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A Carne de Aves no Mundo em 2020
Por Osler Desouzart
osler@odconsulting.com.br
Um amigo dos mais diletos reclamou recentemente que tenho esquecido as aves em meus
artigos. É verdade que não tenho escrito sobre elas, mas não logro esquecê-las. O front das
carnes bovinas e suínas tem apresentado mais necessidade de atenções, enquanto as aves
seguem se comportando bem, ainda que muitos avicultores, pressionados pelos preços dos
grãos e pela montanha-russa dos mercados, possam não concordar.
Entretanto, em escala global a escalada inexorável do frango em relação às demais carnes
continua. O Gráfico I mostra o progressivo distanciamento das carnes suínas e de aves na
liderança da produção mundial de carnes.
Gráfico I
1
Quando focamos nessas duas espécies dominantes e estendemos o gráfico para uma série
anual, podemos verificar (cf. Gráfico II) que a produção de carnes de aves reduz a distância que
a separa do total da produção de carnes suínas, marchando para a liderança na produção de
todas as carnes, o que deve acontecer até 2020.
Gráfico II
1
Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT - Carnes Evolução recente 95-10.xlsx
2
As projeções da OECD-FAO apontam para uma continuidade do crescimento da produção
mundial de todas as carnes (cf. Gráfico III) e na continuidade do encurtamento da distância
que separa as carnes de aves da liderança da carne suína.
Gráfico III
3
2
Idem
Na ODCONSULTING acreditamos que a carnes de aves já devem alcançar a liderança entre
todas as carnes em 2020. As razões que nos levam a sustentar esta tese residem na crescente
universalização da produção de carnes de aves e na alta concentração da produção de carnes
suínas num único país, a China. Pensamos que os índices de crescimento futuro da produção
de carne suína chinesa devem ser mais modestos, com espaço para a internacionalização de
parte da produção chinesa e um aumento da participação da importação no atendimento do
crescente consumo chinês.
Reforça nossa convicção o fato de que o crescimento futuro do consumo de carnes em geral se
verificará principalmente na África e Ásia, principalmente em países onde a religião islâmica é
predominante, favorecendo o consumo, sobretudo de carne de frango cuja ingesta não sofre
restrições.
Ainda que num prazo relativamente curto de tempo como é o ano 2020 a equação de
eficiência no uso de recursos naturais para a produção de carnes esteja presente, mas ainda
não seja o fator mais determinante, é unânime que a carne de frango é a mais eficiente e
menos demandante desses recursos. Somando esse fator à geografia futura da produção e a
ausência de restrições religiosas a seu consumo, reforça-se nossa convicção nas carnes de
aves, mormente a do frango, como a que prevalecerá no futuro.
4
Pequenas diferenças de pensamento à parte, vamos olhar mais adiante as previsões de
crescimento dos principais produtores mundiais até 2020 e para isso nos renderemos à
excelência do trabalho desenvolvido pela OECD-FAO, assim como o do USDA-ERS, de
fornecerem perspectivas e projeções a 10 anos, horizonte que cabe como uma luva para todas
3
As projeções de 2011 a 2020 são OECD-FAO Agricultural Outlook 2011-2020, de junho de 2011, enquanto os dados
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4
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as empresas que fazem planejamento estratégico, o que é aqui enfaticamente recomendado.
Ah, mas em 10 anos tanta coisa muda, argumento que ouço com muita frequência. Felizmente
as coisas mudam e seguirão mudando, mas para quem tem planejamento estratégico as
mudanças implicarão em ajustar uma rota traçada, situação melhor do que ser conduzido por
essas mudanças como uma nau em pane.
Irresistível neste momento não reafirmar um dos nossos bordões: “Se você não sabe aonde
vai, qualquer caminho serve”. As quantificações apresentadas nas projeções não pretendem
acertar em cheio os números até a casa do quilo. Indicam sim um cenário que me podem
pautar. Se eu traço como meta ter 5% da produção brasileira de carnes de aves em 2020 o
mínimo dos mínimos que pode me interessar é saber o quanto o Brasil deverá produzir em
2020.
Lança-se então mão das projeções existentes, como a disponibilizadas pelo nosso MAPA, pela
OECD-FAO e pelo USDA-ERS (cf. Gráfico IV). Ah, mas os números divergem! Ótimo, pois seria
de desconfiar se fossem os mesmos. Mas convergem em mostrar que a produção brasileira
crescerá anualmente e permitirá a elaboração de três cenários para a empresa. É perfeito e
devemos gritar “eureka”? Não, mas a empresa já estará melhor do que sem qualquer
horizonte quantificado.
Gráfico IV
5
Feito o comercial das vantagens de se dispor de um planejamento estratégico, vamos então
dar uma olhada em quantificações dos principais atores mundiais nas carnes de aves.
Comecemos por estabelecer o quem foi quem na avicultura em 2011 através dos gráficos de
Pareto dos principais produtores (Gráfico V), importadores (Gráfico VI), exportadores (Gráfico
VII) e consumidores (Gráfico VIII).
5
Fontes: MAPA, OECD-FAO, USDA-ERS TABELAS GERAIS projeções agronegócio Brasil 2020-2021.xlsx
Os dados relativos à produção brasileira de carnes de aves estão subestimados, pois fontes da
indústria estimam a produção brasileira de carne de frangos em 12.863,2 (milhares tm), a qual
teria que agregar umas 505 mil tm de carne de peru e umas 11.000 de carnes de pato, ganso,
galinha d’angola e outras aves, perfazendo um total de umas 13.379,2 milhares de tm.
Entretanto, vamos mantê-los na forma original para efeitos de comparação com o total
mundial.
Mui lamentavelmente há uma decisão da indústria brasileira de não divulgar os dados da
produção brasileira, decisão essa que já criticamos em mais de uma ocasião. Ficamos com um
vazio de um endosso oficial aos números do Brasil que já é o terceiro maior produtor de carnes
de aves do mundo. Mas como pedir à FAO que corrija seus números se não dispomos
números oficiais a oferecer ou mesmo os da nossa entidade máxima, a UBABEF, que eram
oficiosos, mas de aceitação e credibilidade universal?
Gráfico V
6
Gráfico VI
6
Elaborado a partir de dados do Food Outlook, Nov 2011, GIEWS-FAO. Poultry meat Food Outlook Nov
2011.xlsx
7
Gráfico VII
Gráfico VIII
7
Idem
8
Idem
8
9
Vamos verificar no Gráfico IX como a OECD-FAO estimam o balanço mundial de carnes de aves
entre 2012 e 2020. É interessante observar que nas projeções da OECD-FAO o comércio
internacional de carnes de aves seguirá representando entre >10% e <11% do total a
produção/consumo mundial. O USDA-ERS ainda que apresentando cifras do balanço mundial
de carnes de aves distintos dos da OECD-FAO converge quase que com precisão à casa decimal
com a estimativa de que o comércio internacional ficará nesses percentuais. Outros estudos e
projeções, inclusive os da CIRCA-Europa10
mostram que os percentuais do trade internacional
de carnes de aves não sofrerá acréscimos percentuais sobre a totalidade da produção ou do
consumo. Até esta data nunca tive acesso a um estudo que chegasse a uma conclusão
diferente.
Portanto, exportar é a solução com o limite de 10-11% do total produzido e consumido a nível
mundial. Atentem que o Brasil exporta quase 1/3 de sua produção de carnes de aves e já
detém 1/3 do mercado mundial de carnes de aves. Não é realista, portanto, acreditar que
grandes expansões futuras da avicultura brasileira sejam alavancadas por maior participação
no mercado internacional. Se lograrmos manter a posição atualmente detida sem perdas para
novos concorrentes, já fica de bom tamanho.
Gráfico IX
9
Idem
10
Communication & Information Resource Centre Administrator http://circa.europa.eu/
11
A Tabela I apresenta a evolução da produção daqueles países que serão os quinze principais
produtores em 2020. Ainda que o total da produção desses países signifique 78,9% do total
que o mundo deve produzir em 2020, comparem com o fato de que os quinze principais países
produtores responderam em 2011 por 81,9% da produção mundial. O Brasil será a terceira
força produtora mundial (já o é, mas faltam-nos as estatísticas da UBABEF para confirmá-lo
perante os pares mundiais), a África do Sul adentra a lista dos principais, e a Indonésia sai.
Tabela I
12
11
Os dados de 2012 a 2020 têm como fonte OECD-FAO Agricultural Outlook 2011-2020. Entretanto, para o ano de
2011 foram usadas os dados mui preliminares do Food Outlook de Nov 2011 (GIEWS-FAO). CARNE AVES ABC.xlsx
12
Elaborado por ODConsulting com base no databank da OECD-FAO Agricultural Outlook http://www.agri-
outlook.org/document/15/0,3746,en_36774715_36775671_48172367_1_1_1_1,00.html. CARNE AVES ABC em
2020.xlsx
A Tabela II demonstra a Arábia Saudita superando a União Europeia como primeira
importadora mundial, aposta na continuidade da expansão das compras mexicanas e mostra
uma China muito modesta.
Tabela II
13
Comparem por favor, os números da China Continental com os expostos no Gráfico VI, onde
ainda figura Hong Kong como importador de 1,2 milhão de toneladas de carnes de aves em
201114
. Quando recebi esses números pela primeira vez pensei que estavam errados e busquei
confirmá-los em outras fontes. O USDA coloca as importações líquidas de Hong Kong em torno
das 400 mil tm e as da China Continental em baixíssimas 350 mil tm anuais.
As estatísticas da FAOSTAT (cf. Gráficos X e XI) mostram uma China com quantidades
crescentes de importação, parcela das quais atendidas pelas reexportações de Hong Kong, que
para tal aumenta em proporção direta suas compras de carnes de aves no exterior. Quando
fontes disponíveis indicam uma China comprando ≥ 1 milhão de toneladas do exterior, é que
me fazem afirmar que seguramente esse país estará comprando mais que as 679 mil toneladas
indicadas pelas projeções OECD-FAO.
Gráfico X
13
Idem # 12
14
A fonte desses dados de 2011 é o Food Outlook Nov 2011, GIEWS-FAO.
Gráfico XI
Se a tabela de importações provocou maiores reflexões, as de Exportação (cf.Tabela III) e as de
Consumo (cf.Tabela IV) são mais chãs de aceitação. Ao que podemos enxergar para o
horizonte de dez anos, Brasil e Estados Unidos manterão a liderança das vendas mundiais,
ainda que as projeções para as exportações da União Europeia estejam em patamar muito
discreto.
Tabela III
15
No que diz respeito ao consumo, o Planeta China poderá surpreender e o Brasil, hoje quarto
maior consumidor mundial de carnes de aves, poderá diminuir a diferença que o separa da
U.E.-27.
Tabela IV
16
Acredito que possa ser útil conhecer o que corresponderia em termos per capita esse consumo
projetado para Brasil, apresentado no Gráfico XII. Foi estimado a partir de um cálculo simplista
de assumir como válidos os dados de consumo total expostos na Tabela IV e dividi-lo pelas
estimativas da ONU sobre o tamanho da população brasileira naqueles anos. Não sei se serão
tão modestos quanto o resultado observado no gráfico em questão, mas também não partilho
do otimismo ufanista de acreditar que a demanda brasileira per capita aumentará >2 kg por
ano indefinidamente, o que nos levaria a um consumo per capita de mais de 64 kg em 2020.
É lícito esperar que nos aproximemos de um nível de saturação, quando então o consumo per
capita estacionaria num certo patamar, de onde faria muito mais movimentos laterais do que
15
Idem # 12
16
Idem # 12
propriamente ascendentes. Entre os 51,42 kg/hab/ano das projeções OECD-FAO e os 64,18
kg/hab/ano resultantes de uma perpetuação do crescimento do consumo brasileiro em mais
de 2 kg/hab/ano, invoco o princípio do “virtus in medium”, mas não enunciarei qual deverá ser
o patamar em que o brasileiro estacionará seu consumo per capita de carnes de aves,
independentemente do seu aumento de poder aquisitivo. Agora, por favor, não duvidem que
há um nível de saturação e que o céu não é o limite, como raramente o é.
Gráfico XII
17
Qual o bom de tudo isso? É que a avicultura seguirá crescendo e que o Brasil terá um papel
relevante nesse crescimento e seguirá como um dos principais atores do segmento avícola. A
avicultura mundial seguirá crescendo graças à ciência e à tecnologia. Estudiosos sérios de
empresas de genética de frango com quem tive e tenho o privilégio de conviver não hesitam
em endossar que em 2020 estaremos fazendo um frango de 2200g de peso vivo em ≤ de 37
dias e com uma conversão ≤ de 1,4kg.
Espero que todos vocês vejam essa projeção (acreditem é mais projeção do que profecia) se
concretizar. Mas terão que fazer a parte de vocês para que isso aconteça, começando por
defender o uso de ciência e tecnologia contra ativismos e argumentos sem qualquer
sustentação científica, e que chamei de reedição da Inquisição com roupagens modernas e
intransigência secular. O único limite aceitável para ciência e tecnologia é o determinado pela
ética. Fora disso, é caça às bruxas.
17
CARNE AVES ABC em 2020.xlsx

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  • 1. A Carne de Aves no Mundo em 2020 Por Osler Desouzart osler@odconsulting.com.br Um amigo dos mais diletos reclamou recentemente que tenho esquecido as aves em meus artigos. É verdade que não tenho escrito sobre elas, mas não logro esquecê-las. O front das carnes bovinas e suínas tem apresentado mais necessidade de atenções, enquanto as aves seguem se comportando bem, ainda que muitos avicultores, pressionados pelos preços dos grãos e pela montanha-russa dos mercados, possam não concordar. Entretanto, em escala global a escalada inexorável do frango em relação às demais carnes continua. O Gráfico I mostra o progressivo distanciamento das carnes suínas e de aves na liderança da produção mundial de carnes. Gráfico I 1 Quando focamos nessas duas espécies dominantes e estendemos o gráfico para uma série anual, podemos verificar (cf. Gráfico II) que a produção de carnes de aves reduz a distância que a separa do total da produção de carnes suínas, marchando para a liderança na produção de todas as carnes, o que deve acontecer até 2020. Gráfico II 1 Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT - Carnes Evolução recente 95-10.xlsx
  • 2. 2 As projeções da OECD-FAO apontam para uma continuidade do crescimento da produção mundial de todas as carnes (cf. Gráfico III) e na continuidade do encurtamento da distância que separa as carnes de aves da liderança da carne suína. Gráfico III 3 2 Idem
  • 3. Na ODCONSULTING acreditamos que a carnes de aves já devem alcançar a liderança entre todas as carnes em 2020. As razões que nos levam a sustentar esta tese residem na crescente universalização da produção de carnes de aves e na alta concentração da produção de carnes suínas num único país, a China. Pensamos que os índices de crescimento futuro da produção de carne suína chinesa devem ser mais modestos, com espaço para a internacionalização de parte da produção chinesa e um aumento da participação da importação no atendimento do crescente consumo chinês. Reforça nossa convicção o fato de que o crescimento futuro do consumo de carnes em geral se verificará principalmente na África e Ásia, principalmente em países onde a religião islâmica é predominante, favorecendo o consumo, sobretudo de carne de frango cuja ingesta não sofre restrições. Ainda que num prazo relativamente curto de tempo como é o ano 2020 a equação de eficiência no uso de recursos naturais para a produção de carnes esteja presente, mas ainda não seja o fator mais determinante, é unânime que a carne de frango é a mais eficiente e menos demandante desses recursos. Somando esse fator à geografia futura da produção e a ausência de restrições religiosas a seu consumo, reforça-se nossa convicção nas carnes de aves, mormente a do frango, como a que prevalecerá no futuro. 4 Pequenas diferenças de pensamento à parte, vamos olhar mais adiante as previsões de crescimento dos principais produtores mundiais até 2020 e para isso nos renderemos à excelência do trabalho desenvolvido pela OECD-FAO, assim como o do USDA-ERS, de fornecerem perspectivas e projeções a 10 anos, horizonte que cabe como uma luva para todas 3 As projeções de 2011 a 2020 são OECD-FAO Agricultural Outlook 2011-2020, de junho de 2011, enquanto os dados de 2009 e 2010 são da FAOSTAT em 29.03.2012 - Carnes por espécies.xlsx 4 Dados a 2010 são da FAOSTAT e as projeções são elaboradas pela ODConsulting. Produção Mundial de Carnes por espécies 1948 a 2011 base de dados e projeções a 2050nov2011.xlsx
  • 4. as empresas que fazem planejamento estratégico, o que é aqui enfaticamente recomendado. Ah, mas em 10 anos tanta coisa muda, argumento que ouço com muita frequência. Felizmente as coisas mudam e seguirão mudando, mas para quem tem planejamento estratégico as mudanças implicarão em ajustar uma rota traçada, situação melhor do que ser conduzido por essas mudanças como uma nau em pane. Irresistível neste momento não reafirmar um dos nossos bordões: “Se você não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”. As quantificações apresentadas nas projeções não pretendem acertar em cheio os números até a casa do quilo. Indicam sim um cenário que me podem pautar. Se eu traço como meta ter 5% da produção brasileira de carnes de aves em 2020 o mínimo dos mínimos que pode me interessar é saber o quanto o Brasil deverá produzir em 2020. Lança-se então mão das projeções existentes, como a disponibilizadas pelo nosso MAPA, pela OECD-FAO e pelo USDA-ERS (cf. Gráfico IV). Ah, mas os números divergem! Ótimo, pois seria de desconfiar se fossem os mesmos. Mas convergem em mostrar que a produção brasileira crescerá anualmente e permitirá a elaboração de três cenários para a empresa. É perfeito e devemos gritar “eureka”? Não, mas a empresa já estará melhor do que sem qualquer horizonte quantificado. Gráfico IV 5 Feito o comercial das vantagens de se dispor de um planejamento estratégico, vamos então dar uma olhada em quantificações dos principais atores mundiais nas carnes de aves. Comecemos por estabelecer o quem foi quem na avicultura em 2011 através dos gráficos de Pareto dos principais produtores (Gráfico V), importadores (Gráfico VI), exportadores (Gráfico VII) e consumidores (Gráfico VIII). 5 Fontes: MAPA, OECD-FAO, USDA-ERS TABELAS GERAIS projeções agronegócio Brasil 2020-2021.xlsx
  • 5. Os dados relativos à produção brasileira de carnes de aves estão subestimados, pois fontes da indústria estimam a produção brasileira de carne de frangos em 12.863,2 (milhares tm), a qual teria que agregar umas 505 mil tm de carne de peru e umas 11.000 de carnes de pato, ganso, galinha d’angola e outras aves, perfazendo um total de umas 13.379,2 milhares de tm. Entretanto, vamos mantê-los na forma original para efeitos de comparação com o total mundial. Mui lamentavelmente há uma decisão da indústria brasileira de não divulgar os dados da produção brasileira, decisão essa que já criticamos em mais de uma ocasião. Ficamos com um vazio de um endosso oficial aos números do Brasil que já é o terceiro maior produtor de carnes de aves do mundo. Mas como pedir à FAO que corrija seus números se não dispomos números oficiais a oferecer ou mesmo os da nossa entidade máxima, a UBABEF, que eram oficiosos, mas de aceitação e credibilidade universal? Gráfico V 6 Gráfico VI 6 Elaborado a partir de dados do Food Outlook, Nov 2011, GIEWS-FAO. Poultry meat Food Outlook Nov 2011.xlsx
  • 7. 9 Vamos verificar no Gráfico IX como a OECD-FAO estimam o balanço mundial de carnes de aves entre 2012 e 2020. É interessante observar que nas projeções da OECD-FAO o comércio internacional de carnes de aves seguirá representando entre >10% e <11% do total a produção/consumo mundial. O USDA-ERS ainda que apresentando cifras do balanço mundial de carnes de aves distintos dos da OECD-FAO converge quase que com precisão à casa decimal com a estimativa de que o comércio internacional ficará nesses percentuais. Outros estudos e projeções, inclusive os da CIRCA-Europa10 mostram que os percentuais do trade internacional de carnes de aves não sofrerá acréscimos percentuais sobre a totalidade da produção ou do consumo. Até esta data nunca tive acesso a um estudo que chegasse a uma conclusão diferente. Portanto, exportar é a solução com o limite de 10-11% do total produzido e consumido a nível mundial. Atentem que o Brasil exporta quase 1/3 de sua produção de carnes de aves e já detém 1/3 do mercado mundial de carnes de aves. Não é realista, portanto, acreditar que grandes expansões futuras da avicultura brasileira sejam alavancadas por maior participação no mercado internacional. Se lograrmos manter a posição atualmente detida sem perdas para novos concorrentes, já fica de bom tamanho. Gráfico IX 9 Idem 10 Communication & Information Resource Centre Administrator http://circa.europa.eu/
  • 8. 11 A Tabela I apresenta a evolução da produção daqueles países que serão os quinze principais produtores em 2020. Ainda que o total da produção desses países signifique 78,9% do total que o mundo deve produzir em 2020, comparem com o fato de que os quinze principais países produtores responderam em 2011 por 81,9% da produção mundial. O Brasil será a terceira força produtora mundial (já o é, mas faltam-nos as estatísticas da UBABEF para confirmá-lo perante os pares mundiais), a África do Sul adentra a lista dos principais, e a Indonésia sai. Tabela I 12 11 Os dados de 2012 a 2020 têm como fonte OECD-FAO Agricultural Outlook 2011-2020. Entretanto, para o ano de 2011 foram usadas os dados mui preliminares do Food Outlook de Nov 2011 (GIEWS-FAO). CARNE AVES ABC.xlsx 12 Elaborado por ODConsulting com base no databank da OECD-FAO Agricultural Outlook http://www.agri- outlook.org/document/15/0,3746,en_36774715_36775671_48172367_1_1_1_1,00.html. CARNE AVES ABC em 2020.xlsx
  • 9. A Tabela II demonstra a Arábia Saudita superando a União Europeia como primeira importadora mundial, aposta na continuidade da expansão das compras mexicanas e mostra uma China muito modesta. Tabela II 13 Comparem por favor, os números da China Continental com os expostos no Gráfico VI, onde ainda figura Hong Kong como importador de 1,2 milhão de toneladas de carnes de aves em 201114 . Quando recebi esses números pela primeira vez pensei que estavam errados e busquei confirmá-los em outras fontes. O USDA coloca as importações líquidas de Hong Kong em torno das 400 mil tm e as da China Continental em baixíssimas 350 mil tm anuais. As estatísticas da FAOSTAT (cf. Gráficos X e XI) mostram uma China com quantidades crescentes de importação, parcela das quais atendidas pelas reexportações de Hong Kong, que para tal aumenta em proporção direta suas compras de carnes de aves no exterior. Quando fontes disponíveis indicam uma China comprando ≥ 1 milhão de toneladas do exterior, é que me fazem afirmar que seguramente esse país estará comprando mais que as 679 mil toneladas indicadas pelas projeções OECD-FAO. Gráfico X 13 Idem # 12 14 A fonte desses dados de 2011 é o Food Outlook Nov 2011, GIEWS-FAO.
  • 10. Gráfico XI Se a tabela de importações provocou maiores reflexões, as de Exportação (cf.Tabela III) e as de Consumo (cf.Tabela IV) são mais chãs de aceitação. Ao que podemos enxergar para o horizonte de dez anos, Brasil e Estados Unidos manterão a liderança das vendas mundiais, ainda que as projeções para as exportações da União Europeia estejam em patamar muito discreto. Tabela III
  • 11. 15 No que diz respeito ao consumo, o Planeta China poderá surpreender e o Brasil, hoje quarto maior consumidor mundial de carnes de aves, poderá diminuir a diferença que o separa da U.E.-27. Tabela IV 16 Acredito que possa ser útil conhecer o que corresponderia em termos per capita esse consumo projetado para Brasil, apresentado no Gráfico XII. Foi estimado a partir de um cálculo simplista de assumir como válidos os dados de consumo total expostos na Tabela IV e dividi-lo pelas estimativas da ONU sobre o tamanho da população brasileira naqueles anos. Não sei se serão tão modestos quanto o resultado observado no gráfico em questão, mas também não partilho do otimismo ufanista de acreditar que a demanda brasileira per capita aumentará >2 kg por ano indefinidamente, o que nos levaria a um consumo per capita de mais de 64 kg em 2020. É lícito esperar que nos aproximemos de um nível de saturação, quando então o consumo per capita estacionaria num certo patamar, de onde faria muito mais movimentos laterais do que 15 Idem # 12 16 Idem # 12
  • 12. propriamente ascendentes. Entre os 51,42 kg/hab/ano das projeções OECD-FAO e os 64,18 kg/hab/ano resultantes de uma perpetuação do crescimento do consumo brasileiro em mais de 2 kg/hab/ano, invoco o princípio do “virtus in medium”, mas não enunciarei qual deverá ser o patamar em que o brasileiro estacionará seu consumo per capita de carnes de aves, independentemente do seu aumento de poder aquisitivo. Agora, por favor, não duvidem que há um nível de saturação e que o céu não é o limite, como raramente o é. Gráfico XII 17 Qual o bom de tudo isso? É que a avicultura seguirá crescendo e que o Brasil terá um papel relevante nesse crescimento e seguirá como um dos principais atores do segmento avícola. A avicultura mundial seguirá crescendo graças à ciência e à tecnologia. Estudiosos sérios de empresas de genética de frango com quem tive e tenho o privilégio de conviver não hesitam em endossar que em 2020 estaremos fazendo um frango de 2200g de peso vivo em ≤ de 37 dias e com uma conversão ≤ de 1,4kg. Espero que todos vocês vejam essa projeção (acreditem é mais projeção do que profecia) se concretizar. Mas terão que fazer a parte de vocês para que isso aconteça, começando por defender o uso de ciência e tecnologia contra ativismos e argumentos sem qualquer sustentação científica, e que chamei de reedição da Inquisição com roupagens modernas e intransigência secular. O único limite aceitável para ciência e tecnologia é o determinado pela ética. Fora disso, é caça às bruxas. 17 CARNE AVES ABC em 2020.xlsx