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RESUMO DO LIVRO MANUAL DE SAÚDE VOCAL: teoria
  e prática da voz falada e cantada para professores e
      comunicadores – Rita de Cássia Fucci Amato

                São Paulo: Atlas 2010
1 A VOZ PROFISSIONAL

       A voz profissional é assim designada quando é utilizada como um
instrumento     indispensável   para   o   desempenho   de   diversas   funções
profissionais. Segundo Vilkman (2000, p. 120), “nas sociedades modernas,
cerca de um terço da força de trabalho está exercendo profissões nas quais a
voz é a ferramenta primária”. Por isso, diversos estudos têm sido realizados no
Brasil quanto aos profissionais da voz, mostrando a necessidade de estes
desenvolverem uma maior habilidade na percepção e no cuidado de sua voz,
tendo em vista o papel crucial desse instrumento em sua qualidade de vida e
desempenho profissional. A orientação vocal para os professores é processo
essencial nesse âmbito e tem sido inclusiva objeto de leis que obrigam as
escolas públicas a oferecerem essa informação a seus docentes.

1.1 Profissionais da Voz

              A voz é um instrumento de comunicação capaz de servir diversas
finalidades desde a expressão artístico-musical, no caso da voz cantada, até,
no caso da voz falada, a expressão artístico – teatral, científica, didática,
política, jornalística, amorosa: uma encenação, uma palestra em um evento
acadêmico, uma aula, um discurso político, um telejornal e uma conversa
familiar são situações que bem ilustram o uso da voz como poderosa
ferramenta de transmissão de informações e emoções.
              Profissionais da voz são, portanto, aqueles para os quais a voz é
um componente básico para o desempenho de sua competência. Portanto,
profissional da voz não é apenas o cantor e o ator profissionais, mas também
diversas outras pessoas que profissionalmente exerçam atividade como as de:

   •   Jornalistas (rádio e TV);
   •   Vendedor;
   •   Corretor de imóveis;
   •   Professores de qualquer nível de ensino;
   •   Educador físico;
   •   Educador musical;
   •   Palestrante
•   Profissionais da saúde, como médicos, fonoaudiólogos, terapeutas,
       psicólogos, etc.;
   •   Profissional do Direito
   •   Padre/pregador religioso;
   •   Telefonista
   •   Recepcionistas ou funcionários de atendimento ao público.


            Pessoas que utilizam intensamente a voz, mas não são
profissionais da voz:
   •   Cantores de corais não profissionais;
   •   Cantores e atores amadores;
   •   Qualquer pessoa que embora não utilize a voz profissional, participe de
       outras atividades nas quais a fala e ou o canto são fundamentais e
       intensamente requisitados.



1.2 Por que a saúde vocal é importante?

            Manter a saúde vocal é de fundamental importância tanto para
quem utiliza a voz cotidianamente, como para aqueles que desempenham
alguma atividade não profissional ligada à voz e para os profissionais da voz,
especialmente.
            Para os profissionais da voz, a boa saúde vocal justifica-se pelo
impacto econômico que a voz pode ter. Como representa a ferramenta de
trabalho de boa parte da população economicamente ativa, e podendo afetar a
produtividade (no caso das faltas no trabalho advindas de problemas vocais), a
efetividade no desempenho de uma função, ou, ainda, a qualidade estética de
determinado trabalho artístico (por exemplo, quando um ator ou cantor está
com problemas vocais).
2 SAÚDE VOCAL


           A saúde vocal refere-se aos hábitos e cuidados que devem ser
praticados pelas pessoas, em especial por todos os profissionais da voz, em
um processo de autopercepção eficaz, que permita evitar prejuízos e fomentar
condições favoráveis à integridade vocal. Algumas orientações gerais para uma
boa produção de voz podem ser elaboradas, sempre com a ressalva de que é
o próprio indivíduo que estabelecerá suas prioridades, se possuidor de
consciência corporal, psíquica e emocional efetiva.




2.1 Relação corpo – voz – mente, propriocepção e consciência corporal e
vocal


           Você convive em com seu corpo? Está satisfeito com as respostas
corporais que você se dá a si mesmo e aos outros? Seu corpo realiza
movimentos com graça e flexibilidade? Faça uma flexão e verifique se suas
mãos tocam o chão. Sente-se com a coluna ereta e perceba por quantos
minutos consegue permanecer nessa posição.


           Com o passar dos anos, nosso corpo acumulou tensões e criamos
uma couraça que vai limitando nossas energias e minando nossos prazeres
corporais. Para restabelecer nossa energia vital, podemos praticar sessões de
alongamento como as que são realizadas em aulas de ioga ou em práticas
similares. Os exercícios que flexibilizam nosso corpo nos trazem um
relaxamento que imediatamente é refletido na nossa fala. Perceba depois
desse tipo de atividade, como sua voz é alterada para um padrão de maior
agradabilidade, transmitindo calma e docilidade.
           Alguns estudiosos como Pederiva e Galvão(2006) realizaram
considerações a respeito dos significados de corpo, entendendo-o como
veículo de expressão da sensibilidade pelas diferentes metáforas que podem
ser assumidas na relação performática de comunicação de significados pelo
corpo.
Destacaram as categorias:
   •   Corpo instrumento: como meio para agirmos no mundo;
   •   Corpo-mente: corpo cujas ações são comandadas pela mente;
   •   Corpo – base: corpo como substrato para a aprendizagem;
   •   Corpo – organismo: corpo organizado de vários órgãos, sistema;
   •   Corpo – sujeito: dimensão da personalidade e individualidade;
   •   Corpo – emoção: dimensão psíquica;
   •   Corpo cultura: corpo como produto social;
   •   Corpo objeto: corpo como coisa concreta, mensurável, tangível.


           Nesse sentido, é importante pensarmos na complexidade do ser
humano que engloba necessidades primárias biológicas, emocionais e desejos
e todas essas dimensões influem na produção da voz e, através dela,
comunicam-se para o mundo exterior. Nessa elaboração, a totalidade corpo-
voz é essencial.


           “A integração corpo-voz é um dos parâmetros básicos pelos quais
           podemos avaliar o equilíbrio emocional de um indivíduo. [...] o
           corpo e a voz devem expressar a mesma intenção” (BEHLAU;
           PONTES, 1995, P. 124)


           Isso significa que a tomada de consciência corporal aliada à
performance vocal ( fala ou canto) é de extrema relevância para o profissional
da voz. Os aspectos posturais tais como a inclinação da cabeça, a tensão
muscular cervical, o posicionamento do queixo em relação ao peito, a
inclinação dos ombros, a curvatura da coluna vertebral no andar e sentar,
devem ser avaliados quanto à sua adequação ou não para o ato fonatório.
           Perante o exposto, um termo conhecido pela fonoaudiologia
chamado propriocepção designa a percepção de si próprio em suas nuances
internas, como resposta a um estímulo externo provocado. Assim, a
propriocepção define a consciência do indivíduo acerca de sua saúde,
abrangendo a saúde vocal. Percebendo a si próprio, o sujeito pode perceber
sua voz e expressar seu conhecimento e seu saber sobre sua voz para as
outras pessoas, incluindo orientadores vocais, fonoaudiólogos, professores de
técnica vocal. Por meio de uma propriocepção refinada, há que se tomar
consciência da unidade corpo-mente, incluindo a voz nessa dimensão uma e
harmônica.


2.2 Avaliação vocal: Questionário de qualidade de vida e voz (QVV) –
ESTE QUESTIONÁRIO ENCONTRA-SE AO FINAL DESTE RESUMO


             Segundo GRILLO&PENTEADO (2005, p. 322) o QVV vem sendo
utilizado em diversas pesquisas da área de fonoaudiológica para a investigação
das relações entre qualidade de vida e voz em professores e sujeitos com e
sem alterações vocais e vem sendo apontado como importante instrumento
para avaliar o impacto da disfonia sobre a vida de pessoas em atendimento
fonoaudiológico; para avaliar a capacidade de percepção dos sujeitos quanto
ao impacto da voz sobre sua qualidade de vida; para realizar o
acompanhamento da evolução do atendimento clínico na área de voz e
subsidiar o planejamento de ações para a promoção da saúde vocal do
docente. O QVV envolve dez itens e relaciona qualidade de vida e voz
envolvendo o domínio físico, socioemocional e global.


2.3 Condicionantes de boa saúde vocal


             Ao destacar os fatores condicionantes de boa ou má saúde vocal,
não se garante que ter certo hábito evitará ou provocará, de maneira
determinante os problemas vocais. Apenas destacam-se as atitudes que, uma
vez tomadas com relação à voz, tendem a criar condições para a permanência
de sua saúde ou para seu desgaste. Assim, as orientações visando á
manutenção da saúde vocal não têm um efeito instantâneo e não produzirão
resultados se não forem incorporadas à prática cotidiana individual, como
hábito, ao lado também da prática de exercícios de técnica vocal. O auto
cuidado para a manutenção da boa qualidade de produção da voz é
especialmente salutar para os profissionais da voz, visto que fazem parte do
grupo de alto risco vocal.
Resumidamente, alguns pontos são essenciais para uma boa
saúde da voz, a saber:


   •   Alimentação balanceada;
   •   Hidratação e a higienização;
   •   Práticas esportivas;
   •   Atividades de relaxamento físico-mentais;
   •   Postura corporal adequada;
   •   Sono;
   •   Repouso vocal.


2.4 Condicionantes de má saúde vocal


            Alguns hábitos vocais inadequados que prejudicam a saúde vocal
são relevantes causadores de disodias e disfonias.
            As disodias são alterações que se apresentam na prática do canto
e suas causas são classificadas em físicas, fisiológicas, método imperfeito,
respiração inadequada, repertório inadequado, e patológicas.
            As disfonias por sua vez, são alterações na voz falada ou
alterações do comportamento fonatório que correspondem a um defeito de
adaptação e coordenação dos diversos órgãos que intervêm na produção da
voz.
            As imprudências e agressões mais comumente cometidas contra o
aparelho fonador e que colocam em risco a produção falada e cantada são:


   •   Ingestão de bebidas alcoólicas;
   •   Fumo;
   •   Automedicação;
   •   Mudanças de temperatura;
   •   Ar condicionado;
   •   Poluição;
   •   Alergias;
   •   Má alimentação;
•   Descanso inapropriado;
   •   Maus hábitos vocais como pigarrear, tossir com força, competir com
       ruídos;
   •   Posturas inadequadas;
   •   Vestuário impróprio;
   •   Dificultador da boa postura, como por exemplo, sapatos de salto alto.
   •   Sobrecarga vocal – uso intenso da voz em um grande período de tempo;
   •   Acústica deficiente;
   •   Ambientes com grande ruído;
   •   Má qualidade do ar;
   •   Necessidade de se projetar a voz a longas distâncias;
   •   Impossibilidade de uso de equipamentos para amplificação sonora,
       como microfones.

            O mau uso da voz afeta a qualidade da fonação e as
características vibratórias das pregas vocais, como a estrutura interna da
laringe; conseqüentemente afetam também a freqüência fundamental da voz,
ou seja, o falante tende a emitir a voz de maneira mais grave ao final do dia, o
que evidencia seu desgaste. O abuso vocal pela atividade profissional resulta,
em disfonia ocupacional – alterações na voz falada decorrente do próprio
trabalho.


2.5 Aprofundamento de alguns pontos importantes


Alimentação – o refluxo gastresofágico (DRGE)


            Caracteriza por refluxo gastresofágico quando o ácido clorídrico ou
muriático presente no suco gástrico do estômago sobe em direção à cavidade
bucal (em forma gasosa) e atinge a laringe, provocando o edemaciamento
(inchaço, geralmente por acúmulo de líquidos) das pregas vocais e outros
sintomas, como azia, pigarro constante, saliva viscosa e mau hálito. Tais
problemas são agravados pela ingestão habitual de cafeína. Quando o refluxo
gastresofágico torna-se habitual, é considerado uma doença – a doença do
refluxo gastresofágico (DRGE). Sua principal consequência destacada pelos
otorrinolaringologistas é a inflamação da laringe que afeta diretamente a saúde
vocal.
              Medidas para a prevenção do refluxo gastresofágico:
   •     Evitar deitar-se nas 2 horas posteriores às refeições;
   •     Elevar a cabeceira da cama em 15 cm;
   •     Na presença de obesidade, perder peso pela suspensão ou moderação
         da ingestão de alimentos com grande índice de gorduras, cítricos, café,
         bebidas alcoólicas, bebidas gaseificadas, produtos à base de tomate e
         chocolate;
   •     Evitar refeições exageradas;
   •     Evitar uso de roupas apertadas e desconfortáveis.


Cigarro


              O fumo é severamente nocivo para a voz. A fumaça quente por
este produzida agride todo o sistema respiratório e fonador, afetando o muco
que lubrifica as paredes desses sistemas. O pulmão perde sua elasticidade e
adquire o aspecto de uma esponja escura e rígida, o que certamente diminui
drasticamente a capacidade respiratória. A fumaça do cigarro afeta em especial
as pregas vocais, causando irritação, edema (inchaço), tosse, alterações no
muco, aumento de secreção e infecções.
              Quanto à voz dos fumantes passivos, pode-se afirmar que estes
terão no mínimo problemas semelhantes aos dos tabagistas. Assim é
importante a busca por ambientes mais ventilados para que a fumaça se
disperse mais facilmente.


Bebidas alcoólicas


              O consumo de bebidas alcoólicas – quer sejam fermentadas
(cerveja, champanhe e vinho), quer sejam destiladas (uísque, vodca, cachaça e
conhaque) – causa irritação no aparelho fonador. As bebidas destiladas irritam
e acometem mais intensamente os tecidos, gerando uma estreita associação
entre consumo excessivo de álcool e o câncer de laringe ou pulmão.
Muitos sentem uma sensação de melhora momentânea na emissão
vocal quando ingerem álcool. Isso se deve ao fato de que o álcool leva a uma
leve anestesia da faringe. Entretanto, ao provocar essa anestesia, a bebida
alcoólica faz com que se cometam quase inconscientemente, certos abusos
vocais, como gritar, cujas consequências são sentidas após a passagem do
efeito da bebida, quando se percebe a voz fraca e rouca e tem-se uma
sensação de “queimação”.


Bebidas ou alimentos em temperatura extremada


           Quando    ingerimos   líquidos   ou   alimentos   em   temperaturas
extremadas o organismo reage, liberando uma grande descarga de muco nas
pregas vocais, que também poderão ser vítima de inchaço por acúmulo de
fluidos.


Ar condicionado


           A exposição constante ou habitual a ambientes por ar –
condicionado deve ser evitada, pois este aparelho leva à desumidificação do
ar, que ocorre tanto no abaixamento de temperatura provocado pelo ar
condicionado, como também em ambiente aquecidos artificialmente.
           A desumidificação do ar acaba ressecando a mucosa que recobre
as vias aéreas superiores, o que ocasiona também a falta de hidratação das
pregas vocais e, por conseguinte, sua dificuldade de vibração e produção de
sons. Ao afetar a mucosa da laringe, altera as características físico-químicas
do fluido que recobre sua parede, o que influencia negativamente a
performance glótica, isto é, a emissão vocal, causando dificuldades na vibração
das pregas vocais.
           A atitude ideal com o ar condicionado seria evitá-lo. Caso o
professor tiver a opção de substituir a refrigeração por ar condicionado pela
refrigeração natural da sala abrindo as janelas, deve fazê-lo. Porém, abrir as
janelas também pode aumentar o ruído do ambiente, o que ocasionará
dificuldade para comunicação do docente e dos discentes (pois terão que falar
mais alto, cometendo esforço vocal) e, conseqüentemente, para o processo de
ensino aprendizagem. Nesse caso, pode-se optar para a refrigeração por
ventiladores. Para ambos os aparelhos é muito importante mantê-los limpos
para evitar alergias e outras infecções.
            Em alguns casos é preferível usar o ar condicionado à refrigeração
natural do ambiente. No carro, por exemplo, muitas vezes o ar condicionado é
útil para mantermos uma temperatura mais amena em dias de calor intenso,
para evitarmos a fumaça direta dos veículos que trafegam na via e para reduzir
o incômodo causado pelo barulho das vias de trânsito.
            É importante ressaltar que em ambiente com ar condicionado não
há uma adequada circulação e revitalização do ar, pois o ar interno não sai do
ambiente com facilidade e o ar externo não pode entrar adequadamente.
Assim, esse ambiente tende a ficar com maior concentração de poluentes,
mantendo um ar “viciado”.
            Em todo caso é necessário o controle do ressecamento das vias
aéreas pela ingestão constante de líquidos por via oral e/ou nasal (solução de
soro fisiológico). No carro e no ambiente de trabalho é sempre recomendável
manter-se uma garrafa ou copo de água. Durante uma exposição oral, deve-se
intercalar a fala com pequenos goles de água, ingeridos lentamente.


Poluição atmosférica


            A poluição pode produzir alterações vocais e laríngeas agudas
(crises constantes) ou crônicas (alterações prolongadas), como rouquidão,
sensação de irritação na boca, faringe e nariz, tosse e outros sintomas. Porém,
como a poluição atmosférica é uma questão de saúde pública, com grandes
implicações socioeconômicas a ser resolvida somente em longo prazo, o que
se pode fazer, de imediato, é não permanecer em ambientes fechados
poluídos, como locais onde há pessoas fumando ou garagens, onde costuma
haver grande concentração de gás carbônico/dióxido de carbono (CO2) ou, pior
ainda, de monóxido de carbono (CO).
Poluição sonora


            Costumamos ter um grande desconforto em ambiente de intensa
poluição sonora, onde para nos comunicarmos temo que realizar um grande
esforço vocal, emitindo a voz em alta intensidade (volume sonoro), ou seja,
praticamente gritando e a isso se chama de “competição vocal”. Essa situação
entretanto, gera o estresse de nossas pregas vocais e de toda a estrutura
muscular da laringe, tornado a voz rouca, isto é, as pregas vocais passam a ter
dificuldade de vibrar.
            O que evitar? É importante poupar a voz quando:
   •   Avenida com grande quantidade de sons;
   •   Em festas quando todos falam muito alto;
   •   Televisão ou música com volume elevado.


Pó e poeira


            Manter a higiene doméstica é indispensável para se ter uma boa
saúde, em geral e em termos do sistema respiratório e do aparelho fonador.
Nesse sentido, algumas orientações podem ser elaboradas:


   •   Evitar tapetes e carpetes muito grossos, que tendem a acumular mais pó
       e são mais difíceis de limpar; optar, quando possível, pelos pisos frios ou
       de madeira;
   •   Evitar animais domésticos e, caso os tenha, redobrar o cuidado na
       higiene destes e na limpeza doméstica;
   •   Tirar o pó dos móveis, incluindo sofás e cadeiras, dos enfeites e do chão
       com pano molhado, e não com flanelas, panos secos ou espanadores,
       que espalham o pó e têm eficiência reduzida na higiene do lar;
   •   Manter os ambientes arejados e iluminados, o que ajuda a criar um
       ambiente menos propício ao bolor, ao mofo e à reprodução de
       microorganismos;
   •   Limpar os colchões com pano molhado e com álcool;
   •   Lavar as colchas e trocar travesseiros regularmente.
Alergias respiratórias


             Existe uma grande correlação entre alergias/distúrbios respiratórios
(rinite, asma, bronquite, faringite e laringite) e alterações vocais, devido
principalmente a alterações na respiração do indivíduo e em sua produção do
muco nas vias aéreas.      Em quaisquer casos, é recomendável visita a um
otorrinolaringologista para a realização de exames que permitam um
diagnóstico adequado e para a indicação do tratamento conveniente. A
produção vocal falada e cantada é prejudicada de maneira singular por
alterações nas vias aéreas.


Grito e pigarro


             É comum encontrarmos pessoas que pigarreiam com freqüência.
Esse ato provoca atrito das pregas vocais, chegando mesmo a feri-las.
Entretanto, o organismo reage a tal agressão alterando a produção de muco,
ou seja, aumentando para proteger as pregas. Cria-se assim, um círculo
vicioso, pois o muco produzido pode dar uma nova sensação de presença de
um corpo fisiológico estranho às pregas e, para eliminá-lo, pigarreia-se
novamente.
             Para evitar o pigarro e seus efeitos danosos sobre as pregas
vocais, devem ser tomadas algumas atitudes, como hidratar-se para manter o
muco fluido, menos denso. A hidratação oral é a maneira mais eficiente de se
manter a necessária quantidade e qualidade de muco nas pregas vocais. Outra
atitude recomendável são os exercícios de vibração de língua (“RRRRRRR”),
imitando a aceleração de um motor de automóvel. Tais sons podem ser surdos
ou sonoros, isto é, usando ou não a voz propriamente dita.
             O grito, por sua vez, consiste em emitir a voz a voz falada em alta
intensidade, ou seja, com volume sonoro acima do normal. Quando gritamos, a
vibração das pregas vocais torna-se praticamente uma colisão, que
sobrecarrega a musculatura da laringe, contraindo excessivamente os
músculos laríngeos e estressando-os. Há também um estresse dessa
musculatura quando sussurramos; ou seja, falar baixo não é sempre sinônimo
de poupar a voz. O que se deve buscar é o volume ideal de conversação,
aquele em que a emissão vocal se dá em excessivo esforço.
           Os cantores e atores podem emitir sons de alta intensidade sem
prejudicar seu aparelho fonador devido ao preparo respiratório intenso. Mesmo
quando gritam, podem conscientemente associar seu esforço muscular
laríngeo a um bom controle de fluxo respiratório, produzindo um “grito
empostado”, que não fere as pregas vocais. Antes de “gritar”, já se prepara o
apoio respiratório necessário para a vibração de forma que haja menor esforço
das pregas vocais. Isso acontece por causa de um condicionamento
respiratório e muscular adquirido durante anos de treinamento vocal.


Sprays e pastilhas


           Algumas pastilhas e medicamentos em forma de spray produzem
uma ação analgésica e anestésica sobre as mucosas da boca e da faringe.
Assim, mascaram eventuais irritações no aparelho fonador, fazendo a pessoa
pensar que sua voz está plenamente restabelecida e, então levando a um uso
extenuante da voz, que potencialmente leva a inchaço (edemaciamento) das
pregas vocais.
           Especificamente sobre o tratamento dos problemas vocais, é um
consenso entre os pesquisadores da voz que balas, pastilhas e sprays são
meros paliativos para uma voz saudável; muitas vezes, podem atenuar uma
sensação desagradável momentaneamente, mas não devem ser empregado
com freqüência, uma vez que provocam alterações no estado das mucosas,
sendo a melhor opção uma boa hidratação, o emprego de uma técnica vocal
corretamente orientada e, na ocasião de problemas de saúde, a busca de um
profissional que conduza um tratamento eficiente a partir de um diagnóstico
adequado – fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas.


Vestimentas


           A roupa deve estar de acordo com a temperatura do ambiente de
trabalho, mantendo uma adequada proteção térmica do corpo. A vestimenta
adequada ajuda a prevenir eventuais alergias, que prejudicam a emissão vocal
e geram espirros, interrompendo a comunicação. Assim, deve-se evitar tecidos
que podem causar reações alérgicas.
               O calçado também influencia na emissão vocal. Sapatos de salto
extremamente alto podem gerar desequilíbrio e ocasionar má postura corporal.
Além do desconforto, isso pode implicar a má projeção da sua voz, fazendo
necessária uma fala em volume mais elevado e, portanto, um maior desgaste.
Uma má postura, com ombros extremamente abertos, tórax projetado para
frente e cabeça muito erguida, também pode tensionar excessivamente o
pescoço e, portanto, a laringe, impedindo uma emissão vocal de qualidade.
               Evitar o uso de roupas apertadas é muito importante, pois roupas
inflexíveis comprimem a musculatura respiratória e, assim, geram mais
cansaço e perda de fôlego. Roupas apertadas dificultam bastante a ação do
diafragma, principal músculo respiratório. Ou seja, fazem a pessoa gastar mais
energia que o necessário para respirar e a respiração ainda continua
ineficiente.
               Para o professor, é essencial conhecer as salas de aula em que
trabalha em termo da temperatura que o ambiente costuma ter; assim, o
docente poderá escolher as roupas termicamente mais adequadas para o
desempenho de sua função. Ademais, é sempre recomendável usar roupas
mais frescas e levar ao trabalho um casaco, caso a temperatura abaixe durante
o dia.
3 FISIOLOGIA DA VOZ

      A emissão da voz requer a sinergia de muitos mecanismos, envolvendo
elementos que integram diferentes funções do organismo humano, em um
trabalho   conjunto   dos    sistemas      nervoso,   respiratório      e   digestivo,
principalmente, com músculos, ligamentos, ossos, órgãos, células e tantas
outras estruturas, harmoniosamente concatenados para uma emissão eficiente.
      Nesse sentido, diversas funções fisiológicas têm uma interferência
mediata ou imediata na produção da voz. Destacam-se a seguir as relações
que existem entre alguns sistemas fisiológicos e a emissão vocal.


3.1 Sistema Respiratório


      É o que participa de maneira mais imediata da produção da voz e inclui
as vias aéreas superiores (faringe e laringe), o s pulmões e os músculos
respiratórios, como o diafragma, músculo localizado sob os pulmões e os
intercostais, músculos localizados entre as costelas.
      A respiração fornece o ar que é a matéria – prima básica para a vibração
das pregas vocais e a produção do som de nossa voz que se dá a partir do
fluxo respiratório que passa pela laringe. Por isso respirar com eficiência é o
mais importante pré-requisito para falar e cantar bem. De fato, o conjunto dos
órgãos envolvidos de modo mais imediato na produção vocal – o chamado
aparelho fonador – é constituído basicamente pelo sistema respiratório, com a
adição dos articuladores presentes na cavidade bucal (como a língua e os
dentes).


3.2 Sistema Digestivo


      Aquele    que   decompõe      os   alimentos    e   líquidos     ingeridos    em
susbstÂncias básicas, usadas para a manutenção de nossas estruturas
fisiológicas, para a reserva de gordura e para a produção de energia. Uma má
digestão pode ocasionar a subida de gases ácidos que podem atingir a laringe,
inchando   as   pregas    vocais.   Além     disso,   ocasiona       dificuldades   de
movimentação dos músculos respiratórios.
3.3 Aparelho Fonador


        Conjunto de órgão que atuam mais diretamente na produção da voz.
Constitui-se essencialmente de:
    •   Produtores e canalizadores: pulmões, brônquios e traquéia;
    •   Cavidades de ressonância: laringe, faringe, boca, nariz e seios
        paranasais
    •   Articuladores: lábios, língua, véu palatino, mandíbula e dentes.


Percebe-se que o aparelho fonador compõe-se basicamente dos mesmos
órgãos que o sistema respiratório, acrescentando-se a este apenas os seios
paranasais (na função de cavidade de ressonância) e os articuladores,
mecanismos característicos da emissão vocal articulada e, conseguintemente,
inteligível.


Na laringe, estão as pregas vocais, dois músculos que ficam na posição
horizontal, lado a lado. Quando elas vibram, produzem um som básico (buzz
laríngeo). Esse som produzido pelas pregas vocais passa da laringe à faringe e
chega a outras cavidades de ressonância, como a boca, o nariz e os seios
paranasais. Nessas cavidades o som é amplificado e assim chega àquela
qualidade que percebemos como sendo a voz. Na boca existe a úvula, em
forma de “u”, que é um apêndice do véu palatino que recobre o céu da boca. A
úvula ajuda a diminuir a passagem da vibração das pregas para o nariz,
fazendo o som da voz sair mais pela boca e diminuindo, assim, a nasalidade de
nossa voz.

3.4 O trato vocal

        O trato vocal é formado por cavidade e subdividido em regiões
anatômicas. Temos as cavidades oral, nasal e dos seios paranasais. As
regiões do trato vocal são: parte nasal da faringe (nasofaringe, rinofaringe ou
cavum), parte oral da faringe (orofaringe) e parte laríngea da faringe
(laringofaringe). Portanto, o trato vocal representa a parte superior (a partir da
laringe) do aparelho fonador. Essa é a configuração anatômica que pode ser
observada:
4 TÉCNICA VOCAL

             A técnica vocal, em sentido estrito, faz referência aos exercícios
práticos (físicos) realizados, visando diretamente à preparação para a produção
vocal, falada ou cantada. É basicamente realizada com exercícios de
relaxamento da região da nuca, pescoço, rosto, cintura escapular e também de
postura corporal. Em seguida, são trabalhados exercícios respiratórios para
controle de fluxo respiratório, especialmente, Após essa preparação, são
realizados os vocalizes, exercícios utilizando as escalas musicais com as
vocais.
             Além de servirem diretamente à preparação para a emissão vocal,
os exercícios objetivam o desenvolvimento de uma consciência maior acerca
da voz e do corpo, permitindo o cultivo de um senso de propriocepção refinado.


4.1 Consciência auditiva da própria voz


             Pense a respeito de sua voz... você está satisfeito com ela?
Perceba sua voz: como ela é, mais grave ou mais aguda? Como você e os
outros percebem sua fala? Ela é autoritária e convincente, antipática e
arrogante ou doce e confortável? Quando você está irritado (a) ou angustiado
(a), como ela revela seus estados emocionais?
             É importante também perceber a dinâmica fonatória dos outros: a
voz da pessoa que você está ouvindo é mais rouca ou mais delicada? Da voz
do outro saem símbolos que expressam se sua vida foi mais sofrida ou mais
calma; se naquele momento a pessoa está equilibrada; se sua rotina está
estafante.
             Ao tomar consciência da imensidão de vozes que cerca sua vida a
todo momento, você aprenderá a identificar a postura vocal mais adequada
para cada situação; saberá expressar-se melhor pela sua voz, dizendo muito
mais apenas pelos sons que seu corpo emite das pregas vocais.
             A percepção da nossa voz falada pode ser trabalhada com
exercícios que envolvam formas de expressão vocal que não façam parte de
nosso cotidiano. O exercício de leitura em voz alta de trechos de poesi, de
crônicas, contos e outros gêneros de textos poderá contribuir para a
dinamização da fala e a flexibilidade vocal.
       A prática da performance falada de textos em verso e prosa auxilia no
desenvolvimento de posturas, padrões de fala e técnicas de apresentação,
trabalhando a desinibição e a interpretação eficaz em aulas e palestras
aprimorando sua propriocepção. Você pode avaliar sua performance vocal
falada de textos segundo alguns parâmetros:
   •     Estudo e preparação;
   •     Atividade corporal (postura, olhos e mãos) durante a interpretação;
   •     Afinidade com texto escolhido;
   •     Clareza e articulação na performance;
   •     Adequação da intensidade vocal;
   •     Flexibilidade vocal e ajuste da dinâmica vocal á interpretação do texto;
   •     Capacidade de envolvimento emocional;
   •     Capacidade de reação e correção de erros depois de interferências (por
         exemplo, ruídos).


4.2 – Relaxamento muscular


       Entre os benefícios dos alongamentos estão a diminuição da tensão
muscular e o relaxamento do corpo e da mente, a melhora da coordenação,
que leva à maior facilidade para realização de movimentos, prevenção de
lesões e torções musculares e a tomada de consciência corporal. Tudo isso
reflete na sua voz e permite um maior equilíbrio físico e mental incluindo o
vocal.


4.2.1 – Relaxamento da cintura escapular e região do pescoço


       A cintura escapular PE a estrutura formada para conectar os braços ao
nosso tronco. A movimentação dos braços está diretamente ligada à cintura
escapular e a musculatura que a envolve. Temos muita facilidade para
acumular tensões nessa região. Práticas de relaxamento para cintura escapular
são essenciais para uma boa postura e para a produção vocal falda e cantada.
Alguns exercícios podem ser realizados com ganho postural e tranqüilidade na
emissão da voz.


4.2.2 – Relaxamento da musculatura facial e trato vocal


     Promover o relaxamento das estruturas musculares do nosso rosto é
muito importante para a emissão vocal mais tranqüila, com menor esforço, com
menos gasto energético e mais eficiente porque a voz sai mais clara e
demanda menos ar.


4.3 Consciência respiratória


     Os atos respiratórios podem ser percebidos em várias regiões do nosso
corpo: na região anterior e posterios das costelas; na região da cintura, na
frente do abdome; na região da pelve, para frente e para trás; na região do
períneo. Todas essas percepções em nosso corpo não alteram a fisiologia
respiratória, pois o ar vai apenas para o pulmão.
     A ação combinada de músculos e demais elemento da mecânica
respiratória define o tipo respiratório que é utilizado. Temos basicamente quatro
tipos de respiração:


   1. clavicular ou superior: o tórax se dilata na inspiração, as costelas se
      elevam e o diafragma é pouco ativo em seu deslocamento. A produção
      vocal é alterada pelo aporte insuficiente de ar e o som tende a ser
      agudo, pela elevação e tensão da laringe.


   2. Média, mista ou torácica: pouca movimentação superior ou inferior do
      tórax durante a inspiração e um deslocamento anterior da região média
      torácica. È mais utilizada quando em repouso ou em conversações
      diárias, mas é inapropriada para o uso profissional da voz.


   3. Inferior ou abdominal: ausência de movimentos na região superior do
      abdome e expansão da região inferior. O diafragma se contrai, mas as
      costelas não se elevam. Não propirciona elevada pressão aérea, nem
satisfatório domínio dos movimentos, daí ser imprórpio para a fonação
           mais apurada.


      4. Diafragmático-abdominal ou costo-diafragmático-abdominal: expansão
           harmônica da caixa torácica e abdominal, sem excesso na região
           superior ou inferior, possibilitando maior volume aéreo circulante, mais
           vigor e maior domínio das ações. A atividade docente requer resistência
           vocal para o uso da voz com forte intensidade e boa projeção,
           necessárias a uma psicodinâmica vocal que sugere autoridade e
           confiabilidade. Por isso o desenvolvimento da respiração diafragmático
           abdominal é a mais eficaz para o desenvolvimento da voz profissional.


 a.        Aquecimento e desaquecimento


            Aquecer a voz significa realizar exercícios com vogais adequados a
      cada registro vocal, ou seja, usando apenas as notas que a voz do cantor
      consegue alcançar, das mais graves às mais agudas. O aquecimento vocal
      evita a sobrecarga muscular (pelo uso ineficiente) e a fadiga vocal. Para
      tanto o corpo deve ser preparado através de exercícios de relaxamento e
      práticas respiratórias.
            O desaquecimento vocal tem como objetivo principal fazer com que o
indivíduo retorne ao ajuste fonoarticulatório da voz coloquial, evitando o abuso
decorrente da utilização prolongada dos ajustes do canto, ou depois de
prolongada utilização da voz profissional. Assim, segue um programa para o
desaquecimento, com duração média de 5 minutos:


      •    Relaxamento facial pela técnica do bocejo;
      •    Rotação de cabeça com vogais escuras;
      •    Sons nasais e ou vibrantes em escalas descendentes;


b.        – Site de apoio


http://www.editoraatlas.com.br – seção correspondente ao Manual de saúde
vocal ou materiais de apoio.
http://www.fonoaudiologia.com
QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA E VOZ


      Autoavaliação pelo questionário de qualidade de vida e voz (QVV)


                                                                             Isso        Isso
                                 Isso nunca        Isso        Isso
                                                                          acontece     acontece
                                 acontece e     acontece    acontece às
                                                                           muito e    sempre e
                                    não é        pouco e   vezes e é um
                                                                            quase    realmente é
                                   nenhum     raramente pe   problema
                                                                        sempre é um um problema
     Resposta                     problema    um problema    moderado
                                                                          problema       ruim
Questão
1 - Tenho dificuldade em falar
forte (alto) ou ser ouvido(a)
em ambientes ruidosos


2 - Preciso pegar ar muitas
vezes enquanto eu falo


3 - Não sei como a voz vai
sair quando começo a falar

4 - Fico ansioso(a) ou
frustrado(a) por causa da
minha voz


5 - Fico deprimido(a) por
causa da minha voz

6 - Tenho dificuldades ao
telefone por causa da minha
voz

7 - Tenho problemas no meu
trabalho ou para desenvolver
minha profissão por causa da
minha voz


8 - Evito sair socialmente por
causa da minha voz

9 - Tenho que repetir o que
falo para ser compreendido
por causa da minha voz

10 - Tenho me tornado menos
expansivo por causa da
minha voz



CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo das informações aqui propostas é de elucidação e
autoconhecimento para a melhoria das condições de vida, visando à
manutenção ou promoção da saúde vocal dos profissionais da voz. Sua voz é
um diamante a ser lapidado. É único e precioso, portanto cuide bem desse
instrumento raro. Espera-se que o objetivo possa ser alcançado! Faça bom
proveito do material.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMATO, Rita de Cássia Fucci. Manual de saúde vocal: teoria e prática da voz
falada para professores e comunicadores. São Paulo: Atlas, 2010.

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Resumo do livro Manual de Saúde Vocal

  • 1. RESUMO DO LIVRO MANUAL DE SAÚDE VOCAL: teoria e prática da voz falada e cantada para professores e comunicadores – Rita de Cássia Fucci Amato São Paulo: Atlas 2010
  • 2. 1 A VOZ PROFISSIONAL A voz profissional é assim designada quando é utilizada como um instrumento indispensável para o desempenho de diversas funções profissionais. Segundo Vilkman (2000, p. 120), “nas sociedades modernas, cerca de um terço da força de trabalho está exercendo profissões nas quais a voz é a ferramenta primária”. Por isso, diversos estudos têm sido realizados no Brasil quanto aos profissionais da voz, mostrando a necessidade de estes desenvolverem uma maior habilidade na percepção e no cuidado de sua voz, tendo em vista o papel crucial desse instrumento em sua qualidade de vida e desempenho profissional. A orientação vocal para os professores é processo essencial nesse âmbito e tem sido inclusiva objeto de leis que obrigam as escolas públicas a oferecerem essa informação a seus docentes. 1.1 Profissionais da Voz A voz é um instrumento de comunicação capaz de servir diversas finalidades desde a expressão artístico-musical, no caso da voz cantada, até, no caso da voz falada, a expressão artístico – teatral, científica, didática, política, jornalística, amorosa: uma encenação, uma palestra em um evento acadêmico, uma aula, um discurso político, um telejornal e uma conversa familiar são situações que bem ilustram o uso da voz como poderosa ferramenta de transmissão de informações e emoções. Profissionais da voz são, portanto, aqueles para os quais a voz é um componente básico para o desempenho de sua competência. Portanto, profissional da voz não é apenas o cantor e o ator profissionais, mas também diversas outras pessoas que profissionalmente exerçam atividade como as de: • Jornalistas (rádio e TV); • Vendedor; • Corretor de imóveis; • Professores de qualquer nível de ensino; • Educador físico; • Educador musical; • Palestrante
  • 3. Profissionais da saúde, como médicos, fonoaudiólogos, terapeutas, psicólogos, etc.; • Profissional do Direito • Padre/pregador religioso; • Telefonista • Recepcionistas ou funcionários de atendimento ao público. Pessoas que utilizam intensamente a voz, mas não são profissionais da voz: • Cantores de corais não profissionais; • Cantores e atores amadores; • Qualquer pessoa que embora não utilize a voz profissional, participe de outras atividades nas quais a fala e ou o canto são fundamentais e intensamente requisitados. 1.2 Por que a saúde vocal é importante? Manter a saúde vocal é de fundamental importância tanto para quem utiliza a voz cotidianamente, como para aqueles que desempenham alguma atividade não profissional ligada à voz e para os profissionais da voz, especialmente. Para os profissionais da voz, a boa saúde vocal justifica-se pelo impacto econômico que a voz pode ter. Como representa a ferramenta de trabalho de boa parte da população economicamente ativa, e podendo afetar a produtividade (no caso das faltas no trabalho advindas de problemas vocais), a efetividade no desempenho de uma função, ou, ainda, a qualidade estética de determinado trabalho artístico (por exemplo, quando um ator ou cantor está com problemas vocais).
  • 4. 2 SAÚDE VOCAL A saúde vocal refere-se aos hábitos e cuidados que devem ser praticados pelas pessoas, em especial por todos os profissionais da voz, em um processo de autopercepção eficaz, que permita evitar prejuízos e fomentar condições favoráveis à integridade vocal. Algumas orientações gerais para uma boa produção de voz podem ser elaboradas, sempre com a ressalva de que é o próprio indivíduo que estabelecerá suas prioridades, se possuidor de consciência corporal, psíquica e emocional efetiva. 2.1 Relação corpo – voz – mente, propriocepção e consciência corporal e vocal Você convive em com seu corpo? Está satisfeito com as respostas corporais que você se dá a si mesmo e aos outros? Seu corpo realiza movimentos com graça e flexibilidade? Faça uma flexão e verifique se suas mãos tocam o chão. Sente-se com a coluna ereta e perceba por quantos minutos consegue permanecer nessa posição. Com o passar dos anos, nosso corpo acumulou tensões e criamos uma couraça que vai limitando nossas energias e minando nossos prazeres corporais. Para restabelecer nossa energia vital, podemos praticar sessões de alongamento como as que são realizadas em aulas de ioga ou em práticas similares. Os exercícios que flexibilizam nosso corpo nos trazem um relaxamento que imediatamente é refletido na nossa fala. Perceba depois desse tipo de atividade, como sua voz é alterada para um padrão de maior agradabilidade, transmitindo calma e docilidade. Alguns estudiosos como Pederiva e Galvão(2006) realizaram considerações a respeito dos significados de corpo, entendendo-o como veículo de expressão da sensibilidade pelas diferentes metáforas que podem ser assumidas na relação performática de comunicação de significados pelo corpo.
  • 5. Destacaram as categorias: • Corpo instrumento: como meio para agirmos no mundo; • Corpo-mente: corpo cujas ações são comandadas pela mente; • Corpo – base: corpo como substrato para a aprendizagem; • Corpo – organismo: corpo organizado de vários órgãos, sistema; • Corpo – sujeito: dimensão da personalidade e individualidade; • Corpo – emoção: dimensão psíquica; • Corpo cultura: corpo como produto social; • Corpo objeto: corpo como coisa concreta, mensurável, tangível. Nesse sentido, é importante pensarmos na complexidade do ser humano que engloba necessidades primárias biológicas, emocionais e desejos e todas essas dimensões influem na produção da voz e, através dela, comunicam-se para o mundo exterior. Nessa elaboração, a totalidade corpo- voz é essencial. “A integração corpo-voz é um dos parâmetros básicos pelos quais podemos avaliar o equilíbrio emocional de um indivíduo. [...] o corpo e a voz devem expressar a mesma intenção” (BEHLAU; PONTES, 1995, P. 124) Isso significa que a tomada de consciência corporal aliada à performance vocal ( fala ou canto) é de extrema relevância para o profissional da voz. Os aspectos posturais tais como a inclinação da cabeça, a tensão muscular cervical, o posicionamento do queixo em relação ao peito, a inclinação dos ombros, a curvatura da coluna vertebral no andar e sentar, devem ser avaliados quanto à sua adequação ou não para o ato fonatório. Perante o exposto, um termo conhecido pela fonoaudiologia chamado propriocepção designa a percepção de si próprio em suas nuances internas, como resposta a um estímulo externo provocado. Assim, a propriocepção define a consciência do indivíduo acerca de sua saúde, abrangendo a saúde vocal. Percebendo a si próprio, o sujeito pode perceber sua voz e expressar seu conhecimento e seu saber sobre sua voz para as
  • 6. outras pessoas, incluindo orientadores vocais, fonoaudiólogos, professores de técnica vocal. Por meio de uma propriocepção refinada, há que se tomar consciência da unidade corpo-mente, incluindo a voz nessa dimensão uma e harmônica. 2.2 Avaliação vocal: Questionário de qualidade de vida e voz (QVV) – ESTE QUESTIONÁRIO ENCONTRA-SE AO FINAL DESTE RESUMO Segundo GRILLO&PENTEADO (2005, p. 322) o QVV vem sendo utilizado em diversas pesquisas da área de fonoaudiológica para a investigação das relações entre qualidade de vida e voz em professores e sujeitos com e sem alterações vocais e vem sendo apontado como importante instrumento para avaliar o impacto da disfonia sobre a vida de pessoas em atendimento fonoaudiológico; para avaliar a capacidade de percepção dos sujeitos quanto ao impacto da voz sobre sua qualidade de vida; para realizar o acompanhamento da evolução do atendimento clínico na área de voz e subsidiar o planejamento de ações para a promoção da saúde vocal do docente. O QVV envolve dez itens e relaciona qualidade de vida e voz envolvendo o domínio físico, socioemocional e global. 2.3 Condicionantes de boa saúde vocal Ao destacar os fatores condicionantes de boa ou má saúde vocal, não se garante que ter certo hábito evitará ou provocará, de maneira determinante os problemas vocais. Apenas destacam-se as atitudes que, uma vez tomadas com relação à voz, tendem a criar condições para a permanência de sua saúde ou para seu desgaste. Assim, as orientações visando á manutenção da saúde vocal não têm um efeito instantâneo e não produzirão resultados se não forem incorporadas à prática cotidiana individual, como hábito, ao lado também da prática de exercícios de técnica vocal. O auto cuidado para a manutenção da boa qualidade de produção da voz é especialmente salutar para os profissionais da voz, visto que fazem parte do grupo de alto risco vocal.
  • 7. Resumidamente, alguns pontos são essenciais para uma boa saúde da voz, a saber: • Alimentação balanceada; • Hidratação e a higienização; • Práticas esportivas; • Atividades de relaxamento físico-mentais; • Postura corporal adequada; • Sono; • Repouso vocal. 2.4 Condicionantes de má saúde vocal Alguns hábitos vocais inadequados que prejudicam a saúde vocal são relevantes causadores de disodias e disfonias. As disodias são alterações que se apresentam na prática do canto e suas causas são classificadas em físicas, fisiológicas, método imperfeito, respiração inadequada, repertório inadequado, e patológicas. As disfonias por sua vez, são alterações na voz falada ou alterações do comportamento fonatório que correspondem a um defeito de adaptação e coordenação dos diversos órgãos que intervêm na produção da voz. As imprudências e agressões mais comumente cometidas contra o aparelho fonador e que colocam em risco a produção falada e cantada são: • Ingestão de bebidas alcoólicas; • Fumo; • Automedicação; • Mudanças de temperatura; • Ar condicionado; • Poluição; • Alergias; • Má alimentação;
  • 8. Descanso inapropriado; • Maus hábitos vocais como pigarrear, tossir com força, competir com ruídos; • Posturas inadequadas; • Vestuário impróprio; • Dificultador da boa postura, como por exemplo, sapatos de salto alto. • Sobrecarga vocal – uso intenso da voz em um grande período de tempo; • Acústica deficiente; • Ambientes com grande ruído; • Má qualidade do ar; • Necessidade de se projetar a voz a longas distâncias; • Impossibilidade de uso de equipamentos para amplificação sonora, como microfones. O mau uso da voz afeta a qualidade da fonação e as características vibratórias das pregas vocais, como a estrutura interna da laringe; conseqüentemente afetam também a freqüência fundamental da voz, ou seja, o falante tende a emitir a voz de maneira mais grave ao final do dia, o que evidencia seu desgaste. O abuso vocal pela atividade profissional resulta, em disfonia ocupacional – alterações na voz falada decorrente do próprio trabalho. 2.5 Aprofundamento de alguns pontos importantes Alimentação – o refluxo gastresofágico (DRGE) Caracteriza por refluxo gastresofágico quando o ácido clorídrico ou muriático presente no suco gástrico do estômago sobe em direção à cavidade bucal (em forma gasosa) e atinge a laringe, provocando o edemaciamento (inchaço, geralmente por acúmulo de líquidos) das pregas vocais e outros sintomas, como azia, pigarro constante, saliva viscosa e mau hálito. Tais problemas são agravados pela ingestão habitual de cafeína. Quando o refluxo gastresofágico torna-se habitual, é considerado uma doença – a doença do refluxo gastresofágico (DRGE). Sua principal consequência destacada pelos
  • 9. otorrinolaringologistas é a inflamação da laringe que afeta diretamente a saúde vocal. Medidas para a prevenção do refluxo gastresofágico: • Evitar deitar-se nas 2 horas posteriores às refeições; • Elevar a cabeceira da cama em 15 cm; • Na presença de obesidade, perder peso pela suspensão ou moderação da ingestão de alimentos com grande índice de gorduras, cítricos, café, bebidas alcoólicas, bebidas gaseificadas, produtos à base de tomate e chocolate; • Evitar refeições exageradas; • Evitar uso de roupas apertadas e desconfortáveis. Cigarro O fumo é severamente nocivo para a voz. A fumaça quente por este produzida agride todo o sistema respiratório e fonador, afetando o muco que lubrifica as paredes desses sistemas. O pulmão perde sua elasticidade e adquire o aspecto de uma esponja escura e rígida, o que certamente diminui drasticamente a capacidade respiratória. A fumaça do cigarro afeta em especial as pregas vocais, causando irritação, edema (inchaço), tosse, alterações no muco, aumento de secreção e infecções. Quanto à voz dos fumantes passivos, pode-se afirmar que estes terão no mínimo problemas semelhantes aos dos tabagistas. Assim é importante a busca por ambientes mais ventilados para que a fumaça se disperse mais facilmente. Bebidas alcoólicas O consumo de bebidas alcoólicas – quer sejam fermentadas (cerveja, champanhe e vinho), quer sejam destiladas (uísque, vodca, cachaça e conhaque) – causa irritação no aparelho fonador. As bebidas destiladas irritam e acometem mais intensamente os tecidos, gerando uma estreita associação entre consumo excessivo de álcool e o câncer de laringe ou pulmão.
  • 10. Muitos sentem uma sensação de melhora momentânea na emissão vocal quando ingerem álcool. Isso se deve ao fato de que o álcool leva a uma leve anestesia da faringe. Entretanto, ao provocar essa anestesia, a bebida alcoólica faz com que se cometam quase inconscientemente, certos abusos vocais, como gritar, cujas consequências são sentidas após a passagem do efeito da bebida, quando se percebe a voz fraca e rouca e tem-se uma sensação de “queimação”. Bebidas ou alimentos em temperatura extremada Quando ingerimos líquidos ou alimentos em temperaturas extremadas o organismo reage, liberando uma grande descarga de muco nas pregas vocais, que também poderão ser vítima de inchaço por acúmulo de fluidos. Ar condicionado A exposição constante ou habitual a ambientes por ar – condicionado deve ser evitada, pois este aparelho leva à desumidificação do ar, que ocorre tanto no abaixamento de temperatura provocado pelo ar condicionado, como também em ambiente aquecidos artificialmente. A desumidificação do ar acaba ressecando a mucosa que recobre as vias aéreas superiores, o que ocasiona também a falta de hidratação das pregas vocais e, por conseguinte, sua dificuldade de vibração e produção de sons. Ao afetar a mucosa da laringe, altera as características físico-químicas do fluido que recobre sua parede, o que influencia negativamente a performance glótica, isto é, a emissão vocal, causando dificuldades na vibração das pregas vocais. A atitude ideal com o ar condicionado seria evitá-lo. Caso o professor tiver a opção de substituir a refrigeração por ar condicionado pela refrigeração natural da sala abrindo as janelas, deve fazê-lo. Porém, abrir as janelas também pode aumentar o ruído do ambiente, o que ocasionará dificuldade para comunicação do docente e dos discentes (pois terão que falar mais alto, cometendo esforço vocal) e, conseqüentemente, para o processo de
  • 11. ensino aprendizagem. Nesse caso, pode-se optar para a refrigeração por ventiladores. Para ambos os aparelhos é muito importante mantê-los limpos para evitar alergias e outras infecções. Em alguns casos é preferível usar o ar condicionado à refrigeração natural do ambiente. No carro, por exemplo, muitas vezes o ar condicionado é útil para mantermos uma temperatura mais amena em dias de calor intenso, para evitarmos a fumaça direta dos veículos que trafegam na via e para reduzir o incômodo causado pelo barulho das vias de trânsito. É importante ressaltar que em ambiente com ar condicionado não há uma adequada circulação e revitalização do ar, pois o ar interno não sai do ambiente com facilidade e o ar externo não pode entrar adequadamente. Assim, esse ambiente tende a ficar com maior concentração de poluentes, mantendo um ar “viciado”. Em todo caso é necessário o controle do ressecamento das vias aéreas pela ingestão constante de líquidos por via oral e/ou nasal (solução de soro fisiológico). No carro e no ambiente de trabalho é sempre recomendável manter-se uma garrafa ou copo de água. Durante uma exposição oral, deve-se intercalar a fala com pequenos goles de água, ingeridos lentamente. Poluição atmosférica A poluição pode produzir alterações vocais e laríngeas agudas (crises constantes) ou crônicas (alterações prolongadas), como rouquidão, sensação de irritação na boca, faringe e nariz, tosse e outros sintomas. Porém, como a poluição atmosférica é uma questão de saúde pública, com grandes implicações socioeconômicas a ser resolvida somente em longo prazo, o que se pode fazer, de imediato, é não permanecer em ambientes fechados poluídos, como locais onde há pessoas fumando ou garagens, onde costuma haver grande concentração de gás carbônico/dióxido de carbono (CO2) ou, pior ainda, de monóxido de carbono (CO).
  • 12. Poluição sonora Costumamos ter um grande desconforto em ambiente de intensa poluição sonora, onde para nos comunicarmos temo que realizar um grande esforço vocal, emitindo a voz em alta intensidade (volume sonoro), ou seja, praticamente gritando e a isso se chama de “competição vocal”. Essa situação entretanto, gera o estresse de nossas pregas vocais e de toda a estrutura muscular da laringe, tornado a voz rouca, isto é, as pregas vocais passam a ter dificuldade de vibrar. O que evitar? É importante poupar a voz quando: • Avenida com grande quantidade de sons; • Em festas quando todos falam muito alto; • Televisão ou música com volume elevado. Pó e poeira Manter a higiene doméstica é indispensável para se ter uma boa saúde, em geral e em termos do sistema respiratório e do aparelho fonador. Nesse sentido, algumas orientações podem ser elaboradas: • Evitar tapetes e carpetes muito grossos, que tendem a acumular mais pó e são mais difíceis de limpar; optar, quando possível, pelos pisos frios ou de madeira; • Evitar animais domésticos e, caso os tenha, redobrar o cuidado na higiene destes e na limpeza doméstica; • Tirar o pó dos móveis, incluindo sofás e cadeiras, dos enfeites e do chão com pano molhado, e não com flanelas, panos secos ou espanadores, que espalham o pó e têm eficiência reduzida na higiene do lar; • Manter os ambientes arejados e iluminados, o que ajuda a criar um ambiente menos propício ao bolor, ao mofo e à reprodução de microorganismos; • Limpar os colchões com pano molhado e com álcool; • Lavar as colchas e trocar travesseiros regularmente.
  • 13. Alergias respiratórias Existe uma grande correlação entre alergias/distúrbios respiratórios (rinite, asma, bronquite, faringite e laringite) e alterações vocais, devido principalmente a alterações na respiração do indivíduo e em sua produção do muco nas vias aéreas. Em quaisquer casos, é recomendável visita a um otorrinolaringologista para a realização de exames que permitam um diagnóstico adequado e para a indicação do tratamento conveniente. A produção vocal falada e cantada é prejudicada de maneira singular por alterações nas vias aéreas. Grito e pigarro É comum encontrarmos pessoas que pigarreiam com freqüência. Esse ato provoca atrito das pregas vocais, chegando mesmo a feri-las. Entretanto, o organismo reage a tal agressão alterando a produção de muco, ou seja, aumentando para proteger as pregas. Cria-se assim, um círculo vicioso, pois o muco produzido pode dar uma nova sensação de presença de um corpo fisiológico estranho às pregas e, para eliminá-lo, pigarreia-se novamente. Para evitar o pigarro e seus efeitos danosos sobre as pregas vocais, devem ser tomadas algumas atitudes, como hidratar-se para manter o muco fluido, menos denso. A hidratação oral é a maneira mais eficiente de se manter a necessária quantidade e qualidade de muco nas pregas vocais. Outra atitude recomendável são os exercícios de vibração de língua (“RRRRRRR”), imitando a aceleração de um motor de automóvel. Tais sons podem ser surdos ou sonoros, isto é, usando ou não a voz propriamente dita. O grito, por sua vez, consiste em emitir a voz a voz falada em alta intensidade, ou seja, com volume sonoro acima do normal. Quando gritamos, a vibração das pregas vocais torna-se praticamente uma colisão, que sobrecarrega a musculatura da laringe, contraindo excessivamente os músculos laríngeos e estressando-os. Há também um estresse dessa musculatura quando sussurramos; ou seja, falar baixo não é sempre sinônimo
  • 14. de poupar a voz. O que se deve buscar é o volume ideal de conversação, aquele em que a emissão vocal se dá em excessivo esforço. Os cantores e atores podem emitir sons de alta intensidade sem prejudicar seu aparelho fonador devido ao preparo respiratório intenso. Mesmo quando gritam, podem conscientemente associar seu esforço muscular laríngeo a um bom controle de fluxo respiratório, produzindo um “grito empostado”, que não fere as pregas vocais. Antes de “gritar”, já se prepara o apoio respiratório necessário para a vibração de forma que haja menor esforço das pregas vocais. Isso acontece por causa de um condicionamento respiratório e muscular adquirido durante anos de treinamento vocal. Sprays e pastilhas Algumas pastilhas e medicamentos em forma de spray produzem uma ação analgésica e anestésica sobre as mucosas da boca e da faringe. Assim, mascaram eventuais irritações no aparelho fonador, fazendo a pessoa pensar que sua voz está plenamente restabelecida e, então levando a um uso extenuante da voz, que potencialmente leva a inchaço (edemaciamento) das pregas vocais. Especificamente sobre o tratamento dos problemas vocais, é um consenso entre os pesquisadores da voz que balas, pastilhas e sprays são meros paliativos para uma voz saudável; muitas vezes, podem atenuar uma sensação desagradável momentaneamente, mas não devem ser empregado com freqüência, uma vez que provocam alterações no estado das mucosas, sendo a melhor opção uma boa hidratação, o emprego de uma técnica vocal corretamente orientada e, na ocasião de problemas de saúde, a busca de um profissional que conduza um tratamento eficiente a partir de um diagnóstico adequado – fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas. Vestimentas A roupa deve estar de acordo com a temperatura do ambiente de trabalho, mantendo uma adequada proteção térmica do corpo. A vestimenta adequada ajuda a prevenir eventuais alergias, que prejudicam a emissão vocal
  • 15. e geram espirros, interrompendo a comunicação. Assim, deve-se evitar tecidos que podem causar reações alérgicas. O calçado também influencia na emissão vocal. Sapatos de salto extremamente alto podem gerar desequilíbrio e ocasionar má postura corporal. Além do desconforto, isso pode implicar a má projeção da sua voz, fazendo necessária uma fala em volume mais elevado e, portanto, um maior desgaste. Uma má postura, com ombros extremamente abertos, tórax projetado para frente e cabeça muito erguida, também pode tensionar excessivamente o pescoço e, portanto, a laringe, impedindo uma emissão vocal de qualidade. Evitar o uso de roupas apertadas é muito importante, pois roupas inflexíveis comprimem a musculatura respiratória e, assim, geram mais cansaço e perda de fôlego. Roupas apertadas dificultam bastante a ação do diafragma, principal músculo respiratório. Ou seja, fazem a pessoa gastar mais energia que o necessário para respirar e a respiração ainda continua ineficiente. Para o professor, é essencial conhecer as salas de aula em que trabalha em termo da temperatura que o ambiente costuma ter; assim, o docente poderá escolher as roupas termicamente mais adequadas para o desempenho de sua função. Ademais, é sempre recomendável usar roupas mais frescas e levar ao trabalho um casaco, caso a temperatura abaixe durante o dia.
  • 16. 3 FISIOLOGIA DA VOZ A emissão da voz requer a sinergia de muitos mecanismos, envolvendo elementos que integram diferentes funções do organismo humano, em um trabalho conjunto dos sistemas nervoso, respiratório e digestivo, principalmente, com músculos, ligamentos, ossos, órgãos, células e tantas outras estruturas, harmoniosamente concatenados para uma emissão eficiente. Nesse sentido, diversas funções fisiológicas têm uma interferência mediata ou imediata na produção da voz. Destacam-se a seguir as relações que existem entre alguns sistemas fisiológicos e a emissão vocal. 3.1 Sistema Respiratório É o que participa de maneira mais imediata da produção da voz e inclui as vias aéreas superiores (faringe e laringe), o s pulmões e os músculos respiratórios, como o diafragma, músculo localizado sob os pulmões e os intercostais, músculos localizados entre as costelas. A respiração fornece o ar que é a matéria – prima básica para a vibração das pregas vocais e a produção do som de nossa voz que se dá a partir do fluxo respiratório que passa pela laringe. Por isso respirar com eficiência é o mais importante pré-requisito para falar e cantar bem. De fato, o conjunto dos órgãos envolvidos de modo mais imediato na produção vocal – o chamado aparelho fonador – é constituído basicamente pelo sistema respiratório, com a adição dos articuladores presentes na cavidade bucal (como a língua e os dentes). 3.2 Sistema Digestivo Aquele que decompõe os alimentos e líquidos ingeridos em susbstÂncias básicas, usadas para a manutenção de nossas estruturas fisiológicas, para a reserva de gordura e para a produção de energia. Uma má digestão pode ocasionar a subida de gases ácidos que podem atingir a laringe, inchando as pregas vocais. Além disso, ocasiona dificuldades de movimentação dos músculos respiratórios.
  • 17. 3.3 Aparelho Fonador Conjunto de órgão que atuam mais diretamente na produção da voz. Constitui-se essencialmente de: • Produtores e canalizadores: pulmões, brônquios e traquéia; • Cavidades de ressonância: laringe, faringe, boca, nariz e seios paranasais • Articuladores: lábios, língua, véu palatino, mandíbula e dentes. Percebe-se que o aparelho fonador compõe-se basicamente dos mesmos órgãos que o sistema respiratório, acrescentando-se a este apenas os seios paranasais (na função de cavidade de ressonância) e os articuladores, mecanismos característicos da emissão vocal articulada e, conseguintemente, inteligível. Na laringe, estão as pregas vocais, dois músculos que ficam na posição horizontal, lado a lado. Quando elas vibram, produzem um som básico (buzz laríngeo). Esse som produzido pelas pregas vocais passa da laringe à faringe e chega a outras cavidades de ressonância, como a boca, o nariz e os seios paranasais. Nessas cavidades o som é amplificado e assim chega àquela qualidade que percebemos como sendo a voz. Na boca existe a úvula, em forma de “u”, que é um apêndice do véu palatino que recobre o céu da boca. A úvula ajuda a diminuir a passagem da vibração das pregas para o nariz, fazendo o som da voz sair mais pela boca e diminuindo, assim, a nasalidade de nossa voz. 3.4 O trato vocal O trato vocal é formado por cavidade e subdividido em regiões anatômicas. Temos as cavidades oral, nasal e dos seios paranasais. As regiões do trato vocal são: parte nasal da faringe (nasofaringe, rinofaringe ou cavum), parte oral da faringe (orofaringe) e parte laríngea da faringe (laringofaringe). Portanto, o trato vocal representa a parte superior (a partir da
  • 18. laringe) do aparelho fonador. Essa é a configuração anatômica que pode ser observada:
  • 19. 4 TÉCNICA VOCAL A técnica vocal, em sentido estrito, faz referência aos exercícios práticos (físicos) realizados, visando diretamente à preparação para a produção vocal, falada ou cantada. É basicamente realizada com exercícios de relaxamento da região da nuca, pescoço, rosto, cintura escapular e também de postura corporal. Em seguida, são trabalhados exercícios respiratórios para controle de fluxo respiratório, especialmente, Após essa preparação, são realizados os vocalizes, exercícios utilizando as escalas musicais com as vocais. Além de servirem diretamente à preparação para a emissão vocal, os exercícios objetivam o desenvolvimento de uma consciência maior acerca da voz e do corpo, permitindo o cultivo de um senso de propriocepção refinado. 4.1 Consciência auditiva da própria voz Pense a respeito de sua voz... você está satisfeito com ela? Perceba sua voz: como ela é, mais grave ou mais aguda? Como você e os outros percebem sua fala? Ela é autoritária e convincente, antipática e arrogante ou doce e confortável? Quando você está irritado (a) ou angustiado (a), como ela revela seus estados emocionais? É importante também perceber a dinâmica fonatória dos outros: a voz da pessoa que você está ouvindo é mais rouca ou mais delicada? Da voz do outro saem símbolos que expressam se sua vida foi mais sofrida ou mais calma; se naquele momento a pessoa está equilibrada; se sua rotina está estafante. Ao tomar consciência da imensidão de vozes que cerca sua vida a todo momento, você aprenderá a identificar a postura vocal mais adequada para cada situação; saberá expressar-se melhor pela sua voz, dizendo muito mais apenas pelos sons que seu corpo emite das pregas vocais. A percepção da nossa voz falada pode ser trabalhada com exercícios que envolvam formas de expressão vocal que não façam parte de nosso cotidiano. O exercício de leitura em voz alta de trechos de poesi, de
  • 20. crônicas, contos e outros gêneros de textos poderá contribuir para a dinamização da fala e a flexibilidade vocal. A prática da performance falada de textos em verso e prosa auxilia no desenvolvimento de posturas, padrões de fala e técnicas de apresentação, trabalhando a desinibição e a interpretação eficaz em aulas e palestras aprimorando sua propriocepção. Você pode avaliar sua performance vocal falada de textos segundo alguns parâmetros: • Estudo e preparação; • Atividade corporal (postura, olhos e mãos) durante a interpretação; • Afinidade com texto escolhido; • Clareza e articulação na performance; • Adequação da intensidade vocal; • Flexibilidade vocal e ajuste da dinâmica vocal á interpretação do texto; • Capacidade de envolvimento emocional; • Capacidade de reação e correção de erros depois de interferências (por exemplo, ruídos). 4.2 – Relaxamento muscular Entre os benefícios dos alongamentos estão a diminuição da tensão muscular e o relaxamento do corpo e da mente, a melhora da coordenação, que leva à maior facilidade para realização de movimentos, prevenção de lesões e torções musculares e a tomada de consciência corporal. Tudo isso reflete na sua voz e permite um maior equilíbrio físico e mental incluindo o vocal. 4.2.1 – Relaxamento da cintura escapular e região do pescoço A cintura escapular PE a estrutura formada para conectar os braços ao nosso tronco. A movimentação dos braços está diretamente ligada à cintura escapular e a musculatura que a envolve. Temos muita facilidade para acumular tensões nessa região. Práticas de relaxamento para cintura escapular são essenciais para uma boa postura e para a produção vocal falda e cantada.
  • 21. Alguns exercícios podem ser realizados com ganho postural e tranqüilidade na emissão da voz. 4.2.2 – Relaxamento da musculatura facial e trato vocal Promover o relaxamento das estruturas musculares do nosso rosto é muito importante para a emissão vocal mais tranqüila, com menor esforço, com menos gasto energético e mais eficiente porque a voz sai mais clara e demanda menos ar. 4.3 Consciência respiratória Os atos respiratórios podem ser percebidos em várias regiões do nosso corpo: na região anterior e posterios das costelas; na região da cintura, na frente do abdome; na região da pelve, para frente e para trás; na região do períneo. Todas essas percepções em nosso corpo não alteram a fisiologia respiratória, pois o ar vai apenas para o pulmão. A ação combinada de músculos e demais elemento da mecânica respiratória define o tipo respiratório que é utilizado. Temos basicamente quatro tipos de respiração: 1. clavicular ou superior: o tórax se dilata na inspiração, as costelas se elevam e o diafragma é pouco ativo em seu deslocamento. A produção vocal é alterada pelo aporte insuficiente de ar e o som tende a ser agudo, pela elevação e tensão da laringe. 2. Média, mista ou torácica: pouca movimentação superior ou inferior do tórax durante a inspiração e um deslocamento anterior da região média torácica. È mais utilizada quando em repouso ou em conversações diárias, mas é inapropriada para o uso profissional da voz. 3. Inferior ou abdominal: ausência de movimentos na região superior do abdome e expansão da região inferior. O diafragma se contrai, mas as costelas não se elevam. Não propirciona elevada pressão aérea, nem
  • 22. satisfatório domínio dos movimentos, daí ser imprórpio para a fonação mais apurada. 4. Diafragmático-abdominal ou costo-diafragmático-abdominal: expansão harmônica da caixa torácica e abdominal, sem excesso na região superior ou inferior, possibilitando maior volume aéreo circulante, mais vigor e maior domínio das ações. A atividade docente requer resistência vocal para o uso da voz com forte intensidade e boa projeção, necessárias a uma psicodinâmica vocal que sugere autoridade e confiabilidade. Por isso o desenvolvimento da respiração diafragmático abdominal é a mais eficaz para o desenvolvimento da voz profissional. a. Aquecimento e desaquecimento Aquecer a voz significa realizar exercícios com vogais adequados a cada registro vocal, ou seja, usando apenas as notas que a voz do cantor consegue alcançar, das mais graves às mais agudas. O aquecimento vocal evita a sobrecarga muscular (pelo uso ineficiente) e a fadiga vocal. Para tanto o corpo deve ser preparado através de exercícios de relaxamento e práticas respiratórias. O desaquecimento vocal tem como objetivo principal fazer com que o indivíduo retorne ao ajuste fonoarticulatório da voz coloquial, evitando o abuso decorrente da utilização prolongada dos ajustes do canto, ou depois de prolongada utilização da voz profissional. Assim, segue um programa para o desaquecimento, com duração média de 5 minutos: • Relaxamento facial pela técnica do bocejo; • Rotação de cabeça com vogais escuras; • Sons nasais e ou vibrantes em escalas descendentes; b. – Site de apoio http://www.editoraatlas.com.br – seção correspondente ao Manual de saúde vocal ou materiais de apoio.
  • 24. QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA E VOZ Autoavaliação pelo questionário de qualidade de vida e voz (QVV) Isso Isso Isso nunca Isso Isso acontece acontece acontece e acontece acontece às muito e sempre e não é pouco e vezes e é um quase realmente é nenhum raramente pe problema sempre é um um problema Resposta problema um problema moderado problema ruim Questão 1 - Tenho dificuldade em falar forte (alto) ou ser ouvido(a) em ambientes ruidosos 2 - Preciso pegar ar muitas vezes enquanto eu falo 3 - Não sei como a voz vai sair quando começo a falar 4 - Fico ansioso(a) ou frustrado(a) por causa da minha voz 5 - Fico deprimido(a) por causa da minha voz 6 - Tenho dificuldades ao telefone por causa da minha voz 7 - Tenho problemas no meu trabalho ou para desenvolver minha profissão por causa da minha voz 8 - Evito sair socialmente por causa da minha voz 9 - Tenho que repetir o que falo para ser compreendido por causa da minha voz 10 - Tenho me tornado menos expansivo por causa da minha voz CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 25. O objetivo das informações aqui propostas é de elucidação e autoconhecimento para a melhoria das condições de vida, visando à manutenção ou promoção da saúde vocal dos profissionais da voz. Sua voz é um diamante a ser lapidado. É único e precioso, portanto cuide bem desse instrumento raro. Espera-se que o objetivo possa ser alcançado! Faça bom proveito do material.
  • 26. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, Rita de Cássia Fucci. Manual de saúde vocal: teoria e prática da voz falada para professores e comunicadores. São Paulo: Atlas, 2010.