Formação e fazer profissional do Assistente Social: trabalho e representações sociais
1. Serviço Social
Locimar Massalai
Resumo do texto: Formação e fazer profissional do Assistente Social: trabalho e
representações sociais
Qualquer profissão é exercida segundo as cosmovisões das pessoas que as
concretizam. Dentro deste contexto, o saber que é transmitido na formação profissional
integra conhecimentos e valores que foram acumulados no fazer e no viver de formandos e
formadores, dentro de situações concretas e históricas, politicamente situadas em contextos
dados. Nesta situação, o trabalho ao ser objetivado terá uma dimensão educativa que
possibilitará ao indivíduo o desenvolvimento de novos conhecimentos e novas habilidades.
Daí que a formação teórica não poder ser distanciada da pratica, sendo necessário uma
articulação entre discurso e fazer profissional. Então podemos afirmar que o discurso teórico
não é apenas uma mera abstração e sim um jogo de forças e conflitos inseridos no todo da
sociedade.
Profissões como a do Serviço Social que tem como objeto direto a intervenção social
se não houver coerência entre teoria e realidade concreta gera insatisfação e perda de sentido
do ser profissional, caindo no vazio. Cremos que o fazer profissional quando exercido de
forma consciente e crítica, colabora na reconstrução de saberes já que o próprio fazer do
assistente social faz parte de um trabalho historicamente situado e por isto sofre as
contradições deste processo e necessita constantemente de uma re-leitura de seus objetivos no
modo de viver e de trabalhar socialmente determinados. Apreender o fazer profissional
realizado em determinado lócus social significa ficar atento a tudo o que influencia e
configura um tal fazer e que erige o jeito de ser de cada pessoa/profissional, ou seja, símbolos,
valores, veiculados a discursos sobre esse fazer profissional.
Na prática cotidiana é que vão se configurando as representações sociais que
constituem assim uma síntese de idéias e espaços antagônicos quase sempre. E para se fazer
uma análise das representações sociais é preciso levar em conta o contexto material do
surgimento do serviço social, por exemplo, diversidade teórica que a sustenta. Dentro desta
perspectiva a escolha das teorias nunca é neutra quando se trata de formação profissional; elas
vinculam-se às condições do discurso nas relações grupais, grupos hegemônicos. Sabe-se que
uma formação teórica não é definitiva, absoluta. O processo formativo do Serviço Social
2. supõe a transmissão de teorias, pressupostos que ajudam compreender as dadas situações da
existência concreta.
No movimento de apropriação e objetivação dos sentidos atribuídos aos objetos,
formação e fazer profissional. O processo formativo possui uma dimensão de abstração que só
é superada na medida em que acontece o diálogo com o fazer. O saber construído no processo
formativo se reformula no fazer profissional. No fazer concreto os códigos que foram
aprofundados no processo formativo vão sendo re-construído. É importante sempre
questionar-se sobre a redução de uma construção teórica reduzida à idealizações sem qualquer
relação com a prática cotidiana do trabalho profissional e esta contribui para a manutenção de
posições estereótipos e distanciamentos do fazer profissional. Uma leitura e compreensão do
homem, da sociedade e do próprio Serviço Social, na ação educativa e a luta pela cidadania
seja potencializada, fazendo com que a dicotomia entre o saber e o fazer seja superada.
Referência
NICOLAU, Maria Célia Correia. Formação e fazer do Assistente Social: trabalho e
representações sociais. São Paulo: Revista Serviço Social e Sociedade, Cortez Editora, n.79
de 2004.