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BRIAN, D. Einstein – A ciência da vida (Ática, São Paulo, 1998)
CIÊNCIA & AMBIENTE. Einstein (Universidade Federal de Santa
Maria, vol. 30, 2005)
EINSTEIN, A. Teoria da relatividade especial e geral
(Contraponto, Rio de Janeiro, 1999)
EINSTEIN@HOME in World of Physics 2005
(www.physics2005.org)
FRIEDMAN, A. e DONLEY, C. Einstein – As myth and muse
(Cambridge University Press, Cambridge, 1990)
FURTADO, F. e VIEIRA, C. L. ‘As visões de Einstein’
(entrevista com John Stachel) in Ciência Hoje
(n. 214, abril de 2005)
MOREIRA, I. C. ‘1905: O ano miraculoso’ in Ciência Hoje
(vol. 36, n. 212, jan/fev 2005)
MOREIRA, I. C. e VIDEIRA, A. A. P. (orgs.) Einstein e o Brasil (UFRJ,
Rio de Janeiro, 1996)
Fontes
PAIS, A. Einstein viveu aqui (Nova Fronteira,
Rio de Janeiro, 1997)
PAIS, A. Sutil é o senhor – A ciência e a vida de Albert Einstein
(Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1995)
STACHEL, J. (ORG.) Ano Miraculoso de Einstein
– cinco artigos que mudaram a face da física
(Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 2001)
SUJIMOTO, K. Albert Einstein – A photographic biography
(Schocken Books, Nova York, 1989)
TOLMASQUIM, A. Einstein – O viajante da relatividade
na América do Sul (Vieira & Lent, Rio de Janeiro, 2004)
WHITACKER, A. Einstein, Bohr and the Quantum Dilemma
(Cambridge University Press, 1996)
WHITROW, G. J. Einstein – The man and his achievement
(Dover, Nova York, 1973)
Sumário
2005
foi escolhido pela União Internacional de Física Pura e Aplicada como o
Ano Mundial da Física – decisão, aliás, sancionada pela Organização das
Nações Unidas a pedido do representante brasileiro nesse organismo.
A razão é celebrar os cem anos dos trabalhos feitos por Albert Einstein em 1905.
Naquele ano, ele ajudou a mostrar, por exemplo, que a matéria é formada por átomos,
que massa e energia são grandezas equivalentes – através de sua famosa fórmula
E = mc2
– e que a luz tem uma constituição corpuscular.
Tantos trabalhos importantes e revolucionários em um só ano merecem, sem dúvida,
ser lembrados sempre. Assim, aproveitamos este folder para falar um pouco desses
trabalhos – que mudaram tão profundamente nossa visão do macro e microuniverso
– e da vida de Einstein, certamente um dos maiores cientistas de todos os tempos.
Damos, assim, prosseguimento às atividades de divulgação científica realizadas pelo
CBPF, através desta série, que se destina ao público não especializado.
Mais uma vez, esperamos que mais esta iniciativa sirva para despertar vocações
entre os jovens estudantes.
João dos Anjos
COORDENADOR DO PROJETO DESAFIOS DA FÍSICA
A EFEMÉRIDE
Berço, livro e charuto
Ano miraculoso
O EFEITO
FOTOELÉTRICO
Elétrons que saltam
Partículas de luz
Idéia mais revolucionária
A TESE
O mais obscuro
Água com açúcar
O mais citado
O MOVIMENTO
BROWNIANO
Zigue-zague errático
Através de um microscópio
Realidade de
átomos e moléculas
AnoMiraculosodeEinstein
100anosdapublicaçãodos
artigosquemudaramafísica
Ano Miraculoso
de Einstein
100 anos da publicação dos
artigos que mudaram a física
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A RELATIVIDADE
Assombrados pelo éter
Dois postulados
Revisão radical
E=mc2
Restrita
A VIDA
A infância
A juventude
Em Berna
Em Berlim
Em Princeton
O CONTEXTO
Criatividade e caminhos
Fama mundial
EINSTEIN HOJE
Laser e átomo gigante
Buracosnegros
e ondas gravitacionais
Dimensões extras
No mundo nano
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
2005
A TESE
O MAIS OBSCURO • ‘Uma nova determinação das
dimensões moleculares’. Esse é o título do trabalho
mais obscuro daquele ano, completado em 30 de
abril. Com ele, Einstein obteve, em 15 de janeiro de
1906, o título de doutor pela Universidade de Zuri-
que.Nessatese,Einsteinapre-
sentou um novo método
para determinar, entre
outras grandezas, os
raios de moléculas.
A VIDA
A INFÂNCIA • Einstein nasceu em 14 de março de
1879, uma sexta-feira, às 11h30 da manhã, em Ülm
(sul da Alemanha). Foi o primeiro filho de Hermann
(1847-1902) e Pauline Einstein (1858-1920) – dois
anos depois, nasceria Maja (Maria, 1881-1951), sua
irmã e último filho do casal. Em 1880, a família mu-
dou-se para Munique, onde seu pai montou um
pequeno negócio de produtos eletrome-
cânicos. Einstein ingressou em uma
escola católica da cidade, onde se
mostrou um aluno tímido, porém
aplicado. Mais tarde, foi estudar
no Ginásio Luitpold, cujo método
de ensino classificaria como “mili-
tar”. Continuou a ser bom aluno,
apesar de ter dificuldades com lín-
guas, principalmente grego.
O EFEITO
FOTOELÉTRICO
ELÉTRONS QUE SALTAM • Naquele início de sé-
culo, o chamado efeito fotoelétrico – no qual a luz
(radiação eletromagnética) arranca elétrons de
certos metais – ainda intrigava os físicos. Abaixo
de certa freqüência da luz incidente, por maior
que fosse a intensidade luminosa, elétrons não
conseguiam escapar do metal. Quando se aumen-
tavaaintensidadedaradiação,esperava-se,como
previa a teoria, que elétrons mais energéticos sal-
tassem. Porém, notava-se apenas
um aumento na quantidade de par-
tículas ejetadas, todas dotadas da
mesma energia. Porém, ao se au-
mentar a freqüência da luz inci-
dente – indo da luz visível para o
ultravioleta, por exemplo –, os
elétrons também se tornavam
mais energéticos. A explicação
para isso tudo escapava à físi-
ca da época.
PARTÍCULAS DE LUZ • Tenta-
tivas teóricas já haviam sido
feitas para solucionar a dis-
paridade entre teoria e ex-
perimento. Mas foi o artigo
‘Sobre um ponto de vista heurístico rela-
tivo à produção e à transformação da luz’, de 17
de março – portanto, o primeiro concluído naque-
le ano – que resolveu o problema. Nele, Einstein
adotou uma hipótese aparentemente simples: a
luz é formada por partículas, os quanta de luz,
que passaram, em 1926, a ser chamados fótons.
mento parecerá mais curto quando medido por al-
guém parado na plataforma – esta é a chamada
contração espacial; iii) o que parece simultâneo pa-
ra um passageiro no vagão em movimento pode
parecer não ter ocorrido ao mesmo tempo para uma
pessoa na plataforma – este é o problema da si-
multaneidade. No entanto, esses fenômenos só
são significativos – e podem ser medidos – quando
nosso vagão imaginário se aproxima da velo-
cidade da luz no vácuo. Nas velocidades a
que estamos acostumados no dia-a-dia,
esses efeitos são imperceptíveis.
E=MC2
• Em setembro de 1905, Eins-
tein percebeu outras conseqüências
dos dois postulados. Em um artigo
de três páginas, com o titulo ‘A inér-
cia de um corpo depende de seu con-
teúdo energético?’, deduziu a fórmu-
la mais famosa da ciência: E = mc2
.
Ela indica que quantidades mínimas
de massa (m) – no caso, multiplicada
pela velocidade da luz ao quadrado
(c2
) – podem gerar enormes quantida-
des de energia (E).
RESTRITA • Unidos, esses dois artigos passaram
a ser denominados teoria da relatividade restrita –
restrita, no caso, por lidarem apenas com situações
em que os observadores não estão acelerados. Por
fim, é preciso dizer que o matemático francês Henri
Poincaré (1854-1912) e o físico holandês Hendrik
Lorentz (1853-1928) já haviam deduzido muitas das
expressões matemáticas contidas nos dois artigos e
influenciaram fortemente o trabalho de Einstein.
A JUVENTUDE • Em 1896, ma-
triculou-se no curso de forma-
ção de professores de matemá-
tica e física da Escola Politécni-
ca de Zurique – nessa época,
renunciou à cidadania alemã.
Na graduação, faltou a muitas
aulas para estudar por conta
própria e passou nos exames
com ajuda das anotações de um
colega de classe, Marcel Grossmann (1878-1936).
Sua futura mulher, Mileva Maric (1875-1948),
era sua colega de turma e parceira em discus-
sões sobre física nesse período.
EM BERNA • Depois de formado, Einstein
deu aulas particulares para se manter, for-
mando nesse período um grupo de discus-
são sobre filosofia e ciência, a Academia
Olímpia, com dois colegas. Em 1902, arrumou
um emprego como técnico de 3a
classe do Es-
critório de Patentes em Berna. No ano seguin-
te, casou-se com Mileva, com quem, pouco antes,
havia tido uma filha, Lieserl, nascida no início de
O CONTEXTO
CRIATIVIDADE E CAMINHOS •
Como um só homem, trabalhan-
dodeformaaparentementeisola-
da da comunidade científica de
sua época, pôde chegar a tamanha
produção e de tão alto nível em um só
ano? Explicar a criatividade de Einstein e os
caminhos que o levaram àqueles artigos é uma ta-
refa complexa. É preciso levar em conta uma mul-
titude de fatores pessoais e do contexto em que
Einstein estava inserido.
FAMA MUNDIAL • Em 1919, Einstein ganhou fa-
ma mundial com a comprovação de uma das pre-
visões da teoria da relatividade geral – o encurva-
mento da luz nas proximidades do Sol – em um
eclipse solar observado
em Sobral (Ceará) e na
Ilha de Príncipe, na costa
oesteafricana. Omomen-
to–finaldaPrimeiraGuer-
ra Mundial, que havia
assombrado o mundo –
mostrou-se propício para
que os trabalhos de Eins-
tein se destacassem. Na década de 1920, Einstein,
já famoso, fez grandes viagens pelo mundo. Em um
delas, em 1925, visitou Argentina, Uruguai e pas-
sou uma semana no Rio de Janeiro, em maio, onde
fez palestras e passeou pela cidade.
A energia da radiação vem, portanto, em pacotes
(fótons).Comisso,oefeitofotoelétricoganhouuma
explicação que podia ser testada experimental-
mente: aumentar a intensidade da luz significa
apenas aumentar o número de fótons de mesma
energia que incidem sobre o metal. Aumentar a
freqüência da luz torna os fótons mais energé-
ticos, pois sua energia, pela proposta de Einstein,
é proporcional à freqüência – e isso faz com que
os elétrons ganhem mais energia nas colisões com
os fótons que os ejetam.
IDÉIA MAIS REVOLUCIONÁRIA • A idéia de que
a luz tem natureza corpuscular foi classificada por
Einsteincomoa“maisrevolucionária”de
sua vida. Em 1915, o físico nor-
te-americano Robert Millikan
(1868-1953),aocontráriodoque
pretendia inicialmente, chegou
a resultados que confirmavam
a previsão de Einstein sobre o
efeito fotoelétrico. Foi principal-
mente por essa previsão quan-
titativamente correta que Einstein
ganhou o Nobel de 1921 – o prêmio
não cita ‘quanta de luz’, cuja rea-
lidade era ainda controversa. Po-
rém, as dúvidas começaram a ser
dizimadas em 1923 com a descober-
ta do efeito Compton – no qual a luz,
ao se chocar contra um elétron, com-
porta-se como um corpúsculo, perdendo energia
– e com os experimentos conduzidos, dois anos
depois, pelos físicos alemães Hans Geiger (1882-
1945) e Walther Bothe (1891-1957) e também
com os resultados dos norte-americanos Arthur
Compton (1892-1962) e Alfred Simon.
A RELATIVIDADE
ASSOMBRADOS PELO ÉTER • O som é uma onda
(mecânica) e, portanto, precisa de um meio (gaso-
so, líquido ou sólido) para se propagar. Raciocínio
semelhante levou à hipótese de que era necessário
um meio – que preencheria todo o espaço – para
servir de suporte para a propagação da luz e das
outras ondas eletromagnéticas. No final do século
19, o chamado éter, no entanto, passou a assombrar
osfísicos,quenãoconseguiamdeterminarsuas
propriedadesmecânicasenemmesmoomo-
vimento da Terra em relação a ele.
DOIS POSTULADOS • Recebido para
publicação em 30 de junho, o artigo
‘Sobre a eletrodinâmica dos corpos
em movimento’ declararia a morte
do éter com base em dois postula-
dos: i) as leis da física são as mes-
mas para observadores inerciais, ou
seja, que se movem sem aceleração
(princípio da relatividade); ii) a velo-
cidade da luz no vácuo (cerca de 300
mil km/s) é sempre a mesma, indepen-
dentemente de a fonte emissora estar
parada ou em movimento, ou seja, a velo-
cidade da luz é uma constante da natureza.
REVISÃO RADICAL • A adoção desses dois postu-
lados levou a uma revisão radical das noções sobre
o espaço e o tempo. Em termos simples e com base
em fenômenos do cotidiano, pode-se dizer que: i) o
relógio de um passageiro dentro de um vagão em
movimento andará mais devagar quando compara-
do àquele da estação – esta é a chamada dilatação
temporal; ii) o comprimento de um vagão em movi-
AÇÚCAR COM ÁGUA • Einstein usou como mo-
delo o açúcar dissolvido na água e obteve boa
concordância com os dados experimentais dis-
poníveis na época. Ele formulou um modo indi-
reto que permitia estimar as dimensões de mo-
léculas dissolvidas em um líquido, bastando,
para isso, conhecer a viscosidade do líquido –
no caso, antes e depois da dissolução do açúcar
– e como as moléculas nele imersas se ‘espa-
lham’ (difundem).
O MAIS CITADO • Ainda em 1901, Einstein havia
enviado à Universidade de Zurique outra tese,
mas retirou-a, no ano seguinte, depois de ser
alertado de que o trabalho poderia ser rejeitado
pela falta de dados experimentais que compro-
vassem seus resultados teóricos. A tese de 1905
se tornaria seu trabalho mais citado na literatura
científica moderna. Razão: tem grande aplicação
em outras áreas, da físico-química à construção
civil, da indústria de alimentos à ecologia.
1902 e cujo destino hoje é desco-
nhecido. O casal teria mais dois
filhos: Hans Albert (1904-1973),
que se tornaria um renomado en-
genheiro hidráulico e um dos
maiores especialistas em sedi-
mentos do século passado, e
Eduard (1910-1965), que, esqui-
zofrênico, morreria em uma clíni-
ca psiquiátrica na Suíça.
EM BERLIM • Em 1909, Einstein pediu de-
missão do Escritório de Patentes para se tor-
nar professor de física teórica da Universi-
dade de Zurique. Mais tarde – principalmen-
te por questões financeiras –, transferiu-se
para a Universidade Alemã de Praga para,
pouco depois, voltar à Politécnica, onde um
cargo de assistente havia sido negado a ele
em 1900. Em 1913, recebeu convite para ser
membro da prestigiosa Academia Prussiana
de Ciências e professor da Universidade de Ber-
lim. Em 1915, terminou a relatividade geral, uma
extensão dos trabalhos de 1905 que continha uma
nova teoria da gravitação.
EM PRINCETON • Em 1932, aceitou proposta
para trabalhar no recém-fundado Instituto de Es-
tudos Avançados, em Princeton (Estados Unidos).
Deixou a Alemanha por causa da ascensão do na-
zismo – ao qual se opunha fortemen-
te – e das perseguições aos judeus.
Viveu em Princeton até sua morte,
em 18 de abril de 1955, dividindo
seusúltimosanosdevidaentreten-
tativas infrutíferas para construir
uma teoria que permitisse uma
descrição unificada dos fenôme-
nos gravitacionais e eletromagné-
ticos e uma profunda dedicação
a causas ligadas à paz e às liber-
dades civis.
O MOVIMENTO
BROWNIANO
ZIGUE-ZAGUE ERRÁTICO • Em 1827, o botânico
escocês Robert Brown (1773-1858) observou que
grãos de pólen na superfície da água, quando
observados no microscópio, apresentavam um
‘zigue-zague’ errático. O fenômeno passou a ser
conhecido como movimento browniano e, com
Einstein, se tornou uma evidência experimental
importante da existência de moléculas, assunto
ainda controverso no início do século passado.
ATRAVÉS DE UM MICROSCÓPIO • O artigo ‘Mo-
vimento de partículas em suspensão em um flui-
do em repouso como conseqüência da teoria
cinética molecular do calor’ – ou, simplesmente,
‘Movimento Browniano’, como é mais conhecido –
é um desdobramento da tese. Foi recebido para
publicação em 11 de maio. Nele, Einstein inferiu
que essa movimentação desordenada era ocasio-
nada pelos choques da partícula com as molécu-
las do fluido, invisíveis ao microscópio e agitadas
em razão de sua energia térmica, que é medida
pela temperatura. Einstein previu qual seria o
deslocamento médio da posição de cada partícu-
la, ocasionado pelas colisões com as moléculas
de água. Isso poderia ser medido com a ajuda de
ummicroscópio.
REALIDADE DE ÁTOMOS E MOLÉCULAS • Pou-
cos anos depois, com base nesse artigo, o físico
francês Jean Perrin (1870-1942) obteria os resul-
tados experimentais que dizimariam as dúvidas
sobre a realidade física dos átomos e das molé-
culas. Em 1913, Perrin declarou “a teoria atômica
triunfou”. Einstein terminou um segundo artigo
sobre o movimento browniano no final de 1905.
Ele foi recebido para publicação em 27 de dezem-
bro e só publicado no ano seguinte, também na
Annalen der Physik.
A EFEMÉRIDE
BERÇO, LIVRO E CHARUTO • Rua Kramgasse, 49, Berna, Suíça, 1905.
No segundo andar, fica um apartamento modestamente decorado, re-
flexo do baixo poder aquisitivo de seus moradores. Um varal com rou-
pas úmidas corta a sala. O inquilino, um técnico de 3a
classe do escri-
tório de patentes da cidade, embala com uma mão o berço de seu
filho e com a outra empunha um livro aberto. Na boca, um charu-
to de péssima qualidade, cuja fumaça se junta à fuligem que
verte do fogão.
ANO MIRACULOSO • Certamente, um ambiente pou-
co propício à prática da ciência. Mas foi nele,
há cem anos, que um jovem de 26 anos produziu –
nas horas vagas e isolado da comunidade científi-
ca – cinco artigos e uma tese de doutorado. Todos traba-
lhos de altíssimo nível. Eles mudariam para sempre a face da
física. Seu nome: Albert Einstein.Tamanho foi seu feito que 1905
ficou conhecido como Ano Miraculoso (Annus Mirabilis).
EINSTEIN HOJE
LASER E ÁTOMO GIGANTE • Os cerca de 300
trabalhos científicos de Einstein ajudaram a
aprofundar o conhecimento sobre a nature-
za da radiação (luz, por exemplo) e da maté-
ria. Alguns deles possibilitaram, por exem-
plo, a obtenção da luz laser, em 1960, e pre-
viram um fenômeno no qual um aglomerado
de átomos, a baixíssimas tempera-
turas, se comporta como
uma entidade única, como um
‘átomo gigante’. O chamado
condensado de Bose-Einstein foi
obtido pela primeira vez em 1995.
BURACOS NEGROS E ONDAS GRAVI-
TACIONAIS • Com base na teoria da re-
latividade geral, Einstein inaugurou, com um artigo
de 1917, a cosmologia moderna. Quanto aos bura-
cos negros – corpos cósmicos que sugam luz e ma-
téria com voracidade –, ele desconfiou de sua exis-
tência, apesar de terem sido previstos pela mesma
teoria. Hoje, com o acúmulo de evidências expe-
rimentaisindiretas,acredita-sequeesses‘raloscós-
micos’existam.Arealidadedasondasgravitacionais,
outra das previsões dessa teoria, é também tida
como certa. Supõe-se que sejam produzidas, por
exemplo, em colisões de buracos ne-
gros, explosões de estrelas ou por
corpos que giram em altíssima
velocidade, como os pulsares.
Experimentos já estão à caça
de mais esse fenômeno previsto pela
relatividade geral.
DIMENSÕES EXTRAS •Einstein nunca concordou
comamaioriadosfísicosquecriaramafísicaquân-
tica,poisestesviamasprobabilidadeseaincerteza
como características intrínsecas e irremovíveis do
mundo microscópico. Muitos consideram também
que Einstein se equivocou ao dedicar as duas dé-
cadas finais de sua vida à tentativa de unificar o
eletromagnetismo e a gravitação. Outros,
porém, alegam que ele, mais uma vez à
frente de seu tempo, estava adiantando
um campo teórico que só ganharia no-
toriedade e prestígio nestes úl-
timos anos: a busca de uma teo-
ria unificada. Hoje, as supercor-
das, teoria em que as partículas ele-
mentaressãotratadascomodiminutascor-
das vibrantes em vez de pontos sem dimensão,
são a melhor candidata para unificar boa parte
dos fenômenos da natureza. No entanto, as super-
cordas implicam dimensões espaciais extras e vá-
rias novas partículas elementares, ambas ainda
sem comprovação experimental.
NO MUNDO NANO • Einstein tem também seu
dedo no que talvez seja a maior contribuição cien-
tífica que a física e a química dos séculos 19 e
passado deram ao mundo: a prova de que a ma-
téria é composta por átomos e moléculas. Hoje,
esse conhecimento é a base, por exemplo, para a
nanociênciaeananotecnologia,queenglobampro-
jetar, manipular, produzir e montar artefatos
com dimensões atômicas e moleculares atra-
vés da integração da física, química, biologia,
engenharia e informática (ver, desta série,
‘Nanociência e Nanotecnologia – Modelando o fu-
turo átomo por átomo’).
Mileva e os filhos, Eduard e Hans
Berna,
Suíça
JILA/UNIVERSITYOFCOLORADOLIGOSCIENTIFICCOLLABORATION
FOTOLUCIENCHAVAN
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Ano Miraculoso de Einstein e os artigos que mudaram a física

  • 1. PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA Eduardo Campos SUBSECRETÁRIO DE COORDENAÇÃO DAS UNIDADES DE PESQUISA Avílio Antônio Franco DIRETOR DO CBPF Ricardo Magnus Osório Galvão EDITORES CIENTÍFICOS João dos Anjos (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/MCT) Ildeu de Castro Moreira (Instituto de Física/ Universidade Federal do Rio de Janeiro) APOIO FINANCEIRO Vitae REDAÇÃO E EDIÇÃO Cássio Leite Vieira PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO, INFOGRÁFICOS E TRATAMENTO DE IMAGEM Ampersand Comunicação Gráfica (ampersan@uol.com.br) CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS Rua Dr. Xavier Sigaud, 150 22290-180 - Rio de Janeiro - RJ Tel: (0xx21) 2141-7100 Fax: (0xx21) 2141-7400 Internet: http://www.cbpf.br Pararecebergratuitamentepelocorreioumexemplardestefolder,enviepedidocomseunome eendereçoparaiva@cbpf.br.Esteeoutroscincofolders,bemcomoarevistaCBPF–NaVanguar- dadaPesquisa,estãodisponíveisemformatoPDFemhttp://www.cbpf.br/Publicacoes.html Vitaenãocompartilhanecessariamentedosconceitoseopiniõesexpressosnestetrabalho, quesãodaexclusivaresponsabilidadedosautores. BRIAN, D. Einstein – A ciência da vida (Ática, São Paulo, 1998) CIÊNCIA & AMBIENTE. Einstein (Universidade Federal de Santa Maria, vol. 30, 2005) EINSTEIN, A. Teoria da relatividade especial e geral (Contraponto, Rio de Janeiro, 1999) EINSTEIN@HOME in World of Physics 2005 (www.physics2005.org) FRIEDMAN, A. e DONLEY, C. Einstein – As myth and muse (Cambridge University Press, Cambridge, 1990) FURTADO, F. e VIEIRA, C. L. ‘As visões de Einstein’ (entrevista com John Stachel) in Ciência Hoje (n. 214, abril de 2005) MOREIRA, I. C. ‘1905: O ano miraculoso’ in Ciência Hoje (vol. 36, n. 212, jan/fev 2005) MOREIRA, I. C. e VIDEIRA, A. A. P. (orgs.) Einstein e o Brasil (UFRJ, Rio de Janeiro, 1996) Fontes PAIS, A. Einstein viveu aqui (Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1997) PAIS, A. Sutil é o senhor – A ciência e a vida de Albert Einstein (Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1995) STACHEL, J. (ORG.) Ano Miraculoso de Einstein – cinco artigos que mudaram a face da física (Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 2001) SUJIMOTO, K. Albert Einstein – A photographic biography (Schocken Books, Nova York, 1989) TOLMASQUIM, A. Einstein – O viajante da relatividade na América do Sul (Vieira & Lent, Rio de Janeiro, 2004) WHITACKER, A. Einstein, Bohr and the Quantum Dilemma (Cambridge University Press, 1996) WHITROW, G. J. Einstein – The man and his achievement (Dover, Nova York, 1973) Sumário 2005 foi escolhido pela União Internacional de Física Pura e Aplicada como o Ano Mundial da Física – decisão, aliás, sancionada pela Organização das Nações Unidas a pedido do representante brasileiro nesse organismo. A razão é celebrar os cem anos dos trabalhos feitos por Albert Einstein em 1905. Naquele ano, ele ajudou a mostrar, por exemplo, que a matéria é formada por átomos, que massa e energia são grandezas equivalentes – através de sua famosa fórmula E = mc2 – e que a luz tem uma constituição corpuscular. Tantos trabalhos importantes e revolucionários em um só ano merecem, sem dúvida, ser lembrados sempre. Assim, aproveitamos este folder para falar um pouco desses trabalhos – que mudaram tão profundamente nossa visão do macro e microuniverso – e da vida de Einstein, certamente um dos maiores cientistas de todos os tempos. Damos, assim, prosseguimento às atividades de divulgação científica realizadas pelo CBPF, através desta série, que se destina ao público não especializado. Mais uma vez, esperamos que mais esta iniciativa sirva para despertar vocações entre os jovens estudantes. João dos Anjos COORDENADOR DO PROJETO DESAFIOS DA FÍSICA A EFEMÉRIDE Berço, livro e charuto Ano miraculoso O EFEITO FOTOELÉTRICO Elétrons que saltam Partículas de luz Idéia mais revolucionária A TESE O mais obscuro Água com açúcar O mais citado O MOVIMENTO BROWNIANO Zigue-zague errático Através de um microscópio Realidade de átomos e moléculas AnoMiraculosodeEinstein 100anosdapublicaçãodos artigosquemudaramafísica Ano Miraculoso de Einstein 100 anos da publicação dos artigos que mudaram a física ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A RELATIVIDADE Assombrados pelo éter Dois postulados Revisão radical E=mc2 Restrita A VIDA A infância A juventude Em Berna Em Berlim Em Princeton O CONTEXTO Criatividade e caminhos Fama mundial EINSTEIN HOJE Laser e átomo gigante Buracosnegros e ondas gravitacionais Dimensões extras No mundo nano Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas 2005
  • 2. A TESE O MAIS OBSCURO • ‘Uma nova determinação das dimensões moleculares’. Esse é o título do trabalho mais obscuro daquele ano, completado em 30 de abril. Com ele, Einstein obteve, em 15 de janeiro de 1906, o título de doutor pela Universidade de Zuri- que.Nessatese,Einsteinapre- sentou um novo método para determinar, entre outras grandezas, os raios de moléculas. A VIDA A INFÂNCIA • Einstein nasceu em 14 de março de 1879, uma sexta-feira, às 11h30 da manhã, em Ülm (sul da Alemanha). Foi o primeiro filho de Hermann (1847-1902) e Pauline Einstein (1858-1920) – dois anos depois, nasceria Maja (Maria, 1881-1951), sua irmã e último filho do casal. Em 1880, a família mu- dou-se para Munique, onde seu pai montou um pequeno negócio de produtos eletrome- cânicos. Einstein ingressou em uma escola católica da cidade, onde se mostrou um aluno tímido, porém aplicado. Mais tarde, foi estudar no Ginásio Luitpold, cujo método de ensino classificaria como “mili- tar”. Continuou a ser bom aluno, apesar de ter dificuldades com lín- guas, principalmente grego. O EFEITO FOTOELÉTRICO ELÉTRONS QUE SALTAM • Naquele início de sé- culo, o chamado efeito fotoelétrico – no qual a luz (radiação eletromagnética) arranca elétrons de certos metais – ainda intrigava os físicos. Abaixo de certa freqüência da luz incidente, por maior que fosse a intensidade luminosa, elétrons não conseguiam escapar do metal. Quando se aumen- tavaaintensidadedaradiação,esperava-se,como previa a teoria, que elétrons mais energéticos sal- tassem. Porém, notava-se apenas um aumento na quantidade de par- tículas ejetadas, todas dotadas da mesma energia. Porém, ao se au- mentar a freqüência da luz inci- dente – indo da luz visível para o ultravioleta, por exemplo –, os elétrons também se tornavam mais energéticos. A explicação para isso tudo escapava à físi- ca da época. PARTÍCULAS DE LUZ • Tenta- tivas teóricas já haviam sido feitas para solucionar a dis- paridade entre teoria e ex- perimento. Mas foi o artigo ‘Sobre um ponto de vista heurístico rela- tivo à produção e à transformação da luz’, de 17 de março – portanto, o primeiro concluído naque- le ano – que resolveu o problema. Nele, Einstein adotou uma hipótese aparentemente simples: a luz é formada por partículas, os quanta de luz, que passaram, em 1926, a ser chamados fótons. mento parecerá mais curto quando medido por al- guém parado na plataforma – esta é a chamada contração espacial; iii) o que parece simultâneo pa- ra um passageiro no vagão em movimento pode parecer não ter ocorrido ao mesmo tempo para uma pessoa na plataforma – este é o problema da si- multaneidade. No entanto, esses fenômenos só são significativos – e podem ser medidos – quando nosso vagão imaginário se aproxima da velo- cidade da luz no vácuo. Nas velocidades a que estamos acostumados no dia-a-dia, esses efeitos são imperceptíveis. E=MC2 • Em setembro de 1905, Eins- tein percebeu outras conseqüências dos dois postulados. Em um artigo de três páginas, com o titulo ‘A inér- cia de um corpo depende de seu con- teúdo energético?’, deduziu a fórmu- la mais famosa da ciência: E = mc2 . Ela indica que quantidades mínimas de massa (m) – no caso, multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado (c2 ) – podem gerar enormes quantida- des de energia (E). RESTRITA • Unidos, esses dois artigos passaram a ser denominados teoria da relatividade restrita – restrita, no caso, por lidarem apenas com situações em que os observadores não estão acelerados. Por fim, é preciso dizer que o matemático francês Henri Poincaré (1854-1912) e o físico holandês Hendrik Lorentz (1853-1928) já haviam deduzido muitas das expressões matemáticas contidas nos dois artigos e influenciaram fortemente o trabalho de Einstein. A JUVENTUDE • Em 1896, ma- triculou-se no curso de forma- ção de professores de matemá- tica e física da Escola Politécni- ca de Zurique – nessa época, renunciou à cidadania alemã. Na graduação, faltou a muitas aulas para estudar por conta própria e passou nos exames com ajuda das anotações de um colega de classe, Marcel Grossmann (1878-1936). Sua futura mulher, Mileva Maric (1875-1948), era sua colega de turma e parceira em discus- sões sobre física nesse período. EM BERNA • Depois de formado, Einstein deu aulas particulares para se manter, for- mando nesse período um grupo de discus- são sobre filosofia e ciência, a Academia Olímpia, com dois colegas. Em 1902, arrumou um emprego como técnico de 3a classe do Es- critório de Patentes em Berna. No ano seguin- te, casou-se com Mileva, com quem, pouco antes, havia tido uma filha, Lieserl, nascida no início de O CONTEXTO CRIATIVIDADE E CAMINHOS • Como um só homem, trabalhan- dodeformaaparentementeisola- da da comunidade científica de sua época, pôde chegar a tamanha produção e de tão alto nível em um só ano? Explicar a criatividade de Einstein e os caminhos que o levaram àqueles artigos é uma ta- refa complexa. É preciso levar em conta uma mul- titude de fatores pessoais e do contexto em que Einstein estava inserido. FAMA MUNDIAL • Em 1919, Einstein ganhou fa- ma mundial com a comprovação de uma das pre- visões da teoria da relatividade geral – o encurva- mento da luz nas proximidades do Sol – em um eclipse solar observado em Sobral (Ceará) e na Ilha de Príncipe, na costa oesteafricana. Omomen- to–finaldaPrimeiraGuer- ra Mundial, que havia assombrado o mundo – mostrou-se propício para que os trabalhos de Eins- tein se destacassem. Na década de 1920, Einstein, já famoso, fez grandes viagens pelo mundo. Em um delas, em 1925, visitou Argentina, Uruguai e pas- sou uma semana no Rio de Janeiro, em maio, onde fez palestras e passeou pela cidade. A energia da radiação vem, portanto, em pacotes (fótons).Comisso,oefeitofotoelétricoganhouuma explicação que podia ser testada experimental- mente: aumentar a intensidade da luz significa apenas aumentar o número de fótons de mesma energia que incidem sobre o metal. Aumentar a freqüência da luz torna os fótons mais energé- ticos, pois sua energia, pela proposta de Einstein, é proporcional à freqüência – e isso faz com que os elétrons ganhem mais energia nas colisões com os fótons que os ejetam. IDÉIA MAIS REVOLUCIONÁRIA • A idéia de que a luz tem natureza corpuscular foi classificada por Einsteincomoa“maisrevolucionária”de sua vida. Em 1915, o físico nor- te-americano Robert Millikan (1868-1953),aocontráriodoque pretendia inicialmente, chegou a resultados que confirmavam a previsão de Einstein sobre o efeito fotoelétrico. Foi principal- mente por essa previsão quan- titativamente correta que Einstein ganhou o Nobel de 1921 – o prêmio não cita ‘quanta de luz’, cuja rea- lidade era ainda controversa. Po- rém, as dúvidas começaram a ser dizimadas em 1923 com a descober- ta do efeito Compton – no qual a luz, ao se chocar contra um elétron, com- porta-se como um corpúsculo, perdendo energia – e com os experimentos conduzidos, dois anos depois, pelos físicos alemães Hans Geiger (1882- 1945) e Walther Bothe (1891-1957) e também com os resultados dos norte-americanos Arthur Compton (1892-1962) e Alfred Simon. A RELATIVIDADE ASSOMBRADOS PELO ÉTER • O som é uma onda (mecânica) e, portanto, precisa de um meio (gaso- so, líquido ou sólido) para se propagar. Raciocínio semelhante levou à hipótese de que era necessário um meio – que preencheria todo o espaço – para servir de suporte para a propagação da luz e das outras ondas eletromagnéticas. No final do século 19, o chamado éter, no entanto, passou a assombrar osfísicos,quenãoconseguiamdeterminarsuas propriedadesmecânicasenemmesmoomo- vimento da Terra em relação a ele. DOIS POSTULADOS • Recebido para publicação em 30 de junho, o artigo ‘Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento’ declararia a morte do éter com base em dois postula- dos: i) as leis da física são as mes- mas para observadores inerciais, ou seja, que se movem sem aceleração (princípio da relatividade); ii) a velo- cidade da luz no vácuo (cerca de 300 mil km/s) é sempre a mesma, indepen- dentemente de a fonte emissora estar parada ou em movimento, ou seja, a velo- cidade da luz é uma constante da natureza. REVISÃO RADICAL • A adoção desses dois postu- lados levou a uma revisão radical das noções sobre o espaço e o tempo. Em termos simples e com base em fenômenos do cotidiano, pode-se dizer que: i) o relógio de um passageiro dentro de um vagão em movimento andará mais devagar quando compara- do àquele da estação – esta é a chamada dilatação temporal; ii) o comprimento de um vagão em movi- AÇÚCAR COM ÁGUA • Einstein usou como mo- delo o açúcar dissolvido na água e obteve boa concordância com os dados experimentais dis- poníveis na época. Ele formulou um modo indi- reto que permitia estimar as dimensões de mo- léculas dissolvidas em um líquido, bastando, para isso, conhecer a viscosidade do líquido – no caso, antes e depois da dissolução do açúcar – e como as moléculas nele imersas se ‘espa- lham’ (difundem). O MAIS CITADO • Ainda em 1901, Einstein havia enviado à Universidade de Zurique outra tese, mas retirou-a, no ano seguinte, depois de ser alertado de que o trabalho poderia ser rejeitado pela falta de dados experimentais que compro- vassem seus resultados teóricos. A tese de 1905 se tornaria seu trabalho mais citado na literatura científica moderna. Razão: tem grande aplicação em outras áreas, da físico-química à construção civil, da indústria de alimentos à ecologia. 1902 e cujo destino hoje é desco- nhecido. O casal teria mais dois filhos: Hans Albert (1904-1973), que se tornaria um renomado en- genheiro hidráulico e um dos maiores especialistas em sedi- mentos do século passado, e Eduard (1910-1965), que, esqui- zofrênico, morreria em uma clíni- ca psiquiátrica na Suíça. EM BERLIM • Em 1909, Einstein pediu de- missão do Escritório de Patentes para se tor- nar professor de física teórica da Universi- dade de Zurique. Mais tarde – principalmen- te por questões financeiras –, transferiu-se para a Universidade Alemã de Praga para, pouco depois, voltar à Politécnica, onde um cargo de assistente havia sido negado a ele em 1900. Em 1913, recebeu convite para ser membro da prestigiosa Academia Prussiana de Ciências e professor da Universidade de Ber- lim. Em 1915, terminou a relatividade geral, uma extensão dos trabalhos de 1905 que continha uma nova teoria da gravitação. EM PRINCETON • Em 1932, aceitou proposta para trabalhar no recém-fundado Instituto de Es- tudos Avançados, em Princeton (Estados Unidos). Deixou a Alemanha por causa da ascensão do na- zismo – ao qual se opunha fortemen- te – e das perseguições aos judeus. Viveu em Princeton até sua morte, em 18 de abril de 1955, dividindo seusúltimosanosdevidaentreten- tativas infrutíferas para construir uma teoria que permitisse uma descrição unificada dos fenôme- nos gravitacionais e eletromagné- ticos e uma profunda dedicação a causas ligadas à paz e às liber- dades civis. O MOVIMENTO BROWNIANO ZIGUE-ZAGUE ERRÁTICO • Em 1827, o botânico escocês Robert Brown (1773-1858) observou que grãos de pólen na superfície da água, quando observados no microscópio, apresentavam um ‘zigue-zague’ errático. O fenômeno passou a ser conhecido como movimento browniano e, com Einstein, se tornou uma evidência experimental importante da existência de moléculas, assunto ainda controverso no início do século passado. ATRAVÉS DE UM MICROSCÓPIO • O artigo ‘Mo- vimento de partículas em suspensão em um flui- do em repouso como conseqüência da teoria cinética molecular do calor’ – ou, simplesmente, ‘Movimento Browniano’, como é mais conhecido – é um desdobramento da tese. Foi recebido para publicação em 11 de maio. Nele, Einstein inferiu que essa movimentação desordenada era ocasio- nada pelos choques da partícula com as molécu- las do fluido, invisíveis ao microscópio e agitadas em razão de sua energia térmica, que é medida pela temperatura. Einstein previu qual seria o deslocamento médio da posição de cada partícu- la, ocasionado pelas colisões com as moléculas de água. Isso poderia ser medido com a ajuda de ummicroscópio. REALIDADE DE ÁTOMOS E MOLÉCULAS • Pou- cos anos depois, com base nesse artigo, o físico francês Jean Perrin (1870-1942) obteria os resul- tados experimentais que dizimariam as dúvidas sobre a realidade física dos átomos e das molé- culas. Em 1913, Perrin declarou “a teoria atômica triunfou”. Einstein terminou um segundo artigo sobre o movimento browniano no final de 1905. Ele foi recebido para publicação em 27 de dezem- bro e só publicado no ano seguinte, também na Annalen der Physik. A EFEMÉRIDE BERÇO, LIVRO E CHARUTO • Rua Kramgasse, 49, Berna, Suíça, 1905. No segundo andar, fica um apartamento modestamente decorado, re- flexo do baixo poder aquisitivo de seus moradores. Um varal com rou- pas úmidas corta a sala. O inquilino, um técnico de 3a classe do escri- tório de patentes da cidade, embala com uma mão o berço de seu filho e com a outra empunha um livro aberto. Na boca, um charu- to de péssima qualidade, cuja fumaça se junta à fuligem que verte do fogão. ANO MIRACULOSO • Certamente, um ambiente pou- co propício à prática da ciência. Mas foi nele, há cem anos, que um jovem de 26 anos produziu – nas horas vagas e isolado da comunidade científi- ca – cinco artigos e uma tese de doutorado. Todos traba- lhos de altíssimo nível. Eles mudariam para sempre a face da física. Seu nome: Albert Einstein.Tamanho foi seu feito que 1905 ficou conhecido como Ano Miraculoso (Annus Mirabilis). EINSTEIN HOJE LASER E ÁTOMO GIGANTE • Os cerca de 300 trabalhos científicos de Einstein ajudaram a aprofundar o conhecimento sobre a nature- za da radiação (luz, por exemplo) e da maté- ria. Alguns deles possibilitaram, por exem- plo, a obtenção da luz laser, em 1960, e pre- viram um fenômeno no qual um aglomerado de átomos, a baixíssimas tempera- turas, se comporta como uma entidade única, como um ‘átomo gigante’. O chamado condensado de Bose-Einstein foi obtido pela primeira vez em 1995. BURACOS NEGROS E ONDAS GRAVI- TACIONAIS • Com base na teoria da re- latividade geral, Einstein inaugurou, com um artigo de 1917, a cosmologia moderna. Quanto aos bura- cos negros – corpos cósmicos que sugam luz e ma- téria com voracidade –, ele desconfiou de sua exis- tência, apesar de terem sido previstos pela mesma teoria. Hoje, com o acúmulo de evidências expe- rimentaisindiretas,acredita-sequeesses‘raloscós- micos’existam.Arealidadedasondasgravitacionais, outra das previsões dessa teoria, é também tida como certa. Supõe-se que sejam produzidas, por exemplo, em colisões de buracos ne- gros, explosões de estrelas ou por corpos que giram em altíssima velocidade, como os pulsares. Experimentos já estão à caça de mais esse fenômeno previsto pela relatividade geral. DIMENSÕES EXTRAS •Einstein nunca concordou comamaioriadosfísicosquecriaramafísicaquân- tica,poisestesviamasprobabilidadeseaincerteza como características intrínsecas e irremovíveis do mundo microscópico. Muitos consideram também que Einstein se equivocou ao dedicar as duas dé- cadas finais de sua vida à tentativa de unificar o eletromagnetismo e a gravitação. Outros, porém, alegam que ele, mais uma vez à frente de seu tempo, estava adiantando um campo teórico que só ganharia no- toriedade e prestígio nestes úl- timos anos: a busca de uma teo- ria unificada. Hoje, as supercor- das, teoria em que as partículas ele- mentaressãotratadascomodiminutascor- das vibrantes em vez de pontos sem dimensão, são a melhor candidata para unificar boa parte dos fenômenos da natureza. No entanto, as super- cordas implicam dimensões espaciais extras e vá- rias novas partículas elementares, ambas ainda sem comprovação experimental. NO MUNDO NANO • Einstein tem também seu dedo no que talvez seja a maior contribuição cien- tífica que a física e a química dos séculos 19 e passado deram ao mundo: a prova de que a ma- téria é composta por átomos e moléculas. Hoje, esse conhecimento é a base, por exemplo, para a nanociênciaeananotecnologia,queenglobampro- jetar, manipular, produzir e montar artefatos com dimensões atômicas e moleculares atra- vés da integração da física, química, biologia, engenharia e informática (ver, desta série, ‘Nanociência e Nanotecnologia – Modelando o fu- turo átomo por átomo’). Mileva e os filhos, Eduard e Hans Berna, Suíça JILA/UNIVERSITYOFCOLORADOLIGOSCIENTIFICCOLLABORATION FOTOLUCIENCHAVAN FOTOSEINSTEINARCHIVES