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mas sem muita lábia. Fez-se o em-
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sileiro. Vieira deixou o dinheiro em
Portugal e nos trouxe a lábia,
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espirito sem corpo. O antropomor-
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tropofagica. Para o equilíbrio contra
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Galli Mathias. Comi-o
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Revista de Antropofagia
Manifesto Antropófago
Contra as historias do homem, que
começam no Cabo Finisterra. 0 mun-
do não datado. Não rubricado. Sem
Napoleão. Sem César.
A fixação do progresso por meio
de catalagos e apparelhos de televi-
são. Só a maquinaria. £ os transfu-
sores de sangue.
Contra as sublimações antagôni-
cas. Trazidas nas caravellas.
Contra a verdade dos povos mis-
sk narios, definida pela sagacidade
de um antropófago, o Visconde de
Cayrú: — É a mentira muitas vezes
repetida.
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ram. Foram fugitivos de uma civi-
lização qúe estamos comendo, por-
que somos fortes e vingativos como
o Jaboty.
Se Deus é a consciência do Uni-
verso Increado, Guaracy é a mãe
dos viventes. Jacy é a mãe dos ve-
getaes.
Não tivemos especulação. Mas tí-
nhamos- adivinhação. Tínhamos Po-
lítica que é a sciencia da distribui-
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Contra o indio de tocheiro. O ín-
dio filho de Maria, afilhado de Ca-
tharina de Medicis e genro de D.
Antônio de Mariz.
A alegria é a prova dos nove.
Contra a Memória .fonte do costu-
me. A experiência pessoal renovada.
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mam conta, reagem, queimam gente
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Contra Goethe, a mãe dos Grac-
chos, e a Corte de D. João VIo
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A alegria é a prova dos nove.
A lucta entre o que se chamaria
Increado e a Creatura-illustrada pela
contradição permanente do homem
e o seu Tabu. O amor quotidiano e
o modus-vivendi capitalista. Antro-
pofagia. Absorpção do inimigo sa-
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lidade. Porém, só as puras elites
conseguiram realísar. a antropofagia
carnal, que traz em si o mais alto
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les identificados por Freud, males
cathechistas. O que se dá não é uma
sublimação do instincto sexual. E' a
escala thermometrica do instincto
antropofagico. De carnal, elle se tor-
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gamos ao aviltamento. A baixa an-
tropofagia agglomerada nos pecca-
dos de cathecismo — a inveja, a
usura, a calumnia, o assassinato.
Peste dos chamados povos cultos e
christianisados, é contra ella que es-
tamos agindo. Antropófagos.
No matriarcado de Pindorama.
Contra Anchieta cantando as onze
mil virgens do céo, na terra de Ira-
cema — o patriarcha João Ramalho
fundador de São Paulo.
A nossa independência ainda não
foi proclamada. Frase typica de D.
João VI.0
: — Meu filho, põe essa
coroa na tua cabeça, antes que al-
gum aventureiro o faça! Expulsa-
mos a dynastia. E' preciso expulsar
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Contra a realidade social, vestida
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— a realidade sem complexos, sem
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nitenciárias do matriarcado de Pin-
dorama.
OSWALD DE ANDRADE.
Em Piratininga.
Anno 374 da Deglutição do Bispo
Sardinha.
BRASILIANA
RAÇA
De uma correspondência de Sarutayá
(Est. de S. Paulo) para o Cottelo Paulis-
tano, n. de 15-1-927:
O Sr. Abrahão José Pedro offereceu
aos seus amigos um lauto jantar com-
memorando o anniversario de seu filhí-
nho José e baptizado do pequeno Fuad,
que nessa data foi levado á pia baptismal.
Foram padrinhos o sr. Rachide Mustafa
e sua esposa d. lorgina Mustafa.
O Sr. Paschoalino Verdi proferiu um
discurso de saudação.
POLÍTICA
Da viesma correspondência:
O Sr. Rachid Abdalla Mustafa, escrivão
de paz, muito tem trabalhado para au-
gmentar o numero- de eleitores.
DEMOCRACIA
Telegrama de Fortaleza (AB):
A bordo do "Itassussê" passou por
este porto com destino ao norte, S. A.
D. Pedro de Orleans e Bragança, acom-
panhado de sua esposa é filho.
S. A. desembarcou, visitando na Praça
Caio Prado a estatua.de Pedro II. 0 povo
acclamou com enthusiasmo o príncipe. A
off.cialidade do 23.° B. C. e á banda de
musica cercada de enorme multidão,
aguardou a chegada de S. A. naquella
praça.
Compacta mana, acompanhou os dis-
tinetos viajantes até a praça do Ferreira,
onde o tribuno Quintino Cunha fez uma
enthusiastica saudação em nome da po-
pulação.
Na volta para bordo, um preto catraeiro,
de nome Vicente Fonseca, destacando-se
da multidão abraçou o príncipe dizendo:'
"Fique sabendo que as opiniões muda-
ram mas os corações são os mesmos".
RELIGIÃO
Telegramma de Porto Alegre para a
Gazeta de S. Paulo n. de 22-3-927:
Vindo de S. Paulo chegou a esta ca-
pital o sr. Sebastião da Silva, que fez o
raide daquelle (Estado ao nosso, a pé,
tendo partido dalli em outubro.
O "raidman" tomou essa resolução em
virtude de uma promessa feita a Virgem
Maria, para que terminasse a revolução
no Brasil. Quando se achava próximo a
esta Capital, teve conhecim»iito do ter-
mino da lucta, proseguindo até aqui,- alim
de cumprir a sua promessa.
Sebastião Antônio da Silva conta
actualmente 35 annos de edade.
NECROLÓGIO
De um discurso do professor João Ma-
rinho na Academia Nacional de Medicina
do Rio de Janeiro (Estado de S. Paulo,
n. de 3-8-921):
O dr. Daniel de Oliveira Barros e Al-
meida nasceu num dia e morreu em outro,
de doença de quem trabalha, coração can-
çado antes de tempo.
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Juvenal Manuel do Nascimento, ex-agen-
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tando Juvenal e ferindo gravcnuiite sua
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Manifesto Antropófago: a revolução Caraíba e o antropofagismo brasileiro

  • 1. Revista de Antropofagia MANIFESTO ANTROPÓFAGO Só a antropofagia nos une. Social- mente. Economicamente. Philoso- phicamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualis- mos, de todos os collectivismo. De todas as religiões. De todos os trata- dos de paz. pobre declaração dos direitos do homem. A edade de ouro annunciada pela America. A edade de ouro. E todas as girls. Tupy, or not tupy that is the question. Contra toda as cathecheses. contra a mãe dos Gracchos. Filiação. O contacto com o Brasil Carahiba. Oú Villeganhon print ter- re. Montaigne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, á Revolução Bol- chevista, á Revolução surrealista e ao bárbaro technizado de Keyserl- ing. Caminhamos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. Nunca fomos cathechisados. Vive- mos atravez de um direito sonam- bulo. Fizemos Christo nascer na Ba- hia. Ou em Belém do Pará. Estamos fatigados de todos os ma- ridos catholicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psychologia im- pressa. Mas nunca admittimos o nasci- mento da lógica entre nós. Só podemos attender ao mundo orecular. Tínhamos a justiça codificação da vingança A sciencia codificação da Magia. Antropofagia. A transfor- mação permanente do Tabu em to- tem. Contra o mundo reversivel e as idéas objectivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dyna- mico. O indivíduo victima do syste- ma. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o es- quecimento das conquistas interio- res. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Ro- teiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. O instincto Carahiba. O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o inundo interior e o mundo exterior. A reacção contra o homem vestido. O cinema americano informa- rá. Filhos do s o l , mãe dos viventes. Encontrados e ama- dos ferozmente, com toda a hypocrisia da saudade, pelos im- migrados, pelos tra- ficados e pelos tou- ristes. No paiz da cobra grande. Foi porque nun- ca tivemos gram- maticas, nem col- lecções de velhos vegetaes. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mappa mundi do Brasil. Uma consciência participante, uma rythmica religiosa. Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida, E a mentalidade prelogica para o Sr. Levy Bruhl estudar. Desenho de Tarcilu 1928 De um quadre que figurará na sua próxima exposição de Junho na galeria Pcrcier, em Paris. Morte e vida das hypothe- ses. Da equação eu parte do Kosmos ao axioma Kosmos parte do eu. Subsistência. Co- nhecimento. Antropofagia. Contra as elites vegetaes. Em communicação com o solo. Nunca fomos cathechisados. Fizemos foi Carnaval. O indio vestido de senador do Império. Fingindo .de Pitt. Ou figuran- do nas operas de Alencar cheio de bons sentimentos portugue- zes. Já tínhamos o communismo. Já tí- nhamos a língua surrealista. A eda- de de ouro. Catiti Catiti Imara Notiá Notiá Imara Ipejú Queremos a revolução Carahiba. Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas ef- ficazes na direcçâo do homem. Sem nós a Europa não teria siquer a sua Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar commissão. O rei analpha- beto dissera-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o em- préstimo. Gravou-se o assucar bra- sileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia, O espirito recusa-se a conceber o espirito sem corpo. O antropomor- fismo. Necessidade da vaccina an- tropofagica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as in- quisições exteriores. A magia e a vida. Tínhamos a re- lação e a distribuição dos bens phy- sicos, dos bens moraes, dos bens di- gnados. E sabiamos transpor o ínys- terio e a morte com o auxilio de al- gumas formas grammaticaes. Perguntei a um homem o que era o Direito. Elle me respondeu que era a garantia do exercício da pos- sibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o Só não ha determinismo - onde ha mistério. Mas que temos nós com isso? Continua na Pagina 7
  • 2. Revista de Antropofagia Manifesto Antropófago Contra as historias do homem, que começam no Cabo Finisterra. 0 mun- do não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César. A fixação do progresso por meio de catalagos e apparelhos de televi- são. Só a maquinaria. £ os transfu- sores de sangue. Contra as sublimações antagôni- cas. Trazidas nas caravellas. Contra a verdade dos povos mis- sk narios, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cayrú: — É a mentira muitas vezes repetida. Mas não foram cruzados que vie- ram. Foram fugitivos de uma civi- lização qúe estamos comendo, por- que somos fortes e vingativos como o Jaboty. Se Deus é a consciência do Uni- verso Increado, Guaracy é a mãe dos viventes. Jacy é a mãe dos ve- getaes. Não tivemos especulação. Mas tí- nhamos- adivinhação. Tínhamos Po- lítica que é a sciencia da distribui- ção. E um" systema social planetá- rio. As migrações. A fuga dos esta- dos tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios, e o tédio especulativo. De William James a Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia. O pater famílias e a creação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas-f falta de imaginação-r-sen-* timento de authoridade ante a pro- curiosa. E' preciso partir de um profundo atheismo para se chegar a idéa de Deus. Mas o carahiba não precisava. Porque tinha Guaracy. O objectivo creado reage como os Anjos da Queda. Depois Moysés di- vaga. Que temos nós com isso? Antes dos portuguezes descobri- rem o Brasil, o Brasil tinha desco- berto a felicidade. Contra o indio de tocheiro. O ín- dio filho de Maria, afilhado de Ca- tharina de Medicis e genro de D. Antônio de Mariz. A alegria é a prova dos nove. Contra a Memória .fonte do costu- me. A experiência pessoal renovada. Somos concretistas. As idéas to- mam conta, reagem, queimam gente nas praças publicas. Suprimamos as idéas e as outras paralysias. Pelos roteiros. Acreditar nos signaes, acre- ditar nos instrumentos e nas estrei- tas. Contra Goethe, a mãe dos Grac- chos, e a Corte de D. João VIo . A alegria é a prova dos nove. A lucta entre o que se chamaria Increado e a Creatura-illustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor quotidiano e o modus-vivendi capitalista. Antro- pofagia. Absorpção do inimigo sa- cro. Para transformal-o em totem. A humana aventura. A terrena fina- lidade. Porém, só as puras elites conseguiram realísar. a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os ma- les identificados por Freud, males cathechistas. O que se dá não é uma sublimação do instincto sexual. E' a escala thermometrica do instincto antropofagico. De carnal, elle se tor- na electivo e cria a amizade. Affe- ctivo, o amor. Especulativo, a scien- cia. Desvia-se e transfere-se. Che- gamos ao aviltamento. A baixa an- tropofagia agglomerada nos pecca- dos de cathecismo — a inveja, a usura, a calumnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e christianisados, é contra ella que es- tamos agindo. Antropófagos. No matriarcado de Pindorama. Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céo, na terra de Ira- cema — o patriarcha João Ramalho fundador de São Paulo. A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase typica de D. João VI.0 : — Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que al- gum aventureiro o faça! Expulsa- mos a dynastia. E' preciso expulsar o espirito bragantino, as ordenações e o rap.é de Maria da Fonte. Contra a realidade social, vestida e oppressora, cadastrada por Freud — a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem pe- nitenciárias do matriarcado de Pin- dorama. OSWALD DE ANDRADE. Em Piratininga. Anno 374 da Deglutição do Bispo Sardinha. BRASILIANA RAÇA De uma correspondência de Sarutayá (Est. de S. Paulo) para o Cottelo Paulis- tano, n. de 15-1-927: O Sr. Abrahão José Pedro offereceu aos seus amigos um lauto jantar com- memorando o anniversario de seu filhí- nho José e baptizado do pequeno Fuad, que nessa data foi levado á pia baptismal. Foram padrinhos o sr. Rachide Mustafa e sua esposa d. lorgina Mustafa. O Sr. Paschoalino Verdi proferiu um discurso de saudação. POLÍTICA Da viesma correspondência: O Sr. Rachid Abdalla Mustafa, escrivão de paz, muito tem trabalhado para au- gmentar o numero- de eleitores. DEMOCRACIA Telegrama de Fortaleza (AB): A bordo do "Itassussê" passou por este porto com destino ao norte, S. A. D. Pedro de Orleans e Bragança, acom- panhado de sua esposa é filho. S. A. desembarcou, visitando na Praça Caio Prado a estatua.de Pedro II. 0 povo acclamou com enthusiasmo o príncipe. A off.cialidade do 23.° B. C. e á banda de musica cercada de enorme multidão, aguardou a chegada de S. A. naquella praça. Compacta mana, acompanhou os dis- tinetos viajantes até a praça do Ferreira, onde o tribuno Quintino Cunha fez uma enthusiastica saudação em nome da po- pulação. Na volta para bordo, um preto catraeiro, de nome Vicente Fonseca, destacando-se da multidão abraçou o príncipe dizendo:' "Fique sabendo que as opiniões muda- ram mas os corações são os mesmos". RELIGIÃO Telegramma de Porto Alegre para a Gazeta de S. Paulo n. de 22-3-927: Vindo de S. Paulo chegou a esta ca- pital o sr. Sebastião da Silva, que fez o raide daquelle (Estado ao nosso, a pé, tendo partido dalli em outubro. O "raidman" tomou essa resolução em virtude de uma promessa feita a Virgem Maria, para que terminasse a revolução no Brasil. Quando se achava próximo a esta Capital, teve conhecim»iito do ter- mino da lucta, proseguindo até aqui,- alim de cumprir a sua promessa. Sebastião Antônio da Silva conta actualmente 35 annos de edade. NECROLÓGIO De um discurso do professor João Ma- rinho na Academia Nacional de Medicina do Rio de Janeiro (Estado de S. Paulo, n. de 3-8-921): O dr. Daniel de Oliveira Barros e Al- meida nasceu num dia e morreu em outro, de doença de quem trabalha, coração can- çado antes de tempo. Entre os dois, correu-lhe a vida. SURPRESA Telegramma de Curityba para a Folha da Noite de S. Pauio, n. de 2-11-927: Informam de Imbituba que o indivíduo Juvenal Manuel do Nascimento, ex-agen- te do correio, reuniu em sua casa todos os amigos e parentes sob o pret:xto de fazer uma festa. Durante o almoço, Ju- venal mostrou-se alegre e,-ao terminar a festa foi ao seu quarto, do qual trouxe um embrulho contendo uma dynamite, di- zendo que ia proporcionar a todos uma surpresa. Todos estavam attentos e esperando a surpresa q-uando, com espanto geral, o dono da casa approximou um cigarro acceso do embrulho que explbdiu, ma- tando Juvenal e ferindo gravcnuiite sua esposa e todas as pessoas que haviam assistido ao convite fatal.