Este documento descreve uma visão de Santa Teresa de Jesus que a levou a fundar um mosteiro. A visão foi acompanhada de efeitos poderosos que a convenceram de que era a vontade de Deus, apesar de suas dúvidas iniciais e dos desafios que sabia que enfrentaria. Ela relatou a visão a seu confessor e recebeu apoio do provincial para fundar o mosteiro, limitando o número de irmãs a treze.
1. PARÁGRAFO TERESIANO
Avi s o s
03 Dia de oração pelos defuntos da Ordem.
Foi esta visão acompanhada de tão grandes efeitos
e de tal maneira esta fala do Senhor que não
podia duvidar que era Ele. Senti, no entanto,
grandíssima pena, pois se me representaram, em
parte, os grandes desassossegos e trabalhos que me
havia de custar e por estar contentíssima naquela
casa; porque, embora antes tratasse da fundação,
não era com tanta determinação nem com certeza
de que se haveria de fazer. Agora, aqui, dir-se-ia
que me faziam pressão e, como via que começava
coisa de grande desassossego, estava em dúvida do
que faria. Mas foram tantas as vezes em que o
Senhor me tornou a falar nisso, pondo-me diante
tantos motivos e razões, que via serem claros e
que era a Sua vontade, que já não ousei fazer
outra coisa senão dizê-lo a meu confessor e deilhe, por escrito, relação de tudo o que se passava.
Ele não ousou dizer-me determinadamente que o
deixasse de lado, mas via que não levava caminho,
conforme à razão natural, pois eram pouquíssimas
ou quase nenhumas as possibilidades da minha
companheira, que era quem o havia de fazer.
Disse-me que o tratasse com meu prelado e, o que
ele dissesse, isso fizesse. Eu não tratava destas
visões com o prelado, mas a tal senhora, que
queria fazer o mosteiro, foi falar com ele. O
Provincial anuiu a isso de boamente, pois é amigo
de toda a perfeição e deu-lhe todo o apoio
necessário e disse-lhe que admitiria a casa.
Trataram da renda que havia de ter e, por muitas
razões, queríamos que nunca fossem mais de treze.
Antes de começar a tratar disto, escrevemos ao
santo Frei Pedro de Alcântara dizendo tudo o que
se passava. Aconselhou-nos que não o deixássemos
de fazer e deu-nos o seu parecer em tudo.
SANTA TERESA DE JESUS (1515 - 1582)
LIVRO DA VIDA (32:13)
03 21:00 | Encontro com a Bíblia.
ChAMA
DO CARMO
DE VIANA DO CASTELO
05 QUARTA-FEIRA DE CINZAS.
DOMINGO VI DO TEMPO COMUM
NS 218
MARÇO 02 2014
05 14:00 | Tarde de Adoração Eucarística.
05 Quarta-feira penitencial
19:00 | Oração de vésperas.
19:30 | Sopa penitencial.
20:00 | Missa / Oração de Completas.
07 08:30 | Via Sacra.
09 17:15 | Via Sacra.
chamadocarmo.blogspot.com
Telefone 258 822 264
viana@carmelitas.pt
VIA SACRA
— PREPARAÇÃO DAS MEDITAÇÕES AOS DOMINGOS —
09 Mar
Seculares.
16 Mar
Grupo de Oração.
23 Mar
Leitores.
30 Mar
Ministros da Comunhão.
06 Abr
Grupo Bíblico.
13 Abr
Seculares.
Oração
LITURGIA DAS HORAS
• Semana IV do Saltério.
A Palavra
DOMINGO I DA QUARESMA
• Genesis 2:7-9. 3:1-7.
• Salmo 50: 3-6.12-14.17.
• Romanos 5:12-19.
• Mateus 4:1-11.
( 09 DE MARÇO)
Boas razões
para preocupar-nos
2. Angústia. Esta semana duas pirralhas que na soma dos anos estavam longe de chegar à maioridade, gritaram-me, ao saberem que era padre: «Não gosto de Deus! Jesus foi inventado pelos padres! Ele esqueceu-se de nós e não
dá o que lhe pedimos!». Concordei, ao não saber que dizer, que calar, se rir se chorar. O certo é que, desenvoltas,
argumentavam a sem-vergonhice de Deus que nos (as) desampara. É com este episódio de desamparo — não duvido
que elas o sentem assim — que me disponho a escrever a Chama. Ainda não sei responder às miúdas, mesmo sendo
certo que sei o que Jesus diz com firmeza no evangelho deste domingo (Mt 6:24-34): «Não vos preocupeis!».
Boas razões para preocupar-nos
Existem então boas razões para andarmos todos
preocupados? Sim, existem. E muitas.
Dependendo do ângulo em que nos situarmos no
miradoiro da vida elas aumentam ou diminuem.
Sempre teremos preocupações: a comida não cai
do céu, a bebida não vem com a chuva; o dinheiro
é sempre pouco e mesmo não trazendo felicidade,
ajuda; logo precisamos dele. Tudo isso é certo. É
certo e condiz com o argumento das miúdas e
parece não condizer com o que Jesus nos diz no
evangelho. Além disso, não vemos nós um
punhado de ricos ficar cada vez mais rico, e um
mar de pobres ficar cada vez mais pobre, sem o
suficiente para construir uma vida digna, formar
uma família, estabelecer um lar com comida,
habitação, roupa, saúde, acesso ao ensino, ao
conforto e ao lazer?
E logo, hoje, surpreendentemente, por cinco
vezes, Jesus repete-nos: «Não vos preocupeis.
Não vos inquieteis com o dia de amanhã!». Não?!
Ser-nos-á possível seguir o ensinamento de Jesus?
Vejamos: o dia de ontem já passou; o de amanhã
não sabemos se chegará, pois a ninguém foi dado
conhecer o seu porvir. Do dia de ontem, ficaram
dores e rasgões e muitos motivos de acção de
graças pelos benefícios e ajudas de Deus. Igual aos
que partilham connosco pedaços do caminho.
Com certeza foi-nos possível aumentar, nem que
seja uma migalha, o nosso tesouro no Céu.
Do dia de ontem restam ainda motivos de
contrição e penitência pelos nossos pecados, erros
e omissões.
Do ontem podemos ainda dizer o que hoje reza a
liturgia da Missa: «O Senhor tornou-se o meu
apoio, libertou-me da angústia e salvou-me
porque me ama.»
O amanhã ainda não é, e, se chegar, poderá ser o
dia mais belo que jamais pudemos sonhar,
porque foi preparado pelo bom Deus.
Temos, assim, certamente, razões para vivermos
angustiados, mas só se for em registo de falta de
fé e confiança no Pai. Porém, seja o que seja o dia
de amanhã, teremos as graças necessárias para
enfrentá-lo e sair vitoriosos.
Mas se o que importa é o dia de hoje, por que
Jesus repetiu cinco vezes: «Não vos angustieis»,
se o que nos parece é que justamente a vida é
acosso, angústia e preocupação? Como não há-de
angustiar-nos a vida? E se a nós tanto nos
angustia com que crueldade a sentirão tantos que
pelo mundo fora sofrem o desemprego e a fome?
Enganou-se, Jesus? Talvez não. Se assumirmos
que Ele falava aos que já possuiam, talvez não se
tenha enganado. Se considerarmos que Jesus
falava para os que detêm o mundo nas mãos,
obviamente que não se enganou.
Olhemos bem: que parte cabe aos que já
possuem? Que esperam deles os que nada têm?
Esperam migalhas, obviamente. (Ou algo mais.)
Esperam que nos recordemos que através das
nossas mãos, através da nossa inteligência e das
nossas acções a compaixão pode reverter-lhes,
erguê-los e saciar as suas necessidades.
(Já viu as fotos do aparecimento da multidão dos
sitiados de Yarmouk, na Síria?)
Com os estômagos cheios é fácil falar de Deus e
mais fácil ainda rezar-Lhe. Mas aos que passam
fome isso é gozo e mofa. Poderemos nós refugiar-nos no conforto do culto, qual caixa forte do Tio
Patinhas? Como encaramos o facto de que parte
substancial da humanidade não possa olhar o
céu porque busca no fundo da malga as migalhas
que tardam em cair da nossa mão?
Nós, cristãos, somos permanente convidados a
rever as nossas prioridades, e a alargar as
fronteiras do nosso eu. Somos convidados à
angústia, não a fim de termos mais ou como
haveremos de mais ter, mas para descortinar
como se possa chegar a uma partilha mais
efectiva e que não humilhe a quem recebe.
Deixe-me ver se acerto nas suas angústias: o
índice do colesterol?, da diabétes?, a
contaminação do ar?, da água?, o que há-de fazer
no fim de semana?, qual a mascarilha do
carnaval?, nas férias do verão? — Obviamente,
você só pensa nisso por que tem muito e
provavelmente em excesso.
(Ao menos comparando com os que nada têm!)
Mas preocupando-se assim jamais acrescentará
uma hora à sua vida. Vale mais, portanto, confiar
que Deus Pai não nos faltará: que não faltará aos
que têm nem aos que de tudo carecem.
Cabe-nos caminhar. E confiar. E sem angústias
buscar o Reino de Deus e a sua justiça e o império
do seu amor, porque Deus não falta, só Deus não
falta. Dele foi o ontem, é o hoje e será o amanhã. Já
se deu conta que Deus precisa do seu coração e
das suas mãos para dar da Sua misericórdia?