São Teotónio é pouco conhecido entre os portugueses, especialmente em Viana do Castelo, sua terra natal. Ele estudou no mosteiro beneditino local e mais tarde fundou o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra. São Teotónio era amigo do rei D. Afonso Henriques e o aconselhava espiritualmente, embora recusasse cargos eclesiásticos formais. Ele participou ativamente no reconhecimento da independência de Portugal pelo Papa em 1179.
1. PARÁGRAFO TERESIANO
Avi s o s
Isto tem-se cumprido bem, pois nunca mais
tenho podido assentar em amizade, nem ter
consolação, nem amor particular, senão a
pessoas que percebo que o têm a Deus e O
procuram servir. Se não entendo isto, ou que é
pessoa que trata de oração, é para mim cruz
penosa tratar com alguém. Nem isso está na
minha mão, nem faz ao caso serem parentes ou
amigos. Isto é assim sem dúvida, segundo o
meu parecer.
Desde aquele dia fiquei tão animosa para deixar
tudo por Deus, como se Ele, naquele momento
– não me parece ter sido mais – quisesse deixar
outra a Sua serva. Assim, não foi necessário
que mo tornassem a mandar; porque o
confessor, como me via tão apegada a isto, não
tinha ousado dizer determinadamente que o
fizesse. Devia estar aguardando que o Senhor
operasse, como o fez. Nem pensei podê-lo
conseguir, porque já eu mesma o tinha tentado,
mas era tanta a pena que me dava que, como
coisa em que me parecia não haver
inconveniente, o deixava. Aqui já me deu o
Senhor liberdade e força para o pôr por obra.
Assim o disse ao confessor e deixei tudo,
conforme me mandou. Fez não pouco proveito à
pessoa com quem eu tratava, ver em mim esta
determinação.
Seja Deus bendito para sempre que, num
momento, me deu a liberdade que, com todas
as diligências quantas tinha feito em muitos
anos, não tinha podido alcançar por mim,
ainda que fazendo muitas vezes tão grande
esforço, que me prejudicava a saúde. Como foi
feito por Quem é poderoso e Senhor verdadeiro
de tudo, nenhuma pena me causou (V 24, 5-8).
SANTA TERESA DE JESUS (1515 - 1582)
LIVRO DA VIDA (24:8)
18 S. Teotónio (1082 - 1162).
19 17:45 | Reunião do Grupo de Oração.
22 Cadeira de São Pedro, Festa.
ChAMA
DO CARMO
DE VIANA DO CASTELO
DOMINGO VI DO TEMPO COMUM
NS 216
FEVEREIRO 16 2014
22 16:00 | Encontro de Formação Litúrgica.
23 Domingo das bênçãos do Menino Jesus.
chamadocarmo.blogspot.com
Telefone 258 822 264
viana@carmelitas.pt
SÃO TEOTÓNIO
«Foi sepultado no dia décimo primeiro
das mesmas calendas, no ano 56 do
referido rei Dom Afonso I de Portugal,
em cujo tempo recebeu a veste de
Cristo, e no ano 35 do seu reinado.
Viveu em votos de vida regular trinta e
um anos. Cumpriu o tempo inteiro da
sua vida, como ele referia, entre
setenta e oitenta anos, segundo o
padrão das Escrituras.»
DA VITA THEOTONII, ESCRITA POR UM DISCÍPULO
Oração
LITURGIA DAS HORAS
• Semana II do Saltério.
A Palavra
DOMINGO VI DO TEMPO COMUM
• Levítico 19:1-2.17-18.
• Salmo 102: 1-4.8.10.12-13.
• 1 Coríntios 3:16-23.
• Mateus 5:38-48.
( 23 DE FEVEREIRO )
SÃO TEOTÓNIO,
missionário de vida irradiante!
2. Padroeiro. No dia 18 de Fevereiro celebramos um dos padroeiros da nossa Diocese — São Teotónio — nascido
precisamente, em Valença, freguesia de Ganfei. Nasceu ali em 1082 e morreu em Coimbra, no Mosteiro de Santa
Cruz, de que foi um dos fundadores, no ano de 1162. É o primeiro santo português canonizado, mas não foi em
vida um homem consensual: uns chamaram-lhe «cana que se agita pelo vento», outros reconhecem-no como
«homem de vida irradiante», mercê da subida posição social donde provinha e que o bom agostinho soube merecer.
A marca mais assinalável da sua vida é talvez a conciliação e a sua veia pacificadora, quer a nível religioso quer
no político. É uma vida que importa conhecer e não pode ser ignorada por portugueses e menos por vianenses.
São Teotónio, missionário de vida irradiante!
São Teotónio é pouco conhecido entre os
portugueses, e amargamente muitíssimo
ignorado pelos viananses. Na infância
estudou no mosteiro beneditino da sua terra.
Por volta dos dez anos deixou o abastado lar
paterno, em Ganfei, e fixou-se em Coimbra,
levado pelo seu tio bispo D. Crescêncio.
Aprendeu aí, na escola capitular, as disciplinas
eclesiásticas. Pelos dezassete anos, aquando da
morte do tio, foi para Viseu, onde a família
teria terras. Ali completou a formação
teológica e recebeu ordens, ficando ligado ao
presbitério viseense.
Em 1109, ainda antes da fundação do reino de
Portugal, foi nomeado prior da Sé de Viseu.
Entretanto, os condes D. Henrique e Dª.
Teresa, de quem era amigo, pretendiam que
fosse nomeado bispo de Viseu, que na altura
não era ainda diocese. A nomeação tem,
porém, a oposição do novo bispo de Coimbra
e isto terá chocado Teotónio, que decidiu fazer
uma peregrinação à Terra Santa. Ao regressar
instaram com ele para que aceitasse a mitra de
Viseu. Mas, preferindo continuar como
simples missionário da Palavra não a aceitou e
empreendeu nova peregrinação à Terra Santa.
No regresso dirigiu-se a Coimbra, onde o
chamavam os apelos de D. Telo, a cujos
cuidados estivera entregue na juventude. E ali,
com ele e mais dez homens de grande virtude,
fundou o Mosteiro de Santa Cruz dos cónegos
Regrantes de S. Agostinho, de que foi o
primeiro Prior, membro eminente e muito
apreciado, nomeadamente por S. Bernardo de
Claraval.
Eleito unanimemente pelos companheiros,
Teotónio, mais afeito à vida contemplativa que
às tarefas organizativas do mosteiro,
renunciou. Os seus pares, porém, voltaram a
elegê-lo.
Não foi bem vista por todos os eclesiásticos da
Sé de Coimbra a erecção do Mosteiro da Santa
Cruz, e menos ainda o pedido ao Papa para
que tomasse sob sua protecção o mosteiro,
como veio a acontecer pela Bula Desiderium
quod, de 26 de Maio de 1135. Incompreensões
que o seu manso coração houve de dirimir.
Nos últimos anos da sua vida renunciou ao
cargo de Prior para se dedicar à vida
contemplativa. Mais uma vez — por iniciativa
papal — quiseram honrá-lo sagrando-o bispo,
e mais uma vez recusou para se dedicar
inteiramente à oração.
Um dos seus companheiros e discípulo, cujo
nome desconhecemos, escreveu no ano
seguinte, 1163, antes da canonização, o relato
da sua vida. Esse é também o ano da sua
canonização pelo Papa Alexandre III. Esta
biografia é também o primeiro documento em
que aparece grafada a palavra «saudade» e o
que primeiro documenta a data de nascimento
do nosso primeiro rei.
A vida de São Teotónio caminha
profundamente imbrincada com a de D.
Afonso I de Portugal, e com o lançamento das
fundações da nacionalidade.
De facto, eram amigos, embora o primeiro
encontro não tivesse sido favorável. No
entanto, o rei apreciava Teotónio, que lhe
inspirava respeito a ponto de se tornar seu
confidente, até porque precisava das suas
orações, de uma visão espiritual e da sua
capacidade conciliadora. Tal amizade jamais
coibiu Teotónio de afirmar e defender a
verdade, e assim, por exemplo, em 1139, após a
vitória na batalha de Ourique, o abade D.
Teotónio sai pela primeira vez do mosteiro
para ir ao encontro e admoestar a D. Afonso
Henriques e seus amigos, que traziam como
escravos mais de um milhar cristãos
moçárabes, dizendo-lhes que cometiam um
pecado grave e que tinham de os libertar. Ao
que o rei prontamente obedeceu.
D. Teotónio participou activamente no
processo político-religioso que levou ao
reconhecimento da independência do reino de
Portugal pelo Papa Alexandre III, em 1179.
São Teotónio, de alma contemplativa e
missionária, cedo compreendeu que as nações
não se forjam nos campos de batalha, onde o
sangue dos filhos se escoa, estéril, em regatos,
mas nas escolas onde floresce a formação da
juventude. Foi um missionário notável e um
homem de visão moderna para o seu tempo.
Foi admirável conselheiro espiritual do rei D.
Afonso Henriques, que o estimava e muito o
auxiliou. Morreu no dia 18 de Fevereiro de
1162 e foi sepultado numa capela do mosteiro
que fundou.
São Teotónio é ainda hoje celebrado pela Igreja
como um reformador da Vida Consagrada.