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                                                                                                                            O GLOBO
                                                                                           TEMA EM DISCUSSÃO: Choque de ordem no carnaval

               NOSSA OPINIÃO                                                                                                                        OUTRA OPINIÃO


        Organização necessária                                                                                                                Salvem o folião
        O
                   renascimento do carnaval de rua     tes. Nada a ver com colocar amarras na fo-                                             LUIZ ANTONIO SIMAS                                 envolve o risco de matar o folião espontâ-
                   no Rio é fenômeno saudável por      lia, ou burocratizar os desfiles das agremia-                                                                                             neo, comandante de uma armada de piratas,



                                                                                                                                             S
                   recuperar para a cultura carioca    ções. Animação não rima com desrespeito                                                        e algum dia alguém resolvesse escre-       colombinas, índios, faraós e árabes que vão
                   uma manifestação popular que,       a direitos alheios. Por exemplo, são inacei-                                                   ver uma versão brasileira do Dom           se juntando sem trajeto definido, horário de
        no final do século passado, parecia conde-     táveis, por mais que o carnaval do Rio seja                                                    Quixote, não tenho dúvidas de que o        partida ou de chegada.
        nada ao desaparecimento. Blocos, bandas        conhecido em todo o mundo pela liberdade                                                       cavaleiro da triste figura deveria ser       Durante a Primeira República, o governo
        e cordões praticamente renascidos, alguns      quase total de que desfrutam os foliões, ma-                                           representado pelo folião do Bloco do Eu So-        resolveu alterar a data do carnaval de 1912,
        rejuvenescidos, como o Bola Preta, outros      nifestações de incivilidade como urinar nas                                            zinho. É isso mesmo: o Quixote brasileiro é        em virtude do falecimento do Barão do Rio
        criados no embalo da cada vez mais cres-       ruas. Também não se pode prescindir de                                                 aquele sujeito que vestiu a fantasia e saiu        Branco. Quando correu a notícia de que o ve-
        cente demanda de foliões, voltaram a esta-     um bem montado esquema de planejamen-                                                  às ruas no carnaval rigorosamente solitá-          lho tinha batido a caçoleta, foi determinado
        belecer um democrático balanço na folia: o     to dos desfiles, de transferência de locais                                            rio ou, no máximo, na companhia de desa-           que a festa de Momo se realizasse apenas no
        Sambódromo para as escolas, com seu es-        de concentração de agremiações de menor                                                jeitados escudeiros catados à sorrelfa em          sábado de Aleluia. Resultado: os anônimos
        paço limitado por necessárias imposições       tradição, principalmente na Zona Sul, área                                             alguma esquina.                                    foliões foram saindo às ruas de mansinho e,
        de uma estrutura que movimenta milhões         já saturada, e mesmo de contenção do nú-                                                  Esse folião está em vias de se extinguir, en-   quando se percebeu, o fuzuê estava formado
        em investimentos, públicos e privados, do      mero de licenças concedidas para novos                                                 golido pelas multidões coreografadas, sub-         antes mesmo que o cadáver do Barão esfrias-
        que resulta uma festa extasiante, celebrada    grupos carnavalescos, o que vem sendo fei-                                             merso em materiais de propaganda de em-            se na sepultura. O povão batia bumbos e can-
        como uma das maiores e mais                                  to pela prefeitura.                                                      presas que patrocinam a folia e                                   tava uma quadrinha que se es-
        belas do mundo; as ruas, para a                                São providências que em                                                atropelado por caminhões de                                       palhou pela cidade: “Com a
        diversão pura, o improviso das                               nada prejudicam a qualidade                                              som com amplificadores poten-                                     morte do Barão/ Teremos dois
        fantasias, o descompromisso O poder público e a animação dos desfiles,                                                                tes. Não bastasse isso, se o soli-     O risco é algum carnavá/Ai que bom, ai que
        de brincar livre de convenções.                              muito menos que possam po-                                               tário folião consegue um espaço                                   gostoso/ Se morresse o mare-
          Esse renascer, no entanto, im-     tem o dever de dar o espírito democrático do                                                     para erguer o seu estandarte e               fiscal da            chá.” O marechal em questão
        plica uma preocupação que se                                 carnaval de rua. Ao contrário,                                           sair cantando a “Jardineira”, é                                   era simplesmente o presidente
        projeta para o futuro do carna-       intervir para          são medidas que visam a evi-                                             capaz de ser abordado por um           prefeitura pedir Hermes da Fonseca. Não co-
        val de rua: o que fazer para evi-                            tar que, a médio e longo pra-                                            fiscal da prefeitura em busca do                                  nheço momento mais emble-
        tar que os blocos sejam vítimas         controlar o          zos, os blocos cheguem a um                                              alvará que lhe conceda a licença          alvará para             mático na história do carnaval
        do próprio sucesso? A questão                                estágio de crescimento que                                               para cair na gandaia.                                             carioca.
        pode ser dimensionada em esta-          gigantismo           os inviabilize.                                                             Sempre fui defensor de uma              a gandaia                 O verdadeiro folião — espre-
        tísticas. Ano passado, o número                                Ações implementadas pela                                               ideia que não tem lá muitos                                       mido entre a cruz (a multidão or-
        de foliões que brincaram ao em-                              prefeitura nos últimos anos                                              adeptos: os maiores foliões são                                   ganizada) e a espada (o alvará
        balo das agremiações do Rio                                  confirmam que a organização,                                             os tristes. O tríduo não foi feito                                que não possui) — sabe que a
        cresceu em torno de 20% em relação a 2010,     diferentemente de engessar os blocos, con-                                             para os festeiros escancarados, os baianos         experiência carnavalesca é uma pequena mor-
        ano em que, por sua vez, já havia mais gente   tribui para que sua pujança não vire um tiro                                           de ocasião, as polianas desvairadas do so-         te. Durante os dias de Momo, a máscara preva-
        brincando nos blocos do que o total registra-  no pé. Ano passado, o aumento do número                                                nho bom, os colecionadores de abadás. O            lece e todas as inversões sociais são urgentes e
        do em 2009. É uma progressão até agora sem     de banheiros químicos, se não acabou com o                                             legítimo folião não programa o carnaval; sa-       necessárias.
        limite (este ano, também cresceu o contin-     problema da falta de educação de foliões que                                           be apenas que vai para a rua imolar-se nos           O esquecimento é a essência da folia. A
        gente das agremiações em relação a 2011).      urinam em público, ajudou a reduzir sensi-                                             blocos e cordões e morrer até a Quarta-Fei-        espontaneidade é o seu mote. É direito
        Saudável, animadora, positiva, mas que re-     velmente tais demonstrações de falta de edu-                                           ra de Cinzas, quando ressuscitará como bu-         de todo carnavalesco zombar pacifica-
        clama ações do poder público para o gigan-     cação. O planejamento da agenda de desfiles                                            rocrata, marido, esposa, professor ou escri-       mente dos barões e marechais da vez — e
        tismo não sair do controle.                    com um ano de antecedência também é ou-                                                turário, para o longo e medíocre intervalo         isso deve lhe ser garantido pelos própri-
          Numa cidade em que ainda são grandes         tro ponto positivo: nos desfiles da semana                                             cotidiano entre um carnaval e outro.               os barões e marechais. Que cada um dos
        as demandas urbanísticas, é imprescindí-       passada, o primeiro grande teste do carnaval                                              A ideia de se transformar o carnaval de rua     consagrados na Ordem de Momo tenha,
        vel que o crescimento dos blocos seja          de rua deste ano no Rio, os registros de con-                                          em uma eterna micareta no balneário dos            pacificamente, a liberdade de se esbal-
        acompanhado de intervenções que mante-         tratempos ficaram dentro de um limite acei-                                            grandes eventos — e os conseqüentes dile-          dar. É possível?
        nham o fenômeno dentro de limites que          tável. Um início animador da atual tempora-                                            mas que envolvem as relações entre o poder
        não prejudiquem a cidade e seus habitan-       da carnavalesca.                                                                       público e as agremiações carnavalescas —           LUIZ ANTONIO SIMAS é professor de História.




Um crime de lesa-cidade
                                                                                                                                                                                                                                                                           Marcelo
ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA                                          da aos carnavalescos acreditar em fan-




N
                                                                   tasias, a eles é dada a pele colorida dos
         ão havia, na certa, carnava-                              arlequins.
         lescos entre os que tenta-                                  Políticos de diminuta estatura, que
         ram instrumentalizar a gre-                               pouco se importam com o destino do
         ve da polícia do Rio para sa-                             Rio, apenas com suas próprias medí-
botar o carnaval. Se houvesse saberi-                              ocres ambições, esquecem que aqui
am que com o carnaval não se brinca.                               vive um povo que encarna e leva a sé-
Essa instituição milenar que sobre-                                rio o carnaval. Mesmo se é para tudo
viveu à travessia de oceanos, que,                                 se acabar na quarta-feira, a força do
em nossas plagas, vicejou como em                                  Bola, do Simpatia, do Boitatá e tantos
nenhum outro lugar graças à afortu-                                outros é maior que a insensatez dos
nada mistura de culturas e cores de                                que cometeram um verdadeiro crime
peles de que somos feitos, não é,                                  de lesa-cidade.
simplesmente, passível de sabota-                                    No magistral filme de Nelson Perei-
gem. Tampouco havia entre esses                                    ra dos Santos, “A música segundo
pescadores de águas turvas quem                                    Tom Jobim”, o desfile do maestro na
de fato conheça o povo carioca. En-                                Passarela do Samba, com seu terno
quanto políticos oportunistas ten-                                 branco e chapéu de malandro, como
tavam detonar a festa, sacudindo o                                 um imperador dos trópicos encarapi-
estandarte do caos e manipulando a                                 tado em uma profusão de verde, sin-
dura e, sem dúvida, mal paga vida                                  tetiza a glória que cobriu sua vida. Es-
dos policiais, o Bola Preta, sem me-                               se gran finale enche de orgulho o es-
do de ser feliz, desfilou na sexta-fei-                            pectador: orgulho de Tom, de Nel-
ra em que a greve foi decretada,                                   son, do Brasil.
abrindo a folia e apostando na ale-                                  Darcy Ribeiro, ele mesmo um per-
gria contra os maus presságios.                                    sonagem arlequinal, mineiro que di-
  Essa respeitável agremiação popu-                                zia ser o Rio a mais bela província da
lar que há 94 anos mostra um poder                                 Terra, a contragosto dos caciques
convocatório superior ao de qualquer                               das escolas de samba legou-nos o
político — põe dois milhões de foliões                             controverso Sambódromo. A passa-
na rua — se alimenta do mistério do                                rela é hoje um panteão a céu aberto            dão de figurantes, onde se misturam                 essa festa como o rico patrimônio                      paz e a civilidade são valores que vão
carnaval. Vive da fantasia, não só da-                             onde se inscrevem nas retinas e me-            moradores de todos os bairros, onde a               cultural que ela é, luminosa fantasia                  falar cada vez mais alto. A cultura, en-
quela que veste, branca com bolinhas                               mórias de milhões de pessoas ima-              cidade, por algumas noites, se encon-               com que o Rio se veste e se apresenta                  tendida como os modos de ser e de
pretas, mas da fantasia ancestral que                              gens e nomes dos que fizeram a histó-          tra, se recompõe e acena com a pro-                 ao mundo. Sabotar o carnaval é, sim,                   fazer de uma sociedade, irrompe na
renasceu a cada século, habitou tantas                             ria política ou cultural do país, home-        messa do que poderia ser e ainda não                um crime de lesa-cidade, no momen-                     cena política como um fator determi-
épocas e povos e que nos leva, durante                             nageados e recriados pelo talento              é. Mas, como Darcy gostava de dizer;                to em que ela, mais do que nunca,                      nante do futuro do Rio. Quem a des-
alguns dias, a viver outras vidas, o que                           dos que continuam a escrevê-la.                “havemos de amanhecer”.                             busca afirmar-se e ser respeitada co-                  preza ignora o que move a cidade e
ajuda a suportar, no resto do ano, a ás-                             Pouco importa se a evocação de he-             Há uma beleza única nas madruga-                  mo metrópole global.                                   por onde ela se está movendo.
pera vida real. O caos dos blocos tem                              róis deve menos aos historiadores do           das de carnaval, nos arredores da                     Frente à chantagem, o comando da                       Não havia no bloco dos desman-
uma natureza que lhe é própria — é o                               que a Stanislaw Ponte Preta. Ali se en-        passarela, onde pássaros de todas as                Polícia Militar deu uma prova de fir-                  cha-prazeres ninguém capaz de avali-
caos do imaginário e nele é banal en-                              contra de Ana Botafogo à Intrépida             plumagens, as asas quebradas pelo                   meza e sentido de responsabilidade:                    ar a que ponto o Rio está mudando e
contrar-se um sheik abraçado a uma                                 Trupe puxando uma comissão de fren-            cansaço depois de um voo cego so-                   a ordem seria mantida. Quem saiu às                    para melhor.
índia de espanador. E segue o cordão                               te. Ali se exerceu o gênio barroco de          bre a Avenida, pousam no asfalto e                  ruas confiou no que lhe foi prometi-
que vai por aí, colhendo nas calçadas                              Joãozinho Trinta. Ali se produz o mila-        adormecem. Manhã de carnaval.                       do. Ganhou a cidade.                                   ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA é escritora.
barbados de meia arrastão. É graça da-                             gre das escolas de samba e sua multi-            Era dever das autoridades proteger                  A alegria da população, o desejo de                  E-mail: rosiska.darcy@uol.com.br.

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                        Helena Celestino e Paulo Motta;                        Pesquisa:                                                                                  sexta: das 6h30m às 19h –
                                                                                                            (21) 2534-4333                   fax: (61) 3327-8369                                          EXEMPLARES                            ser enviadas através da
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                                                                               Atendimento ao estudante:    e feriados: (21) 2534-5501       (71) 243-3944/243-3387                                       Rua Marquês de Pombal 75              defesadoconsumidor
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                                                                               (21) 2524-5610               Loja: Rua Irineu Marinho 35,     fax: (71) 243-3587
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             Ciência: Ana Lucia Azevedo; Saúde: Marília Martins;                                            Cidade Nova                      São Paulo:                                                   o dobro do de capa atual
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              Arte: Leo Tavejnhansky; Opinião: Aluízio Maranhão                                             International sales:             (11) 3226-7888               corrente (preço de segunda a
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Opinião 18 fev 1

  • 1. 6 Sábado, 18 de fevereiro de 2012 O GLOBO TEMA EM DISCUSSÃO: Choque de ordem no carnaval NOSSA OPINIÃO OUTRA OPINIÃO Organização necessária Salvem o folião O renascimento do carnaval de rua tes. Nada a ver com colocar amarras na fo- LUIZ ANTONIO SIMAS envolve o risco de matar o folião espontâ- no Rio é fenômeno saudável por lia, ou burocratizar os desfiles das agremia- neo, comandante de uma armada de piratas, S recuperar para a cultura carioca ções. Animação não rima com desrespeito e algum dia alguém resolvesse escre- colombinas, índios, faraós e árabes que vão uma manifestação popular que, a direitos alheios. Por exemplo, são inacei- ver uma versão brasileira do Dom se juntando sem trajeto definido, horário de no final do século passado, parecia conde- táveis, por mais que o carnaval do Rio seja Quixote, não tenho dúvidas de que o partida ou de chegada. nada ao desaparecimento. Blocos, bandas conhecido em todo o mundo pela liberdade cavaleiro da triste figura deveria ser Durante a Primeira República, o governo e cordões praticamente renascidos, alguns quase total de que desfrutam os foliões, ma- representado pelo folião do Bloco do Eu So- resolveu alterar a data do carnaval de 1912, rejuvenescidos, como o Bola Preta, outros nifestações de incivilidade como urinar nas zinho. É isso mesmo: o Quixote brasileiro é em virtude do falecimento do Barão do Rio criados no embalo da cada vez mais cres- ruas. Também não se pode prescindir de aquele sujeito que vestiu a fantasia e saiu Branco. Quando correu a notícia de que o ve- cente demanda de foliões, voltaram a esta- um bem montado esquema de planejamen- às ruas no carnaval rigorosamente solitá- lho tinha batido a caçoleta, foi determinado belecer um democrático balanço na folia: o to dos desfiles, de transferência de locais rio ou, no máximo, na companhia de desa- que a festa de Momo se realizasse apenas no Sambódromo para as escolas, com seu es- de concentração de agremiações de menor jeitados escudeiros catados à sorrelfa em sábado de Aleluia. Resultado: os anônimos paço limitado por necessárias imposições tradição, principalmente na Zona Sul, área alguma esquina. foliões foram saindo às ruas de mansinho e, de uma estrutura que movimenta milhões já saturada, e mesmo de contenção do nú- Esse folião está em vias de se extinguir, en- quando se percebeu, o fuzuê estava formado em investimentos, públicos e privados, do mero de licenças concedidas para novos golido pelas multidões coreografadas, sub- antes mesmo que o cadáver do Barão esfrias- que resulta uma festa extasiante, celebrada grupos carnavalescos, o que vem sendo fei- merso em materiais de propaganda de em- se na sepultura. O povão batia bumbos e can- como uma das maiores e mais to pela prefeitura. presas que patrocinam a folia e tava uma quadrinha que se es- belas do mundo; as ruas, para a São providências que em atropelado por caminhões de palhou pela cidade: “Com a diversão pura, o improviso das nada prejudicam a qualidade som com amplificadores poten- morte do Barão/ Teremos dois fantasias, o descompromisso O poder público e a animação dos desfiles, tes. Não bastasse isso, se o soli- O risco é algum carnavá/Ai que bom, ai que de brincar livre de convenções. muito menos que possam po- tário folião consegue um espaço gostoso/ Se morresse o mare- Esse renascer, no entanto, im- tem o dever de dar o espírito democrático do para erguer o seu estandarte e fiscal da chá.” O marechal em questão plica uma preocupação que se carnaval de rua. Ao contrário, sair cantando a “Jardineira”, é era simplesmente o presidente projeta para o futuro do carna- intervir para são medidas que visam a evi- capaz de ser abordado por um prefeitura pedir Hermes da Fonseca. Não co- val de rua: o que fazer para evi- tar que, a médio e longo pra- fiscal da prefeitura em busca do nheço momento mais emble- tar que os blocos sejam vítimas controlar o zos, os blocos cheguem a um alvará que lhe conceda a licença alvará para mático na história do carnaval do próprio sucesso? A questão estágio de crescimento que para cair na gandaia. carioca. pode ser dimensionada em esta- gigantismo os inviabilize. Sempre fui defensor de uma a gandaia O verdadeiro folião — espre- tísticas. Ano passado, o número Ações implementadas pela ideia que não tem lá muitos mido entre a cruz (a multidão or- de foliões que brincaram ao em- prefeitura nos últimos anos adeptos: os maiores foliões são ganizada) e a espada (o alvará balo das agremiações do Rio confirmam que a organização, os tristes. O tríduo não foi feito que não possui) — sabe que a cresceu em torno de 20% em relação a 2010, diferentemente de engessar os blocos, con- para os festeiros escancarados, os baianos experiência carnavalesca é uma pequena mor- ano em que, por sua vez, já havia mais gente tribui para que sua pujança não vire um tiro de ocasião, as polianas desvairadas do so- te. Durante os dias de Momo, a máscara preva- brincando nos blocos do que o total registra- no pé. Ano passado, o aumento do número nho bom, os colecionadores de abadás. O lece e todas as inversões sociais são urgentes e do em 2009. É uma progressão até agora sem de banheiros químicos, se não acabou com o legítimo folião não programa o carnaval; sa- necessárias. limite (este ano, também cresceu o contin- problema da falta de educação de foliões que be apenas que vai para a rua imolar-se nos O esquecimento é a essência da folia. A gente das agremiações em relação a 2011). urinam em público, ajudou a reduzir sensi- blocos e cordões e morrer até a Quarta-Fei- espontaneidade é o seu mote. É direito Saudável, animadora, positiva, mas que re- velmente tais demonstrações de falta de edu- ra de Cinzas, quando ressuscitará como bu- de todo carnavalesco zombar pacifica- clama ações do poder público para o gigan- cação. O planejamento da agenda de desfiles rocrata, marido, esposa, professor ou escri- mente dos barões e marechais da vez — e tismo não sair do controle. com um ano de antecedência também é ou- turário, para o longo e medíocre intervalo isso deve lhe ser garantido pelos própri- Numa cidade em que ainda são grandes tro ponto positivo: nos desfiles da semana cotidiano entre um carnaval e outro. os barões e marechais. Que cada um dos as demandas urbanísticas, é imprescindí- passada, o primeiro grande teste do carnaval A ideia de se transformar o carnaval de rua consagrados na Ordem de Momo tenha, vel que o crescimento dos blocos seja de rua deste ano no Rio, os registros de con- em uma eterna micareta no balneário dos pacificamente, a liberdade de se esbal- acompanhado de intervenções que mante- tratempos ficaram dentro de um limite acei- grandes eventos — e os conseqüentes dile- dar. É possível? nham o fenômeno dentro de limites que tável. Um início animador da atual tempora- mas que envolvem as relações entre o poder não prejudiquem a cidade e seus habitan- da carnavalesca. público e as agremiações carnavalescas — LUIZ ANTONIO SIMAS é professor de História. Um crime de lesa-cidade Marcelo ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA da aos carnavalescos acreditar em fan- N tasias, a eles é dada a pele colorida dos ão havia, na certa, carnava- arlequins. lescos entre os que tenta- Políticos de diminuta estatura, que ram instrumentalizar a gre- pouco se importam com o destino do ve da polícia do Rio para sa- Rio, apenas com suas próprias medí- botar o carnaval. Se houvesse saberi- ocres ambições, esquecem que aqui am que com o carnaval não se brinca. vive um povo que encarna e leva a sé- Essa instituição milenar que sobre- rio o carnaval. Mesmo se é para tudo viveu à travessia de oceanos, que, se acabar na quarta-feira, a força do em nossas plagas, vicejou como em Bola, do Simpatia, do Boitatá e tantos nenhum outro lugar graças à afortu- outros é maior que a insensatez dos nada mistura de culturas e cores de que cometeram um verdadeiro crime peles de que somos feitos, não é, de lesa-cidade. simplesmente, passível de sabota- No magistral filme de Nelson Perei- gem. Tampouco havia entre esses ra dos Santos, “A música segundo pescadores de águas turvas quem Tom Jobim”, o desfile do maestro na de fato conheça o povo carioca. En- Passarela do Samba, com seu terno quanto políticos oportunistas ten- branco e chapéu de malandro, como tavam detonar a festa, sacudindo o um imperador dos trópicos encarapi- estandarte do caos e manipulando a tado em uma profusão de verde, sin- dura e, sem dúvida, mal paga vida tetiza a glória que cobriu sua vida. Es- dos policiais, o Bola Preta, sem me- se gran finale enche de orgulho o es- do de ser feliz, desfilou na sexta-fei- pectador: orgulho de Tom, de Nel- ra em que a greve foi decretada, son, do Brasil. abrindo a folia e apostando na ale- Darcy Ribeiro, ele mesmo um per- gria contra os maus presságios. sonagem arlequinal, mineiro que di- Essa respeitável agremiação popu- zia ser o Rio a mais bela província da lar que há 94 anos mostra um poder Terra, a contragosto dos caciques convocatório superior ao de qualquer das escolas de samba legou-nos o político — põe dois milhões de foliões controverso Sambódromo. A passa- na rua — se alimenta do mistério do rela é hoje um panteão a céu aberto dão de figurantes, onde se misturam essa festa como o rico patrimônio paz e a civilidade são valores que vão carnaval. Vive da fantasia, não só da- onde se inscrevem nas retinas e me- moradores de todos os bairros, onde a cultural que ela é, luminosa fantasia falar cada vez mais alto. A cultura, en- quela que veste, branca com bolinhas mórias de milhões de pessoas ima- cidade, por algumas noites, se encon- com que o Rio se veste e se apresenta tendida como os modos de ser e de pretas, mas da fantasia ancestral que gens e nomes dos que fizeram a histó- tra, se recompõe e acena com a pro- ao mundo. Sabotar o carnaval é, sim, fazer de uma sociedade, irrompe na renasceu a cada século, habitou tantas ria política ou cultural do país, home- messa do que poderia ser e ainda não um crime de lesa-cidade, no momen- cena política como um fator determi- épocas e povos e que nos leva, durante nageados e recriados pelo talento é. Mas, como Darcy gostava de dizer; to em que ela, mais do que nunca, nante do futuro do Rio. Quem a des- alguns dias, a viver outras vidas, o que dos que continuam a escrevê-la. “havemos de amanhecer”. busca afirmar-se e ser respeitada co- preza ignora o que move a cidade e ajuda a suportar, no resto do ano, a ás- Pouco importa se a evocação de he- Há uma beleza única nas madruga- mo metrópole global. por onde ela se está movendo. pera vida real. O caos dos blocos tem róis deve menos aos historiadores do das de carnaval, nos arredores da Frente à chantagem, o comando da Não havia no bloco dos desman- uma natureza que lhe é própria — é o que a Stanislaw Ponte Preta. Ali se en- passarela, onde pássaros de todas as Polícia Militar deu uma prova de fir- cha-prazeres ninguém capaz de avali- caos do imaginário e nele é banal en- contra de Ana Botafogo à Intrépida plumagens, as asas quebradas pelo meza e sentido de responsabilidade: ar a que ponto o Rio está mudando e contrar-se um sheik abraçado a uma Trupe puxando uma comissão de fren- cansaço depois de um voo cego so- a ordem seria mantida. Quem saiu às para melhor. índia de espanador. E segue o cordão te. Ali se exerceu o gênio barroco de bre a Avenida, pousam no asfalto e ruas confiou no que lhe foi prometi- que vai por aí, colhendo nas calçadas Joãozinho Trinta. Ali se produz o mila- adormecem. Manhã de carnaval. do. Ganhou a cidade. ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA é escritora. barbados de meia arrastão. É graça da- gre das escolas de samba e sua multi- Era dever das autoridades proteger A alegria da população, o desejo de E-mail: rosiska.darcy@uol.com.br. N ORGANIZAÇÕES GLOB0 FALE COM O GLOBO Presidente: Roberto Irineu Marinho Classifone: (21) 2534-4333 Para assinar: (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine Geral e Redação: (21) 2534-5000 Vice-Presidentes: João Roberto Marinho ● José Roberto Marinho AG Ê N C I A O G L O B O P U B L I C I DA D E SUCURSAIS A S S I N AT U R A V E N DA AV U L S A AT E N D I M E N T O OGLOBO DE NOTÍCIAS Noticiário: (21) 2534-4310 Belo Horizonte: Atendimento ao assinante ESTADOS DIAS ÚTEIS DOMINGOS AO L E I T O R é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A. 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