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MUSEU DA ÁGUA DAS CALDAS DA RAINHA
quot;OS ESPACIALISTASquot; é um projecto arquitectónico / artístico laboratorial de análise e alteração programática
do espaço. Utilizam a fotografia e o vídeo como dispositivos de desenho, de pensamento, de percepção e de
diagnóstico do espaço natural e construído.


A partir da realização de um conjunto de exercícios de espaço que denominam de ginástico/ conceptuais, as
re(acções) espacialistas pretendem:
- Fazer aparecer a vocação artística do espaço.
- Dar aparência ao aparelho reprodutor artístico latente no corpo humano.
- Proceder à reabilitação artística do espaço, do corpo e da vida.
- Apresentar propostas imaginárias de projecto, arquitectónicas/artísticas de alteração programática, para os
sítios de passagem/intervenção.


Servem-se da máquina fotográfica ou de filmar como se de um lápis se tratasse, por causa do resultado que
denominam de quot;esquiss/ços fotográficosquot;. Criados a partir da análise, da composição, da manipulação, da
alteração programática e do registo das situações / especificidades naturais e construídas dos espaços por onde
passam, bem como dos elementos materiais e objectuais aí encontrados e dos conteúdos do “Kit Espacialista
Por/táctil” que transportam consigo.
MUSEU DA ÁGUA DAS CALDAS DA RAINHA


   BOLHA / VITRINE DE ÁGUA + GUARDA-JÓIAS + PERCURSO DE UTILIZAÇÃO POÉTICA DA ÁGUA


A proposta de projecto do Museu da Água para o Largo Conde Fontalva nas Caldas da Rainha é o resultado da
aplicação da metodologia conceitual de trabalho dos Espacialistas.
Da análise levada a cabo relativa ao sítio de intervenção e da tentativa de fazer aparecer a sua vocação
artística, constatámos que o principal problema deste centro histórico da cidade, porque há outros, não é a
posição da estátua da Rainha, defronte da entrada principal do Parque D. Carlos I, prestes a entrar na bolha /
pulmão verde que o parque representa para a cidade das caldas, mas o estado de ruína dos espaços que se
encontram atrás dela.


Desenhar as costas da rainha e o “séquito” espacial envolvente de sua majestade, é a urgência nesta
zona expectante da cidade.


Proceder à alteração programática, à qualificação patrimonial dos espaços em ruínas e à criação de
novo património por detrás da estátua da primeira principal figura da cidade deve ser a urgência
prioritária deste sítio de intervenção.


O Museu da Água que apresentamos pretende ter uma dupla vocação de enaltecimento e enquadramento
espacial da figura da Rainha D. Leonor e da sua estratégia visionária de formação de um lugar a partir de um
valor acrescentado que aí encontrou: a água termal que transformou na sua principal jóia da coroa e a vocação
de apresentação da água como se de uma jóia real se tratasse exposta nas suas mais diversas manifestações
de aparecimento na natureza e no quotidiano humano.




                          HABITAR A MINIATURA E MINIATURIZAR A GRANDEZA


O Museu da Água apresentado é um museu à escala da mão, onde a natureza e o ser humano podem trocar de
escala constantemente. Miniaturizar a Natureza, habitar a miniatura e tornar a miniatura na grandeza são os
principais motes conceituais deste projecto, do ponto de vista dos conteúdos temáticos aí apresentar.


O Museu da Água pretende ser um presente à Rainha Dona Leonor e aos Caldenses.
BOLHA / VITRINE DE ÁGUA + GUARDA-JÓIAS + PERCURSO DE UTILIZAÇÃO POÉTICA DA ÁGUA


                                               Conceito e ideia


A partir do valor patrimonial que água termal representa para a cidade das Caldas da Rainha e do
conceito de que água de uma forma geral é uma das riquezas mais valiosas do planeta e que deve ser
tratada como uma jóia natural, a ideia do projecto apresenta-se como uma caixa que pretende ser um
guarda-jóias real, capaz de guardar / arquivar no seu interior algumas das formas de aparência da água
na natureza e nos espaços do quotidiano humano.


O espaço projectado constitui-se por dois corpos arquitectónicos principais em levitação, um percurso
e um espaço-suporte de todo o projecto : um muro espelhado - parede e pavimento simultaneamente -
que delimita / protege toda a zona de intervenção e os espaços constituintes do projecto: uma Bolha
Expositiva em Vidro, um Guarda-Jóias em Cerâmica e Betão e um Percurso de Utilização Poética da
Água. A bolha de vidro expositiva e o guarda-jóias serão ligados por um passadiço e por uma passagem
subterrânea no ínicio da Calçada 5 de Outubro que os separa. Essa ligação além de intensificar a ideia
estruturante de todo o museu, o Percurso de Utilização Poética da Água, cria simultaneamente uma porta capaz
de ligar o Largo de Fontalva e a Praça da República situada mais acima.


A Bolha Expositiva, denominada de Vitrina de Água por detrás da rainha será a grande jóia da coroa de toda
este projecto. A estratégia projectual e conceitual deste espaço não só pretende ser o espaço de miniaturização
do planeta Terra onde podemos assistir à simulação / recriação do ciclo hidrológico, através da presença da
água, de uma casa-percurso e de uma árvore, responsáveis por esse fenómeno natural no seu interior que
poderemos experienciar, bem como o espaço de engradecimento da miniatura, por poder no seu interior
acolher no natal, por exemplo, uma grande árvore carregada de neve por exemplo. Neste espaço poderemos
assistir à inversão de escalas constante daquilo que nela se apresenta sempre subordinado ao tema da água.
A Bolha de Vidro em suspensão no ar, será o grande espaço de exposição / apresentação de obras artísticas,
científicas e culturais inspiradas no tema da água e nos seus diversos estados materiais, apoiada por uma sala
polivalente e oficinas de trabalho. Podemos contemplá-la de cima, atravessá-la, permanecer dentro e debaixo
dela. A LINHA DA IMAGINAÇÃO será o seu horizonte.


O Guarda-Jóias, situado no ínicio da esquina da Rua Victorino Frois com a Calçada Praça 5 de Outubro, é
constituído por 6 pequenas caixas onde em cada uma podemos encontrar diversos temas relacionados com a
água. Aí ao nível da cobertura podemos encontrar uma fonte, um tanque, um poço, um depósito/sentinela
miradouro, um pátio, um jardim e até sistemas de condução da água, regadeiras e um aqueduto habitável ao
longo de todo museu. Todo este espaço se constitui como um terraço privilegiado de observação do largo
onde se encontra a rainha e simultaneamente tenta ser um prolongamento natural do Parque D. Carlos I,
a grande bolha / pulmão verde de toda esta zona. A grande particularidade deste espaço é o conjunto de
tampas/tectos amovíveis interactivos que cobrem cada um dos espaços deste guarda-jóias, qualificados
individualmente com a presença de vegetação aquática (liquens), criando planos verdes, ou outras
particularidades arquitectónicas, que podem controlar a luz e a sombra através dos seus níveis de
inclinação que varia entre os 0º e os 90º, tal tampas de uma caixa guarda-jóias.
Daí descemos ao piso inferior aéreo, o piso 1, onde poderemos encontrar uma Cafetaria, um Pátio e a Sala-
Trono da Rainha de onde se poderá admirar de modo privado e tranquilo a estátua da Rainha D. Leonor e o
Parque D. Carlos I.
No piso térreo com entrada pela Calçada da Praça 5 de Outubro entramos num espaço de Gruta em betão
escorrido, onde poderemos admirar no tecto a consequência-negativo dos espaços do piso de cima e percorrê-
la a toda a volta numa galeria / aqueduto construída com esse objectivo.
No piso -1, o mais baixo de todos, com entrada pela Rua Victorino Frois, teremos acesso à Praça Espelho
qualificada no seu pavimento e nas paredes laterais por espelhos-(de água) que se reflectem infinitamente,
que permitirá acesso exterior aos vários níveis do museu e à Travessa da Água Quente, com porta de entrada
no enfiamento das Escadinhas da Ilha. Aí poderemos experienciar sonoramente a água através de perfurações
realizados no solo com esse intuito, de onde poderão sair repuxos capazes de delimitar espaços.
A partir da Praça espelho podemos aceder subterraneamente ao espaço da bolha de vidro e
experienciarmos o peso da sua presença, atravessá-la e aparecer à superfície no Largo Conde Fontalva,
por detrás da grande cortina publicitária que a protege e a oculta misteriosamente / teatralmente ao nível
do piso térreo.
Para o transeunte distraído o museu transporta-o ao seu interior, revelando-lhe todos os seus segredos
interiores.


Materiais
Os materiais escolhidos: o betão, a cerâmica, o vidro, o espelho, a água e a vegetação, tenderão a criar
relações de mimetismo conceptual entre si. Ex: O betão desconfrado na vertical escorrido, tenderá a mimetizar
os líquens pendurados nas paredes do museu.


Todo o Museu da Água se constitui como a construção de um segredo que se sussurra ao ouvido,
estruturado na dupla estratégia arquitectónica de ocultação / revelação constante dos espaços e na
qualificação / criação de espaços de transição exterior / interior ao longo de todo o percurso de
utilização poética da água, capaz de evidenciar dois valores acrescentados da Caldas da Rainha: a água
(termal) e a cerâmica artística do “Curral”, o atelier-estúdio da Fábrica Secla.
O Museu da Água apresenta-se como uma viagem ao interior da terra, como um mergulho nas
profundezas da água e como um voo por entre as nuvens, sempre na procura incessante da matéria que
lhe dá mote nas suas diversas formas de aparição no espaço e na forma na vida.
Para terminar não será de mais referir todas as mais valias sociais: artísticas, científicas, culturais,
turísticas, lúdicas e de lazer que um espaço desta natureza pode trazer à cidade das caldas.


O MUSEU DE ÁGUA É UM PROJECTO DE ALTERAÇÃO PROGRAMÁTICA DA VOCAÇÃO HISTÓRICA
DESTE CENTRO DA CIDADE E DE ALTERAÇÃO AOS ESTADOS HUMANOS DOS HABITANTES E
VISITANTES DAS CALDAS DA RAINHA .




Os Espacialistas


Filipe Pereira
João Carlos Cerdeira
Luis Baptista
Sérgio Serol




Lisboa, 4 de Abril 2009.

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  • 1. MUSEU DA ÁGUA DAS CALDAS DA RAINHA
  • 2. quot;OS ESPACIALISTASquot; é um projecto arquitectónico / artístico laboratorial de análise e alteração programática do espaço. Utilizam a fotografia e o vídeo como dispositivos de desenho, de pensamento, de percepção e de diagnóstico do espaço natural e construído. A partir da realização de um conjunto de exercícios de espaço que denominam de ginástico/ conceptuais, as re(acções) espacialistas pretendem: - Fazer aparecer a vocação artística do espaço. - Dar aparência ao aparelho reprodutor artístico latente no corpo humano. - Proceder à reabilitação artística do espaço, do corpo e da vida. - Apresentar propostas imaginárias de projecto, arquitectónicas/artísticas de alteração programática, para os sítios de passagem/intervenção. Servem-se da máquina fotográfica ou de filmar como se de um lápis se tratasse, por causa do resultado que denominam de quot;esquiss/ços fotográficosquot;. Criados a partir da análise, da composição, da manipulação, da alteração programática e do registo das situações / especificidades naturais e construídas dos espaços por onde passam, bem como dos elementos materiais e objectuais aí encontrados e dos conteúdos do “Kit Espacialista Por/táctil” que transportam consigo.
  • 3. MUSEU DA ÁGUA DAS CALDAS DA RAINHA BOLHA / VITRINE DE ÁGUA + GUARDA-JÓIAS + PERCURSO DE UTILIZAÇÃO POÉTICA DA ÁGUA A proposta de projecto do Museu da Água para o Largo Conde Fontalva nas Caldas da Rainha é o resultado da aplicação da metodologia conceitual de trabalho dos Espacialistas. Da análise levada a cabo relativa ao sítio de intervenção e da tentativa de fazer aparecer a sua vocação artística, constatámos que o principal problema deste centro histórico da cidade, porque há outros, não é a posição da estátua da Rainha, defronte da entrada principal do Parque D. Carlos I, prestes a entrar na bolha / pulmão verde que o parque representa para a cidade das caldas, mas o estado de ruína dos espaços que se encontram atrás dela. Desenhar as costas da rainha e o “séquito” espacial envolvente de sua majestade, é a urgência nesta zona expectante da cidade. Proceder à alteração programática, à qualificação patrimonial dos espaços em ruínas e à criação de novo património por detrás da estátua da primeira principal figura da cidade deve ser a urgência prioritária deste sítio de intervenção. O Museu da Água que apresentamos pretende ter uma dupla vocação de enaltecimento e enquadramento espacial da figura da Rainha D. Leonor e da sua estratégia visionária de formação de um lugar a partir de um valor acrescentado que aí encontrou: a água termal que transformou na sua principal jóia da coroa e a vocação de apresentação da água como se de uma jóia real se tratasse exposta nas suas mais diversas manifestações de aparecimento na natureza e no quotidiano humano. HABITAR A MINIATURA E MINIATURIZAR A GRANDEZA O Museu da Água apresentado é um museu à escala da mão, onde a natureza e o ser humano podem trocar de escala constantemente. Miniaturizar a Natureza, habitar a miniatura e tornar a miniatura na grandeza são os principais motes conceituais deste projecto, do ponto de vista dos conteúdos temáticos aí apresentar. O Museu da Água pretende ser um presente à Rainha Dona Leonor e aos Caldenses.
  • 4. BOLHA / VITRINE DE ÁGUA + GUARDA-JÓIAS + PERCURSO DE UTILIZAÇÃO POÉTICA DA ÁGUA Conceito e ideia A partir do valor patrimonial que água termal representa para a cidade das Caldas da Rainha e do conceito de que água de uma forma geral é uma das riquezas mais valiosas do planeta e que deve ser tratada como uma jóia natural, a ideia do projecto apresenta-se como uma caixa que pretende ser um guarda-jóias real, capaz de guardar / arquivar no seu interior algumas das formas de aparência da água na natureza e nos espaços do quotidiano humano. O espaço projectado constitui-se por dois corpos arquitectónicos principais em levitação, um percurso e um espaço-suporte de todo o projecto : um muro espelhado - parede e pavimento simultaneamente - que delimita / protege toda a zona de intervenção e os espaços constituintes do projecto: uma Bolha Expositiva em Vidro, um Guarda-Jóias em Cerâmica e Betão e um Percurso de Utilização Poética da Água. A bolha de vidro expositiva e o guarda-jóias serão ligados por um passadiço e por uma passagem subterrânea no ínicio da Calçada 5 de Outubro que os separa. Essa ligação além de intensificar a ideia estruturante de todo o museu, o Percurso de Utilização Poética da Água, cria simultaneamente uma porta capaz de ligar o Largo de Fontalva e a Praça da República situada mais acima. A Bolha Expositiva, denominada de Vitrina de Água por detrás da rainha será a grande jóia da coroa de toda este projecto. A estratégia projectual e conceitual deste espaço não só pretende ser o espaço de miniaturização do planeta Terra onde podemos assistir à simulação / recriação do ciclo hidrológico, através da presença da água, de uma casa-percurso e de uma árvore, responsáveis por esse fenómeno natural no seu interior que poderemos experienciar, bem como o espaço de engradecimento da miniatura, por poder no seu interior acolher no natal, por exemplo, uma grande árvore carregada de neve por exemplo. Neste espaço poderemos assistir à inversão de escalas constante daquilo que nela se apresenta sempre subordinado ao tema da água. A Bolha de Vidro em suspensão no ar, será o grande espaço de exposição / apresentação de obras artísticas, científicas e culturais inspiradas no tema da água e nos seus diversos estados materiais, apoiada por uma sala polivalente e oficinas de trabalho. Podemos contemplá-la de cima, atravessá-la, permanecer dentro e debaixo dela. A LINHA DA IMAGINAÇÃO será o seu horizonte. O Guarda-Jóias, situado no ínicio da esquina da Rua Victorino Frois com a Calçada Praça 5 de Outubro, é constituído por 6 pequenas caixas onde em cada uma podemos encontrar diversos temas relacionados com a água. Aí ao nível da cobertura podemos encontrar uma fonte, um tanque, um poço, um depósito/sentinela
  • 5. miradouro, um pátio, um jardim e até sistemas de condução da água, regadeiras e um aqueduto habitável ao longo de todo museu. Todo este espaço se constitui como um terraço privilegiado de observação do largo onde se encontra a rainha e simultaneamente tenta ser um prolongamento natural do Parque D. Carlos I, a grande bolha / pulmão verde de toda esta zona. A grande particularidade deste espaço é o conjunto de tampas/tectos amovíveis interactivos que cobrem cada um dos espaços deste guarda-jóias, qualificados individualmente com a presença de vegetação aquática (liquens), criando planos verdes, ou outras particularidades arquitectónicas, que podem controlar a luz e a sombra através dos seus níveis de inclinação que varia entre os 0º e os 90º, tal tampas de uma caixa guarda-jóias. Daí descemos ao piso inferior aéreo, o piso 1, onde poderemos encontrar uma Cafetaria, um Pátio e a Sala- Trono da Rainha de onde se poderá admirar de modo privado e tranquilo a estátua da Rainha D. Leonor e o Parque D. Carlos I. No piso térreo com entrada pela Calçada da Praça 5 de Outubro entramos num espaço de Gruta em betão escorrido, onde poderemos admirar no tecto a consequência-negativo dos espaços do piso de cima e percorrê- la a toda a volta numa galeria / aqueduto construída com esse objectivo. No piso -1, o mais baixo de todos, com entrada pela Rua Victorino Frois, teremos acesso à Praça Espelho qualificada no seu pavimento e nas paredes laterais por espelhos-(de água) que se reflectem infinitamente, que permitirá acesso exterior aos vários níveis do museu e à Travessa da Água Quente, com porta de entrada no enfiamento das Escadinhas da Ilha. Aí poderemos experienciar sonoramente a água através de perfurações realizados no solo com esse intuito, de onde poderão sair repuxos capazes de delimitar espaços. A partir da Praça espelho podemos aceder subterraneamente ao espaço da bolha de vidro e experienciarmos o peso da sua presença, atravessá-la e aparecer à superfície no Largo Conde Fontalva, por detrás da grande cortina publicitária que a protege e a oculta misteriosamente / teatralmente ao nível do piso térreo. Para o transeunte distraído o museu transporta-o ao seu interior, revelando-lhe todos os seus segredos interiores. Materiais Os materiais escolhidos: o betão, a cerâmica, o vidro, o espelho, a água e a vegetação, tenderão a criar relações de mimetismo conceptual entre si. Ex: O betão desconfrado na vertical escorrido, tenderá a mimetizar os líquens pendurados nas paredes do museu. Todo o Museu da Água se constitui como a construção de um segredo que se sussurra ao ouvido, estruturado na dupla estratégia arquitectónica de ocultação / revelação constante dos espaços e na qualificação / criação de espaços de transição exterior / interior ao longo de todo o percurso de
  • 6. utilização poética da água, capaz de evidenciar dois valores acrescentados da Caldas da Rainha: a água (termal) e a cerâmica artística do “Curral”, o atelier-estúdio da Fábrica Secla. O Museu da Água apresenta-se como uma viagem ao interior da terra, como um mergulho nas profundezas da água e como um voo por entre as nuvens, sempre na procura incessante da matéria que lhe dá mote nas suas diversas formas de aparição no espaço e na forma na vida. Para terminar não será de mais referir todas as mais valias sociais: artísticas, científicas, culturais, turísticas, lúdicas e de lazer que um espaço desta natureza pode trazer à cidade das caldas. O MUSEU DE ÁGUA É UM PROJECTO DE ALTERAÇÃO PROGRAMÁTICA DA VOCAÇÃO HISTÓRICA DESTE CENTRO DA CIDADE E DE ALTERAÇÃO AOS ESTADOS HUMANOS DOS HABITANTES E VISITANTES DAS CALDAS DA RAINHA . Os Espacialistas Filipe Pereira João Carlos Cerdeira Luis Baptista Sérgio Serol Lisboa, 4 de Abril 2009.