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Viagens na minha terra
Almeida Garrett
Narrador
participante –
1ª pessoa
49
capítulos
Romance
histórico
1º EIXO
o narrador conta suas impressões de
viagens, intercalando citações literárias,
filosóficas e históricas, com um tom
subjetivo e repleto de digressões e
intertextualidades. Citações:
Shakespeare, Camões, Cervantes,
Goethe e Homero, Napoleão
Bonaparte, D. Fernando, Bacon e outros.
2º EIXO
interposto no meio dos relatos de
viagem, conta o drama amoroso que
envolve cinco personagens. Essa
narrativa amorosa tem como pano
de fundo as lutas entre liberais e
miguelistas (1830 a 1834).
No final do livro, Garret utiliza-se
da Metalepse (encontro do autor
com a sua ficção – o autor torna-se
parte da narração, conversa com as
personagens e até lê a Carta de
Carlos).
Desfecho
Carlos torna-se
barão e deixa
Georgina, enquanto
Joaninha
enlouquece e
morre.
Clímax
Quando, após
descobrir o
segredo, Carlos
abandona
Joaninha e se
restabelece com
Georgina.
Problemática
Um segredo familiar
em meio a uma guerra
civil. Carlos se
encaminha para a
descoberta: Frei Dinis é
seu pai.
Protagonistas
Personagens
Secundários
•Joaninha
•Carlos
•D. Francisca
•Frei Dinis
•Georgina
Joaninha, com seus olhos verdes (aos quais é dedicada
uma página de louvores), representa a pureza da vida
campestre, limpa da corrupção citadina, impoluta na
sua mente ingênua.
Carlos reencontra-se com sua família,
durante a guerra, e se apaixona por
sua prima, porém perante a sujidade
que a vida das grandes cidades já lhe
entranhara na alma, renuncia ao seu
amor (os últimos capítulos foram
dedicados à carta final de Carlos).
No fim, ele perde seus
ideais, moralmente “suicida-se”,
tornando-se materialista, o
“barão” politiqueiro, rico e gordo.
No entanto, o fracasso de Carlos é em grande
parte o fracasso do país que acabava de sair da
guerra civil entre miguelistas e liberais e que
dava os primeiros passos duma vivência social e
política em moldes modernos.
Frei Dinis representa o
que ainda restava de
positivo e negativo do
Portugal velho,
absolutista; Carlos
representa o espírito
renovador e liberal.
D. Francisca: velha cega avó de Joaninha.
Mostra-nos a imprudência e a falta de
planejamento com que Portugal se colocava no
governo dos liberalistas, levando a nação à
decadência.
Georgina: namorada inglesa de
Carlos, é a estrangeira de visão
ingênua, que escolhe a reclusão
religiosa como justificativa para
não participar dos dilemas e
conflitos históricos que
motivaram sua decepção
amorosa.
Romance publicado
em 1846, no contexto do
Romantismo, embora,
como o próprio autor diz
em sua narrativa, o
livro não se enquadra
nos princípios estilísticos
e temáticos românticos(a
penas a narrativa da
Menina
dos Rouxinóis é exceção
- história trágica de
amor).
Gênero híbrido: composto de
relatos autobiográficos, anotações da viagem
que o autor realiza, crônica histórica e
social, reflexões literárias e filosóficas, além
de novela sentimental.
Trata-se de um Romance
que envolve muito a
História de Portugal
(Revolução Liberal), conta
um Romance (entre Carlos
e Joaninha) e apresenta
críticas pessoais do autor
em relação à situação da
Sociedade e Política
portuguesas da época
(século XIX).
Ideias liberais surgiram em oposição à
monarquia absoluta, ao mercantilismo,
às diversas formas de ortodoxia religios
a e clericalismo.
Disputa politico-ideológica entre os
Conservadores (Absolutistas) e os
Liberais (Constitucionais) que foi
antecedida por uma grande crise
(invasões francesas napoleônicas e crise
do colonialismo no Brasil o qual fora
elevado a condição de Reino Unido a
Portugal apos a Vinda da Família Real).
1830: Guerra Civil
(pela reação Monárquica Absolutista
que não aceitava as restrições ao
poder régio) em que opunham-
se Partido Constitucionalista (liderado
pela Rainha D.ª Maria II e o Imperador
D. Pedro I) e o Partido Tradicionalista
(liderado por D. Miguel I), terminando
com a vitória Liberal.
Almeida Garrett aparece
na obra em primeira
pessoa, como narrador
participante (relata seu
ponto de vista, opiniões,
suas experiências ao
visitar pontos
históricos das cidades
portuguesas como
Igrejas, ruínas, túmulos
de personalidades
famosas e santos, entre
outros).
“O coração humano é como o estômago humano, não
pode estar vazio, precisa de alimento sempre: são e
generoso só as afeições lho podem dar; o ódio, a inveja e
toda a outra paixão má é estímulo que só irrita mas não
sustenta. Se a razão e a moral nos mandam abster destas
paixões, se as quimeras filosóficas, ou outras, nos
vedarem aquelas, que alimento dareis ao coração, que há
de ele fazer? Gastar-se sobre si mesmo, consumir-se…
Altera-se a vida, apressa-se a dissolução moral da
existência, a saúde da alma é impossível.
O que pode viver assim, vive para fazer mal ou para não
fazer nada. Ora o que não ama, que não ama
apaixonadamente, seu filho se o tem, sua mãe se a
conserva, ou a mulher que prefere a todas, esse homem é
o tal, e Deus me livre dele. Sobretudo que não escreva:
há de ser um maçador terrível.” (Capítulo XI)
Uso de metalinguagem: o narrador, por vezes,
questiona o leitor, outras alerta-o sobre o que
falou ou sobre o drama de Joaninha, e mais.
“Se ainda te cansas dessas quimeras, dou-te
conselho que voltes a página obnóxia, porque
estas reflexões do último capítulo são tão
deslocadas no meu livro como tudo mais neste
mundo.”
Obnóxia: esquisit, vil, vulgar.
EXERCÍCIOS
“Sim, leitor benévolo, e por esta ocasião vou te
explicar como nós hoje em dia fazemos a nossa
literatura. Já não me importa guardar segredo;
depois desta desgraça não me importa já nada.
Saberás pois, ó leitor, como nós outros fazemos o
que te fazemos ler.
Trata-se de um romance, de um drama — cuidas
que vamos estudar a história, a natureza, os
monumentos, as pinturas, os sepulcros, os edifícios,
as memórias da época? Não seja pateta, senhor
leitor, nem cuide que nós o somos. Desenhar
caracteres e situações do vivo na natureza, colori-
los das cores verdadeiras da história… isso é
trabalho difícil, longo, delicado, exige um estudo,
um talento, e sobretudo um tato!…
Não senhor: a coisa faz-se muito mais facilmente. Eu lhe
explico. Todo o drama e todo o romance precisa de: Uma
ou duas damas. Um pai. Dois ou três filhos, de dezenove
a trinta anos. Um criado velho. Um monstro, encarregado
de fazer as maldades. Vários tratantes, e algumas pessoas
capazes para intermédios. Ora bem; vai-se aos figurinos
franceses de Dumas, de Eug. Sue, de Vítor Hugo, e recorta
a gente, de cada um deles, as figuras que precisa, gruda-
as sobre uma folha de papel da cor da moda, verde,
pardo, azul — como fazem as raparigas inglesas aos seus
álbuns e scraapbooks, forma com elas os grupos e
situações que lhe parece; não importa que sejam mais ou
menos disparatados. Depois vai-se às crônicas, tiram-se
um pouco de nomes e de palavrões velhos; com os
nomes crismam-se os figurões, com os palavrões
iluminaram…(estilo de pintor pintamonos). E aqui está
como nós fazemos a nossa literatura original.” (Capítulo V
– Viagens na minha terra, Almeida Garrett)
Almeida Garrett (1799-1854), que pertenceu à
primeira fase do romantismo português, é poeta,
prosador e dramaturgo dos mais importantes da
Literatura Portuguesa. Em Viagens na Minha Terra
(1846), mistura, em prosa rica, variada e
espirituosa, o relato jornalístico, a literatura de
viagens, as divagações sobre temas da época e os
comentários críticos, muitas vezes mordazes, sobre
a literatura em voga, no período. Releia o texto que
lhe apresentamos e, a seguir, responda:
1) (Vunesp-SP) A que gêneros literários se refere
Almeida Garrett?
Ao teatro e ao romance (“Todo o drama e todo o
romance precisa...”).
2) (Vunesp-SP) Quais os principais defeitos,
segundo Garrett, dos escritores que
elaboravam obras de tais gêneros?
Os principais defeitos apontados por Garrett são
a falta de criatividade e originalidade, imitando-
se os figurinos franceses, diluindo-se elementos
dos romances de Victor Hugo. Há transposição
de estruturas narrativas, simplificando-se e
sentimentalizando-se a história. Enfim, o
escritor busca o efeito literário procurando
agradar ao gosto dominante.
3)(Vunesp-SP) No texto apresentado, Garrett dirige-
se mais de uma vez ao leitor, de maneira informal
e descontraída, como se estivesse dialogando com
ele. Baseando-se nessa informação, mostre de que
modo o tom de informalidade se
revela também nas formas de tratamento
gramatical que o escritor usa para dirigir-se ao
leitor.
O autor usa a segunda pessoa do singular como
pronome de tratamento (tu), que no português ”de
Portugal” é mais informal, como acontece no trecho
“te vou explicar”; e também utiliza
um vocabulário informal como em “não seja pateta,
senhor leitor, nem cuide que nos o somos”.
4) Em que consiste a ironia do trecho ” E aqui
está como nos fazemos a nossa literatura
original”, no final do texto transcrito?
A ironia consiste no fato de o autor explicar
nos parágrafos precedentes a “fórmula pronta”
utilizada para escrever prosa, o que acaba com a
originalidade. A crítica dirige-se aos escritores
da estilo da época - o Romantismo –
especialmente à literatura de folhetim.
“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me
canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir
alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa
que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é
enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração
cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior
defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de
envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração
direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o
meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à
esquerda, andam e param, resmungam, urram,
gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…
E caem! — Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de
cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu
tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a
grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para
rir, também não deixa olhos para chorar… Heis de cair.”
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
5) Tanto no texto de Almeida Garrett como no de
Machado de Assis, ocorre Metalinguagem, e ambos os
autores, além de tecer comentários acerca de literatura,
dirigem-se a seus leitores, cada qual pressupondo um
tipo de leitor. Comente acerca do tipo de leitor que
Garrett e Machado tem em mente quando tecem
seus comentários.
O leitor pressuposto por Garrett é ingenuo – iludido com
os princípios literários da época - o que pode ser
percebido em “não seja pateta, senhor leitor”, isso
porque esse leitor se engana quanto a originalidade das
obras.
Já Machado de Assis trata seu leitor como ávido, que
busca chegar logo ao desfecho da narrativa, algo
identificado no contexto do Realismo (que buscava a
escrita direta, objetiva e cientifica), o que é visto em “tu
amas a narracao direta e nutrida”.
6) No texto de Machado de Assis, explique o
emprego dos pronomes demonstrativos este e
esse nos trechos “ Começo a arrepender-me deste
livro “expedir alguns magros capítulos para esse
mundo”, considerando a relação espacial que esses
pronomes evidenciam.
O narrador, Brás Cubas, trabalha com a primeira
pessoa na narração, assim utiliza “deste livro”
referindo-se ao objeto que encontra-se próximo a
ele enquanto escreve. Quando se refere ao mundo,
utiliza “esse” porque o assunto/objeto
está próximo ao leitor, tratado como segunda
pessoa.
“Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por
entre um claro das árvores a janela meia aberta de
uma habitação antiga mas não dilapidada (…)
Interessou-me aquela janela. Quem terá o bom
gosto e a fortuna de morar ali?
Parei e pus-me a namorar a janela. Encantava-me,
tinha-me ali como num feitiço. Pareceu-me entrever
uma cortina branca… e um vulto por detrás…
Imaginação decerto! Se o vulto fosse feminino!… era
completo o romance.
Como há-de ser belo ver pôr o Sol daquela
janela!…E ouvir cantar os rouxinóis!…E ver raiar uma
alvorada de Maio!… (Almeida Garrett, Viagens na
minha Terra)
7) (Fuvest-SP) Com dados extraídos do texto,
explique o papel da natureza
na estética romântica.
A beleza e estética românticas são baseadas
na expressão dos sentimentos e emoções do
sujeito. Nesse contexto, a natureza é um modo
de representação do estado de espirito do
sujeito. “Como há de ser belo ver o por-do-sol
daquela janela” exemplifica o tom alegre da
passagem em que Garrett descreve a casa da
menina dos rouxinóis.
TEXTO I
"O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza,
sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está
numa harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem
sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em
tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o
sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um
reinado de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden que o
primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu
coração. À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali
se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e
variedade. (...) Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um
claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga, mas não
dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também
mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê..." (Almeida
Garrett, "Viagens na minha terra".)
TEXTO II:
"Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a
terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e
onde o recebe como um leito de noiva, sob as cortinas de
trepadeiras e flores agrestes. A vegetação nessas paragens
ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se
estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das
arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das
palmeiras. Tudo era grande e pomposo no cenário que a
natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas
majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um
simples comparsa.(...) Entretanto, via-se à margem direita do rio
uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e
protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a
pique." (José de Alencar, "O guarani".)
Lendo-se atentamente os textos I (de Almeida Garrett) e II (de
José de Alencar), percebe-se que ambos os narradores se
identificam quanto à atitude de admiração e louvor à natureza
contemplada. Entretanto, verifica-se também, entre os dois, uma
diferença profunda e marcante no seu ato contemplativo, quanto
aos valores atribuídos a essa natureza. Essa diferença é marcada:
a) pela existência da vegetação.
b) pela avaliação da magnitude e da beleza do cenário.
c) pela inclusão, na paisagem natural, da habitação humana.
d) pelo predomínio das referências ao mundo vegetal
e) pela explicitação da perda do paraíso terrestre.

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  • 1. Viagens na minha terra Almeida Garrett
  • 3. 1º EIXO o narrador conta suas impressões de viagens, intercalando citações literárias, filosóficas e históricas, com um tom subjetivo e repleto de digressões e intertextualidades. Citações: Shakespeare, Camões, Cervantes, Goethe e Homero, Napoleão Bonaparte, D. Fernando, Bacon e outros. 2º EIXO interposto no meio dos relatos de viagem, conta o drama amoroso que envolve cinco personagens. Essa narrativa amorosa tem como pano de fundo as lutas entre liberais e miguelistas (1830 a 1834). No final do livro, Garret utiliza-se da Metalepse (encontro do autor com a sua ficção – o autor torna-se parte da narração, conversa com as personagens e até lê a Carta de Carlos).
  • 4. Desfecho Carlos torna-se barão e deixa Georgina, enquanto Joaninha enlouquece e morre. Clímax Quando, após descobrir o segredo, Carlos abandona Joaninha e se restabelece com Georgina. Problemática Um segredo familiar em meio a uma guerra civil. Carlos se encaminha para a descoberta: Frei Dinis é seu pai.
  • 6. Joaninha, com seus olhos verdes (aos quais é dedicada uma página de louvores), representa a pureza da vida campestre, limpa da corrupção citadina, impoluta na sua mente ingênua. Carlos reencontra-se com sua família, durante a guerra, e se apaixona por sua prima, porém perante a sujidade que a vida das grandes cidades já lhe entranhara na alma, renuncia ao seu amor (os últimos capítulos foram dedicados à carta final de Carlos). No fim, ele perde seus ideais, moralmente “suicida-se”, tornando-se materialista, o “barão” politiqueiro, rico e gordo.
  • 7. No entanto, o fracasso de Carlos é em grande parte o fracasso do país que acabava de sair da guerra civil entre miguelistas e liberais e que dava os primeiros passos duma vivência social e política em moldes modernos. Frei Dinis representa o que ainda restava de positivo e negativo do Portugal velho, absolutista; Carlos representa o espírito renovador e liberal.
  • 8. D. Francisca: velha cega avó de Joaninha. Mostra-nos a imprudência e a falta de planejamento com que Portugal se colocava no governo dos liberalistas, levando a nação à decadência. Georgina: namorada inglesa de Carlos, é a estrangeira de visão ingênua, que escolhe a reclusão religiosa como justificativa para não participar dos dilemas e conflitos históricos que motivaram sua decepção amorosa.
  • 9. Romance publicado em 1846, no contexto do Romantismo, embora, como o próprio autor diz em sua narrativa, o livro não se enquadra nos princípios estilísticos e temáticos românticos(a penas a narrativa da Menina dos Rouxinóis é exceção - história trágica de amor).
  • 10. Gênero híbrido: composto de relatos autobiográficos, anotações da viagem que o autor realiza, crônica histórica e social, reflexões literárias e filosóficas, além de novela sentimental.
  • 11. Trata-se de um Romance que envolve muito a História de Portugal (Revolução Liberal), conta um Romance (entre Carlos e Joaninha) e apresenta críticas pessoais do autor em relação à situação da Sociedade e Política portuguesas da época (século XIX).
  • 12. Ideias liberais surgiram em oposição à monarquia absoluta, ao mercantilismo, às diversas formas de ortodoxia religios a e clericalismo. Disputa politico-ideológica entre os Conservadores (Absolutistas) e os Liberais (Constitucionais) que foi antecedida por uma grande crise (invasões francesas napoleônicas e crise do colonialismo no Brasil o qual fora elevado a condição de Reino Unido a Portugal apos a Vinda da Família Real). 1830: Guerra Civil (pela reação Monárquica Absolutista que não aceitava as restrições ao poder régio) em que opunham- se Partido Constitucionalista (liderado pela Rainha D.ª Maria II e o Imperador D. Pedro I) e o Partido Tradicionalista (liderado por D. Miguel I), terminando com a vitória Liberal.
  • 13. Almeida Garrett aparece na obra em primeira pessoa, como narrador participante (relata seu ponto de vista, opiniões, suas experiências ao visitar pontos históricos das cidades portuguesas como Igrejas, ruínas, túmulos de personalidades famosas e santos, entre outros).
  • 14. “O coração humano é como o estômago humano, não pode estar vazio, precisa de alimento sempre: são e generoso só as afeições lho podem dar; o ódio, a inveja e toda a outra paixão má é estímulo que só irrita mas não sustenta. Se a razão e a moral nos mandam abster destas paixões, se as quimeras filosóficas, ou outras, nos vedarem aquelas, que alimento dareis ao coração, que há de ele fazer? Gastar-se sobre si mesmo, consumir-se… Altera-se a vida, apressa-se a dissolução moral da existência, a saúde da alma é impossível. O que pode viver assim, vive para fazer mal ou para não fazer nada. Ora o que não ama, que não ama apaixonadamente, seu filho se o tem, sua mãe se a conserva, ou a mulher que prefere a todas, esse homem é o tal, e Deus me livre dele. Sobretudo que não escreva: há de ser um maçador terrível.” (Capítulo XI)
  • 15. Uso de metalinguagem: o narrador, por vezes, questiona o leitor, outras alerta-o sobre o que falou ou sobre o drama de Joaninha, e mais. “Se ainda te cansas dessas quimeras, dou-te conselho que voltes a página obnóxia, porque estas reflexões do último capítulo são tão deslocadas no meu livro como tudo mais neste mundo.” Obnóxia: esquisit, vil, vulgar.
  • 17. “Sim, leitor benévolo, e por esta ocasião vou te explicar como nós hoje em dia fazemos a nossa literatura. Já não me importa guardar segredo; depois desta desgraça não me importa já nada. Saberás pois, ó leitor, como nós outros fazemos o que te fazemos ler. Trata-se de um romance, de um drama — cuidas que vamos estudar a história, a natureza, os monumentos, as pinturas, os sepulcros, os edifícios, as memórias da época? Não seja pateta, senhor leitor, nem cuide que nós o somos. Desenhar caracteres e situações do vivo na natureza, colori- los das cores verdadeiras da história… isso é trabalho difícil, longo, delicado, exige um estudo, um talento, e sobretudo um tato!…
  • 18. Não senhor: a coisa faz-se muito mais facilmente. Eu lhe explico. Todo o drama e todo o romance precisa de: Uma ou duas damas. Um pai. Dois ou três filhos, de dezenove a trinta anos. Um criado velho. Um monstro, encarregado de fazer as maldades. Vários tratantes, e algumas pessoas capazes para intermédios. Ora bem; vai-se aos figurinos franceses de Dumas, de Eug. Sue, de Vítor Hugo, e recorta a gente, de cada um deles, as figuras que precisa, gruda- as sobre uma folha de papel da cor da moda, verde, pardo, azul — como fazem as raparigas inglesas aos seus álbuns e scraapbooks, forma com elas os grupos e situações que lhe parece; não importa que sejam mais ou menos disparatados. Depois vai-se às crônicas, tiram-se um pouco de nomes e de palavrões velhos; com os nomes crismam-se os figurões, com os palavrões iluminaram…(estilo de pintor pintamonos). E aqui está como nós fazemos a nossa literatura original.” (Capítulo V – Viagens na minha terra, Almeida Garrett)
  • 19. Almeida Garrett (1799-1854), que pertenceu à primeira fase do romantismo português, é poeta, prosador e dramaturgo dos mais importantes da Literatura Portuguesa. Em Viagens na Minha Terra (1846), mistura, em prosa rica, variada e espirituosa, o relato jornalístico, a literatura de viagens, as divagações sobre temas da época e os comentários críticos, muitas vezes mordazes, sobre a literatura em voga, no período. Releia o texto que lhe apresentamos e, a seguir, responda: 1) (Vunesp-SP) A que gêneros literários se refere Almeida Garrett? Ao teatro e ao romance (“Todo o drama e todo o romance precisa...”).
  • 20. 2) (Vunesp-SP) Quais os principais defeitos, segundo Garrett, dos escritores que elaboravam obras de tais gêneros? Os principais defeitos apontados por Garrett são a falta de criatividade e originalidade, imitando- se os figurinos franceses, diluindo-se elementos dos romances de Victor Hugo. Há transposição de estruturas narrativas, simplificando-se e sentimentalizando-se a história. Enfim, o escritor busca o efeito literário procurando agradar ao gosto dominante.
  • 21. 3)(Vunesp-SP) No texto apresentado, Garrett dirige- se mais de uma vez ao leitor, de maneira informal e descontraída, como se estivesse dialogando com ele. Baseando-se nessa informação, mostre de que modo o tom de informalidade se revela também nas formas de tratamento gramatical que o escritor usa para dirigir-se ao leitor. O autor usa a segunda pessoa do singular como pronome de tratamento (tu), que no português ”de Portugal” é mais informal, como acontece no trecho “te vou explicar”; e também utiliza um vocabulário informal como em “não seja pateta, senhor leitor, nem cuide que nos o somos”.
  • 22. 4) Em que consiste a ironia do trecho ” E aqui está como nos fazemos a nossa literatura original”, no final do texto transcrito? A ironia consiste no fato de o autor explicar nos parágrafos precedentes a “fórmula pronta” utilizada para escrever prosa, o que acaba com a originalidade. A crítica dirige-se aos escritores da estilo da época - o Romantismo – especialmente à literatura de folhetim.
  • 23. “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem… E caem! — Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar… Heis de cair.” (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
  • 24. 5) Tanto no texto de Almeida Garrett como no de Machado de Assis, ocorre Metalinguagem, e ambos os autores, além de tecer comentários acerca de literatura, dirigem-se a seus leitores, cada qual pressupondo um tipo de leitor. Comente acerca do tipo de leitor que Garrett e Machado tem em mente quando tecem seus comentários. O leitor pressuposto por Garrett é ingenuo – iludido com os princípios literários da época - o que pode ser percebido em “não seja pateta, senhor leitor”, isso porque esse leitor se engana quanto a originalidade das obras. Já Machado de Assis trata seu leitor como ávido, que busca chegar logo ao desfecho da narrativa, algo identificado no contexto do Realismo (que buscava a escrita direta, objetiva e cientifica), o que é visto em “tu amas a narracao direta e nutrida”.
  • 25. 6) No texto de Machado de Assis, explique o emprego dos pronomes demonstrativos este e esse nos trechos “ Começo a arrepender-me deste livro “expedir alguns magros capítulos para esse mundo”, considerando a relação espacial que esses pronomes evidenciam. O narrador, Brás Cubas, trabalha com a primeira pessoa na narração, assim utiliza “deste livro” referindo-se ao objeto que encontra-se próximo a ele enquanto escreve. Quando se refere ao mundo, utiliza “esse” porque o assunto/objeto está próximo ao leitor, tratado como segunda pessoa.
  • 26. “Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meia aberta de uma habitação antiga mas não dilapidada (…) Interessou-me aquela janela. Quem terá o bom gosto e a fortuna de morar ali? Parei e pus-me a namorar a janela. Encantava-me, tinha-me ali como num feitiço. Pareceu-me entrever uma cortina branca… e um vulto por detrás… Imaginação decerto! Se o vulto fosse feminino!… era completo o romance. Como há-de ser belo ver pôr o Sol daquela janela!…E ouvir cantar os rouxinóis!…E ver raiar uma alvorada de Maio!… (Almeida Garrett, Viagens na minha Terra)
  • 27. 7) (Fuvest-SP) Com dados extraídos do texto, explique o papel da natureza na estética romântica. A beleza e estética românticas são baseadas na expressão dos sentimentos e emoções do sujeito. Nesse contexto, a natureza é um modo de representação do estado de espirito do sujeito. “Como há de ser belo ver o por-do-sol daquela janela” exemplifica o tom alegre da passagem em que Garrett descreve a casa da menina dos rouxinóis.
  • 28. TEXTO I "O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração. À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. (...) Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê..." (Almeida Garrett, "Viagens na minha terra".)
  • 29. TEXTO II: "Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras. Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa.(...) Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique." (José de Alencar, "O guarani".)
  • 30. Lendo-se atentamente os textos I (de Almeida Garrett) e II (de José de Alencar), percebe-se que ambos os narradores se identificam quanto à atitude de admiração e louvor à natureza contemplada. Entretanto, verifica-se também, entre os dois, uma diferença profunda e marcante no seu ato contemplativo, quanto aos valores atribuídos a essa natureza. Essa diferença é marcada: a) pela existência da vegetação. b) pela avaliação da magnitude e da beleza do cenário. c) pela inclusão, na paisagem natural, da habitação humana. d) pelo predomínio das referências ao mundo vegetal e) pela explicitação da perda do paraíso terrestre.