SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Comunicação Social – Jornalismo
Pedro Henrique do Rosário Correia
Estética
Maceió
2016
Acossado – Jean-Luc Godard
Drama – 1960
A sensação que o filme passa é de ansiedade. Os cortes de Godard são repetitivos e a
sua narrativa gráfica é um pouco problemática no que diz respeito à continuidade deixando o
filme muito agitado.
O fil e le a Azul É A Co Mais Que te de A delatif Ke hi he pela fo a ue a
narrativa é feita – algo característico em filmes franceses – e O E ou açado Pote ki de
Sergei M. Eisenstein pela forma que a direção é feita, apesar de Eisenstein não usar vários
cortes seguidos.
O filme aborda a história de um fugitivo da política por roubo de carro e assassinato
que tenta seduzir uma jornalista americana. Godard demonstra os estereótipos franceses:
Paris como uma cidade, teoricamente, cheia de amor, escritores vaidosos, protagonistas
sedutores e uma vida noturna movimentada.
A forma como a narrativa trata o protagonista, de certa forma, é uma afirmação de
que não importa o quão ruim o ser humano pode ser, ele ainda tem traços humanos e é capaz
de amar. Apesar disso, a narrativa não entrega personagens com quem o espectador se
identifica: mesmo em histórias onde o protagonista é, de fato, uma pessoa ruim, o autor deve
trabalhar o contexto para o receptor se identificar com ele, o que não acontece. Assim como
não existe identificação com o protagonista, não existe com outros personagens – com
exceção do escritor na cena da entrevista.
Em aspectos técnicos, talvez seja o quesito que Godard mais peca: os movimentos de
câmera são inexistentes assim como os efeitos visuais, a narrativa gráfica não segue uma
continuidade – ela se quebra em meio às ações o que dá uma impressão de que isso foi feito
para cortar gastos como na cena que o protagonista atira no policial e aparece apenas o
revólver atirando –, as atuações não conseguem entregar personagens convincentes e os
cortes são muito numerosos, o que deixa os diálogos muitas vezes sem lógica e cansam o
espectador.
Apesar de tudo dentro do filme é possível ver a forma como Godard iria desenvolver a
sua direção ao longo dos anos. Não considero um filme para se assistir mais de uma vez, talvez
para conhecer mais de Godard, de cinema francês e de cinema em geral, seja uma boa opção,
mas como forma de entretenimento – o que o filme claramente se propõe – ele não cumpre
seu papel por ser cansativo.
Direção (mixagem de som, movimentos de câmera e coloração): 5/10
Direção de Fotografia: 5/10
Atuações: 5/10
Efeitos Visuais: 3/10
Roteiro: 7/10
Nota geral: 5/10

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Crítica do filme O Escafandro e a Borboleta
Crítica do filme O Escafandro e a BorboletaCrítica do filme O Escafandro e a Borboleta
Crítica do filme O Escafandro e a BorboletaPedro Correia
 
Crítica do disco Destroyers Rubies
Crítica do disco Destroyers RubiesCrítica do disco Destroyers Rubies
Crítica do disco Destroyers RubiesPedro Correia
 
Zolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estresse
Zolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estresseZolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estresse
Zolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estressePedro Correia
 
Crítica do disco The Reminder
Crítica do disco The ReminderCrítica do disco The Reminder
Crítica do disco The ReminderPedro Correia
 
Crítica do filme O Pianista
Crítica do filme O PianistaCrítica do filme O Pianista
Crítica do filme O PianistaPedro Correia
 
Crítica do disco Hissing fauna are you the destroyer
Crítica do disco Hissing fauna are you the destroyerCrítica do disco Hissing fauna are you the destroyer
Crítica do disco Hissing fauna are you the destroyerPedro Correia
 
Crítica do filme A vida dos outros
Crítica do filme A vida dos outrosCrítica do filme A vida dos outros
Crítica do filme A vida dos outrosPedro Correia
 
Análise: Nadadenovo
Análise: NadadenovoAnálise: Nadadenovo
Análise: NadadenovoPedro Correia
 
Crítica do disco #3
Crítica do disco #3Crítica do disco #3
Crítica do disco #3Pedro Correia
 
Crítica do disco National Anthem of Nowhere
Crítica do disco National Anthem of NowhereCrítica do disco National Anthem of Nowhere
Crítica do disco National Anthem of NowherePedro Correia
 
Crítica do filme Dogville
Crítica do filme DogvilleCrítica do filme Dogville
Crítica do filme DogvillePedro Correia
 
Crítica do disco Writer's block
Crítica do disco Writer's blockCrítica do disco Writer's block
Crítica do disco Writer's blockPedro Correia
 
"Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos"
"Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos""Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos"
"Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos"Pedro Correia
 
Análise: "Do Inferno"
Análise: "Do Inferno"Análise: "Do Inferno"
Análise: "Do Inferno"Pedro Correia
 
Análise: Bicho de sete cabeças
Análise: Bicho de sete cabeçasAnálise: Bicho de sete cabeças
Análise: Bicho de sete cabeçasPedro Correia
 
Ciclovias e Ciclofaixas
Ciclovias e CiclofaixasCiclovias e Ciclofaixas
Ciclovias e CiclofaixasPedro Correia
 
Youtube e a revolução digital
Youtube e a revolução digitalYoutube e a revolução digital
Youtube e a revolução digitalPedro Correia
 
Crítica do disco The night of the furies
Crítica do disco The night of the furiesCrítica do disco The night of the furies
Crítica do disco The night of the furiesPedro Correia
 

Destaque (20)

Crítica do filme O Escafandro e a Borboleta
Crítica do filme O Escafandro e a BorboletaCrítica do filme O Escafandro e a Borboleta
Crítica do filme O Escafandro e a Borboleta
 
Crítica do disco Destroyers Rubies
Crítica do disco Destroyers RubiesCrítica do disco Destroyers Rubies
Crítica do disco Destroyers Rubies
 
Resenha Kant
Resenha KantResenha Kant
Resenha Kant
 
Zolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estresse
Zolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estresseZolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estresse
Zolpidem para matar a insônia e fazer o Bruxismo denunciar o estresse
 
Crítica do disco The Reminder
Crítica do disco The ReminderCrítica do disco The Reminder
Crítica do disco The Reminder
 
Crítica do filme O Pianista
Crítica do filme O PianistaCrítica do filme O Pianista
Crítica do filme O Pianista
 
Crítica do disco Hissing fauna are you the destroyer
Crítica do disco Hissing fauna are you the destroyerCrítica do disco Hissing fauna are you the destroyer
Crítica do disco Hissing fauna are you the destroyer
 
Crítica do filme A vida dos outros
Crítica do filme A vida dos outrosCrítica do filme A vida dos outros
Crítica do filme A vida dos outros
 
Análise: Nadadenovo
Análise: NadadenovoAnálise: Nadadenovo
Análise: Nadadenovo
 
Crítica do disco #3
Crítica do disco #3Crítica do disco #3
Crítica do disco #3
 
Crítica do disco National Anthem of Nowhere
Crítica do disco National Anthem of NowhereCrítica do disco National Anthem of Nowhere
Crítica do disco National Anthem of Nowhere
 
Crítica do filme Dogville
Crítica do filme DogvilleCrítica do filme Dogville
Crítica do filme Dogville
 
Crítica do disco Writer's block
Crítica do disco Writer's blockCrítica do disco Writer's block
Crítica do disco Writer's block
 
Análise: Gantz
Análise: GantzAnálise: Gantz
Análise: Gantz
 
"Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos"
"Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos""Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos"
"Festas para o público alternativo vem crescendo nos últimos anos"
 
Análise: "Do Inferno"
Análise: "Do Inferno"Análise: "Do Inferno"
Análise: "Do Inferno"
 
Análise: Bicho de sete cabeças
Análise: Bicho de sete cabeçasAnálise: Bicho de sete cabeças
Análise: Bicho de sete cabeças
 
Ciclovias e Ciclofaixas
Ciclovias e CiclofaixasCiclovias e Ciclofaixas
Ciclovias e Ciclofaixas
 
Youtube e a revolução digital
Youtube e a revolução digitalYoutube e a revolução digital
Youtube e a revolução digital
 
Crítica do disco The night of the furies
Crítica do disco The night of the furiesCrítica do disco The night of the furies
Crítica do disco The night of the furies
 

Mais de Pedro Correia

Análise: Back to black
Análise: Back to blackAnálise: Back to black
Análise: Back to blackPedro Correia
 
Cultura da convergência
Cultura da convergênciaCultura da convergência
Cultura da convergênciaPedro Correia
 
Crítica do disco Vanguart
Crítica do disco VanguartCrítica do disco Vanguart
Crítica do disco VanguartPedro Correia
 
Crítica do disco The only thing i ever wanted
Crítica do disco The only thing i ever wantedCrítica do disco The only thing i ever wanted
Crítica do disco The only thing i ever wantedPedro Correia
 
Os irmãos karamázov
Os irmãos karamázovOs irmãos karamázov
Os irmãos karamázovPedro Correia
 
Crítica do filme Rashomon
Crítica do filme RashomonCrítica do filme Rashomon
Crítica do filme RashomonPedro Correia
 
Crítica do filme Elefante
Crítica do filme ElefanteCrítica do filme Elefante
Crítica do filme ElefantePedro Correia
 

Mais de Pedro Correia (7)

Análise: Back to black
Análise: Back to blackAnálise: Back to black
Análise: Back to black
 
Cultura da convergência
Cultura da convergênciaCultura da convergência
Cultura da convergência
 
Crítica do disco Vanguart
Crítica do disco VanguartCrítica do disco Vanguart
Crítica do disco Vanguart
 
Crítica do disco The only thing i ever wanted
Crítica do disco The only thing i ever wantedCrítica do disco The only thing i ever wanted
Crítica do disco The only thing i ever wanted
 
Os irmãos karamázov
Os irmãos karamázovOs irmãos karamázov
Os irmãos karamázov
 
Crítica do filme Rashomon
Crítica do filme RashomonCrítica do filme Rashomon
Crítica do filme Rashomon
 
Crítica do filme Elefante
Crítica do filme ElefanteCrítica do filme Elefante
Crítica do filme Elefante
 

Crítica do filme Acossado

  • 1. Universidade Federal de Alagoas – UFAL Comunicação Social – Jornalismo Pedro Henrique do Rosário Correia Estética Maceió 2016
  • 2. Acossado – Jean-Luc Godard Drama – 1960 A sensação que o filme passa é de ansiedade. Os cortes de Godard são repetitivos e a sua narrativa gráfica é um pouco problemática no que diz respeito à continuidade deixando o filme muito agitado. O fil e le a Azul É A Co Mais Que te de A delatif Ke hi he pela fo a ue a narrativa é feita – algo característico em filmes franceses – e O E ou açado Pote ki de Sergei M. Eisenstein pela forma que a direção é feita, apesar de Eisenstein não usar vários cortes seguidos. O filme aborda a história de um fugitivo da política por roubo de carro e assassinato que tenta seduzir uma jornalista americana. Godard demonstra os estereótipos franceses: Paris como uma cidade, teoricamente, cheia de amor, escritores vaidosos, protagonistas sedutores e uma vida noturna movimentada. A forma como a narrativa trata o protagonista, de certa forma, é uma afirmação de que não importa o quão ruim o ser humano pode ser, ele ainda tem traços humanos e é capaz de amar. Apesar disso, a narrativa não entrega personagens com quem o espectador se identifica: mesmo em histórias onde o protagonista é, de fato, uma pessoa ruim, o autor deve trabalhar o contexto para o receptor se identificar com ele, o que não acontece. Assim como não existe identificação com o protagonista, não existe com outros personagens – com exceção do escritor na cena da entrevista. Em aspectos técnicos, talvez seja o quesito que Godard mais peca: os movimentos de câmera são inexistentes assim como os efeitos visuais, a narrativa gráfica não segue uma continuidade – ela se quebra em meio às ações o que dá uma impressão de que isso foi feito para cortar gastos como na cena que o protagonista atira no policial e aparece apenas o revólver atirando –, as atuações não conseguem entregar personagens convincentes e os cortes são muito numerosos, o que deixa os diálogos muitas vezes sem lógica e cansam o espectador. Apesar de tudo dentro do filme é possível ver a forma como Godard iria desenvolver a sua direção ao longo dos anos. Não considero um filme para se assistir mais de uma vez, talvez para conhecer mais de Godard, de cinema francês e de cinema em geral, seja uma boa opção, mas como forma de entretenimento – o que o filme claramente se propõe – ele não cumpre seu papel por ser cansativo. Direção (mixagem de som, movimentos de câmera e coloração): 5/10 Direção de Fotografia: 5/10 Atuações: 5/10 Efeitos Visuais: 3/10 Roteiro: 7/10 Nota geral: 5/10