O documento discute o romance regionalista no Nordeste brasileiro na década de 1930. Apresenta os principais autores da região, como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e José Lins do Rego, e suas obras mais importantes, como Vidas Secas, O Quinze e Fogo Morto. Essas obras retratam a dura realidade social e econômica do Nordeste, com ênfase na seca, fome e migrações.
2. O ROMANCE NEORREALISTA
Romances caracterizados pela denúncia
social, verdadeiro documento da realidade
brasileira, atingindo elevado grau de tensão
nas relações do eu com o mundo. Uma das
principais características do romance
brasileiro é o encontro do escritor com seu
povo. Há uma busca do homem brasileiro nas
diversas regiões, por isso o regionalismo
ganha importância, com destaque às relações
do personagem com o meio natural e social.
3. Os escritores nordestinos merecem
destaque especial, por sua denúncia da
realidade da região pouco conhecida nos
grandes centros. O 1° romance nordestino
foi A Bagaceira de José Américo de
Almeida. Esses romances retratam o
surgimento da realidade capitalista, a
exploração das pessoas, movimentos
migratórios, miséria, fome, seca etc.
4. GRACILIANO RAMOS
O alagoano Graciliano Ramos (1892-
1953) é o principal romancista da
geração de 1930.
Além de ter se dedicado à literatura, o
escritor também exerceu atividades
ligadas ao jornalismo, à vida pública e à
política.
5. VIDAS SECAS – GRACILIANO RAMOS
“Vidas Secas” é o único romance de
Graciliano Ramos escrito em 3ª pessoa;
Uma obra com o poder de fixar figuras
miseráveis vivendo o fatalismo da seca
do nordeste brasileiro;
Personagens trabalhados sob o ponto de
vista psicológico;
Referência ao naturalismo quanto ao
zoomorfismo.
6. SÃO BERNARDO – GRACILIANO RAMOS
Em São Bernardo (1934), verdadeira
obra-prima da literatura brasileira,
Graciliano apresenta uma notável
evolução em técnica e estilo e um
significativo aprofundamento na análise
psicológica das personagens, cujo
resultado é a criação de Paulo Honório,
uma das mais marcantes personagens
brasileiras. (ver apostila)
7. RACHEL DE QUEIROZ
Rachel de Queiroz nasceu em
Fortaleza (CE), tendo migrado para o
Rio de Janeiro, com a família, aos 5
anos, em decorrência da seca.
Estabeleceu-se, porém, outra vez em
fortaleza, anos mais tarde.
Publicou a obra “O Quinze” aos 20
anos.
8. O QUINZE
Rachel de Queiroz escreveu O Quinze a
partir de lembranças da própria
experiência com a seca em 1915.
O eixo narrativo da obra é a migração de
Chico Bento e sua família.
Em paralelo, desenvolve-se o tema do
amor impossível entre Vicente e
Conceição – ele, um jovem proprietário
rural; ela, uma moça culta da cidade.
9. ÚLTIMO PAU DE ARARA LUIZ GONZAGA ( INTERPRETAÇÃO DE ZÉ RAMALHO)
A vida aqui só é ruim
Quando não chove no chão
Mas se chover dá de tudo
Fartura tem de montão
Tomara que chova logo
Tomara, meu Deus, tomara
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço
Vou ficando por aqui
Que Deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outro canto não pára
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocoalho
Pendurado no pescoço
Vou ficando por aqui
10. JOSÉ LINS DO REGO
José Lins do Rego (1901-1957) nasceu no
município de Pilar, Paraíba. Fez direito em
Recife, onde teve contato com o grupo
modernista que ali surgia, formado por
Gilberto Freyre e José Américo de Almeida,
entre outros. Atuou como promotor em
Maceió, onde escreveu seus primeiros
livros e conviveu com Graciliano Ramos e
outros escritores regionalistas.
11. UM POUCO MAIS SOBRE JOSÉ LINS DO REGO
Muito da obra do escritor concilia ficção
com as recordações dos tempos de menino
e adolescente, quando vivia na fazenda do
avô paterno.
Numa linguagem fluida, solta, popular, o
escritor capta a vida nordestina por dentro
e registra-a num momento em que se
operavam no Nordeste transformações de
ordem social e econômicas profundas, fruto
da decadência do engenho, logo
substituído pela usina moderna.
12. OBRAS – JOSÉ LINS DO REGO
Os três primeiros livros do autor – Menino de
Engenho (1932), Doidinho (1933) e Banguê (1934)
– iniciam o ciclo da cana-de-açúcar, no qual José
Lins do Rego explorou essencialmente a
sociedade que se formava nas proximidades do
engenho em razão de sua existência.
Quando publicou Usina (1936), no qual é narrado o
declínio do engenho de cana-de-açúcar, o autor
revelou que a obra encerrava o ciclo citado. Fogo
Morto foi publicado sete anos depois e sintetiza o
universo temático dos livros anteriores, além de
demonstrar um grau de maturidade estilística e de
consciência estrutural que não havia nos demais.
13. FOGO MORTO
Fogo Morto é dividido em três partes, que
trazem em seus títulos o nome dos três
personagens principais: “O mestre José
Amaro”, “O Engenho de Seu Lula” e “O
Capitão Vitorino”. Esses personagens
representam, no plano psicológico e moral,
a situação em que, no nível
socioeconômico, estão os engenhos de
cana-de-açúcar, com a decadência dessa
cultura no processo histórico brasileiro.
14. FOGO MORTO
Eram chamados de “engenho de fogo
morto” aqueles engenhos que paravam de
produzir o açúcar, riqueza da época. O
espaço decrépito de um universo que
perdeu a importância econômica anterior
passa a agregar a seu redor personagens
decadentes, que, no entanto, carregam
ainda o orgulho patriarcal de outros
tempos. Essa disparidade entre a
aparência que os personagens ostentam e
a realidade em que vivem norteia todo o
romance.
15. JORGE AMADO
Jorge amado (1912-2001) nasceu em
Pirangi, no Estado da Bahia. Trabalhou
na imprensa e estudou Direito. Em 1931,
mudou-se para o rio de Janeiro e ficou
conhecido com a publicação do
romance O país do carnaval.
Alcançou notoriedade com dois
romances publicados logo em seguida:
Cacau e Suor.
16. JORGE AMADO
A maior parte da sobras do escritor,
principalmente as primeiras que
publicou, apresenta preocupação
político-social, denunciando a miséria e
a opressão do trabalhador rural e das
classes populares.
17. MAIS SOBRE JORGE AMADO
Conforme o autor foi amadurecendo,
sua força poética voltou-se para os
pobres, para a infância abandonada e
delinquente, para a miséria do negro,
para o cais e os pescadores de sua terra
natal, para a seca, o cangaço e para a
exploração do trabalhador urbano e
rural.