seja,
alma, aspirações, volições e ações,
o instrumento com que influencia e naquela capacidade humana ligada ao
é influenciado, o fundamento pensamento que se concretiza numa
último e mais profundo da
sociedade humana. determinada língua e se manifesta por
L. Hjelmslev palavras (verburn, em latim).
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Mas, além dessa, há outras formas distinto do outro. Essa característica pode
de linguagem, como a pintura, a mímica, a ser observada em qualquer tipo de
dança, a música e outras mais. Com enunciado linguístico, como neste verso
efeito, por meio dessas atividades, o de Drummond:
homem também representa o mundo,
exprime seu pensamento, comunica-se e T/e/u/s o/m/b/r/o/s s/u/p/o/r/t/a/m
influencia os outros. Tanto a linguagem o/m/un/d/o.
verbal quanto as linguagens não-verbais (Teus ombros suportam o mundo)
expressam sentidos e, para isso, utilizam-
se de signos, com a diferença de que, na Na linguagem não-verbal, ao
primeira, os signos são constituídos dos contrário, vários signos podem ocorrer
sons da língua (por exemplo, mesa, fada, simultaneamente.
árvore), ao passo que nas outras Se, na linguagem verbal, é
exploram-se outros signos, como as impossível conceber uma palavra
formas, a cor, os gestos, os sons encavalada em outra, na pintura, por
musicais, etc. exemplo, várias figuras ocorrem
Em todos os tipos de linguagem, os simultaneamente. Quando contemplamos
signos são combinados entre si, de um quadro, captamos de maneira
acordo com certas leis, obedecendo a imediata a totalidade de seus elementos
mecanismos de organização. e, depois, por um processo analítico,
Há semelhanças entre os processos podemos ir decompondo essa totalidade.
da linguagem verbal, que encontram O texto não-verbal pode, em
correspondência em linguagens não- princípio, ser considerado
verbais. Semelhanças e diferenças dominantemente descritivo, pois
representa uma realidade singular e
Semelhanças e Diferenças:
concreta, num ponto estático do tempo.
Uma foto, por exemplo, de um homem de
Uma diferença muito significativa
capa preta e chapéu, com a mão na
encontra-se no fato de que a linguagem
maçaneta de uma porta é descritiva, pois
verbal é linear. Isto quer dizer que seus
capta um estado isolado e não uma
signos e os sons que a constituem não se
transformação de estado, típica da
superpõem, mas se sucedem
narrativa.
destacadamente um depois do outro no
Mas podemos organizar uma
tempo da fala ou no espaço da linha
sequência de fotos em progressão
escrita. Em outras palavras, cada signo e
narrativa, por exemplo, assim:
cada som são usados num momento
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uma simulação da realidade, que cria um
a) foto de um homem com a mão na efeito de verdade.
maçaneta da porta; Os textos verbais podem ser
b) foto da porta semiaberta com o mesmo figurativos (aqueles que reproduzem
homem espreitando o interior de um elementos concretos, produzindo um
aposento; efeito de realidade) e não-figurativos
c) foto de uma mulher deitada na cama, (aqueles que exploram temas abstratos).
gritando com desespero. Também os textos não-verbais podem ser
dominantemente figurativos (as fotos, a
Como nessa sequência se relata uma escultura clássica) ou não-figurativos e
transformação de estados que se abstratos. Neste caso, não pretendem
sucedem progressivamente, configura-se simular elementos do mundo real (pintura
a narração e não a descrição. Essa abstrata com oposições de cores, luz e
disposição de imagens em progressão sombra; esculturas modernas com seus
constitui recurso básico das histórias em jogos de formas e volumes).
quadrinho, fotonovelas, cinema, etc.
Sobretudo com relação à fotografia, Como ler um texto não-verbal?
ao cinema ou à televisão, pode-se pensar A leitura de textos não-verbais exige
que o texto não-verbal seja uma cópia fiel muitas competências, das quais não é
da realidade. Também essa impressão possível tratar numa só lição. Entretanto,
não é verdadeira. Para citar o exemplo da muitos conceitos podem ajudar na
fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos compreensão desse tipo de texto; por
expedientes para alterar a realidade: o exemplo, os conceitos de figuras, temas,
jogo de luz, o ângulo, o enquadramento, reiteração de traços semânticos, estrutura
etc. fundamental, estrutura narrativa,
A estatura do indivíduo pode ser denotação, conotação, metáfora,
alterada pelo ângulo de tomada da metonímia, etc.
câmera, um ovo pode virar uma esfera, Vamos demonstrar a utilidade de
um rosto iluminado pode passar alguns desses conceitos, explorando-os
impressão de alegria, o mesmo rosto, na análise de casos concretos de
sombrio, pode dar impressão de tristeza. linguagem não-verbal.
Mesmo o texto não-verbal, recria e Os conceitos de tema e figura são
transforma a realidade segundo a úteis para analisar, por exemplo, fotos,
concepção de quem o produz. Nele, há quadrinhos, novelas, filmes.
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Como um filme pode passar para o poder econômico. Assim, quase todos os
espectador temas abstratos, como a personagens concretizam um tema da
despersonalização do operário, por realidade nacional.
exemplo? Charles Chaplin, no filme Toda texto narrativo é constituído
Tempos modernos, usou figuras de fases da sequência narrativa: a
expressivas e simples para exprimir esse manipulação, a competência, a
tema: projetou na tela um rebanho de performance, a sanção.
carneiros em filas compactas e, logo a O cinema, o teatro e a televisão são
seguir, um grande número de operários a linguagens complexas que exploram,
caminho da fábrica na mesma disposição simultaneamente, várias formas de
dos carneiros. As figuras são claramente linguagem (a verbal na fala dos
alusivas ao tema da despersonalização, personagens, a música, as imagens, etc.).
da perda da individualidade, da Neste caso, todas as linguagens devem
desumanização do homem num mundo de concorrer harmoniosamente para
máquinas. Ao confrontar operários e expressar o mesmo sentido.
carneiros, usou ainda um recurso muito A linguagem não-verbal não explora
comum da linguagem verbal, a metáfora, obviamente os recursos fônicos próprios
e transferiu para o conjunto humano a da linguagem verbal tais como aliterações,
conotação desairosa que culturalmente é rima, ritmo, assonância. Num texto não-
evocada pela figura dos carneiros. verbal, como os signos são de outra
Todo o Brasil assistiu à novela natureza, vamos encontrar oposições de
Roque Santeiro, de Dias Gomes, que, cores, formas (linhas retas x linhas curvas;
através do relato de acontecimentos que horizontais x verticais), oposições de luz e
ocorrem na pequena cidade de Asa sombra, etc.
Branca, figurativiza muitos temas da A título de ilustração, pode-se
realidade brasileira. Nesse pequeno imaginar um filme cujo tema seja a
cenário de província, que é a figura do oposição entre a tristeza e a depressão da
próprio Brasil, aparecem várias outras velhice x a alegria e a euforia da infância.
figuras: o padre velho que ainda usa O cineasta pode escolher a oposição de
batina figurativiza a igreja tradicional; o cor entre cenas para reforçar o contraste.
padre jovem que usa jeans figurativiza a Assim, todas as cenas que se referem à
nova igreja; Sinhozinho Malta, poderoso e velhice são sombrias, com baixa
rico coronel, figurativiza o poder iluminação; as cenas da infância são
econômico; o Prefeito Florindo Abelha claras e carregadas de luz. Nesse caso, o
figurativiza a submissão da política ao contraste entre claro e escuro, que
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pertence ao plano da expressão, foi constitui uma verdadeira sintaxe dessa
explorado para manifestar as noções de linguagem.
alegria X tristeza, que pertencem ao plano Segundo essa sintaxe, o diretor
do conteúdo. combina as imagens para obter certo
Assim como a linguagem verbal, a significado: pode, por exemplo, opor uma
não-verbal tem uma sintaxe, uma cena de um mendigo catando restos do
morfologia e um léxico. No entanto, a lixo a outra em que um rato revira os
sintaxe, a morfologia e o léxico de cada detritos de uma lata. O significado dessa
linguagem têm suas peculiaridades. montagem é claro: o homem reduzido à
Num texto de história em quadrinhos, condição de rato.
por exemplo, o discurso direto é indicado Para concluir, vamos destacar que,
por um balãozinho dotado de um apêndice assim como existem mecanismos para
que aponta para o personagem que está montar um texto verbal e organizar seus
falando; se esse apêndice é constituído significados, existem mecanismos para
por uma série de bolinhas, é sinal de que montar textos não-verbais. Muitos desses
ele está pensando e não falando. Esses mecanismos são comuns a ambos os
recursos podem ser considerados como tipos de textos, mas não todos.
uma morfologia própria da história em Como se aprende a ler um texto
quadrinhos. verbal, também se pode aprender a ler um
No cinema, a montagem texto não-verbal.
(combinação organizada das cenas)
TEXTOS ORAIS E TEXTOS ESCRITOS:
A linguagem se materializa por meio de textos, sejam eles orais ou escritos. Embora
as duas formas de representação da linguagem tenham um suporte único – a língua – tais
formas são representadas de maneiras diferentes respeitando suas materialidades. Para
Kock (1992), linguista renomada, as características distintivas mais frequentes entre as
modalidades da fala e da escrita são:
FALA ESCRITA
1. contextualizada 1. descontextualizada
2. não planejada 2. planejada
3. redundante 3. condensada
4. fragmentada 4. não fragmentada
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5. incompleta 5. completa
6. pouco elaborada 6. elaborada
7. predominância de frases curtas, 7. predominância de frases complexas
simples ou coordenadas com subordinação abundante
8. pouco uso de passivas 8. emprego frequente de passivas
9. pouca densidade informacional 9. densidade informacional
10. poucas nominalizações 11. abundância de nominalizações
11. menos densidade lexical 11. maior densidade lexical
LINGAGEM FORMAL E LINGUAGEM INFORMAL:
A linguagem oferece aos seus usuários várias formas de comunicação. As formas de
comunicação estão relacionadas a vários fatores como idade, geografia, classe social,
contexto comunicativo etc. Para cada situação elegemos um determinado vocabulário, uma
determinada estrutura comunicativa para atingirmos nossos objetivos. Assim sendo, temos:
NÍVEL CARACTERÍSTICA
Médio Linguagem informal ou coloquial.
Familiar Vocabulário mais simples devido à intimidade dos interlocutores.
Relaxado Uso de gírias, palavras de baixo calão e desvios da língua padrão.
Elevado Linguagem culta ou literária. Há o uso correto da língua padrão.
Técnico Léxico específico para cada área do conhecimento e que nem sempre é de
conhecimento dos falantes de forma geral.
Além dos níveis de linguagem apresentados acima, há ainda as variedades
linguísticas. Há, portanto:
Diferenças regionais Características fonéticas próprias de cada
região.
Nível social do falante Domínio da língua padrão.
Diferenças individuais Dicção, problemas de fala...
ESCREVA CORRETAMENTE:
Entraram (passado) Entrarão (futuro)
Fala-se (sujeito indeterminado) Falasse (pretérito do subjuntivo)
Eu tinha chegado. (correto) Eu tinha chego. (não existe)
Ele vendera (pretérito mais que perfeito) Ele venderá (futuro)
Está (verbo ser) Esta (pronome demonstrativo)
É (verbo ser) E (conjunção coordenativa aditiva)
Exercícios
A função do artista é esta, meter a mão nessa coisa essencial do ser humano, que é
o sonho e a esperança. Preciso ter essa ilusão: a de que estou resgatando esses valores.
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(Marieta Severo, na Folha de São Paulo)
01. Segundo o texto, o artista:
a) leva alegria às pessoas.
b) valoriza o sonho das pessoas pobres.
c) desperta as pessoas para a realidade da vida.
d) não tem qualquer influência na vida das pessoas.
e) trabalha o íntimo das pessoas.
02. Segundo o texto:
a) o sonho vale mais que a esperança.
b) o sonho vale menos que a esperança.
c) sonho e esperança têm relativa importância para as pessoas.
d) não se vive sem sonho e esperança.
e) têm importância capital para as pessoas tanto o sonho quanto a esperança.
03. A expressão “meter a mão”:
a) pertence ao linguajar culto.
b) pode ser substituída, sem alteração de sentido, por intrometer-se.
c) tem valor pejorativo.
d) é coloquial e significa, no texto, tocar.
e) é um erro que deveria ter sido evitado.
Passei a vida atrás de eleitores e agora busco os leitores.
(José Sarney, na Veja, dez/97)
04. Deduz-se pelo texto uma mudança de vida:
a) esportiva
b) intelectual
c) profissional
d) sentimental
e) religiosa
05. O autor do texto sugere estar passando de:
a) escritor a político
b) político a jornalista
c) político a romancista
d) senador a escritor
e) político a escritor
Não existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem Senna.... Não há
calendário para a saudade.
(Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil)
06. Segundo o texto, a saudade:
a) aumenta a cada ano.
b) é maior no primeiro ano.
c) é maior na data do falecimento.
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d) é constante.
e) incomoda muito.
Observe a figura abaixo. Quais as possibilidades de leitura que ela desperta?
CRASE
É a união da preposição A com o artigo A, ou os demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo.
à – àquele – àqueles – àquela – àquelas –
àquilo
NÃO se usa crase Exemplo
1. antes de palavras masculinas Não irei a teatro que não possua ar-
condicionado.
2. antes de pronomes que não admitem Revelou a alguém seu segredo.
artigo Referiu-se a essa pessoa com felicidade.
3. antes de verbos Ela começou a rir descontroladamente.
4. antes de numerais cardinais Deu a oitenta crianças presentes de Natal.
5. antes de substantivos femininos no Não vai a cerimônias nem a festas religiosas.
plural Os dois rivais ficaram cara a cara.
6. antes de locuções formadas com
palavras repetidas
Usa-se crase
1. antes de palavra feminina regida pela Iremos à Igreja no domingo.
preposição a
2. antes de pronomes que admitem Iremos às outras apresentações do grupo.
artigo feminino
3. antes de pronome de tratamento Recorreu novamente à senhora?
Senhora e Senhorita
4. indicação de horas Chegarão às cinco horas de sábado.
5. quando o numeral for precedido de Entregaram às duas alunas vencedoras o
artigo troféu.
6. quando o artigo A estiver no plural e a Não vai às cerimônias nem às festas
regência pedir a preposição A religiosas.
Casos Especiais
1. palavra “casa”
a) quando vier determinada – com crase Chegamos à casa de Antônio.
b) no sentido de “lar, domicílio”- sem
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crase Retornaram a casa após 20 anos.
2. palavra ‘terra”
a) oposição a bordo – sem crase
Dirigiram-se a terra, após 3 meses em alto-
b) sentido de terra natal, solo – com mar.
crase O agricultor tem apego à terra.
3. locução adverbial – à noite, às
pressas, à medida que, à exceção de Saíram de casa às pressas.
4. nomes masculinos quando estiver
subentendido as palavras “moda, estilo, Veste-se à Giorge Armani.
maneira” – com crase Escreve à Machado de Assis.
5. nomes próprios geográficos (quando
admitem artigo) – com crase Irei à Itália no próximo verão. (volto da Itália)
Voltarei a Lisboa no próximo ano. (volto de
Lisboa)
6. se o nome próprio vier especificado – Retornamos à Roma dos Césares.
com crase
Uso Facultativo
1. diante de possessivos Referiu-se à (a) sua mãe durante a viagem.
Dirigiu-se à (a) Maria durante a palestra.
2. diante de nomes próprios femininos
de pessoas Foi até à (a) porta, parou e acenou.
3. depois de preposição ATÉ
UNIDADE III – Noções de Texto: unidade de sentido
O sono é uma imagem da morte
Curiosidade Cícero
Quem tem boca vai a Roma Termo latino
Quem tem boca vaia Roma A priori
Antes de
Máxima latina
Somnus imago mortis
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Primeira consideração: o texto não é um
aglomerado de frases. A revista Veja de
INTRODUÇÃO:
1o. de junho de 1988, em matéria
Quando se pretende comunicar algo é
publicada nas páginas 90 e 91, traz uma
preciso obedecer a determinadas formas
de enunciação a fim de garantir que a reportagem sobre um caso de corrupção
mensagem pretendida realmente seja
que envolvia, como suspeitos, membros
entedida corretamente. É preciso
organizar o pensamento para garantir a ligados à administração do governo do
clareza das declarações. Além da
Estado de São Paulo e dois cidadãos
organização do pensamento é preciso,
também, observar as regras de coesão e portugueses dispostos a lançar um novo
coerência da mensagem a ser transmitida
tipo de jogo lotérico, designado pelo nome
e tais regras só são obtidas mediante o
uso correto da norma padrão estabelecido de " Raspadinha". Entre os suspeitos
por uma determinada língua.
figurava o nome de Otávio Ceccato, que,
Antes de produzir um texto é preciso ter no momento, ocupava o cargo de
conhecimento sobre o tipo de texto a ser
secretário de Indústria e Comércio e que
produzido tendo em vista o possível leitor
de tal texto. Cada tipo de texto tem suas negava sua participação na negociata.
características próprias de construção e
O fragmento que vem a seguir,
de desenvolvimento conceitual.
extraído da parte final da referida
reportagem, relata a resposta de Ceccato
Considerações sobre a noção de texto
aos jornalistas nos seguintes termos:
Sem dúvida alguma, a palavra texto
é familiar a qualquer pessoa ligada à
Na sua posse como secretário de
prática escolar. Ela aparece com alta Indústria e Comércio, Ceccato, nervoso,
frequência no linguajar cotidiano tanto no foi infeliz ao rebater as denúncias. “Como
São Pedro, nego, nego, nego –, disse a
interior da escola quanto fora de seus um grupo de repórteres, referindo-se à
limites. Não são estranhas a ninguém conhecida passagem em que São Pedro
negou conhecer Jesus Cristo três vezes
expressões como as que seguem: "redija na mesma noite. Esqueceu-se de que São
um texto", "texto bem elaborado", "o texto Pedro, naquele episódio, disse talvez a
única mentira de sua vida. (Ano 20,
constitucional não está suficientemente 22:91.)
claro", "os atores da peça são bons, mas o
texto é ruim", "o redator produziu um bom Como se pode notar, a defesa do
texto", etc. Por causa exatamente dessa secretário foi infeliz e desastrosa,
alta frequência de uso, todo estudante tem produzindo efeito contrário ao que ele
algumas noções sobre o que significa tinha em mente. A citação, no caso, ao
texto. Vamos fazer duas considerações invés de inocentá-lo, acabou por
fundamentais sobre a natureza do texto: comprometê-lo.
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Sob o ponto de vista da análise do contexto em que está inserida a
texto, qual teria sido a razão do equívoco passagem a ser lida.
lamentável cometido pelo secretário? Sem Entende-se por contexto uma
dúvida, a resposta é esta: ao citar a unidade linguística maior onde se encaixa
passagem bíblica, o acusado esqueceu-se uma unidade linguística menor. Assim, a
de que ela faz parte de um texto e, em frase encaixa-se no contexto do
qualquer texto, o significado das frases parágrafo, o parágrafo encaixa-se no
não é autônomo. contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se
Desse modo, não se pode isolar no contexto da obra toda.
frase alguma do texto e tentar conferir-lhe Uma observação importante a fazer é
o significado que se deseja. Como bem que nem sempre o contexto vem
observou o repórter, no episódio bíblico explicitado linguisticamente. O texto mais
citado pelo secretário, São Pedro, amplo dentro do qual se encaixa uma
enquanto Cristo estava preso, foi passagem menor pode vir implícito: os
reconhecido como um de seus elementos da situação em que se produz
companheiros e, ao ser indagado pelo o texto podem dispensar maiores
soldado, negou três vezes seguidas esclarecimentos e dar como pressuposto
conhecer aquele homem. Segundo a o contexto em que ele se situa.
mesma Bíblia, posteriormente Pedro Para exemplificar o que acaba de ser
arrependeu-se da mentira e chorou dito, observe-se um minúsculo texto como
copiosamente. este:
Esse relato serve para demonstrar de
maneira simples e clara que uma mesma A nossa cozinheira está sem paladar.
frase pode ter significados distintos
dependendo do contexto dentro do qual Podem-se imaginar dois significados
está inserida. Isso nos leva à conclusão completamente diferentes para esse texto
de que, para entender qualquer passagem dependendo da situação concreta em que
de um texto, é necessário confrontá-la é produzido.
com as demais partes que o compõem Dito durante o jantar, após ter-se
sob pena de dar-lhe um significado oposto experimentado a primeira colher de sopa,
ao que ela de fato tem. esse texto pode significar que a sopa está
Em outros termos, é necessário sem sal; dito para o médico no
considerar que, para fazer uma boa consultório, pode significar que a
leitura, deve-se sempre levar em conta o empregada pode estar acometida de
alguma doença.
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Para finalizar esta primeira preencheu um formulário do governo com
endereço falso e, poucos minutos depois,
consideração, convém enfatizar que toda
saiu com um Saturday Night
leitura, para não ser equivocada, deve Special - nome criado na década de 60
para chamar um tipo de revólver pequeno,
necessariamente levar em conta o
barato e de baixa qualidade. Foi com essa
contexto que envolve a passagem que arma que Hinckley, no dia 30 de março
daquele ano, acertou uma bala no pulmão
está sendo lida, lembrando que esse
do presidente Ronald Reagan e outra na
contexto pode vir manifestado cabeça de seu porta-voz, James Brady.
Reagan recuperou-se totalmente, mas
explicitamente por palavras ou pode estar
Brady desde então está preso a uma
implícito na situação concreta em que é cadeira de rodas. ( ... )
produzido.
Seguramente, por trás da notícia,
existe, como pressuposto, um
Segunda consideração: todo texto
pronunciamento contra a venda de arma
contém um pronunciamento dentro de um
para qualquer pessoa,
debate de escala mais ampla.
indiscriminadamente.
Nenhum texto é uma peça isolada,
Para comprovar essa constatação,
nem a manifestação da individualidade de
basta pensar que os fabricantes de
quem o produziu. De uma forma ou de
revólveres, se pudessem, não permitiriam
outra, constroi-se um texto para, através
a veiculação dessa notícia.
dele, marcar uma posição ou participar de
O exemplo escolhido deixa claro que
um debate de escala mais ampla que está
qualquer texto, por mais objetivo e neutro
sendo travado na sociedade. Até mesmo
que pareça, manifesta sempre um
uma simples notícia jornalística, sob a
posicionamento frente a uma questão
aparência de neutralidade, tem sempre
qualquer posta em debate.
alguma intenção por trás.
Observe-se, a título de exemplo, a
passagem que segue, extraída da revista
Resumindo:
Veja do dia 1o. de junho de 1988, página
a) Uma boa leitura nunca pode basear-se
54.
em fragmentos isolados do texto, já que
o significado das partes sempre é
CRIME
determinado pelo contexto dentro do
TIRO CERTEIRO
qual se encaixam.
Estado americano limita porte de
b) Uma boa leitura nunca pode deixar de
armas.
apreender o pronunciamento contido
No começo de 1981, um jovem de 25
anos chamado John Hinckley Jr. entrou por trás do texto, já que sempre se
uma loja de armas de Dallas, no Texas,
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produz um texto para marcar posição frente a uma questão qualquer.
TIPOS DE TEXTOS POSSÍVEIS (quanto à organizaçãoe função)
Modo de Função Princípio de Organização
Organização
DESCRITIVO Indicar os seres, objetos do Nomear, localizar, qualificar e
mundo de maneira objetiva ou quantificar.
subjetiva.
NARRATIVO Construir uma sucessão de Qualificação da ação e estatudo
ações de uma história no tempo do narrador. Lógica narrativa –
em torno de uma busca e de um personagens, processos e
conflito, com personagens. funções da narrativa.
ARGUMENTATIVO Explicar uma verdade, numa Organização da lógica
visão racional, para influenciar o argumentativa.
interlocutor (convencê-lo ou
persuadi-lo).
EXPOSITIVO Informar o leitor sobre um dado Demonstrar a solução de um
referente. determinado problema ou explicar
um fenômeno.
OPINATIVO Apresentar o ponto de vista do Dar uma opinião e estabelecer
autor sobre determinado tema. uma argumentação objetiva e
consistente sobre dada questão.
INJUNTIVO Exprime uma ordem ao Texto basicamente no imperativo,
interlocutor para que ele execute exposição do objetivo da ação e
ou não uma determinada tarefa. apresentação da sequência de
ações a serem realizadas.
ESCREVA CORRETAMENTE:
Bebedor (aquele que bebe) Bebedouro (local onde se bebe)
Estada (permanência de pessoas) Estadia (permanência de veículos)
Comprimento (extensão) Cumprimento (saudação)
Soar (produzir som) Suar (transpirar)
Concerto (apresentação musical) Conserto (reparo)
Cerrar (fechar) Serrar (cortar)
Tráfego (trânsito) Tráfico (comércio ilegal)
Fio dental (usado para higiene bucal) Fio-dental (modelo de biquíni)
Dama (mulher elegante) Damas (jogo)
EXERCÍCIOS
Separatistas do Quebec mudam estratégia.
Em uma desafiante mudança de estratégia, os separatistas do Quebec anunciaram
ontem que permanecerão no Parlamento Federal – apesar de sua recente derrota no
referendo sobre a secessão – a fim de lutar contra as propostas que sejam apresentadas
com o objetivo de manter o Quebec como parte integrante do Canadá.
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Gazeta do Povo, 3 nov. 1995.
01. O pronome possessivo SUA, que aparece no fragmento, refere-se ao antecedente:
a) secessão
b) recente derrota
c) Parlamento Federal
d) desafiante mudança de estratégia
e) separatistas do Quebec
02. Assinale a única alternativa que pode substituir o termo em destaque, no trecho abaixo:
Vencera meu pai; dispus-me a aceitar o diploma e o casamento, Virgília e a câmara
dos deputados.
— As duas Virgílias, disse ele num assomo de ternura política. Aceite-os; meu pai
deu-me dois fortes abraços.
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.)
a) Virgília e o casamento
b) Virgília e ternura política
c) o diploma e a câmara dos deputados
d) ternura política e o casamento
e) o diploma e o casamento
Leia o texto e responda às perguntas:
A mulher foi passear na capital. Dias depois o marido dela recebeu um telegrama:
“Envie quinhentos cruzeiros. Preciso comprar uma capa de chuva. Aqui está
chovendo sem parar.”
E ele respondeu:
“Regresse. Aqui chove mais barato.”
(ZIRALDO, in As Anedotas do Pasquim)
03. A resposta do homem se deu por razões:
a) econômicas
b) sentimentais
c) lúdicas
d) de segurança
e) de machismo
“Uma nação já não é bárbara quando tem historiadores.”
(Marquês de Marica, in Máximas)
04. O texto é:
a) uma apologia à barbárie
b) um tributo ao desenvolvimento das nações
c) uma valorização dos historiadores
d) uma reprovação da selvageria
e) um canto de louvor à liberdade.
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“A maior alegria do brasileiro é hospedar alguém, mesmo um desconhecido que lhe
peça pouso, numa noite de chuva.”
(Cassiano Ricardo, in O Homem Cordial)
05. Segundo as ideias contidas no texto, o brasileiro:
a) põe a hospitalidade acima da prudência.
b) hospeda qualquer um, mas somente em noites chuvosas.
c) dá preferência a hospedar pessoas desconhecidas.
d) não tem outra alegria senão a de hospedar pessoas, conhecidas ou não.
e) não é prudente, por aceitar hóspedes no período da noite.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Os pronomes pessoais do caso oblíquo, em Língua Portuguesa, desempenham a
função de complementos verbais, por isso vêm sempre ligados ao verbo. Eles podem
ocupar três posições em relação às formas verbais que acompanham. São elas próclise,
ênclise ou mesóclise.
Os pronomes pessoais do caso oblíquo, também classificados como átonos são: me,
te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes.
REGRA EXEMPLO
Próclise – pronome antes do verbo
1) Após palavras de sentido negativo. Jamais te faltarão amigos.
2) Após pronomes relativos e indefinidos. Todos me consideraram irresponsável?
3) Após advérbios ou locuções adverbiais.
4) Após conjunções subordinativas. Talvez me liberem no próximo final de
5) Nas orações optativas. ano.
6) Nas orações exclamativas. Mauro pediu que lhe mostrassem a loja.
Que Deus o proteja, meu filho.
7) Nas orações iniciadas por palavras Como nos enganaram com palavras
interrogativas doces!
8) junto a gerúndio precedido da Quem te disse semelhante barbaridade?
proposição “em”. Em se tratando de grosseria, Ana ganha
de todos.
Mesóclise – pronome no meio do verbo
Ocorre somente com o verbo no futuro do Encontrar-se-á a solução para tão grave
presente e no futuro do pretérito. problema?
OBS.: para que a mesóclise possa Dar-me-ia água para lavar as mãos?
ocorrer, é necessário que não haja Não lhe daremos crédito, pois todos o
nenhum caso obrigatório de próclise. conhecemos bem.
Ênclise – pronome depois do verbo
1) Após verbos em início de períodos. Falaram-me sobre as provas bimestrais.
2) Após verbos no imperativo afirmativo. Decida-se logo. Estou com pressa.
3) Após verbos no gerúndio não Aproximando-me da sala pude perceber a
antecedidos da preposição “em”. festa que estava preparada.
4) Após verbos no infinitivo impessoal Amanda gostava de encontrá-lo à tarde.
regido das preposições “a” e “de”.
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Casos Facultativos (próclise ou ênclise)
1) Com pronomes pessoais do caso reto. Ele lhe negou a revisão da prova.
2) Com pronomes demonstrativos. Ele negou-lhe a revisão da prova.
Isto me faz sentir relaxado.
3) Com substantivos. Isto faz-me sentir relaxado
A história as deixou atônitas.
4) Com infinitivo antecedido da preposição A história deixou-as atônita.
“para”, mesmo que haja palavras que Calei-me para não o magoar.
exijam a próclise. Calei-me para não magoá-lo.
UNIDADE V – Gêneros Discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário,
publicitário entre outros
Curiosidade
Hoje é domingo, pé de cachimbo (...)
Hoje é domingo, pede cachimbo (...)
Máxima latina
Varium et mutabile semper femina
Sempre inconstante e mutável é a mulher
Virgílio
Termo latino
Vade retro, Satana!
Vai-te daqui, satanás!
Jesus
INTRODUÇÃO:
A palavra “Gênero” refere-se a um termo do léxico que remete à ideia de origem.
“Conceito geral que engloba todas as propriedades comuns que caracterizam um
dado grupo ou classe de seres ou de objetos.” (HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da
língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, p. 1441).
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Os gêneros, então, são empregados em várias áreas do conhecimento a partir do
momento em que se classifica um dado objeto observando-se as semelhanças existentes
em sua estruturação básica.
Para a produção textual o termo gênero designa a variedade que um texto pode
assumir. A base de sustentação de um texto é o tipo (narração, descrição, dissertação,
opinativo, expositivo, injuntivo), e a variedade de apresentação do texto é o gênero
(romance, conto, poesia, teatro, cinema, carta, bula......). Portanto:
TIPOS GÊNEROS
Narração Romance, conto, crônica, epopéia....
Descrição Romance, conto, bula, conversação....
Dissertação Argumentação, tese, artigo científico...
Opinativo Carta ao leitor, crônica, editorial....
Expositivo Bula, enciclopédia, dicionário...
Injuntivo Bula, receita, manual de instrução....
Gênero Científico sua produção. No primeiro caso,
pretende-se criar um efeito de sentido de
Observe os dois enunciados abaixo:
objetividade, pois se enfatizam as
a) A inflação corroi o salário do operário.
informações a serem transmitidas; no
b) Eu afirmo que a inflação corroi o salário
segundo, o que se quer é criar um efeito
do operário.
de sentido de subjetividade, mostrando
que a informação veiculada é o ponto de
Qualquer enunciado pressupõe que
vista de um indivíduo sobre a realidade.
alguém o tenha produzido, uma vez que
Usa-se um ou outro modo de
nenhuma construção linguística surge
construir os enunciados em função dos
sem que alguém tenha elaborado. Os dois
efeitos de sentido que se quer criar. Há
enunciados acima pretendem transmitir o
textos que são mais convincentes se
mesmo conteúdo: a inflação corroi o
forem elaborados de maneira a criar
salário do operário. Há, no entanto, uma
efeitos de sentido de objetividade. Outros
diferença entre eles. No primeiro, o
persuadem melhor se mostrarem um efei-
enunciador (aquele que produz o
to de subjetividade.
enunciado) ausentou-se do enunciado,
O discurso dissertativo de caráter
não colocando nele nem o eu, que indica
científico deve ser elaborado de maneira a
aquele que fala, nem um verbo que sig-
criar um efeito de sentido de objetividade,
nifica o ato de dizer. No segundo, ao
pois pretende dar destaque ao conteúdo
contrário, ao dizer "eu afirmo", o
das afirmações feitas (ao enunciado) e
enunciador inseriu-se no enunciado,
não à subjetividade de quem as proferiu
explicitando quem é o responsável por
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(ao enunciador). Quer concentrar o debate significação ampla e impessoal,
nesse foco e por isso adota expedientes indicando que o enunciado é produto de
que, de um lado, procuram neutralizar a um saber coletivo, que se denomina
presença do enunciador nos enunciados ciência. Assim, o enunciador vem
e, de outro, põem em destaque os generalizado por um nós em vez de eu
enunciados, como se eles subsistissem ou indeterminado, como nos casos que
por si mesmos. É claro que se trata de um seguem:
artifício linguístico, porque sempre, por
trás do discurso enunciado, está o Temos bases para afirmar que a
agricultura constitui uma alternativa
enunciador com sua visão de mundo.
promissora para a nossa economia.
Para neutralizar a presença do
enunciador, isto é, daquele que produz o ou ainda,
enunciado, usam-se certos procedimentos
linguísticos, que passaremos a expor: Pode-se garantir que a agricultura...
a) Evitam-se os verbos de dizer na Constata-se que a agricultura...
primeira pessoa (digo, acho, afirmo,
penso, etc.) e com isso procura-se Em geral, não se usa a primeira
eliminar a ideia de que o conteúdo de pessoa do singular no discurso científico.
verdade contido no enunciado seja
mera opinião de quem o proferiu, e c) A exploração do valor conotativo das
sugerir que o fato se impõe por si palavras não é apropriada ao
mesmo. Não se diz, portanto: enunciado científico. Nele, os vocábulos
devem ser definidos e ter um só
Eu afirmo que os modelos científicos significado. Num texto de astronomia,
devem ser julgados pela sua utilidade.
lua significa satélite da Terra e não uma
sonora barcarola ou o astro dos loucos
Mas simplesmente:
e enamorados.
Os modelos científicos devem ser
julgados pela sua utilidade. d) Como nesse tipo de discurso deve
usar-se a língua padrão na sua
b) Quando, eventualmente, se utilizam
expressão formal, não se ajusta a ele o
verbos de dizer, são verbos que
uso de gírias ou quaisquer usos
indicam certeza e cujo sujeito se dilui
linguísticos distanciados da modalidade
sob a forma de um elemento de
culta e formal da língua.
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- citando autores renomados que
Além de procurar neutralizar a figura contrariam o conteúdo afirmado no
do enunciador, o discurso dissertativo de enunciado ou evidenciando que o
caráter científico procura destacar o enunciador não compreendeu o
conteúdo de verdade dos enunciados. significado da citação que fez;
Esse valor de verdade é criado pela - desautorizando os dados de realidade
fundamentação das ideias e pela apresentados como prova ou
argumentação. mostrando que o enunciador, a partir
Vejamos, agora, alguns de dados corretos, por equívoco de
expedientes que podem desqualificar um natureza lógica, tirou conclusões
texto de caráter científico. inconsequentes.
Vejamos, a título de exemplo, como
a) Pode-se desqualificar o enunciado se pode refutar e desqualificar o que se
científico atribuindo-o à opinião pessoal diz num enunciado:
do enunciador ou restringindo a Enunciado:
universalidade da verdade que ele O controle demográfico é uma das
soluções urgentes para o
afirma. Sirvam de exemplos casos
desenvolvimento dos países
desse tipo: subdesenvolvidos: as estatísticas
comprovam que os países desenvolvidos
Roberto da Mata supõe que o
o praticam.
espaço social brasileiro se divide em
casa, rua e outro mundo.
Como se pode notar, ao introduzir o Desqualificação:
enunciado por um verbo de dizer (supõe) O dado estatístico apresentado é
que não indica certeza, reduz-se o verdadeiro, mas o enunciado é
enunciado a uma simples opinião. inconsistente, pois pressupõe uma relação
de causa e efeito difícil de ser
b) Um outro modo de desqualificar o demonstrada, isto é, que o controle
enunciado alheio é atacá-lo nos seus demográfico seja capaz de produzir o
expedientes de argumentação. E isso desenvolvimento. O mais lógico é inverter
pode ser processado por meio do uso de a relação: o desenvolvimento gera o
vários dispositivos: controle demográfico, e não o contrário.
ESCREVA CORRETAMENTE:
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Dedo duro (dedo que não se articula) Dedo-duro (delator)
Câmara (local onde funciona uma Câmera (máquina)
assembleia)
Larva (invertebrado) Lava (magma de vulcão)
Espinho (flor) Espinha (peixe)
Duzentas gramas (relva) Duzentos gramas (quilo)
Casa geminada (ligada, duplicada) Casa germinada (brotada)
Chuva de granizo (gelo) Chuva de granito (pedra)
EXERCÍCIOS
O neurônio
“Partindo da unidade básica de funcionamento do cérebro, que é uma célula
conhecida como neurônio, e comparando-a com a memória de um computador, percebe-se
que as diferenças entre este e aquele são muitas. Isto porque o computador é um
processador determinístico, operando sempre de acordo com as entradas. Já o cérebro
humano é uma espécie de computador probabilístico, que funciona através de associações.”
01. De acordo com o texto:
a) o computador, ao contrário do cérebro humano, determina as entradas de informações.
b) o cérebro humano tem seu funcionamento determinado pela entrada de informações na
memória.
c) a semelhança entre o computador e a memória humana está em que ambos funcionam
de acordo com as probabilidades das informações nelas armazenadas.
d) a diferença fundamental entre o cérebro humano e o computador reside nos princípios
básicos de funcionamento de um e de outro.
e) o cérebro humano e o computador, apesar de muitas diferenças entre eles, funcionam
com a mesma unidade básica, o neurônio.
02. Infere-se do texto que:
a) o computador poderá funcionar como um cérebro humano, se se conseguir acoplar
neurônios a ele.
b) o cérebro e o computador são igualmente aptos a processar informações, ainda que a
partir de comportamento diferentes.
c) o neurônio iguala, em seu funcionamento, a memória de um computador.
d) o cérebro humano, diferindo do computador em sua constituição, funciona, no entanto, da
mesma maneira que este.
e) é possível criar máquinas copiando o funcionamento do cérebro humano.
03. “Os corações também têm orelhas; e estai certos que cada um ouve, não conforme tem
os ouvidos, senão conforme tem o coração e a inclinação.”
De acordo com o texto:
a) as pessoas interpretam o que ouvem mais de acordo com sua própria personalidade do
que segundo uma análise objetiva
b) cada um tem sua própria verdade, à qual novas informações nada acrescentam
c) o músculo cardíaco pulsa em harmonia com as ondas sonoras que nele incidem
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