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Desafios da Física, bem como a revista CBPF – Na Vanguarda da Pesquisa, estão
disponíveis em formato PDF em http://www.cbpf.br/Publicacoes.html
Vitae não compartilha necessariamente dos conceitos e opiniões expressos nes-
te trabalho, que são da exclusiva responsabilidade dos autores. BRYSON, B. Uma breve historia de quase tudo
(Companhia das Letras,,,,, São Paulo, 2005)
EL-HANI, C. N. e VIDEIRA, A. A. P. (org.)
O que é vida? – Para entender a biologia do século
XXI (Relume Dumará, Rio de Janeiro, 2000)
HUNTER, G. K. Vital forces – The discovery
of the molecular basis of life
(Academic Press, Nova York, 2000)
Sugestõesparaleitura
PALHETA, F. C. e BRITO, L. P. Biofísica do corpo humano.
Disponível em www.ufpa.br/ccen/fisica/biofisica/index.html
SCHRÖDINGER. E. O que é vida? (Editora Unesp,
São Paulo, 1997)
SILVA, S. C. da e GONZÁLEZ, F. H. D. Aulas virtuais
de bioquímica e biologia molecular (UFRGS).
Disponível em www6.ufrgs.br/bioquimica/
VOLKENSHTEIN, M. V. Biofísica (Mir, Moscou, 1985)
Sumário
Q
uem nunca se perguntou a razão de existirmos? Afinal, se a tendência é
sempre aumentar a entropia ou a desordem no universo, como justificar o
aparecimento de sistemas ordenados e altamente complexos, que levaram à
criação de formas de vida tão diversas? Para muitos, isso só pode ser explicado pela
existência de uma força divina, acima da natureza e que tudo teria criado. Não cabe à
ciência discutir essa questão, mas tentar entender a natureza, os mecanismos e os
processos envolvidos na evolução do universo, que, partindo de um amontoado de
partículas elementares há cerca de 14 bilhões de anos, levaram à formação de estrelas,
planetas e, finalmente, ao surgimento de formas de vida altamente organizadas e com-
plexas que conhecemos hoje.
Nos últimos 50 anos, um grande progresso foi realizado no estudo dos seres vivos,
graças a técnicas que permitiram examinar os sistemas biológicos na escala atômica e
molecular, possibilitando entender os processos químicos e físicos que governam as
trocas dos sistemas biológicos com o mundo exterior. Desse cenário, surgiu uma nova
ciência, a biofísica, que atua na fronteira entre a biologia e a física.
É disso que vamos falar neste folder, fazendo uma reflexão sobre esse fascinante tema
que é a vida e os processos que a caracterizam.
João dos Anjos
COORDENADOR DO PROJETO DESAFIOS DA FÍSICA
A BIOLOGIA E A FÍSICA
Élan vital
Domínio da física
Dois enfoques
ENTROPIA E VIDA
Trocas com o meio
Ainda sem definição
Conceito revolucionário
Desordem máxima
Preto no branco
Flecha do tempo
EVOLUÇÃOPOR
SELEÇÃO NATURAL
Semelhante, mas não igual
ESCALAS DA BIOFÍSICA
Do molecular ao cosmológico
Micro, meso e macro
Instrumentos e equipamentos
COMPLEXIDADE
Quatro átomos de ferro
Ferramentas para
macromoléculas
Canais de passagem
Biofísica
Duasvisõesdavida
Biofísica
Duas visões da vida
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O DNA E O
CÓDIGO GENÉTICO
Molécula da vida
Quatro bases
Pontes de hidrogênio
Hélices idênticas
Sutilezas desconhecidas
DETECTORES BIOLÓGICOS
Migrar é preciso
Perguntas sem resposta
Otimizados pela natureza
NEURÔNIOS
Espalhados pelo corpo
Substâncias liberadas
Computador biológico
APLICAÇÕES
Técnicas, drogas e terapias
VIDAEXTRATERRESTRE
Além da imaginação
Vida fora da Terra?
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
2006
A BIOLOGIA E A FÍSICA
ÉLAN VITAL • Uma das mais importantes desco-
bertas da ciência moderna tem um aparente sa-
bor de negação que, no entanto, introduziu um
novo desafio diante da perplexidade que a natu-
reza oferece: não há substância vital ou elemento
primário que sejam particulares à vida. A procura
desse élan vital, que mobilizou muitos alquimis-
tas, mostrou-se infrutífera. A vida é uma manifes-
tação de uma forma sutil de organização de ele-
mentos encontrados no mundo inorgânico.
DOMÍNIO DA FÍSICA • A vida é, portanto, organi-
zação que possibilita processos de transforma-
ção (metabólicos) e de reprodução. E, nesse sen-
tido, ela é um assunto a ser tratado na escala mi-
croscópica.Esseé,porém,odomíniodafísica,pois
os fenômenos que acontecem nesse âmbito são
dominadosporinteraçõesquefogemànossaexpe-
riência cotidiana. Aí entra em cena a mecânica
quântica, teoria que descreve a natureza nas di-
mensões moleculares, atômicas e subatômicas.
No entanto, o fenômeno conhecido como vida con-
tinua sem explicação.
DOIS ENFOQUES • Ao analisar um organismo, o
biólogo estará interessado em descrever sua es-
trutura, fisiologia e suas partes, bem como qual
a função de cada uma delas. Já o físico tentará
entender como é a interação das forças em cada
uma dessas partes, para que o organismo consi-
ga realizar suas funções. E, num nível mais pro-
fundo, quais forças motivam o funcionamento
fisiológico e anatômico do organismo.
ENTROPIA E VIDA
TROCAS COM O MEIO • A vida é um fenômeno
que ocorre em sistemas abertos. Portanto, todos
os seres vivos mantêm uma intensa atividade de
trocadeenergia,matériaeinformaçãocomomeio
externo, o que torna difícil definir uma fronteira
clara. Uma das mais interessantes características
dos seres vivos é sua complexidade. Desde as
bactérias, com apenas alguns micrômetros de diâ-
metro (cerca de um milésimo de milímetro), até
seres complexos, como o Homo sapiens, todos os
seres vivos são compostos por moléculas de alto
grau de complexidade. Forma e função caminham
juntas, e parece que essa estreita relação é uma
exigência que garante a manutenção da vida.
AINDA SEM DEFINIÇÃO • Os seres vivos se carac-
terizam pela capacidade de manter suas funções,
apesar de estarem em constante troca com o meio
em volta deles. Átomos são trocados permanen-
ESCALAS DA BIOFÍSICA
DO MOLECULAR AO COSMOLÓGICO • Os siste-
mas que a biologia estuda têm diferentes níveis
(ou escalas):
i) na escala molecular (da ordem de 10-10
m,
ou seja, algo menor que um milionésimo de
milímetro), a biofísica estuda como as mo-
léculas se organizam e como a composição
delas permite o funcionamento de estruturas
ou dos seres vivos;
ii) nas escalas de 10-8
m a 10-6
m (objetos menores
que um milésimo do milímetro), a biofísica estu-
da o comportamento de aglomerados orga-
nizados, formados por diferentes molé-
culas, apresentando o que se pode cha-
mar de vida, como no caso dos vírus ou
das bactérias e dos protozoários;
iii) aumentando a escala, na ordem de
10-4
m a 10-2
m (de décimos de milímetro a
centímetros), são estudadas as estruturas
formadas por células com igual
funcionamento (órgãos) ou
aglomerados de micror-
ganismos, num nível de
organização ainda não
compreendido;
iv) na escala acima de
10-1
m (10 cm), diferentes
formas de vida são estu-
dadas, suas inter-relações
com o meio e as interações com outras formas de
vida. Mesmo nas escalas cosmológicas (maiores
que 106
m ou mil km), a biofísica tenta entender
como seria a vida se ela existisse fora da Terra,
bem como a influência de fatores planetários
no desenvolvimento e na adaptação da vida
terrestre.
MICRO, MESO E MACRO • Para cada es-
cala, há modelos que permitem analisar a
interação entre as estruturas e os sistemas.
Diferentes modelos podem ser usados para
entender o que acontece nas diferentes escalas:
nas escalas microscópicas, sabemos que estamos
na região da mecânica quântica; nas escalas
intermediárias, é preciso empregar uma teo-
ria que contenha tanto elementos da me-
cânica quântica quanto da física dos fe-
nômenosmacroscópicos(amecânicaclás-
sica ou newtoniana); nas escalas ma-
croscópicas, estamos nos domínios da
mecânicaclássica.
INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS • Os
diferentes equipamentos desenvolvidos para es-
tudar sistemas físicos têm sido aplicados ao estudo
daqueles na biologia. Exemplos desses equipa-
mentos:osmicroscópioseletrônicos,quenospos-
sibilitam ver a matéria em escalas diminutas;
a ressonância magnética nuclear, que também
é largamente empregada como aparelho de
diagnóstico na medicina; os magnetômetros
Squid, detectores extremamente sensíveis; os
difratômetros de raios X, uma das mais poderosas
ferramentas para a análise de materiais.
temente, de forma que um indivíduo não é uma co-
leçãoconstantedeles,nemdemoléculas.Háumfluxo
permanente de energia e informação. Com isso, o or-
ganismo consegue manter sua organização e, em
troca,desorganizaomeioemquevive.
CONCEITO REVOLUCIONÁRIO • A termodinâmi-
ca estuda as características macroscópicas (volu-
me, pressão, temperatura etc.) de um sistema, sem
se importar com o comportamento das partes que
o compõe. Quando estas são levadas em conside-
ração, essa área da física tem que ser estudada atra-
vés da mecânica estatística. E é aqui que surge um
dos conceitos mais revolucionários da física: o da
entropia.
DESORDEM MÁXIMA • Todo sistema físico sempre
evolui, espontaneamente, para situações de máxima
entropia. Essa é conhecida como a segunda lei da
termodinâmica. Porém, ela só é valida para sistema
fechados, ou seja, que não trocam energia, matéria
e informação com o meio.
PRETO NO BRANCO • Todo sistema natural, quando
deixado livre, evolui para um estado de máxima de-
sordem,correspondenteaumaentropiamáxima.De-
sordem, porém, é entendida aqui como a falta de
localização espacial. Por exemplo, abra uma lata de
tinta branca e pingue sobre ela uma gota de tinta
preta.Inicialmente,épossívellocalizarespacialmente
a gota, ou seja, apontar com precisão onde ela está,
pois o sistema ainda está organizado (ou com baixo
grau de desordem). Passado muito tempo, a gota
terá se espalhado de tal modo que fica impossível
localizá-la ou mesmo reconhecer que ela esteve ali.
Aumentou a desordem (ou a entropia) do sistema.
FLECHA DO TEMPO • O conceito de entropia contri-
bui para a compreensão de um dos maiores misté-
rios do universo: o tempo nunca volta ao passado. E
isso está relacionado como o fato de a entropia sem-
pre crescer em um sistema fechado. Assim, em um
processo qualquer, se a entropia de uma das partes
dosistemadiminuir,necessariamentehaveráaumen-
to dela em outras partes. Esse fato (ou seja, o siste-
ma sempre evoluir rumo a um grau maior de desor-
dem) nos define o sentido da flecha do tempo.
O DNA E O
CÓDIGO GENÉTICO
MOLÉCULA DA VIDA • Todos os seres vivos têm
uma molécula, o ácido desoxirribonucléico (DNA),
muito extensa (pode atingir, se esticada, mais de
um metro de comprimento), composta por duas fi-
tas que se juntam formando uma dupla hélice. Po-
demos imaginá-la também com o formato de uma
escada retorcida. Essa estrutura complexa é funda-
mental para a perpetuação da vida.
QUATRO BASES • Cada uma das duas fitas do DNA
é constituída por quatro bases: adenina (A),
timina (T), guanina (G) e citosina (C). Essas
bases nitrogenadas (assim chamadas por
conteremnitrogênioemsuacomposição)se
ligam a uma molécula de açúcar (desoxir-
ribose) e a um grupo de átomos que con-
tém o elemento químico fósforo, formando
o chamado nucleotídeo. Caso imaginemos
a molécula de DNA como uma escada, as
laterais dela seriam formadas pela
desoxirribose e pelo grupo fosfato. Já os
degraus seriam feitos pela ligação entre
duas bases nitrogenadas.
PONTES DE HIDROGÊNIO • A ligação en-
tre os nucleotídeos de uma fita é extre-
mamente forte, enquanto a ligação entre
as bases de duas fitas é fraca, feita atra-
vés das chamadas pontes de hidrogênio,
a mesma ligação química responsável por
manter unidas as moléculas de água no estado lí-
quido e sólido. Só é possível a ligação entre deter-
minadas bases: A liga-se à base T, enquanto a G só
pode se ligar à C. Ligações entre as bases A e T, por
exemplo, não ocorrem.
HÉLICES IDÊNTICAS • Durante o ciclo de vida de
uma célula, o DNA passa por uma divisão. As liga-
ções entre as fitas são desfeitas (como se os de-
graus da escada fossem cerrados ao meio) através
da participação de outras moléculas (enzimas ex-
tremamente especializadas) que ajudam na divi-
são e se recombinam de forma a produzir duas hé-
lices duplas idênticas à original. Esse processo é de
uma complexidade extrema, e pouco se conhece
sobre os diversos mecanismos envolvidos.
SUTILEZAS DESCONHECIDAS • O DNA
tem um código que fornece à célula a in-
formação necessária para a fabricação de
proteínas e de outras moléculas essenciais para
o metabolismo. Essa informação deve ser pre-
servada no novo organismo para garantir
sua sobrevivência. O processo é elabo-
rado e exige a participação de várias
outras moléculas – ácido ribonucléico
(RNA), ácido ribonucléico mensageiro (RNAm),
enzimas, proteínas etc. – que ‘aceleram’ (ca-
talisam) as reações e facilitam a reprodução.
Mas o processo em si, com todas suas
sutilezas, permanece desconhecido.
NEURÔNIOS
ESPALHADOS PELO CORPO •
Um dos desafios mais intri-
gantes na biofísica é a ques-
tão da memória. Sabemos
que temos vários bilhões de
neurônios, além de outras cé-
lulas localizadas no cérebro
(as células gliais, por exemplo). Os neurônios, por
sua vez, estão espalhados pelo corpo (com maior
concentração no cérebro) e são responsáveis, em
parte, pela transmissão de estímulos sensoriais.
SUBSTÂNCIAS LIBERADAS • Um neurônio é cons-
tituído por um corpo celular, dendritos (‘ramifica-
ções’ que partem desse corpo) e uma ‘cauda’ (ex-
tensão), o axônio. Quando estimulado, ele produz
uma diferença de potencial que gera uma tênue
corrente elétrica. Esse estímulo elétrico se pro-
paga e permite que ele libere substâncias espe-
cíficas (neurotransmissores) que fazem o contato
dele com neurônios vizinhos, formando sinapses.
Esse conjunto de células interligadas forma uma
rede que mantém semelhança com redes de sis-
temas físicos.
COMPUTADOR BIOLÓGICO • Não se sabe como,
mas a rede de neurônios tem a capacidade de
gerar informação. Temos lembranças graças a
esse complexo sistema de células. O estudo do
cérebro e de suas redes (redes neurais) tem con-
tribuído para o desenvolvimento de sistemas de
informação que podem levar a um computador
biológico.
APLICAÇÕES
TÉCNICAS, DROGAS E TERAPIAS • A biofísica tem levado ao desenvolvimento de técnicas de diagnós-
tico como a tomografia ou a ressonância magnética nuclear, bem como à produção de drogas ou à
descoberta de substâncias que podem ser assimiladas pelo organismo, auxiliando na cura de doenças.
Novas terapias, como a hipertermia magnética (aumento da temperatura corporal com a ajuda da
VIDA EXTRATERRESTRE
ALÉM DA IMAGINAÇÃO • A enorme extensão
de nossa galáxia, a Via Láctea, com mais de
100 mil anos-luz de diâmetro e aproximadamen-
te 1011
estrelas, pode abrigar outros sistemas
planetários em que a estrela é semelhante ao
Sol e onde há possibilidade de existir vida em
diferentes formas.
VIDA FORA DA TERRA? • Como dizer que não
exista vida fora da Terra? Mesmo que ela tenha
se desenvolvido em sistemas semelhantes ao
nosso, talvez o Homo sapiens esteja condena-
do a desconhecê-la. As dimensões que nos se-
param de qualquer outro desses possíveis sis-
temas planetários são tão grandes que a infor-
mação levaria mais tempo para chegar a nós do
aquele destinado à nossa permanência na Ter-
ra. Eis aí, portanto, outro dos grandes desafios
da física na biologia: a procura de vida extra-
terrestre.
COMPLEXIDADE
QUATRO ÁTOMOS DE FERRO • As moléculas que
participam da vida são complexas. A hemoglobina,
por exemplo, é uma proteína presente nas células
vermelhas do sangue de animais e tem mais de 8
mil átomos. Nela, encontram-se só quatro átomos
de ferro, localizados em posições estratégicas e
que são capazes de capturar oxigênio nos pulmões
e liberá-lo para o tecido, mantendo as células vi-
vas. Os mecanismos de captura
e liberação são extremamen-
te complexos, e verifica-se
que há uma cooperação en-
tre os átomos de ferro da
hemoglobina.Essaproprie-
dade está associada à ge-
ometria da molécula que,
em última análise, é defini-
da pelos tipos de ligações
atômicas.
FERRAMENTAS PARA MACROMOLÉCULAS •
O estudo da estrutura de uma macromolécula, co-
mo a das proteínas, baseia-se nas leis da mecâ-
nica quântica, do eletromagnetismo e da mecâni-
ca clássica. As ferramentas usadas para estudar
esse tipo de biomolécula (como a difração de raios
X, a ressonância magnética nuclear e a ressonância
paramagnética eletrônica) foram desenvolvidas
pela física.
CANAIS DE PASSAGEM • As células que consti-
tuem um organismo são limitadas por uma mem-
brana na qual se encontram proteínas que
formam canais que permitem a passa-
gem de determinados elementos e
bloqueiam a entrada de outros. As
membranas são compostas por uma
camada dupla de moléculas bipolares,
nas quais uma das extremidades se
afasta da água, ou seja, é hidrofóbica.
Oestudodasligaçõesmolecularesque
permitem manter estável a membrana
é um dos temas importantes da biofísica.
para a preservação de espécies. Como esses or-
ganismos conseguem detectar e elaborar a infor-
mação desses fatores? Como funciona o relógio bio-
lógico? São perguntas ainda sem resposta.
OTIMIZADOS PELA NATUREZA • A física tem de-
senvolvido sistemas de detecção que nos permi-
tem compreender o funcionamento daqueles que
a própria natureza já se encarregou de fabricar
em diversos seres vivos. Assim, animais têm
detectores de luz mais sofisticados que os cons-
truídos pelo homem, bem como detectores de subs-
tâncias químicas mais sensíveis que os mais mo-
dernos equipamentos de análise de materiais. Os
peixes da família dos elasmobrânquios, como o tu-
barão e a raia, são capazes de detectar campos
magnéticos. Tubarões brancos podem sentir um
campo elétrico até 20 mil vezes menor que 1 volt,
equivalente ao da batida do coração de um peixe.
E, assim, há outros exemplos de detectores que
têm analogia com aparelhos já desenvolvidos pela
ciência, porém com dimensões e sensibilidade
otimizadas pela natureza.
DETECTORES BIOLÓGICOS
MIGRAR É PRECISO • Todos os seres vivos estão
em permanente contato com o meio externo (ou se-
ja, com todo o espaço além da membrana) e são
capazes de perceber pequenas mudanças desse
ambiente, uma vez que eles mesmos são parte
dele. Muitos animais mudam periodicamente seus
locais de moradia, num processo conhecido como
migração. Assim, por exemplo, as andorinhas, os
salmões,osmacacos,asformigas,asborboletas,os
albatrozes migram, às vezes, milhares de quilô-
metros. A migração é fundamental para a preser-
vação da espécie.
PERGUNTAS SEM RESPOSTA • Como, porém, os
indivíduos sabem a hora de iniciar a jornada ou a
rota? O Sol, a Lua, as estrelas, o campo magnético
terrestre desempenham papel importante. A pola-
rização da luz (ou seja, o plano em que ela vibra)
também é um fator usado para a orientação. Enfim,
os fatores físicos do meio são elementos essenciais
EVOLUÇÃO POR
SELEÇÃO NATURAL
SEMELHANTE, MAS NÃO IGUAL • Os seres vivos
têm a capacidade de se reproduzir. Bactérias, por
exemplo, após certo tempo, dividem-se, originando
duas novas bactérias semelhantes, mas não comple-
tamente idênticas à ‘mãe’. Em organismos mais
complexos, como animais ou plantas, a reprodução é
um processo mais elaborado. O importante é com-
preender que o novo indivíduo é semelhante ao que
lhe deu origem, mas nunca exatamente igual. Essa
pequena diferença é que permite a adaptação ao
novo meio, alterado pela presença de organismos
que viveram anteriormente nele. É esse mecanismo
que permite uma evolução por seleção natural,
pois, a cada geração, novos organismos surgem, e
aqueles que têm maior capacidade de adaptação
poderão se proliferar.
aplicação no paciente de campo e compostos
magnéticos) ou a deposição de drogas com o
auxílio de nanopartículas magnéticas, têm se
mostrado eficientes.

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  • 1. PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA Sergio Machado Rezende SUBSECRETÁRIO DE COORDENAÇÃO DAS UNIDADES DE PESQUISA Avílio Antônio Franco DIRETOR DO CBPF Ricardo Magnus Osório Galvão REDAÇÃO E EDIÇÃO CIENTÍFICA Henrique Lins de Barros (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas / MCT) Daniel Acosta Avalos (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas / MCT) APOIO FINANCEIRO Vitae EDIÇÃO DE TEXTO Cássio Leite Vieira PROJETO GRÁFICO Ampersand Comunicação Gráfica (www.amperdesign.com.br) CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS Rua Dr. Xavier Sigaud, 150 22290-180 - Rio de Janeiro - RJ Tel: (0xx21) 2141-7100 Fax: (0xx21) 2141-7400 Internet: http://www.cbpf.br Para receber gratuitamente pelo correio um exemplar deste folder, envie pedido com seu nome e endereço para ncs_cbpf@cbpf.br. Este e outros folders da série Desafios da Física, bem como a revista CBPF – Na Vanguarda da Pesquisa, estão disponíveis em formato PDF em http://www.cbpf.br/Publicacoes.html Vitae não compartilha necessariamente dos conceitos e opiniões expressos nes- te trabalho, que são da exclusiva responsabilidade dos autores. BRYSON, B. Uma breve historia de quase tudo (Companhia das Letras,,,,, São Paulo, 2005) EL-HANI, C. N. e VIDEIRA, A. A. P. (org.) O que é vida? – Para entender a biologia do século XXI (Relume Dumará, Rio de Janeiro, 2000) HUNTER, G. K. Vital forces – The discovery of the molecular basis of life (Academic Press, Nova York, 2000) Sugestõesparaleitura PALHETA, F. C. e BRITO, L. P. Biofísica do corpo humano. Disponível em www.ufpa.br/ccen/fisica/biofisica/index.html SCHRÖDINGER. E. O que é vida? (Editora Unesp, São Paulo, 1997) SILVA, S. C. da e GONZÁLEZ, F. H. D. Aulas virtuais de bioquímica e biologia molecular (UFRGS). Disponível em www6.ufrgs.br/bioquimica/ VOLKENSHTEIN, M. V. Biofísica (Mir, Moscou, 1985) Sumário Q uem nunca se perguntou a razão de existirmos? Afinal, se a tendência é sempre aumentar a entropia ou a desordem no universo, como justificar o aparecimento de sistemas ordenados e altamente complexos, que levaram à criação de formas de vida tão diversas? Para muitos, isso só pode ser explicado pela existência de uma força divina, acima da natureza e que tudo teria criado. Não cabe à ciência discutir essa questão, mas tentar entender a natureza, os mecanismos e os processos envolvidos na evolução do universo, que, partindo de um amontoado de partículas elementares há cerca de 14 bilhões de anos, levaram à formação de estrelas, planetas e, finalmente, ao surgimento de formas de vida altamente organizadas e com- plexas que conhecemos hoje. Nos últimos 50 anos, um grande progresso foi realizado no estudo dos seres vivos, graças a técnicas que permitiram examinar os sistemas biológicos na escala atômica e molecular, possibilitando entender os processos químicos e físicos que governam as trocas dos sistemas biológicos com o mundo exterior. Desse cenário, surgiu uma nova ciência, a biofísica, que atua na fronteira entre a biologia e a física. É disso que vamos falar neste folder, fazendo uma reflexão sobre esse fascinante tema que é a vida e os processos que a caracterizam. João dos Anjos COORDENADOR DO PROJETO DESAFIOS DA FÍSICA A BIOLOGIA E A FÍSICA Élan vital Domínio da física Dois enfoques ENTROPIA E VIDA Trocas com o meio Ainda sem definição Conceito revolucionário Desordem máxima Preto no branco Flecha do tempo EVOLUÇÃOPOR SELEÇÃO NATURAL Semelhante, mas não igual ESCALAS DA BIOFÍSICA Do molecular ao cosmológico Micro, meso e macro Instrumentos e equipamentos COMPLEXIDADE Quatro átomos de ferro Ferramentas para macromoléculas Canais de passagem Biofísica Duasvisõesdavida Biofísica Duas visões da vida ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O DNA E O CÓDIGO GENÉTICO Molécula da vida Quatro bases Pontes de hidrogênio Hélices idênticas Sutilezas desconhecidas DETECTORES BIOLÓGICOS Migrar é preciso Perguntas sem resposta Otimizados pela natureza NEURÔNIOS Espalhados pelo corpo Substâncias liberadas Computador biológico APLICAÇÕES Técnicas, drogas e terapias VIDAEXTRATERRESTRE Além da imaginação Vida fora da Terra? Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas 2006
  • 2. A BIOLOGIA E A FÍSICA ÉLAN VITAL • Uma das mais importantes desco- bertas da ciência moderna tem um aparente sa- bor de negação que, no entanto, introduziu um novo desafio diante da perplexidade que a natu- reza oferece: não há substância vital ou elemento primário que sejam particulares à vida. A procura desse élan vital, que mobilizou muitos alquimis- tas, mostrou-se infrutífera. A vida é uma manifes- tação de uma forma sutil de organização de ele- mentos encontrados no mundo inorgânico. DOMÍNIO DA FÍSICA • A vida é, portanto, organi- zação que possibilita processos de transforma- ção (metabólicos) e de reprodução. E, nesse sen- tido, ela é um assunto a ser tratado na escala mi- croscópica.Esseé,porém,odomíniodafísica,pois os fenômenos que acontecem nesse âmbito são dominadosporinteraçõesquefogemànossaexpe- riência cotidiana. Aí entra em cena a mecânica quântica, teoria que descreve a natureza nas di- mensões moleculares, atômicas e subatômicas. No entanto, o fenômeno conhecido como vida con- tinua sem explicação. DOIS ENFOQUES • Ao analisar um organismo, o biólogo estará interessado em descrever sua es- trutura, fisiologia e suas partes, bem como qual a função de cada uma delas. Já o físico tentará entender como é a interação das forças em cada uma dessas partes, para que o organismo consi- ga realizar suas funções. E, num nível mais pro- fundo, quais forças motivam o funcionamento fisiológico e anatômico do organismo. ENTROPIA E VIDA TROCAS COM O MEIO • A vida é um fenômeno que ocorre em sistemas abertos. Portanto, todos os seres vivos mantêm uma intensa atividade de trocadeenergia,matériaeinformaçãocomomeio externo, o que torna difícil definir uma fronteira clara. Uma das mais interessantes características dos seres vivos é sua complexidade. Desde as bactérias, com apenas alguns micrômetros de diâ- metro (cerca de um milésimo de milímetro), até seres complexos, como o Homo sapiens, todos os seres vivos são compostos por moléculas de alto grau de complexidade. Forma e função caminham juntas, e parece que essa estreita relação é uma exigência que garante a manutenção da vida. AINDA SEM DEFINIÇÃO • Os seres vivos se carac- terizam pela capacidade de manter suas funções, apesar de estarem em constante troca com o meio em volta deles. Átomos são trocados permanen- ESCALAS DA BIOFÍSICA DO MOLECULAR AO COSMOLÓGICO • Os siste- mas que a biologia estuda têm diferentes níveis (ou escalas): i) na escala molecular (da ordem de 10-10 m, ou seja, algo menor que um milionésimo de milímetro), a biofísica estuda como as mo- léculas se organizam e como a composição delas permite o funcionamento de estruturas ou dos seres vivos; ii) nas escalas de 10-8 m a 10-6 m (objetos menores que um milésimo do milímetro), a biofísica estu- da o comportamento de aglomerados orga- nizados, formados por diferentes molé- culas, apresentando o que se pode cha- mar de vida, como no caso dos vírus ou das bactérias e dos protozoários; iii) aumentando a escala, na ordem de 10-4 m a 10-2 m (de décimos de milímetro a centímetros), são estudadas as estruturas formadas por células com igual funcionamento (órgãos) ou aglomerados de micror- ganismos, num nível de organização ainda não compreendido; iv) na escala acima de 10-1 m (10 cm), diferentes formas de vida são estu- dadas, suas inter-relações com o meio e as interações com outras formas de vida. Mesmo nas escalas cosmológicas (maiores que 106 m ou mil km), a biofísica tenta entender como seria a vida se ela existisse fora da Terra, bem como a influência de fatores planetários no desenvolvimento e na adaptação da vida terrestre. MICRO, MESO E MACRO • Para cada es- cala, há modelos que permitem analisar a interação entre as estruturas e os sistemas. Diferentes modelos podem ser usados para entender o que acontece nas diferentes escalas: nas escalas microscópicas, sabemos que estamos na região da mecânica quântica; nas escalas intermediárias, é preciso empregar uma teo- ria que contenha tanto elementos da me- cânica quântica quanto da física dos fe- nômenosmacroscópicos(amecânicaclás- sica ou newtoniana); nas escalas ma- croscópicas, estamos nos domínios da mecânicaclássica. INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS • Os diferentes equipamentos desenvolvidos para es- tudar sistemas físicos têm sido aplicados ao estudo daqueles na biologia. Exemplos desses equipa- mentos:osmicroscópioseletrônicos,quenospos- sibilitam ver a matéria em escalas diminutas; a ressonância magnética nuclear, que também é largamente empregada como aparelho de diagnóstico na medicina; os magnetômetros Squid, detectores extremamente sensíveis; os difratômetros de raios X, uma das mais poderosas ferramentas para a análise de materiais. temente, de forma que um indivíduo não é uma co- leçãoconstantedeles,nemdemoléculas.Háumfluxo permanente de energia e informação. Com isso, o or- ganismo consegue manter sua organização e, em troca,desorganizaomeioemquevive. CONCEITO REVOLUCIONÁRIO • A termodinâmi- ca estuda as características macroscópicas (volu- me, pressão, temperatura etc.) de um sistema, sem se importar com o comportamento das partes que o compõe. Quando estas são levadas em conside- ração, essa área da física tem que ser estudada atra- vés da mecânica estatística. E é aqui que surge um dos conceitos mais revolucionários da física: o da entropia. DESORDEM MÁXIMA • Todo sistema físico sempre evolui, espontaneamente, para situações de máxima entropia. Essa é conhecida como a segunda lei da termodinâmica. Porém, ela só é valida para sistema fechados, ou seja, que não trocam energia, matéria e informação com o meio. PRETO NO BRANCO • Todo sistema natural, quando deixado livre, evolui para um estado de máxima de- sordem,correspondenteaumaentropiamáxima.De- sordem, porém, é entendida aqui como a falta de localização espacial. Por exemplo, abra uma lata de tinta branca e pingue sobre ela uma gota de tinta preta.Inicialmente,épossívellocalizarespacialmente a gota, ou seja, apontar com precisão onde ela está, pois o sistema ainda está organizado (ou com baixo grau de desordem). Passado muito tempo, a gota terá se espalhado de tal modo que fica impossível localizá-la ou mesmo reconhecer que ela esteve ali. Aumentou a desordem (ou a entropia) do sistema. FLECHA DO TEMPO • O conceito de entropia contri- bui para a compreensão de um dos maiores misté- rios do universo: o tempo nunca volta ao passado. E isso está relacionado como o fato de a entropia sem- pre crescer em um sistema fechado. Assim, em um processo qualquer, se a entropia de uma das partes dosistemadiminuir,necessariamentehaveráaumen- to dela em outras partes. Esse fato (ou seja, o siste- ma sempre evoluir rumo a um grau maior de desor- dem) nos define o sentido da flecha do tempo. O DNA E O CÓDIGO GENÉTICO MOLÉCULA DA VIDA • Todos os seres vivos têm uma molécula, o ácido desoxirribonucléico (DNA), muito extensa (pode atingir, se esticada, mais de um metro de comprimento), composta por duas fi- tas que se juntam formando uma dupla hélice. Po- demos imaginá-la também com o formato de uma escada retorcida. Essa estrutura complexa é funda- mental para a perpetuação da vida. QUATRO BASES • Cada uma das duas fitas do DNA é constituída por quatro bases: adenina (A), timina (T), guanina (G) e citosina (C). Essas bases nitrogenadas (assim chamadas por conteremnitrogênioemsuacomposição)se ligam a uma molécula de açúcar (desoxir- ribose) e a um grupo de átomos que con- tém o elemento químico fósforo, formando o chamado nucleotídeo. Caso imaginemos a molécula de DNA como uma escada, as laterais dela seriam formadas pela desoxirribose e pelo grupo fosfato. Já os degraus seriam feitos pela ligação entre duas bases nitrogenadas. PONTES DE HIDROGÊNIO • A ligação en- tre os nucleotídeos de uma fita é extre- mamente forte, enquanto a ligação entre as bases de duas fitas é fraca, feita atra- vés das chamadas pontes de hidrogênio, a mesma ligação química responsável por manter unidas as moléculas de água no estado lí- quido e sólido. Só é possível a ligação entre deter- minadas bases: A liga-se à base T, enquanto a G só pode se ligar à C. Ligações entre as bases A e T, por exemplo, não ocorrem. HÉLICES IDÊNTICAS • Durante o ciclo de vida de uma célula, o DNA passa por uma divisão. As liga- ções entre as fitas são desfeitas (como se os de- graus da escada fossem cerrados ao meio) através da participação de outras moléculas (enzimas ex- tremamente especializadas) que ajudam na divi- são e se recombinam de forma a produzir duas hé- lices duplas idênticas à original. Esse processo é de uma complexidade extrema, e pouco se conhece sobre os diversos mecanismos envolvidos. SUTILEZAS DESCONHECIDAS • O DNA tem um código que fornece à célula a in- formação necessária para a fabricação de proteínas e de outras moléculas essenciais para o metabolismo. Essa informação deve ser pre- servada no novo organismo para garantir sua sobrevivência. O processo é elabo- rado e exige a participação de várias outras moléculas – ácido ribonucléico (RNA), ácido ribonucléico mensageiro (RNAm), enzimas, proteínas etc. – que ‘aceleram’ (ca- talisam) as reações e facilitam a reprodução. Mas o processo em si, com todas suas sutilezas, permanece desconhecido. NEURÔNIOS ESPALHADOS PELO CORPO • Um dos desafios mais intri- gantes na biofísica é a ques- tão da memória. Sabemos que temos vários bilhões de neurônios, além de outras cé- lulas localizadas no cérebro (as células gliais, por exemplo). Os neurônios, por sua vez, estão espalhados pelo corpo (com maior concentração no cérebro) e são responsáveis, em parte, pela transmissão de estímulos sensoriais. SUBSTÂNCIAS LIBERADAS • Um neurônio é cons- tituído por um corpo celular, dendritos (‘ramifica- ções’ que partem desse corpo) e uma ‘cauda’ (ex- tensão), o axônio. Quando estimulado, ele produz uma diferença de potencial que gera uma tênue corrente elétrica. Esse estímulo elétrico se pro- paga e permite que ele libere substâncias espe- cíficas (neurotransmissores) que fazem o contato dele com neurônios vizinhos, formando sinapses. Esse conjunto de células interligadas forma uma rede que mantém semelhança com redes de sis- temas físicos. COMPUTADOR BIOLÓGICO • Não se sabe como, mas a rede de neurônios tem a capacidade de gerar informação. Temos lembranças graças a esse complexo sistema de células. O estudo do cérebro e de suas redes (redes neurais) tem con- tribuído para o desenvolvimento de sistemas de informação que podem levar a um computador biológico. APLICAÇÕES TÉCNICAS, DROGAS E TERAPIAS • A biofísica tem levado ao desenvolvimento de técnicas de diagnós- tico como a tomografia ou a ressonância magnética nuclear, bem como à produção de drogas ou à descoberta de substâncias que podem ser assimiladas pelo organismo, auxiliando na cura de doenças. Novas terapias, como a hipertermia magnética (aumento da temperatura corporal com a ajuda da VIDA EXTRATERRESTRE ALÉM DA IMAGINAÇÃO • A enorme extensão de nossa galáxia, a Via Láctea, com mais de 100 mil anos-luz de diâmetro e aproximadamen- te 1011 estrelas, pode abrigar outros sistemas planetários em que a estrela é semelhante ao Sol e onde há possibilidade de existir vida em diferentes formas. VIDA FORA DA TERRA? • Como dizer que não exista vida fora da Terra? Mesmo que ela tenha se desenvolvido em sistemas semelhantes ao nosso, talvez o Homo sapiens esteja condena- do a desconhecê-la. As dimensões que nos se- param de qualquer outro desses possíveis sis- temas planetários são tão grandes que a infor- mação levaria mais tempo para chegar a nós do aquele destinado à nossa permanência na Ter- ra. Eis aí, portanto, outro dos grandes desafios da física na biologia: a procura de vida extra- terrestre. COMPLEXIDADE QUATRO ÁTOMOS DE FERRO • As moléculas que participam da vida são complexas. A hemoglobina, por exemplo, é uma proteína presente nas células vermelhas do sangue de animais e tem mais de 8 mil átomos. Nela, encontram-se só quatro átomos de ferro, localizados em posições estratégicas e que são capazes de capturar oxigênio nos pulmões e liberá-lo para o tecido, mantendo as células vi- vas. Os mecanismos de captura e liberação são extremamen- te complexos, e verifica-se que há uma cooperação en- tre os átomos de ferro da hemoglobina.Essaproprie- dade está associada à ge- ometria da molécula que, em última análise, é defini- da pelos tipos de ligações atômicas. FERRAMENTAS PARA MACROMOLÉCULAS • O estudo da estrutura de uma macromolécula, co- mo a das proteínas, baseia-se nas leis da mecâ- nica quântica, do eletromagnetismo e da mecâni- ca clássica. As ferramentas usadas para estudar esse tipo de biomolécula (como a difração de raios X, a ressonância magnética nuclear e a ressonância paramagnética eletrônica) foram desenvolvidas pela física. CANAIS DE PASSAGEM • As células que consti- tuem um organismo são limitadas por uma mem- brana na qual se encontram proteínas que formam canais que permitem a passa- gem de determinados elementos e bloqueiam a entrada de outros. As membranas são compostas por uma camada dupla de moléculas bipolares, nas quais uma das extremidades se afasta da água, ou seja, é hidrofóbica. Oestudodasligaçõesmolecularesque permitem manter estável a membrana é um dos temas importantes da biofísica. para a preservação de espécies. Como esses or- ganismos conseguem detectar e elaborar a infor- mação desses fatores? Como funciona o relógio bio- lógico? São perguntas ainda sem resposta. OTIMIZADOS PELA NATUREZA • A física tem de- senvolvido sistemas de detecção que nos permi- tem compreender o funcionamento daqueles que a própria natureza já se encarregou de fabricar em diversos seres vivos. Assim, animais têm detectores de luz mais sofisticados que os cons- truídos pelo homem, bem como detectores de subs- tâncias químicas mais sensíveis que os mais mo- dernos equipamentos de análise de materiais. Os peixes da família dos elasmobrânquios, como o tu- barão e a raia, são capazes de detectar campos magnéticos. Tubarões brancos podem sentir um campo elétrico até 20 mil vezes menor que 1 volt, equivalente ao da batida do coração de um peixe. E, assim, há outros exemplos de detectores que têm analogia com aparelhos já desenvolvidos pela ciência, porém com dimensões e sensibilidade otimizadas pela natureza. DETECTORES BIOLÓGICOS MIGRAR É PRECISO • Todos os seres vivos estão em permanente contato com o meio externo (ou se- ja, com todo o espaço além da membrana) e são capazes de perceber pequenas mudanças desse ambiente, uma vez que eles mesmos são parte dele. Muitos animais mudam periodicamente seus locais de moradia, num processo conhecido como migração. Assim, por exemplo, as andorinhas, os salmões,osmacacos,asformigas,asborboletas,os albatrozes migram, às vezes, milhares de quilô- metros. A migração é fundamental para a preser- vação da espécie. PERGUNTAS SEM RESPOSTA • Como, porém, os indivíduos sabem a hora de iniciar a jornada ou a rota? O Sol, a Lua, as estrelas, o campo magnético terrestre desempenham papel importante. A pola- rização da luz (ou seja, o plano em que ela vibra) também é um fator usado para a orientação. Enfim, os fatores físicos do meio são elementos essenciais EVOLUÇÃO POR SELEÇÃO NATURAL SEMELHANTE, MAS NÃO IGUAL • Os seres vivos têm a capacidade de se reproduzir. Bactérias, por exemplo, após certo tempo, dividem-se, originando duas novas bactérias semelhantes, mas não comple- tamente idênticas à ‘mãe’. Em organismos mais complexos, como animais ou plantas, a reprodução é um processo mais elaborado. O importante é com- preender que o novo indivíduo é semelhante ao que lhe deu origem, mas nunca exatamente igual. Essa pequena diferença é que permite a adaptação ao novo meio, alterado pela presença de organismos que viveram anteriormente nele. É esse mecanismo que permite uma evolução por seleção natural, pois, a cada geração, novos organismos surgem, e aqueles que têm maior capacidade de adaptação poderão se proliferar. aplicação no paciente de campo e compostos magnéticos) ou a deposição de drogas com o auxílio de nanopartículas magnéticas, têm se mostrado eficientes.