O documento analisa o filme O Escafandro e a Borboleta (2007), destacando a fotografia que passa serenidade e cenas introspectivas, e como o filme aborda nosso vazio existencial e as escolhas que fazemos na vida.
1. Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Comunicação Social – Jornalismo
Pedro Henrique do Rosário Correia
Estética
Maceió
2016
2. O Escafandro e a Borboleta – Julian Schnabel
2007 – Drama
A fotografia de Janusz Kaminski A Lista de S hi dler e O Resgate do Soldado Rya
passa serenidade. Durante todo o filme as cenas externas são simétricas e introspectivas,
sempre com alguma reflexão a ser apresentada – como a cena que Bauby está na cadeira de
rodas numa plataforma de madeira no meio do oceano sintetizando visualmente aquilo que
ele vinha dizendo o filme todo: que seu escafandro era sua cadeira de rodas, sua incapacidade
motora, sua síndrome.
O Fil e le ra uito Submarine de Ri hard Ayoade pelos ovi e tos de â era, a
perspectiva que o diretor usa para fazer flashbacks e as cenas que mostram o oceano. Estes
aspectos técnicos como movimento de câmera, simetria do cenário, uso perfeito da linha
áurea e fotografia são heranças do cinema francês que Ayoade provavelmente adotou para
filmar seu filme – que é inglês – e por isso o clima dos filmes sejam tão parecidos.
O filme aborda nosso vazio existencial, nossos problemas sociais e as escolhas que
fizemos durante a vida. Estamos rodeados de possibilidades, podemos tomar uma quantidade
infinita de decisões e cada uma dessas possibilidades e dessas decisões vão influenciar nossa
vida de uma forma que só perceberemos quando for tarde demais. Jean-Dominique só
percebe isso quando sofre o AVC e pensa em todas as decisões que ele poderia ter tomado de
diferente, em como a vida das pessoas que o amaram poderiam ter sido melhores se ele
tivesse tido a paciência de se importar com tais coisas.
O personagem era, certamente, uma pessoa entregue aos prazeres da vida – gostava
de banquetes, mulheres, era vaidoso e não tinha interesse por religião, a classificação clara de
u li erti o para os religiosos –, por causa disso suas ações afetavam diretamente a vida de
sua ex-mulher, de seus filhos e de suas amantes. Como espectadores, possivelmente nós nos
identificaríamos com Jean-Dominique, mas quando saímos da nossa zona de conforto e
entendemos que somos todos um pouco libertinos a nossa vaidade cai e o protagonista se
torna um homem como qualquer outro que fez escolhas boas e ruins.
Após esta reflexão o enredo entrega o que é mais genial da história: Jean-Dominique é
como todos nós, todos nós somos como Jean-Dominique. Nossas escolhas, nossa depressão,
nosso desespero, nosso excesso de consumo, a nossa forma de dar valor às coisas menos
importantes na vida e a forma como nós nos arrependemos depois que é tarde demais são
coisas com as quais todos nós precisamos lidar e quando é tarde demais para nos redimir é
que percebemos que tais coisas eram as mais importantes.
Direção (mixagem de som, movimentos de câmera e coloração): 8.0/10
Direção de Fotografia: 10/10
Atuações: 8.0/10
Efeitos Visuais: 8.0/10
Roteiro: 8.0/10
Nota geral: 8,4/10