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106 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
EVOLUÇÃO DO
ANALFABETISMO
FUNCIONAL NO BRASIL:
2001-2010
ANA LUCIA LIMA
CARLOS ALBERTO HUAIRA-CONTRERAS
RESUMO
Neste artigo apresenta-se uma descrição da metodologia usada na
construção do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) a partir de
escalas de proficiência, assim como resultados importantes no que se re-
fere à existência de relações significativas entre algumas características
dos indivíduos e seus desempenhos. Em primeiro lugar, descrevem-se
os principais conceitos desenvolvidos para a criação do indicador, bem
como o aperfeiçoamento ao longo da década. Em segundo lugar, apre-
senta-se uma avaliação a respeito do instrumento medida utilizado
para a ­obtenção das proficiências e posterior construção do Inaf, assim
como as amostras trabalhadas durante os distintos anos. Finalmente,
são apresentados os resultados de ­algumas análises realizadas que
evidenciam como alguns atributos do indivíduo estão associados
diretamente ao desempenho, e adicionalmente a análise de correspon-
dência, usada para ­identificar atributos associados a certos grupos
definidos a partir de intervalos de proficiências.
PALAVRAS-CHAVE INDICADOR DE ALFABETISMO FUNCIONAL
• INSTRUMENTOS DE MENSURAÇÃO • AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM.
TEMA EM DESTAQUE
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 107
ABSTRACT
This article describes the methodology used in the construction of the
Functional Literacy Indicator (Inaf) based on proficiency scales. It also
shows relevant results concerning some of the subjects’ characteristics
that influence their literacy abilities. First, the paper describes the
main concepts developed for the creation of the indicator, as well as
­improvements made along the decade. The second part presents an
evaluation of the measuring instruments used to obtain the profi-
ciency scores and the subsequent construction of the Inaf as well as
an analysis of the sample characteristics across the seven different
years. Finally, the authors present results of some analyses performed
to indicate and quantify the effects of some of the subjects’ attributes
which are directly associated with their performance results, as well as
a correspondence analysis, used to identify attributes associated with
certain defined performance groups.
KEYWORDS FUNCTIONAL LITERACY INDICATOR • MEASURING
INSTRUMENTS • LEARNING ASSESSMENT.
RESUMEN
Este artículo presenta una descripción de la metodología usada en la
construcción del Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) a partir de
escalas de rendimiento, así como resultados importantes con relación
a algunas características de los individuos que tienen influencia en su
desempeño. En primer lugar, se describen los principales conceptos de-
sarrollados para la creación del indicador, así como mejoras surgidas
a lo largo de la década. La segunda parte presenta una evaluación de
los instrumentos de medición usados para obtener los desempeños y la
posterior construcción del Inaf, y de las muestras trabajadas durante
los distintos años. Finalmente, se presentan los resultados de algunos
análisis realizados para indicar y cuantificar los efectos de algunos atri-
butos del individuo que están asociados directamente a su resultado de
desempeño, y además un análisis de correspondencia, usado para iden-
tificar atributos asociados a ciertos grupos de rendimientos definidos.
PALABRAS CLAVE INDICADOR DE ALFABETISMO FUNCIONAL
• INSTRUMENTOS DE MEDICIÓN • EVALUACIÓN DEL
APRENDIZAJE.
108 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
INTRODUÇÃO
O Instituto Paulo Montenegro, desde sua criação, no ano 2000,
decidiu investir na geração de um indicador que pudesse
contribuir de maneira relevante para o debate público sobre
questões relacionadas à Educação no país. Assim, junto com
sua parceira, a ONG Ação Educativa, identificou-se o Analfa-
betismo Funcional como tema para a geração do Indicador
de Alfabetismo Funcional (Inaf). Com efeito, o Brasil – com
grande atraso, diga-se de passagem, mesmo frente à grande
maioria dos países latino-americanos, até mesmo aqueles com
indicadores econômicos muito inferiores – havia praticamente
universalizado o acesso à escolarização e isso levava a um sen-
timento de que “nossos problemas estariam resolvidos”.
Na verdade, como o Inaf vem mostrando desde sua primeira
edição, em 2001, estamos longe disso: em parte, por causa de
uma enorme parcela de pessoas mais velhas que não tiveram
acesso à escolarização necessária na idade esperada, e, em parte,
pelo limitado domínio das habilidades de leitura, escrita e mate-
mática de boa parte daqueles que, mesmo frequentando a escola,
são identificados como “analfabetos funcionais escolarizados”.
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 109
Muito oportuna, portanto, a decisão do Instituto Paulo Mon-
tenegro e da Ação Educativa, de investir na criação de uma
metodologia que permite a avaliação dos níveis de alfabetismo e
na ampla divulgação desses dados aos mais diferentes públicos.
Sabemos quanto foi relevante a contribuição do Indicador de
Alfabetismo Funcional para consolidar, ao longo desses quase
10 anos da publicação dos primeiros números, o conceito de
“analfabetismo funcional” no país e, por isso, estamos cientes
de nossa responsabilidade na produção do Inaf – e estamos
em busca constante de novas contribuições que tragam ain-
da maior solidez aos dados publicados. Portanto, ampliar as
oportunidades para novas contribuições, tanto metodológicas
quanto de resultados do Inaf ao longo desta década, é a finali-
dade deste documento.
O INAF AO LONGO DA DÉCADA
Realizado desde 2001, o Inaf Brasil é baseado em entrevistas
pessoais com aplicação de testes cognitivos e de um extenso
questionário que visa à qualificação do respondente e ao le-
vantamento de suas práticas de letramento e numeramento.
A amostra selecionada, de aproximadamente 2.000 pessoas, é
representativa da população de brasileiros de idade entre 15
e 64 anos, residentes em zonas urbanas e rurais em todas as
regiões do país.
Os resultados da aplicação do Inaf foram publicados
­anualmente entre 2001 e 2005, focalizando alternadamen-
te habilidades de letramento – leitura e escrita (2001, 2003 e
2005) – e habilidades de numeramento – matemática (2002
e 2004). Foram utilizados os mesmos questionários para cada
habilidade nos diferentes anos.
No ano de 2006, foi introduzida a Teoria da Resposta ao
Item (TRI), aplicada retroativamente aos dados da série histórica
de 2001 a 2005, a partir dos quais foi gerada a escala de pro-
ficiência do Inaf, que varia de 0 a 200 (RIBEIRO, SOARES, 2008).
Também no ano 2006 foi realizado um Inaf junto à popu-
lação carcerária do Estado de São Paulo aplicando ao mesmo
indivíduo as duas provas completas utilizadas anteriormente:
de “Leitura/Escrita” e de “Matemática”, até então nunca aplicadas
110 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
simultaneamente aos mesmos sujeitos. Com esse estudo foi
possível obter correlações entre as dimensões e “estimar” o
nível de proficiência dos respondentes aos testes do Inaf Brasil
entre 2001 e 2005 para a habilidade na qual não haviam sido
testados. Itens de Leitura/Escrita e de Matemática utilizados
nos testes originais foram ainda aplicados simultaneamente
aos mesmos sujeitos no caso de um estudo especial feito no
município de Campinas, em 2007.
A partir da edição do Inaf Brasil de 2007, incluem-se mu-
danças que diferenciam as novas edições das anteriores: além
de se usar a metodologia TRI, passou-se a medir simultanea-
mente as habilidades de letramento e numeramento, e a
pesquisa, mais a análise da evolução dos índices, passaram a
ser bienais. Na edição de 2009, houve mais uma mudança:
foram aplicadas duas provas.
As bases conceituais do Inaf evoluíram desde sua primeira
edição; entre os principais aspectos estão: (i) o uso das ­expressões
Letramento e Numeramento, terminologias ainda não univer-
salmente aceitas pelos especialistas da área, asseguram clareza
com o grande público, contribuindo para a divulgação e assimi-
lação do conceito de alfabetismo funcional; (ii) o conceito de
Alfabetismo, que engloba as duas dimensões antes citadas, se
tornou possível após terem as análises da TRI demonstrado a
forte associação entre os dois domínios (letramento e nume-
ramento), pelo menos nas faixas baixa e média da escala de
proficiências; e (iii) a construção da Matriz de Habilidades que
configuram o Alfabetismo ou Matriz de Alfabetismo (RIBEIRO,
FONSECA, 2008).
Para um indivíduo, em função de acertos e erros das ques-
tões do teste, é determinado um grau de proficiência (escore)
na escala de Alfabetismo. As escalas variam de 0 a 200, sendo
que o ponto médio, ao redor de 100, caracteriza a passagem
do “analfabetismo funcional” para o “alfabetismo funcional”.
A partir dessas proficiências criaram-se quatro níveis de al-
fabetismo: “Analfabeto”, “Alfabetismo Rudimentar”, “Alfabe-
tismo Básico” e “Alfabetismo Pleno”. Os cortes para a criação
desses níveis foram definidos usando critérios qualitativos a
partir das análises das habilidades envolvidas nos itens dos di-
ferentes níveis de escala, usando o parâmetro do modelo TRI
que mede essa habilidade (o parâmetro b). Esses níveis foram
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 111
criados tanto para as habilidades de Letramento e Numera-
mento quanto para a escala de Alfabetismo que combina as
duas habilidades.
No ano 2009, além do Inaf Brasil foi realizado o denominado
Inaf Jovens nas nove regiões metropolitanas do Brasil, com uma
amostra de 1008 indivíduos entre 15 e 24 anos, cujos resultados,
comparados com os da edição 2009 do Inaf nas mesmas regiões,
foram muito semelhantes.
SOBRE O INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO UTILIZADO
As proficiências são obtidas a partir da aplicação de provas com
questões organizadas de forma que a dificuldade seja crescente.
A prova é construída com questões abertas, de modo que nenhum
item possa ser acertado de forma casual e as questões admitem
somente respostas corretas ou incorretas quando respondidas.
Pelo procedimento de campo definido, o entrevistador
acompanha o indivíduo respondente ao longo de toda a prova.
Para a aplicação da metodologia TRI, o modelo geral
proposto para ser usado nos dados do Inaf é o denominado
Logístico de três parâmetros (ML3). O desenvolvimento mate-
mático desse modelo, assim como formas de avaliar o quanto
de informação útil para medir a habilidade está contido num
item ou prova (Função de Informação do Item e função de In-
formação do Teste), são apresentadas em diversas referências
bibliográficas (veja ANDRADE, 2000). Assumindo que os valores
das proficiências estão no intervalo entre 0 e 200 e que a dis-
tribuição das proficiências (habilidades) é normal com valor
médio 100 e desvio padrão 33,3, e considerando as caraterísticas
próprias do estudo Inaf, o modelo ML3 inicial se reduz a:
P(Uij
= 1|θj
, ai
, bi
, ci
) = 1
1 + e–1,7ai(θj – bi)
A função de Informação do Item e a função de Informação
do Teste são respectivamente:
I(θ)i
= 1,72
a2
i
[1 – Pi
(θ)]Pi
(θ)eI(θ) = Σp
i=1Ii (θ)
112 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
PROVAS
O Inaf propõe a determinação de cortes na distribuição
das proficiências possibilitando a formação de quatro grupos
de Alfabetismo Funcional: Analfabeto, Rudimentar, Básico e
Pleno. Um dos principais objetivos das pesquisas Inaf ao longo
dos anos é acompanhar a evolução da proporção de cada um
desses grupos na população estudada. Assim, é importante
entender o comportamento das provas nos valores de profi-
ciência que geram os grupos. Os valores de corte são 50, 95 e
125, respetivamente.
Uma questão importante é garantir que as provas constru-
ídas nos diversos momentos sejam o mais semelhante possível
quanto a seu grau de dificuldade, garantindo que o efeito da
estrutura da prova seja controlado. Um indicador – denominado
indicador sobre a Função de Informação de prova – é construído a
partir da função de Informação do Teste, ­considerando que as
diversas provas aplicadas apresentam quantidades diferentes
de questões. Tal indicador é proposto como: (I(θ) x 100)/p, onde
p é o número de questões.
Avaliações dos indicadores sobre os valores de proficiência
que geram os grupos mostram semelhança entre as provas,
como mostrado na tabela 1. Lembremos que as provas até
2005 são compostas de itens de um só domínio – letramento
ou numeramento –, uma só habilidade; as provas aplicadas
em 2007 e 2009 contêm questões que medem habilidades dos
dois domínios.
TABELA 1 – Indicadores sobre Função de Informação da
Prova em valores de proficiências 50, 95 e 125. Provas 2001-2009
PROFICIÊNCIAS
50
Provas
2001/2003/2005
Provas 2002/2004
Prova 2007
Prova 2009 Ímpar
Prova 2009 Par
0,02
0,03
0,02
0,03
0,02
0,07
0,04
0,06
0,08
0,07
0,05
0,03
0,06
0,05
0,06
95 125
Fonte: Inaf/Instituto Paulo Montenegro.
Uma avaliação mais detalhada que considera todas as
questões de uma prova é realizada a partir dos denominados
indicadores sobre a Função de Informação de itens, construídos
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 113
GRÁFICO 1 – Indicadores sobre Função de Informação de itens
em valores de proficiências 50, 95 e 125. Provas 2007- 2009
sobre as Funções de Informação dos itens de forma I(θ)i x 100,
onde i corresponde à i-ésima questão da prova. A avaliação é
feita a partir de gráficos que comparam duas provas; os in-
dicadores são ordenados de forma crescente e incluídos nos
gráficos apresentados.
A avaliação consiste em verificar se o conjunto de pontos
composto pelos valores dos indicadores correspondentes a uma
prova apresenta um comportamento similar ao conjunto de
pontos que correspondem à outra prova. O gráfico 1 apresenta
avaliações das duas provas aplicadas em 2009 comparadas à
prova de 2007. As avaliações são feitas nos pontos de proficiên-
cia considerados para os cortes dos grupos de Analfabetismo
Funcional. Todas elas apresentam grandes semelhanças.
Provas Combinadas
FunçãodeInformação
0.18
0.16
0.14
0.12
0.10
0.08
0.06
0.04
0.02
0.00
Ordem
Prova 2007 Prova 2009 Par
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Provas Combinadas
FunçãodeInformação
0.40
0.35
0.30
0.25
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
Ordem
Prova 2007 Prova 2009 Par
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Corte 1: Proficiência 50
114 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
Provas Combinadas
FunçãodeInformação
0.45
0.40
0.35
0.30
0.25
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
Ordem
Prova 2007 Prova 2009 Par
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Provas Combinadas
FunçãodeInformação
0.20
0.25
0.30
0.15
0.10
0.05
0.00
Ordem
Prova 2007 Prova 2009 Par
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Provas Combinadas
FunçãodeInformação
0.40
0.35
0.30
0.25
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
Ordem
Prova 2007 Prova 2009 Par
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Corte 2: Proficiência 95
Corte 3: Proficiência 125
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 115
AS AMOSTRAS UTILIZADAS
NAS EDIÇÕES DOS ESTUDOS INAF
A metodologia de amostragem, utilizada em todos os estudos
Inaf, considera um desenho de conglomerados em três estágios.
No primeiro estágio os municípios são selecionados probabilistica-
mente através do método Probabilidade Proporcional ao Tamanho
(PPT), com base na população de 15 a 64 anos de cada município.
No segundo estágio são selecionados os conglomerados (setores
censitários), com PPT sistemático; a medida de tamanho é a po-
pulação de 15 a 64 anos residente nos setores. Finalmente, no
terceiro estágio é selecionado em cada conglomerado, um núme-
ro fixo de respondentes segundo cotas definidas considerando as
seguintes variáveis: sexo, idade, grau de instrução e ocupação.
As informações utilizadas nos diversos estágios do desenho
provêm do IBGE e correspondem aos dados do último censo
e/ou da última Pnad divulgada na data da realização da amostra.
A metodologia de amostragem para os estudos Inaf contou com
a “expertise” do Ibope, sendo a proposta metodológica similar às
utilizadas em pesquisas eleitorais e de opinião pública. O dese-
nho amostral apresentado garante o espalhamento geográfico na
própria seleção; dessa forma podemos afirmar que a representa-
tividade de todas as regiões e municípios do país está garantida.
Os perfis das cotas definidas para as quatro amostras gera-
das para os estudos Inaf 2001/2002/2003, Inaf 2004/2005, Inaf
2007 e Inaf 2009 são:
Provas Combinadas
FunçãodeInformação
0.25
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
Ordem
Prova 2007 Prova 2009 Par
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Fonte: Inaf/Instituto Paulo Montenegro.
116 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
TABELA2–Distribuiçãodeamostrasporcategoriasdasvariáveisdecontroledeamostra.Inaf2001-2009
GRAUDE
INSTRUÇÃO
IDADE
Diferenças
Diferenças
(i)
2001-2003
(i)
2001-2003
(ii)
2004-2005
(ii)
2004-2005
(iii)
2007
(iii)
2007
(iv)
2009
(iv)
2009
(ii)–(i)
(ii)–(i)
(iii)–(ii)
(iii)–(ii)
(iv)–(iii)
(iv)–(iii)
(iv)–(i)
(iv)–(i)
Atéprimário
Ginásio
Colegial
Superior
Total
P-valorparatestequi-quadrado:0,00
45,10%
27,35%
19,80%
7,75%
100,00%
30,50%’
35,20%
34,30%
100,00%
29,72%
34,87%
35,41%
100,00%
28,52%
34,57%
36,91%
100,00%
26,72%
34,72%
38,56%
100,00%
-0,78%
-0,33%
1,11%
0,00%
-1,20%
-0,30%
1,50%
0,00%
-1,80%
0,15%
1,65%
0,00%
-3,78%
-0,48%
4,26%
0,00%
37,96%
26,52%
25,92%
9,59%
100,00%
33,67%
25,47%
29,92%
10,94%
100,00%
30,67%
24,43%
32,57%
12,34%
100,00%
-7,14%
-0,83%
6,12%
1,84%
0,00%
-4,30%
-1,05%
4,00%
1,35%
0,00%
-3,00%
-1,05%
2,65%
1,40%
0,00%
-14,43%
-2,92%
12,77%
4,59%
0,00%
15-24anos
25-39anos
40-64anos
Total
P-valorparatestequi-quadrado:0,08
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 117
OCUPAÇÃO
SEXO
Diferenças
Diferenças
(i)
2001-2003
(i)
2001-2003
(ii)
2004-2005
(ii)
2004-2005
(iii)
2007
(iii)
2007
(iv)
2009
(iv)
2009
(ii)–(i)
(ii)–(i)
(iii)–(ii)
(iii)–(ii)
(iv)–(iii)
(iv)–(iii)
(iv)–(i)
(iv)–(i)
P-valorparatestequi-quadrado:0,181
P-valorparatestequi-quadrado:0,999
64,55%
35,45%
100,00%
48,65%
51,35%
100,00%
65,38%
34,62%
100,00%
48,45%
51,55%
100,00%
56,98%
33,02%
100,00%
48,45%
51,55%
100,00%
67,43%
32,57%
100,00%
48,45%
51,55%
100,00%
0,83%
-0,83%
0,00%
-0,20%
0,20%
0,00%
1,60%
-1,60%
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
0,45%
-0,45%
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
2,88%
-2,88%
0,00%
-0,20%
0,20%
0,00%
Pop.Ocupada
Pop.NãoOcupada
Total
Masculino
Feminino
Total
Fonte:Inaf/InstitutoPauloMontenegro.
118 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
Como mostrado na tabela 2, todas as categorias das va-
riáveis usadas para a criação de cotas apresentam tendências
estáveis ao longo do tempo. Nota-se crescimento constante nas
maiores idades, nos graus de instrução mais altos e no grupo
de ocupados. Adicionalmente, os testes qui-quadrado aplicados
para testar se as distribuições das variáveis consideradas nas
cotas mudam entre as diversas amostras indicam que somente
a variável Grau de Instrução mostra uma diferença significativa
na sua distribuição entre as distintas amostras, considerando
um nível de significância de 5%.
Uma atenção especial na determinação de cotas está re-
ferida à variável Grau de Instrução que intuitivamente está
muito associada às proficiências, isto é, ao indicador cons-
truído. Ainda mais porque o teste qui-quadrado mostrou
que a distribuição mudou significativamente nas diversas
amostras aplicadas.
Assim temos que a amostra Inaf 2001/2002/2003 deverá
ser similar a valores do final da década de 1990, a amostra Inaf
2004/2005 é similar à Pnad 2002, a amostra Inaf 2007 é simi-
lar à Pnad 2005 e a amostra Inaf 2009 é similar à Pnad 2007.
A defasagem nos anos é explicada pela publicação oficial tardia
dos dados da Pnad.
TABELA 3 – Distribuição da variável Grau de Instrução na população de
15 a 64 anos em domicílios particulares permanentes. Brasil 2001-2009
GRAU DE
INSTRUÇÃO
PNAD
2001
PNAD
2002
PNAD
2003
PNAD
2004
PNAD
2005
PNAD
2006
PNAD
2007
DIF
2007-2001
Até primário
Ginásio
Colegial
Superior
Total
39,88%
26,68%
24,43%
9%
100%
37,92%
26,55%
25,94%
9,58%
100%
35,92%
26,48%
27,41%
10,18%
100%
34,95%
25,78%
28,79%
10,48%
100%
33,67%
25,49%
29,91%
10,92%
100%
31,94%
25,05%
31,16%
11,84%
100%
31,94%
25,05%
31,16%
11,84%
100%
-9,2%
-2,3%
8,1%
3,3%
0%
Fonte: IBGE/Pnad.
Note na tabela 3 que as cotas definidas estão completa-
mente associadas a valores oficiais publicados nas Pnads e,
mais, avs tendências das amostras propostas ao longo da dé-
cada seguem as tendências oficiais, garantindo, assim, que as
mudanças significativas estão sendo controladas na amostra a
partir dos resultados dos estudos oficiais.
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 119
A ESCOLARIDADE E O ALFABETISMO FUNCIONAL
Como atestado por estudos internacionais (OCED 2000, 2005),
o Grau de Instrução está diretamente relacionado à profici-
ência de alfabetismo do indivíduo, assim apresentamos um
estudo mais detalhado sobre a relação das proficiências na
escala Inaf e a Escolaridade levantada na pesquisa.
Uma análise de variância que avalia o efeito da Escolaridade
e o Ano de aplicação das pesquisas Inaf sobre as proficiências
obtidas mostram que existem diferenças significativas entre
as diversas escolaridades e nos diferentes anos de realização
dos estudos Inaf. Adicionalmente o efeito combinado entre a
Escolaridade e o Ano da Pesquisa também se mostra significativo.
A tabela 4 mostra esses resultados.
TABELA4–AnálisedeVariânciaparamedirefeitodaEscolaridadeeAnodePesquisaInaf
sobrevaloresdeproficiência.Inaf2001-2009
VARIÁVELDEPENDENTE:PROFICIÊNCIACOMBINADA
Fonte:Inaf/InstitutoPauloMontenegro.
Efeitos
Modelo
Residual
Total
RQuadrado=0,96(RQuadradoAjustado=0,96)
57451,96
6589402,80
15037,27
154079005,55
6377003,95
160456009,50
1083,999276
732155,867
2506,212013
2233029,066
457,4936473
53
9
6
69
13939
14008
2,37
1600,36
5,48
4831,01
0,00
0,00
0,00
0,00
Combinado
Principais
Escolaridade
Escolaridade
Ano
*Ano
Somade
Quadrados
FonteQuadrado
Médio
glFSignificância
120 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
Realizando comparações múltiplas para as proficiências
(usando Tuckey HSD), temos que o ano de 2009 se diferencia
significativamente do resto dos anos da pesquisa. Por outro
lado, somente duas categorias do Grau de Instrução – Superior
Incompleto e Superior Completo - não são significativamente
diferentes, as outras categorias são significativamente diferentes
entre elas. Veja esses resultados na tabela 5.
GRÁFICO 2 – Relação Escolaridade e Ano de Pesquisa sobre valores
de proficiência. Inaf 2001-2009
Ao observar o gráfico 2, concluímos que o efeito combi-
nado está presente devido a pequenas mudanças nos valores
médios de proficiência nas diversas categorias de Grau de Ins-
trução, no entanto a tendência geral ao longo dos diferentes
anos não muda.
MédiasdeProficiências
Escolaridade
Superior
completo
Superior
incompleto
Colégio
completo
Colégio
incompleto
Ginásio
incompleto
Primário
incompleto
Primário
completo
Analfabeto Sabe Ler/
Escrever mas
não cursou
escola
Ginásio
completo
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
Ano 2004Ano 2001 Ano 2003
Ano 2009Ano 2007Ano 2005
Ano 2002
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 121
TABELA 5 – Comparações múltiplas para Escolaridade e
Ano de Pesquisa Inaf sobre valores de proficiência. Inaf 2001-2009
PROFICIÊNCIA COMBINADA
TURKEY HSD
Ano
Escolaridade
2002
2001
2003
2004
2007
2005
2009
Significância
Analf.
Sabe ler/
escr. mas não
cursou escola
Prim. Inc.
Prim. Comp.
Ginás. Inc.
Ginás. Comp.
Colég. Inc.
Colég. Comp.
Sup. Inc.
Sup. Comp.
Significância
561
109
2088
2695
2153
1613
1222
2270
628
669
40,71
1,00
54,04
1,00
71,03
1,00
92,73
1,00
102,85
1,00
111,96
1,00
119,24
1,00
123,43
1,00
135,20
136,60
0,98
2000
2000
2000
2002
2002
2002
2002
99,29
100,71
0,36
100,71
101,31
102,50
0,11
101,31
102,50
102,76
102,80
0,29
106,36
1,00
casos
casos
1
1
2
2
3
3
4
4 5 6 7 8 9
Fonte: Inaf/Instituto Paulo Montenegro.
Em seguida, os grupos de alfabetismo funcional propos-
tos foram relacionados à escolaridade dos indivíduos pesqui-
sados a partir de uma análise de correspondência simples.
Essa análise de interdependência busca identificar atributos
específicos associados aos grupos de alfabetismo definidos e
criar a caraterização dos grupos a partir de diversos atributos.
Como era esperado, a relação entre os níveis de escolarida-
de considerados e os grupos de alfabetismo funcional é muito
forte, os níveis de alfabetismo funcional são relacionados
positivamente aos níveis de escolaridade, assim os mais baixos
se relacionam entre si e os mais altos, também. Explicitando
mais: o grupo denominado “Analfabeto” está mais associado a
pessoas consideradas analfabetas ou que não frequentaram a
escola e sabem ler e escrever; o grupo “Rudimentar”, aos que
cursaram primário; o grupo “Básico”, aos que cursaram ginásio;
122 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
GRÁFICO 3 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo
Funcional e Escolaridade. Inaf 2001-2009
e o grupo “Pleno”, aos que cursaram colegial e superior. Isso
pode ser observado no gráfico 3.
OUTRAS CARATERÍSTICAS RELACIONADAS
AO ALFABETISMO FUNCIONAL
As pesquisas Inaf levantam informações a respeito de hábitos,
atividades do dia a dia e escolaridade de entorno familiar.
Apresentamos a seguir resultados que mostram a influência
de diversas variáveis levantadas em todos os estudos Inaf sobre
o alfabetismo funcional, divididas em três grupos:
GRUPO I: ASPECTOS DE APRENDIZADO
(1) Percepção da própria capacidade de leitura, (2) Percepção
da própria capacidade de escrita, (3) Instrução do chefe de
família, (4) Instrução do pai, (5) Instrução da mãe, e (6) Nível
socioeconômico.
GRUPO II: HÁBITOS DE LEITURA
(1) Leitura de jornal, (2) Leitura de revista, (3) Tipos de livros
lidos, (4) Itens de leitura que possui, e (5) Número de livros
na casa.
Dimensão2
Dimensão 1
ANALFABETO
Analfabeto
RUDIMENTAR
BÁSICO
PLENO
Primário incompleto
Primário completo
Sabe ler/escrever mas
não cursou escola
Superior completo
Superior incompleto
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
Colegial completo
Ginásio completo
Ginásio incompleto
Colegial incompleto
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 123
GRUPO III: DIVERSAS ATIVIDADES
(1) Atividades cotidianas, (2) Uso de computador, (3) Atividades
de lazer, e (4) Participação em associações.
A partir de uma análise de variância múltipla se avaliam
os efeitos das diversas variáveis consideradas sobre os valores
de proficiência obtidos, observa-se que todas as variáveis têm
efeito significativo sobre a proficiência. Considerando que as
categorias de todas as variáveis apresentadas são nominais, po-
demos concluir que alguma dessas categorias tem influência
sobre a proficiência. A tabela 6 mostra esses resultados.
149779,80
78676,08
59769,48
34241,13
43245,94
24937,17
10569,49
12056,04
78625,55
16330,34
28922,80
42152,63
90808,32
33866,52
7677,53
130840697,36
5104452,40
13945149,76
37444,95
19669,02
14942,37
3804,57
4805,10
4156,19
2113,90
2411,21
9828,19
1484,58
5784,56
10538,16
22702,08
8466,63
853,06
1422181,49
428,44
4
4
4
9
9
6
5
5
8
11
5
4
4
4
9
92
11914
12006
87,40
45,91
34,88
8,88
11,22
9,70
4,93
5,63
22,94
3,47
13,50
24,60
52,99
19,76
1,99
3319,43
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,04
0,00
TABELA6–AnálisedeVariânciaparamedirefeitodediversasvariáveislevantadasnapesquisa
Inafsobrevaloresdeproficiência.Inaf2001-2009
VARIÁVELDEPENDENTE:PROFICIÊNCIACOMBINADA
Fonte:Inaf/InstitutoPauloMontenegro.
Efeitos
Modelo
Residual
Total
RQuadrado=0,96(RQuadradoAjustado=0,96)
Grupo1
GrupoII
GrupoIII
Capacidadedeleitura
Capacidadedeescrita
Instruçãodochefe
Escolaridadedopai
Escolaridadedamãe
NívelSócioeconômico
Leituradejornal
Leituraderevista
Tiposdelivroslidos
Itensdeleitura
quepossui
Númerodelivros
nacasa
Atividadescotidianas
Usodecomputador
Atividadesdelazer
Participaçãoem
associações
Somade
Quadrados
FonteQuadrado
Médio
glFSignificância
124 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
Finalmente, os grupos de alfabetismo funcional propos-
tos são relacionados às variáveis da pesquisa Inaf consideradas
para a avaliação a partir de uma análise de correspondência
múltipla. Para melhor visualização dos resultados, são divididos
nos três grupos de variáveis considerados.
O objetivo nessa avaliação é descrever quais das categorias
das variáveis consideradas se associam fortemente com os gru-
pos de proficiência propostos: Analfabeto, Rudimentar, Básico
e Pleno. Considerando que as variáveis estudadas influenciam
nas proficiências, algumas das categorias deverão ter um gran-
de efeito para o aumento ou diminuição das proficiências.
Dessa forma é de esperar que elas influenciem grandemente
em algum dos grupos de alfabetismo funcional propostos.
Do gráfico 4 podemos concluir que as capacidades da pró-
pria pessoa determinam que esta saia do nível mais baixo
(Analfabeto) para níveis intermediários. Já o entorno familiar
as leva para os níveis mais altos de Alfabetismo Funcional.
Especificamente a escolaridade do indivíduo, já avaliada ante-
riormente, é associada – como é de se supor – com a capacidade
de leitura e escrita. Esse é o detalhe que levará o indivíduo
para níveis intermediários de alfabetismo, daí o entorno fami-
liar influenciará – junto à própria escolaridade – para elevar
mais esse nível.
Do gráfico 5 podemos concluir que o hábito de leitura de
qualquer tipo influencia para que o nível de alfabetismo seja
maior. A posse de itens de leitura não influencia no aumento
do nível de leitura, e sim a própria leitura. Um detalhe a esse
respeito é que os livros religiosos (bíblia e outros) parecem ser
mais importantes que os próprios livros didáticos no hábito de
leitura. Quanto aos tipos de leitura, o nível básico de alfa-
betismo está associado à leitura de livros, especialmente os
religiosos, didáticos, de poesia, romance, aventura, policial
e ficção. Já o nível Pleno está associado à leitura de revistas e
jornais, e a livros mais técnicos.
Finalmente, do gráfico 6 podemos concluir que a parti-
cipação em algum tipo de atividade está associada a níveis
maiores de Alfabetismo Funcional. Atividades cotidianas que
implicam leitura são importantes. A participação em diversas
associações, de bairro, igrejas e grupos religiosos, são impor-
tantes para dois níveis (Rudimentar e Básico); já os outros tipos
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 125
GRÁFICO 4 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo
Funcional e variáveis do Grupo Aspectos de aprendizado.
Inaf 2001-2009
Dimensão2
Dimensão 1
Capacidade de leitura
Nivel Sócio Económico
Participação em associações
INAF
ANALFABETO
RUDIMENTARBÁSICO
PLENO
Escreve: Incapaz
Lê: Incapaz
Mãe: Superior completo
Mãe: Superior incompleto
Mãe: Médio/2o comp/Até 3o colegial
Mãe: Médio/2o incomp/Até 3o colegial
Mãe: Fund/
1o comp/Até 8a
Pai: Fund/1o comp/Até 8a
Pai: Fund/1o incomp/Até 7a série
Mãe: Fund/1o incomp/Até 7a série
Pai: Médio/2o comp/
Até 3o colegial
Pai: Médio/2o incomp/
Até 3o colegial
Chefe: Superior
A1
A2
B2
B1Pai: Superior
incompleto
Pai: Superior
completo
0.5
1.5
-0.5
-1.5
-2.5
-3.5
-4.5
Instrução do pai
Instrução da mãe
Instrução do chefeCapacidade de escrita
Chefe: Ginasial
Chefe: Colegial
Chefe: Primário
Chefe: Analfabeto Lê: grande dificuldade
Lê: Nenhuma dificuldade Escreve: Nenhuma dificuldade Escreve: grande dificuldade
Mãe: Nenhuma
Mãe: Não teve
Mãe: menos de 4a série Pai: menos de 4a série
Pai: Não teve
Pai: Nenhuma
Escreve: alguma dificuldade
Lê: alguma dificuldade
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
E
D
C
de participação estão associados ao nível Pleno. Por outro lado,
o acesso ao computador pode se tornar uma forma muito efi-
ciente de melhorar o nível de alfabetismo visto que isso está
associado fortemente ao nível Pleno.
Consolidando as informações apresentadas, temos: (i) Os
níveis intermediários (Rudimentar e Básico) estão associados à
participação em associações de bairro e religiosas, assim como
hábitos de leitura de livros básicos e religiosos, (ii) O nível mais
alto (Pleno) está associado ao uso de computador e escolaridade
mais alta do entorno familiar.
126 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
GRÁFICO 6 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo
Funcional e variáveis do Grupo diversas atividades. Inaf 2001-2009
GRÁFICO 5 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo
Funcional e variáveis do Grupo Hábitos de leitura. Inaf 2001-2009
Dimensão2
Dimensão 1
Atividades cotidianas Participação em associações
INAF
ANALFABETO
RUDIMENTARBÁSICO
PLENO Outra associação
Sindicato
Sociedade de amigos de bairro
Nenhuma associação
Comprar a prazo
Comparar preços
Ler bula
Ler manuais
Cooperativa
Computador: todos os dias
1
0.5
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-2.5
-3
Computador: quase
todos os dias
Computador: Não utilizaCinema
Exposições e feiras
Igreja ou grupo religioso
Partido político
Teatro
Atividades de lazer
Uso de computador
Clube ou
grupo desportivo
Computador:
Eventualmente
Shows e espetáculos
Grupo musical, dança, teatro
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Dimensão2
Dimensão 1
Leitura de jornal Tipo de livros lidos
Itens de leitura que possui
ANALFABETO
BÁSICO
PLENO
RUDIMENTAR
Livros técnicos,
de teoria, ensaios
Mais de 100 livros
0.5
1
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-2.5
-3
-3.5
Número de livros de casa
Leitura de revista
INAF
-2 -1 0 1 2 3 4
Jornal: Todos
os dias
Autoajuda,
orientação
pessoal Revista: Todos os dias
De 11 a 50 livros
Livros didáticos
Menos de 10 livros
Possui: Livros de receitas
Possui: Livros de Literatura
Possui: Agendas
Possui: Livros técnicos
Possui: Calendários
Revista: Não lê
Jornal: Não lê
Não costuma ler livros
Possui: Bíblia, livros sagrados
ou religiosos
Possui: Livros Infantis
Possui: Dicionário
Possui: Dicionário
Possui: Enciclopédia
Não tem livros
Bíblia, livros sagrados
ou religiosos
Revista: Uma vez por semana
Possui: Guias, listas
e catálogos
Jornal: Algumas vezes por semana
Jornal: Uma vez por semana
Biografia, relatos históricos
Poesia
Revista: Eventualmente
Jornal: Eventualmente
Romance, aventura,
polícia, ficção
Revista: Algumas
vezes por semana
De 50 a 100 livros
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conjunto de informações contidas no estudo Inaf torna-se
uma fonte importante para relacionar diversos fatores que
podem influenciar nas proficiências e consequentemente no
nível de Alfabetismo Funcional. O presente trabalho considera
somente informações que foram coletadas em todos os estu-
dos Inaf da década passada, no entanto é possível avaliar outras
variáveis específicas aplicadas em algum desses estudos.
É possível considerar um acompanhamento futuro de va-
riáveis que se considerem importantes para o desenvolvimento
do alfabetismo funcional, assim como coletar e avaliar infor-
mações em áreas específicas, tais como: acesso a programas
sociais de governo, acesso aos serviços de saúde, atuação de
organizações não governamentais etc., e avaliar sua influência
sobre o alfabetismo funcional.
A década passada trouxe também um aprendizado que
está sendo usado para a planificação dos próximos estudos
Inaf. Consideramos que isso se tornará no curto prazo uma
fonte de informação confiável para diversos atores interessados
na melhora do alfabetismo no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, D. F. de; TAVARES, H. R.; VALLE, R. da Cunha. Teoria da resposta ao
item: conceitos e aplicações. São Paulo: ABE, 2000.
HAIR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2005.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT.
Statistics Canada. Learning a living: first results of the adult literacy and
life skills survey. Paris: OECD, 2005.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT.
Literacy in the information age: final report of the International Adult Literacy
Survey. Paris: OECD, 2000.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT.
Assessing cientific, reading and mathematical literacy: a framework for PISA 2006.
Paris: OECD, 2006.
RIBEIRO, Vera Masagão; FONSECA, Maria da Conceição F. R. Matriz de
referência para medição do alfabetismo nos domínios do letramento e do
numeramento. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 21, n. 45,
p. 147-168, jan./abr. 2010.
128 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012
ANA LUCIA LIMA
Diretora Executiva do Instituto Paulo Montenegro/Ibope
ana.lima@ibope.com.br
CARLOS ALBERTO HUAIRA CONTRERAS
Estatístico. Consultor do Instituto Paulo Montenegro/Ibope
huairac@hotmail.com
Recebido em: DEZEMBRO 2011
Aprovado para publicação em: MAIO 2012
RIBEIRO, Vera Masagão; SOARES, Tufi Machado. Construção de escala combinada
em leitura e matemática para medição do alfabetismo entre jovens e adultos em contextos
não escolares. 2008. (Trabalho apresentado na IV Reunião Anual da Abave –
Associação Brasileira de Avaliação Educacional). Rio de Janeiro, junho 2008.

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Evolução do analfabetismo funcional no Brasil 2001-2010

  • 1. 106 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 EVOLUÇÃO DO ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL: 2001-2010 ANA LUCIA LIMA CARLOS ALBERTO HUAIRA-CONTRERAS RESUMO Neste artigo apresenta-se uma descrição da metodologia usada na construção do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) a partir de escalas de proficiência, assim como resultados importantes no que se re- fere à existência de relações significativas entre algumas características dos indivíduos e seus desempenhos. Em primeiro lugar, descrevem-se os principais conceitos desenvolvidos para a criação do indicador, bem como o aperfeiçoamento ao longo da década. Em segundo lugar, apre- senta-se uma avaliação a respeito do instrumento medida utilizado para a ­obtenção das proficiências e posterior construção do Inaf, assim como as amostras trabalhadas durante os distintos anos. Finalmente, são apresentados os resultados de ­algumas análises realizadas que evidenciam como alguns atributos do indivíduo estão associados diretamente ao desempenho, e adicionalmente a análise de correspon- dência, usada para ­identificar atributos associados a certos grupos definidos a partir de intervalos de proficiências. PALAVRAS-CHAVE INDICADOR DE ALFABETISMO FUNCIONAL • INSTRUMENTOS DE MENSURAÇÃO • AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM. TEMA EM DESTAQUE
  • 2. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 107 ABSTRACT This article describes the methodology used in the construction of the Functional Literacy Indicator (Inaf) based on proficiency scales. It also shows relevant results concerning some of the subjects’ characteristics that influence their literacy abilities. First, the paper describes the main concepts developed for the creation of the indicator, as well as ­improvements made along the decade. The second part presents an evaluation of the measuring instruments used to obtain the profi- ciency scores and the subsequent construction of the Inaf as well as an analysis of the sample characteristics across the seven different years. Finally, the authors present results of some analyses performed to indicate and quantify the effects of some of the subjects’ attributes which are directly associated with their performance results, as well as a correspondence analysis, used to identify attributes associated with certain defined performance groups. KEYWORDS FUNCTIONAL LITERACY INDICATOR • MEASURING INSTRUMENTS • LEARNING ASSESSMENT. RESUMEN Este artículo presenta una descripción de la metodología usada en la construcción del Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) a partir de escalas de rendimiento, así como resultados importantes con relación a algunas características de los individuos que tienen influencia en su desempeño. En primer lugar, se describen los principales conceptos de- sarrollados para la creación del indicador, así como mejoras surgidas a lo largo de la década. La segunda parte presenta una evaluación de los instrumentos de medición usados para obtener los desempeños y la posterior construcción del Inaf, y de las muestras trabajadas durante los distintos años. Finalmente, se presentan los resultados de algunos análisis realizados para indicar y cuantificar los efectos de algunos atri- butos del individuo que están asociados directamente a su resultado de desempeño, y además un análisis de correspondencia, usado para iden- tificar atributos asociados a ciertos grupos de rendimientos definidos. PALABRAS CLAVE INDICADOR DE ALFABETISMO FUNCIONAL • INSTRUMENTOS DE MEDICIÓN • EVALUACIÓN DEL APRENDIZAJE.
  • 3. 108 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 INTRODUÇÃO O Instituto Paulo Montenegro, desde sua criação, no ano 2000, decidiu investir na geração de um indicador que pudesse contribuir de maneira relevante para o debate público sobre questões relacionadas à Educação no país. Assim, junto com sua parceira, a ONG Ação Educativa, identificou-se o Analfa- betismo Funcional como tema para a geração do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Com efeito, o Brasil – com grande atraso, diga-se de passagem, mesmo frente à grande maioria dos países latino-americanos, até mesmo aqueles com indicadores econômicos muito inferiores – havia praticamente universalizado o acesso à escolarização e isso levava a um sen- timento de que “nossos problemas estariam resolvidos”. Na verdade, como o Inaf vem mostrando desde sua primeira edição, em 2001, estamos longe disso: em parte, por causa de uma enorme parcela de pessoas mais velhas que não tiveram acesso à escolarização necessária na idade esperada, e, em parte, pelo limitado domínio das habilidades de leitura, escrita e mate- mática de boa parte daqueles que, mesmo frequentando a escola, são identificados como “analfabetos funcionais escolarizados”.
  • 4. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 109 Muito oportuna, portanto, a decisão do Instituto Paulo Mon- tenegro e da Ação Educativa, de investir na criação de uma metodologia que permite a avaliação dos níveis de alfabetismo e na ampla divulgação desses dados aos mais diferentes públicos. Sabemos quanto foi relevante a contribuição do Indicador de Alfabetismo Funcional para consolidar, ao longo desses quase 10 anos da publicação dos primeiros números, o conceito de “analfabetismo funcional” no país e, por isso, estamos cientes de nossa responsabilidade na produção do Inaf – e estamos em busca constante de novas contribuições que tragam ain- da maior solidez aos dados publicados. Portanto, ampliar as oportunidades para novas contribuições, tanto metodológicas quanto de resultados do Inaf ao longo desta década, é a finali- dade deste documento. O INAF AO LONGO DA DÉCADA Realizado desde 2001, o Inaf Brasil é baseado em entrevistas pessoais com aplicação de testes cognitivos e de um extenso questionário que visa à qualificação do respondente e ao le- vantamento de suas práticas de letramento e numeramento. A amostra selecionada, de aproximadamente 2.000 pessoas, é representativa da população de brasileiros de idade entre 15 e 64 anos, residentes em zonas urbanas e rurais em todas as regiões do país. Os resultados da aplicação do Inaf foram publicados ­anualmente entre 2001 e 2005, focalizando alternadamen- te habilidades de letramento – leitura e escrita (2001, 2003 e 2005) – e habilidades de numeramento – matemática (2002 e 2004). Foram utilizados os mesmos questionários para cada habilidade nos diferentes anos. No ano de 2006, foi introduzida a Teoria da Resposta ao Item (TRI), aplicada retroativamente aos dados da série histórica de 2001 a 2005, a partir dos quais foi gerada a escala de pro- ficiência do Inaf, que varia de 0 a 200 (RIBEIRO, SOARES, 2008). Também no ano 2006 foi realizado um Inaf junto à popu- lação carcerária do Estado de São Paulo aplicando ao mesmo indivíduo as duas provas completas utilizadas anteriormente: de “Leitura/Escrita” e de “Matemática”, até então nunca aplicadas
  • 5. 110 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 simultaneamente aos mesmos sujeitos. Com esse estudo foi possível obter correlações entre as dimensões e “estimar” o nível de proficiência dos respondentes aos testes do Inaf Brasil entre 2001 e 2005 para a habilidade na qual não haviam sido testados. Itens de Leitura/Escrita e de Matemática utilizados nos testes originais foram ainda aplicados simultaneamente aos mesmos sujeitos no caso de um estudo especial feito no município de Campinas, em 2007. A partir da edição do Inaf Brasil de 2007, incluem-se mu- danças que diferenciam as novas edições das anteriores: além de se usar a metodologia TRI, passou-se a medir simultanea- mente as habilidades de letramento e numeramento, e a pesquisa, mais a análise da evolução dos índices, passaram a ser bienais. Na edição de 2009, houve mais uma mudança: foram aplicadas duas provas. As bases conceituais do Inaf evoluíram desde sua primeira edição; entre os principais aspectos estão: (i) o uso das ­expressões Letramento e Numeramento, terminologias ainda não univer- salmente aceitas pelos especialistas da área, asseguram clareza com o grande público, contribuindo para a divulgação e assimi- lação do conceito de alfabetismo funcional; (ii) o conceito de Alfabetismo, que engloba as duas dimensões antes citadas, se tornou possível após terem as análises da TRI demonstrado a forte associação entre os dois domínios (letramento e nume- ramento), pelo menos nas faixas baixa e média da escala de proficiências; e (iii) a construção da Matriz de Habilidades que configuram o Alfabetismo ou Matriz de Alfabetismo (RIBEIRO, FONSECA, 2008). Para um indivíduo, em função de acertos e erros das ques- tões do teste, é determinado um grau de proficiência (escore) na escala de Alfabetismo. As escalas variam de 0 a 200, sendo que o ponto médio, ao redor de 100, caracteriza a passagem do “analfabetismo funcional” para o “alfabetismo funcional”. A partir dessas proficiências criaram-se quatro níveis de al- fabetismo: “Analfabeto”, “Alfabetismo Rudimentar”, “Alfabe- tismo Básico” e “Alfabetismo Pleno”. Os cortes para a criação desses níveis foram definidos usando critérios qualitativos a partir das análises das habilidades envolvidas nos itens dos di- ferentes níveis de escala, usando o parâmetro do modelo TRI que mede essa habilidade (o parâmetro b). Esses níveis foram
  • 6. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 111 criados tanto para as habilidades de Letramento e Numera- mento quanto para a escala de Alfabetismo que combina as duas habilidades. No ano 2009, além do Inaf Brasil foi realizado o denominado Inaf Jovens nas nove regiões metropolitanas do Brasil, com uma amostra de 1008 indivíduos entre 15 e 24 anos, cujos resultados, comparados com os da edição 2009 do Inaf nas mesmas regiões, foram muito semelhantes. SOBRE O INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO UTILIZADO As proficiências são obtidas a partir da aplicação de provas com questões organizadas de forma que a dificuldade seja crescente. A prova é construída com questões abertas, de modo que nenhum item possa ser acertado de forma casual e as questões admitem somente respostas corretas ou incorretas quando respondidas. Pelo procedimento de campo definido, o entrevistador acompanha o indivíduo respondente ao longo de toda a prova. Para a aplicação da metodologia TRI, o modelo geral proposto para ser usado nos dados do Inaf é o denominado Logístico de três parâmetros (ML3). O desenvolvimento mate- mático desse modelo, assim como formas de avaliar o quanto de informação útil para medir a habilidade está contido num item ou prova (Função de Informação do Item e função de In- formação do Teste), são apresentadas em diversas referências bibliográficas (veja ANDRADE, 2000). Assumindo que os valores das proficiências estão no intervalo entre 0 e 200 e que a dis- tribuição das proficiências (habilidades) é normal com valor médio 100 e desvio padrão 33,3, e considerando as caraterísticas próprias do estudo Inaf, o modelo ML3 inicial se reduz a: P(Uij = 1|θj , ai , bi , ci ) = 1 1 + e–1,7ai(θj – bi) A função de Informação do Item e a função de Informação do Teste são respectivamente: I(θ)i = 1,72 a2 i [1 – Pi (θ)]Pi (θ)eI(θ) = Σp i=1Ii (θ)
  • 7. 112 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 PROVAS O Inaf propõe a determinação de cortes na distribuição das proficiências possibilitando a formação de quatro grupos de Alfabetismo Funcional: Analfabeto, Rudimentar, Básico e Pleno. Um dos principais objetivos das pesquisas Inaf ao longo dos anos é acompanhar a evolução da proporção de cada um desses grupos na população estudada. Assim, é importante entender o comportamento das provas nos valores de profi- ciência que geram os grupos. Os valores de corte são 50, 95 e 125, respetivamente. Uma questão importante é garantir que as provas constru- ídas nos diversos momentos sejam o mais semelhante possível quanto a seu grau de dificuldade, garantindo que o efeito da estrutura da prova seja controlado. Um indicador – denominado indicador sobre a Função de Informação de prova – é construído a partir da função de Informação do Teste, ­considerando que as diversas provas aplicadas apresentam quantidades diferentes de questões. Tal indicador é proposto como: (I(θ) x 100)/p, onde p é o número de questões. Avaliações dos indicadores sobre os valores de proficiência que geram os grupos mostram semelhança entre as provas, como mostrado na tabela 1. Lembremos que as provas até 2005 são compostas de itens de um só domínio – letramento ou numeramento –, uma só habilidade; as provas aplicadas em 2007 e 2009 contêm questões que medem habilidades dos dois domínios. TABELA 1 – Indicadores sobre Função de Informação da Prova em valores de proficiências 50, 95 e 125. Provas 2001-2009 PROFICIÊNCIAS 50 Provas 2001/2003/2005 Provas 2002/2004 Prova 2007 Prova 2009 Ímpar Prova 2009 Par 0,02 0,03 0,02 0,03 0,02 0,07 0,04 0,06 0,08 0,07 0,05 0,03 0,06 0,05 0,06 95 125 Fonte: Inaf/Instituto Paulo Montenegro. Uma avaliação mais detalhada que considera todas as questões de uma prova é realizada a partir dos denominados indicadores sobre a Função de Informação de itens, construídos
  • 8. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 113 GRÁFICO 1 – Indicadores sobre Função de Informação de itens em valores de proficiências 50, 95 e 125. Provas 2007- 2009 sobre as Funções de Informação dos itens de forma I(θ)i x 100, onde i corresponde à i-ésima questão da prova. A avaliação é feita a partir de gráficos que comparam duas provas; os in- dicadores são ordenados de forma crescente e incluídos nos gráficos apresentados. A avaliação consiste em verificar se o conjunto de pontos composto pelos valores dos indicadores correspondentes a uma prova apresenta um comportamento similar ao conjunto de pontos que correspondem à outra prova. O gráfico 1 apresenta avaliações das duas provas aplicadas em 2009 comparadas à prova de 2007. As avaliações são feitas nos pontos de proficiên- cia considerados para os cortes dos grupos de Analfabetismo Funcional. Todas elas apresentam grandes semelhanças. Provas Combinadas FunçãodeInformação 0.18 0.16 0.14 0.12 0.10 0.08 0.06 0.04 0.02 0.00 Ordem Prova 2007 Prova 2009 Par 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Provas Combinadas FunçãodeInformação 0.40 0.35 0.30 0.25 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 Ordem Prova 2007 Prova 2009 Par 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Corte 1: Proficiência 50
  • 9. 114 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 Provas Combinadas FunçãodeInformação 0.45 0.40 0.35 0.30 0.25 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 Ordem Prova 2007 Prova 2009 Par 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Provas Combinadas FunçãodeInformação 0.20 0.25 0.30 0.15 0.10 0.05 0.00 Ordem Prova 2007 Prova 2009 Par 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Provas Combinadas FunçãodeInformação 0.40 0.35 0.30 0.25 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 Ordem Prova 2007 Prova 2009 Par 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Corte 2: Proficiência 95 Corte 3: Proficiência 125
  • 10. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 115 AS AMOSTRAS UTILIZADAS NAS EDIÇÕES DOS ESTUDOS INAF A metodologia de amostragem, utilizada em todos os estudos Inaf, considera um desenho de conglomerados em três estágios. No primeiro estágio os municípios são selecionados probabilistica- mente através do método Probabilidade Proporcional ao Tamanho (PPT), com base na população de 15 a 64 anos de cada município. No segundo estágio são selecionados os conglomerados (setores censitários), com PPT sistemático; a medida de tamanho é a po- pulação de 15 a 64 anos residente nos setores. Finalmente, no terceiro estágio é selecionado em cada conglomerado, um núme- ro fixo de respondentes segundo cotas definidas considerando as seguintes variáveis: sexo, idade, grau de instrução e ocupação. As informações utilizadas nos diversos estágios do desenho provêm do IBGE e correspondem aos dados do último censo e/ou da última Pnad divulgada na data da realização da amostra. A metodologia de amostragem para os estudos Inaf contou com a “expertise” do Ibope, sendo a proposta metodológica similar às utilizadas em pesquisas eleitorais e de opinião pública. O dese- nho amostral apresentado garante o espalhamento geográfico na própria seleção; dessa forma podemos afirmar que a representa- tividade de todas as regiões e municípios do país está garantida. Os perfis das cotas definidas para as quatro amostras gera- das para os estudos Inaf 2001/2002/2003, Inaf 2004/2005, Inaf 2007 e Inaf 2009 são: Provas Combinadas FunçãodeInformação 0.25 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 Ordem Prova 2007 Prova 2009 Par 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Fonte: Inaf/Instituto Paulo Montenegro.
  • 11. 116 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 TABELA2–Distribuiçãodeamostrasporcategoriasdasvariáveisdecontroledeamostra.Inaf2001-2009 GRAUDE INSTRUÇÃO IDADE Diferenças Diferenças (i) 2001-2003 (i) 2001-2003 (ii) 2004-2005 (ii) 2004-2005 (iii) 2007 (iii) 2007 (iv) 2009 (iv) 2009 (ii)–(i) (ii)–(i) (iii)–(ii) (iii)–(ii) (iv)–(iii) (iv)–(iii) (iv)–(i) (iv)–(i) Atéprimário Ginásio Colegial Superior Total P-valorparatestequi-quadrado:0,00 45,10% 27,35% 19,80% 7,75% 100,00% 30,50%’ 35,20% 34,30% 100,00% 29,72% 34,87% 35,41% 100,00% 28,52% 34,57% 36,91% 100,00% 26,72% 34,72% 38,56% 100,00% -0,78% -0,33% 1,11% 0,00% -1,20% -0,30% 1,50% 0,00% -1,80% 0,15% 1,65% 0,00% -3,78% -0,48% 4,26% 0,00% 37,96% 26,52% 25,92% 9,59% 100,00% 33,67% 25,47% 29,92% 10,94% 100,00% 30,67% 24,43% 32,57% 12,34% 100,00% -7,14% -0,83% 6,12% 1,84% 0,00% -4,30% -1,05% 4,00% 1,35% 0,00% -3,00% -1,05% 2,65% 1,40% 0,00% -14,43% -2,92% 12,77% 4,59% 0,00% 15-24anos 25-39anos 40-64anos Total P-valorparatestequi-quadrado:0,08
  • 12. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 117 OCUPAÇÃO SEXO Diferenças Diferenças (i) 2001-2003 (i) 2001-2003 (ii) 2004-2005 (ii) 2004-2005 (iii) 2007 (iii) 2007 (iv) 2009 (iv) 2009 (ii)–(i) (ii)–(i) (iii)–(ii) (iii)–(ii) (iv)–(iii) (iv)–(iii) (iv)–(i) (iv)–(i) P-valorparatestequi-quadrado:0,181 P-valorparatestequi-quadrado:0,999 64,55% 35,45% 100,00% 48,65% 51,35% 100,00% 65,38% 34,62% 100,00% 48,45% 51,55% 100,00% 56,98% 33,02% 100,00% 48,45% 51,55% 100,00% 67,43% 32,57% 100,00% 48,45% 51,55% 100,00% 0,83% -0,83% 0,00% -0,20% 0,20% 0,00% 1,60% -1,60% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,45% -0,45% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,88% -2,88% 0,00% -0,20% 0,20% 0,00% Pop.Ocupada Pop.NãoOcupada Total Masculino Feminino Total Fonte:Inaf/InstitutoPauloMontenegro.
  • 13. 118 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 Como mostrado na tabela 2, todas as categorias das va- riáveis usadas para a criação de cotas apresentam tendências estáveis ao longo do tempo. Nota-se crescimento constante nas maiores idades, nos graus de instrução mais altos e no grupo de ocupados. Adicionalmente, os testes qui-quadrado aplicados para testar se as distribuições das variáveis consideradas nas cotas mudam entre as diversas amostras indicam que somente a variável Grau de Instrução mostra uma diferença significativa na sua distribuição entre as distintas amostras, considerando um nível de significância de 5%. Uma atenção especial na determinação de cotas está re- ferida à variável Grau de Instrução que intuitivamente está muito associada às proficiências, isto é, ao indicador cons- truído. Ainda mais porque o teste qui-quadrado mostrou que a distribuição mudou significativamente nas diversas amostras aplicadas. Assim temos que a amostra Inaf 2001/2002/2003 deverá ser similar a valores do final da década de 1990, a amostra Inaf 2004/2005 é similar à Pnad 2002, a amostra Inaf 2007 é simi- lar à Pnad 2005 e a amostra Inaf 2009 é similar à Pnad 2007. A defasagem nos anos é explicada pela publicação oficial tardia dos dados da Pnad. TABELA 3 – Distribuição da variável Grau de Instrução na população de 15 a 64 anos em domicílios particulares permanentes. Brasil 2001-2009 GRAU DE INSTRUÇÃO PNAD 2001 PNAD 2002 PNAD 2003 PNAD 2004 PNAD 2005 PNAD 2006 PNAD 2007 DIF 2007-2001 Até primário Ginásio Colegial Superior Total 39,88% 26,68% 24,43% 9% 100% 37,92% 26,55% 25,94% 9,58% 100% 35,92% 26,48% 27,41% 10,18% 100% 34,95% 25,78% 28,79% 10,48% 100% 33,67% 25,49% 29,91% 10,92% 100% 31,94% 25,05% 31,16% 11,84% 100% 31,94% 25,05% 31,16% 11,84% 100% -9,2% -2,3% 8,1% 3,3% 0% Fonte: IBGE/Pnad. Note na tabela 3 que as cotas definidas estão completa- mente associadas a valores oficiais publicados nas Pnads e, mais, avs tendências das amostras propostas ao longo da dé- cada seguem as tendências oficiais, garantindo, assim, que as mudanças significativas estão sendo controladas na amostra a partir dos resultados dos estudos oficiais.
  • 14. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 119 A ESCOLARIDADE E O ALFABETISMO FUNCIONAL Como atestado por estudos internacionais (OCED 2000, 2005), o Grau de Instrução está diretamente relacionado à profici- ência de alfabetismo do indivíduo, assim apresentamos um estudo mais detalhado sobre a relação das proficiências na escala Inaf e a Escolaridade levantada na pesquisa. Uma análise de variância que avalia o efeito da Escolaridade e o Ano de aplicação das pesquisas Inaf sobre as proficiências obtidas mostram que existem diferenças significativas entre as diversas escolaridades e nos diferentes anos de realização dos estudos Inaf. Adicionalmente o efeito combinado entre a Escolaridade e o Ano da Pesquisa também se mostra significativo. A tabela 4 mostra esses resultados. TABELA4–AnálisedeVariânciaparamedirefeitodaEscolaridadeeAnodePesquisaInaf sobrevaloresdeproficiência.Inaf2001-2009 VARIÁVELDEPENDENTE:PROFICIÊNCIACOMBINADA Fonte:Inaf/InstitutoPauloMontenegro. Efeitos Modelo Residual Total RQuadrado=0,96(RQuadradoAjustado=0,96) 57451,96 6589402,80 15037,27 154079005,55 6377003,95 160456009,50 1083,999276 732155,867 2506,212013 2233029,066 457,4936473 53 9 6 69 13939 14008 2,37 1600,36 5,48 4831,01 0,00 0,00 0,00 0,00 Combinado Principais Escolaridade Escolaridade Ano *Ano Somade Quadrados FonteQuadrado Médio glFSignificância
  • 15. 120 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 Realizando comparações múltiplas para as proficiências (usando Tuckey HSD), temos que o ano de 2009 se diferencia significativamente do resto dos anos da pesquisa. Por outro lado, somente duas categorias do Grau de Instrução – Superior Incompleto e Superior Completo - não são significativamente diferentes, as outras categorias são significativamente diferentes entre elas. Veja esses resultados na tabela 5. GRÁFICO 2 – Relação Escolaridade e Ano de Pesquisa sobre valores de proficiência. Inaf 2001-2009 Ao observar o gráfico 2, concluímos que o efeito combi- nado está presente devido a pequenas mudanças nos valores médios de proficiência nas diversas categorias de Grau de Ins- trução, no entanto a tendência geral ao longo dos diferentes anos não muda. MédiasdeProficiências Escolaridade Superior completo Superior incompleto Colégio completo Colégio incompleto Ginásio incompleto Primário incompleto Primário completo Analfabeto Sabe Ler/ Escrever mas não cursou escola Ginásio completo 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 Ano 2004Ano 2001 Ano 2003 Ano 2009Ano 2007Ano 2005 Ano 2002
  • 16. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 121 TABELA 5 – Comparações múltiplas para Escolaridade e Ano de Pesquisa Inaf sobre valores de proficiência. Inaf 2001-2009 PROFICIÊNCIA COMBINADA TURKEY HSD Ano Escolaridade 2002 2001 2003 2004 2007 2005 2009 Significância Analf. Sabe ler/ escr. mas não cursou escola Prim. Inc. Prim. Comp. Ginás. Inc. Ginás. Comp. Colég. Inc. Colég. Comp. Sup. Inc. Sup. Comp. Significância 561 109 2088 2695 2153 1613 1222 2270 628 669 40,71 1,00 54,04 1,00 71,03 1,00 92,73 1,00 102,85 1,00 111,96 1,00 119,24 1,00 123,43 1,00 135,20 136,60 0,98 2000 2000 2000 2002 2002 2002 2002 99,29 100,71 0,36 100,71 101,31 102,50 0,11 101,31 102,50 102,76 102,80 0,29 106,36 1,00 casos casos 1 1 2 2 3 3 4 4 5 6 7 8 9 Fonte: Inaf/Instituto Paulo Montenegro. Em seguida, os grupos de alfabetismo funcional propos- tos foram relacionados à escolaridade dos indivíduos pesqui- sados a partir de uma análise de correspondência simples. Essa análise de interdependência busca identificar atributos específicos associados aos grupos de alfabetismo definidos e criar a caraterização dos grupos a partir de diversos atributos. Como era esperado, a relação entre os níveis de escolarida- de considerados e os grupos de alfabetismo funcional é muito forte, os níveis de alfabetismo funcional são relacionados positivamente aos níveis de escolaridade, assim os mais baixos se relacionam entre si e os mais altos, também. Explicitando mais: o grupo denominado “Analfabeto” está mais associado a pessoas consideradas analfabetas ou que não frequentaram a escola e sabem ler e escrever; o grupo “Rudimentar”, aos que cursaram primário; o grupo “Básico”, aos que cursaram ginásio;
  • 17. 122 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 GRÁFICO 3 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo Funcional e Escolaridade. Inaf 2001-2009 e o grupo “Pleno”, aos que cursaram colegial e superior. Isso pode ser observado no gráfico 3. OUTRAS CARATERÍSTICAS RELACIONADAS AO ALFABETISMO FUNCIONAL As pesquisas Inaf levantam informações a respeito de hábitos, atividades do dia a dia e escolaridade de entorno familiar. Apresentamos a seguir resultados que mostram a influência de diversas variáveis levantadas em todos os estudos Inaf sobre o alfabetismo funcional, divididas em três grupos: GRUPO I: ASPECTOS DE APRENDIZADO (1) Percepção da própria capacidade de leitura, (2) Percepção da própria capacidade de escrita, (3) Instrução do chefe de família, (4) Instrução do pai, (5) Instrução da mãe, e (6) Nível socioeconômico. GRUPO II: HÁBITOS DE LEITURA (1) Leitura de jornal, (2) Leitura de revista, (3) Tipos de livros lidos, (4) Itens de leitura que possui, e (5) Número de livros na casa. Dimensão2 Dimensão 1 ANALFABETO Analfabeto RUDIMENTAR BÁSICO PLENO Primário incompleto Primário completo Sabe ler/escrever mas não cursou escola Superior completo Superior incompleto 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 Colegial completo Ginásio completo Ginásio incompleto Colegial incompleto -3 -2 -1 0 1 2 3 4
  • 18. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 123 GRUPO III: DIVERSAS ATIVIDADES (1) Atividades cotidianas, (2) Uso de computador, (3) Atividades de lazer, e (4) Participação em associações. A partir de uma análise de variância múltipla se avaliam os efeitos das diversas variáveis consideradas sobre os valores de proficiência obtidos, observa-se que todas as variáveis têm efeito significativo sobre a proficiência. Considerando que as categorias de todas as variáveis apresentadas são nominais, po- demos concluir que alguma dessas categorias tem influência sobre a proficiência. A tabela 6 mostra esses resultados. 149779,80 78676,08 59769,48 34241,13 43245,94 24937,17 10569,49 12056,04 78625,55 16330,34 28922,80 42152,63 90808,32 33866,52 7677,53 130840697,36 5104452,40 13945149,76 37444,95 19669,02 14942,37 3804,57 4805,10 4156,19 2113,90 2411,21 9828,19 1484,58 5784,56 10538,16 22702,08 8466,63 853,06 1422181,49 428,44 4 4 4 9 9 6 5 5 8 11 5 4 4 4 9 92 11914 12006 87,40 45,91 34,88 8,88 11,22 9,70 4,93 5,63 22,94 3,47 13,50 24,60 52,99 19,76 1,99 3319,43 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 TABELA6–AnálisedeVariânciaparamedirefeitodediversasvariáveislevantadasnapesquisa Inafsobrevaloresdeproficiência.Inaf2001-2009 VARIÁVELDEPENDENTE:PROFICIÊNCIACOMBINADA Fonte:Inaf/InstitutoPauloMontenegro. Efeitos Modelo Residual Total RQuadrado=0,96(RQuadradoAjustado=0,96) Grupo1 GrupoII GrupoIII Capacidadedeleitura Capacidadedeescrita Instruçãodochefe Escolaridadedopai Escolaridadedamãe NívelSócioeconômico Leituradejornal Leituraderevista Tiposdelivroslidos Itensdeleitura quepossui Númerodelivros nacasa Atividadescotidianas Usodecomputador Atividadesdelazer Participaçãoem associações Somade Quadrados FonteQuadrado Médio glFSignificância
  • 19. 124 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 Finalmente, os grupos de alfabetismo funcional propos- tos são relacionados às variáveis da pesquisa Inaf consideradas para a avaliação a partir de uma análise de correspondência múltipla. Para melhor visualização dos resultados, são divididos nos três grupos de variáveis considerados. O objetivo nessa avaliação é descrever quais das categorias das variáveis consideradas se associam fortemente com os gru- pos de proficiência propostos: Analfabeto, Rudimentar, Básico e Pleno. Considerando que as variáveis estudadas influenciam nas proficiências, algumas das categorias deverão ter um gran- de efeito para o aumento ou diminuição das proficiências. Dessa forma é de esperar que elas influenciem grandemente em algum dos grupos de alfabetismo funcional propostos. Do gráfico 4 podemos concluir que as capacidades da pró- pria pessoa determinam que esta saia do nível mais baixo (Analfabeto) para níveis intermediários. Já o entorno familiar as leva para os níveis mais altos de Alfabetismo Funcional. Especificamente a escolaridade do indivíduo, já avaliada ante- riormente, é associada – como é de se supor – com a capacidade de leitura e escrita. Esse é o detalhe que levará o indivíduo para níveis intermediários de alfabetismo, daí o entorno fami- liar influenciará – junto à própria escolaridade – para elevar mais esse nível. Do gráfico 5 podemos concluir que o hábito de leitura de qualquer tipo influencia para que o nível de alfabetismo seja maior. A posse de itens de leitura não influencia no aumento do nível de leitura, e sim a própria leitura. Um detalhe a esse respeito é que os livros religiosos (bíblia e outros) parecem ser mais importantes que os próprios livros didáticos no hábito de leitura. Quanto aos tipos de leitura, o nível básico de alfa- betismo está associado à leitura de livros, especialmente os religiosos, didáticos, de poesia, romance, aventura, policial e ficção. Já o nível Pleno está associado à leitura de revistas e jornais, e a livros mais técnicos. Finalmente, do gráfico 6 podemos concluir que a parti- cipação em algum tipo de atividade está associada a níveis maiores de Alfabetismo Funcional. Atividades cotidianas que implicam leitura são importantes. A participação em diversas associações, de bairro, igrejas e grupos religiosos, são impor- tantes para dois níveis (Rudimentar e Básico); já os outros tipos
  • 20. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 125 GRÁFICO 4 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo Funcional e variáveis do Grupo Aspectos de aprendizado. Inaf 2001-2009 Dimensão2 Dimensão 1 Capacidade de leitura Nivel Sócio Económico Participação em associações INAF ANALFABETO RUDIMENTARBÁSICO PLENO Escreve: Incapaz Lê: Incapaz Mãe: Superior completo Mãe: Superior incompleto Mãe: Médio/2o comp/Até 3o colegial Mãe: Médio/2o incomp/Até 3o colegial Mãe: Fund/ 1o comp/Até 8a Pai: Fund/1o comp/Até 8a Pai: Fund/1o incomp/Até 7a série Mãe: Fund/1o incomp/Até 7a série Pai: Médio/2o comp/ Até 3o colegial Pai: Médio/2o incomp/ Até 3o colegial Chefe: Superior A1 A2 B2 B1Pai: Superior incompleto Pai: Superior completo 0.5 1.5 -0.5 -1.5 -2.5 -3.5 -4.5 Instrução do pai Instrução da mãe Instrução do chefeCapacidade de escrita Chefe: Ginasial Chefe: Colegial Chefe: Primário Chefe: Analfabeto Lê: grande dificuldade Lê: Nenhuma dificuldade Escreve: Nenhuma dificuldade Escreve: grande dificuldade Mãe: Nenhuma Mãe: Não teve Mãe: menos de 4a série Pai: menos de 4a série Pai: Não teve Pai: Nenhuma Escreve: alguma dificuldade Lê: alguma dificuldade -3 -2 -1 0 1 2 3 4 E D C de participação estão associados ao nível Pleno. Por outro lado, o acesso ao computador pode se tornar uma forma muito efi- ciente de melhorar o nível de alfabetismo visto que isso está associado fortemente ao nível Pleno. Consolidando as informações apresentadas, temos: (i) Os níveis intermediários (Rudimentar e Básico) estão associados à participação em associações de bairro e religiosas, assim como hábitos de leitura de livros básicos e religiosos, (ii) O nível mais alto (Pleno) está associado ao uso de computador e escolaridade mais alta do entorno familiar.
  • 21. 126 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 GRÁFICO 6 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo Funcional e variáveis do Grupo diversas atividades. Inaf 2001-2009 GRÁFICO 5 – Mapa percentual comparando Grupos de Alfabetismo Funcional e variáveis do Grupo Hábitos de leitura. Inaf 2001-2009 Dimensão2 Dimensão 1 Atividades cotidianas Participação em associações INAF ANALFABETO RUDIMENTARBÁSICO PLENO Outra associação Sindicato Sociedade de amigos de bairro Nenhuma associação Comprar a prazo Comparar preços Ler bula Ler manuais Cooperativa Computador: todos os dias 1 0.5 0 -0.5 -1 -1.5 -2 -2.5 -3 Computador: quase todos os dias Computador: Não utilizaCinema Exposições e feiras Igreja ou grupo religioso Partido político Teatro Atividades de lazer Uso de computador Clube ou grupo desportivo Computador: Eventualmente Shows e espetáculos Grupo musical, dança, teatro -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Dimensão2 Dimensão 1 Leitura de jornal Tipo de livros lidos Itens de leitura que possui ANALFABETO BÁSICO PLENO RUDIMENTAR Livros técnicos, de teoria, ensaios Mais de 100 livros 0.5 1 0 -0.5 -1 -1.5 -2 -2.5 -3 -3.5 Número de livros de casa Leitura de revista INAF -2 -1 0 1 2 3 4 Jornal: Todos os dias Autoajuda, orientação pessoal Revista: Todos os dias De 11 a 50 livros Livros didáticos Menos de 10 livros Possui: Livros de receitas Possui: Livros de Literatura Possui: Agendas Possui: Livros técnicos Possui: Calendários Revista: Não lê Jornal: Não lê Não costuma ler livros Possui: Bíblia, livros sagrados ou religiosos Possui: Livros Infantis Possui: Dicionário Possui: Dicionário Possui: Enciclopédia Não tem livros Bíblia, livros sagrados ou religiosos Revista: Uma vez por semana Possui: Guias, listas e catálogos Jornal: Algumas vezes por semana Jornal: Uma vez por semana Biografia, relatos históricos Poesia Revista: Eventualmente Jornal: Eventualmente Romance, aventura, polícia, ficção Revista: Algumas vezes por semana De 50 a 100 livros
  • 22. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 127 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conjunto de informações contidas no estudo Inaf torna-se uma fonte importante para relacionar diversos fatores que podem influenciar nas proficiências e consequentemente no nível de Alfabetismo Funcional. O presente trabalho considera somente informações que foram coletadas em todos os estu- dos Inaf da década passada, no entanto é possível avaliar outras variáveis específicas aplicadas em algum desses estudos. É possível considerar um acompanhamento futuro de va- riáveis que se considerem importantes para o desenvolvimento do alfabetismo funcional, assim como coletar e avaliar infor- mações em áreas específicas, tais como: acesso a programas sociais de governo, acesso aos serviços de saúde, atuação de organizações não governamentais etc., e avaliar sua influência sobre o alfabetismo funcional. A década passada trouxe também um aprendizado que está sendo usado para a planificação dos próximos estudos Inaf. Consideramos que isso se tornará no curto prazo uma fonte de informação confiável para diversos atores interessados na melhora do alfabetismo no Brasil. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, D. F. de; TAVARES, H. R.; VALLE, R. da Cunha. Teoria da resposta ao item: conceitos e aplicações. São Paulo: ABE, 2000. HAIR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2005. ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Statistics Canada. Learning a living: first results of the adult literacy and life skills survey. Paris: OECD, 2005. ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Literacy in the information age: final report of the International Adult Literacy Survey. Paris: OECD, 2000. ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Assessing cientific, reading and mathematical literacy: a framework for PISA 2006. Paris: OECD, 2006. RIBEIRO, Vera Masagão; FONSECA, Maria da Conceição F. R. Matriz de referência para medição do alfabetismo nos domínios do letramento e do numeramento. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 21, n. 45, p. 147-168, jan./abr. 2010.
  • 23. 128 Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 106-128, maio/ago. 2012 ANA LUCIA LIMA Diretora Executiva do Instituto Paulo Montenegro/Ibope ana.lima@ibope.com.br CARLOS ALBERTO HUAIRA CONTRERAS Estatístico. Consultor do Instituto Paulo Montenegro/Ibope huairac@hotmail.com Recebido em: DEZEMBRO 2011 Aprovado para publicação em: MAIO 2012 RIBEIRO, Vera Masagão; SOARES, Tufi Machado. Construção de escala combinada em leitura e matemática para medição do alfabetismo entre jovens e adultos em contextos não escolares. 2008. (Trabalho apresentado na IV Reunião Anual da Abave – Associação Brasileira de Avaliação Educacional). Rio de Janeiro, junho 2008.