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CopyrightO l9ól by WalcskaI)uixrìo
Capa dc
Jair Pinto
t979
Direitos destaedição reservados
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JÚLIO C. REIS LIVRARIA
Travessado Ouvidor 36 _ 2e Andar _ er.
Rio de Janeiro
Printed in Brqzil/lmpressono Br;rsil
V/ALESKA PAIXÃO
PROFESSORA
DE ETICAE HISTÓRIADA ENFERMAGEM
DA ESCOLADE ENFERMAGEM ANA NÉRI DA U.F.R.J.
HISTONN
DA ENFERMAGEM
5çEDIÇÃO
REVISTAE AUMENTADA
Ilustraçõesde
Newton de Figueiredo Coutinho
É
JULIO C.REIS- LIVRARIA
Travessa
do Ouvidor
36 - 2" Andar grp.4 - Tel. 263 ?549
242-421í0
20.O4O- Rio de Janeiro-RJ.
1979
Prirne
ira edição.195I
Segundaedição, l9ó0
Tçrceira edição, l9ó3
Quarta edição, 1968
Quinta ediçào, 1979
-: 'l í'
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INDICE
Prefácioda
Prefácio da
Prefácio da
Introdução
Egito
India
I I edição
2+edição
5eedição
il
l3
t5
l1
Unidade
I
,, Origensda Enfermaggm
. TemposAntigos . . ./.
l9
20
JJ
l
'.L'.
Unidade II
Períododa Unidade Cristã
Palestina
Assiria e
lPersia
China
Japão
Grecia
Roma
Diáconos
Babilônia
20
2l
1^
LA
24
25
26
27
21
30
J1
35
35
Jt)
JI
JI
4Q
44
45
4u
49
Diaconiase Xenodoqura
Vida religiosa
Monaquismo
As grandesabadessas
Ordens militares
Ordens seculares
Influência Árabe na medicina
Escolasde medicina
rDecadência
da Enfermagem
As Misericórdias . :,
t Evoluçào
doshospitais .V.
Unidade
III
Periodo
Críticoda Enfermasem
Reforma religiosa
Concilio de Trento
UnidadeIV
Precursores
da Enfermagem
Moderna
rS. Viçente de Paulo
.' Tentativasprotestantes
c^
PastorTeodoro Fliedner
,^Tentativasleigas
..'Progresso
da Medicina e das Ciências
53
51
'Finlândia
,Holanda
Belgica
84
84
85
85
86
86
86
E6
87
87
87
88
88
89
89
89
90
92
93
93
94
94
95
96
96
91
97
t03
r03
5l
55
SuÍça
'Grçcia
'* Portugal
'- Espanha
China
India
Persia
Israel
'União Sovietica
"Ásia e Ãfrica
59
63
64
64
64
rl
- Irã
Ásia Menor e Siria
Ocçânia e algumasregiõesafricanas
UnidadeV
FlorenceNightingale
e
America Latina
a renovaçãoda Ení'erma-, Argentina
Bolivia
gem 66
72
73
74
76
80
80
8l
82
83
83
83
83
84
Difusão do SistemaNightingale
,^.-.)Enfermeira
de Saúdepública
Chile
Peru
Colômbia
Equador
Mexico
Canadá
EstadosUnidos
lReforma
'França
Itália
da Enfermagemem outros paises !
PaisesEscandinavos
Dinamarca
Suecia
Uruguai
Venezuela
. Alemanha
- Áu'stria
America Central
.t;Cruz Vermelha
UnidadeVI
, Enfermagemno Brasil
t Primeiroshospitals
'Noruega
*.francisca de
". Maternidade
'ÀEnfermagem
Sande
e Infância
lo-5
t05
t07
t08
ill
n2
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t22
r2l
127
t2l
r28
t29
t29
r30
|]l
tJz
t33
r35
r39
+AnaNeri
CruzVermelha
Saúde
Pública
tsrasileira
Enfermagem
Psiquiátrica
Escolas
de Enfermagem
de Alto Padrão
,'Escola de Enfermagem
-Escola de Enfermagem
 Escola de Enfermagem
. Escola de Enfermagem
( EscolaAna Neri
"AIfredo Pinto"
da Cruz Vermelha
CarlosChagas
da Universidadede São
Paulo
rAuxiliaresde Enfermaeem
Curso ColegialTecnico de Enfermagem
Associaçãode Voluntários de "Ana Néri"
lundação ServiçoEspecialde Saúdepública
.gAssociaçâoBrasileirade Enfermagem(ABEn)
1 RevistaBrasileirade Enfermasem
i CongressosNacionais
jConclusão
Bibliografia
ANEXO I
PREFÁCIO DA IC EDI('ÃO
Repre.rentanl
esta.tptigina.rapenaliunw pequenawntrìhuiç'ão
para a Jòrnação de no.tsa.ç
proJi.r.tionais.
Ape.sar
de modestq,resolvipuhlica-las,para dìminuìr unt pouco
as dijìculdadesdeprofessorese alunas.
O desconhecimento
da língua inglesa,em (!uee e:crita a ntaior
parte das obra.ç.çobreo assunto,e e,tcq.çsez
e disper.são
do p<tut'o
ntaterial quepos.suíntos
enr língua vernácula,levarant-ntea organi-
zqr o.'nola.'tonruda.ç
perseterantemenle,no.trQro.'ìrtornenlu.
Jurtu-
do.ça trabalhosnrais urgentes,durante os doze enos ent (lue lenho
lecionadoHi.çtórìada EnJermagem;os noveprinteiro.',tta L.rc'olu
CarlosChagas,
deBeloHorìzonte,e osúlíìtrtos,
na EscolaAne Nëri,
da Uni+'er:;idade
do Brasil.
Haverd ne.tleopúsculomuitas lacuna.ç.
Álgunras poderão ser
sanadascom o Iempo, emJuturas edìç'õet.
('onto, para i.t.to,com a crítica sìncera e con.lruliva dct.r
nlegu.s
de proJì.r.rão
e nragi.stério,que levarei em consideruç'ãoe procurarei
aproveitar.
De.se.jo
tambëmlesÍemunhar
nrínhagratidãou lodtts- nrëdico.s
e enJèrmeìra.
- querne auxiliarom com docuntento.r,
notestnuttu.-
critas, inJornraçõe.s
rlue me.forant de grande utilÌdade, bem c'otttt,tu
dedicadase competentescolegas,cuja valio.saopinÌãLtorienlou a
utntpolição de algun.s
ponto..Não podendomenc'ìottar
lodo.s.
dei.to-
lhe.saqui nteu sinceroagradecimento.
PREFÁC'IO DA 2CEDI('ÃO
Meu de.sejode apresentar uma 2q edição que ntelhor atendesse
à.çttece.çsidade.s
do en.çinoenÚe nós e levas.çe
em conla a,çobserya-
ç'õesde algumas colegas,só em parte, e nuito pequenaparte, e
realizado.
A esca.tsez
de material sohre o assuntoe aJalta de tempopara
pesquisare obter,daqui e dacola,alguma inJornração
queconrpletu.t-
se os dadosanleriormenteobtidos,lirniÍarant ntuilo os acre.scittto.s
e
a.t ret(ìcaçõesque nospareciant indispen.sávei.s.
f-oram consultadosqlgun. tabalho.s de enJermeira.ç
brasileira.y
que .e orha,r, citados na bibliograJia do.scapítulos sobre os quai.t
influíram
Sobre ot paísesda Amërica Latina Joi nelhorada a parte reJe-
rente à Bolívia, graças e um resuno histórico ainclanão publicado
mas citaclolambëm na bibliograJia.
Ja .;olicitqmos,alravésda ABEn, a varìosoutros des,se.t
puísa.s,
itdormaç'õe.s
Dtai,ç
atualizadassobreosmesmos,
porem .çorecebenro.s
alguns dadossobre ct Peru.
O pouco que obtivemo.s
sobre outrospaí.e.
da America Lutina
Joi colhido em trabalhosque.eachammencionadosna bibliograJìa
própria.
O capítulo sohre a EnJermagem e a Psiquìatia Jt-ti reJundìekt
corrta colaboraçãoda EnJermeira'l'eresa
deJesu.s
Senna,proJes.sora
de "En/èrnugem Psiquiátrica" nq Escola Ana Nëri.
A lodct.s
que nos auxiliaranr nessamelhoria, nossosugrutlet'i-
ntenlo..
WAI-I.,SKA PAIXÃO
Esperando que os exemplos aclui apresenlado.tptt.s:amau-uiliar
a.se.çtudantes
de enJèrmagema Íornar-.çeenJermeirasnorteada'çpelo
verdadeiroideal da protissão,entrego-lhes,
pela segundaìe:. estQS
"Página.sde História da EnJèrmagem".
Rio de Janeiro, 15 de Íevereirode 196u.
WÁLL'SKA PAIXÃO
PREI'ÁCIO DA 5CEDI('ÃO
Voltando a apre.rentqr às escolas de enJerntagenta ntode.çtu
utntrihuição de.çtaHislória, tive que levar em conÍa vario.tdado.tque
meJizeram modiJìcar a apresentaçãode./atos sobre a L'nJernrugent
no Bra.sì1.
Ls.ço
ë devidoprincipalntente a publicação do e.rcelentelivro tla
auloria de Anayde Corrêa de ('arvqlho: "Associaç'ãts
Brq.sileirade
En/èrmagent(192ó-1976)". Graçasa e.ç.se
documentririo,
J rtipo.ts
íve
l
de.tenvolver
nelhor o hÌ.çtórico
da ABEn, o tlueequivalea reJuntliru
própria Hi.çtória da En/ermagem no Brasil.
Outra mudança,nesta edição,se reJereà.tpequenasre.renha.s
hi.ttóricas .çohrevárias escolas,publicada.sem anterìores ediçõe.s.
Não poderíantos manft-la., sem grave inju.ttiç'acontra oulru:'
e.rqt
la.spo.rt
eriormenteJundada
s.
Tanrhentnão .çeria
possível,
por que.ttãode.ju.ttiç'a,
hipertroJìar
o lópico sohre a.t e.colas,num truhalho que esta longe de .ser
e.'au.l
iv0.
A,ssittt,
trtantivemosos dadosde íntportâncìaparu u ft)tnlr(en-
.çiiotla evoluçiio do ensino da EnJernrugemno Bra.çil.
Dada.se.r.sa.t
e-rplicaçõe.s,
apre.rentoao públicr,t,pela 5q t'e:. unt
trahalhrt cujo maior mërito ë ter ,sido
Jeito cont ntuìto urrtttr.
Rio de Janeiro, I I de iunho de 1979
w.4LL'SKAt'.1t,,'{o
rNl-RoDUÇÃO
A historia de sua proÍ'issào
deve despertarna ení'ermeira,
com o nrelhor conhecimentode suasorigense evoluçiìo,maìbr
conrpreensão
dos deveresque lhe impÕee maisentusiasmo
pelo
seu ideal.
Sendo a enÍ'ermagemuma proÍ'issão
desenvolvidaatravés
dos seculos,em estreitarelaçãocom a historia da civilizaçào,
sera imensanìenteútil à enfermeira uma revisào desta, para
lrrel
hor compreensãodaquela.
Entretanto, o ritmo do progressonão sc maniÍèstaigual-
nìenteenr todos os setores,mesmo correlatos.Assim, às desco-
bertascientiÍ'icas
aplicadasà medicina,Í'atores
de tanta relcvân-
cia, nçm sempre corresponde rigorosamenteo progressoda
enferma'ge
rrr.
Há no trabalho da enÍèrmeira três elementosprincipais,
consideradosbhsicosem nossosdias: espirito.de serviço (ou
idcal),habilidade(arte) e ciência.
O mais irnportantee, evidentemente,
o espíritode scrviço,
essainclinaçâo natural do homem, ser social por excelência.
E,sse
espirito precisaatingir elevadograu naquelasque se pro-
põem ao cuidado dos doentese à preservação
da saúde.
I'oi ele o primeiro em ordem cronologicae e o primeiro na
inrportância.Quando ainda não havia ciência,era o espiritode
serviço que realizava,já embrionariamente,aquilo que ainda
hoje constituialgunsdos objetivosda enÍèrmagem:
dar conÍbrto
I'isicoe moral ao doente, aÍãstar dele os perigos,ajudá-lo a
ir
I
)
WAI.LSKA I'AlXÃO
alcançara cura. A arte Í'oi-se
lormando em seguida.dc mistura
corn supcrtições
e conhecimentos
empiricos.So nriristarde vcio
a verdadeiraciência.
O entrelaçamentodesses
três elementosnã()sc lez sempre
dc modo harmonioso.A religiâo,os co.slunres.
a contJiçào
s<;cill
da mulher. nruitasvezesinÍluirarndesigualmentc,
<jetal moclcl
que podernosver épocasde grandededicaçãoe baixonivel cien-
lil'ico,enquantoern outros periodosde nraioresconhecirncnleis,
a enÍ'ermagem
decai, pela deÍ'iciência
de elernentos
de clcvadtr
padrão moral.
Em nossos
ternpos,porem, uniram-scciência,arte e espirito
de serviço,alcançandoassima enlernragcm
rapirJo
e harnronioso
progresso.
l)odemosdividir a historia da enÍ'crrnagcnl
nas scguintcs
unidade
s:
I)rimeiraunidade:
Periodo antesde Cristo;
Scgundaunidade:
Periododa Unidade Cristà:
Terceira unidade:
PeríodoCritico da Enl'ermagem;
Quarta unidade:
l)rinreirosrnovinrentos
de rel'ormuda enlcrmagern;
Quinta unidade:
SistemaNightingale;
Scxta unidade:
l:nlcrnragemno Brasil.
UNIDADH I
ORIGENS DA HNI'ERIVIACEM: 0 tratanrentodo cnlcr-
nro <Jcpen<ic
csl.rcili.rrtrcnte
do conceito de saúdc c dc doerrçu.
Depende,porérn, ainda mais, dos scntimentosde hunranidade
que noslevarna serviru nossosernelhante,
principalnrentc
quan-
dc. o venrossoÍ-redor
c incapazde prover às prtrprrls rrccessi-
dades.
[:is porque,nasnraisremotaseras,podenrosinraginara nràe
como primeira enl'ernrcira
da I'amília.
E,ntre
tanto, a convicçãode que asdoençascranì um casl.igtr
de I)eus, ou eÍ'eitosdo poder diabolico exercido sobrc os
homens,levou os povos primitjvtrsa recorrcr a seussaccrdotes
ou Íbiticeiros,acumulandoestesas I'unções
dc nredico,larntlt-
cêuticoe enÍ'errneiro.
A terapêuticase limitavaa dois lrns:apla-
car as divindadespor nlcio dc sacril'icios
expialoriosc alr.rstar
os
maus espiritos. Para isso.os_
rneiosentm variados:nlassageÍìs,
ban-!9de água Í'riaou qucnl.c,purgativos,substirncias
provoca-
doras dc náuseirs
. . .
ï.udo isst'l
tinharpor lim tornar o corpo humunotirodesagrir-
dável que os iïaus espiritosresolvessem
abandoná-lo.
Quando, porem, o sacerdote-metlicochcgou a aclquirir
conhecimentospráticos de plantas medicinarse do nroclo<ie
prepará-las,começou a delegar o preparo e a administraçiìtl
desses
renrcdiosa assistentes,
que acumulavatnussimas lunçtìcs
de Í'arrrracêr,rticos
c enl'errneiros.
Graçasaos<jocurlcrìt()s
quc ()s
povos antigos nos legararnsobre o assunto,ainda que poucr)
W^I-LSKA PAIXÃO
numerosos,
podemosler uma ideiade suasrealizações
no campo
da medicina e da enÍèrmagem.É o que pàssaremos
a expor
sumananlente.
TEMPOS ANTIGOS. Não há grandc clocunrentaçâo
relc-
rente diretamenteà EnÍèrmagemnas Í'onteshistoricasque nos
legaramos tempos antesde Cristo.
Conhecinrentos
sobrea EnÍ'ernragem
vêm de envoltacom os
assuntosmedicos,sociaise religiosos.
{lguns papiros,inscriçõese monumcntos,ruinasde aque-
dutose esgotos,
codigose Iivrosde orientaçâopolitica,e religio-
sa e, enÍ'im,mais tarde, verdadeirostratadosde mcdicina, ate
hoje celebres,são os meiosque nos permilem Iormar urra ideia
do tratamentodos doentesnesseperiodo.
EGITO - O povo egipcio Íbi o que.nos legou os mais
renìot,osdocumentos sobre Medicina. Do ano 4.ó88 a.C. a<;
1.552da nìesmaera, Í'oramescritosseisIivrossagrados.
ondc sc
achadescritaa medicinaentão praticadano Egito. Incluem eles
a descriçàode doenças,operaçõese drogas.Um dos mais anti-
gos dessesdocumentos e o manuscrito de lmhotep, primeiro
autor que mencionao cerebro e seu controle sobreo corpo. A
deciÍ'raçào
de algunspapirosprojetou no seculoXX novasluzes
sobrea medicinaegípci4,Assim,o"papirode Berlim e do apogeu
da epoca faraônica.Nele se encontram 170prescrições.
As Í'or-
mulasmedicassãoseguidas
de formulasreligiosas,
que o doente
devia pronunciarenquantotomgva o remedio.Aquele que pre-
parava a droga, devia fazê-loao mesmo tempo que dizia uma
oraçãcr
a lsis e a Horus, principio de todo bem.
O papiro de Ebersconservouverdadeiros
tratadosde medi-
cina que se supõeseremfragmentosdos livroshermeticos.Estes
eram uma enciclopedia religiosae cientiÍ'icalbrmada por 42
volumesque foram destruidosno incêndioda bibliotecade Ale-
xandria.
O papiro de Leide só abordaa ntedicinado ponto de vista
religioso.Mas é certo que a medicina egipcia tentava unir às
práticas religiosasconhecimentoscientificos.Assim, em cada
HISTORIADA ENFERMACEM
ternplo havia diversasescolas,
entre as quaisa de medicrna.As
rnaiscelcbresI'orarnas de Tebas, Mênlis, Saise Chcm.
Para a prática dos estudantes,
Í'uturossacerdotes-medicos,
os tenrplosrnantinharnarnbulatórios
gratuitos.
O saccrdote-nredico
tinha o dircito de usar o turbante de
Osiris - urna das rnais altas dignidades- c vcstir o nìantíJ
branco dos sábios.Seustrabalhoserarììtào benr renumerados
que so os ricos podiarnobtê-los.Por rssohavia outra cutcgoria
de nrcdicos,tamberr da classesacerdotal,mas com menor pre-
paro: csscsaccil.uvam
lììcnor remuneraçàt-r
Os egípciosconheciame praticavamo Hipnotisnro.Inter-
pretavarnos sonhos.Adrnitiam a iní'luênciados astrossobrc u
saúde.Sua habilidadepara embalsarnar
e íãzer atadurassc evi-
dencia na conservação
das múnrias.J-actassiticavun
conìocentro da circulaçào,e'xbora não soubeqs
tgI'tJ-
.Não nrcncior'ìarn
os docurnentosegipcìos nem hospitais,
nenr enÍ'errneiros.
As leis religiosase civis recomendavanr
a hospitalidadc,o
que l'acilitavao auxilio aos desamparados.
A religiao proibia a
dissecção
do corpo hurnano,opondo assirnbarreirasao progres-
so cientiÍ'ico.
A introdução da medicina grega na escoiade Alexandria,
onde a dissecção
I'oiperrnitida.deu nova orientaçãoaosconhe-
cimentosmedicosdo Egito.
-)r"INUIn - l)ocumentosdo seculoVl a.C. nos dào a çonhe-
ccr o adiantamentodos hindus em medicina e enl'ermagenr,
assimcomo seu cuidadoern proporcionarassistência
inteligentc
aos mais desamparados.
O periodo áureo da medicina e da
enÍèrmagemhindu Íbi devido ao Budismo, cujas doutrinirsdc
bondadeerarn grande incentivo ao progresso.
Ne.ssaepoca j á9o_glfSçjam s.ç[sscreviarÌ |igamçrrlrrs- y!Ls,
rs
linÍ'áticos,músculos,nervos e plexos.Julgavamscr o cor:-rçro
sede da conscienciae ponto de partida de todos os ncrvos.
Conheciarno processo
oa digestão.laziam suturas,
amputaçr)cs,
trepanações
e corrigiam Í'raturas.
2l
22 wAt,hsKA PAIXÃO
O tratanrentogeral dasdoençasconsistiaem: die-tiç
bíl!!ljs,
cli.s-teres,
inalaçõ9s,sA!g-1-4!.
Conheciam antidotospara alguns
venenose ul,ilizavarn
plantasmedicinais.Dois pontosem que os
hindusse distrnguirarn
entre os povosantigosloranr:a constru-
çào <1e
hospitaise a escolhade enÍ'ermeiros.
É mesmo o únictr
pa!s llersg_ç-ppsrrìle Í'ala emçnf9*gllçll-11s--E+uÍàç_LiS.ç_
ÍJ-o-g*rllgs-
n]-o-,s-!rn
Lo4iunl"o"dequ.r[id.ades...e..c.on-hec.inrçntos.
Os hospitais
nraisnotáveisÍ'oramconstruidospor ordem do rei Asoka, cerca
de 225a.C. Nos hospitaisda Indja havia músicos,narradorcsdc
historias
e poetaspara distrairos doentes.l-uncionavanr
tanrbónr
cscolustlc medicina.
Os hindus queriam que seusenÍ'ermeiros
tivu-ssem:
usseio.
habilidade,inteligência,conhecimento de arte culinária e de
preparodosremedios.Moralmente,deverianlser:puros,dcdica-
dos e cooperadores.
Entre os medicoshindus,distinguiram-se:
Susrutae Chara-
ka. O prirneiro descrcveu rnuitas operações cirúrgicas, tais
corÌìo:catarata,hernia, cesariana.Estabeleceunormas para o
preparoda salade operaçõese nrencionou,assimconìo ChiÌra-
ka, o uso de drogasanestesicas.
Natr"iralmente
os processos
de
anestesia
eram rudimentarese seu eÍ'eitoprecario. Não deixa-
vanr, porém. de ser, para 4 cpoca, urn grande progresso.
No "'l-ratadode Medicina" escrito por Charaka lê-se
:
"O rnedico,asdrogas,o enfermeiroe o pacicnteeonstitucttr
unr agregadode quatro. Devemos conhecer as qualidadesde
cada urn na contribuiçãopara a cura.
"Conhecimentodo preparodas drogasc de suaadnrinistra-
ção, intcligôncia,dedicação,purezade corpo e espirito sào as
quatrosqualida<Jes
do enferrneiro."
lnl'clizrtterttc,
o brarnanisnro
dominou a Índia c, c()nìo scr.l
sisterna
dc custus,l'ezdecair a rnedicinahindu. Os Vedas.livros
sagrados
hintlLrs,
rtrcncionam
a origemdasdoençase tlsnreiosdc
cornbatê-las.
lornccidt>s
pelo proprio Brama.
Foranr escritosclrtfc 1.1100
a 1.200anos a.C. e conlênr uru
verdadeirocursocletcrlrpôutica,
assimconlo oreçÒes
aosgêrrios
da Saúdee exortuçt)cs:r lrlnlr dos remedit-rs.
HISTORIA DA ENF'L,RMAGEM
Bnr outra parte dos livros,há l'ormulasntágicaspara curar
cÌrlcrrças
e epidenrias.
llá tarnbernprescriçr)es
higienrcas
c reli-
giosas.conlo: "pela manhir,banhar-se,
limpar os dentcs,prngar
colirio nos olhos, perl'ulnar-se,
nrudar a roupa e adorar os deu-
scs".
Durantt nruito ternpo a medicina loi privrlegroexclusivtr
dos sacerdotes;
depois lbi perrniticiaaos gucrrciros c pouco a
pouco aos lavradorese descendentes
dos povos vcncidospelos
hindus.Mas os nredicosdasduasúltintasclasses
erantcclnsi<Jera-
dos dc categoriainl'error.
Os rncdicoshindus I'azianr
juramento, colìlproÍlìetendo-se
a
viver segundoas leis de sua corporaçi'io,a nunca enlpregara
ciênciapara.praticaratoscondenáveis,
a tratar tanto dos pobrcs
cotno dos ricos, a nào procurar Ìucro cxcessivoncm vingur-se.
O ensino leorico cornpreendia:historiaclasdoençase dos
remedios,inÍ'luência
dos astrose daspedrassobrea saúde,ntodo
de extrairo sucodasplantase preparodos remedios.
O estudan-
tc dcvia aprendertarnbentas Í'órnrulas
e as oraçòcsaos deuses
da vida, da rnorte e da saúde.O ensinoprático era quascnulo.
Sendoproibidoderrar.nar
sanguede aninrais
e considerado
inrpu-
ro tocar nurncadáver,os estudantes
Í'aziam
operaçÒes
sintuladas
crn Í'olhas,
cascasde árvores,Í'rutase bonccosde argila.
Nas leisde Manu (2 seculosa.C.) asdoençaseranrconsrdc-
radas,quer como produzidaspor espirito malignos,qucr conlo
um castigoque Deusimpunhaaosculpa<ios.
Chegavanlnlesnloir
atribuir deterr.ninadas
doençasa determinadoscrimcs.Assint,o
ebrio terá os dentesestragados;
o assassino
do brâmane Iicará
tuberculoso;o ladrão de cereaisperdcrá unt ntembro; o ladrâo
de alirnentose tornará dispeptico;o ladrãode roupasse tornará
leproso;o ladrãode cavalosÍ'icarárnanco;o dc lâmpadasÍicará
cego. Os del'eitoscongênitos,como cegueira,surdez,lclucura,
eranr considerados
castigospelos pecadosdos pais.
No prirneiro seculo da era cristã apareceuna India unti,
enciclopediarnedicada autoriade Charaka.Mais tarde notabili-
/()u-seSusruta,cujas teoriasjá sào aprendidasde I-lipocrates.
Ainda um ponto revelao grau de adiantamentohindu:pres-
sentiramser possivela prevençãodasdoenças,achandontelhor
Drcvenirdo que rernediar.
LJ
WALESKA PAIXÃO
PALESTINA - Distinguiu-sea Palestina,entre todos os
povosantigos,pela crençaem um so Deus. Mesmo quando unr
rei adotavaídolosimportados,e se Í'azia
acompanharpelo povo.
por coaçào,o monoteismoprevaleceu.
.Moises, o primeiro legisladordessepovo, não o l'oi apenas
no tcrreno religioso.Suasprescriçôes
incluempreceitos
de higie-
nc que o colocam entre os grandessanitaristas
de todosos tem-
pos. As instruçõesministradasao povo sobre as precauçÒes
a
tomar em casode algurnadoençada pele,enccrrampreceitos<je
proí'ilaxiaque descema rninúcias.
'O examedo doente,o diagnostico,
o isolamento,
o expurgo,
a desinfecçào,o al'astarnento
dos objetos contaminadospara
lugarinacessivel,
sãoensinados.
Há prescrições
especiais
e seve-
ras, para os casosde lepra, em diversostrechos do Levitico,
reconrendadas
novamenteno Deuteronornio Paraqualquer
doençaconsiderada
contagiosa,
determina-seo periodode isola-
mento supostosuÍ'iciente;
aposesse,o doente deveráscr nova-
rnenteexaminadoantesde lhe ser dada alta.
A religiãoinculcavacomo deveressagrados
a proteçàoaos
órl'àos,às viúvase a hospitalidade
aosestrangeiros.
Niro se sabe
que os'lsrâelitastenham tido hospitaispermanentes.L,stabele-
ciam-nosapenasem casode calamidadepública,mas visitavam
os enl'ernros
etrì suascasase instalavamhospedarias
gratuitas
para viajantes pobres, havendo nelas lugar reservado aos
<ioe
ntes.
ASSIRIA E BABILONIA - O maisantigodoscodigosque
atravessararn
os tempos Íoi o de Hamurabi, rei de Babilônia
(2.100a.C.).l-oi conservado
l'acilmente,
por ter sidogravadoem
pedru. É cheio de sensode justiça e interessepelos pobres e
desarnparados.
Menciona os deveresdos nredicos
e seushonorá-
rios, que dcviam ser dilerenìes,segundoas posses
d.osclientes.
Estabelece
castigtxrigorosos
para os medicosem casode Í'racas-
so. O cirurgião incapazpodia sol'rera pena de amputaçãodas
màos,e o medico que deixassemorrer um escravodevia pagar
ao senhoruma indenizaçãocorrespondente
ao valor do mesmo.
A principio a Mctlicina era toda baseadana magia.Acredi-
tavam oue sete denônios cram çausadores
das doenças.
HISTORIADA ENFERMAGEM
As inscriçòesçuneiformesencerram muitas I'ormulasdc
oraçõesem uso pelossacerdotes-medicos.
E,stes
vendiam talis-
nrãsdestinadosa tornar o corpo invulnerávelaos ataquesdos
demônios.Consistiamesses
amuletos,em geral,de tirasde pano
com incriçõesconjuratorias.
Ao lado desses
processos,
os sacer-
dotesrecorriamtambenrà observr'ção
clinicae uma terapêuticu
"11!gR|
Davam grande importância 4o r9gim9 alimentar,usa-
vam a rnassagem,
tinham colíriosadstringenl.es
para conjuntivi-
tes e praticavamo lamponamentodasl'os.sa.s
nasais
em epislaxes
lebeldes.
Deitavamos doentesnasruasparaquc os transcuntes
rccei-
tassem conlorme suas previas experiênciasem casos senle-
Ihantes.
Nào há mençãode hospitaisnem de enl'ermeiros
nos docu-
mentos assirio-babilônicos.
A cirurgia se desenvolveu mais
depressado que a medicina, porque esta última I'icou nruito
lempo sob o dorninioda magia.As epidemias
eranl atribuidasàs
inÍluênciasastrais.Já fazíampesquisas
anatômicasem animi.ris.
Placasde pedra achadasem Ninive Íalam enr trabalhosde sani-
tarismo.O nraior número de documentosassiriosencontrados
em Ninive pertenceatualmenteao Museu Britânico.
PÉRSIA - O dualismo, crença em dois principios:
Ormuzd,águasprincípiodo bem,Ahriman, princÍpiodo mal,l'oi
a basedas doutrinasmedicaspersas.
Ormuzd criou seisespiritos
benfaze.los,
dos quaisdois velam particularmentepeloshomens,
dando-lhessaúdee longa vida.
O livro de Zoroastro diz que Ormuzd produziu plantas
medicinaisàs dezenasde mil.
Classificaramos peÍ'sas
99.999doerrçaso que Í'azsupor que
nessenúmero incluiam meros.sintomas.
Os sacerdotes-medicos
persasse preparavamnos templospela adoraçàoe pelo estudo.
Experimentavamdepois sua ciência sobre três iní'ieis.Se os
curassem,adquiriam o direito de tratar os adoradores de
Ormuzd; se fraçassassem,
deviam estudar mais. Construiran-r
hospitaispaÍa os pobres,que eram servidospor escravos.
25
26 ,1LLSKA PAIXÃO
CHINA - Cotno todosos ptlvosantigos'os chineses
deranl
às suasexperiênciasmedic:as
unt caráter rcligioso.Os meciicos
que se notabilizavalneram adoradoscomo deuses.O cuidado
dos doentesera l'unçitosacerdotal.Por issoos ternploschinescs
eranrrodeudosde jardínsondesecultivavanrplan(asnrcdicinais.
As <Joutrinas
de conlr.rçionrirrrtiveranl
essatradição. Etltrc t-ls
sacerdotes
havia três cateSoriils.
As d-oe
nçascranl .catalogadas:
benignas,
Inediase gravcs.Cadagrupo sac:crdotal,
conl'ornte
sltlt
irnp<.rrtância,
se ocupava de ttt'ttdessesgrul)osde clt-rcnças'
As
dOenças
gravese SemigraveS
crAtlltrAtAdaS
exclusivanlentc
çOtÌì
tlraçÕes
e Ceritnônii.rs
conjuratorias.
As doençls tlc tcrceirucuLc-
goria se berreficiavalrr
cieurr-ìit
terâpêutlcabastanteruCllnìcnlar
c
nenrsempÍelogica.Assinr,ir águitde deterrtrinada
lonle eradarJa
aos doentes lebris, I'aziartt
itplicaçiieslocais de água Íria rras
luxações,
nraso rerncclio
intlicadopafu lÌscrtlicas
cra ingesl.Ìo
dc
unra pitaciade cinzascJep;.rpel
<ìourado,
prcviurttcnte
queinrrt<Jtl
diante do altar clostttot'tos
dit ltniilia.
I)ocurnerltoscla rnçdicirtacltinesa:o livro rnedico(2'Ó9tla
2.599a.C.) cscrito pelo intperitdorKwang-Ti: o livro de Chcn-
Nug, que nretrciclrtll
tttaisdç ccrnremédiosvcgetais;
utl corrlpén-
cliocle liarnracologitr;
o livro do Pulso,etn dez volumes'
Clonheciarn
a vtrrioladcsdctemposreÍnotos.Em epoca mris
recente.ocscreverÌlas tttittlilestlrções
prinrárias.securtdúrtus
c
tcrciariasclasiÍ'ilis,
bentcornt>
aslot'ntas
cortgênitrrs.
O drrgnosti-
co era í'eitoprinc:ipalnren(e
pelo pulso. Mcttcittttr'ttn
opct'uçòcs
de Ìabio leporino Íeitasno ano 1.000a.C.
'Terapêutica
- I)escreveri"ll.n
elìr sua l-arnracopeia
nraisde
2.000medicatnentos,
distinguindo-se:
lerro para allenìlas,nler-
cúriO puru:ililis. ersúrricupltrit rlcrtnutttsc:.ecrtas rltizcspltrit
vermirtoses.
e ópio colÌìo Ilarcotico. Ì-anrberrt
aplicavamIrala-
nìento htgieno-dietetico.IÌecr)tt
terrdavanrl ígado itos itnênt
tcos.
Os ensinittncttLos
<Je
Strsruta
cllegitranlà Chirlano seculoI ll
pela abertirratlc trt.ttttosteit'tt
l)arlÌo qual lorarnpedìdosà tntlia
sáhiose livros. Os sacerdutesdc Buda orgattizaramhospitais
cour errÍ'eruteiros.
Cottstruiratrthospitaistle istllanlentoe cüsüs
cjerepousopara cortvalesccntcs.
llavia parteirascÌn instituiçòes
HISTORÍA DA ENT.'E,RMAGÊ,M
especiais,
precursorosdas maternidades.
So a cirurgra eslacio-
nou, pela impossibilidade
de dissecarern
cadávares.
Nào se sabccornodecaiua organização
hospitalarintrodu-
zida na China pelos budistas.O Íato e que a medicina chinesa
pouco it pouco sc tornou astrologica.
.lAI'ÃO - A principio o poder suprenìodo Mikado abran-
gia tanrberr a autoridadereligiosaque os sacerdotes
cxercianl
sob sua dcpendência. A mediciqal oiiètic.hjsl-a :rG.g_çg4pço da
9!{-9-ll!!È'
A única terapêuticaera a das águastcrrnars.
A eutunásiacra consideradulicìta.
A medicina budistapenetrou no Japàograçasa urn bclnzo
chinês a quenl o imperador conÍ'ioua nìissaro
de organizarcl
ensinoInedicoem todo o lmperio. Depoisde algunrprogresso,
as gucrriìscivis provocaran.ì
a tJecadência
do ensino nredico.
GRÉClA - A celebridadeda (ìrecia no dominio da liloso-
l'ia,das ciêrrcias.
letrase ar1es,
se estcndclambénrao canrpoda
rnedicina.
Mesrlo no periodornitologicoe cnìpirico,a medicrrra
grega
já tinh:ìseuesplendor.Depoisque Hipócrateslançouasbases
da
nredicinacientilica. nraisse I'irrnoua Crécia conìo uutoridade
mediçr. Tiio irnportanteÍoi a atuaçào dc Hipocrates,que se
clividç a rnedicinagrcga cnì cloisperiodos:antcs e depois de
H ipócrates.
Periodo pre-Hipocratico - As primerrus tconrs Brcgils
sobrea medicinase prendiamà Mitologia.Assim,Apolo, o deus
sol, e tambem o deus da saúde e du nredicina.Asclcpios 1ou
EsculÍpio).seuI'ilho,é nredico.Os Í'ilhosde Asclcpios,Podalirio
c MitcuondiÍ'undiramo culto dc seupui.e organilarunros Asclc-
piades,seussacerdotcs-medicos.
Higea, Panaceiae l4cditrina,
cram deusasda Saúde:e prirneiraconìo conservadoru,
ir scgun-
da como restauradora
e a terceiracomo preservadora.
Quirorr.o
Centau
ro (Í'i
gura rnitologicu.tnetad'e
htlrrte
m, meIadeca'itlo) cri.ì
o nlestredas artes rnedicas.
Hornero inclui errrscusescritosmuitirsinlornurçrìcs
sobrcu
nrcdicinagrega. Sabctttos,
assitn.quc os medicosgregosdrssc
pcriodo conheciampelo rnenos:
I
I
28 WALESKA PAIXÃO
De Ar:atomia:ossos,músculose arÌiculaçòes;
Da Patologia:epidemias,lesõestraumáticas,lerimentos.
Classil'icavarn
os I'erimentosem superl'iciais
e prolundos,
distinguindo l-ll especies.
Terapêutica- Alem de fisioterapia,
usavamsedativos,
lor-
tiÍ'icantes
e hemostáticos.
Faziamatadurase extraçàode corpos
estran
hos.
A rnedicinaera exercidapelosAsclepiades.
Os mais antigosestabelecimentos
que conhecenros
na Gré-
cia para o tratarnentodos doenteschamavam-se
Xenodoquia.
Seu primeiro objetivo era hospedar os viajantes. Havendo,
porem, doentesentre os mesmos,prestavam-se
a esses
os cuida-
dos necessários.
Outro estabelecimento
gregoera o lalrion, quc
correspondeaos nossosatuaisambulatorios.
Os templclsdedicados a Asclepios tambem se lornaranl
Í'amosos
pela grande al'luência
de docntesque vinham implorar
sua cura ao deusmedico.Um dos mais celebresdesses
tenrplos
e o de Epidiruro. Em hospital anexo. os medicos-sacerdolcs
interpretavanlas prescriçõesde Asclepios,dadas atravesdos
sonhos do paciente. O tratamento consistia geralmente eÌll
banhos,rÌìassagens,
sangrias,
purgativos,
dietas.Hramproporcio-
nados aos doentes em larga escala:sol, ar puro, iguu pura c
mineral.
Se a cultura Í'isica,
o cuito da beleza,a inrportânciadadauo
dever da hospitalidade,
Í'oramÍ'atores
de progresso
da medicinu
e da enÍerrnagem,
o exccssode respeitopelo corpo, a ponto de
considerara dissecçàode cadávcrcsdesrespeitosa.
atrüsavl os
estudosanatôrlicos indispensáveis
aos medicos.
A crença de que nascimentoe lìlorte eratn coisrtsitttpurus
conduziaao desprezoda Obstetriciae ao abandonodos doentes
em estadorr.ruito
grave.
Hntrctanto,hontensestudiosos
e de valor conscguirant
ven-
cer esscsprcconceitose estabelecerbasespara I'uturospro-
gressos.
Hipocrates- Nasceuo Pai da Medicina na ilha de Cos, no
ano 460 a.C. l)crtcncil à vigesirnageração dos Asclepiadcs.
H,studou
Í'ilosol'ia
e vialou por diversospaises.A lenda diz cluc
HISTORIADA ENFERMACEM
aprendeuas artesmedicascom Quiron.A eledevemosa medici-
na cientifica.
Pondo de parte a crençade seremas doençascausadas
por
maus espíritos,explicavaa seusdiscipulosa verdadeiracausa
das mesmas.Insistiasobre a observaçãocuidadosado doente
para o diagnóstico,o prognósticoe a terapêutica.A coleçàode
seusescritosconstituio "corpus hipocraticum". t,sses
trabalhos
l'oramreunidospara a lamosabibliotecade Alexandria.Os mais
antigr>s
manuscritosdos trabalhos.de Hipocrates, atualmente
conhecidossão: os da btblioteca de Viena. do Vaticano e de
Paris.Há tambem ediçõesimpressas
dos seculosXVI e XlX.
Para Hipocrates,a Natureza e o melhor medico. Seu pri-
meiro cuidado e'não contrariá-la.
Hipocrates, ao descrever suas observações,demonstrou
conhecerdoençasdo pulmâo,do aparelhodigestivo,do sistema
nervoso.Ê extraordinária
a proÍ'undidade
de seusconhecimentos
sobredoençasmentaisque so em nossos
dias,praticamente,
tem
sido tratadasracionalmente.
Praticavatambem a cirurgia, distinguia cicatrizaçoespor
primeira e segundaintenção.Operava cataratas.
Teoria Humoral - Consideravaa saúdecomo o equilibrio
dos humores:sangue,linfa, bile brancae bile negra.O desequili-
brio entre os humorese a doença.As causasde desequilibrio,
segundoHipócrates,podem ser:o ar viciado,o trabalhoexcessi-
vo, as emoções,as bruscasalteraçõesda temperatura.
Terapêutica- Seu princípio Í'undamental
era nâo contra-
riar a natureza, rnas auxilia-la a reagir. Conservou o uso de
massagens,
banhos,ginástica.DeterminouasdietasparadiÍeren-
Ies casos.Tambem usavasangria,ventosas,
vomitorios,clisteres
e purgativos.O calmanteem uso era a mandrágora.Descreve
236 plantasmedicinais.Entre os medicamentos
mineraisemprc-
gou: enxoÍ're,aluminio, chumbo, cobre e arsênico.
Escritosde Hipocrates- Escreveusobredeontologianrcdi-
ca, sobre climas e epidemias,sobre as diversasteoriasntódicrrs
por ele estabeleçidas
e sobreasespecialidades
que exerccu.Sctrs
"AÍ'orismos" são celebres.baseados
em suasobsen,actics
rrlr.rr
las. Citaremosalguns:
30 WAI,b,SKA PAIXÃO
"A vida e brevc,a arte é longa,a ocasiàoe I'ugaz,
o cxpt:rl-
mento Í'alaze o juizo dilicil" (1. 6).
"Os velhossuportaÍnÍ'acilmente
o jejum: nìenosl'acilnlentc
o toleranros adultosipouco os adolescentes,
e nlal, as crianças,
especialrnente
as de grande atividade" (1, ll).
"A tisisse maniÍ'esta
principalntenteentre os l8 e 35 anos"
(v. 9).
"O sangueesputnosoque sc expele coÍn a tosseprovóttt
certalnentedos pulmões" (V, l3).
A inlluênciade Hipócratesl'oilevadapor seusI'ilhosii esctt-
la de Alexandriaque l'oi um celebrecenlro clcestudosnos últi-
mos séculosantes da era cristã, atraindo homens dc valor de
todas as regiõescivilizadasda epoca.
Ëintreos progressos
promovidospela lìmosa escolade Alc-
xandria, Íbi de grande importância o adianLanrento
da Anato-
rnia,pela dissecçãodos cadáveres.
Celebrizararn-sc
naquelaescola:
fJerol'ilcr,
que identiÍ'icouos nervos sensitivose nlotorese
Í'czestudosde valor sobre o pulso.
Brasistratooutro notável proÍèssorde Anatolrria.
Assirn,Alexandria herdou o magnil'icodeposito da culturit
grega,enriqueceu-oe o diÍ'undiuno tempo e no espaço.
ROMA - Aproxirnadamenteno ano 753 a.C. lt1{99;;t:
Ronra,cujo norle, e.trpouco tempo,selornaria lantttsoent todo
o nrundo antigo, corÌro o grande irnperio que suplantou os
denrais.Dorninando,sucessivamentc,
os povos vizinhos,.
anexi,t-
va-osc()rÌtoprovincias.
_l'ovoessencialnrente
guerreiro, o romono intprinriu lr sua
civilizaçiroo sirreteda guerra e da conquista.Seu rnstrntodc
poder visavutarrbeni nr"ç à grandezada naçàoqu. r,u bcnt da
pcssoahumana.O indivídDoreccbiacuid.rdosdo Estado,conro
ci<jrdãodcstinadoa tornar-sebom guerreiro.Nissodil'ereu civi-
lizaçào ronlrÌniì da grega, onde o aspecto hunrano c pessoirl
Íìereceu nraisconsideração.
Os primeiros habitantesde Rottut
-Íbramos etruscos,que se supõeterem vindo do Orientc. Solre-
rarn eles duas inÍ'luências
civilizudoras:r oriental c a grctrr.
HISTORIADA h,NFERMAGE,M
Distinguiram-se
os romanosprincipalmentepor suasobrls
de saneanrento.
Ruas limpas,casasbem ventiladas,
irguapunr c
abundante,banhospLrblicos,
rede de esgoto,conrbateà n.raliiria
pela drenagem das águas dos lerrenos pantanosos,I'orantas
preocupações
rnáximasdos governarrles.
O escoamentodos brejosse Í'aziapor meio de galeriassub-
terrâneas.
A Sexto Júlio Frontinusdeveu Roma scu notávelabastcci-
mento d'água.Narrou ele suasreaÌizaçÕes
em unl livro que I'oi
copiado c conservado cuidadosantenteate a descoberta da
inr.prensa,
quando Íoi edrtado.
Cr>nstruiul4 aquedutosque traziam à cidade as àguasdas
mt>ntanlras
vizinhas. Os grandes ediÍ'iciospúblicos de banho
eram suÍ'icientes
para que cada habitante de Roma lomasse
banho diariamente.Algumas ternrasse tornaranìcelebres,pois
eram lugrresde encontropara conversas
sobretttdosos aconte-
cirììcntt.ls
dc irnportància.
O sistemade esgotosem Roma l'oi uma granderealizaçào.
A cloacanthxinra,construçãode Tarquinio Prisco,era o grande
centro dessesistema.
'Os rnortoserarn sepultadosfora da cidade,na Via Ápia.
Alern do sanitarismo,os romanosse distinguirantpor seus
cuidadosaosguerreiros.Eslabeleceram
para estesvárioshospi-
tais. Por isso adiirntaranr-se
principalmente enr cirurgia de
guerra.
Os civisrecorriamaosmedicosgregos,que eram numerosos
ern Rotna.Durante muito tempo foi a proÍ'issâo
medicaconside-
rada indignar
do cidadãoromano. Assint,quando o medico não
cra cstrangeiro,era escravo.
Os serviçosde enÍ'ermagem
eriìnì tambem conl'iadosaos
cscravos.
A influênciirgregafoi, porem,crescendo.
Júlio Cesarcome-
çou a conceder o titulo de cidadâo romano a medicosestran-
geiros.
So na era cristã, porem, se distinguiramalguns ronìanos
como grandesrnedicos,sendotodos de origem grega.Os ntais
notáveisl-orarn:
i
I
32 WALESKA
PAIXÃO
Celsc-
- que apesarde adquirircertalan'ìanâo inlluiu sobre
a posteridade.
Dioscorides - (seculo l) Íbi cirurgiào militar. Exerceu
influênciaate o seculoXV por suabotânicamediça.É o primei-
ro autor a mencionaro opio e.scu emprego.
Caleno - grego de nascimento,inÍluiu nruito na nredicina
romana.Nasceuem Pergamono seculo ll. Deveu a Aristoteles
sua formaçãofilosofica.Estudoumedicinana Grecia e em Alc-
xandria.
Estabeleceu-se
em Roma, onde obteve intciro apoio do
imperadorMarco Aurelio. Suaanatomialoi o texto universal
até
o seculo XVl, quando foi substituidopor Vesálio. Pelassuas
experiências
sobre animaisfoi o precursorda Í'isiologia
experi-
mental.
E,screveu
sobrediferentesformasde tuberculose,
distinguiu
a pneuntonia do pleuris, escreveu minuciosamentesobre ó0
medicanrentos.
Infelizmente,foi antesde tudo teórico, e negligenciouos
metodosde Hipocrates.
))
t)
BIB LIOG RA FIA
Dr. Eugènc Saint Jacqucs- Histoire de la Medecrnc - EditronsBeauchc-
nrin. Montrcrl. 1935.
Dr. Henri Bon - Précisde Medecine Catholique - Librairic Fslix Alcun.
| 93ó.
tsiblia-- Pentateuco.
Lucy Ridgely Seyrner- A general History ol Nursing - l abcr & [ abcr
Limitcd. 1912.
l)ock and Slewart - Short Hrstory ol'Nursing - 2r cdiçào, 1925.C.P.
Putnarn'sSons. New York.
ElizabethJ. Scwall- Trends in Nursing History - W. Saunders,1941.
Hirt s Mcdrcal Classics- Williamsand Wilkins- Vols. l7c 18,l9llí.
Austin. Anne L. - History ol Nursing Source Book - G.P. I'utnant'sSons
- Nc*'York.
UNIDADE II
PERIODO DA UNIDADE CRISTÃ
Primeiros .téttrlos
a) Diáconose diaconisas;
b) lgreja Livrc - Monaquisrno
Idade Mëdia
a) Cruzadas
- OrdensM ilitares
b) Ordens Seculares
c) Decadênciareligiosa
d) Progressos
da medicina
O adventodo Cristianismo,
completandoa revelaçâoprinri-
tiva e realizandoa Redençào,constituiua maior e ntaisprolun-
da revoluçãosocialde todos os tempos.
Sem intervir diretamentena organizaçàopolitica e social,
nela influiu pela reforma dos individuose da familia.
A sublimidadede sua doutrina e a Í'orçade seusmeiosde
santificaçãolevaramos primeiroscristãosa uma vida tào sanl.a.
que seuexemploarrastava
asalmasde boa vontade,sequiosas
dc
perfeição.A lei da caridade,"o mandamentonovo", postacnì
prática generosamente,Í'aziada Comunidade cristà, "unì s()
coraçãoe uma só alma". Esseespetáculonunca visto levavaos
?l
l)
4)
o)
7)
ti)
34  A L LSKA PA tX ÃO
pagãosa exclamar,admirados:"Vêde como se amam esses
cris-
tlìos1".
Faziarnrrraisos cristãos:anìavam,segundoo preceito do
Mestre,seuspropriosinimigose perseguidores,
algunsdos quais
sc convertiirrndiante dessamaravilhajamais presenciada
ante-
riormente.Logo no inicio dasprimeirascomunidades
cristàs,os
pobrese enÍ'ermos
Íbranrobjeto de especialsolicitudepor parte
da lgreja.
DlÁCONOS - S. Pedroorganizouos diáconospara so!^or-
rê-los(Atos. Vl. -l).
Igual serviçoprestavam
asdiaconisas
àsmulheresnecessita-
das.S. Paulocita: Foebe.Maria, TriÍ'ena,TriÍ'osa,
Priscila.comtr
tcndo trubalhadornuito. (Romanos,XVl, l, 6. l2).
As viúr,usque dispunhamde tempo, assimcomo as'vrrgcns
quc se consagravarn
a Deus.tomavamparte irtivancsserocorr()
a pobrese doentes.
Quando pcnsaÌltos
na ausênciacontpletarJssocorroorglnr-
zado nessa ópoca, podemos imaginar quanto havra a luzer e
conro I'oiverdadeirarevoluçãosocialo conjunto de scrviçosde
assistcncia
organizadoe mantido pela generosidade
dos prir.nci-
ros cristi-ros.
Hssclrabalhoencontrouseriosobstáculos
na persc-
guiçirornovidapor judeus e pagàoscontra o Crrstianisrno.
l.rês
seculosdurou aqueleperíodo.O primeiro Diácono, SantoEstê-
vàt>.
Í'oiapedre.jado.
S. Lourenço,diácono,l'oinrartirizadonunta
grelha.l'errlirradosos très seculosde perseguiçào,
o intperador
Constantinopublicouo Edito de Milão, declarandoa lgrejalivre
para exercersuasatividades.
Pôde, então, o movimento de assistência
desenvolver-se
rnais.Dirigi<Jo
pelosbisposnassuasdiocescs.inieiou a organi./il-
çiìo de hospituise rccolhimentos.
Hrn( cstrcu.sob S. Basilio,o trabalhodasdiaconisas
DiÌrccc
ter atingido o scu apogeu(seculolV).
C.elebriz<lu-sc,
rìa sua <lireçiro,
Olimpia. nrulherdc grandc
vitlor e capacidu<Jc.
EdLrcado
em Atenas,tendo vustosconheci-
tncntosnrédicos.S Basiliocrnpreendcuobras de tal.vulto que
obteve aurilio rlc 1-rrgìos
c cristàos.pobrese ricos.
HISTORIADA ENFERMAGEM
Foi o prirneiroa t>bterdo go'"'erno
isençãode impostospara
ho.spitai.s
de socorrr>
ú pobrcza.
Citanrossuaspropriaspalavrasde urnacarta ao Prclcilo tlc
Cesaróa:"E,st<-lu
certo de que olhareis favoravelme
ntt: para o
hospitaldos pobrese o isentareis
de impostírs".
Ern Conslantinopla
ianrbemsedese
nvolveunrLrito
o socorro
aos doentes e desanrparados,
graçes ao zelo de S. Joào Cri-
sostomo.
DIACONIAS h XITNODOQLJI,'
-A primitiva assistêncta
prestadapelosdiácon<ts
c diitconisas
levou o povo it deItomtnlr
diaconiasos lugaresonde se recolhianros doentes,qucr enl
casasparticulares,qucr enÌ hospitais.
O grande núrnerode necessitados.
a nlaior dilusàoda lgrc-
ja, a extinçirodus pcrseguiçt)es.
loritnt causits
de grandemo<jili-
cação ncl sistcrxade assistência.
Conteçouestaa centralizar-se
no bispado,cont rnstalaçòcs
rnaioress pcnlanentes, sentelhaÌltcsâos xcnodoquia gregos.
cujo nonreadotararrr.
O Edilo de MilÀo tll5) pelo qual Constan-
tino dava aos cristirosa liberdadede culto, I'echouos hospitais
dedicadosa Esculápioc estimuloua l'undaçàode hospil.ais
cris-
tiìos.
Grande núrnerodc bispostinham conhecimentodc medici-
lìa,o que os colocavaduplarnenteent concliçòes
de organizarc
orientar a assistência.
Os seculoslV c V trÌarcanlunl periodo üe grandc llorcscr-
rììcnto de hospitais.Ncles eritnt recebidos,alem dtrs docntcs.
órl'ãos,velhos,aleijadose pere{rinos.
VIDA RELIGIOSA - A grande dilusâo do Cristianisnrt'r
cnr Rorttitlevou muitasde suasrtritis
distintasdanli-ts
a sc dcdicar
Irt>serviçodos pobrese doentcs.
Apos o Edito de Milao puderantitsvirtuosasromanastrans-
lìrrrnarseuspalácioscrn casasde caridrrdc.
I)estitclm-secntre elas:Santitl)aula.l-itLriola
c Marccla. A
principio reuniüln-sepitra esludos religittsosc pr()lilllt)s.lì()
Monte Aventino. onde residiaMarcela.
I
WALL,SKA PAIXÃO
Dirigia-lhesas atividadesS. Jerônimo,nome de notávelbri-
lho na Historia da lgreja, e de grande inÍluêcia na drf'usãb
do
Cristianismo.Sua tradução da Bliblia para o Latim, conhecida
como "Vulgata" e unra fonte de apostoladoe cultura cristà ate
hoje consultada.
Era, pois, um grupo de escol,aliandograndecultura e edu-
caçãoa elevadoespíritode serviço.É esteo primeiro grupo de
nrulheres,citado na História, que se dedicou a estudospro-
I'undos.
SuasÍ'undações
se difundiram,principalmenten{ Palestirra,
onde SantaPaulaÍ'undoualgunshospitais.l*abiolase consagrou
aosdoentesno seu proprio palácio,que transÍ'ormou
em hospi-
tal, o primeiro Í'undadoem Ronra pelos cristãos.
MONAQUISMO - Entre os homens,a liberdadereligiosa
inspiroutambem a muitosa ideiade sereunir cm contunidades
a
serviçoda cristandade.
Já havia,anteriorniente,pequenosnúcleosde horrrens
vir-
tuosos,que se reuniarnpara estimular-se
nlutuamcntcu vivcr tr
cristianismona sua perfeição,estabelecidos,
porem, enr regiÕes
desertas.
Depoisdo Edito de Milào, essas
agremiaçÒcs
seestabe-
leccramern plena cidadee lomaram novo inrpulso.For i.sso
nos
últimos ternposdo lrnperio Romano.
O maiscelebreorganizadorde taisinstituições
loi S. tsen1o,
conhecidocomo "o pai dos mongesdo Ocidente",que viveu no
Vl scculo.
Rapidamenteos mosteirosbeneditinosse espalharüm,
prin-
cipalmentena ltália, na França, na Inglaterrae na Alemanha
'I'ornuranr-se
centros<legrandeprogresso.
Os mongeslavravanr
lutcrnr, construiammoinhos,derrubavamI'lorestas
e labricavanr
ohjctos tlc rnadeira:eopiavanìmunuscrrtos
untigt-ls
e orgunizir-
vam bibliotccase escolas.
Cultivavamplantasmedicinaisc man-
tinhanr serììpreurn hospitalpara os pobres.
Ocuplrvarncm suaslavourasgrande núnrerode canrpone-
ses,I'orrrundoussirnnúcleosde populaçâo,muitosdtls quarsse
tornararìÌpr(rsperas
cidades.
Organizirçr)cs
sernelhantes
I'oram Íèitas para as mulheres.
L.inlre
os pnrrciros bcrrcditinos
corÌtam-se
dezenas
de imperado-
HISTÓRIA DA ENFERMACEM
rese rels,assimcomo rainhas,quc abdicaranìpara entregar-se
a
uma vida mais perfeita.
Uma das caracteristicas
notáveisda nova instituiçàol'oi o
cuidaclode associaroração e trabalho num equilibrio pcrl'e
ito,
sem excessos
ou rigoresdesfavoráveis
à saúde.
L,ssaprudência tornou os nrosteirosbeneditinosgrandes
escolasde vida cristã perfeita. Sua inÍluência na cristandade
ten'ì-se
mantido atravésdos seculose parece mesmo tornar-se
r.nais
pulante em nossostempos.
, AS GRANDES ABADESSAS - Na direçãodos conventos
I'enr
jninos(que nls interessam
particularmente)
estavamas aba-
dessas.
Muitas se distinguirarn
na ciênciae nasletras,mas Lodas
trabalharamtambem de modo especial,no progresso
dos hospi-
tais e dos cuidadosdispensados
aos doentes.
SantaRadegunda
- (seculoVI) - Deixou o trono de l-ran-
ça e fundou um conventoespecialmente
dedicadoao tratanrento
dos leprosos,do qual se tornou abadessa.
SantaHildegarda- (seculoXI) - Nascidana Alemanha,e
conhecidacomo a Sibila do Reno. De familia nobre, educada
num conventodesdea infância,tornou-seuma dasmaiscelebres
abadessas,
distinguindo-se
pelosseusgrandesconhecimentos
de
CiênciasNaturais,Enl'ermagem
e Medicina.
Escreveusobre doençasdo pulmão, verminose,ictericia e
disenteria.
Dava grande importânciaà águaem sua tdrapêutica,reco-
mendando aos doentes que a bebessemem quantidade,e às
enlermeiras,que proporcionassemfreqüentes banhos a seus
paclentes.
Conta-sçque conseguiucuras notáveise que seusconheci-
mentosmedicossobrepujavamos dos homensmais notáveisde
seu tempo.
ORDENS MILITARES - Desdeo seculoVll tinhaJçrusa-
lem caído em poder dos Muçulmanos.lsso acarretouinúmeras
dificuldadespara os cristãosque faziam peregrinações
à Terra
Santa.Os Muçulmanosos perseguiam
dé tal Í'orma,que, poucoa
pouco,foi cresçendoentre os povoscristãosa ideiade libertaro
HISTORIA
DA ENFERMAGEM ]9
túmulo de Cristo. Foi esta a origem das expediçõesnrilitarcs
cclnhecidas
sob o notne de Cruzadase iniciadasno séculoXl.
," Essemovimento,por suavez,deu origerna novasorganiza-
(t
çòesde enÍ'ernragem,
sob a Í'ormareligiosa-militar.
As principaisÍbram: Os Cavitleiros
de S.Joàode Jerusalenr.
os de S. L'azaroe os CavaleirosTeutônicos.A primeira teve
início com a fundação de dois hospitaisem Jerusalém.Seus
lundadores,rregociantes
italianos,
tendo vistoos sol'rinìcntos
d()s
percgrin<-rs
perseguidos
pelosM uçulrnanos,
criurarrr,
pari.l
socor-
rê-los,os htlspitaisde S. João e de Santa Maria Madalena:o
prinre.iro
para os honrens,o segundopara nrulhercs.
Recebendodonativosde grandenúmero de ricos cruzados,
os Cavaleirosde S. Joi-ro
conseguiram
estendcrseusbene
l'iciosa
diversospaiseseulropeus.
Tornaram-setão numerososque sc
dividirarnem provincias,de acordo com as linguasI'aladas
nas
lÌìesnras.
Corn a expulsãodos cristàosde Jerusalem,
os L'avalei-
ros transl'erirürn
seu principal htlspitalpara Rodese rrrur;taric
para a Ilha de Malta.
São por isso, conhecidos também como Cavalciros dc
Rodese Cavaleirosde Malta.
O hospitalde Malta era luxuosoe tinha mil leitos.É pena.
porenl. que os usos e os conhecimentosde higiene da epoca
sacrificassetn
a necessidade
de ar. sol e lirlpeza a instalaçÕes
anti-higiênicas,
de dificil e rara linrpeza.
Ate o seculoXVll aindase encontravanìna L,uropapeque-
nos núcleos dccadentesdessaou{rora Ílorcscente.
instituiçào.
Um dos grandesmerecimentosdessaOrdem Ioi o cuidadocari-
nhosoque dispensouaos Ioucos,contra todasus ideiasc costu-
mes então em voga.
Os cavaleirosde S. Lazaro,Í'undados
peloslranceses,
tanì-
bem na Palestina,
deram prova de grandededicação,cntregan-
dcl-seao tratatnentodos leprosos.
Ainda que anteriormente,desde S. Basilio,tivessehavido
algumaassistência
aosmesmos,foram os cavaleiros
de S. Lázaro
os primeiros que se dedicaramsistema(icamcntc
a esscnristcr.
Santa HíIdegarda
WALL,SKA PAIXÃO
Durante dois seculos Í'undaram leprosariosenr diversas
regiõese foram os maioresresponsáveis
pelasensivel
diminuiçào
do número de leprososna Europa.
Como elementode valor no combateà lepra,que se intensi-
Í'icoumaisa partir do seculoXll, contam-seasinstituiçòes
l-ran-
ciscanas.
Os documentosrelativosaos leprososna ldade Media.
nrencionar.n
grandenúmerode leprosários
e um total assusta<jor
de internados.
Julga-sehoje, que muitos dos supostosleprosos,como tais
encaminhados
aosleprosârios,
eram simplismente
portadoresde
lesõessifiliticas.
Como as demaisOrdens.os Cavaleirosde S. Lázaro loram
desaparecendo
com o alvorecerde outrasinstituiçõcsnraiscon-
formes às necessidades
dos tempos.
Os Cavaleiros Teutônicos iniciaram suas atividades em
Jerusalemno começo do seculoXll. Prosseguiram
nessetraba-
lho ate o seculoXV, tendo gozadode grande considcraçàode
diversosmonarcas,na Alemanha.
ORDENS SECULARES - As cruzadasnão atingiramseu
objetivo:tomar o túmulo de Cristo aos Muçulmanos.Abriram,
porem, para o Ocìdente, novas possibilidades
de comercio e
nova Í'ontede progresso.
Por outro lado, a paz e 'àprosperidadede que gozavamos
cristãosfoi. para muitos,origem da decadência
da l'ée dos cos-
tur'Ìles.Baixa de nivel moral, e mesmo Í'rancacorrupção dos
costumes.
çontroversias
religiosas,
alterandoem certosgruposa
uniclade
da Íé, foram dois malesque se acentuaramno inicio do
seculoXlll.
l)aracombatê-los,
l'oiS. I-ranciscode Assisum dos homens
providenciuis.
O outro foi S. Domingos.O primeiro,Í'ilhode unr
negociantede Assis,Pedro Bernardone,era um rapazalegree
elegante,o idolo de seuscompanheirosde l'eslas.
De espirito
generoso, ni-roconseguiu interessar-se
pclo comercio, conto
desejavaseu pai.
Tentou as glorias militares,mas uma doença ó obrigou a
renunciarmomentaneiimente
às mesmas.Procurou,entào.mais
HISTORIADA ENFERMAGEM
elevadoideal. lmpressionado
pelaspalavrasdo L,vangelho,
que
recomendamo desapego
às riquezas,resolveuvivê-lasao pe da
letra.
Em pouco tempo outros vieram pedir-lhesorientaçàopara
viveremdo mesmonrodo,e assimcomeçoua Ordem dos l-rades
Menores ou Franciscanos.
Não pretendeuS. l-ranciscoÍ'undaruma ordcm para cuidar
dos doentes.Os irmãos se dedicavam a viver a perleição do
L,vangelhoe a pregá-lo pelo exemplo e pela palavra. Sendo
assim,nenhumaobra de caridadelhesera estranha.
Conreçaram
a visitarhospitais,
onde alem de exortaros doentes,davam-lhes
banhos,curavam.lhesas chagas,arrumavam-lhes
os leitos.
A popularidadede S. Francisco,ou melhor, sua santidade,
atriliu-lhs tambem discípulosÍ'ervorosos.
Clara SciÍ'Í'i,
distinta
jovem de Assis,pediu-lheuma regra de vida semelhanteà dos
Frades.S. Franciscoatendeu-a,e em breve lloresciao lc con-
vento da 2s ordem, ou das religiosas,
depois conhecidass<-rb
o
nome de Clarissas.
De acordocom os costumesda epoca,as lrmãs não podiam
gozarda mesmaliberdadeque os frades.Viviam,pois,enr clau-
sura.Mesmo assim,cooperavamno tratamentodos doentesque
as procuravam,dando-lhesremediose Í'azendo-lhes
curativos.
Só issoseriabastantepara imortalizarS. FranciscorraHis-
toria da E,nÍ'ermagem;
muito mais ainda, porem, lhe devcmos.
Procurado por pessoascasadasou retidas no mundo por
outrosdeveres,que desejavamtambenrtomar parte na renova-
çâo cristã iniciada pelas duas primeiras ordens, S. l-rancisco
instituiupara elasa Ordem Terceira.
Deu-lhesuma regrade vida compativelcom seuestado.Os
membrosdasOrdensTerceirasse obrigavamà práticada perl'ei-
ção cristã, mas não faziam votos nem deixavam seuslares.H
assim,o fermento da renovaçãoespiritualia ganhandottrda e
massa.Outros renovadoresimitaram essainiciativa.S. Domin-
gos,cuja ordem tambemmendicante,tinha como Í'imprincipal<-l
estudoe a pregação,teve em breve,suaordem terceira.O valor
das ordens terceirasfoi enorme para o progressoda cnlerma-
sem. Seusmembrosconsideravamum dever tomar Dartenr:ssit
4l
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM
obra de rnisericordia,
e grandeera o númerodos que tonlavanìir
si o cuidadode uns tantosdoentes,indo drarianten{e
aos hospi-
tais. Muitos desscsterceiroseram nobres.
Sirol-uis, Rei da l-rança,Sta.lsabelde Hungria,Sta.lsabel
de Portugal, pertenciarnà Ordent T'erceiral-ranciscana,Sta.
Catarinade SieniL.
à Dontinicana.
S_anta
Catarina de Siena - Niro se contcntxvü eorrrscrrir
doentesno hospital.Procurava-os,
abandonadospelas ruas ou
.e,qr.casebres,
e providenciuvasua internaçào.L.m l-172,
durantc
uma epidemia,trabalhouciiae noite no hospitaldc Scala.I,aru
ìronrarsuarnernoria
e que o velho hospitalent ruinasIoi rccons-
truido seculosdepois. Pode-sevisitar, ainda hoje. seu pobre
quarto,onde se conservaa lânrpadaque lhe scrlia paru procurür
tts doentesabandonarJos
pelasruas escurijsdc Sienu.
Catarinade Sienae ulìì nonle que deve ser guardadopelus
cnÍerrneirasconlo unla das mais perl'eitasrealizadoras
de seu
idcal.
Santalsabclde Ììungria - Casadaaos l5 anoscollì o.Land-
grave da Turingia, não abandonou,antes intensificouseu inte-
rcsscpelospobrese doentes.Visitava-os
pela manhã e à tardc,
bunhuvaos leprosos,levava-lhes
alinrentos.Viúva conr quatro
lilhos, Í'oi expulsado palacio pela sogra e pelo cunhado. Des-
prcndida cotrìo era dos bens terrenos,nào se perturbou coln
isso.Viveu o restode seusdias na pobrezaachandoai*rdantcios
dc a.;udar
os nraispobres.
Morta aos24 anos,teve tempo de enchersuacurl.aexistên-
cia com boas obras que lhe imortalizaramo nome: na lgre.1a.
c()rÌ1o
siìnta,na Historia. coÍÌÌo elententode grandc progresso
srlcial; na E,nÍ'errnagem,
como unr dos seus ntais admirávcis
rnodelos.
Beguinas- Instituiçàobastanteoriginal e a das lìeguinas,
cstabclecida
enr Flandres.algum tenlpo antesdas ordenstercei-
rirs. Podiam, as beguinas,como as religiosas,ter vida ent
c()rìlluìl.
Como as terceiras,não l'aziamvotos,e podianr,se pre-
lcrissem.rì1orar
cor.ÌÌ
sua propria Í'amília.
Chegarama ser muit()
rìultìerosas
(200.000)
e prestaramgrandesserviços,
quer noshos-
pitlis, quer a domicilio.Algunsde seusestabelecimentos
(tsegui-
Membro de Ordem Militar
WALESKA PAIXÃO
nages)são ainda encontradosna Bclgica' O Beguinagede Bru-
gcs. trunsíorrnadoenl Museu, apresentuas pcqucnascltsasdlts
beguinastais corno eram na epocade seu l'uncionamento.
l-un-
duram-seoulrasinstituiçl)es
apresentl.rndo
pol.ltos
dc senlclhança
com as ordens terceiras,tnasnenhunìa[evc u repercussìoutli-
versaldas <JeS. Franciscoe S. Domingos.tluc uti'nossos dius
sào elenrenl-os
de perlèiçã<-r
individual e centrosde benelicit-rs
sociais.
INFLUE,NCIA ÁRABE NA MEDICINA - A queda de
Roma determinou o êxodo da maioria dos homensde ciência
para o Bizânçio(depoisConstantinopla),
hoje' lstambul,deslo-
candoassim,por algumtempo,o centro da culturamedieval.Os
árabesrecolheramas tradiçõesliteráriase cientiÍ'icas
da Escola
biz.antina
e serviramde traço de uniào entre a civilizaçàogreco-
romana e a moderna.Auxiliadospor elementosisraelitus.
ensi-
naram primeiro em Bagdade Damasço,passaramao Cairo e a
L,spanha,
onde fundaramas universidades
de Cordova,Sevilhae
Toledo. Em Bagdad,no seculoX, havia dois vastoshospitaise
80 arnbulatorios.
Na mesmaepocaos hospitais
de Damascoe do
Cairo eram os maisimportantesdo mundo' Foi penaque dessem
pouca importância à observaçãoclinica tão recomendadapor
Hipócrates. Na terapêutica introduziram grandes progressos'
t-oramos primeirosa estabelecer
uma Í'armacopela
e a envlaras
receitaspara serem preparadaspelo farmacêutictl.
lntroduziram na terapêutica:cânÍ'ora,sândalo, ruibarbo'
quassia,
acônito, mirra, mercúrio. lnventaramo alambiquee a
destilaçàodo álcool.
Traduziramdiversasobrasmedicasda antiguidade.
Entre os
medicos muçultnanosdistinguiram-se:Razes,(seculo lX) quc
procurou reatar as tradiçõesde Hipocrates'Conhecia bem os
autoresantlgos.
Haly Abas - (seculoX) escreveuum tratado de medicina
que í'oidurante um seculoo livro ofiçial.
Avicenas- (seculoXI), foi diretor do hospitalde Bagdade
publicou trabalhossobrernaisde cem assuntos
c l'oicognomina-
do o "Principe dos Meclicos".Foi um dos sábiosmuis notáveis
HISTORIADA ENFERMAGEM
do Oriente,pelaextensão
de seusconhecimentos.
É considerado
o AristotelesÁrabe.
Albucasis- (seculoXl) cujo tratado de cirurgia Íbi adota-
do ate o Renascimento.
Averróes- Viveu no seçuloXII. Celebremédicoe l'ilosoÍo.
Levou à Espanhanovos conhecimentosmedicose Í'ilosol'icos.
Foi grande comentador de Aristóteles.Seus escritostendiam
fortemente para o materialismo.Foram, por isso,condenados
pela Universidadede Parise, posteriormente,
pela SantaSe.
ESCOLAS DE MEDICINA - Daram da tdade Media os
agrupamentos
de _esc.olas
de ençinosuperiorsob o titulo de Uni-
versidade.A prrncípio o ensino era exclusivamente
dado por
Ordensreligiosas
e pelo clero secular,passando
pouco a p,oucoa
admitir professores
leigos.
A niaii antigaescolade medicinada Europa,na ldade Me-
dia, foi a de Salerno,na ttália, conhecidacomo.'Civitas Hipo-
çrática".
No seculoX sua lama se estendiaate a Françae a lnglater-
ra. Constantino,o Africano, grandepoligtota,íêz-sebeneditino
e traduziu,para Salerno,livrosde grandevalor que lrouxera do
Oriente. A Escola de Salerno teve muitos outros proÍ'essores
eminentes,
entre os quaisdiversas
mulheres.Entre estasmencio-
naremos:Trotula, que acrescentou
novosprogressos
à ginecolo-
gia e à obstetricia.Abela, Mercuriades,Rebeca,Constantina
Calendaensinaramtambem na mesmaescola.A escolade Saler-
no difundiu pela Europaos progressos
introduzidospelosárabes
na medicina;foi a primeira que matriculoualunosleigos.Levou
a higienea grandeprogresso.
Entre os documentossobreSaler,
no temos:o "Regimen Salernitum",conrpêndiode receitasem
versossobre higienee dietetica,o "Antidotarium", formulário
completadopor uma tabelade pesose medidas,um dos primei-
ros livros impressos
em Veneza.Outras escolasde mcdicina se
lìrran.r
abrindo nas diversasuniversidades
da Europa.
Mencionaremos:Montpellier (738)já celebreno séculoX,
l'aris(seculoXII) na França;Bolonha e Pádua.Sienae perúsia
(scculosXll e XIII) na ltália.
45
IIISTORIA DA ENFERMAGEM
Salamanca,
Cordova e Toledo na Espanha;Oxí'ord(seculo
XII) na Inglaterra;Colônia, na Alemanha.
' Dessesdiversoscentros,freqÍientados
por alLrnos
dc várias
nacìonal
idades,irradiavanr-se
asnovascon(.Ì
ur.sÍ
ltsrtrcd
icas.algu-
mas das quais de grande valor.
Quando se iniciou o periodo chamadoRenascimento,
gran-
de foi a contribuiçãoda rnedicinapara o brilho dessaepoca,
servindode basea posterioresrealizaÇôcs.
Durante a ldade Media a Europa Í-oialacarlupor t.rê-$
tcrrí-
veis Í'lagelos:
a lepra, a sifilise a pestebrrbtrnica.
A primeira loi trazidado Oriente e alastrou-sc
pela Huropa
no seculoXlll.
No seculo XV, a sifilis l'ezgrandesL-stragos
na populaçào
curopeia,embora já se usasse
o mercúrio prìraseu iratamento.
l:nl'irn,a pestebubônica no seculoXVl, invadiu os portos quc
comerçiavamçom o Oriente e atingiu muitas regiòes.
DECADENCIA DA ENFERMAGHM
Pareceque o progresso
da medicinae a <liÍ'uriiro
dc hospitais
dcveria,logicamente,lrazeÍ à enf'ermagem
aquisiçoes
de valor.
No entanto issonão se deu.
A periodosde fervor religioso,sucediam-se
outrosde rela-
,rarnento.
Sendo a enfermagenl,nessetenlpo, l'unçàoexclusiva
tla lgreja,a baixa do espíriiocristão repcrcutiasempresobrea
quantidadee a qualidadedas pessoas
a serviçodos enl'ermos.
Esçasseavanr
tambem os donativosparticulares,
o que obri-
g:rvaos hospitaisa restriçõesseriamentcprc.ludiciais.
(-.
Alimentação escassa,
Íalta de rorrpac de leitos,tais eran.t
:rlgurnas
das deliciências.Hortve hospitaisque chegaranr
a ulili-
ulrr grandes leitos,onde erunr colocaclossr:isdoentesdc uma
vt/.
l)ouco a pouco a decadêncra
so (orrìoucluase
geral.Aqui c
:reolliainda se encontravampessoasgcnçrosase capazesque
lìr(ìcuritvam
renrediaressatristc situação.I'ouco,porenl,conse-
1Ìrririrrn
essesesforçosisolados.
4'1
'íÍfir+
Santa Catarína de Siena
WALESKA PAIXÃO
Foi precisoque o mal tomasseproporçôesassustadorâs
e
fosseque-brada
a propria unidadeda lgreja,paraque um esl'orço
coeso pusesseum dique à derrocadae abrissenovos rumos as
almascapazesde elevadosideais.
AS MISERICORDIAS
Seriainjusto passarem silênciouma iniciativade valor'tanto
mais notável quanto mais contrastavacom a decadêncra
geral'
Referimo-nosàsConfrariasda Misericordia'que tanto bem rea-
lizaram em Portugal e suas colônias. Deve-se sua Í'undaçàoa
Frei Miguel de Contreras,religiosoespanhol'A lc Í'oiI'undada
em Lisboa.
Encontrou Frei Miguel um terreno admiravelmenteprepa-
rado para Íeàlizarseusplanos' O povo portuguêsexerçerasem-
pre as obrasde misericórdia,
o que se intensjÍicoucom a prolun-
da influênciados Dominicanose Franciscanos.
Obtendo o apoio de D' Leonor, rainha de Portugal, l-rei
Contrerasaproveitouum velho çasarãoe nele instalouo Hospi-
tal de Nossa Senhorado AmParo.
Para manter viva a instituição'foi fundada a Conl'rariada
Misericordiaa l5 de agostode 149E.
Senenhumanoticiatemosde ensinode enfermagemnesse
e
nos outros estabelecimentos
semelhantes,
fundadosno Reino c
nas Colônias,sabemosque as confrarias,tomando a serio seu
programade prática de obrasde misericordia,levavamos seus
associados
ao exerciciode muitas atividadespropriasde enl'er-
magem,e a caridadecom que se dedicavamcertamentecontri-
buia para'mantera elevaçãodesses
misterese a eficiênciacom-
patível com os raros conhecimçntosda epoca em materia de
enfermagem.
Alem disso,qualquernúcleode povoaçãoiniciadoem colô-
niasportuguesas
procuravalogo ter a suaSantaCasade Miseri-
cordia.
Essasfundações,apoiadasno exeÍrìploda le Santa Casa,
buscavamlogo apoio dos poderespúbltcos' que não se recusa-
HISTÔF.IA
DA ENFERMAGEM
vam a essacooperação.
Apesarde não seremos primeirosesta-
belecimentoshospitalares
que receberamauxilio ol'icial,parece
que foi a primeira organizaçãoem que essacooperaçãose tor-
nou habitual.
Bastariaissoparadar à criaçãode Frei Miguel de Contreras
lugar de destaquena evoluçâoda assistência
aosdoentese, por
consequinte.
na da enl'ermaqem.
EVOLTJÇÃO DOS HOSP|TATS
Entre os hospitaisdo tempo antesde Cristo,distinguiam-se
os da India. pela sua organizaçãoe ntelhor compreensio do
cuidado integraldo doente.
De seus regulamentos,
poderiamoscopiar nruitospontos,
crn princípio perfeitarnenteaplicáveisaos hospitaismodernos.
llriscomo: as exigências
moraise culturaisparaos enÍermeirosc
rrsdistraçÕes
propot'cionad;rs
aos doentes.
Nos primeiros seculsoda era cristã,iniciou..sc
o progrcss()
c()nstante,
durante seculos,do pessoala serviçodos doentesç
tlirsinsialações
hospitalares.
A influênciadas romanus,a autorid;rdee a contpetène
ia
rrrúdicados prirneirosbispos,a contribuição nronásticac dus
ordcnsterceirastaisforam os principaisÍatoresde progresso
ate
o scculo Xl.
Ac<llhendoa principio toda especiede necessitados.
loranr
rrs hospitais,pouco a pouco, deixando a outras instituiçocsos
ctrrd;r,los
de orfãos, mendigos,velhos,inválidos,reservando-sc
rl)crìitsos doentesagudose, em algunscasos,os crônicos.
Já no seculo Vl vemos o inicio de numerosasI'undaçÒcs
hospitalares,
como: o Hotel Dieu de Liào (5.12)c o de Paris
((r5l), o hospital do Espírito Santo, em Rcma (717) os de S.
I'ctlrtre de S. Leonardo na Inglaterra(936).
Âs lr.rnãs
do EspiritoSantoI'or;rmas primeirasa ocupilr-c
r'rt ltrsrr
:trììcntede h,)spitais.
() llospital do EspiritoSanto,enr Roma,Íoi construidoparrÌ
'.r'rvirtlc padrâoa outrose, de Í'ato,teve imitadores,
enì divcrsos
IIISTORIADA ENt-ERMAGEM
puises,
que construiramhospitaissemelhantes
e conì o mesnìo
I l()tÌle.
Durante algunsseculos,
as lrmâs Agostinian:rs,
que serviam
rrs<Joentes
no Hotel-Dieu de Paris,deram o exenrploda ntáxinta
tlcdicação.
As influênciasmilitaresdas Cruzadas,no seculoXll, assinr
u()rnoos trabalhosdas ordensterceirasa partir do seculoXlll,
rrrtroduziram
no serviço hospitalargrandenúmero de secularcs,
crnboracontinuasse
a caber às ordensreligiosas
a responsabili-
rlrrdemaior.
ConstruÍram-se
ediÍ'icios
grandiosos
paraaquelacpoca,pro-
curundo seusconstrutoresproporcionaraos doenteso máxinto
etlnÍ'or1o.
A falta de conhecimentoda higiene,porem, nào lhesgaran-
tra a aeraçãoe a limpezadesejáveis.
A decadênciaveio com a baixa do espirito cristào.
Deçaiuo serviçodosdoentcse ate o ntaisrudimentarasseio
sc [()rnouraro.
A Reforma,expulsandoas religrosas
dos hospitais,precipr-
torr ainda mais o periodo negro da enÍ'ermagem.
Alem dastentativasde algumasordensreligiosas,
dedicadas
;roscloentes,
podemosmencionar,conroeslorçosde reintegrartt
scrviçohospitalarna suaforma primìtivade reìativaperÍ'eiçào.
a
Irrrrdação
das Misericordiasno seculoXVl, daslrmãsde Carida-
ilc no seculoXVll e das Diaconisasde Kaiserswerthno seculo
.tx.
ljinalmente,o arrojo de Florçnce Nightingalee o desenvoÌ-
virrrcrrto
de urna mentalidademais social,em nossoseculo,vie-
t;uÌì trazer para os hospitais,não so mais vastacooperaçãool'i-
rirrl,construçÒes
higiênicase confortáveis,
novasc maisel'icien-
lcs rlrganizações,
mas aínda,como fator preponderante,proÍ'is-
slorÌlris
de elevadopadrão cultural.
B IB LIOG RA FIA
l) l)r'. l:ugtne SarntJacques- Histoire de la medecine- h.ditronsBcauclrt
rrrrrr,Montreal, l9-ì-5.
Médíco do Século XVI
52  AI-t..SKA PAIXÃO
2) Dr. llcnn [ìon - Prtcis dc Mcdecine ( atholrque- l-clrxAlcan, 19J6.
.ì) Novo'f'jstaÌnento: /los cìosApitstolos;Eptstoladc S. Pauio aos Romantrs.
.l) L.ucyRidgcly - A Gcncral history-oíNursing- I-abcr& I-aber,1912.
5) Dock and Stewart- Short History of'Nursing- Putnam'sSons,New york.
t9li
ú) LlizancthJ. Sewall- Trends in Nursing llrsror),- À. ts.Saudcrs,l9.tl.
7) Maria S[icco - S. Í-ranciscodc Assis - Trad. dc Armando Más Lcitc.
Vozcs de l,ctrópolis, 19.10.
lJ) Pcdro Narlr - Capilrrlosde Íì. da Metìir.inano Bntsrl- Scpufittiì<jotsrasrl
llc'dìeo( rrurgico, I L).19.
9),{ustin,,,nnc L. - History ol NursingSons[ìook - C. P. l,utnant'sSon: -
Ncrr Yrrrk.
I0) NtruvcauLarousscciassiquc- ;l+edrcào.
UNIDADE IIJ
PERIODOCR.ITICODA ENI-ERMAGEM
lìl:FORMA RELIGIOSA * A dimiuiçào do €spiritocris-
t,tocrigia uma reí'orÍna,
não de suadoutrini.r,
que estáâcinladas
( ()rì1ilìgências
humanas,mas dos individrros,cujo al'astanlento
rlos principioscristãosera causada decadênciageral.
l:spiritosde escol compreenderamissoe se entregaranli
rr'lorrrra
de si mesmos,dando assimsua cooperaçàoà rel'orma
rIrs tlurìais. A união de esl'orços
e idcais sen'ìelhantes
levou à
( Ir:rç:ì()
de novasinstituições,
ou .aÍeÍ'ormade outras.já existen-
tcs.tlc nlodo a melhor atenderemàs necessidades
dos tcmpos.
l)or outro lado espiritosmenospositivos,
ao protestarcontra
,rlrtrsos.
itrrastarama cristandadeà quebra de sua unidacie.
No inicio do seculoXVI, Martinho Lutero, mongealemão,
liilrÇt)r,r
o grito de protestoque valeua cle e a seusadcptos,assin]
( rrrÌl(ì
ir()s
dos muitosgruposque sediÍ'erenciarum
cm seguida,
o
nr)nrc8cnérico de protestalltes.
l ulsro, na Alemanha; Henrique Vlll, na Inglate
rra; Calvi-
rril,rr:rSuiça,foram os principaischel'es
que prccipitaianldivcr-
',,rrrlrçr)cscuropeiasnunrareíormacujo maior ponto de conluto
t'rir srr.rscl)araçào
da lgreja de Ronta.
('tlrn eieito, em.pouco tempo, senãodescie
o inicio, os três
Ir'lurnìirdorcsimprimiram dií'ercniesorientações,
i.tosdivcrsos
prttl)r)rcligiososquc dirigiam.Nào cabeaqui estudarsuasdou-
55
IALESKA PAIXÃO
tnnas, e sim a repercussão
dessesmovimen[os sobre a enl.er_
tnagenl.
Como em todo movimentoviolento,o_q-reÍormadores
lbram
maisrongedo que pretendiam.Assim,renunclandoao Catolicrs-
lï""r|j;J#i.:
a Ingtarerra
_ principal1nenre
esra
útrima,
g
irì
o-
o
íì
c
ia
rr;*ri.
j"',ï
i :;'1 ïiï fl:ïii""[i'ffinïn: ::j:
grosasque se dedicavam aus doenres.Nao dispJnàï"rrr" ï.
nenhuma organizaçiìo,religiosa uu-"1",gu,para substitui-las,
toranr obrigadasa Í'echargiande número de hospitaÌs.So na
Inglarerraioram fecha<los
Ãais ,1" ;;i.-
Entre os restantes,
foi preciso,Oanolt" para o dia, recrutar
pessoalremuneradopara o serviçodos doentes.
O serviço era pesarlo,o ,".r*.or:ao
"r.orru,
absoluta.
í'alta-deorganizaçãoe supervrsào.
.
O pessoalque se apresentava
era o mats baixo na escala
socíul, de duvidosa moralidade. N;;r; condiçÒcs.r_rs
mais
pobres doentes,enquanto [ivessemalguem para cuidá-lesenì
suasproprias casas,mesmo mal alimentadose desprovidosde
conforto, recusavam_se
a ir paraum hosprtaí.
Os pretensos
enfermciroi A.rr., .rìodelecimcntosdéixavam
os doentesmorrer ao abandono. ff,.r.^iorquram gorJetas,
mes_
mo aos indigentes.Imperavaa fatra o" Àigi"n.. Ã .;;iil ;;
detestávele insuficiente.-Nãoho"i; ;u;* se interçssasse
em
'amenízaros sofrimentos físicos
"
,riio *"nos os morais. tsse
tipo de "enÍèrmeira" e bem d*;ri;;;;r CarrosDikens enr seu
fivro "Marrin Chuzzt-e.wit...
Sarey è;;;, ì norn. que dá à sua
personagem,
ainda hoje servepaia designara pseudoenÍ.ermeira
rgnora4tee sem ideal.
.Foì, verdadeiramente,
o periodo critico da enÍ.ermagern.
Na França, a infiltraçâo'.otuinirto,'rpesar
de grande, não
chegoua ter um cunho nu";onoi,
"ãrï
Jta"reranismo na Ale_
manha e o Anglicanismona lnglaterra.
Para essepais, o. verdadeiroperiodo crillco lbi o que se
seguruà Revolução.pior que uro iutuã.-religròes,lbi unraluta
que se rnspiravano materiarismo;
como conseqüência
imediata,
veio a expursãodai religiosar l'"rirr."l" esseperÍodo-nâorbi
IIISTORIA DA ENFERMAGEM
tlc longa <luraçlto'elnbora suas devastaçòesso lentutttctttc
tcnhanrsid(),c:tnpiÌrte, reparaoiìs'
coNclLlo DB TRENTO - Para esclareccr()t p".l_l::
doutrináriosataca<Jos
pelosprotestàntes
c tomar as nccessarlas
nrovi<Jências
para a rel'ormarJoscostuntes'f'oiconvocadopclo
ï';;;
"
concilio dc Trento' Durou o mesrì1ollJ anos'
A questiìoda assistência
aos enlcrnros loi estuda<Ja
cotl.t
granclccuitlado.C'r-rttstatn
das Atas cle
sscCtlnçilio: reconrcndl-
çt-rcs
aosbisposparitorganizaçiro'
trlitrtutençio
e ltsculizuçiro
dos
scrviçoshospitatares;
'"gtut
a serenlobservudas
pelosque ser-
u"nl'u, doentes; orientaçÕes
para a assistência
espiritual ntls
hospitais,
bem conropiìra'os
"ligiotot
e relrgiosas
a serviçodos
doentcs.
Essas
oricntaçòes,assimcomo a relbrma do clero e l'tsnìul-
tas instituiçoespara rnelhor l'ornraçào
do povr>'l'oram.
o ponlo
cle parti<1a
de nutnerosasorganizaçòcsrcligiosasdedicadasa
cnI'ernlagctn.
Assin.r,
dir(anrdo seculoXVI: Os irmÀosde S' Jt-rào
de Deus'
que se dedicavanrespecialmente
aosdoente
s mentais;os irnlàos
de S. Camilo de L'ellis,
que prestavamauxilioespiritualtÏ':1]:
sionalaostlocntes;o' ir'tãs de S' Carlos'asTerceirasI-ranctsca-
nas regulares'l'oram entre tantas outras instituiçries'meios de
elevaçãoda enl.ertnagem'
ao meno-squanto à dedicaçào' Do
;";;; vistatecnico-ecientiÍ'ico'nào secogitavano momento'
A S. Vicenrc dc Paulo' no séculoXVll' dcvemosa criaçào
de cbrastão bem planeiadas
e tão adiantadas
para a epoca'quc
o tcìrlram nterecedor áo titulo de precursor da enl'ermagem
modcrna.
B íB LIOG RA FIA
l1 Dr.'Lugcne SirrntJituques- Histoirc de la Mcdecinc - Lditions Beauche-
min, Montrell. 1935'
2) Dr. Henri Bon - Précisde Médecine Catholique- Felix Alcan' l916'
31 Lucy Ridgcl;-Seyrne' --Ã C"nttol l{istory ol Nursing - }'aber and I-abcr'
r932.
J)
WALESKAPAIXÃO
,ïïl
,"U Srcwarr
- ShortHistory
ol.Nursing
_ purnanì.s
Sons,
N*v york.
Alasd0 Conciliodc Trenru.
Liiz;rhcth
J.Scuall- Trends
in Nursing
Histor;,
_ tv. S.Sau<lers,
j9Jl.
-))
ót
UNIDADE IV
PRECURSORES
DA ENI-ERMAGEMMODERNA
Nenhurnaobra sociale digna dessenome se não procurar
atingir uma finalidadeeducativa.O mero remediarde desajusta-
mentos, corrigindo com esmoiase socorros situaçõescriadas
muitas vezespela deficiènciadas estruturas,e mais ainda pelo
egoismode muitos,e esforçosemresultados
duradouros,
sempre
recomeçado,sem marcar nenhum progresso.
Na iniciativa de S. Vicentede Paulo em prol dos doentese
desamparados,
encontránr-ré
iãaos os elementos
de uma institui-
ção social.
Viveu S. Vicente numa epocaagitada.A França,devastada
pela guerrados 30 anos,esmagava
o povo com impostosexces-
sivos.
A miseriaera grande;a precáriaassistência
disp'ensada
aos
doentes em estado grave era insuÍìcientepara conÍortar os
pobres,nosquaiscresciao sentirnento
de amargurae de rel,oita.
S. Vicente,sacerdoteobscuro,filho de pobrescomponcses,
interessou-se
de tal modo pelo povo que veio a ser I'undadorde
instituições'decaridadede tipo inteiramentenovo, çapazesdc
eìevar a enfermagema nivel jamais alcançadoanteriormente e
de àdapta.r-se
aos progressosposterioresda prol'issâo,
A primeira de suasiniciativasfoi na pequenaparoquiade
Chatillon les-Dombes,da qual foi vigário por algunsmeses.
WALESKA PAIXÃO
Desdeo inicio de suasfunções,em ló17,dedicavaboa parte
do ter.npoa visitar os doentes.Mas nào tinha ainda nenhurna
ideia de associação
de pessoas
para ciesempenhar
tambem esse
mister de modo organizado.
Um acontecimentoinesperadolevou-c à Í'undação
da Con-
fraria da Caridade.
InÍbrmadode que uma Íamiliapobre e doentese achavano
maior abandono,Íbi vê-la c recomendou-aà caridadedc seus
paroquianos.
Vendo o interessedespertado,resolveucoordeni-lo para
que os socorrosnão fãltasseme íbssemdistribuidosoportuna-
mente.
Três diasdepoisreuniu váriassenhoras
e lhesprcpôsÍ'unda-
renl uma associação
para socorreros doentesda paritquia.
Alistaram-se onze senhoras. Depois de orienta-las três
meses,deu-lhesos estatutosda ConÍ'raria.
Fundadaem agosto,já em dezembrode 1617,
era aprovarla
pcltr arcebispode Lião.
Logo nos primeiros tempos da Í'undaçào,a cl'iciênciacla
ConÍ'rariase maniÍ'estou
numa epccade Íbme, seguidade epide-
mia de peste.Conseguiureservas
de trigo, organizoua distribui-
ção aos pobres.
Durante a peste,estabeleceu
l'armácias
e cozinhasespeciais
para os doentes,que as senhorasvisitavame tratavam com a
maior ciedicação.
Ao espiritogeneroso,
esclarecido
e organizador
de S.Vicen-
te de Paulonão passoudespercebido
esseresult.ado.
Pensoulogo
que essaexperiênciapoderiaservir de basea ['uturas
e nraiores
realizações.
Chamado,pela segundavez,a ocupar o cargode proÍ'essor
d<lsfilhos dos Condes de Gondi e Capelão da Cas4, resolveu
tentar a mesmaexperiênciaem mais larga escala.
O Conde de Gondj possuiagrandespropriedades
agricolas
onde S. Vicente começou a estabelecer,
em cada aldeia, uma
Confraria.A Src de Gondi foi sua srande colaboradora.
Depoisda moi:[eda õondessad-eGondi. S. VicenteÍ'oicha-
mado a outros trabalhosque o conduzirama Paris.
7ã'
qD
'-
----
: rft-
ru =leE.rH
S. Vicente de Paulo
WALL,SKA PAIXÃO
A miseria a socorrer na grande capital era enorme.
As prirneirastentativasÍ'orammenosí'elizes
que nasaldcias.
Muitas senhorasde alta sociedadeque se alistaramnasConÍ'ra-
rias,tinharndificuldadesem serviros pobresa domicilio,crÌìbo-
ra muitas Íbssemverdadeiranrente
caridosas.
O recrudescimenÍ.o
da pesie,que invadia hospitaisc case-
bres assustavaos maridos das associadas.
Assinr, apesar das
grandesesnìolasrecebidas,
ÍãltavapessíJal
para suadistrrbuiçào
e o serviçodos doentes.
Foi essaa hora de outra realizaçào
de S. Vicentc:O lnstitu-
to das l-ilhasda Caridade.
Pensaranr
S. Viccnte e Santrrlgi.za dç !tal,illac ern aceitar
jovcns camponesasquc desejassem
derJicar-se
ao serviço dos
doentese pobres.e as colocaramsob a vigilÍncia das Senhcras
da Caridade.
Compreendendoque a ConÍ'rariada Caridade,apesurdo
grande bern que Í'azia,nào cstavaapta a realizarum trabalho
complclo, porque scusmembrosso podiam dedicaraosdocntes
algumashoras de lazer, planejou a Congregaçàodas l-ilhasdu
Caiidade,rnaisconhecidasentre nós como lrmãs de Caridadc.
A primeira dessas
jovens Í'oi[targarida Naseau,cujo nonìe
é vcneradclate hoje.
Reuniu-as'Luizade Marillac ern ló33 para lormar-lhcs o
caráter e instrui-lasnos rnisteresque deveriamdesempenhar.
tssa iniçiativâÍ'oiuma verdadeirarevoluçâonoscostumese
mesmo na legislaçãoçanônicada epoca,pois essaslrmãs vive-
riarÌìem cornum, porem, sem,cleusura,e andariamlivremente
pclasruas para acudir aos mais abandonados.
L)iziao I'undador:"As I-ilhasda Caridaoereràopor mostei-
ros as casasdos pobrcs; por cela um quârto de aiugucl; por
capelaa lgreja paroquial;por claustro,ás ruas da cidade;pt-lr
clausura,a obediéncia;por grades,o temor de Dcus; por oi'icio,
o rosário,e por veu a modestia".
É importanie notar quc para o reerguimentoda enl'ern.ìa-
gem,estabeleceu
S. Vicentedois pontosde imensovalor:a libcr-
dadede açãode suaslilhasque,epesarde chamadas
à perl'eiçào,
nào deveriamter clausuranem serchamadasreligiosas,
a l'imdc
HISTÔRIADA ENFERMAGEM
que coisaalgumalhesfosseempecilhoao serviçodos doentes,c
a instruçãoque lhes era dada, para melhor eÍ'iciência
de seus
serviços.
Deviarr saberler e escrever.Aprendiam os rudinrenttts
dir
arte dc enl'ermagem
então em uso.
Tinhanr urn programude etiça,salientundopontosate hoje
observ'ados
com bonrresultado.
em relaçãoa atitudesc<tnr
medi-
cos e doentes.
EnÍ'irn,pedia S. Vicente, aos medicos,os esclarecintentos
cienlil'icosnecessários
às irmàs.
Por que dizern<-rs
quc o trahalho de S. Vit:entede Paulo e
obra dc grande valor social'/
Prirneiro, porquc procurou tL)mar unt conhecinìcntoi.ào
exato quanto possivelda situaçãodaquelesaosquai:iporcurava
acudir.
h.nrseguida,enÍrentouessasituaçiìo,tal como a cnc'Jrìtrou,
reconhecendoe apontando os erros e lalhas da organizaçiìtl
social tluc cra a tìlaior causa clesses
dcsajustarn,;ntos.
Nào
podendo mcldiÍ'icar
diretarnentea Iegisluçâo.
procurou l'orm;rr
nas senhorasricas ntentalidadee personalidade
cristàs,que as
pusesscnr,decididarnente,ao serviço dos deslavr,rrecirJrls
du
sortc.
Milstrou-lhcsalgurlasmiseriasque encontroue loi organi-
zanclogruposgenerosos,
de ntodo a Íìlrmá-loscada vcz melhor
no espiritoda I'raternidade
cristã.
I-aziarespeitara dignidadehumana do pobre e procuravu
educá-lo.não se lirnitandoa dar unl pal;ativoiì seusnrales.
Urn pouco antes tenLaraS- hirncisc.o dç Sales,bispo dc
Cenebra, Í'undar enr Aneci uma íJrdem, que incluia enÌ scu
prograrnau visitu aos docnlcs.
Auxrliava-oSa0!aJoana de ChantaÌ,viúva de aita posiçâo
social que já tinha experiênciadessasObras de Caridade, às
quais sc dedicaradurante illgurn tempo.
A tentativanão l'oi compreendida,e as reiigiosas
da Visita-
çiro suprirniurnde seuspÍanosa visitrraos doentcs.passurrdo
ir
viver em clausura.
ol
À/ALLSKA PAIXÃO
É,precisolernbrarporenr,que S. l-ranciscode Salesincluirir
a visitaaospobresno programada Visitaçàcr,
nào como l'inalida-
dc. nern nlesrÌìo ocupação dominante das religiosrLs.
Turrttr
r.rssirn,
que as visitas scrianr Íèitas cada dia apenas por duas
lrmãs, como ufiìt colaboraçàomodestanessaobra dc miseri-
córdia.
S. Vicente, porem, organizou as Filhas da Caridade paru
essefim. e para isso excluiu de seu regulân.ìento
Ludo.o que,
nlcsrlìoexcelcntc.pudcsse
de algrrmmodo dilicultaru realizaçào
de seusobjetivos.
Não devemos csquecer que a Íundaçào das lrrnÌs nàtr
excluiu as Associações
de Senhoras.
Pelo contrário, arnbos os grupos cresciam pelo nrúrl.ucr
auxilio.
A Associaçãodas Damas de Caridade,tal como lunciona
hoje, quase sempre anexa a casasdas Irnràsdc Caridadc, loi
organizadaem Paris,por inspiraçâoda senhoraC;oussaul(,
coo-
peradora de Santa Luiza de Marillac cm suus r'isi(us ao
l{ tltel-Dierr.
lissc grandc cstatrclccintento,
dirigido pelas lrmàs Agosti-
nianasatravessava
urn periodo de decadência.
Abngando atú 2.000doentes,às vezes6 em um so lcilo, sent
roupa, senl asseio,com alimentaçãodel'iciente,
lutando colll iì
l'altade rccurs()s
e cotn a estreiteza
de espiritodosadntinistrado-
rcs,o Hotcl-Dieu niìo se poderiareerguersemque lhe viesscde
Íora algurnsocorro.
E,ssc
lhe Íbi prestadopelaslrmâs e Senhorasde Caridadc.
Visitaaosdoentes,alimentospreparados
pelaslrnrãsc servi-
dos pclas senhclras.
roullas cos(uradase lornecidas,e nlesnlo
aquisiçãodc lcitos.Í'orarnos trabalhosdessas
duasagrentiaçòes,
alcru dt assis(ênciu
rcligiosa.
Só em ló40 as lrrnãstomaram a direçãode um Hclspital.e
com tão bons rcsultados,
que muitos outros lhe I'oramem brevr
coní'iados.
Não podemosacompanhara traJetoria
daslrmãsde Carida-
de, na França,e sua rápidadifusãoenì outrospaises.Durante a
HÍSTORIADA ENFERÌ,lAGEM
revoluçãol'rancesa,
em 1797,
a Casa-MàeI'oiconl'iscada
e loranr
disoersadas
as lrrnàs.
Lnt pouco tcrnpo, sob o governo dc Napoleirt-r.
a l*runçl
deixou-asrcunirem-scnoval.ÌÌente.
L,m 1930eranrits lrnrãsnrais
de 40.000(quarentamil) e se achavarrr
espa.lhadas
etn todos os
contlnentes.
ORDENS CATOLICAS INGLESAS - Na lrlanda. l'un-
dou-seern I8l3 a Congregaçàodas lrmãs de ('aridade irlandc-
sas,por Maria ,,ikenhead.
A Í'undadora
nìandr)ualgunraslrmàs
Íazerestirgio
ern Paris.Essas
lrnritsmuito trabalharanr
durantcits
epidernias
de colera e tiÍ'o. Faziam tambem vrsitasaos pobres.
Hrn 1857se estabeleceran'ì
na Austrália.As lrmirsdu Miseric(rr-
dia de Dublin, datarnda mesnraepoca.
TENTATIVAS PROTESTANTES - A Í'altadrs lrnràsnos
paisesprotestantes
levou os governosa tomarem a seu cürgoos
hospitaìs.
Niro tendo, porérn,pessoalpars o tratanìentoe scrvrçodos
doentes,servianr-se
dc mulhercs da mais baira eslera.O tipo
coi-nurì.ì
da cnÍèrrneiraera da hèbada.desordeira.nrulherdç rtrit
vida. Pode-seinraginaros perigos que corriam os doentes,o
abandonoenì que eriÌlÌldcixados.a miseriamateriale moral cluc
era seu quinhào.
Por isso,apenasos maisabandorrados
eranì levldos, contril
a vontade.a esseslugaresde horror.
As pessoas
de boa vontade não podiam scr indil'e
rcntcs a
esseestadode coisas.Lembravam-se
das Diaconisus
dos prinrei-
rosseculose procuravarnutn meio de Í'azerrevivera instituiçiìo.
O proprio Lutero pensouser essaa soluçãodo probelmrrhospi-
talar,nrassc convenceude que issoera irreaÌizável
no prolestan-
tismo.
Outros,porérn,na AleÌÌìânhae Inglaterra.l'izeranr
conr Cxi-
to a experiência.
Fundaram-sena Inglaterraas lrmandadesdc lerJos os Surr-
tos,SantaMargarida,SãoJoão,as lrmãs da Caridadeprotestan-
tss c outras.
Desenvolveram-sc.
porem, muito lentamenteate llJ40.
63
WALb,SKA PAIXÃO
Enr 1835,Dr. Robert Cook, sugeriuum prograntade prcpa-
ro de EnÍ'e
rrneirasque incluia muitos pontos básicosdc nossas
aluaisescolas:
ensinocomprovadopor exame,estágiosprátrcos
orien(ados.Mas não havia ninguenl capazde realizá-lo.
Das tentativasbaseadas
rra primitiva organizaçàodas Dia-
conisas.a rnais Í'elizÍ'oi u de f liedner.enr Kaiserswcrth(,{lc-
nranha).
Iniciou corÍì sua rnulher l-re<jerica,
em l83ó, unl pequcno
hospital.Seteforam as primeirascandidatas.Desdeo inicio, as
cnÍ'ernreiras
atendiarnos doentesa donricilio.clndedevianrser
tratadoscoino pessoas
de bom nivel social,o que represcntava
urÌlagrande conquistapara as ideiasda epoca.
Lrrt i859, depois de já se lercnl estabelecrdo
em Londres,
algurnusdas Diaconisasde KaiserswerthÍ'oranrchanìadusiì
Anróricado Norte. Essas
enÍ'ermeiras
nào l'aziamvotos,nrusnÌo
rccçbilm salhrios.
sendornantidas
pela lnstituiçào,enquant,J
clll
serviço, c para o resto da virJa,quando nele trvesserÌl
pcrsc-
vcrado.
tTI-NTA'IIVAS LEIGAS - Alguns medicosna Alerrranha,
tenl.araln
pequenas
escolas
anexasaoshospitais,
chegandc.
a pre-
parar lrvi'ospara as estudantes.So então veril'icaranlque as
candidatas
erarnanalí'abetas.
Diante dessas
e outrasdil'iculdades
cssastentativaslbratn eÍ'êmeras.
,j <pnocRESSODA MEDrcruAE DASctÊNCIAS
- N.
rnìesrnoperiodo erÌrque a enÍ'ermagenr
caia cm Í'rancadeci.Ldên-
' cia, a ciência rnedicaÍ'aziaconquistasnotáveis.
P;rracelso.(1493-154
1)deixou de lado as tradiçoesda época.
e procurou trabalhar e estudar inteligentemente.
Dos nlt:strcs
antigosaceitou sornenteHipócrates.
Devemcl-lhe
a introduçãode novosremedios,
entreos cìuars
o nrercúriopafa o tratamentoda sit'ilrs
e o uso das águasnrinc-
rais dc modo menos empirico.
An<lreVesálio(1514-l-564),
aos 24 anosjá era prolessordc
Anatornia.Durante três anos,dissecando,
ccrmauxilio de ussrs-
tcntes,preparounotáveltratadodessamateria,que publicouaos
HISTORIA DA ENFERMAGEM
32 anos.E,sse
tratado,em setevolumes,e acompanhado
de dese-
nhos,reproduzindoas peçasestudadas.
Gabriel Falopio(1523-1562),
seudiscipulo,lèz novasdesco-
bertas anatômicas.
Ambrósio Pare(1509-1590)
introduziuna cirurgiaa ligadura
de vasos.lssoconstituiuenormeprogresso
na cirurgia,poisante-
riormente as feridaseram cauterizadas.
dtanásio Kischer ( 1602-
1680), jesuita, com auxilio do
micro-scO--pio,
'relacionou
o contágio com os microrganismos.
William Harlwey(1578-1657)
descobriuo sistema
da circula-
ção do sangue.
Antônio Loewenhock (1624-1689)
aperÍ'eiçoouo micros-
copio.
Thomas Sydenham(1624-1699)
salientouo sistema
de Hipó-
çrates, contra o ensino livresco, d_escreveu
diversasdoenças,
advogouas vantagens
do ar puro e a simplificaçàoda terapêuti-
ca, assimcomo o abandonodos remediosmuito repugnantcs.
O seculo XVIII viu o inicio da reforma do tratamento das
doençat mentais.
Jenner descobriua vacina antivarióliça.
Estabeleciam-se,
assim,as basessobre as quais a medicina
ia se apoiar para realizaros grandesprogressos
que se sucedem
desdeo seculo XIX.
BIBLIOCRAI-IA
l) Dr. Í:ugèneSaint Jacques- Histoire de la Medecine - Editions Beauche-
nrin. Montreal. 19J5.
2) PP.Jerônimode Castro- S. Vicentede Paulo- tditora Vozes.
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1932.
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I935.
5) Mary Sewall Cardner - L'lnÍìrmiere Visiteuse- Les Presses
Universitutres
de France, 1926.
ó) L.lizabeth
J. Sewall- Trends in NursrngHistory - W. S. Saunders,| 941.
ó5
UNIDADEV
lü
.t,FLORENCE
NIGHTINGALE E A RENOVAÇÃO
DA ENFERMAGEM
Para compreendermosa atuaçãode Florence Nightingale
sobre a enfermagem,precisamosconhecer-lhea vida, a educa-
çâo que recebeue sua personalidade
invulgar.
Filha de pais ingleses,
ricos, nasceuem Florença- dondç
seu nome (1820).
Sua cultura estavamuito acima do comum entre as moças
do seu tempo. Ç-onhecia
grego e latim, falava diversaslínguase
estudou bem matemática. Isso lhe f-oide grande-utilidade na
imensa reforma que devia realizar em seu proprio pais e se
estenderiarapidamente a outras nações'
Sua tendênciapara tratar enfermosmanifestou-se
desdea
infância: criançase animaisdoentes recebiam seussolicitose
habilidososcuidados.
Aos 24 anos,quis praticar em hospital.A mãe nào lho per-
mitiu.
De fato, as condições dos hospitais inglesesnessaepoca
justificavamos temoresmaternos.
O pessoal
a serviçodosdoentesera dividido em doisgrupos:
o primeiro, diminuto, compunha-sede religiosascatolicas c
anglicanas,
que começavamapenasa se organizar;o segundo,
HISTORIADA ENFERMACEM
numeroso,era formado de pessoas
semeducaçãoe qgrn_rn-qlal
.{
maioria se embriasava.
- -Não
fosseFloience dotada de tào decidida vocaçãoe mar-
cada person_qli!ade,
desistiriadiante dos imensosobstáculosque
se lhe opúnÉãnilÉntretanto,perseverou.Somenteaos 3t anos
conseguiua autorizaçâode fazerestágiosna instituiçàodc Kai_
serswerth,reçonhecidapela moralidadee peloselevadosideais
de seusfundadores,
se bem que nadativesseinovado'noterreno
tecnico ou çientifico.Era desejodo pastor Fliedner,seu Í'unda-
dor, ïazer reviver a instituição das diaconisaspara serviço dos
pobresdoentes.Passados
os tempos agitadosda implantaçãodo
protestantismona Alemanha, evidenciava-se
o contrasteentre
os paisescatólicoscom suasflorescentese organizadasobrasde
beneficiência,
e a falta, nos paísesprotestantes,
de instituições
de pessoas
dispostas
à inteira abnegaçào
de si mesmasa serviço
do proximo.
O apelo de Fliednerfoi, pois,ao encontro de muitasâlmas
de boa vontade, e a experiênciade Kaiserswerthchegou ao
conhecimentode Florence. Três mesespassouela na escola.
durante o ano de 1851.
Nessaepoca contava a instituiçâo cleKaiserswerthum hos_
pital de 100leitos, alem de outras obras de assistência.
Lá trabalhavam 49 diaconisas-
Essaestadafoi o primeiro período verdadeiramenteÍ'elizna
vida de Florence Nightingale.Apreciava extraordinariamente
a
vida ativa e útil com que tanto sonharae que, entãocomeçavaa
ser uma realidade. Refere-seàs instruçõesmorais do pastor
Fliednerem termos elogiosos.
Em carta à sua mãe, diz: ..lsto
e
vida. Agora sei o que e viver e amaÍ a vida". Sobre o ensinoda
enferm-affi l-p txe m, ïãõãõTr oí que coiie spondesse a seus dese-
jos, o que e fácil compreender.Seusdotes eram excepcionais,
sua visâo muito larga, encarandoo problema com horizontes
mais amplos e o preparo de enfermeirasem basesmais cienti_
ficas.
€^ Outro ponto em que Florencefoi verdadeiramente
pioneira
e renovadorafoi a aberturadasescolas
de EnÍ'ermagcm
àsmclçus
educadase cultas,como uma profissâohonrosae capazde tor_
67
ç)
:
WALESKA PAIXÃO
ná-lasfelizes.Como vimos, as únicasinstituiçõesonde se dava
preparo moral à Enfermeira e, às vezes,rglgllgjlg.p.aro_cie,ntiÍi-
co e tecnico, eram as congregações
religiosase os institutos,
c'omode'l(aiserswerth,.onde,
apesarda ausência
de votos,impu-
nham-selimitaçõesfamiliarese econômicasquc restringiamo
campo de treinamentoa um pequenogrupo. Sem negaro valor
das instituiçôesque a precedem e que ela cuidadosamente
observavaem suasvisitase em seusestágios,
compreenderaa
necessidade
de estendera muitasjovens os beneÍicios
dessaíbr-
mação,que ela já planejavamais perÍ'eito,pôr à disposiçàodos
doentes, suficientesenfermeiras para dispensar-lhecuidados
satisfatorios.
Depois de Kaiserswerth,procurou I'azertambem um estágitl
na França,com as lrmãsde Caridade,lá l'icandoapcnasalgumas
semanas.
Pretendiademorar-semais, porem, a doença obrigou-a a
retirar-se.Dessaestada,em que foi mais tempo doentc do que
enfermeira,trouxe a melhor recordação,elogiandosempre os
cuidadosque lá recebeudas lrmâs.
Em suasnumerosas
viagens,
observoua enÍ'ermagem
em seu
propri'opaÍs, na França, na Alemanha, na Áustria e na ltália,
publicando estudos comparativosdas mesmas.Desde então,
acompanhou-asempreo desejode I'undaruma escolade enl'cr-
magem em novas bases.Enquaniõ èsperavãa oportunidade,
dedicou-se
a ulna casade senhoras
convalescentes.
Como volun-
tária, serviu tambenrdurante uma epidemiade çolera.
.- Em 1854rebentou a guerra da Crimeia. As noticias dos
camposde batalhaeram aflitivas.Enquantoos Íêridosrussose
Í'ranceses
eram tratadospor Irmãs de Caridacie,Í'altavaaosingle-
sesqualquerorganização
de enfermagem.
Nos imensoshospitais
de sangue,40/" dos feridosmorriam em conseqúência
do aban-
d.onoem que ficavam.
- Diante dessas
noticias,Florence Nightingaleque era amiga
pessoaldo Ministro da Guerra, Sidney Herbert, oÍ'ereceuseus
sejvjgos.Seu oferecimento cruzou se coftì extensacarta deste,
expondo-lhea situaçãoe convidando-aa remediá-la.
-l-lorence
partiu para Scutari com 38 voluntárias,entre religiosas
e leigas
68
.?,.
:/., ,u
///t
/t
t'ì
t,
..2'
Florence Nightíngale
WALESKA PAIXÃO
vindasde diferenteshospitais.
Encontraramum imensohospital
superlotadocom 4.000feridos. PrevendodeÍ'iciências
dascousas
maisnçcessárias,
levarareÍbrçode roupas,remediose provisões.
Apesar do exçessivo
trabalho das enfermeiras,não descui-
dou nadado que reputavaindispensável
a uma boa enlermagem.
- Organizoua lavanderiae a cozinha,proporcionou livros e distra-
çòesaosconvaiescentes,
e teve a satisfação
de ver a m<lrtalidade
baixar a 2",".E esseo mais eloqúentecomentâriode seu traba-
lho. Para vermosquanto havia a realizar,bastadizer quÈ antes
de sua chegadalavavam-sesomenteseissamisas,em um mês!
- Não contente com o desempenhode sua tareÍ'a,levava u
solicitudea ponto de percorreras enl'ermarias,
à noite,com sua
lântpada,que era um raio de esperançapara os l'eridos.
Quem conheçe um pouco a complexidadede um serviço
hospitalar,pode fazer ideia do que Í'oi o trabalho daquelas39
enÍèrrneiras,uma para çada 100Í'eridos,depositadosaos 400 e
aos 500de uma vez,cm colchõesno chào do hospital,por í'alta
de leitos,com as roupascheiasde sanguee lama colando-se
aos
lerimentos,precisando,na maioria,de cuidadosurgentes. . .
lmagine-seainda a falta de roupa, a desorganização
da cozi-
nha e da lavanderia,a má vontadee a incompreensão
de serven-
tes, a incapacidadee insuficientededicação de algumas das
enfermeirasrecrutadas,ainda será pálida a ideia que se pode
Íãzer do heroÍsmorequeridopara enfrentar tal situaçâo.
Essa Íoi, verdadeiramente,a prova de Íbgo de l-lorence
. Nightingale
. Ai revçlou, mais do que nunca,os tesourosde sua
bondade,sua capacidadede t.rabalho
e organizaçào
e o resulta-
do de sua-prc_rtinaz-observação
e sábiacritica do que se l'azia,ate
então, nos serviçoshospitalares.
Dispensouseus cuidados a dois hospitaisem Scutari: O
HospitalGeral e o "Barrack Hospital", istoe, um antigoquartel
transformadoem hospital.Parao primeiro, mandou Miss Nigh-
tingale l0 enÍèrmeiras.
No segundo,instalouseuquartelgeneral.
Organizouambos,e orientavatodas as suasenl'ermsiras.
Sua correspondência,
que procurava manter em dia, para
obter o interesse
de seusamigospelosÍeridos,oÍ'ercceminúcias
pitorescas
de sinceridadee realismo:"Tivemos muita sortc com
HISTORIADA ENFERMAGEM
os mediços. Dois são verdadeirosbrutos e quatro verdadeiros
anjos - porque este e um trabalho que transl'ormaos que o
Íazem em anjosou demônios.Temos atualmentequatro milhas
de camasuma junto à outra, separadas
apenaso bastanlepara
uma pessoapassarentre elas. Há leridos ate junto à porta do
nossoquarto, e estaÍnos
desembarcando
maisquinhentose qua-
renta. As mulheres inglesasque estào sob minhas ordcns sào
maisdiÍ'içeis
de governardo que 4.000homens.Não dcvcm dei-
xar vir ajudar-nosquern não tenha o hábito de Í'adigae priva-
ções...
-.-
Cada l0 rninutosnos chamam para estancar,como lor pos-
sivel, uma hemorragia,enquanto procuram um cirurgiào. Ent
nossocorredor,creio que não seençontraum I'eridoao qual nào
l.alteum membro.É enormea mortalidadeentreos operados.
As
operaçõessãofeitasna própria enfçrmaria.Arranjei um-biombo
paraasamputações,
poisquandoum pobresoldadoque devescr
operado vè seu companheiro morrer no ato operatorio, l'ica
impressionado
e issodirninui suasprobabilidades
de êxito".
E,stendemo-nos
propositadamentenesta citação. Ela diz
melhor do que nossas
palavras,o que Íbi o trabalhogigantesco
dessafrágil mulher, que serásempreuma das maispurasglorias
de nossaproÍ'issão.
Pouco a pouco foram mandadasnovasenlèrmeiras;no l'im
da guerraeram 120,todassob a direçãode l-lorenceNightinga-
le. Algumas das primeiras voluntúrias Í'oranl despediduspor
incapacidadede adaptaçãoe, principalmente,por indisciplina.
Quanto às religiosascatolicasque l'izeramparte do primciro
grupo, assimcomo outras que vieram mais tarde, eis o que diz
Florence: "São as mais verdadeirascristãsque jamais vi: de
grandevalor em seutrabaiho,dediçadasde toda suainteligÈncia
e todo seu coração ao serviçode Deus e da humanidade".
Apesar de seu precário estadode saúde,conservou-se[-lo-
rence no seu posÍ.oate o fim da guerra.
O governoinglêse o povo premiaram-nacom 40 mil libras,
poissabiamseudesejode Í'undaruma escolade enÍ'ermeiras.
l-oi
estaestabelecida
no Hospital São Tomás, a 9 de julho de 1860.
7l
IJ
72 WALL,SKA PAIXÃO
Sua saúde,sempre periclitante,não lhe permitiu diiigi-la
diretamente.Ficou sempreem contato,porem, com a diretora,
Mrs. Wardroper, que buscavasua orientaçãonas menorescoi-
sas.Era estauma viúva,que superintendera
durantenoveanoso
HospitalSão Tomás,onde revelougrandeinteresse
pelosdoen-
tes e invulgarcapacidadede organização.
As ambiçõesde l-lo-
rence ao fundar essaescolaeram nada menos que rel'ormara
enfermagemem sua pátria e no mundo inteiro, por meio de
novase numerosasescolas.
O ingresso
dejovenseducadas
e de elevadaposiçãosocial,e
o cuidado na seleçãodas candidatas,tornaram em breve uma
belissimareaiidade, o que muito tempo não passarade um
sonho.
Seusdois livros: "Notas sobre Hospitais" (1858)e "Notas
sobre E,nfermagem"(1859)são os mais conhecidosentre suas
obras.Escreveu,porénr ainda,sobre assuntos
de saúdee saúde
pública,principalrnentesobre a India e as condiçòessanitárias
do Exerçito.
Quando morreu,aos90 anos,já suarel'ormaatingirao Novo
Mundo, e acompanhara
galhardamente,
com os últimosprogres-
sosda ciência,as novasexigências
da Medicina.
DIFUSÃO DO SISTEMA NICHTINGALE
NA INGLATERRA - Os primeiros anos da Escola São
Tomás foram de grandeslutas.Pouquissimos
eram os que com:
preendiam a necessidade
de enfermeirascultas e de elevados
dotesmorais.Mais rarosainda os que entendiama necessidade
de estudose especialpreparaçãopara essasl'unções.Um dos
grandesfatoresda vitória de I-lorenceNightingaleÍbi a rigorosu
seleçãodas çandidatas.
Por isso,apesardos inevitáveiserros de todo empreendi-
mento novo, tais como o fracassode algumasde suaspioneiras
na fundaçãode novasescolas,a relbrma Nightingalevenceu.
HISTÔRIADA ENFERMAGEM
Alguns dos pontos essencialmente
novos na moderna con-
cepçãode educaçãode enfermeiras,estabelecidos
desdeo ini-
cio. foram:
le) Direção da escolapor uma enÍèrmeira,e nào por medi-
co, como se Íìzera ate então nos pequenose raros cursosdados
nos hospitais.
' 21')
Mais ensinometodico,emvezde apenasocasional,
atra-
ves da prática.
- 3e) Seleção das çandidatassob o ponto de vista I'isico,
moral, intelectuale de aptidão profissional.
Vinte anosapósa aberturada primeiraescola,Í'uncionavam
muitas outras. E isto graçasà energiae aos dotesexcepcionais
das pioneiras.
Os medicosreprovavammuita coisaadotadapela escola,e
o público duvidavaseriamentede que uma "lady" pudessetor-
nar-seenÍ'ermeira.
Foram ainda algurnasdiplomadaspela EscolaSào Tomás
que levaram o novo sistemaao Canadá, à Austrália, à Nova
Zelàndia,aos E,stados
Unidos.
Depoisde ser a pioneirada enÍ'e
rmagemmoderna,a Ingla-
terra o Íbi ainda na organizaçâoda classe.
À Sra. BedÍbrd Fenwik devemosa Í'undaçào
da Associaçào
Inglesade Enfermeiras(1887),do Conselho Internacionalde
Enferrneiras,.
e do Britain Journal of Nursing.
Colaboroutambem na primeiraorganização
de enl'ermciras
na America.
À organizaçãodas enfermeirasem associaçãode classe,
opuseram-setenaz e violentamentemedicose administradores
hospitalares,que não conçebiam essa liberdade proÍ'issional,
estranhaparaa epocae maisaindapara uma proÍ'issão
nascente.
ENT.ERMAGEM DE SAÚDE PÚBLICA - O inleTesse
dassenhorasinglesas
foi a grandeÍorça propulsorados serviços
de enfermeirasvisitadoras.No jubileu da Rainha Vitoria, em
1887,fizeram uma grande coleta de Í'undosdestinadosa essc
serviço,que se diÍ'undiurapidamente.
Em 1892iniciava-se
a enÍèrmaqemescolar.
l,
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  • 1. CopyrightO l9ól by WalcskaI)uixrìo Capa dc Jair Pinto t979 Direitos destaedição reservados a JÚLIO C. REIS LIVRARIA Travessado Ouvidor 36 _ 2e Andar _ er. Rio de Janeiro Printed in Brqzil/lmpressono Br;rsil V/ALESKA PAIXÃO PROFESSORA DE ETICAE HISTÓRIADA ENFERMAGEM DA ESCOLADE ENFERMAGEM ANA NÉRI DA U.F.R.J. HISTONN DA ENFERMAGEM 5çEDIÇÃO REVISTAE AUMENTADA Ilustraçõesde Newton de Figueiredo Coutinho É JULIO C.REIS- LIVRARIA Travessa do Ouvidor 36 - 2" Andar grp.4 - Tel. 263 ?549 242-421í0 20.O4O- Rio de Janeiro-RJ. 1979
  • 2. Prirne ira edição.195I Segundaedição, l9ó0 Tçrceira edição, l9ó3 Quarta edição, 1968 Quinta ediçào, 1979 -: 'l í' -i ] :, Í 'i ,. l < .,.,.) | i ':l ';l : . ..| INDICE Prefácioda Prefácio da Prefácio da Introdução Egito India I I edição 2+edição 5eedição il l3 t5 l1 Unidade I ,, Origensda Enfermaggm . TemposAntigos . . ./. l9 20 JJ l '.L'. Unidade II Períododa Unidade Cristã Palestina Assiria e lPersia China Japão Grecia Roma Diáconos Babilônia 20 2l 1^ LA 24 25 26 27 21 30 J1 35 35 Jt) JI JI 4Q 44 45 4u 49 Diaconiase Xenodoqura Vida religiosa Monaquismo As grandesabadessas Ordens militares Ordens seculares Influência Árabe na medicina Escolasde medicina rDecadência da Enfermagem As Misericórdias . :, t Evoluçào doshospitais .V.
  • 3. Unidade III Periodo Críticoda Enfermasem Reforma religiosa Concilio de Trento UnidadeIV Precursores da Enfermagem Moderna rS. Viçente de Paulo .' Tentativasprotestantes c^ PastorTeodoro Fliedner ,^Tentativasleigas ..'Progresso da Medicina e das Ciências 53 51 'Finlândia ,Holanda Belgica 84 84 85 85 86 86 86 E6 87 87 87 88 88 89 89 89 90 92 93 93 94 94 95 96 96 91 97 t03 r03 5l 55 SuÍça 'Grçcia '* Portugal '- Espanha China India Persia Israel 'União Sovietica "Ásia e Ãfrica 59 63 64 64 64 rl - Irã Ásia Menor e Siria Ocçânia e algumasregiõesafricanas UnidadeV FlorenceNightingale e America Latina a renovaçãoda Ení'erma-, Argentina Bolivia gem 66 72 73 74 76 80 80 8l 82 83 83 83 83 84 Difusão do SistemaNightingale ,^.-.)Enfermeira de Saúdepública Chile Peru Colômbia Equador Mexico Canadá EstadosUnidos lReforma 'França Itália da Enfermagemem outros paises ! PaisesEscandinavos Dinamarca Suecia Uruguai Venezuela . Alemanha - Áu'stria America Central .t;Cruz Vermelha UnidadeVI , Enfermagemno Brasil t Primeiroshospitals 'Noruega
  • 4. *.francisca de ". Maternidade 'ÀEnfermagem Sande e Infância lo-5 t05 t07 t08 ill n2 il8 t22 r2l 127 t2l r28 t29 t29 r30 |]l tJz t33 r35 r39 +AnaNeri CruzVermelha Saúde Pública tsrasileira Enfermagem Psiquiátrica Escolas de Enfermagem de Alto Padrão ,'Escola de Enfermagem -Escola de Enfermagem Escola de Enfermagem . Escola de Enfermagem ( EscolaAna Neri "AIfredo Pinto" da Cruz Vermelha CarlosChagas da Universidadede São Paulo rAuxiliaresde Enfermaeem Curso ColegialTecnico de Enfermagem Associaçãode Voluntários de "Ana Néri" lundação ServiçoEspecialde Saúdepública .gAssociaçâoBrasileirade Enfermagem(ABEn) 1 RevistaBrasileirade Enfermasem i CongressosNacionais jConclusão Bibliografia ANEXO I PREFÁCIO DA IC EDI('ÃO Repre.rentanl esta.tptigina.rapenaliunw pequenawntrìhuiç'ão para a Jòrnação de no.tsa.ç proJi.r.tionais. Ape.sar de modestq,resolvipuhlica-las,para dìminuìr unt pouco as dijìculdadesdeprofessorese alunas. O desconhecimento da língua inglesa,em (!uee e:crita a ntaior parte das obra.ç.çobreo assunto,e e,tcq.çsez e disper.são do p<tut'o ntaterial quepos.suíntos enr língua vernácula,levarant-ntea organi- zqr o.'nola.'tonruda.ç perseterantemenle,no.trQro.'ìrtornenlu. Jurtu- do.ça trabalhosnrais urgentes,durante os doze enos ent (lue lenho lecionadoHi.çtórìada EnJermagem;os noveprinteiro.',tta L.rc'olu CarlosChagas, deBeloHorìzonte,e osúlíìtrtos, na EscolaAne Nëri, da Uni+'er:;idade do Brasil. Haverd ne.tleopúsculomuitas lacuna.ç. Álgunras poderão ser sanadascom o Iempo, emJuturas edìç'õet. ('onto, para i.t.to,com a crítica sìncera e con.lruliva dct.r nlegu.s de proJì.r.rão e nragi.stério,que levarei em consideruç'ãoe procurarei aproveitar. De.se.jo tambëmlesÍemunhar nrínhagratidãou lodtts- nrëdico.s e enJèrmeìra. - querne auxiliarom com docuntento.r, notestnuttu.- critas, inJornraçõe.s rlue me.forant de grande utilÌdade, bem c'otttt,tu dedicadase competentescolegas,cuja valio.saopinÌãLtorienlou a utntpolição de algun.s ponto..Não podendomenc'ìottar lodo.s. dei.to- lhe.saqui nteu sinceroagradecimento.
  • 5. PREFÁC'IO DA 2CEDI('ÃO Meu de.sejode apresentar uma 2q edição que ntelhor atendesse à.çttece.çsidade.s do en.çinoenÚe nós e levas.çe em conla a,çobserya- ç'õesde algumas colegas,só em parte, e nuito pequenaparte, e realizado. A esca.tsez de material sohre o assuntoe aJalta de tempopara pesquisare obter,daqui e dacola,alguma inJornração queconrpletu.t- se os dadosanleriormenteobtidos,lirniÍarant ntuilo os acre.scittto.s e a.t ret(ìcaçõesque nospareciant indispen.sávei.s. f-oram consultadosqlgun. tabalho.s de enJermeira.ç brasileira.y que .e orha,r, citados na bibliograJia do.scapítulos sobre os quai.t influíram Sobre ot paísesda Amërica Latina Joi nelhorada a parte reJe- rente à Bolívia, graças e um resuno histórico ainclanão publicado mas citaclolambëm na bibliograJia. Ja .;olicitqmos,alravésda ABEn, a varìosoutros des,se.t puísa.s, itdormaç'õe.s Dtai,ç atualizadassobreosmesmos, porem .çorecebenro.s alguns dadossobre ct Peru. O pouco que obtivemo.s sobre outrospaí.e. da America Lutina Joi colhido em trabalhosque.eachammencionadosna bibliograJìa própria. O capítulo sohre a EnJermagem e a Psiquìatia Jt-ti reJundìekt corrta colaboraçãoda EnJermeira'l'eresa deJesu.s Senna,proJes.sora de "En/èrnugem Psiquiátrica" nq Escola Ana Nëri. A lodct.s que nos auxiliaranr nessamelhoria, nossosugrutlet'i- ntenlo..
  • 6. WAI-I.,SKA PAIXÃO Esperando que os exemplos aclui apresenlado.tptt.s:amau-uiliar a.se.çtudantes de enJèrmagema Íornar-.çeenJermeirasnorteada'çpelo verdadeiroideal da protissão,entrego-lhes, pela segundaìe:. estQS "Página.sde História da EnJèrmagem". Rio de Janeiro, 15 de Íevereirode 196u. WÁLL'SKA PAIXÃO PREI'ÁCIO DA 5CEDI('ÃO Voltando a apre.rentqr às escolas de enJerntagenta ntode.çtu utntrihuição de.çtaHislória, tive que levar em conÍa vario.tdado.tque meJizeram modiJìcar a apresentaçãode./atos sobre a L'nJernrugent no Bra.sì1. Ls.ço ë devidoprincipalntente a publicação do e.rcelentelivro tla auloria de Anayde Corrêa de ('arvqlho: "Associaç'ãts Brq.sileirade En/èrmagent(192ó-1976)". Graçasa e.ç.se documentririo, J rtipo.ts íve l de.tenvolver nelhor o hÌ.çtórico da ABEn, o tlueequivalea reJuntliru própria Hi.çtória da En/ermagem no Brasil. Outra mudança,nesta edição,se reJereà.tpequenasre.renha.s hi.ttóricas .çohrevárias escolas,publicada.sem anterìores ediçõe.s. Não poderíantos manft-la., sem grave inju.ttiç'acontra oulru:' e.rqt la.spo.rt eriormenteJundada s. Tanrhentnão .çeria possível, por que.ttãode.ju.ttiç'a, hipertroJìar o lópico sohre a.t e.colas,num truhalho que esta longe de .ser e.'au.l iv0. A,ssittt, trtantivemosos dadosde íntportâncìaparu u ft)tnlr(en- .çiiotla evoluçiio do ensino da EnJernrugemno Bra.çil. Dada.se.r.sa.t e-rplicaçõe.s, apre.rentoao públicr,t,pela 5q t'e:. unt trahalhrt cujo maior mërito ë ter ,sido Jeito cont ntuìto urrtttr. Rio de Janeiro, I I de iunho de 1979 w.4LL'SKAt'.1t,,'{o
  • 7. rNl-RoDUÇÃO A historia de sua proÍ'issào deve despertarna ení'ermeira, com o nrelhor conhecimentode suasorigense evoluçiìo,maìbr conrpreensão dos deveresque lhe impÕee maisentusiasmo pelo seu ideal. Sendo a enÍ'ermagemuma proÍ'issão desenvolvidaatravés dos seculos,em estreitarelaçãocom a historia da civilizaçào, sera imensanìenteútil à enfermeira uma revisào desta, para lrrel hor compreensãodaquela. Entretanto, o ritmo do progressonão sc maniÍèstaigual- nìenteenr todos os setores,mesmo correlatos.Assim, às desco- bertascientiÍ'icas aplicadasà medicina,Í'atores de tanta relcvân- cia, nçm sempre corresponde rigorosamenteo progressoda enferma'ge rrr. Há no trabalho da enÍèrmeira três elementosprincipais, consideradosbhsicosem nossosdias: espirito.de serviço (ou idcal),habilidade(arte) e ciência. O mais irnportantee, evidentemente, o espíritode scrviço, essainclinaçâo natural do homem, ser social por excelência. E,sse espirito precisaatingir elevadograu naquelasque se pro- põem ao cuidado dos doentese à preservação da saúde. I'oi ele o primeiro em ordem cronologicae e o primeiro na inrportância.Quando ainda não havia ciência,era o espiritode serviço que realizava,já embrionariamente,aquilo que ainda hoje constituialgunsdos objetivosda enÍèrmagem: dar conÍbrto I'isicoe moral ao doente, aÍãstar dele os perigos,ajudá-lo a ir I )
  • 8. WAI.LSKA I'AlXÃO alcançara cura. A arte Í'oi-se lormando em seguida.dc mistura corn supcrtições e conhecimentos empiricos.So nriristarde vcio a verdadeiraciência. O entrelaçamentodesses três elementosnã()sc lez sempre dc modo harmonioso.A religiâo,os co.slunres. a contJiçào s<;cill da mulher. nruitasvezesinÍluirarndesigualmentc, <jetal moclcl que podernosver épocasde grandededicaçãoe baixonivel cien- lil'ico,enquantoern outros periodosde nraioresconhecirncnleis, a enÍ'ermagem decai, pela deÍ'iciência de elernentos de clcvadtr padrão moral. Em nossos ternpos,porem, uniram-scciência,arte e espirito de serviço,alcançandoassima enlernragcm rapirJo e harnronioso progresso. l)odemosdividir a historia da enÍ'crrnagcnl nas scguintcs unidade s: I)rimeiraunidade: Periodo antesde Cristo; Scgundaunidade: Periododa Unidade Cristà: Terceira unidade: PeríodoCritico da Enl'ermagem; Quarta unidade: l)rinreirosrnovinrentos de rel'ormuda enlcrmagern; Quinta unidade: SistemaNightingale; Scxta unidade: l:nlcrnragemno Brasil. UNIDADH I ORIGENS DA HNI'ERIVIACEM: 0 tratanrentodo cnlcr- nro <Jcpen<ic csl.rcili.rrtrcnte do conceito de saúdc c dc doerrçu. Depende,porérn, ainda mais, dos scntimentosde hunranidade que noslevarna serviru nossosernelhante, principalnrentc quan- dc. o venrossoÍ-redor c incapazde prover às prtrprrls rrccessi- dades. [:is porque,nasnraisremotaseras,podenrosinraginara nràe como primeira enl'ernrcira da I'amília. E,ntre tanto, a convicçãode que asdoençascranì um casl.igtr de I)eus, ou eÍ'eitosdo poder diabolico exercido sobrc os homens,levou os povos primitjvtrsa recorrcr a seussaccrdotes ou Íbiticeiros,acumulandoestesas I'unções dc nredico,larntlt- cêuticoe enÍ'errneiro. A terapêuticase limitavaa dois lrns:apla- car as divindadespor nlcio dc sacril'icios expialoriosc alr.rstar os maus espiritos. Para isso.os_ rneiosentm variados:nlassageÍìs, ban-!9de água Í'riaou qucnl.c,purgativos,substirncias provoca- doras dc náuseirs . . . ï.udo isst'l tinharpor lim tornar o corpo humunotirodesagrir- dável que os iïaus espiritosresolvessem abandoná-lo. Quando, porem, o sacerdote-metlicochcgou a aclquirir conhecimentospráticos de plantas medicinarse do nroclo<ie prepará-las,começou a delegar o preparo e a administraçiìtl desses renrcdiosa assistentes, que acumulavatnussimas lunçtìcs de Í'arrrracêr,rticos c enl'errneiros. Graçasaos<jocurlcrìt()s quc ()s povos antigos nos legararnsobre o assunto,ainda que poucr)
  • 9. W^I-LSKA PAIXÃO numerosos, podemosler uma ideiade suasrealizações no campo da medicina e da enÍèrmagem.É o que pàssaremos a expor sumananlente. TEMPOS ANTIGOS. Não há grandc clocunrentaçâo relc- rente diretamenteà EnÍèrmagemnas Í'onteshistoricasque nos legaramos tempos antesde Cristo. Conhecinrentos sobrea EnÍ'ernragem vêm de envoltacom os assuntosmedicos,sociaise religiosos. {lguns papiros,inscriçõese monumcntos,ruinasde aque- dutose esgotos, codigose Iivrosde orientaçâopolitica,e religio- sa e, enÍ'im,mais tarde, verdadeirostratadosde mcdicina, ate hoje celebres,são os meiosque nos permilem Iormar urra ideia do tratamentodos doentesnesseperiodo. EGITO - O povo egipcio Íbi o que.nos legou os mais renìot,osdocumentos sobre Medicina. Do ano 4.ó88 a.C. a<; 1.552da nìesmaera, Í'oramescritosseisIivrossagrados. ondc sc achadescritaa medicinaentão praticadano Egito. Incluem eles a descriçàode doenças,operaçõese drogas.Um dos mais anti- gos dessesdocumentos e o manuscrito de lmhotep, primeiro autor que mencionao cerebro e seu controle sobreo corpo. A deciÍ'raçào de algunspapirosprojetou no seculoXX novasluzes sobrea medicinaegípci4,Assim,o"papirode Berlim e do apogeu da epoca faraônica.Nele se encontram 170prescrições. As Í'or- mulasmedicassãoseguidas de formulasreligiosas, que o doente devia pronunciarenquantotomgva o remedio.Aquele que pre- parava a droga, devia fazê-loao mesmo tempo que dizia uma oraçãcr a lsis e a Horus, principio de todo bem. O papiro de Ebersconservouverdadeiros tratadosde medi- cina que se supõeseremfragmentosdos livroshermeticos.Estes eram uma enciclopedia religiosae cientiÍ'icalbrmada por 42 volumesque foram destruidosno incêndioda bibliotecade Ale- xandria. O papiro de Leide só abordaa ntedicinado ponto de vista religioso.Mas é certo que a medicina egipcia tentava unir às práticas religiosasconhecimentoscientificos.Assim, em cada HISTORIADA ENFERMACEM ternplo havia diversasescolas, entre as quaisa de medicrna.As rnaiscelcbresI'orarnas de Tebas, Mênlis, Saise Chcm. Para a prática dos estudantes, Í'uturossacerdotes-medicos, os tenrplosrnantinharnarnbulatórios gratuitos. O saccrdote-nredico tinha o dircito de usar o turbante de Osiris - urna das rnais altas dignidades- c vcstir o nìantíJ branco dos sábios.Seustrabalhoserarììtào benr renumerados que so os ricos podiarnobtê-los.Por rssohavia outra cutcgoria de nrcdicos,tamberr da classesacerdotal,mas com menor pre- paro: csscsaccil.uvam lììcnor remuneraçàt-r Os egípciosconheciame praticavamo Hipnotisnro.Inter- pretavarnos sonhos.Adrnitiam a iní'luênciados astrossobrc u saúde.Sua habilidadepara embalsarnar e íãzer atadurassc evi- dencia na conservação das múnrias.J-actassiticavun conìocentro da circulaçào,e'xbora não soubeqs tgI'tJ- .Não nrcncior'ìarn os docurnentosegipcìos nem hospitais, nenr enÍ'errneiros. As leis religiosase civis recomendavanr a hospitalidadc,o que l'acilitavao auxilio aos desamparados. A religiao proibia a dissecção do corpo hurnano,opondo assirnbarreirasao progres- so cientiÍ'ico. A introdução da medicina grega na escoiade Alexandria, onde a dissecção I'oiperrnitida.deu nova orientaçãoaosconhe- cimentosmedicosdo Egito. -)r"INUIn - l)ocumentosdo seculoVl a.C. nos dào a çonhe- ccr o adiantamentodos hindus em medicina e enl'ermagenr, assimcomo seu cuidadoern proporcionarassistência inteligentc aos mais desamparados. O periodo áureo da medicina e da enÍèrmagemhindu Íbi devido ao Budismo, cujas doutrinirsdc bondadeerarn grande incentivo ao progresso. Ne.ssaepoca j á9o_glfSçjam s.ç[sscreviarÌ |igamçrrlrrs- y!Ls, rs linÍ'áticos,músculos,nervos e plexos.Julgavamscr o cor:-rçro sede da conscienciae ponto de partida de todos os ncrvos. Conheciarno processo oa digestão.laziam suturas, amputaçr)cs, trepanações e corrigiam Í'raturas. 2l
  • 10. 22 wAt,hsKA PAIXÃO O tratanrentogeral dasdoençasconsistiaem: die-tiç bíl!!ljs, cli.s-teres, inalaçõ9s,sA!g-1-4!. Conheciam antidotospara alguns venenose ul,ilizavarn plantasmedicinais.Dois pontosem que os hindusse distrnguirarn entre os povosantigosloranr:a constru- çào <1e hospitaise a escolhade enÍ'ermeiros. É mesmo o únictr pa!s llersg_ç-ppsrrìle Í'ala emçnf9*gllçll-11s--E+uÍàç_LiS.ç_ ÍJ-o-g*rllgs- n]-o-,s-!rn Lo4iunl"o"dequ.r[id.ades...e..c.on-hec.inrçntos. Os hospitais nraisnotáveisÍ'oramconstruidospor ordem do rei Asoka, cerca de 225a.C. Nos hospitaisda Indja havia músicos,narradorcsdc historias e poetaspara distrairos doentes.l-uncionavanr tanrbónr cscolustlc medicina. Os hindus queriam que seusenÍ'ermeiros tivu-ssem: usseio. habilidade,inteligência,conhecimento de arte culinária e de preparodosremedios.Moralmente,deverianlser:puros,dcdica- dos e cooperadores. Entre os medicoshindus,distinguiram-se: Susrutae Chara- ka. O prirneiro descrcveu rnuitas operações cirúrgicas, tais corÌìo:catarata,hernia, cesariana.Estabeleceunormas para o preparoda salade operaçõese nrencionou,assimconìo ChiÌra- ka, o uso de drogasanestesicas. Natr"iralmente os processos de anestesia eram rudimentarese seu eÍ'eitoprecario. Não deixa- vanr, porém. de ser, para 4 cpoca, urn grande progresso. No "'l-ratadode Medicina" escrito por Charaka lê-se : "O rnedico,asdrogas,o enfermeiroe o pacicnteeonstitucttr unr agregadode quatro. Devemos conhecer as qualidadesde cada urn na contribuiçãopara a cura. "Conhecimentodo preparodas drogasc de suaadnrinistra- ção, intcligôncia,dedicação,purezade corpo e espirito sào as quatrosqualida<Jes do enferrneiro." lnl'clizrtterttc, o brarnanisnro dominou a Índia c, c()nìo scr.l sisterna dc custus,l'ezdecair a rnedicinahindu. Os Vedas.livros sagrados hintlLrs, rtrcncionam a origemdasdoençase tlsnreiosdc cornbatê-las. lornccidt>s pelo proprio Brama. Foranr escritosclrtfc 1.1100 a 1.200anos a.C. e conlênr uru verdadeirocursocletcrlrpôutica, assimconlo oreçÒes aosgêrrios da Saúdee exortuçt)cs:r lrlnlr dos remedit-rs. HISTORIA DA ENF'L,RMAGEM Bnr outra parte dos livros,há l'ormulasntágicaspara curar cÌrlcrrças e epidenrias. llá tarnbernprescriçr)es higienrcas c reli- giosas.conlo: "pela manhir,banhar-se, limpar os dentcs,prngar colirio nos olhos, perl'ulnar-se, nrudar a roupa e adorar os deu- scs". Durantt nruito ternpo a medicina loi privrlegroexclusivtr dos sacerdotes; depois lbi perrniticiaaos gucrrciros c pouco a pouco aos lavradorese descendentes dos povos vcncidospelos hindus.Mas os nredicosdasduasúltintasclasses erantcclnsi<Jera- dos dc categoriainl'error. Os rncdicoshindus I'azianr juramento, colìlproÍlìetendo-se a viver segundoas leis de sua corporaçi'io,a nunca enlpregara ciênciapara.praticaratoscondenáveis, a tratar tanto dos pobrcs cotno dos ricos, a nào procurar Ìucro cxcessivoncm vingur-se. O ensino leorico cornpreendia:historiaclasdoençase dos remedios,inÍ'luência dos astrose daspedrassobrea saúde,ntodo de extrairo sucodasplantase preparodos remedios. O estudan- tc dcvia aprendertarnbentas Í'órnrulas e as oraçòcsaos deuses da vida, da rnorte e da saúde.O ensinoprático era quascnulo. Sendoproibidoderrar.nar sanguede aninrais e considerado inrpu- ro tocar nurncadáver,os estudantes Í'aziam operaçÒes sintuladas crn Í'olhas, cascasde árvores,Í'rutase bonccosde argila. Nas leisde Manu (2 seculosa.C.) asdoençaseranrconsrdc- radas,quer como produzidaspor espirito malignos,qucr conlo um castigoque Deusimpunhaaosculpa<ios. Chegavanlnlesnloir atribuir deterr.ninadas doençasa determinadoscrimcs.Assint,o ebrio terá os dentesestragados; o assassino do brâmane Iicará tuberculoso;o ladrão de cereaisperdcrá unt ntembro; o ladrâo de alirnentose tornará dispeptico;o ladrãode roupasse tornará leproso;o ladrãode cavalosÍ'icarárnanco;o dc lâmpadasÍicará cego. Os del'eitoscongênitos,como cegueira,surdez,lclucura, eranr considerados castigospelos pecadosdos pais. No prirneiro seculo da era cristã apareceuna India unti, enciclopediarnedicada autoriade Charaka.Mais tarde notabili- /()u-seSusruta,cujas teoriasjá sào aprendidasde I-lipocrates. Ainda um ponto revelao grau de adiantamentohindu:pres- sentiramser possivela prevençãodasdoenças,achandontelhor Drcvenirdo que rernediar. LJ
  • 11. WALESKA PAIXÃO PALESTINA - Distinguiu-sea Palestina,entre todos os povosantigos,pela crençaem um so Deus. Mesmo quando unr rei adotavaídolosimportados,e se Í'azia acompanharpelo povo. por coaçào,o monoteismoprevaleceu. .Moises, o primeiro legisladordessepovo, não o l'oi apenas no tcrreno religioso.Suasprescriçôes incluempreceitos de higie- nc que o colocam entre os grandessanitaristas de todosos tem- pos. As instruçõesministradasao povo sobre as precauçÒes a tomar em casode algurnadoençada pele,enccrrampreceitos<je proí'ilaxiaque descema rninúcias. 'O examedo doente,o diagnostico, o isolamento, o expurgo, a desinfecçào,o al'astarnento dos objetos contaminadospara lugarinacessivel, sãoensinados. Há prescrições especiais e seve- ras, para os casosde lepra, em diversostrechos do Levitico, reconrendadas novamenteno Deuteronornio Paraqualquer doençaconsiderada contagiosa, determina-seo periodode isola- mento supostosuÍ'iciente; aposesse,o doente deveráscr nova- rnenteexaminadoantesde lhe ser dada alta. A religiãoinculcavacomo deveressagrados a proteçàoaos órl'àos,às viúvase a hospitalidade aosestrangeiros. Niro se sabe que os'lsrâelitastenham tido hospitaispermanentes.L,stabele- ciam-nosapenasem casode calamidadepública,mas visitavam os enl'ernros etrì suascasase instalavamhospedarias gratuitas para viajantes pobres, havendo nelas lugar reservado aos <ioe ntes. ASSIRIA E BABILONIA - O maisantigodoscodigosque atravessararn os tempos Íoi o de Hamurabi, rei de Babilônia (2.100a.C.).l-oi conservado l'acilmente, por ter sidogravadoem pedru. É cheio de sensode justiça e interessepelos pobres e desarnparados. Menciona os deveresdos nredicos e seushonorá- rios, que dcviam ser dilerenìes,segundoas posses d.osclientes. Estabelece castigtxrigorosos para os medicosem casode Í'racas- so. O cirurgião incapazpodia sol'rera pena de amputaçãodas màos,e o medico que deixassemorrer um escravodevia pagar ao senhoruma indenizaçãocorrespondente ao valor do mesmo. A principio a Mctlicina era toda baseadana magia.Acredi- tavam oue sete denônios cram çausadores das doenças. HISTORIADA ENFERMAGEM As inscriçòesçuneiformesencerram muitas I'ormulasdc oraçõesem uso pelossacerdotes-medicos. E,stes vendiam talis- nrãsdestinadosa tornar o corpo invulnerávelaos ataquesdos demônios.Consistiamesses amuletos,em geral,de tirasde pano com incriçõesconjuratorias. Ao lado desses processos, os sacer- dotesrecorriamtambenrà observr'ção clinicae uma terapêuticu "11!gR| Davam grande importância 4o r9gim9 alimentar,usa- vam a rnassagem, tinham colíriosadstringenl.es para conjuntivi- tes e praticavamo lamponamentodasl'os.sa.s nasais em epislaxes lebeldes. Deitavamos doentesnasruasparaquc os transcuntes rccei- tassem conlorme suas previas experiênciasem casos senle- Ihantes. Nào há mençãode hospitaisnem de enl'ermeiros nos docu- mentos assirio-babilônicos. A cirurgia se desenvolveu mais depressado que a medicina, porque esta última I'icou nruito lempo sob o dorninioda magia.As epidemias eranl atribuidasàs inÍluênciasastrais.Já fazíampesquisas anatômicasem animi.ris. Placasde pedra achadasem Ninive Íalam enr trabalhosde sani- tarismo.O nraior número de documentosassiriosencontrados em Ninive pertenceatualmenteao Museu Britânico. PÉRSIA - O dualismo, crença em dois principios: Ormuzd,águasprincípiodo bem,Ahriman, princÍpiodo mal,l'oi a basedas doutrinasmedicaspersas. Ormuzd criou seisespiritos benfaze.los, dos quaisdois velam particularmentepeloshomens, dando-lhessaúdee longa vida. O livro de Zoroastro diz que Ormuzd produziu plantas medicinaisàs dezenasde mil. Classificaramos peÍ'sas 99.999doerrçaso que Í'azsupor que nessenúmero incluiam meros.sintomas. Os sacerdotes-medicos persasse preparavamnos templospela adoraçàoe pelo estudo. Experimentavamdepois sua ciência sobre três iní'ieis.Se os curassem,adquiriam o direito de tratar os adoradores de Ormuzd; se fraçassassem, deviam estudar mais. Construiran-r hospitaispaÍa os pobres,que eram servidospor escravos. 25
  • 12. 26 ,1LLSKA PAIXÃO CHINA - Cotno todosos ptlvosantigos'os chineses deranl às suasexperiênciasmedic:as unt caráter rcligioso.Os meciicos que se notabilizavalneram adoradoscomo deuses.O cuidado dos doentesera l'unçitosacerdotal.Por issoos ternploschinescs eranrrodeudosde jardínsondesecultivavanrplan(asnrcdicinais. As <Joutrinas de conlr.rçionrirrrtiveranl essatradição. Etltrc t-ls sacerdotes havia três cateSoriils. As d-oe nçascranl .catalogadas: benignas, Inediase gravcs.Cadagrupo sac:crdotal, conl'ornte sltlt irnp<.rrtância, se ocupava de ttt'ttdessesgrul)osde clt-rcnças' As dOenças gravese SemigraveS crAtlltrAtAdaS exclusivanlentc çOtÌì tlraçÕes e Ceritnônii.rs conjuratorias. As doençls tlc tcrceirucuLc- goria se berreficiavalrr cieurr-ìit terâpêutlcabastanteruCllnìcnlar c nenrsempÍelogica.Assinr,ir águitde deterrtrinada lonle eradarJa aos doentes lebris, I'aziartt itplicaçiieslocais de água Íria rras luxações, nraso rerncclio intlicadopafu lÌscrtlicas cra ingesl.Ìo dc unra pitaciade cinzascJep;.rpel <ìourado, prcviurttcnte queinrrt<Jtl diante do altar clostttot'tos dit ltniilia. I)ocurnerltoscla rnçdicirtacltinesa:o livro rnedico(2'Ó9tla 2.599a.C.) cscrito pelo intperitdorKwang-Ti: o livro de Chcn- Nug, que nretrciclrtll tttaisdç ccrnremédiosvcgetais; utl corrlpén- cliocle liarnracologitr; o livro do Pulso,etn dez volumes' Clonheciarn a vtrrioladcsdctemposreÍnotos.Em epoca mris recente.ocscreverÌlas tttittlilestlrções prinrárias.securtdúrtus c tcrciariasclasiÍ'ilis, bentcornt> aslot'ntas cortgênitrrs. O drrgnosti- co era í'eitoprinc:ipalnren(e pelo pulso. Mcttcittttr'ttn opct'uçòcs de Ìabio leporino Íeitasno ano 1.000a.C. 'Terapêutica - I)escreveri"ll.n elìr sua l-arnracopeia nraisde 2.000medicatnentos, distinguindo-se: lerro para allenìlas,nler- cúriO puru:ililis. ersúrricupltrit rlcrtnutttsc:.ecrtas rltizcspltrit vermirtoses. e ópio colÌìo Ilarcotico. Ì-anrberrt aplicavamIrala- nìento htgieno-dietetico.IÌecr)tt terrdavanrl ígado itos itnênt tcos. Os ensinittncttLos <Je Strsruta cllegitranlà Chirlano seculoI ll pela abertirratlc trt.ttttosteit'tt l)arlÌo qual lorarnpedìdosà tntlia sáhiose livros. Os sacerdutesdc Buda orgattizaramhospitais cour errÍ'eruteiros. Cottstruiratrthospitaistle istllanlentoe cüsüs cjerepousopara cortvalesccntcs. llavia parteirascÌn instituiçòes HISTORÍA DA ENT.'E,RMAGÊ,M especiais, precursorosdas maternidades. So a cirurgra eslacio- nou, pela impossibilidade de dissecarern cadávares. Nào se sabccornodecaiua organização hospitalarintrodu- zida na China pelos budistas.O Íato e que a medicina chinesa pouco it pouco sc tornou astrologica. .lAI'ÃO - A principio o poder suprenìodo Mikado abran- gia tanrberr a autoridadereligiosaque os sacerdotes cxercianl sob sua dcpendência. A mediciqal oiiètic.hjsl-a :rG.g_çg4pço da 9!{-9-ll!!È' A única terapêuticaera a das águastcrrnars. A eutunásiacra consideradulicìta. A medicina budistapenetrou no Japàograçasa urn bclnzo chinês a quenl o imperador conÍ'ioua nìissaro de organizarcl ensinoInedicoem todo o lmperio. Depoisde algunrprogresso, as gucrriìscivis provocaran.ì a tJecadência do ensino nredico. GRÉClA - A celebridadeda (ìrecia no dominio da liloso- l'ia,das ciêrrcias. letrase ar1es, se estcndclambénrao canrpoda rnedicina. Mesrlo no periodornitologicoe cnìpirico,a medicrrra grega já tinh:ìseuesplendor.Depoisque Hipócrateslançouasbases da nredicinacientilica. nraisse I'irrnoua Crécia conìo uutoridade mediçr. Tiio irnportanteÍoi a atuaçào dc Hipocrates,que se clividç a rnedicinagrcga cnì cloisperiodos:antcs e depois de H ipócrates. Periodo pre-Hipocratico - As primerrus tconrs Brcgils sobrea medicinase prendiamà Mitologia.Assim,Apolo, o deus sol, e tambem o deus da saúde e du nredicina.Asclcpios 1ou EsculÍpio).seuI'ilho,é nredico.Os Í'ilhosde Asclcpios,Podalirio c MitcuondiÍ'undiramo culto dc seupui.e organilarunros Asclc- piades,seussacerdotcs-medicos. Higea, Panaceiae l4cditrina, cram deusasda Saúde:e prirneiraconìo conservadoru, ir scgun- da como restauradora e a terceiracomo preservadora. Quirorr.o Centau ro (Í'i gura rnitologicu.tnetad'e htlrrte m, meIadeca'itlo) cri.ì o nlestredas artes rnedicas. Hornero inclui errrscusescritosmuitirsinlornurçrìcs sobrcu nrcdicinagrega. Sabctttos, assitn.quc os medicosgregosdrssc pcriodo conheciampelo rnenos: I I
  • 13. 28 WALESKA PAIXÃO De Ar:atomia:ossos,músculose arÌiculaçòes; Da Patologia:epidemias,lesõestraumáticas,lerimentos. Classil'icavarn os I'erimentosem superl'iciais e prolundos, distinguindo l-ll especies. Terapêutica- Alem de fisioterapia, usavamsedativos, lor- tiÍ'icantes e hemostáticos. Faziamatadurase extraçàode corpos estran hos. A rnedicinaera exercidapelosAsclepiades. Os mais antigosestabelecimentos que conhecenros na Gré- cia para o tratarnentodos doenteschamavam-se Xenodoquia. Seu primeiro objetivo era hospedar os viajantes. Havendo, porem, doentesentre os mesmos,prestavam-se a esses os cuida- dos necessários. Outro estabelecimento gregoera o lalrion, quc correspondeaos nossosatuaisambulatorios. Os templclsdedicados a Asclepios tambem se lornaranl Í'amosos pela grande al'luência de docntesque vinham implorar sua cura ao deusmedico.Um dos mais celebresdesses tenrplos e o de Epidiruro. Em hospital anexo. os medicos-sacerdolcs interpretavanlas prescriçõesde Asclepios,dadas atravesdos sonhos do paciente. O tratamento consistia geralmente eÌll banhos,rÌìassagens, sangrias, purgativos, dietas.Hramproporcio- nados aos doentes em larga escala:sol, ar puro, iguu pura c mineral. Se a cultura Í'isica, o cuito da beleza,a inrportânciadadauo dever da hospitalidade, Í'oramÍ'atores de progresso da medicinu e da enÍerrnagem, o exccssode respeitopelo corpo, a ponto de considerara dissecçàode cadávcrcsdesrespeitosa. atrüsavl os estudosanatôrlicos indispensáveis aos medicos. A crença de que nascimentoe lìlorte eratn coisrtsitttpurus conduziaao desprezoda Obstetriciae ao abandonodos doentes em estadorr.ruito grave. Hntrctanto,hontensestudiosos e de valor conscguirant ven- cer esscsprcconceitose estabelecerbasespara I'uturospro- gressos. Hipocrates- Nasceuo Pai da Medicina na ilha de Cos, no ano 460 a.C. l)crtcncil à vigesirnageração dos Asclepiadcs. H,studou Í'ilosol'ia e vialou por diversospaises.A lenda diz cluc HISTORIADA ENFERMACEM aprendeuas artesmedicascom Quiron.A eledevemosa medici- na cientifica. Pondo de parte a crençade seremas doençascausadas por maus espíritos,explicavaa seusdiscipulosa verdadeiracausa das mesmas.Insistiasobre a observaçãocuidadosado doente para o diagnóstico,o prognósticoe a terapêutica.A coleçàode seusescritosconstituio "corpus hipocraticum". t,sses trabalhos l'oramreunidospara a lamosabibliotecade Alexandria.Os mais antigr>s manuscritosdos trabalhos.de Hipocrates, atualmente conhecidossão: os da btblioteca de Viena. do Vaticano e de Paris.Há tambem ediçõesimpressas dos seculosXVI e XlX. Para Hipocrates,a Natureza e o melhor medico. Seu pri- meiro cuidado e'não contrariá-la. Hipocrates, ao descrever suas observações,demonstrou conhecerdoençasdo pulmâo,do aparelhodigestivo,do sistema nervoso.Ê extraordinária a proÍ'undidade de seusconhecimentos sobredoençasmentaisque so em nossos dias,praticamente, tem sido tratadasracionalmente. Praticavatambem a cirurgia, distinguia cicatrizaçoespor primeira e segundaintenção.Operava cataratas. Teoria Humoral - Consideravaa saúdecomo o equilibrio dos humores:sangue,linfa, bile brancae bile negra.O desequili- brio entre os humorese a doença.As causasde desequilibrio, segundoHipócrates,podem ser:o ar viciado,o trabalhoexcessi- vo, as emoções,as bruscasalteraçõesda temperatura. Terapêutica- Seu princípio Í'undamental era nâo contra- riar a natureza, rnas auxilia-la a reagir. Conservou o uso de massagens, banhos,ginástica.DeterminouasdietasparadiÍeren- Ies casos.Tambem usavasangria,ventosas, vomitorios,clisteres e purgativos.O calmanteem uso era a mandrágora.Descreve 236 plantasmedicinais.Entre os medicamentos mineraisemprc- gou: enxoÍ're,aluminio, chumbo, cobre e arsênico. Escritosde Hipocrates- Escreveusobredeontologianrcdi- ca, sobre climas e epidemias,sobre as diversasteoriasntódicrrs por ele estabeleçidas e sobreasespecialidades que exerccu.Sctrs "AÍ'orismos" são celebres.baseados em suasobsen,actics rrlr.rr las. Citaremosalguns:
  • 14. 30 WAI,b,SKA PAIXÃO "A vida e brevc,a arte é longa,a ocasiàoe I'ugaz, o cxpt:rl- mento Í'alaze o juizo dilicil" (1. 6). "Os velhossuportaÍnÍ'acilmente o jejum: nìenosl'acilnlentc o toleranros adultosipouco os adolescentes, e nlal, as crianças, especialrnente as de grande atividade" (1, ll). "A tisisse maniÍ'esta principalntenteentre os l8 e 35 anos" (v. 9). "O sangueesputnosoque sc expele coÍn a tosseprovóttt certalnentedos pulmões" (V, l3). A inlluênciade Hipócratesl'oilevadapor seusI'ilhosii esctt- la de Alexandriaque l'oi um celebrecenlro clcestudosnos últi- mos séculosantes da era cristã, atraindo homens dc valor de todas as regiõescivilizadasda epoca. Ëintreos progressos promovidospela lìmosa escolade Alc- xandria, Íbi de grande importância o adianLanrento da Anato- rnia,pela dissecçãodos cadáveres. Celebrizararn-sc naquelaescola: fJerol'ilcr, que identiÍ'icouos nervos sensitivose nlotorese Í'czestudosde valor sobre o pulso. Brasistratooutro notável proÍèssorde Anatolrria. Assirn,Alexandria herdou o magnil'icodeposito da culturit grega,enriqueceu-oe o diÍ'undiuno tempo e no espaço. ROMA - Aproxirnadamenteno ano 753 a.C. lt1{99;;t: Ronra,cujo norle, e.trpouco tempo,selornaria lantttsoent todo o nrundo antigo, corÌro o grande irnperio que suplantou os denrais.Dorninando,sucessivamentc, os povos vizinhos,. anexi,t- va-osc()rÌtoprovincias. _l'ovoessencialnrente guerreiro, o romono intprinriu lr sua civilizaçiroo sirreteda guerra e da conquista.Seu rnstrntodc poder visavutarrbeni nr"ç à grandezada naçàoqu. r,u bcnt da pcssoahumana.O indivídDoreccbiacuid.rdosdo Estado,conro ci<jrdãodcstinadoa tornar-sebom guerreiro.Nissodil'ereu civi- lizaçào ronlrÌniì da grega, onde o aspecto hunrano c pessoirl Íìereceu nraisconsideração. Os primeiros habitantesde Rottut -Íbramos etruscos,que se supõeterem vindo do Orientc. Solre- rarn eles duas inÍ'luências civilizudoras:r oriental c a grctrr. HISTORIADA h,NFERMAGE,M Distinguiram-se os romanosprincipalmentepor suasobrls de saneanrento. Ruas limpas,casasbem ventiladas, irguapunr c abundante,banhospLrblicos, rede de esgoto,conrbateà n.raliiria pela drenagem das águas dos lerrenos pantanosos,I'orantas preocupações rnáximasdos governarrles. O escoamentodos brejosse Í'aziapor meio de galeriassub- terrâneas. A Sexto Júlio Frontinusdeveu Roma scu notávelabastcci- mento d'água.Narrou ele suasreaÌizaçÕes em unl livro que I'oi copiado c conservado cuidadosantenteate a descoberta da inr.prensa, quando Íoi edrtado. Cr>nstruiul4 aquedutosque traziam à cidade as àguasdas mt>ntanlras vizinhas. Os grandes ediÍ'iciospúblicos de banho eram suÍ'icientes para que cada habitante de Roma lomasse banho diariamente.Algumas ternrasse tornaranìcelebres,pois eram lugrresde encontropara conversas sobretttdosos aconte- cirììcntt.ls dc irnportància. O sistemade esgotosem Roma l'oi uma granderealizaçào. A cloacanthxinra,construçãode Tarquinio Prisco,era o grande centro dessesistema. 'Os rnortoserarn sepultadosfora da cidade,na Via Ápia. Alern do sanitarismo,os romanosse distinguirantpor seus cuidadosaosguerreiros.Eslabeleceram para estesvárioshospi- tais. Por isso adiirntaranr-se principalmente enr cirurgia de guerra. Os civisrecorriamaosmedicosgregos,que eram numerosos ern Rotna.Durante muito tempo foi a proÍ'issâo medicaconside- rada indignar do cidadãoromano. Assint,quando o medico não cra cstrangeiro,era escravo. Os serviçosde enÍ'ermagem eriìnì tambem conl'iadosaos cscravos. A influênciirgregafoi, porem,crescendo. Júlio Cesarcome- çou a conceder o titulo de cidadâo romano a medicosestran- geiros. So na era cristã, porem, se distinguiramalguns ronìanos como grandesrnedicos,sendotodos de origem grega.Os ntais notáveisl-orarn: i I
  • 15. 32 WALESKA PAIXÃO Celsc- - que apesarde adquirircertalan'ìanâo inlluiu sobre a posteridade. Dioscorides - (seculo l) Íbi cirurgiào militar. Exerceu influênciaate o seculoXV por suabotânicamediça.É o primei- ro autor a mencionaro opio e.scu emprego. Caleno - grego de nascimento,inÍluiu nruito na nredicina romana.Nasceuem Pergamono seculo ll. Deveu a Aristoteles sua formaçãofilosofica.Estudoumedicinana Grecia e em Alc- xandria. Estabeleceu-se em Roma, onde obteve intciro apoio do imperadorMarco Aurelio. Suaanatomialoi o texto universal até o seculo XVl, quando foi substituidopor Vesálio. Pelassuas experiências sobre animaisfoi o precursorda Í'isiologia experi- mental. E,screveu sobrediferentesformasde tuberculose, distinguiu a pneuntonia do pleuris, escreveu minuciosamentesobre ó0 medicanrentos. Infelizmente,foi antesde tudo teórico, e negligenciouos metodosde Hipocrates. )) t) BIB LIOG RA FIA Dr. Eugènc Saint Jacqucs- Histoire de la Medecrnc - EditronsBeauchc- nrin. Montrcrl. 1935. Dr. Henri Bon - Précisde Medecine Catholique - Librairic Fslix Alcun. | 93ó. tsiblia-- Pentateuco. Lucy Ridgely Seyrner- A general History ol Nursing - l abcr & [ abcr Limitcd. 1912. l)ock and Slewart - Short Hrstory ol'Nursing - 2r cdiçào, 1925.C.P. Putnarn'sSons. New York. ElizabethJ. Scwall- Trends in Nursing History - W. Saunders,1941. Hirt s Mcdrcal Classics- Williamsand Wilkins- Vols. l7c 18,l9llí. Austin. Anne L. - History ol Nursing Source Book - G.P. I'utnant'sSons - Nc*'York. UNIDADE II PERIODO DA UNIDADE CRISTÃ Primeiros .téttrlos a) Diáconose diaconisas; b) lgreja Livrc - Monaquisrno Idade Mëdia a) Cruzadas - OrdensM ilitares b) Ordens Seculares c) Decadênciareligiosa d) Progressos da medicina O adventodo Cristianismo, completandoa revelaçâoprinri- tiva e realizandoa Redençào,constituiua maior e ntaisprolun- da revoluçãosocialde todos os tempos. Sem intervir diretamentena organizaçàopolitica e social, nela influiu pela reforma dos individuose da familia. A sublimidadede sua doutrina e a Í'orçade seusmeiosde santificaçãolevaramos primeiroscristãosa uma vida tào sanl.a. que seuexemploarrastava asalmasde boa vontade,sequiosas dc perfeição.A lei da caridade,"o mandamentonovo", postacnì prática generosamente,Í'aziada Comunidade cristà, "unì s() coraçãoe uma só alma". Esseespetáculonunca visto levavaos ?l l) 4) o) 7) ti)
  • 16. 34 A L LSKA PA tX ÃO pagãosa exclamar,admirados:"Vêde como se amam esses cris- tlìos1". Faziarnrrraisos cristãos:anìavam,segundoo preceito do Mestre,seuspropriosinimigose perseguidores, algunsdos quais sc convertiirrndiante dessamaravilhajamais presenciada ante- riormente.Logo no inicio dasprimeirascomunidades cristàs,os pobrese enÍ'ermos Íbranrobjeto de especialsolicitudepor parte da lgreja. DlÁCONOS - S. Pedroorganizouos diáconospara so!^or- rê-los(Atos. Vl. -l). Igual serviçoprestavam asdiaconisas àsmulheresnecessita- das.S. Paulocita: Foebe.Maria, TriÍ'ena,TriÍ'osa, Priscila.comtr tcndo trubalhadornuito. (Romanos,XVl, l, 6. l2). As viúr,usque dispunhamde tempo, assimcomo as'vrrgcns quc se consagravarn a Deus.tomavamparte irtivancsserocorr() a pobrese doentes. Quando pcnsaÌltos na ausênciacontpletarJssocorroorglnr- zado nessa ópoca, podemos imaginar quanto havra a luzer e conro I'oiverdadeirarevoluçãosocialo conjunto de scrviçosde assistcncia organizadoe mantido pela generosidade dos prir.nci- ros cristi-ros. Hssclrabalhoencontrouseriosobstáculos na persc- guiçirornovidapor judeus e pagàoscontra o Crrstianisrno. l.rês seculosdurou aqueleperíodo.O primeiro Diácono, SantoEstê- vàt>. Í'oiapedre.jado. S. Lourenço,diácono,l'oinrartirizadonunta grelha.l'errlirradosos très seculosde perseguiçào, o intperador Constantinopublicouo Edito de Milão, declarandoa lgrejalivre para exercersuasatividades. Pôde, então, o movimento de assistência desenvolver-se rnais.Dirigi<Jo pelosbisposnassuasdiocescs.inieiou a organi./il- çiìo de hospituise rccolhimentos. Hrn( cstrcu.sob S. Basilio,o trabalhodasdiaconisas DiÌrccc ter atingido o scu apogeu(seculolV). C.elebriz<lu-sc, rìa sua <lireçiro, Olimpia. nrulherdc grandc vitlor e capacidu<Jc. EdLrcado em Atenas,tendo vustosconheci- tncntosnrédicos.S Basiliocrnpreendcuobras de tal.vulto que obteve aurilio rlc 1-rrgìos c cristàos.pobrese ricos. HISTORIADA ENFERMAGEM Foi o prirneiroa t>bterdo go'"'erno isençãode impostospara ho.spitai.s de socorrr> ú pobrcza. Citanrossuaspropriaspalavrasde urnacarta ao Prclcilo tlc Cesaróa:"E,st<-lu certo de que olhareis favoravelme ntt: para o hospitaldos pobrese o isentareis de impostírs". Ern Conslantinopla ianrbemsedese nvolveunrLrito o socorro aos doentes e desanrparados, graçes ao zelo de S. Joào Cri- sostomo. DIACONIAS h XITNODOQLJI,' -A primitiva assistêncta prestadapelosdiácon<ts c diitconisas levou o povo it deItomtnlr diaconiasos lugaresonde se recolhianros doentes,qucr enl casasparticulares,qucr enÌ hospitais. O grande núrnerode necessitados. a nlaior dilusàoda lgrc- ja, a extinçirodus pcrseguiçt)es. loritnt causits de grandemo<jili- cação ncl sistcrxade assistência. Conteçouestaa centralizar-se no bispado,cont rnstalaçòcs rnaioress pcnlanentes, sentelhaÌltcsâos xcnodoquia gregos. cujo nonreadotararrr. O Edilo de MilÀo tll5) pelo qual Constan- tino dava aos cristirosa liberdadede culto, I'echouos hospitais dedicadosa Esculápioc estimuloua l'undaçàode hospil.ais cris- tiìos. Grande núrnerodc bispostinham conhecimentodc medici- lìa,o que os colocavaduplarnenteent concliçòes de organizarc orientar a assistência. Os seculoslV c V trÌarcanlunl periodo üe grandc llorcscr- rììcnto de hospitais.Ncles eritnt recebidos,alem dtrs docntcs. órl'ãos,velhos,aleijadose pere{rinos. VIDA RELIGIOSA - A grande dilusâo do Cristianisnrt'r cnr Rorttitlevou muitasde suasrtritis distintasdanli-ts a sc dcdicar Irt>serviçodos pobrese doentcs. Apos o Edito de Milao puderantitsvirtuosasromanastrans- lìrrrnarseuspalácioscrn casasde caridrrdc. I)estitclm-secntre elas:Santitl)aula.l-itLriola c Marccla. A principio reuniüln-sepitra esludos religittsosc pr()lilllt)s.lì() Monte Aventino. onde residiaMarcela.
  • 17. I WALL,SKA PAIXÃO Dirigia-lhesas atividadesS. Jerônimo,nome de notávelbri- lho na Historia da lgreja, e de grande inÍluêcia na drf'usãb do Cristianismo.Sua tradução da Bliblia para o Latim, conhecida como "Vulgata" e unra fonte de apostoladoe cultura cristà ate hoje consultada. Era, pois, um grupo de escol,aliandograndecultura e edu- caçãoa elevadoespíritode serviço.É esteo primeiro grupo de nrulheres,citado na História, que se dedicou a estudospro- I'undos. SuasÍ'undações se difundiram,principalmenten{ Palestirra, onde SantaPaulaÍ'undoualgunshospitais.l*abiolase consagrou aosdoentesno seu proprio palácio,que transÍ'ormou em hospi- tal, o primeiro Í'undadoem Ronra pelos cristãos. MONAQUISMO - Entre os homens,a liberdadereligiosa inspiroutambem a muitosa ideiade sereunir cm contunidades a serviçoda cristandade. Já havia,anteriorniente,pequenosnúcleosde horrrens vir- tuosos,que se reuniarnpara estimular-se nlutuamcntcu vivcr tr cristianismona sua perfeição,estabelecidos, porem, enr regiÕes desertas. Depoisdo Edito de Milào, essas agremiaçÒcs seestabe- leccramern plena cidadee lomaram novo inrpulso.For i.sso nos últimos ternposdo lrnperio Romano. O maiscelebreorganizadorde taisinstituições loi S. tsen1o, conhecidocomo "o pai dos mongesdo Ocidente",que viveu no Vl scculo. Rapidamenteos mosteirosbeneditinosse espalharüm, prin- cipalmentena ltália, na França, na Inglaterrae na Alemanha 'I'ornuranr-se centros<legrandeprogresso. Os mongeslavravanr lutcrnr, construiammoinhos,derrubavamI'lorestas e labricavanr ohjctos tlc rnadeira:eopiavanìmunuscrrtos untigt-ls e orgunizir- vam bibliotccase escolas. Cultivavamplantasmedicinaisc man- tinhanr serììpreurn hospitalpara os pobres. Ocuplrvarncm suaslavourasgrande núnrerode canrpone- ses,I'orrrundoussirnnúcleosde populaçâo,muitosdtls quarsse tornararìÌpr(rsperas cidades. Organizirçr)cs sernelhantes I'oram Íèitas para as mulheres. L.inlre os pnrrciros bcrrcditinos corÌtam-se dezenas de imperado- HISTÓRIA DA ENFERMACEM rese rels,assimcomo rainhas,quc abdicaranìpara entregar-se a uma vida mais perfeita. Uma das caracteristicas notáveisda nova instituiçàol'oi o cuidaclode associaroração e trabalho num equilibrio pcrl'e ito, sem excessos ou rigoresdesfavoráveis à saúde. L,ssaprudência tornou os nrosteirosbeneditinosgrandes escolasde vida cristã perfeita. Sua inÍluência na cristandade ten'ì-se mantido atravésdos seculose parece mesmo tornar-se r.nais pulante em nossostempos. , AS GRANDES ABADESSAS - Na direçãodos conventos I'enr jninos(que nls interessam particularmente) estavamas aba- dessas. Muitas se distinguirarn na ciênciae nasletras,mas Lodas trabalharamtambem de modo especial,no progresso dos hospi- tais e dos cuidadosdispensados aos doentes. SantaRadegunda - (seculoVI) - Deixou o trono de l-ran- ça e fundou um conventoespecialmente dedicadoao tratanrento dos leprosos,do qual se tornou abadessa. SantaHildegarda- (seculoXI) - Nascidana Alemanha,e conhecidacomo a Sibila do Reno. De familia nobre, educada num conventodesdea infância,tornou-seuma dasmaiscelebres abadessas, distinguindo-se pelosseusgrandesconhecimentos de CiênciasNaturais,Enl'ermagem e Medicina. Escreveusobre doençasdo pulmão, verminose,ictericia e disenteria. Dava grande importânciaà águaem sua tdrapêutica,reco- mendando aos doentes que a bebessemem quantidade,e às enlermeiras,que proporcionassemfreqüentes banhos a seus paclentes. Conta-sçque conseguiucuras notáveise que seusconheci- mentosmedicossobrepujavamos dos homensmais notáveisde seu tempo. ORDENS MILITARES - Desdeo seculoVll tinhaJçrusa- lem caído em poder dos Muçulmanos.lsso acarretouinúmeras dificuldadespara os cristãosque faziam peregrinações à Terra Santa.Os Muçulmanosos perseguiam dé tal Í'orma,que, poucoa pouco,foi cresçendoentre os povoscristãosa ideiade libertaro
  • 18. HISTORIA DA ENFERMAGEM ]9 túmulo de Cristo. Foi esta a origem das expediçõesnrilitarcs cclnhecidas sob o notne de Cruzadase iniciadasno séculoXl. ," Essemovimento,por suavez,deu origerna novasorganiza- (t çòesde enÍ'ernragem, sob a Í'ormareligiosa-militar. As principaisÍbram: Os Cavitleiros de S.Joàode Jerusalenr. os de S. L'azaroe os CavaleirosTeutônicos.A primeira teve início com a fundação de dois hospitaisem Jerusalém.Seus lundadores,rregociantes italianos, tendo vistoos sol'rinìcntos d()s percgrin<-rs perseguidos pelosM uçulrnanos, criurarrr, pari.l socor- rê-los,os htlspitaisde S. João e de Santa Maria Madalena:o prinre.iro para os honrens,o segundopara nrulhercs. Recebendodonativosde grandenúmero de ricos cruzados, os Cavaleirosde S. Joi-ro conseguiram estendcrseusbene l'iciosa diversospaiseseulropeus. Tornaram-setão numerososque sc dividirarnem provincias,de acordo com as linguasI'aladas nas lÌìesnras. Corn a expulsãodos cristàosde Jerusalem, os L'avalei- ros transl'erirürn seu principal htlspitalpara Rodese rrrur;taric para a Ilha de Malta. São por isso, conhecidos também como Cavalciros dc Rodese Cavaleirosde Malta. O hospitalde Malta era luxuosoe tinha mil leitos.É pena. porenl. que os usos e os conhecimentosde higiene da epoca sacrificassetn a necessidade de ar. sol e lirlpeza a instalaçÕes anti-higiênicas, de dificil e rara linrpeza. Ate o seculoXVll aindase encontravanìna L,uropapeque- nos núcleos dccadentesdessaou{rora Ílorcscente. instituiçào. Um dos grandesmerecimentosdessaOrdem Ioi o cuidadocari- nhosoque dispensouaos Ioucos,contra todasus ideiasc costu- mes então em voga. Os cavaleirosde S. Lazaro,Í'undados peloslranceses, tanì- bem na Palestina, deram prova de grandededicação,cntregan- dcl-seao tratatnentodos leprosos. Ainda que anteriormente,desde S. Basilio,tivessehavido algumaassistência aosmesmos,foram os cavaleiros de S. Lázaro os primeiros que se dedicaramsistema(icamcntc a esscnristcr. Santa HíIdegarda
  • 19. WALL,SKA PAIXÃO Durante dois seculos Í'undaram leprosariosenr diversas regiõese foram os maioresresponsáveis pelasensivel diminuiçào do número de leprososna Europa. Como elementode valor no combateà lepra,que se intensi- Í'icoumaisa partir do seculoXll, contam-seasinstituiçòes l-ran- ciscanas. Os documentosrelativosaos leprososna ldade Media. nrencionar.n grandenúmerode leprosários e um total assusta<jor de internados. Julga-sehoje, que muitos dos supostosleprosos,como tais encaminhados aosleprosârios, eram simplismente portadoresde lesõessifiliticas. Como as demaisOrdens.os Cavaleirosde S. Lázaro loram desaparecendo com o alvorecerde outrasinstituiçõcsnraiscon- formes às necessidades dos tempos. Os Cavaleiros Teutônicos iniciaram suas atividades em Jerusalemno começo do seculoXll. Prosseguiram nessetraba- lho ate o seculoXV, tendo gozadode grande considcraçàode diversosmonarcas,na Alemanha. ORDENS SECULARES - As cruzadasnão atingiramseu objetivo:tomar o túmulo de Cristo aos Muçulmanos.Abriram, porem, para o Ocìdente, novas possibilidades de comercio e nova Í'ontede progresso. Por outro lado, a paz e 'àprosperidadede que gozavamos cristãosfoi. para muitos,origem da decadência da l'ée dos cos- tur'Ìles.Baixa de nivel moral, e mesmo Í'rancacorrupção dos costumes. çontroversias religiosas, alterandoem certosgruposa uniclade da Íé, foram dois malesque se acentuaramno inicio do seculoXlll. l)aracombatê-los, l'oiS. I-ranciscode Assisum dos homens providenciuis. O outro foi S. Domingos.O primeiro,Í'ilhode unr negociantede Assis,Pedro Bernardone,era um rapazalegree elegante,o idolo de seuscompanheirosde l'eslas. De espirito generoso, ni-roconseguiu interessar-se pclo comercio, conto desejavaseu pai. Tentou as glorias militares,mas uma doença ó obrigou a renunciarmomentaneiimente às mesmas.Procurou,entào.mais HISTORIADA ENFERMAGEM elevadoideal. lmpressionado pelaspalavrasdo L,vangelho, que recomendamo desapego às riquezas,resolveuvivê-lasao pe da letra. Em pouco tempo outros vieram pedir-lhesorientaçàopara viveremdo mesmonrodo,e assimcomeçoua Ordem dos l-rades Menores ou Franciscanos. Não pretendeuS. l-ranciscoÍ'undaruma ordcm para cuidar dos doentes.Os irmãos se dedicavam a viver a perleição do L,vangelhoe a pregá-lo pelo exemplo e pela palavra. Sendo assim,nenhumaobra de caridadelhesera estranha. Conreçaram a visitarhospitais, onde alem de exortaros doentes,davam-lhes banhos,curavam.lhesas chagas,arrumavam-lhes os leitos. A popularidadede S. Francisco,ou melhor, sua santidade, atriliu-lhs tambem discípulosÍ'ervorosos. Clara SciÍ'Í'i, distinta jovem de Assis,pediu-lheuma regra de vida semelhanteà dos Frades.S. Franciscoatendeu-a,e em breve lloresciao lc con- vento da 2s ordem, ou das religiosas, depois conhecidass<-rb o nome de Clarissas. De acordocom os costumesda epoca,as lrmãs não podiam gozarda mesmaliberdadeque os frades.Viviam,pois,enr clau- sura.Mesmo assim,cooperavamno tratamentodos doentesque as procuravam,dando-lhesremediose Í'azendo-lhes curativos. Só issoseriabastantepara imortalizarS. FranciscorraHis- toria da E,nÍ'ermagem; muito mais ainda, porem, lhe devcmos. Procurado por pessoascasadasou retidas no mundo por outrosdeveres,que desejavamtambenrtomar parte na renova- çâo cristã iniciada pelas duas primeiras ordens, S. l-rancisco instituiupara elasa Ordem Terceira. Deu-lhesuma regrade vida compativelcom seuestado.Os membrosdasOrdensTerceirasse obrigavamà práticada perl'ei- ção cristã, mas não faziam votos nem deixavam seuslares.H assim,o fermento da renovaçãoespiritualia ganhandottrda e massa.Outros renovadoresimitaram essainiciativa.S. Domin- gos,cuja ordem tambemmendicante,tinha como Í'imprincipal<-l estudoe a pregação,teve em breve,suaordem terceira.O valor das ordens terceirasfoi enorme para o progressoda cnlerma- sem. Seusmembrosconsideravamum dever tomar Dartenr:ssit 4l
  • 20. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM obra de rnisericordia, e grandeera o númerodos que tonlavanìir si o cuidadode uns tantosdoentes,indo drarianten{e aos hospi- tais. Muitos desscsterceiroseram nobres. Sirol-uis, Rei da l-rança,Sta.lsabelde Hungria,Sta.lsabel de Portugal, pertenciarnà Ordent T'erceiral-ranciscana,Sta. Catarinade SieniL. à Dontinicana. S_anta Catarina de Siena - Niro se contcntxvü eorrrscrrir doentesno hospital.Procurava-os, abandonadospelas ruas ou .e,qr.casebres, e providenciuvasua internaçào.L.m l-172, durantc uma epidemia,trabalhouciiae noite no hospitaldc Scala.I,aru ìronrarsuarnernoria e que o velho hospitalent ruinasIoi rccons- truido seculosdepois. Pode-sevisitar, ainda hoje. seu pobre quarto,onde se conservaa lânrpadaque lhe scrlia paru procurür tts doentesabandonarJos pelasruas escurijsdc Sienu. Catarinade Sienae ulìì nonle que deve ser guardadopelus cnÍerrneirasconlo unla das mais perl'eitasrealizadoras de seu idcal. Santalsabclde Ììungria - Casadaaos l5 anoscollì o.Land- grave da Turingia, não abandonou,antes intensificouseu inte- rcsscpelospobrese doentes.Visitava-os pela manhã e à tardc, bunhuvaos leprosos,levava-lhes alinrentos.Viúva conr quatro lilhos, Í'oi expulsado palacio pela sogra e pelo cunhado. Des- prcndida cotrìo era dos bens terrenos,nào se perturbou coln isso.Viveu o restode seusdias na pobrezaachandoai*rdantcios dc a.;udar os nraispobres. Morta aos24 anos,teve tempo de enchersuacurl.aexistên- cia com boas obras que lhe imortalizaramo nome: na lgre.1a. c()rÌ1o siìnta,na Historia. coÍÌÌo elententode grandc progresso srlcial; na E,nÍ'errnagem, como unr dos seus ntais admirávcis rnodelos. Beguinas- Instituiçàobastanteoriginal e a das lìeguinas, cstabclecida enr Flandres.algum tenlpo antesdas ordenstercei- rirs. Podiam, as beguinas,como as religiosas,ter vida ent c()rìlluìl. Como as terceiras,não l'aziamvotos,e podianr,se pre- lcrissem.rì1orar cor.ÌÌ sua propria Í'amília. Chegarama ser muit() rìultìerosas (200.000) e prestaramgrandesserviços, quer noshos- pitlis, quer a domicilio.Algunsde seusestabelecimentos (tsegui- Membro de Ordem Militar
  • 21. WALESKA PAIXÃO nages)são ainda encontradosna Bclgica' O Beguinagede Bru- gcs. trunsíorrnadoenl Museu, apresentuas pcqucnascltsasdlts beguinastais corno eram na epocade seu l'uncionamento. l-un- duram-seoulrasinstituiçl)es apresentl.rndo pol.ltos dc senlclhança com as ordens terceiras,tnasnenhunìa[evc u repercussìoutli- versaldas <JeS. Franciscoe S. Domingos.tluc uti'nossos dius sào elenrenl-os de perlèiçã<-r individual e centrosde benelicit-rs sociais. INFLUE,NCIA ÁRABE NA MEDICINA - A queda de Roma determinou o êxodo da maioria dos homensde ciência para o Bizânçio(depoisConstantinopla), hoje' lstambul,deslo- candoassim,por algumtempo,o centro da culturamedieval.Os árabesrecolheramas tradiçõesliteráriase cientiÍ'icas da Escola biz.antina e serviramde traço de uniào entre a civilizaçàogreco- romana e a moderna.Auxiliadospor elementosisraelitus. ensi- naram primeiro em Bagdade Damasço,passaramao Cairo e a L,spanha, onde fundaramas universidades de Cordova,Sevilhae Toledo. Em Bagdad,no seculoX, havia dois vastoshospitaise 80 arnbulatorios. Na mesmaepocaos hospitais de Damascoe do Cairo eram os maisimportantesdo mundo' Foi penaque dessem pouca importância à observaçãoclinica tão recomendadapor Hipócrates. Na terapêutica introduziram grandes progressos' t-oramos primeirosa estabelecer uma Í'armacopela e a envlaras receitaspara serem preparadaspelo farmacêutictl. lntroduziram na terapêutica:cânÍ'ora,sândalo, ruibarbo' quassia, acônito, mirra, mercúrio. lnventaramo alambiquee a destilaçàodo álcool. Traduziramdiversasobrasmedicasda antiguidade. Entre os medicos muçultnanosdistinguiram-se:Razes,(seculo lX) quc procurou reatar as tradiçõesde Hipocrates'Conhecia bem os autoresantlgos. Haly Abas - (seculoX) escreveuum tratado de medicina que í'oidurante um seculoo livro ofiçial. Avicenas- (seculoXI), foi diretor do hospitalde Bagdade publicou trabalhossobrernaisde cem assuntos c l'oicognomina- do o "Principe dos Meclicos".Foi um dos sábiosmuis notáveis HISTORIADA ENFERMAGEM do Oriente,pelaextensão de seusconhecimentos. É considerado o AristotelesÁrabe. Albucasis- (seculoXl) cujo tratado de cirurgia Íbi adota- do ate o Renascimento. Averróes- Viveu no seçuloXII. Celebremédicoe l'ilosoÍo. Levou à Espanhanovos conhecimentosmedicose Í'ilosol'icos. Foi grande comentador de Aristóteles.Seus escritostendiam fortemente para o materialismo.Foram, por isso,condenados pela Universidadede Parise, posteriormente, pela SantaSe. ESCOLAS DE MEDICINA - Daram da tdade Media os agrupamentos de _esc.olas de ençinosuperiorsob o titulo de Uni- versidade.A prrncípio o ensino era exclusivamente dado por Ordensreligiosas e pelo clero secular,passando pouco a p,oucoa admitir professores leigos. A niaii antigaescolade medicinada Europa,na ldade Me- dia, foi a de Salerno,na ttália, conhecidacomo.'Civitas Hipo- çrática". No seculoX sua lama se estendiaate a Françae a lnglater- ra. Constantino,o Africano, grandepoligtota,íêz-sebeneditino e traduziu,para Salerno,livrosde grandevalor que lrouxera do Oriente. A Escola de Salerno teve muitos outros proÍ'essores eminentes, entre os quaisdiversas mulheres.Entre estasmencio- naremos:Trotula, que acrescentou novosprogressos à ginecolo- gia e à obstetricia.Abela, Mercuriades,Rebeca,Constantina Calendaensinaramtambem na mesmaescola.A escolade Saler- no difundiu pela Europaos progressos introduzidospelosárabes na medicina;foi a primeira que matriculoualunosleigos.Levou a higienea grandeprogresso. Entre os documentossobreSaler, no temos:o "Regimen Salernitum",conrpêndiode receitasem versossobre higienee dietetica,o "Antidotarium", formulário completadopor uma tabelade pesose medidas,um dos primei- ros livros impressos em Veneza.Outras escolasde mcdicina se lìrran.r abrindo nas diversasuniversidades da Europa. Mencionaremos:Montpellier (738)já celebreno séculoX, l'aris(seculoXII) na França;Bolonha e Pádua.Sienae perúsia (scculosXll e XIII) na ltália. 45
  • 22. IIISTORIA DA ENFERMAGEM Salamanca, Cordova e Toledo na Espanha;Oxí'ord(seculo XII) na Inglaterra;Colônia, na Alemanha. ' Dessesdiversoscentros,freqÍientados por alLrnos dc várias nacìonal idades,irradiavanr-se asnovascon(.Ì ur.sÍ ltsrtrcd icas.algu- mas das quais de grande valor. Quando se iniciou o periodo chamadoRenascimento, gran- de foi a contribuiçãoda rnedicinapara o brilho dessaepoca, servindode basea posterioresrealizaÇôcs. Durante a ldade Media a Europa Í-oialacarlupor t.rê-$ tcrrí- veis Í'lagelos: a lepra, a sifilise a pestebrrbtrnica. A primeira loi trazidado Oriente e alastrou-sc pela Huropa no seculoXlll. No seculo XV, a sifilis l'ezgrandesL-stragos na populaçào curopeia,embora já se usasse o mercúrio prìraseu iratamento. l:nl'irn,a pestebubônica no seculoXVl, invadiu os portos quc comerçiavamçom o Oriente e atingiu muitas regiòes. DECADENCIA DA ENFERMAGHM Pareceque o progresso da medicinae a <liÍ'uriiro dc hospitais dcveria,logicamente,lrazeÍ à enf'ermagem aquisiçoes de valor. No entanto issonão se deu. A periodosde fervor religioso,sucediam-se outrosde rela- ,rarnento. Sendo a enfermagenl,nessetenlpo, l'unçàoexclusiva tla lgreja,a baixa do espíriiocristão repcrcutiasempresobrea quantidadee a qualidadedas pessoas a serviçodos enl'ermos. Esçasseavanr tambem os donativosparticulares, o que obri- g:rvaos hospitaisa restriçõesseriamentcprc.ludiciais. (-. Alimentação escassa, Íalta de rorrpac de leitos,tais eran.t :rlgurnas das deliciências.Hortve hospitaisque chegaranr a ulili- ulrr grandes leitos,onde erunr colocaclossr:isdoentesdc uma vt/. l)ouco a pouco a decadêncra so (orrìoucluase geral.Aqui c :reolliainda se encontravampessoasgcnçrosase capazesque lìr(ìcuritvam renrediaressatristc situação.I'ouco,porenl,conse- 1Ìrririrrn essesesforçosisolados. 4'1 'íÍfir+ Santa Catarína de Siena
  • 23. WALESKA PAIXÃO Foi precisoque o mal tomasseproporçôesassustadorâs e fosseque-brada a propria unidadeda lgreja,paraque um esl'orço coeso pusesseum dique à derrocadae abrissenovos rumos as almascapazesde elevadosideais. AS MISERICORDIAS Seriainjusto passarem silênciouma iniciativade valor'tanto mais notável quanto mais contrastavacom a decadêncra geral' Referimo-nosàsConfrariasda Misericordia'que tanto bem rea- lizaram em Portugal e suas colônias. Deve-se sua Í'undaçàoa Frei Miguel de Contreras,religiosoespanhol'A lc Í'oiI'undada em Lisboa. Encontrou Frei Miguel um terreno admiravelmenteprepa- rado para Íeàlizarseusplanos' O povo portuguêsexerçerasem- pre as obrasde misericórdia, o que se intensjÍicoucom a prolun- da influênciados Dominicanose Franciscanos. Obtendo o apoio de D' Leonor, rainha de Portugal, l-rei Contrerasaproveitouum velho çasarãoe nele instalouo Hospi- tal de Nossa Senhorado AmParo. Para manter viva a instituição'foi fundada a Conl'rariada Misericordiaa l5 de agostode 149E. Senenhumanoticiatemosde ensinode enfermagemnesse e nos outros estabelecimentos semelhantes, fundadosno Reino c nas Colônias,sabemosque as confrarias,tomando a serio seu programade prática de obrasde misericordia,levavamos seus associados ao exerciciode muitas atividadespropriasde enl'er- magem,e a caridadecom que se dedicavamcertamentecontri- buia para'mantera elevaçãodesses misterese a eficiênciacom- patível com os raros conhecimçntosda epoca em materia de enfermagem. Alem disso,qualquernúcleode povoaçãoiniciadoem colô- niasportuguesas procuravalogo ter a suaSantaCasade Miseri- cordia. Essasfundações,apoiadasno exeÍrìploda le Santa Casa, buscavamlogo apoio dos poderespúbltcos' que não se recusa- HISTÔF.IA DA ENFERMAGEM vam a essacooperação. Apesarde não seremos primeirosesta- belecimentoshospitalares que receberamauxilio ol'icial,parece que foi a primeira organizaçãoem que essacooperaçãose tor- nou habitual. Bastariaissoparadar à criaçãode Frei Miguel de Contreras lugar de destaquena evoluçâoda assistência aosdoentese, por consequinte. na da enl'ermaqem. EVOLTJÇÃO DOS HOSP|TATS Entre os hospitaisdo tempo antesde Cristo,distinguiam-se os da India. pela sua organizaçãoe ntelhor compreensio do cuidado integraldo doente. De seus regulamentos, poderiamoscopiar nruitospontos, crn princípio perfeitarnenteaplicáveisaos hospitaismodernos. llriscomo: as exigências moraise culturaisparaos enÍermeirosc rrsdistraçÕes propot'cionad;rs aos doentes. Nos primeiros seculsoda era cristã,iniciou..sc o progrcss() c()nstante, durante seculos,do pessoala serviçodos doentesç tlirsinsialações hospitalares. A influênciadas romanus,a autorid;rdee a contpetène ia rrrúdicados prirneirosbispos,a contribuição nronásticac dus ordcnsterceirastaisforam os principaisÍatoresde progresso ate o scculo Xl. Ac<llhendoa principio toda especiede necessitados. loranr rrs hospitais,pouco a pouco, deixando a outras instituiçocsos ctrrd;r,los de orfãos, mendigos,velhos,inválidos,reservando-sc rl)crìitsos doentesagudose, em algunscasos,os crônicos. Já no seculo Vl vemos o inicio de numerosasI'undaçÒcs hospitalares, como: o Hotel Dieu de Liào (5.12)c o de Paris ((r5l), o hospital do Espírito Santo, em Rcma (717) os de S. I'ctlrtre de S. Leonardo na Inglaterra(936). Âs lr.rnãs do EspiritoSantoI'or;rmas primeirasa ocupilr-c r'rt ltrsrr :trììcntede h,)spitais. () llospital do EspiritoSanto,enr Roma,Íoi construidoparrÌ '.r'rvirtlc padrâoa outrose, de Í'ato,teve imitadores, enì divcrsos
  • 24. IIISTORIADA ENt-ERMAGEM puises, que construiramhospitaissemelhantes e conì o mesnìo I l()tÌle. Durante algunsseculos, as lrmâs Agostinian:rs, que serviam rrs<Joentes no Hotel-Dieu de Paris,deram o exenrploda ntáxinta tlcdicação. As influênciasmilitaresdas Cruzadas,no seculoXll, assinr u()rnoos trabalhosdas ordensterceirasa partir do seculoXlll, rrrtroduziram no serviço hospitalargrandenúmero de secularcs, crnboracontinuasse a caber às ordensreligiosas a responsabili- rlrrdemaior. ConstruÍram-se ediÍ'icios grandiosos paraaquelacpoca,pro- curundo seusconstrutoresproporcionaraos doenteso máxinto etlnÍ'or1o. A falta de conhecimentoda higiene,porem, nào lhesgaran- tra a aeraçãoe a limpezadesejáveis. A decadênciaveio com a baixa do espirito cristào. Deçaiuo serviçodosdoentcse ate o ntaisrudimentarasseio sc [()rnouraro. A Reforma,expulsandoas religrosas dos hospitais,precipr- torr ainda mais o periodo negro da enÍ'ermagem. Alem dastentativasde algumasordensreligiosas, dedicadas ;roscloentes, podemosmencionar,conroeslorçosde reintegrartt scrviçohospitalarna suaforma primìtivade reìativaperÍ'eiçào. a Irrrrdação das Misericordiasno seculoXVl, daslrmãsde Carida- ilc no seculoXVll e das Diaconisasde Kaiserswerthno seculo .tx. ljinalmente,o arrojo de Florçnce Nightingalee o desenvoÌ- virrrcrrto de urna mentalidademais social,em nossoseculo,vie- t;uÌì trazer para os hospitais,não so mais vastacooperaçãool'i- rirrl,construçÒes higiênicase confortáveis, novasc maisel'icien- lcs rlrganizações, mas aínda,como fator preponderante,proÍ'is- slorÌlris de elevadopadrão cultural. B IB LIOG RA FIA l) l)r'. l:ugtne SarntJacques- Histoire de la medecine- h.ditronsBcauclrt rrrrrr,Montreal, l9-ì-5. Médíco do Século XVI
  • 25. 52 AI-t..SKA PAIXÃO 2) Dr. llcnn [ìon - Prtcis dc Mcdecine ( atholrque- l-clrxAlcan, 19J6. .ì) Novo'f'jstaÌnento: /los cìosApitstolos;Eptstoladc S. Pauio aos Romantrs. .l) L.ucyRidgcly - A Gcncral history-oíNursing- I-abcr& I-aber,1912. 5) Dock and Stewart- Short History of'Nursing- Putnam'sSons,New york. t9li ú) LlizancthJ. Sewall- Trends in Nursing llrsror),- À. ts.Saudcrs,l9.tl. 7) Maria S[icco - S. Í-ranciscodc Assis - Trad. dc Armando Más Lcitc. Vozcs de l,ctrópolis, 19.10. lJ) Pcdro Narlr - Capilrrlosde Íì. da Metìir.inano Bntsrl- Scpufittiì<jotsrasrl llc'dìeo( rrurgico, I L).19. 9),{ustin,,,nnc L. - History ol NursingSons[ìook - C. P. l,utnant'sSon: - Ncrr Yrrrk. I0) NtruvcauLarousscciassiquc- ;l+edrcào. UNIDADE IIJ PERIODOCR.ITICODA ENI-ERMAGEM lìl:FORMA RELIGIOSA * A dimiuiçào do €spiritocris- t,tocrigia uma reí'orÍna, não de suadoutrini.r, que estáâcinladas ( ()rì1ilìgências humanas,mas dos individrros,cujo al'astanlento rlos principioscristãosera causada decadênciageral. l:spiritosde escol compreenderamissoe se entregaranli rr'lorrrra de si mesmos,dando assimsua cooperaçàoà rel'orma rIrs tlurìais. A união de esl'orços e idcais sen'ìelhantes levou à ( Ir:rç:ì() de novasinstituições, ou .aÍeÍ'ormade outras.já existen- tcs.tlc nlodo a melhor atenderemàs necessidades dos tcmpos. l)or outro lado espiritosmenospositivos, ao protestarcontra ,rlrtrsos. itrrastarama cristandadeà quebra de sua unidacie. No inicio do seculoXVI, Martinho Lutero, mongealemão, liilrÇt)r,r o grito de protestoque valeua cle e a seusadcptos,assin] ( rrrÌl(ì ir()s dos muitosgruposque sediÍ'erenciarum cm seguida, o nr)nrc8cnérico de protestalltes. l ulsro, na Alemanha; Henrique Vlll, na Inglate rra; Calvi- rril,rr:rSuiça,foram os principaischel'es que prccipitaianldivcr- ',,rrrlrçr)cscuropeiasnunrareíormacujo maior ponto de conluto t'rir srr.rscl)araçào da lgreja de Ronta. ('tlrn eieito, em.pouco tempo, senãodescie o inicio, os três Ir'lurnìirdorcsimprimiram dií'ercniesorientações, i.tosdivcrsos prttl)r)rcligiososquc dirigiam.Nào cabeaqui estudarsuasdou-
  • 26. 55 IALESKA PAIXÃO tnnas, e sim a repercussão dessesmovimen[os sobre a enl.er_ tnagenl. Como em todo movimentoviolento,o_q-reÍormadores lbram maisrongedo que pretendiam.Assim,renunclandoao Catolicrs- lï""r|j;J#i.: a Ingtarerra _ principal1nenre esra útrima, g irì o- o íì c ia rr;*ri. j"',ï i :;'1 ïiï fl:ïii""[i'ffinïn: ::j: grosasque se dedicavam aus doenres.Nao dispJnàï"rrr" ï. nenhuma organizaçiìo,religiosa uu-"1",gu,para substitui-las, toranr obrigadasa Í'echargiande número de hospitaÌs.So na Inglarerraioram fecha<los Ãais ,1" ;;i.- Entre os restantes, foi preciso,Oanolt" para o dia, recrutar pessoalremuneradopara o serviçodos doentes. O serviço era pesarlo,o ,".r*.or:ao "r.orru, absoluta. í'alta-deorganizaçãoe supervrsào. . O pessoalque se apresentava era o mats baixo na escala socíul, de duvidosa moralidade. N;;r; condiçÒcs.r_rs mais pobres doentes,enquanto [ivessemalguem para cuidá-lesenì suasproprias casas,mesmo mal alimentadose desprovidosde conforto, recusavam_se a ir paraum hosprtaí. Os pretensos enfermciroi A.rr., .rìodelecimcntosdéixavam os doentesmorrer ao abandono. ff,.r.^iorquram gorJetas, mes_ mo aos indigentes.Imperavaa fatra o" Àigi"n.. Ã .;;iil ;; detestávele insuficiente.-Nãoho"i; ;u;* se interçssasse em 'amenízaros sofrimentos físicos " ,riio *"nos os morais. tsse tipo de "enÍèrmeira" e bem d*;ri;;;;r CarrosDikens enr seu fivro "Marrin Chuzzt-e.wit... Sarey è;;;, ì norn. que dá à sua personagem, ainda hoje servepaia designara pseudoenÍ.ermeira rgnora4tee sem ideal. .Foì, verdadeiramente, o periodo critico da enÍ.ermagern. Na França, a infiltraçâo'.otuinirto,'rpesar de grande, não chegoua ter um cunho nu";onoi, "ãrï Jta"reranismo na Ale_ manha e o Anglicanismona lnglaterra. Para essepais, o. verdadeiroperiodo crillco lbi o que se seguruà Revolução.pior que uro iutuã.-religròes,lbi unraluta que se rnspiravano materiarismo; como conseqüência imediata, veio a expursãodai religiosar l'"rirr."l" esseperÍodo-nâorbi IIISTORIA DA ENFERMAGEM tlc longa <luraçlto'elnbora suas devastaçòesso lentutttctttc tcnhanrsid(),c:tnpiÌrte, reparaoiìs' coNclLlo DB TRENTO - Para esclareccr()t p".l_l:: doutrináriosataca<Jos pelosprotestàntes c tomar as nccessarlas nrovi<Jências para a rel'ormarJoscostuntes'f'oiconvocadopclo ï';;; " concilio dc Trento' Durou o mesrì1ollJ anos' A questiìoda assistência aos enlcrnros loi estuda<Ja cotl.t granclccuitlado.C'r-rttstatn das Atas cle sscCtlnçilio: reconrcndl- çt-rcs aosbisposparitorganizaçiro' trlitrtutençio e ltsculizuçiro dos scrviçoshospitatares; '"gtut a serenlobservudas pelosque ser- u"nl'u, doentes; orientaçÕes para a assistência espiritual ntls hospitais, bem conropiìra'os "ligiotot e relrgiosas a serviçodos doentcs. Essas oricntaçòes,assimcomo a relbrma do clero e l'tsnìul- tas instituiçoespara rnelhor l'ornraçào do povr>'l'oram. o ponlo cle parti<1a de nutnerosasorganizaçòcsrcligiosasdedicadasa cnI'ernlagctn. Assin.r, dir(anrdo seculoXVI: Os irmÀosde S' Jt-rào de Deus' que se dedicavanrespecialmente aosdoente s mentais;os irnlàos de S. Camilo de L'ellis, que prestavamauxilioespiritualtÏ':1]: sionalaostlocntes;o' ir'tãs de S' Carlos'asTerceirasI-ranctsca- nas regulares'l'oram entre tantas outras instituiçries'meios de elevaçãoda enl.ertnagem' ao meno-squanto à dedicaçào' Do ;";;; vistatecnico-ecientiÍ'ico'nào secogitavano momento' A S. Vicenrc dc Paulo' no séculoXVll' dcvemosa criaçào de cbrastão bem planeiadas e tão adiantadas para a epoca'quc o tcìrlram nterecedor áo titulo de precursor da enl'ermagem modcrna. B íB LIOG RA FIA l1 Dr.'Lugcne SirrntJituques- Histoirc de la Mcdecinc - Lditions Beauche- min, Montrell. 1935' 2) Dr. Henri Bon - Précisde Médecine Catholique- Felix Alcan' l916' 31 Lucy Ridgcl;-Seyrne' --Ã C"nttol l{istory ol Nursing - }'aber and I-abcr' r932.
  • 27. J) WALESKAPAIXÃO ,ïïl ,"U Srcwarr - ShortHistory ol.Nursing _ purnanì.s Sons, N*v york. Alasd0 Conciliodc Trenru. Liiz;rhcth J.Scuall- Trends in Nursing Histor;, _ tv. S.Sau<lers, j9Jl. -)) ót UNIDADE IV PRECURSORES DA ENI-ERMAGEMMODERNA Nenhurnaobra sociale digna dessenome se não procurar atingir uma finalidadeeducativa.O mero remediarde desajusta- mentos, corrigindo com esmoiase socorros situaçõescriadas muitas vezespela deficiènciadas estruturas,e mais ainda pelo egoismode muitos,e esforçosemresultados duradouros, sempre recomeçado,sem marcar nenhum progresso. Na iniciativa de S. Vicentede Paulo em prol dos doentese desamparados, encontránr-ré iãaos os elementos de uma institui- ção social. Viveu S. Vicente numa epocaagitada.A França,devastada pela guerrados 30 anos,esmagava o povo com impostosexces- sivos. A miseriaera grande;a precáriaassistência disp'ensada aos doentes em estado grave era insuÍìcientepara conÍortar os pobres,nosquaiscresciao sentirnento de amargurae de rel,oita. S. Vicente,sacerdoteobscuro,filho de pobrescomponcses, interessou-se de tal modo pelo povo que veio a ser I'undadorde instituições'decaridadede tipo inteiramentenovo, çapazesdc eìevar a enfermagema nivel jamais alcançadoanteriormente e de àdapta.r-se aos progressosposterioresda prol'issâo, A primeira de suasiniciativasfoi na pequenaparoquiade Chatillon les-Dombes,da qual foi vigário por algunsmeses.
  • 28. WALESKA PAIXÃO Desdeo inicio de suasfunções,em ló17,dedicavaboa parte do ter.npoa visitar os doentes.Mas nào tinha ainda nenhurna ideia de associação de pessoas para ciesempenhar tambem esse mister de modo organizado. Um acontecimentoinesperadolevou-c à Í'undação da Con- fraria da Caridade. InÍbrmadode que uma Íamiliapobre e doentese achavano maior abandono,Íbi vê-la c recomendou-aà caridadedc seus paroquianos. Vendo o interessedespertado,resolveucoordeni-lo para que os socorrosnão fãltasseme íbssemdistribuidosoportuna- mente. Três diasdepoisreuniu váriassenhoras e lhesprcpôsÍ'unda- renl uma associação para socorreros doentesda paritquia. Alistaram-se onze senhoras. Depois de orienta-las três meses,deu-lhesos estatutosda ConÍ'raria. Fundadaem agosto,já em dezembrode 1617, era aprovarla pcltr arcebispode Lião. Logo nos primeiros tempos da Í'undaçào,a cl'iciênciacla ConÍ'rariase maniÍ'estou numa epccade Íbme, seguidade epide- mia de peste.Conseguiureservas de trigo, organizoua distribui- ção aos pobres. Durante a peste,estabeleceu l'armácias e cozinhasespeciais para os doentes,que as senhorasvisitavame tratavam com a maior ciedicação. Ao espiritogeneroso, esclarecido e organizador de S.Vicen- te de Paulonão passoudespercebido esseresult.ado. Pensoulogo que essaexperiênciapoderiaservir de basea ['uturas e nraiores realizações. Chamado,pela segundavez,a ocupar o cargode proÍ'essor d<lsfilhos dos Condes de Gondi e Capelão da Cas4, resolveu tentar a mesmaexperiênciaem mais larga escala. O Conde de Gondj possuiagrandespropriedades agricolas onde S. Vicente começou a estabelecer, em cada aldeia, uma Confraria.A Src de Gondi foi sua srande colaboradora. Depoisda moi:[eda õondessad-eGondi. S. VicenteÍ'oicha- mado a outros trabalhosque o conduzirama Paris. 7ã' qD '- ---- : rft- ru =leE.rH S. Vicente de Paulo
  • 29. WALL,SKA PAIXÃO A miseria a socorrer na grande capital era enorme. As prirneirastentativasÍ'orammenosí'elizes que nasaldcias. Muitas senhorasde alta sociedadeque se alistaramnasConÍ'ra- rias,tinharndificuldadesem serviros pobresa domicilio,crÌìbo- ra muitas Íbssemverdadeiranrente caridosas. O recrudescimenÍ.o da pesie,que invadia hospitaisc case- bres assustavaos maridos das associadas. Assinr, apesar das grandesesnìolasrecebidas, ÍãltavapessíJal para suadistrrbuiçào e o serviçodos doentes. Foi essaa hora de outra realizaçào de S. Vicentc:O lnstitu- to das l-ilhasda Caridade. Pensaranr S. Viccnte e Santrrlgi.za dç !tal,illac ern aceitar jovcns camponesasquc desejassem derJicar-se ao serviço dos doentese pobres.e as colocaramsob a vigilÍncia das Senhcras da Caridade. Compreendendoque a ConÍ'rariada Caridade,apesurdo grande bern que Í'azia,nào cstavaapta a realizarum trabalho complclo, porque scusmembrosso podiam dedicaraosdocntes algumashoras de lazer, planejou a Congregaçàodas l-ilhasdu Caiidade,rnaisconhecidasentre nós como lrmãs de Caridadc. A primeira dessas jovens Í'oi[targarida Naseau,cujo nonìe é vcneradclate hoje. Reuniu-as'Luizade Marillac ern ló33 para lormar-lhcs o caráter e instrui-lasnos rnisteresque deveriamdesempenhar. tssa iniçiativâÍ'oiuma verdadeirarevoluçâonoscostumese mesmo na legislaçãoçanônicada epoca,pois essaslrmãs vive- riarÌìem cornum, porem, sem,cleusura,e andariamlivremente pclasruas para acudir aos mais abandonados. L)iziao I'undador:"As I-ilhasda Caridaoereràopor mostei- ros as casasdos pobrcs; por cela um quârto de aiugucl; por capelaa lgreja paroquial;por claustro,ás ruas da cidade;pt-lr clausura,a obediéncia;por grades,o temor de Dcus; por oi'icio, o rosário,e por veu a modestia". É importanie notar quc para o reerguimentoda enl'ern.ìa- gem,estabeleceu S. Vicentedois pontosde imensovalor:a libcr- dadede açãode suaslilhasque,epesarde chamadas à perl'eiçào, nào deveriamter clausuranem serchamadasreligiosas, a l'imdc HISTÔRIADA ENFERMAGEM que coisaalgumalhesfosseempecilhoao serviçodos doentes,c a instruçãoque lhes era dada, para melhor eÍ'iciência de seus serviços. Deviarr saberler e escrever.Aprendiam os rudinrenttts dir arte dc enl'ermagem então em uso. Tinhanr urn programude etiça,salientundopontosate hoje observ'ados com bonrresultado. em relaçãoa atitudesc<tnr medi- cos e doentes. EnÍ'irn,pedia S. Vicente, aos medicos,os esclarecintentos cienlil'icosnecessários às irmàs. Por que dizern<-rs quc o trahalho de S. Vit:entede Paulo e obra dc grande valor social'/ Prirneiro, porquc procurou tL)mar unt conhecinìcntoi.ào exato quanto possivelda situaçãodaquelesaosquai:iporcurava acudir. h.nrseguida,enÍrentouessasituaçiìo,tal como a cnc'Jrìtrou, reconhecendoe apontando os erros e lalhas da organizaçiìtl social tluc cra a tìlaior causa clesses dcsajustarn,;ntos. Nào podendo mcldiÍ'icar diretarnentea Iegisluçâo. procurou l'orm;rr nas senhorasricas ntentalidadee personalidade cristàs,que as pusesscnr,decididarnente,ao serviço dos deslavr,rrecirJrls du sortc. Milstrou-lhcsalgurlasmiseriasque encontroue loi organi- zanclogruposgenerosos, de ntodo a Íìlrmá-loscada vcz melhor no espiritoda I'raternidade cristã. I-aziarespeitara dignidadehumana do pobre e procuravu educá-lo.não se lirnitandoa dar unl pal;ativoiì seusnrales. Urn pouco antes tenLaraS- hirncisc.o dç Sales,bispo dc Cenebra, Í'undar enr Aneci uma íJrdem, que incluia enÌ scu prograrnau visitu aos docnlcs. Auxrliava-oSa0!aJoana de ChantaÌ,viúva de aita posiçâo social que já tinha experiênciadessasObras de Caridade, às quais sc dedicaradurante illgurn tempo. A tentativanão l'oi compreendida,e as reiigiosas da Visita- çiro suprirniurnde seuspÍanosa visitrraos doentcs.passurrdo ir viver em clausura. ol
  • 30. À/ALLSKA PAIXÃO É,precisolernbrarporenr,que S. l-ranciscode Salesincluirir a visitaaospobresno programada Visitaçàcr, nào como l'inalida- dc. nern nlesrÌìo ocupação dominante das religiosrLs. Turrttr r.rssirn, que as visitas scrianr Íèitas cada dia apenas por duas lrmãs, como ufiìt colaboraçàomodestanessaobra dc miseri- córdia. S. Vicente, porem, organizou as Filhas da Caridade paru essefim. e para isso excluiu de seu regulân.ìento Ludo.o que, nlcsrlìoexcelcntc.pudcsse de algrrmmodo dilicultaru realizaçào de seusobjetivos. Não devemos csquecer que a Íundaçào das lrrnÌs nàtr excluiu as Associações de Senhoras. Pelo contrário, arnbos os grupos cresciam pelo nrúrl.ucr auxilio. A Associaçãodas Damas de Caridade,tal como lunciona hoje, quase sempre anexa a casasdas Irnràsdc Caridadc, loi organizadaem Paris,por inspiraçâoda senhoraC;oussaul(, coo- peradora de Santa Luiza de Marillac cm suus r'isi(us ao l{ tltel-Dierr. lissc grandc cstatrclccintento, dirigido pelas lrmàs Agosti- nianasatravessava urn periodo de decadência. Abngando atú 2.000doentes,às vezes6 em um so lcilo, sent roupa, senl asseio,com alimentaçãodel'iciente, lutando colll iì l'altade rccurs()s e cotn a estreiteza de espiritodosadntinistrado- rcs,o Hotcl-Dieu niìo se poderiareerguersemque lhe viesscde Íora algurnsocorro. E,ssc lhe Íbi prestadopelaslrmâs e Senhorasde Caridadc. Visitaaosdoentes,alimentospreparados pelaslrnrãsc servi- dos pclas senhclras. roullas cos(uradase lornecidas,e nlesnlo aquisiçãodc lcitos.Í'orarnos trabalhosdessas duasagrentiaçòes, alcru dt assis(ênciu rcligiosa. Só em ló40 as lrrnãstomaram a direçãode um Hclspital.e com tão bons rcsultados, que muitos outros lhe I'oramem brevr coní'iados. Não podemosacompanhara traJetoria daslrmãsde Carida- de, na França,e sua rápidadifusãoenì outrospaises.Durante a HÍSTORIADA ENFERÌ,lAGEM revoluçãol'rancesa, em 1797, a Casa-MàeI'oiconl'iscada e loranr disoersadas as lrrnàs. Lnt pouco tcrnpo, sob o governo dc Napoleirt-r. a l*runçl deixou-asrcunirem-scnoval.ÌÌente. L,m 1930eranrits lrnrãsnrais de 40.000(quarentamil) e se achavarrr espa.lhadas etn todos os contlnentes. ORDENS CATOLICAS INGLESAS - Na lrlanda. l'un- dou-seern I8l3 a Congregaçàodas lrmãs de ('aridade irlandc- sas,por Maria ,,ikenhead. A Í'undadora nìandr)ualgunraslrmàs Íazerestirgio ern Paris.Essas lrnritsmuito trabalharanr durantcits epidernias de colera e tiÍ'o. Faziam tambem vrsitasaos pobres. Hrn 1857se estabeleceran'ì na Austrália.As lrmirsdu Miseric(rr- dia de Dublin, datarnda mesnraepoca. TENTATIVAS PROTESTANTES - A Í'altadrs lrnràsnos paisesprotestantes levou os governosa tomarem a seu cürgoos hospitaìs. Niro tendo, porérn,pessoalpars o tratanìentoe scrvrçodos doentes,servianr-se dc mulhercs da mais baira eslera.O tipo coi-nurì.ì da cnÍèrrneiraera da hèbada.desordeira.nrulherdç rtrit vida. Pode-seinraginaros perigos que corriam os doentes,o abandonoenì que eriÌlÌldcixados.a miseriamateriale moral cluc era seu quinhào. Por isso,apenasos maisabandorrados eranì levldos, contril a vontade.a esseslugaresde horror. As pessoas de boa vontade não podiam scr indil'e rcntcs a esseestadode coisas.Lembravam-se das Diaconisus dos prinrei- rosseculose procuravarnutn meio de Í'azerrevivera instituiçiìo. O proprio Lutero pensouser essaa soluçãodo probelmrrhospi- talar,nrassc convenceude que issoera irreaÌizável no prolestan- tismo. Outros,porérn,na AleÌÌìânhae Inglaterra.l'izeranr conr Cxi- to a experiência. Fundaram-sena Inglaterraas lrmandadesdc lerJos os Surr- tos,SantaMargarida,SãoJoão,as lrmãs da Caridadeprotestan- tss c outras. Desenvolveram-sc. porem, muito lentamenteate llJ40. 63
  • 31. WALb,SKA PAIXÃO Enr 1835,Dr. Robert Cook, sugeriuum prograntade prcpa- ro de EnÍ'e rrneirasque incluia muitos pontos básicosdc nossas aluaisescolas: ensinocomprovadopor exame,estágiosprátrcos orien(ados.Mas não havia ninguenl capazde realizá-lo. Das tentativasbaseadas rra primitiva organizaçàodas Dia- conisas.a rnais Í'elizÍ'oi u de f liedner.enr Kaiserswcrth(,{lc- nranha). Iniciou corÍì sua rnulher l-re<jerica, em l83ó, unl pequcno hospital.Seteforam as primeirascandidatas.Desdeo inicio, as cnÍ'ernreiras atendiarnos doentesa donricilio.clndedevianrser tratadoscoino pessoas de bom nivel social,o que represcntava urÌlagrande conquistapara as ideiasda epoca. Lrrt i859, depois de já se lercnl estabelecrdo em Londres, algurnusdas Diaconisasde KaiserswerthÍ'oranrchanìadusiì Anróricado Norte. Essas enÍ'ermeiras nào l'aziamvotos,nrusnÌo rccçbilm salhrios. sendornantidas pela lnstituiçào,enquant,J clll serviço, c para o resto da virJa,quando nele trvesserÌl pcrsc- vcrado. tTI-NTA'IIVAS LEIGAS - Alguns medicosna Alerrranha, tenl.araln pequenas escolas anexasaoshospitais, chegandc. a pre- parar lrvi'ospara as estudantes.So então veril'icaranlque as candidatas erarnanalí'abetas. Diante dessas e outrasdil'iculdades cssastentativaslbratn eÍ'êmeras. ,j <pnocRESSODA MEDrcruAE DASctÊNCIAS - N. rnìesrnoperiodo erÌrque a enÍ'ermagenr caia cm Í'rancadeci.Ldên- ' cia, a ciência rnedicaÍ'aziaconquistasnotáveis. P;rracelso.(1493-154 1)deixou de lado as tradiçoesda época. e procurou trabalhar e estudar inteligentemente. Dos nlt:strcs antigosaceitou sornenteHipócrates. Devemcl-lhe a introduçãode novosremedios, entreos cìuars o nrercúriopafa o tratamentoda sit'ilrs e o uso das águasnrinc- rais dc modo menos empirico. An<lreVesálio(1514-l-564), aos 24 anosjá era prolessordc Anatornia.Durante três anos,dissecando, ccrmauxilio de ussrs- tcntes,preparounotáveltratadodessamateria,que publicouaos HISTORIA DA ENFERMAGEM 32 anos.E,sse tratado,em setevolumes,e acompanhado de dese- nhos,reproduzindoas peçasestudadas. Gabriel Falopio(1523-1562), seudiscipulo,lèz novasdesco- bertas anatômicas. Ambrósio Pare(1509-1590) introduziuna cirurgiaa ligadura de vasos.lssoconstituiuenormeprogresso na cirurgia,poisante- riormente as feridaseram cauterizadas. dtanásio Kischer ( 1602- 1680), jesuita, com auxilio do micro-scO--pio, 'relacionou o contágio com os microrganismos. William Harlwey(1578-1657) descobriuo sistema da circula- ção do sangue. Antônio Loewenhock (1624-1689) aperÍ'eiçoouo micros- copio. Thomas Sydenham(1624-1699) salientouo sistema de Hipó- çrates, contra o ensino livresco, d_escreveu diversasdoenças, advogouas vantagens do ar puro e a simplificaçàoda terapêuti- ca, assimcomo o abandonodos remediosmuito repugnantcs. O seculo XVIII viu o inicio da reforma do tratamento das doençat mentais. Jenner descobriua vacina antivarióliça. Estabeleciam-se, assim,as basessobre as quais a medicina ia se apoiar para realizaros grandesprogressos que se sucedem desdeo seculo XIX. BIBLIOCRAI-IA l) Dr. Í:ugèneSaint Jacques- Histoire de la Medecine - Editions Beauche- nrin. Montreal. 19J5. 2) PP.Jerônimode Castro- S. Vicentede Paulo- tditora Vozes. 3) Lucy Ridgely Seymer- A General Hisrory of Nursing - Faber and Faber, 1932. 4) Dock and Stewart - Short History of Nursing Putnam's Sons, New york. I935. 5) Mary Sewall Cardner - L'lnÍìrmiere Visiteuse- Les Presses Universitutres de France, 1926. ó) L.lizabeth J. Sewall- Trends in NursrngHistory - W. S. Saunders,| 941. ó5
  • 32. UNIDADEV lü .t,FLORENCE NIGHTINGALE E A RENOVAÇÃO DA ENFERMAGEM Para compreendermosa atuaçãode Florence Nightingale sobre a enfermagem,precisamosconhecer-lhea vida, a educa- çâo que recebeue sua personalidade invulgar. Filha de pais ingleses, ricos, nasceuem Florença- dondç seu nome (1820). Sua cultura estavamuito acima do comum entre as moças do seu tempo. Ç-onhecia grego e latim, falava diversaslínguase estudou bem matemática. Isso lhe f-oide grande-utilidade na imensa reforma que devia realizar em seu proprio pais e se estenderiarapidamente a outras nações' Sua tendênciapara tratar enfermosmanifestou-se desdea infância: criançase animaisdoentes recebiam seussolicitose habilidososcuidados. Aos 24 anos,quis praticar em hospital.A mãe nào lho per- mitiu. De fato, as condições dos hospitais inglesesnessaepoca justificavamos temoresmaternos. O pessoal a serviçodosdoentesera dividido em doisgrupos: o primeiro, diminuto, compunha-sede religiosascatolicas c anglicanas, que começavamapenasa se organizar;o segundo, HISTORIADA ENFERMACEM numeroso,era formado de pessoas semeducaçãoe qgrn_rn-qlal .{ maioria se embriasava. - -Não fosseFloience dotada de tào decidida vocaçãoe mar- cada person_qli!ade, desistiriadiante dos imensosobstáculosque se lhe opúnÉãnilÉntretanto,perseverou.Somenteaos 3t anos conseguiua autorizaçâode fazerestágiosna instituiçàodc Kai_ serswerth,reçonhecidapela moralidadee peloselevadosideais de seusfundadores, se bem que nadativesseinovado'noterreno tecnico ou çientifico.Era desejodo pastor Fliedner,seu Í'unda- dor, ïazer reviver a instituição das diaconisaspara serviço dos pobresdoentes.Passados os tempos agitadosda implantaçãodo protestantismona Alemanha, evidenciava-se o contrasteentre os paisescatólicoscom suasflorescentese organizadasobrasde beneficiência, e a falta, nos paísesprotestantes, de instituições de pessoas dispostas à inteira abnegaçào de si mesmasa serviço do proximo. O apelo de Fliednerfoi, pois,ao encontro de muitasâlmas de boa vontade, e a experiênciade Kaiserswerthchegou ao conhecimentode Florence. Três mesespassouela na escola. durante o ano de 1851. Nessaepoca contava a instituiçâo cleKaiserswerthum hos_ pital de 100leitos, alem de outras obras de assistência. Lá trabalhavam 49 diaconisas- Essaestadafoi o primeiro período verdadeiramenteÍ'elizna vida de Florence Nightingale.Apreciava extraordinariamente a vida ativa e útil com que tanto sonharae que, entãocomeçavaa ser uma realidade. Refere-seàs instruçõesmorais do pastor Fliednerem termos elogiosos. Em carta à sua mãe, diz: ..lsto e vida. Agora sei o que e viver e amaÍ a vida". Sobre o ensinoda enferm-affi l-p txe m, ïãõãõTr oí que coiie spondesse a seus dese- jos, o que e fácil compreender.Seusdotes eram excepcionais, sua visâo muito larga, encarandoo problema com horizontes mais amplos e o preparo de enfermeirasem basesmais cienti_ ficas. €^ Outro ponto em que Florencefoi verdadeiramente pioneira e renovadorafoi a aberturadasescolas de EnÍ'ermagcm àsmclçus educadase cultas,como uma profissâohonrosae capazde tor_ 67 ç) :
  • 33. WALESKA PAIXÃO ná-lasfelizes.Como vimos, as únicasinstituiçõesonde se dava preparo moral à Enfermeira e, às vezes,rglgllgjlg.p.aro_cie,ntiÍi- co e tecnico, eram as congregações religiosase os institutos, c'omode'l(aiserswerth,.onde, apesarda ausência de votos,impu- nham-selimitaçõesfamiliarese econômicasquc restringiamo campo de treinamentoa um pequenogrupo. Sem negaro valor das instituiçôesque a precedem e que ela cuidadosamente observavaem suasvisitase em seusestágios, compreenderaa necessidade de estendera muitasjovens os beneÍicios dessaíbr- mação,que ela já planejavamais perÍ'eito,pôr à disposiçàodos doentes, suficientesenfermeiras para dispensar-lhecuidados satisfatorios. Depois de Kaiserswerth,procurou I'azertambem um estágitl na França,com as lrmãsde Caridade,lá l'icandoapcnasalgumas semanas. Pretendiademorar-semais, porem, a doença obrigou-a a retirar-se.Dessaestada,em que foi mais tempo doentc do que enfermeira,trouxe a melhor recordação,elogiandosempre os cuidadosque lá recebeudas lrmâs. Em suasnumerosas viagens, observoua enÍ'ermagem em seu propri'opaÍs, na França, na Alemanha, na Áustria e na ltália, publicando estudos comparativosdas mesmas.Desde então, acompanhou-asempreo desejode I'undaruma escolade enl'cr- magem em novas bases.Enquaniõ èsperavãa oportunidade, dedicou-se a ulna casade senhoras convalescentes. Como volun- tária, serviu tambenrdurante uma epidemiade çolera. .- Em 1854rebentou a guerra da Crimeia. As noticias dos camposde batalhaeram aflitivas.Enquantoos Íêridosrussose Í'ranceses eram tratadospor Irmãs de Caridacie,Í'altavaaosingle- sesqualquerorganização de enfermagem. Nos imensoshospitais de sangue,40/" dos feridosmorriam em conseqúência do aban- d.onoem que ficavam. - Diante dessas noticias,Florence Nightingaleque era amiga pessoaldo Ministro da Guerra, Sidney Herbert, oÍ'ereceuseus sejvjgos.Seu oferecimento cruzou se coftì extensacarta deste, expondo-lhea situaçãoe convidando-aa remediá-la. -l-lorence partiu para Scutari com 38 voluntárias,entre religiosas e leigas 68 .?,. :/., ,u ///t /t t'ì t, ..2' Florence Nightíngale
  • 34. WALESKA PAIXÃO vindasde diferenteshospitais. Encontraramum imensohospital superlotadocom 4.000feridos. PrevendodeÍ'iciências dascousas maisnçcessárias, levarareÍbrçode roupas,remediose provisões. Apesar do exçessivo trabalho das enfermeiras,não descui- dou nadado que reputavaindispensável a uma boa enlermagem. - Organizoua lavanderiae a cozinha,proporcionou livros e distra- çòesaosconvaiescentes, e teve a satisfação de ver a m<lrtalidade baixar a 2",".E esseo mais eloqúentecomentâriode seu traba- lho. Para vermosquanto havia a realizar,bastadizer quÈ antes de sua chegadalavavam-sesomenteseissamisas,em um mês! - Não contente com o desempenhode sua tareÍ'a,levava u solicitudea ponto de percorreras enl'ermarias, à noite,com sua lântpada,que era um raio de esperançapara os l'eridos. Quem conheçe um pouco a complexidadede um serviço hospitalar,pode fazer ideia do que Í'oi o trabalho daquelas39 enÍèrrneiras,uma para çada 100Í'eridos,depositadosaos 400 e aos 500de uma vez,cm colchõesno chào do hospital,por í'alta de leitos,com as roupascheiasde sanguee lama colando-se aos lerimentos,precisando,na maioria,de cuidadosurgentes. . . lmagine-seainda a falta de roupa, a desorganização da cozi- nha e da lavanderia,a má vontadee a incompreensão de serven- tes, a incapacidadee insuficientededicação de algumas das enfermeirasrecrutadas,ainda será pálida a ideia que se pode Íãzer do heroÍsmorequeridopara enfrentar tal situaçâo. Essa Íoi, verdadeiramente,a prova de Íbgo de l-lorence . Nightingale . Ai revçlou, mais do que nunca,os tesourosde sua bondade,sua capacidadede t.rabalho e organizaçào e o resulta- do de sua-prc_rtinaz-observação e sábiacritica do que se l'azia,ate então, nos serviçoshospitalares. Dispensouseus cuidados a dois hospitaisem Scutari: O HospitalGeral e o "Barrack Hospital", istoe, um antigoquartel transformadoem hospital.Parao primeiro, mandou Miss Nigh- tingale l0 enÍèrmeiras. No segundo,instalouseuquartelgeneral. Organizouambos,e orientavatodas as suasenl'ermsiras. Sua correspondência, que procurava manter em dia, para obter o interesse de seusamigospelosÍeridos,oÍ'ercceminúcias pitorescas de sinceridadee realismo:"Tivemos muita sortc com HISTORIADA ENFERMAGEM os mediços. Dois são verdadeirosbrutos e quatro verdadeiros anjos - porque este e um trabalho que transl'ormaos que o Íazem em anjosou demônios.Temos atualmentequatro milhas de camasuma junto à outra, separadas apenaso bastanlepara uma pessoapassarentre elas. Há leridos ate junto à porta do nossoquarto, e estaÍnos desembarcando maisquinhentose qua- renta. As mulheres inglesasque estào sob minhas ordcns sào maisdiÍ'içeis de governardo que 4.000homens.Não dcvcm dei- xar vir ajudar-nosquern não tenha o hábito de Í'adigae priva- ções... -.- Cada l0 rninutosnos chamam para estancar,como lor pos- sivel, uma hemorragia,enquanto procuram um cirurgiào. Ent nossocorredor,creio que não seençontraum I'eridoao qual nào l.alteum membro.É enormea mortalidadeentreos operados. As operaçõessãofeitasna própria enfçrmaria.Arranjei um-biombo paraasamputações, poisquandoum pobresoldadoque devescr operado vè seu companheiro morrer no ato operatorio, l'ica impressionado e issodirninui suasprobabilidades de êxito". E,stendemo-nos propositadamentenesta citação. Ela diz melhor do que nossas palavras,o que Íbi o trabalhogigantesco dessafrágil mulher, que serásempreuma das maispurasglorias de nossaproÍ'issão. Pouco a pouco foram mandadasnovasenlèrmeiras;no l'im da guerraeram 120,todassob a direçãode l-lorenceNightinga- le. Algumas das primeiras voluntúrias Í'oranl despediduspor incapacidadede adaptaçãoe, principalmente,por indisciplina. Quanto às religiosascatolicasque l'izeramparte do primciro grupo, assimcomo outras que vieram mais tarde, eis o que diz Florence: "São as mais verdadeirascristãsque jamais vi: de grandevalor em seutrabaiho,dediçadasde toda suainteligÈncia e todo seu coração ao serviçode Deus e da humanidade". Apesar de seu precário estadode saúde,conservou-se[-lo- rence no seu posÍ.oate o fim da guerra. O governoinglêse o povo premiaram-nacom 40 mil libras, poissabiamseudesejode Í'undaruma escolade enÍ'ermeiras. l-oi estaestabelecida no Hospital São Tomás, a 9 de julho de 1860. 7l
  • 35. IJ 72 WALL,SKA PAIXÃO Sua saúde,sempre periclitante,não lhe permitiu diiigi-la diretamente.Ficou sempreem contato,porem, com a diretora, Mrs. Wardroper, que buscavasua orientaçãonas menorescoi- sas.Era estauma viúva,que superintendera durantenoveanoso HospitalSão Tomás,onde revelougrandeinteresse pelosdoen- tes e invulgarcapacidadede organização. As ambiçõesde l-lo- rence ao fundar essaescolaeram nada menos que rel'ormara enfermagemem sua pátria e no mundo inteiro, por meio de novase numerosasescolas. O ingresso dejovenseducadas e de elevadaposiçãosocial,e o cuidado na seleçãodas candidatas,tornaram em breve uma belissimareaiidade, o que muito tempo não passarade um sonho. Seusdois livros: "Notas sobre Hospitais" (1858)e "Notas sobre E,nfermagem"(1859)são os mais conhecidosentre suas obras.Escreveu,porénr ainda,sobre assuntos de saúdee saúde pública,principalrnentesobre a India e as condiçòessanitárias do Exerçito. Quando morreu,aos90 anos,já suarel'ormaatingirao Novo Mundo, e acompanhara galhardamente, com os últimosprogres- sosda ciência,as novasexigências da Medicina. DIFUSÃO DO SISTEMA NICHTINGALE NA INGLATERRA - Os primeiros anos da Escola São Tomás foram de grandeslutas.Pouquissimos eram os que com: preendiam a necessidade de enfermeirascultas e de elevados dotesmorais.Mais rarosainda os que entendiama necessidade de estudose especialpreparaçãopara essasl'unções.Um dos grandesfatoresda vitória de I-lorenceNightingaleÍbi a rigorosu seleçãodas çandidatas. Por isso,apesardos inevitáveiserros de todo empreendi- mento novo, tais como o fracassode algumasde suaspioneiras na fundaçãode novasescolas,a relbrma Nightingalevenceu. HISTÔRIADA ENFERMAGEM Alguns dos pontos essencialmente novos na moderna con- cepçãode educaçãode enfermeiras,estabelecidos desdeo ini- cio. foram: le) Direção da escolapor uma enÍèrmeira,e nào por medi- co, como se Íìzera ate então nos pequenose raros cursosdados nos hospitais. ' 21') Mais ensinometodico,emvezde apenasocasional, atra- ves da prática. - 3e) Seleção das çandidatassob o ponto de vista I'isico, moral, intelectuale de aptidão profissional. Vinte anosapósa aberturada primeiraescola,Í'uncionavam muitas outras. E isto graçasà energiae aos dotesexcepcionais das pioneiras. Os medicosreprovavammuita coisaadotadapela escola,e o público duvidavaseriamentede que uma "lady" pudessetor- nar-seenÍ'ermeira. Foram ainda algurnasdiplomadaspela EscolaSào Tomás que levaram o novo sistemaao Canadá, à Austrália, à Nova Zelàndia,aos E,stados Unidos. Depoisde ser a pioneirada enÍ'e rmagemmoderna,a Ingla- terra o Íbi ainda na organizaçâoda classe. À Sra. BedÍbrd Fenwik devemosa Í'undaçào da Associaçào Inglesade Enfermeiras(1887),do Conselho Internacionalde Enferrneiras,. e do Britain Journal of Nursing. Colaboroutambem na primeiraorganização de enl'ermciras na America. À organizaçãodas enfermeirasem associaçãode classe, opuseram-setenaz e violentamentemedicose administradores hospitalares,que não conçebiam essa liberdade proÍ'issional, estranhaparaa epocae maisaindapara uma proÍ'issão nascente. ENT.ERMAGEM DE SAÚDE PÚBLICA - O inleTesse dassenhorasinglesas foi a grandeÍorça propulsorados serviços de enfermeirasvisitadoras.No jubileu da Rainha Vitoria, em 1887,fizeram uma grande coleta de Í'undosdestinadosa essc serviço,que se diÍ'undiurapidamente. Em 1892iniciava-se a enÍèrmaqemescolar. l,