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DEUS E O CORDEIRO SOBRE O TRONO
• 1. A preparação da visão, 4.1,2a
• 1 Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no
céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar
comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer
depois destas coisas.
• 2a Imediatamente, eu me achei em espírito (―dominado pelo
Espírito de Deus).
• 1 O primeiro versículo do cap. 4 começa e termina com depois. Desta
forma, o leitor praticamente percebe que está transpondo um degrau. João
concluiu o escrutínio do presente. Agora ele se liga à segunda parte de sua
incumbência em Ap 1.19: a visão do futuro. Até Ap 22.3 a figura central desta
visão será o trono de Deus. Em Ap 1.4 e 3.21 ele fora mencionado, agora,
porém torna-se o centro de dois capítulos fundamentais.
• Depois destas cousas, olhei, e eis… uma porta aberta no céu. A fala do céu
aberto aparece pela primeira vez em Ez 1.1 e pressupõe que ele estava
fechado. Portanto, o poder de Deus está ausente, o diabo tem a primazia.
Sob este céu fechado o povo de Deus lamenta: ―Tornamo-nos como aqueles
sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu
nome. Oh! Se fendesses os céus e descesses! […] para fazeres notório o teu
nome aos teus adversários‖ (Is 63.19–64.2). Na estiagem espiritual cresce a
esperança por uma abertura do céu no fim dos tempos por meio do Messias
(Ap 3.7; Jo 1.51). Desta abertura voltará a jorrar a realidade de Deus. Dela
procedem igualmente no Apocalipse ordens, juízos, anjos e o cavaleiro
branco (Ap 19.11) – tudo isto para restabelecer a soberania de Deus na
história.
O céu aberto, porém, não apenas libera acontecimentos, mas também
entendimento. Em decorrência, Ezequiel e João tornam-se profetas. Eles
contemplam a realidade originária. João deve primeiramente fartar-se com a
contemplação do trono de Deus, antes de ver o drama que, em parte, é da mais
espessa escuridão. E nos leitores visa-se lançar um fundamento inabalável no
que se refere ao que há de vir.
Depois de dois capítulos João volta a estabelecer ligação com Ap 1.10, sublinhando desta forma o novo
enfoque: a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo. Novamente se evoca a
potência ensurdecedora da voz do anjo, agora expressamente com a consequência imediata de que João
caiu num estado de iluminação profética (v. 2). Do céu aberto (cf. Ap 10.8) ouve-se: Sobe para aqui. Em
Ap 1.11, para ver, o profeta tinha de realizar tão somente uma mudança de direção, aqui, uma mudança de
lugar, pois agora não se trata mais de vislumbrar o presente, mas o futuro, precisamente aquele futuro
que vem sobre nós a partir do trono de Deus. É por isto que João precisa assentar-se no limiar do céu
aberto. Com certeza a maneira diferente de exposição na unidade principal seguinte está relacionada
com a nova localização, bem como com o novo tema do profeta. Esta nova maneira é que dificulta tanto a
interpretação: tudo se torna mais codificado e enigmático.
Cabe distinguir a subida do profeta da ascensão do Messias (At 2.34;
Jo 6.62; 20.17; Ef 4.8-10; também Ap 11.12). Em seu corpo João
permanece na terra, mas algumas de suas funções são sobrelevadas.
São parcialmente revogadas as proibições de ver nenhum ser
humano pecador tem permissão de ver a Deus! – e de ouvir ( 2Co
12.4). Por isto a subida do profeta significa uma graça extraordinária.
2a João torna-se, pois, um profeta, mas permanece na terra.
Para ele o céu não foi aberto para que entre, porém apenas para que
ouça e veja o que há dentro dele. Eu te mostrarei o que tem de
acontecer depois destas coisas. Imediatamente, eu me achei em
espírito (Num instante fui dominado pelo Espírito de Deus ). Parece
que este imediatamente estabelece a concomitância com o ressoar da
potente voz. Os fatos que têm de ser relatados um após o outro a
visão e audição de João, o chamado do anjo são posteriormente
sincronizados por João.
2. O trono e o Entronizado, 4.2b,3
• 2b e eis armado no céu um trono, e, no trono,
alguém sentado;
• 3 e esse que se acha assentado é semelhante, no
aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio (karneol), e,
ao redor do trono, há um (resplendor de) arco-íris
semelhante, no aspecto, a esmeralda.
2b Das 60 passagens do NT acerca do trono 47 encontram-se no
Apocalipse, das quais nada menos de doze no presente capítulo. Todos os
detalhes estão orientados com vistas ao trono: sobre o trono, em redor do
trono, a partir do trono, diante do trono ou no meio dele. Amplo e
espaçoso, ele paira naquele lugar (o exposto sobre Ap 3.21). Um símbolo
da soberania inabalável de Deus: e eis armado no céu um trono, e, no
trono, alguém Entronizado (sentado). Estar sentado constitui no Oriente
uma evidência de dignidade máxima, o que fornece um motivo para não
traduzirmos literalmente o vocábulo, mas falarmos desde logo do
Entronizado. Este Entronizado‖ já aparece em Is 6 e Ez 1, porém cada vez
complementado por uma especificação maior. No presente texto e também
nos v. 3,9,10, a reverência teme acrescentar a mínima palavrinha. Somente
os louvores nos v. 8,11 mencionam a Deus.
3 Os versículos subsequentes não acabam com esta reserva. Somente o manto de luz do
entronizado torna-se objeto da descrição. Em Ap 5.1 uma mão estende-se para fora do
esplendor ofuscante. Porém Deus mesmo não pode ser visto em tamanha luz. Em decorrência,
nem mesmo aqui se quebra a afirmação de Jo 1.18: Ninguém jamais viu a Deus. Uma
percepção, porém, o vidente apreendeu de maneira indelével: Deus é luz de todos os lados, por
dentro e por fora ( 1Jo 1.5). Ele representa
um não eterno à escuridão caótica, bem como um sim eterno à vida e à justiça. Dentre a
plenitude de luz três tonalidades de cor fixam-se na memória de João: e o Entronizado (era)
semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um
(resplendor de) arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. A diferença é leve mas
significativa se o Entronizado é comparado com as jóias ou apenas com o aspecto de pedras
preciosas, ou seja, com sua respectiva aparência no que se refere ao seu efeito de cor. No
segundo caso, a comparação é cautelosamente restrita e mantida longe de definições da
essência divina
O jaspe é o nome de uma pedra semipreciosa pouco valiosa, transparente, azulada e esverdeada.
Para o Apocalipse, os textos de Ap 21.11,18,19 fornecem referenciais bem diferentes, segundo os
quais se trata de uma luz branca reluzente. Nela o jaspe constitui a pedra mais preciosa (Ap
21.19), imagem da glória de luz da nova Jerusalém com uma intensidade notável, translúcida e
clara como cristal (Ap 21.18). O sardônio (karneol), denominada segundo Sardes, local em que é
encontrada, é imaginada como reluzindo em tons avermelhados, em concordância com sua
designação hebraica. Manifestação de Deus e pedra de fogo formam uma unidade (p. ex., Ez
1.27; aqui no v. 5). Estas duas comparações, portanto, descrevem uma plenitude de luz branca e
avermelhada. Que contribuição traz a terceira definição?
Será que devemos acompanhar a maioria dos intérpretes e pensar na forma de arco-íris? Neste
caso se poderia estabelecer a conexão com Gn 9.13: o Entronizado aparece encimado pelo sinal
da misericórdia. Também nos juízos ele visa manter a fidelidade à humanidade. Seu rigor santo,
enfim, tem em vista o nosso bem.
Contudo, justamente o vocábulo, com o qual a tradução grega da Bíblia
alude em Gn 9.13,14,16 à forma do arco-íris, está sendo evitado no presente
versículo, sendo substituído por outro, extrabíblico, usual na Antiguidade
(íris). É por isto que se torna recomendável a outra possibilidade, a
comparação com o brilho do arco-íris. O branco e vermelho flamejante estão
emoldurados por um verde luminoso. Também Ap 10.1; Ez 1.28; Eclesiástico
assinalam a magnitude e beleza do arco-íris.
João, portanto, contemplou o Entronizado numa plenitude de luz descrita
posteriormente sob três aspectos. O comentarista não deve destruir a
congruência da impressão toda, perdendo-se em comparações isoladas.
Tampouco deveria precipitadamente introduzir no arco-íris toda uma
teologia da graça, em vez de esperar pelo cap. 5 (. abaixo, o retrospecto
sobre o cap. 4).
3. Os arredores do trono, 4.4-8a
4 Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles,
(vi) vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão
coroas de ouro.
5 Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem
sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.
6 Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e
também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios
de olhos por diante e por detrás.
7 O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a
novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é
semelhante à águia quando está voando.
8a E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis
asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro.
4 Assim como o v. 2 citou primeiro o trono e depois o detentor do trono, assim também
agora, dentre os arredores celestes, estão sendo citados primeiramente os tronos: Ao redor do
trono (havia) tronos. São nitidamente sedes de governantes subordinados. Falta-lhes tanto a
singularidade quanto a posição central. Ao se ajoelharem e lançarem suas coroas no v. 10, seus
ocupantes demonstram sua dependência. Contudo, quem são eles? E assentados neles, (vi)
vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas (grinaldas) de ouro.
O número vinte e quatro poderia levar à suposição de que estes anciãos representam a
comunidade da antiga e nova aliança, i. é, a igreja perfeita e consumada. Também em Ap
21.12,14 o doze duplicado aparece num contexto correspondente. Suas vestimentas brancas
podem estar apontando para sua condição de justificação, como em Ap 3.4,5,18, suas grinaldas
para as coroas de vitória para a igreja, como em Ap 2.10; 3.11, e suas harpas (conforme Ap 5.8)
para a multidão dos vencedores
em Ap 14.2; 15.2. Para os leitores da antiga tradução de Lutero esta interpretação mostra-se
plausível, uma vez que em Ap 5.10 os anciãos louvam, conforme a versão textual precária de
que Lutero dispunha: ―Tu nos tornaste reis e sacerdotes para o nosso Deus‖. É assim que
falam os cristãos redimidos.
Entretanto, são poucas as traduções mais recentes da Bíblia que ainda
acompanham esta leitura (em lugar de nos a maioria prefere os). Nem em Ap
5.10 nem em Ap 4.11; 7.11; 11.16,17; 14.3 ou 19.4 os anciãos dão a entender que
teriam de agradecer por sua própria redenção. O número vinte e quatro
aparece com demasiada frequência simplesmente como número da perfeição
em todos os contextos imagináveis para que pudesse ser de imediato
interpretado como referente ao povo das doze tribos e à sua duplicação.
Vestes brancas podem ser vestimentas de anjos, sem a conotação de
purificação pelo sangue de Cristo. Harpas aparecem no AT em toda parte
onde ressoa o louvor a Deus
5 Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões. Com frequência os
elementos da tempestade servem no AT para descrever uma aparição com
glória, bem como com seu poder judicial. O que as vozes significam neste
contexto? No grego a palavra tem uma abrangência de utilização bem
mais ampla que em nosso idioma. Apenas no Apocalipse os seguintes
ruídos são chamados de vozes: o tocar da harpa (Ap 18.22), o toque de
trombeta (Ap 8.13; 10.7; 14.2), o farfalhar de asas (Ap 9.9), o barulho de
carroças (Ap 9.9), o bater do moinho (Ap 18.22) e o murmúrio da multidão
(Ap 19.1,6). No presente trecho, a moldura da tempestade e a comparação
com Ap 1.15; 14.2 e 19.6 sugerem a interpretação de que se trata do rugir
da água.
Os três elementos mencionados não visam ser dissociados e interpretados
cada um por si.
Importante, acima de tudo, é seu número de três, que é peculiar a este
capítulo como número divino
(nota 264). Também passagens posteriores mencionam novamente
elementos da tormenta tempestuosa, mas preferem completá-los com
terremoto ou granizo, formando o número da totalidade, qual seja, de quatro
(Ap 8.5; 16.18). No trecho em análise, porém, os acontecimentos terrenos do
tempo escatológico ainda não são enfocados. É a liturgia celestial de
eternidade a eternidade que determina o quadro.
E, diante do trono, ardem sete tochas de fogo. Desde sempre o fogo fez parte
daquilo que circunda o santo Deus (p. ex., novamente em Ez 1.27; Êx 24.17; cf.
também aqui no v. 3 o sardônio avermelhado). Entre as diferentes formas em
que se manifesta o fogo também se encontra a tocha (Gn 15.17; Ez 1.13; Dn
10.6; Jó 41.19; Na 2.4). Parece que se tratava de uma chama alongada, retorcida
e fumegante. No AT, porém, estas tochas não podiam ser captadas em
números como aqui. Além disto, está faltando o movimento irrequieto de um
lado para o outro. Imóveis, em número reconhecível de sete, elas queimam no
mesmo lugar, a saber, diante do trono de Deus. Quase evocam as sete chamas
do candeeiro de ouro, que queima diante do Senhor‖ (Êx 30.8), uma figura do
Espírito Santo que preenche a igreja. É esta a interpretação que é dada
expressamente em seguida:
são os sete Espíritos de Deus. O Espírito Santo, porém, constitui no
Apocalipse um poder de salvação. Dele procedem a clemência e a paz
Isto se torna compreensível quando se considera a maneira de falar acerca do mar celestial. Em
Gn 1.6,7 fala-se de dois mares separados entre si. Há por um lado o mar terreno, violento,
traiçoeiro, lamacento, mais tarde uma imagem da rebelião tenebrosa na criação. Seu contraste é
o mar do céu, ou seja, a água que o ser humano experimentava como vindo do alto. Seus olhos
viam este céu de água clara e límpida, além de ser iluminada dia e noite de forma flamejante
pelos astros. Isto fornece também um ponto de referência natural para o mar de vidro misturado
com fogo em Ap 15.2. Uma vez que, pois, aquele utensílio do templo por um lado apresentava
um brilho admirável e por outro continha água limpa para o uso cultual, podia produzir a
lembrança do mar do céu.
Este céu de água cristalina e brilhante é ilustração da pureza celestial e pertence ao ambiente
puro de Deus. Ele forma o seu tapete (Sl 104.2) ou uma espécie de soalho (Êx 24.10; Ez 1.22-26).
Deste modo, João deu-se conta de que diante do trono de Deus se estendia uma superfície pura,
formando ao mesmo tempo uma parede divisória absoluta com a escuridão de baixo. Talvez
também se deva pensar ainda no fato de que aquilo que jaz aos pés é área de domínio e que o
mar de vidro se tornou metáfora para um conjunto de nações santas que serve a Deus (Ap 15.2).
Desta forma veio a ser figura oposta ao mar terreno, que frequentemente representou as nações
rebeldes. Estas coisas, contudo, são ditas de maneira muito mais clara em passagens
posteriores do livro.
E no meio do trono e à volta do trono (estavam), quatro seres viventes. Com grande precisão João se
apercebe da localização destes seres, descrevendo-a cuidadosamente. A posição exterior espelha o peso e
a importância. O posicionamento no centro do trono possivelmente pressupõe um trono em degraus
como em 1Rs 10.18-20. Sobre o degrau intermediário, em torno do trono e, portanto, um pouco acima dos
demais grupos, assim como um pouco mais perto do Entronizado, João reconhece o círculo mais estreito
dos servidores do trono.
Eles apresentam tanto os traços dos serafins de Is 6 (v. 8) quanto também os dos querubins em Ez 1.
Novamente, porém, não se deve prescindir de uma comparação mais atenta.
O número de quatro seres certamente aponta para a grande visão do juízo em Ez 1. No entanto, naquele
texto os quatro querubins têm a ver com os quatro pontos cardeais, uma correlação abandonada no
Apocalipse. Em lugar da indicação dos lados em Ez 1 (na frente = Sul, à direita = Leste, à esquerda =
Oeste, atrás = Norte) usa-se, em Ap 4.7,8, a contagem simples. Além disto, em Ez 1 cada um dos quatro
querubins com estatura humana possui quatro faces. A fim de concretizar determinadas qualidades, eles
apresentam os rostos dos quatro representantes mais nobres da criação. Em contraposição, os quatro
seres de Ap 4 possui apenas uma face cada. Finalmente, falta a Ap 4, em comparação com Ez 1, a
informação detalhada de corpos, mãos, pernas, asas, pés, do deslocamento, da velocidade e do barulho.
Uma majestosa simplificação ocupou o lugar de uma impressão confusa e irrequieta.
Os quatro seres, no entanto, aproximam-se dos serafins de Is 6 sobretudo pela sua função. Eles não carregam nem sustentam um carro de
trono como os querubins. Na verdade não estão posicionados abaixo, mas diante do trono. E não são mudos, mas como os serafins, com os
quais se igualam também no número de seis asas (diferente de Ez 1.6), sustentam o louvor a Deus (v. 8 e Ap 19.4).
A descrição do seu aspecto é emoldurada pela referência ao seu grande número de olhos, uma característica que lhes era comum, enquanto
no mais apresentam diferenças: cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a
novilho (―touro‖), o terceiro tem o rosto como de um homem, e o quarto ser vivente é semelhante (igual) à águia quando está voando. E os
quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro. Somente o leitor
moderno quebra sua cabeça sobre o significado destes muitos olhos. Naquele tempo eles não precisavam de explicação. Quando o homem
da Antiguidade ficava parado debaixo do céu noturno semeado de milhares de estrelas, cintilando de todos os lados, não havia como afastar
a ideia de Deus que vê e sabe tudo. Inversamente, quando a divindade era apresentada, era imperioso falar dos muitos olhos. Por isto, estes
seres cheios de olhos também estão intimamente relacionados à essência de Deus. Enquanto o próprio Deus não se torna concreto nesta
visão (cf. o comentário aos v. 2,3), estes personagem apresentam a sua majestade. Fazem parte dela o seu saber sublime e sua presença
acima de todos os acontecimentos deste mundo (grande número de olhos), mas igualmente seus poderes e efeitos superiores (rostos de leão,
touro, ser humano e águia).
Estranhamente, estes mais elevados representantes do trono são interpretados com frequência não apenas como representantes da criação,
mas até mesmo da criação inferior. O único apoio para esta leitura talvez seja fornecido pelas comparações com animais, em cuja série,
porém, também aparece para o terceiro ser vivo o ser humano. Sobretudo não é admissível que por meio deste único aspecto sejam
derrubados todos os indícios do texto que apontam para uma posição de extraordinária primazia destes seres. Seguramente os animais estão
sendo símbolos a partir da criação, mas nem por isto símbolos para a criação, antes para a magnitude do poder divino.
A primazia destes quatro entes resulta de sua posição (v. 6), do grande número de olhos, de sua função de líderes da oração (v. 9 e Ap 5.8,14),
bem como de sua intervenção nos mais importantes acontecimentos do exercício da soberania pelo Cordeiro (Ap 6.1-8; 15.7). Eles são seres
angélicos do recinto mais íntimo do trono e (com exceção do Cordeiro) aquilo que está mais perto de Deus de acordo com o que João vê.
DEUS E O CORDEIRO SOBRE O TRONO CELESTIAL

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DEUS E O CORDEIRO SOBRE O TRONO CELESTIAL

  • 1. DEUS E O CORDEIRO SOBRE O TRONO • 1. A preparação da visão, 4.1,2a • 1 Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. • 2a Imediatamente, eu me achei em espírito (―dominado pelo Espírito de Deus).
  • 2. • 1 O primeiro versículo do cap. 4 começa e termina com depois. Desta forma, o leitor praticamente percebe que está transpondo um degrau. João concluiu o escrutínio do presente. Agora ele se liga à segunda parte de sua incumbência em Ap 1.19: a visão do futuro. Até Ap 22.3 a figura central desta visão será o trono de Deus. Em Ap 1.4 e 3.21 ele fora mencionado, agora, porém torna-se o centro de dois capítulos fundamentais. • Depois destas cousas, olhei, e eis… uma porta aberta no céu. A fala do céu aberto aparece pela primeira vez em Ez 1.1 e pressupõe que ele estava fechado. Portanto, o poder de Deus está ausente, o diabo tem a primazia. Sob este céu fechado o povo de Deus lamenta: ―Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu nome. Oh! Se fendesses os céus e descesses! […] para fazeres notório o teu nome aos teus adversários‖ (Is 63.19–64.2). Na estiagem espiritual cresce a esperança por uma abertura do céu no fim dos tempos por meio do Messias (Ap 3.7; Jo 1.51). Desta abertura voltará a jorrar a realidade de Deus. Dela procedem igualmente no Apocalipse ordens, juízos, anjos e o cavaleiro branco (Ap 19.11) – tudo isto para restabelecer a soberania de Deus na história.
  • 3.
  • 4. O céu aberto, porém, não apenas libera acontecimentos, mas também entendimento. Em decorrência, Ezequiel e João tornam-se profetas. Eles contemplam a realidade originária. João deve primeiramente fartar-se com a contemplação do trono de Deus, antes de ver o drama que, em parte, é da mais espessa escuridão. E nos leitores visa-se lançar um fundamento inabalável no que se refere ao que há de vir. Depois de dois capítulos João volta a estabelecer ligação com Ap 1.10, sublinhando desta forma o novo enfoque: a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo. Novamente se evoca a potência ensurdecedora da voz do anjo, agora expressamente com a consequência imediata de que João caiu num estado de iluminação profética (v. 2). Do céu aberto (cf. Ap 10.8) ouve-se: Sobe para aqui. Em Ap 1.11, para ver, o profeta tinha de realizar tão somente uma mudança de direção, aqui, uma mudança de lugar, pois agora não se trata mais de vislumbrar o presente, mas o futuro, precisamente aquele futuro que vem sobre nós a partir do trono de Deus. É por isto que João precisa assentar-se no limiar do céu aberto. Com certeza a maneira diferente de exposição na unidade principal seguinte está relacionada com a nova localização, bem como com o novo tema do profeta. Esta nova maneira é que dificulta tanto a interpretação: tudo se torna mais codificado e enigmático.
  • 5. Cabe distinguir a subida do profeta da ascensão do Messias (At 2.34; Jo 6.62; 20.17; Ef 4.8-10; também Ap 11.12). Em seu corpo João permanece na terra, mas algumas de suas funções são sobrelevadas. São parcialmente revogadas as proibições de ver nenhum ser humano pecador tem permissão de ver a Deus! – e de ouvir ( 2Co 12.4). Por isto a subida do profeta significa uma graça extraordinária. 2a João torna-se, pois, um profeta, mas permanece na terra. Para ele o céu não foi aberto para que entre, porém apenas para que ouça e veja o que há dentro dele. Eu te mostrarei o que tem de acontecer depois destas coisas. Imediatamente, eu me achei em espírito (Num instante fui dominado pelo Espírito de Deus ). Parece que este imediatamente estabelece a concomitância com o ressoar da potente voz. Os fatos que têm de ser relatados um após o outro a visão e audição de João, o chamado do anjo são posteriormente sincronizados por João.
  • 6. 2. O trono e o Entronizado, 4.2b,3 • 2b e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; • 3 e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio (karneol), e, ao redor do trono, há um (resplendor de) arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.
  • 7. 2b Das 60 passagens do NT acerca do trono 47 encontram-se no Apocalipse, das quais nada menos de doze no presente capítulo. Todos os detalhes estão orientados com vistas ao trono: sobre o trono, em redor do trono, a partir do trono, diante do trono ou no meio dele. Amplo e espaçoso, ele paira naquele lugar (o exposto sobre Ap 3.21). Um símbolo da soberania inabalável de Deus: e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém Entronizado (sentado). Estar sentado constitui no Oriente uma evidência de dignidade máxima, o que fornece um motivo para não traduzirmos literalmente o vocábulo, mas falarmos desde logo do Entronizado. Este Entronizado‖ já aparece em Is 6 e Ez 1, porém cada vez complementado por uma especificação maior. No presente texto e também nos v. 3,9,10, a reverência teme acrescentar a mínima palavrinha. Somente os louvores nos v. 8,11 mencionam a Deus.
  • 8. 3 Os versículos subsequentes não acabam com esta reserva. Somente o manto de luz do entronizado torna-se objeto da descrição. Em Ap 5.1 uma mão estende-se para fora do esplendor ofuscante. Porém Deus mesmo não pode ser visto em tamanha luz. Em decorrência, nem mesmo aqui se quebra a afirmação de Jo 1.18: Ninguém jamais viu a Deus. Uma percepção, porém, o vidente apreendeu de maneira indelével: Deus é luz de todos os lados, por dentro e por fora ( 1Jo 1.5). Ele representa um não eterno à escuridão caótica, bem como um sim eterno à vida e à justiça. Dentre a plenitude de luz três tonalidades de cor fixam-se na memória de João: e o Entronizado (era) semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um (resplendor de) arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. A diferença é leve mas significativa se o Entronizado é comparado com as jóias ou apenas com o aspecto de pedras preciosas, ou seja, com sua respectiva aparência no que se refere ao seu efeito de cor. No segundo caso, a comparação é cautelosamente restrita e mantida longe de definições da essência divina
  • 9. O jaspe é o nome de uma pedra semipreciosa pouco valiosa, transparente, azulada e esverdeada. Para o Apocalipse, os textos de Ap 21.11,18,19 fornecem referenciais bem diferentes, segundo os quais se trata de uma luz branca reluzente. Nela o jaspe constitui a pedra mais preciosa (Ap 21.19), imagem da glória de luz da nova Jerusalém com uma intensidade notável, translúcida e clara como cristal (Ap 21.18). O sardônio (karneol), denominada segundo Sardes, local em que é encontrada, é imaginada como reluzindo em tons avermelhados, em concordância com sua designação hebraica. Manifestação de Deus e pedra de fogo formam uma unidade (p. ex., Ez 1.27; aqui no v. 5). Estas duas comparações, portanto, descrevem uma plenitude de luz branca e avermelhada. Que contribuição traz a terceira definição? Será que devemos acompanhar a maioria dos intérpretes e pensar na forma de arco-íris? Neste caso se poderia estabelecer a conexão com Gn 9.13: o Entronizado aparece encimado pelo sinal da misericórdia. Também nos juízos ele visa manter a fidelidade à humanidade. Seu rigor santo, enfim, tem em vista o nosso bem.
  • 10. Contudo, justamente o vocábulo, com o qual a tradução grega da Bíblia alude em Gn 9.13,14,16 à forma do arco-íris, está sendo evitado no presente versículo, sendo substituído por outro, extrabíblico, usual na Antiguidade (íris). É por isto que se torna recomendável a outra possibilidade, a comparação com o brilho do arco-íris. O branco e vermelho flamejante estão emoldurados por um verde luminoso. Também Ap 10.1; Ez 1.28; Eclesiástico assinalam a magnitude e beleza do arco-íris. João, portanto, contemplou o Entronizado numa plenitude de luz descrita posteriormente sob três aspectos. O comentarista não deve destruir a congruência da impressão toda, perdendo-se em comparações isoladas. Tampouco deveria precipitadamente introduzir no arco-íris toda uma teologia da graça, em vez de esperar pelo cap. 5 (. abaixo, o retrospecto sobre o cap. 4).
  • 11.
  • 12. 3. Os arredores do trono, 4.4-8a 4 Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, (vi) vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. 5 Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. 6 Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. 7 O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. 8a E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro.
  • 13.
  • 14. 4 Assim como o v. 2 citou primeiro o trono e depois o detentor do trono, assim também agora, dentre os arredores celestes, estão sendo citados primeiramente os tronos: Ao redor do trono (havia) tronos. São nitidamente sedes de governantes subordinados. Falta-lhes tanto a singularidade quanto a posição central. Ao se ajoelharem e lançarem suas coroas no v. 10, seus ocupantes demonstram sua dependência. Contudo, quem são eles? E assentados neles, (vi) vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas (grinaldas) de ouro. O número vinte e quatro poderia levar à suposição de que estes anciãos representam a comunidade da antiga e nova aliança, i. é, a igreja perfeita e consumada. Também em Ap 21.12,14 o doze duplicado aparece num contexto correspondente. Suas vestimentas brancas podem estar apontando para sua condição de justificação, como em Ap 3.4,5,18, suas grinaldas para as coroas de vitória para a igreja, como em Ap 2.10; 3.11, e suas harpas (conforme Ap 5.8) para a multidão dos vencedores em Ap 14.2; 15.2. Para os leitores da antiga tradução de Lutero esta interpretação mostra-se plausível, uma vez que em Ap 5.10 os anciãos louvam, conforme a versão textual precária de que Lutero dispunha: ―Tu nos tornaste reis e sacerdotes para o nosso Deus‖. É assim que falam os cristãos redimidos.
  • 15. Entretanto, são poucas as traduções mais recentes da Bíblia que ainda acompanham esta leitura (em lugar de nos a maioria prefere os). Nem em Ap 5.10 nem em Ap 4.11; 7.11; 11.16,17; 14.3 ou 19.4 os anciãos dão a entender que teriam de agradecer por sua própria redenção. O número vinte e quatro aparece com demasiada frequência simplesmente como número da perfeição em todos os contextos imagináveis para que pudesse ser de imediato interpretado como referente ao povo das doze tribos e à sua duplicação. Vestes brancas podem ser vestimentas de anjos, sem a conotação de purificação pelo sangue de Cristo. Harpas aparecem no AT em toda parte onde ressoa o louvor a Deus
  • 16. 5 Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões. Com frequência os elementos da tempestade servem no AT para descrever uma aparição com glória, bem como com seu poder judicial. O que as vozes significam neste contexto? No grego a palavra tem uma abrangência de utilização bem mais ampla que em nosso idioma. Apenas no Apocalipse os seguintes ruídos são chamados de vozes: o tocar da harpa (Ap 18.22), o toque de trombeta (Ap 8.13; 10.7; 14.2), o farfalhar de asas (Ap 9.9), o barulho de carroças (Ap 9.9), o bater do moinho (Ap 18.22) e o murmúrio da multidão (Ap 19.1,6). No presente trecho, a moldura da tempestade e a comparação com Ap 1.15; 14.2 e 19.6 sugerem a interpretação de que se trata do rugir da água.
  • 17. Os três elementos mencionados não visam ser dissociados e interpretados cada um por si. Importante, acima de tudo, é seu número de três, que é peculiar a este capítulo como número divino (nota 264). Também passagens posteriores mencionam novamente elementos da tormenta tempestuosa, mas preferem completá-los com terremoto ou granizo, formando o número da totalidade, qual seja, de quatro (Ap 8.5; 16.18). No trecho em análise, porém, os acontecimentos terrenos do tempo escatológico ainda não são enfocados. É a liturgia celestial de eternidade a eternidade que determina o quadro.
  • 18. E, diante do trono, ardem sete tochas de fogo. Desde sempre o fogo fez parte daquilo que circunda o santo Deus (p. ex., novamente em Ez 1.27; Êx 24.17; cf. também aqui no v. 3 o sardônio avermelhado). Entre as diferentes formas em que se manifesta o fogo também se encontra a tocha (Gn 15.17; Ez 1.13; Dn 10.6; Jó 41.19; Na 2.4). Parece que se tratava de uma chama alongada, retorcida e fumegante. No AT, porém, estas tochas não podiam ser captadas em números como aqui. Além disto, está faltando o movimento irrequieto de um lado para o outro. Imóveis, em número reconhecível de sete, elas queimam no mesmo lugar, a saber, diante do trono de Deus. Quase evocam as sete chamas do candeeiro de ouro, que queima diante do Senhor‖ (Êx 30.8), uma figura do Espírito Santo que preenche a igreja. É esta a interpretação que é dada expressamente em seguida: são os sete Espíritos de Deus. O Espírito Santo, porém, constitui no Apocalipse um poder de salvação. Dele procedem a clemência e a paz
  • 19.
  • 20. Isto se torna compreensível quando se considera a maneira de falar acerca do mar celestial. Em Gn 1.6,7 fala-se de dois mares separados entre si. Há por um lado o mar terreno, violento, traiçoeiro, lamacento, mais tarde uma imagem da rebelião tenebrosa na criação. Seu contraste é o mar do céu, ou seja, a água que o ser humano experimentava como vindo do alto. Seus olhos viam este céu de água clara e límpida, além de ser iluminada dia e noite de forma flamejante pelos astros. Isto fornece também um ponto de referência natural para o mar de vidro misturado com fogo em Ap 15.2. Uma vez que, pois, aquele utensílio do templo por um lado apresentava um brilho admirável e por outro continha água limpa para o uso cultual, podia produzir a lembrança do mar do céu. Este céu de água cristalina e brilhante é ilustração da pureza celestial e pertence ao ambiente puro de Deus. Ele forma o seu tapete (Sl 104.2) ou uma espécie de soalho (Êx 24.10; Ez 1.22-26). Deste modo, João deu-se conta de que diante do trono de Deus se estendia uma superfície pura, formando ao mesmo tempo uma parede divisória absoluta com a escuridão de baixo. Talvez também se deva pensar ainda no fato de que aquilo que jaz aos pés é área de domínio e que o mar de vidro se tornou metáfora para um conjunto de nações santas que serve a Deus (Ap 15.2). Desta forma veio a ser figura oposta ao mar terreno, que frequentemente representou as nações rebeldes. Estas coisas, contudo, são ditas de maneira muito mais clara em passagens posteriores do livro.
  • 21. E no meio do trono e à volta do trono (estavam), quatro seres viventes. Com grande precisão João se apercebe da localização destes seres, descrevendo-a cuidadosamente. A posição exterior espelha o peso e a importância. O posicionamento no centro do trono possivelmente pressupõe um trono em degraus como em 1Rs 10.18-20. Sobre o degrau intermediário, em torno do trono e, portanto, um pouco acima dos demais grupos, assim como um pouco mais perto do Entronizado, João reconhece o círculo mais estreito dos servidores do trono. Eles apresentam tanto os traços dos serafins de Is 6 (v. 8) quanto também os dos querubins em Ez 1. Novamente, porém, não se deve prescindir de uma comparação mais atenta. O número de quatro seres certamente aponta para a grande visão do juízo em Ez 1. No entanto, naquele texto os quatro querubins têm a ver com os quatro pontos cardeais, uma correlação abandonada no Apocalipse. Em lugar da indicação dos lados em Ez 1 (na frente = Sul, à direita = Leste, à esquerda = Oeste, atrás = Norte) usa-se, em Ap 4.7,8, a contagem simples. Além disto, em Ez 1 cada um dos quatro querubins com estatura humana possui quatro faces. A fim de concretizar determinadas qualidades, eles apresentam os rostos dos quatro representantes mais nobres da criação. Em contraposição, os quatro seres de Ap 4 possui apenas uma face cada. Finalmente, falta a Ap 4, em comparação com Ez 1, a informação detalhada de corpos, mãos, pernas, asas, pés, do deslocamento, da velocidade e do barulho. Uma majestosa simplificação ocupou o lugar de uma impressão confusa e irrequieta.
  • 22.
  • 23. Os quatro seres, no entanto, aproximam-se dos serafins de Is 6 sobretudo pela sua função. Eles não carregam nem sustentam um carro de trono como os querubins. Na verdade não estão posicionados abaixo, mas diante do trono. E não são mudos, mas como os serafins, com os quais se igualam também no número de seis asas (diferente de Ez 1.6), sustentam o louvor a Deus (v. 8 e Ap 19.4). A descrição do seu aspecto é emoldurada pela referência ao seu grande número de olhos, uma característica que lhes era comum, enquanto no mais apresentam diferenças: cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho (―touro‖), o terceiro tem o rosto como de um homem, e o quarto ser vivente é semelhante (igual) à águia quando está voando. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro. Somente o leitor moderno quebra sua cabeça sobre o significado destes muitos olhos. Naquele tempo eles não precisavam de explicação. Quando o homem da Antiguidade ficava parado debaixo do céu noturno semeado de milhares de estrelas, cintilando de todos os lados, não havia como afastar a ideia de Deus que vê e sabe tudo. Inversamente, quando a divindade era apresentada, era imperioso falar dos muitos olhos. Por isto, estes seres cheios de olhos também estão intimamente relacionados à essência de Deus. Enquanto o próprio Deus não se torna concreto nesta visão (cf. o comentário aos v. 2,3), estes personagem apresentam a sua majestade. Fazem parte dela o seu saber sublime e sua presença acima de todos os acontecimentos deste mundo (grande número de olhos), mas igualmente seus poderes e efeitos superiores (rostos de leão, touro, ser humano e águia). Estranhamente, estes mais elevados representantes do trono são interpretados com frequência não apenas como representantes da criação, mas até mesmo da criação inferior. O único apoio para esta leitura talvez seja fornecido pelas comparações com animais, em cuja série, porém, também aparece para o terceiro ser vivo o ser humano. Sobretudo não é admissível que por meio deste único aspecto sejam derrubados todos os indícios do texto que apontam para uma posição de extraordinária primazia destes seres. Seguramente os animais estão sendo símbolos a partir da criação, mas nem por isto símbolos para a criação, antes para a magnitude do poder divino. A primazia destes quatro entes resulta de sua posição (v. 6), do grande número de olhos, de sua função de líderes da oração (v. 9 e Ap 5.8,14), bem como de sua intervenção nos mais importantes acontecimentos do exercício da soberania pelo Cordeiro (Ap 6.1-8; 15.7). Eles são seres angélicos do recinto mais íntimo do trono e (com exceção do Cordeiro) aquilo que está mais perto de Deus de acordo com o que João vê.