O documento discute a importância do discipulado como um estilo de vida cristão e não apenas um programa. Aponta que discipulado deve ser um processo contínuo de aprendizado com Cristo como mestre, e não um curso com início e fim. Também enfatiza a necessidade de fazer discípulos e não apenas ser discípulo, caminhando junto com outros na fé.
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
Discipulando Líderes
1. Seminário Micro Regional de Adolescente
DISCIPULANDO LIDERES
CRESCENDO NO REINO –
Discipulado - Jovens
Introdução:
É preciso antes de mais nada, entender que discipulado não é a novidade do momento, não é uma
versão inquieta do nosso currículo para atender à necessidade de novidade. Não é a onda do momento, mas
sim uma ordem de Cristo descrita em Mt 28:19,20.
Sendo assim discipulado é umestilo de vida que deve ser o anseio do cristão, como também é anseio
de Deus para os seus.
Se observarmos atentamente para a história da igreja, o discipulado foi vítima das inovações e das
programações denominacionais no mundo. A convocação de Cristo foi substituída por cursos, programas,
eventos e ativismos que apesar de serem levantados com boa intenção, usurparam o lugar separado para o
discipulado.
Para entender profundamente a forma de lidar com esse chamado, devemos observar como nos
relacionamos com o nosso Discipulador, Cristo. Devemos sempre avaliar nosso relacionamento com Jesus
em 3 níveis, Ele como:
a- Salvador: resgatador, remidor, libertador, etc.
b- Senhor: Dono, amo, sentido de posse.
c- Mestre: discipulador, professor, transmissor de valores, aquele de quem aprendo, com Ele estou em
um processo de crescimento.
Dos três níveis talvez o mais difícil nessa relação nos dias de hoje, é ver Jesus como o “mestre”. A vida
com o mestre exige uma caminhada, um progresso, momentos de correções e exortações. Mudança em
nosso comportamento, em nossa fala, em nosso relacionamento com outros. Tudo isso significa aderir a
uma vida de “disciplina”, muito abandonada nos dias de hoje. Isso implica em seguir o mestre observando
alguns detalhes nesse processo. Vejamos...
1- Ser discípulo é também fazer discipulo.
Só é discípulo quem é discipulador. Jesus manda que os discípulos o imitem, façam o que Ele fez.
Vamos ler Mt 10:1.
É interessanteque dentre tudo o que Ele fez,como curar, sarar, ressuscitar,dar alimento, Eletambém
fez discípulo. Aqui a coisa vai para um outro nível, eu preciso deixar de apenas ser um seguidor, e preciso
levar os outros e me seguirem, como eu sigo a Cristo.
Fazer discípuloé muito mais que um programa, é a missãode nossavida,é o que nos define. Umdiscípulo
é um discipulador.
2- Discipulado dá sentido a tudo.
Preciso aceitar o fato de que o evangelho é simples mas exige entrega, renúncia, exige morte e vida.
Discipulado não é uma ameaça a nós, na verdade dará sentido a tudo. Ele não é o intruso da festa, ele é o
motivo dela.
2. 3- Discipulado não é um curso.
Em algumas igrejas há uma ideia de que se tem pouco a passar ou ensinar, por isso o discipulado as
vezes se torna apenas uma apostila momentânea. Sendo assim em algum sentido o momento chamado
curso de discipulado, não representa a própria ideia de discipulado, por ser ele mesmo, diário continuo e
necessário para preencher o nosso tempo. Discipulado não é um processo para se chegar há um outro
estágio, ele é o ponto.
Precisamos entender que nunca nesta terra chegaremos à maturidade plena ou nível que me tire do
discipulado, que me faça chegar a ser outra coisa. Sempre haverá a necessidade de mais maturidade e
crescimento no discipulado, para que eu possa considerar que avancei e preciso continuar avançando.
4- Começar é preciso, mas como?
Vejamos a pergunta de Pedro e a resposta de Jesus: Mc 10:28-30.
Jesus deixa claro que haveria outros irmãos, outras casas, outros lugares, outra vida, outros
interesses.Jesus não os chamara para largar muito e ficarsemnada. A vida não seriaapartir dali, enfadonha,
chata, não seria Vida sem Vida. Seria VIDA ABUNDANTE. VIDA com muita VIDA.
Vida substitutiva de Jesus era superior ao estilo de vida-morte que eles levavam sem Ele. Isso envolve
um desejo de aventura, um desejo de explorar terras distantes do meu convívio, falar em outras línguas,
conhecer gente, ser conhecido, gerar vida. É VIDA COM ABUNDÂNCIA DE VIDA.
Pedro e os outros discípulos, agora, tomam conta de pessoas, as ensinam, ouvemseus testemunhos,
veem seus crescimentos e progresso. A vida nesta nova realidade e nova comunidade, traz sentido a tudo e
os coloca em uma verdadeira aventura. Que contraste com a simplicidade rotineira de um pescador, de um
coletor de impostos.
Quando não estimulamos o discipulado em nossa membresia, estamos negando a aventura que está
no Cristianismo.
5- Discipulado é cuidado.
Pense em tudo que um novo convertido passa. Ele recebe uma carga de informações sobre, precisar
de orar, ter que evitar o pecado, ler a bíblia, jejuar e recebe informação sobre todo o universo cristão. Mas
de que maneira ele fará isso ? Como reagirá às respostas disto ? Como vencerá e falhará e como consertará
as coisas? É muita informação para ser resumida em um curso, tudo isso vai além, precisa ser dado na vida.
É necessário que ele nos veja e que nós os vejamos.
O Discipulado visa a gentileza e a misericórdia do discipulador em ajudar com maturidade um
caminho já percorrido por ele, tal como um pai faz com o filho. Porque deixa-lo sofrer se já passamos por
aquele caminho. Ao mesmo tempo sabemos quando deixa-lo sofrer em algo que não o matará, o tornará
maduro e mais forte.
Ou seja, é ensina-lo e acompanha-lo.
6- Discipulado não é opção é condição.
A igreja acostumou a ouvir as desculpas dos membros e acabou entendendo suas reclamações
quanto ao tempo que eles têm, ao despreparo, ao fato de acharem que não tem chamado específico, que
têm dificuldades etc.
Engraçado que as ordens de Jesus não vêm com cláusulas de exceção. Lucas 9:57 a 62;
A igreja não pode fazer um discipulado reverso, ensinando atalhos e permitindo desculpas. É
necessário que os discípulos aprendam a seriedade do que está em jogo, Lc 14:26 a 35..
Não podemos ensiná-las ouvir sua carne, precisamos ensiná-las ouvir o Espirito e rejeitar o grito da carne,
mesmo sabendo que a carne grita muito alto.
3. 7- Discipulado é caminhada de companheiros e a rejeição da viagem solitária.
Levante um Josué e um Calebe para que você não se canse e desanime na caminhada. Nm 14:6.
Alguém que rasgue as vestes junto com você. Que creia com você. Não caminhe sozinho, aproveite e faça
de um vocacionado um futuro líder. Foi assim com Josué e Calebe.
O exemplo de Jesus é fascinante. O que correu na visão discipular do 1º século foi a visão de andar
junto, e ele fez isso por três anos. Por isso não corra o risco de ser:
O líder sem ninguém. Ec4:8 a12.
“Quantos líderes sem filhos espirituais e desconhecem o amor paternal, não tem companheiros de
jugo nem escudeiro que lhes protege as costas e carrega o peso, que ficam alertas e prontos para a batalha
quando o inimigo aparece. ” (FONTE: O LÍDER QUE BRILHA - CAP. 4 - David Kornfield)
Veja a reclamação de Paulo 2 Tm 4:9 a 18.
Solidão ministerial pode ser uma escolha. Pv 18:1
8- Um pouco da realidade e da prática.
Precisamos pôr as mãos na massa, ou em vidas. Precisamos começar. O Caminho não é curto e exige
aperfeiçoamento. Deixo aqui algumas dicas básicas:
Orar por aqueles que o Senhor lhe deu. Joao 17:9
Intimidade: Intimidade com os liderados é uma necessidade. Diferente das empresas, na igreja as
coisas não podem ser tratadas como uma linha de produção, de lucro. Tem que ir para outro nível de
contato, tem que ter comunhão. Jo 1.38,39, Mc 1.29-31; 2.14,15
Inspiração contagiante. Eu preciso de algo que arraste as pessoas atrás de mim. Ser invadido pelo
amor do discipulado. Isto será responsável por cativar pessoas e faze-los segui-lo. O discipulador
propõe uma caminhada e é preciso ter mais que argumentos é preciso fascinar pela proposta. Jesus
chamou Mateus e ele simplesmente deixou tudo. O amor valida o discurso e modela o testemunho
(comportamento).
Ouvir. Ouça os discípulos ainda que falem tolices (ex: discípulos). Jesus sempre os deixou falar,
sempre os deixou errar. A ousadia pode definir a mudança de uma igreja. Quem sempre é cortado
na pergunta perderá pouco a pouco a coragem de arriscar e se aventurar, e nós não podemos perder
isto, precisamos disto.
Discipulado não é fazer dependentes. No meio pentecostal há uma cultura de gente grudada em
profeta, gente amarrada na irmã de oração, da visão e correlatos. Discipulado é fazer gente madura,
e maturidade é saber, e saber quando não saber. São discípulos livres, mas que sabem ser
aconselhados e sabem servir.
Discipulado leva tempo para a colheita. A cultura do instantâneo é uma tentação. “Será este o
tempo? ”, frasede EliseuaGeazi, 2Rs 5:26. Tempo para tudo e para colher esforço plantado. Sl 126:6.
A vida da fé não é feita só de ouvir, só do discurso, só da teoria. Portanto agora é hora de se levantar
e ir à “Grande Aventura” do “Discipulado”, a alegria do cuidar e do servir. De ver crescer e dar resultados,
de ouvir testemunhos e provoca-los, de ver a Vida Abundante que Jesus prometeu.
Seja um discípulo, seja um discipulador. O Mestre Jesus lhe chama.
Pr. Fabiano Belmiro de Souza
Cataguases, 04/05/17