O documento discute a preservação do patrimônio histórico para as futuras gerações. Aponta Viollet-le-Duc como um dos primeiros teóricos da preservação do patrimônio histórico e discute a importância de preservar edifícios antigos que abrigam museus, considerando fatores como localização urbana ou rural e impacto ambiental.
1. PRESERVANDO A HISTÓRIAPRESERVANDO A HISTÓRIA
PARA AS FUTURASPARA AS FUTURAS
GERAÇÕESGERAÇÕES
Profa. Dra. Teresa BockProfa. Dra. Teresa Bock
2.
3. Viollet-le-Duc (1814) foi um arquitetoViollet-le-Duc (1814) foi um arquiteto
parisiense considerado como um dosparisiense considerado como um dos
primeiros teóricos da preservação doprimeiros teóricos da preservação do
Patrimônio Histórico – famoso por suaPatrimônio Histórico – famoso por sua
“restauração interpretativa” dos edifícios“restauração interpretativa” dos edifícios
medievais, planejou e executou, entremedievais, planejou e executou, entre
outras, a restauração da Catedral deoutras, a restauração da Catedral de
Notre Dame.Notre Dame.
4. A teoria básica da preservação histórica,A teoria básica da preservação histórica,
com referencia especial aos monumentoscom referencia especial aos monumentos
construídos, envolve o dualismo daconstruídos, envolve o dualismo da
retenção do “status quo” versus aretenção do “status quo” versus a
restauração, adicionando algum elementorestauração, adicionando algum elemento
inexistente no passado.inexistente no passado.
5. Entre outras obras significativas de le-Entre outras obras significativas de le-
Duc, (mencionamos a publicação doDuc, (mencionamos a publicação do
Dicionário da Arquitetura Francesa desdeDicionário da Arquitetura Francesa desde
os séculos XI ao XVI), Viollet éos séculos XI ao XVI), Viollet é
considerado como o primeiro teórico daconsiderado como o primeiro teórico da
arquitetura moderna.arquitetura moderna.
6. Sua teoria consiste em encontrar asSua teoria consiste em encontrar as
formas ideais para materiais específicos,formas ideais para materiais específicos,
e usar essas formas para criare usar essas formas para criar
edificações, baseada na idéia de usoedificações, baseada na idéia de uso
“honesto” dos materiais.“honesto” dos materiais.
7. Estes critérios incluíram a criação de umEstes critérios incluíram a criação de um
edifício perfeito – no caso, o estiloedifício perfeito – no caso, o estilo
medieval (não é só manter, reparar oumedieval (não é só manter, reparar ou
reconstruir, mas restabelecer sua formareconstruir, mas restabelecer sua forma
completa).completa).
8. Na maioria dos casos, os museusNa maioria dos casos, os museus
europeus estão instalados em edifícioseuropeus estão instalados em edifícios
antigos;antigos;
antigas fortificações (Finlândia),antigas fortificações (Finlândia),
fortificações transformadas em castelos,fortificações transformadas em castelos,
que tornaram-se prisões (Loire na França)que tornaram-se prisões (Loire na França)
e finalmente museus.e finalmente museus.
9. Por isso, no âmbito do estudoPor isso, no âmbito do estudo
museológico, o estudo da Arquitetura demuseológico, o estudo da Arquitetura de
Museus, torna-se uma matéria acadêmicaMuseus, torna-se uma matéria acadêmica
recente e moderna, que se divide em doisrecente e moderna, que se divide em dois
momentos:momentos:
os edifícios antigos (de vieja planta) e osos edifícios antigos (de vieja planta) e os
novos edifícios construídos para essanovos edifícios construídos para essa
função, isto é, salvaguardar coleções,função, isto é, salvaguardar coleções,
estudar e exibir, quero dizer, museus.estudar e exibir, quero dizer, museus.
10. No caso das edificações antigas o estudoNo caso das edificações antigas o estudo
da Arquitetura de Museus prevê, além dosda Arquitetura de Museus prevê, além dos
aspectos conceituais desenvolvidos poraspectos conceituais desenvolvidos por
le-Duc e John Ruskin (Londres, 1819)le-Duc e John Ruskin (Londres, 1819)
entre outros, a medida do “impactoentre outros, a medida do “impacto
ambiental” - um termo moderno queambiental” - um termo moderno que
explica que os edifícios antigosexplica que os edifícios antigos
transformados em museus (castelos,transformados em museus (castelos,
fortalezas) merecem redobrada atenção.fortalezas) merecem redobrada atenção.
11. 1.1. Ruskin escreveu “podemos viver sem aRuskin escreveu “podemos viver sem a
arquitetura de uma época, mas nãoarquitetura de uma época, mas não
podemos recordá-la sem a suapodemos recordá-la sem a sua
presença”.presença”.
12. Sendo assim, a localização rural ouSendo assim, a localização rural ou
urbana de um museu, joga um fatorurbana de um museu, joga um fator
essencial, porque em situação urbana,essencial, porque em situação urbana,
sofrem os efeitos da poluição, da aberturasofrem os efeitos da poluição, da abertura
de avenidas, passagem de veículos, ade avenidas, passagem de veículos, a
proximidade com os rios, situações deproximidade com os rios, situações de
risco que muitas vezes não podem serrisco que muitas vezes não podem ser
evitadas, mas certamente minoradas eevitadas, mas certamente minoradas e
que, definitivamente, devem ser levadasque, definitivamente, devem ser levadas
em consideração.em consideração.
13. Por exemplo, os centros históricos dePor exemplo, os centros históricos de
Madri, Curitiba, Atenas, Roma tiveramMadri, Curitiba, Atenas, Roma tiveram
setores transformados em ruas desetores transformados em ruas de
pedestres, diminuindo sobremaneira ospedestres, diminuindo sobremaneira os
efeitos do tráfego urbano na preservaçãoefeitos do tráfego urbano na preservação
do casco histórico dessas cidades, entredo casco histórico dessas cidades, entre
outras.outras.
14. Essas áreas urbanas desenvolveram oEssas áreas urbanas desenvolveram o
comércio turístico planejado, com hotéis,comércio turístico planejado, com hotéis,
lojas com produtos locais, restauranteslojas com produtos locais, restaurantes
típicos, bares emblemáticos... e ostípicos, bares emblemáticos... e os
passeios a pé ou em bicicleta, quepasseios a pé ou em bicicleta, que
permitem a apreciação da cidade,permitem a apreciação da cidade,
contribuindo para a revitalização doscontribuindo para a revitalização dos
centros históricos.centros históricos.
15. Também são preservados os jardinsTambém são preservados os jardins
adjacentes às edificações e comadjacentes às edificações e com
freqüência o entorno ambiental - natural.freqüência o entorno ambiental - natural.
16. Conhecidos são os Jardins do Palácio deConhecidos são os Jardins do Palácio de
Buckingham (1703) ocupando 17 hectaresBuckingham (1703) ocupando 17 hectares
de Londres, o Castelo de Versaillesde Londres, o Castelo de Versailles
(1661) com 700 hectares e próximo a(1661) com 700 hectares e próximo a
Paris ou os Jardins de Sabatini (anos 30)Paris ou os Jardins de Sabatini (anos 30)
com 2,54 hectares, contornando o Paláciocom 2,54 hectares, contornando o Palácio
Real de Madri, no centro histórico daReal de Madri, no centro histórico da
cidade.cidade.
17. A manutenção dos jardins (isto é, oA manutenção dos jardins (isto é, o
entorno imediato) em relação ao edifícioentorno imediato) em relação ao edifício
(museu) é um critério basilar do estudo(museu) é um critério basilar do estudo
museológico, assim como a Arquitetura demuseológico, assim como a Arquitetura de
Museus é matéria comum nos estudos deMuseus é matéria comum nos estudos de
Museologia e Museografia.Museologia e Museografia.
18. Dessa forma entendemos o continenteDessa forma entendemos o continente
(edifício - museu)(edifício - museu)
e o conteúdo (coleções - acervo)e o conteúdo (coleções - acervo)
em relação ao edifício-museu e seuem relação ao edifício-museu e seu
entorno imediato (jardins - sistemasentorno imediato (jardins - sistemas
naturais - ambientais)naturais - ambientais)
e sua localização (urbana ou rural) comoe sua localização (urbana ou rural) como
um critério básico dos estudos sobreum critério básico dos estudos sobre
museus.museus.
19. Alertamos para os critérios da perspectivaAlertamos para os critérios da perspectiva
arquitetônica, certamente os museusarquitetônica, certamente os museus
instalados em edifícios antigos,instalados em edifícios antigos,
necessitam uma atenção redobrada.necessitam uma atenção redobrada.
20. As intervenções “invasivas” comoAs intervenções “invasivas” como
reformas, novas instalações, inclusão dereformas, novas instalações, inclusão de
áreas internas ou exclusão de áreasáreas internas ou exclusão de áreas
externas, adaptações de sótão ou porões,externas, adaptações de sótão ou porões,
escavações ou demolições podemescavações ou demolições podem
comprometer os atributos estruturais docomprometer os atributos estruturais do
edifício de maneira definitiva.edifício de maneira definitiva.
21. Estes são alguns dos critérios daEstes são alguns dos critérios da
arquitetura e da engenharia civil, quearquitetura e da engenharia civil, que
alimentam a formação teórica daalimentam a formação teórica da
Museologia, uma disciplina científicaMuseologia, uma disciplina científica
voltada para a gestão dos museus.voltada para a gestão dos museus.
22. Artigo publicado no Jornal Agora, sob a direção deArtigo publicado no Jornal Agora, sob a direção de
Guto Favacho, em agosto de 2013, Peruíbe, SP.Guto Favacho, em agosto de 2013, Peruíbe, SP.