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PARÁGRAFO TERESIANO





Avi s o s

Isto tem-se cumprido bem, pois nunca mais
tenho podido assentar em amizade, nem ter
consolação, nem amor particular, senão a
pessoas que percebo que o têm a Deus e O
procuram servir. Se não entendo isto, ou que é
pessoa que trata de oração, é para mim cruz
penosa tratar com alguém. Nem isso está na
minha mão, nem faz ao caso serem parentes ou
amigos. Isto é assim sem dúvida, segundo o
meu parecer.
Desde aquele dia fiquei tão animosa para deixar
tudo por Deus, como se Ele, naquele momento
– não me parece ter sido mais – quisesse deixar
outra a Sua serva. Assim, não foi necessário
que mo tornassem a mandar; porque o
confessor, como me via tão apegada a isto, não
tinha ousado dizer determinadamente que o
fizesse. Devia estar aguardando que o Senhor
operasse, como o fez. Nem pensei podê-lo
conseguir, porque já eu mesma o tinha tentado,
mas era tanta a pena que me dava que, como
coisa em que me parecia não haver
inconveniente, o deixava. Aqui já me deu o
Senhor liberdade e força para o pôr por obra.
Assim o disse ao confessor e deixei tudo,
conforme me mandou. Fez não pouco proveito à
pessoa com quem eu tratava, ver em mim esta
determinação.
Seja Deus bendito para sempre que, num
momento, me deu a liberdade que, com todas
as diligências quantas tinha feito em muitos
anos, não tinha podido alcançar por mim,
ainda que fazendo muitas vezes tão grande
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SANTA TERESA DE JESUS (1515 - 1582)
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chamadocarmo.blogspot.com
Telefone 258 822 264
viana@carmelitas.pt

SÃO TEOTÓNIO
«Foi sepultado no dia décimo primeiro
das mesmas calendas, no ano 56 do
referido rei Dom Afonso I de Portugal,
em cujo tempo recebeu a veste de
Cristo, e no ano 35 do seu reinado.
Viveu em votos de vida regular trinta e
um anos. Cumpriu o tempo inteiro da
sua vida, como ele referia, entre
setenta e oitenta anos, segundo o
padrão das Escrituras.»
DA VITA THEOTONII, ESCRITA POR UM DISCÍPULO

Oração

LITURGIA DAS HORAS
• Semana II do Saltério.

A Palavra
DOMINGO VI DO TEMPO COMUM
• Levítico 19:1-2.17-18.
• Salmo 102: 1-4.8.10.12-13.
• 1 Coríntios 3:16-23.
• Mateus 5:38-48.

( 23 DE FEVEREIRO )

SÃO TEOTÓNIO,
missionário de vida irradiante!
Padroeiro. No dia 18 de Fevereiro celebramos um dos padroeiros da nossa Diocese — São Teotónio — nascido
precisamente, em Valença, freguesia de Ganfei. Nasceu ali em 1082 e morreu em Coimbra, no Mosteiro de Santa
Cruz, de que foi um dos fundadores, no ano de 1162. É o primeiro santo português canonizado, mas não foi em
vida um homem consensual: uns chamaram-lhe «cana que se agita pelo vento», outros reconhecem-no como
«homem de vida irradiante», mercê da subida posição social donde provinha e que o bom agostinho soube merecer.
A marca mais assinalável da sua vida é talvez a conciliação e a sua veia pacificadora, quer a nível religioso quer
no político. É uma vida que importa conhecer e não pode ser ignorada por portugueses e menos por vianenses.

São Teotónio, missionário de vida irradiante!
São Teotónio é pouco conhecido entre os
portugueses, e amargamente muitíssimo
ignorado pelos viananses. Na infância
estudou no mosteiro beneditino da sua terra.
Por volta dos dez anos deixou o abastado lar
paterno, em Ganfei, e fixou-se em Coimbra,
levado pelo seu tio bispo D. Crescêncio.
Aprendeu aí, na escola capitular, as disciplinas
eclesiásticas. Pelos dezassete anos, aquando da
morte do tio, foi para Viseu, onde a família
teria terras. Ali completou a formação
teológica e recebeu ordens, ficando ligado ao
presbitério viseense.
Em 1109, ainda antes da fundação do reino de
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Entretanto, os condes D. Henrique e Dª.
Teresa, de quem era amigo, pretendiam que
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não era ainda diocese. A nomeação tem,
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e isto terá chocado Teotónio, que decidiu fazer
uma peregrinação à Terra Santa. Ao regressar
instaram com ele para que aceitasse a mitra de
Viseu. Mas, preferindo continuar como
simples missionário da Palavra não a aceitou e
empreendeu nova peregrinação à Terra Santa.
No regresso dirigiu-se a Coimbra, onde o
chamavam os apelos de D. Telo, a cujos
cuidados estivera entregue na juventude. E ali,
com ele e mais dez homens de grande virtude,

fundou o Mosteiro de Santa Cruz dos cónegos
Regrantes de S. Agostinho, de que foi o
primeiro Prior, membro eminente e muito
apreciado, nomeadamente por S. Bernardo de
Claraval.
Eleito unanimemente pelos companheiros,
Teotónio, mais afeito à vida contemplativa que
às tarefas organizativas do mosteiro,
renunciou. Os seus pares, porém, voltaram a
elegê-lo.
Não foi bem vista por todos os eclesiásticos da
Sé de Coimbra a erecção do Mosteiro da Santa
Cruz, e menos ainda o pedido ao Papa para
que tomasse sob sua protecção o mosteiro,
como veio a acontecer pela Bula Desiderium
quod, de 26 de Maio de 1135. Incompreensões
que o seu manso coração houve de dirimir.
Nos últimos anos da sua vida renunciou ao
cargo de Prior para se dedicar à vida
contemplativa. Mais uma vez — por iniciativa
papal — quiseram honrá-lo sagrando-o bispo,
e mais uma vez recusou para se dedicar
inteiramente à oração.
Um dos seus companheiros e discípulo, cujo
nome desconhecemos, escreveu no ano
seguinte, 1163, antes da canonização, o relato
da sua vida. Esse é também o ano da sua
canonização pelo Papa Alexandre III. Esta
biografia é também o primeiro documento em
que aparece grafada a palavra «saudade» e o

que primeiro documenta a data de nascimento
do nosso primeiro rei.
A vida de São Teotónio caminha
profundamente imbrincada com a de D.
Afonso I de Portugal, e com o lançamento das
fundações da nacionalidade.
De facto, eram amigos, embora o primeiro
encontro não tivesse sido favorável. No
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inspirava respeito a ponto de se tornar seu
confidente, até porque precisava das suas
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capacidade conciliadora. Tal amizade jamais
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verdade, e assim, por exemplo, em 1139, após a
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que o rei prontamente obedeceu.
D. Teotónio participou activamente no
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Portugal pelo Papa Alexandre III, em 1179.
São Teotónio, de alma contemplativa e
missionária, cedo compreendeu que as nações
não se forjam nos campos de batalha, onde o
sangue dos filhos se escoa, estéril, em regatos,
mas nas escolas onde floresce a formação da
juventude. Foi um missionário notável e um
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auxiliou. Morreu no dia 18 de Fevereiro de
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  • 1. PARÁGRAFO TERESIANO    Avi s o s Isto tem-se cumprido bem, pois nunca mais tenho podido assentar em amizade, nem ter consolação, nem amor particular, senão a pessoas que percebo que o têm a Deus e O procuram servir. Se não entendo isto, ou que é pessoa que trata de oração, é para mim cruz penosa tratar com alguém. Nem isso está na minha mão, nem faz ao caso serem parentes ou amigos. Isto é assim sem dúvida, segundo o meu parecer. Desde aquele dia fiquei tão animosa para deixar tudo por Deus, como se Ele, naquele momento – não me parece ter sido mais – quisesse deixar outra a Sua serva. Assim, não foi necessário que mo tornassem a mandar; porque o confessor, como me via tão apegada a isto, não tinha ousado dizer determinadamente que o fizesse. Devia estar aguardando que o Senhor operasse, como o fez. Nem pensei podê-lo conseguir, porque já eu mesma o tinha tentado, mas era tanta a pena que me dava que, como coisa em que me parecia não haver inconveniente, o deixava. Aqui já me deu o Senhor liberdade e força para o pôr por obra. Assim o disse ao confessor e deixei tudo, conforme me mandou. Fez não pouco proveito à pessoa com quem eu tratava, ver em mim esta determinação. Seja Deus bendito para sempre que, num momento, me deu a liberdade que, com todas as diligências quantas tinha feito em muitos anos, não tinha podido alcançar por mim, ainda que fazendo muitas vezes tão grande esforço, que me prejudicava a saúde. Como foi feito por Quem é poderoso e Senhor verdadeiro de tudo, nenhuma pena me causou (V 24, 5-8). SANTA TERESA DE JESUS (1515 - 1582) LIVRO DA VIDA (24:8) 18 S. Teotónio (1082 - 1162). 19 17:45 | Reunião do Grupo de Oração. 22 Cadeira de São Pedro, Festa. ChAMA DO CARMO DE VIANA DO CASTELO DOMINGO VI DO TEMPO COMUM NS 216 FEVEREIRO 16 2014 22 16:00 | Encontro de Formação Litúrgica. 23 Domingo das bênçãos do Menino Jesus. chamadocarmo.blogspot.com Telefone 258 822 264 viana@carmelitas.pt SÃO TEOTÓNIO «Foi sepultado no dia décimo primeiro das mesmas calendas, no ano 56 do referido rei Dom Afonso I de Portugal, em cujo tempo recebeu a veste de Cristo, e no ano 35 do seu reinado. Viveu em votos de vida regular trinta e um anos. Cumpriu o tempo inteiro da sua vida, como ele referia, entre setenta e oitenta anos, segundo o padrão das Escrituras.» DA VITA THEOTONII, ESCRITA POR UM DISCÍPULO Oração LITURGIA DAS HORAS • Semana II do Saltério. A Palavra DOMINGO VI DO TEMPO COMUM • Levítico 19:1-2.17-18. • Salmo 102: 1-4.8.10.12-13. • 1 Coríntios 3:16-23. • Mateus 5:38-48. ( 23 DE FEVEREIRO ) SÃO TEOTÓNIO, missionário de vida irradiante!
  • 2. Padroeiro. No dia 18 de Fevereiro celebramos um dos padroeiros da nossa Diocese — São Teotónio — nascido precisamente, em Valença, freguesia de Ganfei. Nasceu ali em 1082 e morreu em Coimbra, no Mosteiro de Santa Cruz, de que foi um dos fundadores, no ano de 1162. É o primeiro santo português canonizado, mas não foi em vida um homem consensual: uns chamaram-lhe «cana que se agita pelo vento», outros reconhecem-no como «homem de vida irradiante», mercê da subida posição social donde provinha e que o bom agostinho soube merecer. A marca mais assinalável da sua vida é talvez a conciliação e a sua veia pacificadora, quer a nível religioso quer no político. É uma vida que importa conhecer e não pode ser ignorada por portugueses e menos por vianenses. São Teotónio, missionário de vida irradiante! São Teotónio é pouco conhecido entre os portugueses, e amargamente muitíssimo ignorado pelos viananses. Na infância estudou no mosteiro beneditino da sua terra. Por volta dos dez anos deixou o abastado lar paterno, em Ganfei, e fixou-se em Coimbra, levado pelo seu tio bispo D. Crescêncio. Aprendeu aí, na escola capitular, as disciplinas eclesiásticas. Pelos dezassete anos, aquando da morte do tio, foi para Viseu, onde a família teria terras. Ali completou a formação teológica e recebeu ordens, ficando ligado ao presbitério viseense. Em 1109, ainda antes da fundação do reino de Portugal, foi nomeado prior da Sé de Viseu. Entretanto, os condes D. Henrique e Dª. Teresa, de quem era amigo, pretendiam que fosse nomeado bispo de Viseu, que na altura não era ainda diocese. A nomeação tem, porém, a oposição do novo bispo de Coimbra e isto terá chocado Teotónio, que decidiu fazer uma peregrinação à Terra Santa. Ao regressar instaram com ele para que aceitasse a mitra de Viseu. Mas, preferindo continuar como simples missionário da Palavra não a aceitou e empreendeu nova peregrinação à Terra Santa. No regresso dirigiu-se a Coimbra, onde o chamavam os apelos de D. Telo, a cujos cuidados estivera entregue na juventude. E ali, com ele e mais dez homens de grande virtude, fundou o Mosteiro de Santa Cruz dos cónegos Regrantes de S. Agostinho, de que foi o primeiro Prior, membro eminente e muito apreciado, nomeadamente por S. Bernardo de Claraval. Eleito unanimemente pelos companheiros, Teotónio, mais afeito à vida contemplativa que às tarefas organizativas do mosteiro, renunciou. Os seus pares, porém, voltaram a elegê-lo. Não foi bem vista por todos os eclesiásticos da Sé de Coimbra a erecção do Mosteiro da Santa Cruz, e menos ainda o pedido ao Papa para que tomasse sob sua protecção o mosteiro, como veio a acontecer pela Bula Desiderium quod, de 26 de Maio de 1135. Incompreensões que o seu manso coração houve de dirimir. Nos últimos anos da sua vida renunciou ao cargo de Prior para se dedicar à vida contemplativa. Mais uma vez — por iniciativa papal — quiseram honrá-lo sagrando-o bispo, e mais uma vez recusou para se dedicar inteiramente à oração. Um dos seus companheiros e discípulo, cujo nome desconhecemos, escreveu no ano seguinte, 1163, antes da canonização, o relato da sua vida. Esse é também o ano da sua canonização pelo Papa Alexandre III. Esta biografia é também o primeiro documento em que aparece grafada a palavra «saudade» e o que primeiro documenta a data de nascimento do nosso primeiro rei. A vida de São Teotónio caminha profundamente imbrincada com a de D. Afonso I de Portugal, e com o lançamento das fundações da nacionalidade. De facto, eram amigos, embora o primeiro encontro não tivesse sido favorável. No entanto, o rei apreciava Teotónio, que lhe inspirava respeito a ponto de se tornar seu confidente, até porque precisava das suas orações, de uma visão espiritual e da sua capacidade conciliadora. Tal amizade jamais coibiu Teotónio de afirmar e defender a verdade, e assim, por exemplo, em 1139, após a vitória na batalha de Ourique, o abade D. Teotónio sai pela primeira vez do mosteiro para ir ao encontro e admoestar a D. Afonso Henriques e seus amigos, que traziam como escravos mais de um milhar cristãos moçárabes, dizendo-lhes que cometiam um pecado grave e que tinham de os libertar. Ao que o rei prontamente obedeceu. D. Teotónio participou activamente no processo político-religioso que levou ao reconhecimento da independência do reino de Portugal pelo Papa Alexandre III, em 1179. São Teotónio, de alma contemplativa e missionária, cedo compreendeu que as nações não se forjam nos campos de batalha, onde o sangue dos filhos se escoa, estéril, em regatos, mas nas escolas onde floresce a formação da juventude. Foi um missionário notável e um homem de visão moderna para o seu tempo. Foi admirável conselheiro espiritual do rei D. Afonso Henriques, que o estimava e muito o auxiliou. Morreu no dia 18 de Fevereiro de 1162 e foi sepultado numa capela do mosteiro que fundou. São Teotónio é ainda hoje celebrado pela Igreja como um reformador da Vida Consagrada.