2. Agenda do dia
1) Contextualização e Reflexão inicial – Carta de Monteiro Lobato a
academia Brasileira de Letras .
2) O Documento e o histórico de sua elaboração – Linha do Tempo.
3) Sondagem numérica - Parte 1, do documento.
✔ Primeiras ideias dos estudantes a respeito do sistema de
numeração decimal - Revisando conceitos.
✔ A sondagem de números - Revisitando a composição da lista
a ser ditada.
✔ A sondagem de números: como realizar a sondagem com os
estudantes.
✔ Os níveis de apropriação do sistema de numeração decimal
retomada das ideias.
4) Agenda – 3º bimestre / 4ª Sondagem.
5) Finalização – Trecho do conto “O mata pau”, de Monteiro Lobato.
4. São Paulo, 11 de outubro de 1944.
Sr. Mucio Leão
D. D. Presidente da Academia Brasileira:
Acuso o recebimento da carta de 9 do corrente, no qual me
comunica que em documento apresentado a Academia Brasileira,
subscrito por dez acadêmicos, foi meu nome indicado para a substituição
de Alcides Maya; e que nos termos do Regimento devo declarar que
aceito a indicação e desejo concorrer a vaga.
Esse gesto de dez acadêmicos do mais alto valor intelectual
comoveu-me intensamente e a eles me escravizou. Vale-me por
aclamação - honra com que jamais sonhei e está acima de qualquer
merecimento que por acaso me atribuam. Mas o Regimento impõe a
declaração do meu desejo de concorrer à vaga, e isso me embaraça.
Já concorri às eleições acadêmicas no bom tempo em que alguma
vaidade subsistia dentro de mim. O perpassar dos anos curou-me e
hoje só desejo o esquecimento de minha insignificante pessoa.
Submeter-me, pois, ao Regimento seria infidelidade para comigo
mesmo – duplicidade a que não me atrevo.
5. De forma nenhuma esta recusa significa desapreço a
Academia, pequenino demais que sou para menosprezar tão alta
instituição. No ânimo dos dez signatários não paire a menor
suspeita de que qualquer motivo subalterno me leva a este passo.
Insisto no ponto para que ninguém veja duplo sentido nas razões
de meu gesto... Não é modéstia, pois não sou modesto; não é
menosprezo, pois na Academia tenho grandes amigos e nela
vejo a fina flor da nossa intelectualidade.
É apenas coerência; lealdade para comigo mesmo e para
com os próprios signatários; reconhecimento público de que
rebelde nasci e rebelde pretendo morrer. Pouco social que sou,
a simples ideia de me ter feito acadêmico por agência minha me
desassossegaria, me perturbaria o doce nirvanismo ledo e cego em
que caí e me é o clima favorável à idade.
6. Do fundo do coração agradeço a generosa iniciativa; e em
especial agradeço a Cassiano Ricardo e Menotti o sincero empenho
demonstrado em me darem tamanha prova de estima. Faço-me
escravo de ambos. E a tudo atendendo considero-me eleito -
mas numa nova situação de academicismo: o acadêmico de
fora, sentadinho na porta do Petit Trianon com os olhos
reverentes pousados no busto do fundador da casa e o nome
dos dez signatários gravados indelevelmente em meu imo.
Fico-me na soleira do vestíbulo. Mal comportado que sou,
reconheço o meu lugar. O bom comportamento acadêmico lá de
dentro me dá aflição...
Peço, senhor presidente, que transmita aos dez signatários os
protestos da minha mais profunda gratidão e aceite um afetuoso
abraço deste seu
Admirador e amigo.
Monteiro Lobato.
39. SONDAGEM 3º BIMESTRE DATAS
Aplicação da sondagem De 12 a 22/09.
Digitação no Sistema Mapa
Classe
A partir de 12 de setembro.
Lançamento de dias
letivos/faltas/ ATPC no sistema
26/07(Início do 3º Bimestre) até
22/09.
Consolidação dos dados da
escola
Até 22/09.
Consolidação dos dados pela
Diretoria de Ensino
Até 26/09.
42. Finalização
Trecho de “O Mata Pau”, descrição do narrador
Começa assinzinho, meia dúzia de folhas piquiras;
bota pra baixo esse fio de barbante na tenção de pegar a terra.
E vai indo, sempre naquilo, nem pra mais nem pra menos, até
que o fio alcança o chão. E vai então o fio vira raiz e pega a
beber a sustância da terra. A parasita cria fôlego e cresce que
nem imbaúba. O barbantinho engrossa todo dia, passa a
cordel, passa a corda, passa a pau de caibro e acaba
virando tronco de árvore e matando a mãe — como este
guampudo aqui — concluiu, dando com o cabo do relho no
meu mata-pau.
— Com efeito! — exclamei admirado. — E a árvore deixa?
43. — Que é que há de fazer? Não desconfia de nada, a
boba. Quando vê no seu galho uma isca de quatro folhinhas,
imagina que é parasita e não se precata. O fio, pensa que é
cipó. Só quando o malvado ganha alento e garra de engrossar,
é que a árvore sente a dor dos apertos na casca. Mas é tarde. O
poderoso daí por diante é o mata-pau. A árvore morre e deixa
dentro dele a lenha podre.
Era aquilo mesmo! O lenho gordo e viçoso da planta
facinorosa envolvia um tronco morto, a desfazer-se em
carcoma. Viam-se por ele arriba, intervalados, os terríveis
cíngulos estranguladores; inúteis agora, desempenhada já a
missão constritora, jaziam frouxos e atrofiados.
44. Imaginação envenenada pela literatura, pensei logo
nas serpentes de Laocoonte, na víbora aquecida no seio do
homem da fábula, nas filhas do rei Lear, em todas as figuras
clássicas da ingratidão. Pensei e calei, tanto o meu
companheiro era criatura simples, pura dos vícios mentais que
os livros inoculam. Encavalgamos de novo e partimos.
45. (...) O camarada contou a história que para aqui traslado
com a possível fidelidade. O melhor dela evaporou-se, a
frescura, o correntio, a ingenuidade de um caso narrado por
quem nunca aprendeu a colocação dos pronomes e por
isso mesmo narra melhor que quantos por aí sorvem
literaturas inteiras, e gramáticas, na ânsia de adquirir o
estilo. Grandes folhetinistas andam por este mundo de Deus
perdidos na gente do campo, ingramaticalíssima, porém
pitoresca no dizer como ninguém.