SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 65
Baixar para ler offline
FENAÇÃO E ENSILAGEM
PROFª. FLÁVIA LOUZEIRO DE AGUIAR
BOM JESUS - PIAUÍ
Os sistemas de exploração de bovinos são, em sua grande maioria, baseados em pastagens.
Contudo, oscilações na disponibilidade de fatores climáticos ao longo do ano determinam redução
na produção e queda no valor nutritivo, gerando déficit de forragem durante o período seco.
CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS
FENAÇÃO ENSILAGEM
A conservação de forragem por meio do processo de fenação é uma alternativa para suprir as
deficiências quantitativas e qualitativas das pastagens durante a época seca.
O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da forragem pela
rápida desidratação (redução da umidade da forragem fresca de 70 a 80% para 15 a 18%),
uma vez que a atividade respiratória das plantas, bem como a dos microrganismos é
paralisada quando a disponibilidade de água na forragem é reduzida.
O feno é o alimento obtido após a desidratação. Forragens destinadas a produção de feno
podem ser obtidas pela conservação do excedente de pasto em áreas de pastejo ou em áreas
exclusivas de cultivo para essa finalidade.
A qualidade do feno está associada a fatores relacionados à planta, às condições climáticas
durante o processo de secagem e ao sistema de armazenamento empregado.
As vantagens da fenação incluem a possibilidade de armazenamento de
forragem por longos períodos com:
 pequenas alterações em valor nutritivo;
 inúmeras plantas forrageiras podem ser utilizadas no processo;
 produzido e utilizado em grande e pequena escala;
 pode ser colhido, armazenado fornecido aos animais manualmente ou por processos
inteiramente mecanizados;
 pode atender o requerimento nutricional de diferentes categorias animais.
Atualmente, é possível fenar todo tipo de planta forrageira, bastando para isso utilizar
métodos e equipamentos adequados para seu processamento. Contudo, algumas espécies
forrageiras apresentam maior facilidade, principalmente quanto à velocidade de
desidratação, atingindo o ponto de feno mais rapidamente e expondo a forragem a
menores riscos de perdas de MS e valor nutritivo.
São características desejáveis de espécies forrageiras para fenação:
 alta produção de forragem e ótimo valor nutritivo, tolerância a cortes baixos, elevado
vigor de rebrotação após o corte, facilidade para a desidratação e reduzida perda de
folhas.
 A rebrotação depende das condições de fertilidade e umidade do solo, bem como do
grau de tolerância das plantas forrageiras ao corte.
 Espécies de crescimento cespitoso de porte elevado e que formam touceiras podem
ter seu processo de rebrotação prejudicado pelos cortes em função de danos às
touceiras e perfilhos. # gramíneas estoloníferas
 Adicionalmente, plantas com colmos compridos e/ou grossos apresentam menor velocidade
de perda de água durante o processo de desidratação, o que resulta em fenos de pior valor
nutritivo.
 Entre as gramíneas para a fenação, em regiões tropicais, podem ser mencionadas:
pangola, jaraguá, colonião, gordura, rhodes, kikuio, espécies do gênero Cynodon em
geral, braquiárias, etc.
 Entre as leguminosas, encontram-se: alfafa, soja perene, siratro, centrosema, Arachis,
estilosantes e outras, de preferência com colmos mais finos e com hábito de
crescimento prostrado.
A área deve ser fértil, de preferência plano ou com declividade favorável à mecanização e livre
de tocos, cupins ou pedras, para facilitar os tratos culturais, o corte e depois a fenação.
Condições não recomendadas para o processo de fenação.
O controle de plantas invasoras é essencial para produção de fenos de excelente valor nutricional.
Estas plantas normalmente afetam o VN do feno e baixa aceitabilidade. Além disso, algumas
podem ser tóxicas ou possuir espinhos, o que causa sérios danos aos animais que os consomem.
CORTE
O crescimento da planta ocorrem alterações que resultam na elevação dos teores dos compostos
estruturais, tais como a celulose, a hemicelulose e a lignina e, paralelamente, diminuição do
conteúdo celular.
Qualquer que seja a espécie/cultivar a ser utilizada, a planta deve ser cortada quando ocorrer
equilíbrio entre produtividade por hectare e valor nutritivo. Cortes no início da fase de
crescimento vegetativo trariam como desvantagens, menor rendimento forrageiro e ainda alto
teor de umidade da planta forrageira.
Cortes durante a fase de crescimento reprodutivo teriam como desvantagens, maior lignificação
das células e menor digestibilidade da proteína e energia.
A época ideal de corte seria aquela em que a planta forrageira estaria com o maior equilíbrio
entre quantidade e qualidade.
Proporção de folhas, digestibilidade in vitro da matéria seca e teor de proteína
bruta do feno de gramíneas em diferentes intervalos entre cortes
 Gênero Cynodon prestam-se muito bem
para a produção de feno. Altura de
aproximadamente 5-10 cm do solo.
 O intervalo de cortes mais apropriado é
por volta de 4 a 5 semanas.
 Gêneros Brachiaria e Digitaria podem ser
cortados de 10 a 15 cm, enquanto que
plantas de crescimento ereto como
Avena, Hyparrhenia, Panicum e
Pennisetum as alturas de corte são de 10
a 20 cm.
 Em termos de leguminosas, a altura de
corte normalmente utilizada é de 8 a 10
cm do nível do solo.
A época de corte deve ser aquela que
permita secagem rápida e uniforme e
recolhimento com umidade adequada.
As condições ambientais que favorecem
esses aspectos são dias ensolarados e
elevadas temperaturas, com pouca
nebulosidade, baixa umidade relativa do
ar e presença de ventos.
O corte deve ser iniciado pela manhã,
após secagem do orvalho e em dias não
sujeitos à chuva.
Equipamentos
No manual, pode ser utilizar alfanje, foice ou roçadeira costal mecanizada. O rendimento nesse
método é baixo. A forragem cortada pela manhã deve ser revolvida à tarde, utilizando garfo ou
rastelo. Essa operação deve ser repetida pela manhã e à tarde no dia seguinte. A forragem deve ser
enleirada no final da tarde, o que evita a reidratação, em leiras fofas para facilitar a circulação de ar.
Em sistemas mecanizados é realizado com segadeira. Segadeiras simples executam apenas o corte,
deixando a forragem espalhada no próprio local. Existem dois tipos: segadeira de barra, mais
simples e mais baratas, e segadeira circular de disco ou tambor rotativo, as quais são mais eficientes
para corte de espécies estoloníferas ou tombadas.
MANUAL MECANIZADO
Segadeiras condicionadoras são equipamentos de maior custo e rendimento, indicadas para corte
de plantas com maior quantidade de colmos ou colmos espessos. Rolos compactadores realizam o
esmagamento da forragem, o que acelera a desidratação e favorece secagem mais uniforme de
folhas e colmos por aumentar a superfície de exposição da planta ao ar.
Roçadeiras não devem ser utilizadas para corte da forragem, pois além de dilacerar as
plantas, picam a forragem, o que aumenta a proporção de perdas e dificulta o
recolhimento.
Condicionadores químicos mantêm os estômatos da planta abertos, acelerando a perda de
água. Entre estes estão a fusicoccina, quinetina, azida sódica. Carbonato de potássio ou de
sódio e herbicidas dessecantes também podem ser utilizados para acelerar a secagem
ATENÇÃO
SECAGEM
 A planta forrageira ao ser cortada para fenação contém de 70 a 80% de umidade.
 Após o corte ocorre a supressão do suprimento de água pelas raízes e a evaporação contínua da
superfície foliar leva ao pré-murchamento, secagem e morte das células.
 Durante a secagem alguma atividade enzimática prossegue e nutrientes podem ser perdidos.
Assim, quanto mais rapidamente ocorrer a secagem e, consequentemente a morte das células,
menor será a perda de valor nutritivo. Uma vez transformada em vapor, a água se move da planta
para o ambiente, seguindo o princípio da difusão da umidade. A difusão é controlada pelo
gradiente de pressão de vapor entre a superfície do vegetal e o ambiente, sendo influenciada,
principalmente pela temperatura e a seguir pelo teor de água da planta.
três fases, as quais
diferem na duração, na
taxa de perda de água e na
resistência à desidratação.
Fase I: curta duração, elevada taxa de perda de
água e menor resistência à desidratação. A
primeira etapa de secagem é rápida e envolve
intensa perda de água, nesta fase os estômatos
permanecem abertos e o déficit da pressão de
vapor entre a forragem e o ar é alto e a perda de
água pode chegar a 1 g/g de MS/hora.
Embora, os estômatos se fechem em
aproximadamente 1 hora após o corte, ou quando
as plantas possuem de 65 a 70% de umidade,
cerca de 20 a 30% do total de água é perdido
nesta primeira fase da secagem.
Fase II: duração depende das características das folhas e da planta, perda de água via evaporação
cuticular, aumento na resistência à desidratação
Durante o processo de secagem, quando a forragem é enleirada, a progressiva perda de água e o
sombreamento, promovem o fechamento dos estômatos, resultando em aumento na resistência à
desidratação. As leiras produzidas pela maioria das segadeiras são compactas e altas e fase inicial de
secagem é o principal fator que limita a perda de água, pois a superfície (topo) seca mais rápido que
a base. Dessa forma, a taxa de desidratação pode ser aumentada com o uso de ancinhos para revirar
a forragem. Da mesma forma, na segunda fase a secagem ainda pode ser rápida com uso de
ancinhos, pois se reduz a compactação através das viragens e revolvimento. O uso frequente de
ancinhos é mais eficiente quando o conteúdo de água da forragem varia entre 66 e 50%. Em
leguminosas o uso de ancinhos deve ser evitado, pois a perda de folhas pode ser elevada.
Fase III: baixa taxa de perda de água, elevada resistência à desidratação, sensibilidade às
condições climáticas (plasmólise)
A fase inicia-se quando a umidade da planta atinge 45%, sendo menos influenciada pelo manejo
e mais sensível às condições climáticas do que as anteriores, principalmente à umidade relativa
do ar. Embora o metabolismo da planta tenha se reduzido na terceira fase de desidratação, a
forragem torna-se susceptível aos danos causado pelo meio ambiente, tais como reidratação,
lixiviação e queda de folhas. Esta fase continua até a forragem atingir teor de água adequado, o
qual permite o armazenamento do feno sem a continuação dos processos metabólicos da planta
e de microrganismos. Nessa fase o revolvimento deve ser evitado, pois a perda de folhas pode
ser acentuada.
Algumas maneiras práticas para verificação do ponto de feno, quando a forragem apresenta menos
de 20% de umidade, são:
- quando os nós apresentam consistência de farinha e sem umidade;
- ao torcer um feixe de forragem, não deve surgir umidade, e ao soltar, o material volta
lentamente à posição inicial.
Com a prática, a pessoa identifica o ponto do feno pelo tato e cor. A determinação do ponto de
feno pode ser feita também utilizando estufas e micro-ondas. Nesse caso, o material é pesado
antes e após a sua retirada do equipamento, e por diferença de peso, se determina a umidade.
Armazenamento
Para o armazenamento de feno, podem ser aproveitadas as construções já existentes na
propriedade, ou construir galpões rústicos, levando-se em consideração que devem ser locais
ventilados e livres de umidade. O feno pode ser acondicionado em fardos, solto e em medas.
 "Medas" são montes de feno organizados ao redor de um mastro ou tutor, normalmente no
próprio campo de produção. Essa é a forma de armazenamento mais indicada para criações
extensivas ou semiextensivas. Para construção da meda, deve-se escolher um local nivelado,
com um tutor de madeira de 3 a 6 metros de altura e marcar uma circunferência com o
diâmetro de 2/3 da altura ao redor desse tutor, devendo-se limitar a altura a 4m. Iniciar a
colocação de feno em camadas bem compactadas, voltando a fechar a partir daí até ao topo da
meda, formando um cone. Para arrematar, deve-se fazer um chapéu de sapé, de lona plástica
ou similares para evitar a penetração de água das chuvas.
Armazenamento solto - Neste caso, há necessidade de galpões reservados para esse fim;
porém, neste método de armazenamento, o feno ocupa mais espaço do que no sistema de
fardo, dificultando o manuseio no transporte, o controle da quantidade ou estoque de feno
existente na propriedade.
Armazenamento em fardos apresenta algumas vantagens em relação ao armazenamento de
feno solto; o material enfardado ocupa menor espaço, tem melhor conservação, facilita o
transporte, melhora o controle sobre incidência de fungos e possibilita o controle da
quantidade ou do estoque de feno existente na propriedade. Para o processamento dos
fardos, pode-se usar enfardadeira manual ou mecânica para o amarrio do fardo com
arame ou cordão apropriado; no entanto, esse método é mais caro e trabalhoso do que
o armazenamento do feno solto
O rendimento é variável, dependendo da enfardadeira, podendo chegar a 12 T por hora. Em 1
m3 de feno corretamente enfardado, armazenam-se aproximadamente 90-100 kg de material.
Em regiões com baixa possibilidade de chuvas, pode-se usar enfardadeiras que confeccionam
rolos de feno prensado, com peso superior a 500 kg, que são armazenados no campo, podendo
os animais terem acesso direto. Esse tipo de equipamento só é justificável para grandes
produções.
Fatores que interferem no valor nutritivo e perdas
 Fatores ligados à planta: A principal perda ocorre na fração carboidratos solúveis, como
consequência da respiração aeróbica. Alterações em virtude da ação enzimática podem
ocorrer com relação à proteína, ocasionando perda de nitrogênio, bem como redução na
digestibilidade aparente da proteína bruta. Por outro lado, a secagem promove diminuição
na concentração de compostos tóxicos, como glicosídeos cianogênicos, proteínas solúveis
causadoras de timpanismo.
 Fatores ambientais: A ocorrência de chuvas durante a secagem no campo pode ocasionar
perdas de até 100% da matéria seca. As chuvas, na fase final da secagem, causam maiores
perdas do que aquelas que ocorrem no início da fenação. Há de se considerar que a ocorrência
de chuvas pode causar perdas indiretas, uma vez que prolonga o tempo de secagem,
aumentando as atividades de respiração e fermentação. Considerando que na última fase de
secagem as células sofreram plasmólise, a lixiviação de nutrientes em função da
reidratação pode ser elevada e a qualidade do feno piorada.
 Perdas durante a secagem e armazenamento
ADITIVOS PARA CONSERVAÇÃO DE FENOS
 Amônia anidra e ureia, Ácido propiônico, Propionato de amônio
 Fenos enfardados com alta umidade (20 a 30%).
 Esses aditivos devem apresentar algumas características essenciais, como: a) baixa toxicidade
para os mamíferos; b) efeito fungistático; c) manuseio fácil e seguro; d) ser solúvel em água.
 A inibição do crescimento de microrganismos com ácidos é conseguida pela manutenção de uma
concentração mínima de ácido na fração aquosa do feno. Dentre os aditivos mais usados destaca-
se a amonização, pela amônia-anidra, ou pelo uso da uréia como fonte de amônia. A amônia
atua no controle de fungos pela elevação do pH do meio, além da ação fungistática, atua sobre a
fração fibrosa da forragem, solubilizando a hemicelulose, aumentando o nitrogênio não proteico
na forragem, melhorando a digestibilidade e consumo de matéria seca.
Introdução
O fato de se ter muita forragem de boa qualidade numa época do ano e pouca forragem de má
qualidade em outra época faz o produtor ter grandes prejuízos em seus rebanhos com perda de
peso, aumento da mortalidade, baixa produção de carne e leite e baixa produtividade na época
seca.
A conservação de forragens de excelente qualidade, produzidas na época das chuvas, para serem
utilizadas no período de estiagem ou seca. Na conservação de forragens, busca-se criar condições
em que as características químicas e físicas do alimento, ou seja, seu valor nutritivo, sejam
preservadas.
Uma das maneiras de se conservar a forragem é pela ensilagem. Contudo, a ensilagem não é um
processo mágico que converte volumoso de má qualidade em um alimento suculento e rico em
nutrientes.
...o que determinará a qualidade da silagem será o correto manejo da cultura a ser ensilada, colheita
no ponto de corte adequado, e a adoção de técnicas adequadas durante o enchimento e
compactação do silo, e processos de vedação que garantam o correto armazenamento
Ensilagem – Processo de conservação de forragem/grãos por meio da acidificação da massa
em decorrência da fermentação microbiana em condições de anaerobiose.
Silagem - é o produto oriundo da conservação de forragens úmidas (planta inteira) ou de
grãos de cereais com alta umidade (grão úmido) pela fermentação em meio anaeróbio,
ambiente isento de oxigênio.
Silo – estrutura/local de armazenamento da silagem
A ensilagem tem como objetivo a conservação da forragem verde, com um elevado teor de
umidade e mínimo de perdas, sem a formação de produtos tóxicos para o animal. Para tal é
necessário:
1. Atingir e manter condições de anaerobiose (ausência de O2), para limitar a atividade
oxidativa das enzimas da planta e da flora aeróbia, pois produzem perdas consideráveis;
2. 2. Impedir o desenvolvimento da flora butírica, que causa putrefação e decomposição dos
ácidos graxos em gás carbônico, amônia e compostos nitrogenados, que podem ser tóxicos.
Etapas do processo de ensilagem
A ensilagem, como processo de conservação, consiste em um conjunto de operações destinadas à
produção de silagem, que pode ser dividido em etapas:
Colheita
A rapidez no processo de colheita é um dos principais fatores para a obtenção de boa silagem. A
forragem cortada continua a respirar (células ainda vivas) até a morte das células ou até que todo o
oxigênio do meio seja removido (isso ocorre dentro do silo). Isso quer dizer que haverá consumo de
carboidratos da planta, com liberação de CO2 e 18 produção de calor e, portanto, com perda de MS
muito digestível. Para minimizar as perdas de energia durante a respiração, deve-se favorecer a
rápida remoção do oxigênio do meio. A retirada do oxigênio do meio se dá por:
 Respiração aeróbia: a presença de oxigênio favorece a respiração dos microrganismos aeróbios.
Nesse processo ocorre consumo de carboidratos e oxigênio, com liberação de CO2 e calor,
causando aumento da temperatura no interior do silo. Nessa etapa, portanto, a velocidade de
enchimento do silo irá determinar quanto de oxigênio residual ficará na massa ensilada.
Compactação adequada: (importância do tempo de compactação e tamanho das camadas e
de partículas) a compactação expulsa o ar contido no interior do silo e, sobretudo, impede a
sua renovação. Se a compactação é eficaz (imediata e intensa), a expulsão do ar é rápida, não
há renovação de ar e a temperatura no interior do silo não ultrapassa os 20ºC. A compactação
é eficaz, quando o tamanho das partículas é adequado.
Na colheita, a altura do corte das plantas, tanto do milho quanto do sorgo, ocorre
normalmente entre 15 e 20 cm do solo. A elevação da altura do corte para 30 a 50 cm
melhora o valor nutritivo da silagem e a digestibilidade, pois a maior porcentagem de
lignina e potássio encontra-se no terço inferior da planta. Entretanto, quanto maior a
altura do corte, menor será o volume colhido por hectare. O ponto ideal para o corte do
milho e do sorgo para a ensilagem deve ser quando planta apresenta de 28 a 35% de MS.
 Teores acima de 38% não são preconizados, pois aumenta a resistência da massa de silagem à
compactação durante a sua confecção, reduzindo a densidade.
 Altos teores de matéria seca (acima de 40%) também exigem maior potência do equipamento
que realiza a colheita para manter o tamanho de partícula uniforme.
 Além destes fatores, quando o grão atinge a maturidade fisiológica, a digestibilidade do amido
decresce, principalmente em híbridos de milho que apresentam grão do tipo duro.
PICAGEM
No momento da ensilagem as plantas devem ser picadas de tal forma que apresentem tamanhos de
partícula uniformes, a fim de garantir densidade mínima de 550 a 650 kg/m3 , para a boa preservação
da silagem e menor sobra no cocho por seleção do animal. A picagem favorece a compactação da
massa e facilita a retirada de oxigênio, o que determina melhor fermentação, pois aumenta a
interação entre o substrato e os microrganismos.
A homogeneidade da massa ensilada favorece fermentações mais rápidas e uniformes, resultando em
melhor valor nutritivo do produto final. A variação do tamanho das partículas deve estar entre 0,5 a
2,5 cm, sendo que a variação entre o maior e o menor tamanho não deve ultrapassar 20%.
O excesso de picagem provoca distúrbios digestivos, pela redução do tempo de mastigação e
ruminação, o que provoca menor salivação e queda na liberação de bicarbonato de sódio no rúmen,
via saliva, resultando em queda no pH ruminal (acidose).
Outro efeito é a queda da digestibilidade da silagem, devido à alta taxa de passagem pelo rúmen,
não havendo tempo suficiente para ataque das bactérias sobre a forragem. De maneira geral, o
tamanho das partículas para silagens de planta inteira de milho e sorgo deve variar entre 0,5 e 2,0
cm e silagem de gramíneas tropicais entre 2 e 4 cm.
ENCHIMENTO DO SILO
A velocidade no enchimento do silo e adequada compactação da massa determina a quantidade de
oxigênio residual na massa ensilada. A taxa de enchimento influencia no valor nutricional final da
silagem.
O enchimento lento, a falta de compactação e o atraso na vedação são procedimentos que
concorrem para aerar a massa e promover perdas no processo.
Não deve haver intervalos no enchimento do silo superiores à 10 horas, e o fechamento total deve
ocorrer entre 3 a 5 dias do seu início.
Recomenda-se o abaulamento da parte superior antes do fechamento do silo para facilitar o
escoamento da água de chuva.
COMPACTAÇÃO
Como regra, o trator utilizado na compactação deve apresentar peso igual ou superior a 40% da
massa de forragem que chega ao silo por hora de trabalho efetiva.
Exemplo: Massa de forragem que chega ao silo = 10 t/hora Peso do trator: 10 t/ha x 40% Resultado:
peso mínimo do trator deverá ser de 4 t
VEDAÇÃO
As falhas na vedação podem comprometer seriamente a eficiência na conservação de forragens
devido ao ingresso de ar na massa, o que se traduz em aumento da temperatura, das perdas pela
presença de fungos e possível contaminação de produtos de origem animal (exemplo: leite) com
microrganismos indesejáveis.
Sacos com areia, dispostos em toda a borda e a cada 5m em faixas transversais, permitem a
contenção da lona, evitando a dilatação e danos físicos que permitiria a entrada de ar e água,
além de roedores e agentes contaminantes.
A colocação de 10 cm de terra ou capim sobre a lona tem sido outra alternativa e tem vantagem a
amenização das altas temperaturas na camada superficial do silo, bem como evita danos físicos
na lona pelo trânsito de animais.
Existe a opção de uso de uma lona térmica de dupla face (branco em cima e preto embaixo) que
reduz a temperatura por conter e refletir melhor os raios solares, melhorando o processo de
ensilagem. As características mais importantes de uma lona para a vedação da silagem são:
Espessura, Coloração e Polímero utilizado na confecção do filme.
As tipologias dos filmes plásticos utilizados no Brasil para a cobertura de silagens apresentam o 26
polietileno como principal polímero. Entre as cores, encontram-se lonas pretas, em dupla face e
espessuras diversas, variando de 150 a 300 micras.
O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO
A conservação de forragens na forma de silagem depende diretamente da rápida
estabilização do pH. Para que haja rápida estabilização do pH é necessário que o material
tenha quantidade mínima de açúcares prontamente fermentáveis. Se a concentração de
carboidratos solúveis é adequada, as condições são mais favoráveis para o
estabelecimento e crescimento de bactérias láticas, as quais produzem o ácido lático.
Não se pode evitar esta fase, mas é possível fazê-la mais breve por meio de:
- Picagem correta - Umidade adequada ao corte - Adequada compactação
FASE DE DETERIORAÇÃO AERÓBIA
Quando o silo é aberto, o ambiente anaeróbio responsável pela conservação da silagem passa a ser
aeróbio.
Estabilidade aeróbia é definida como a velocidade de deterioração da silagem após a abertura do silo. Silagens estáveis
apresentam baixa velocidade de deterioração da superfície frontal (painel).
 Manejo da silagem após abertura do silo As perdas após a abertura do silo estão associadas ao
manejo imposto ao silo. Quanto maior a taxa de retirada de material do silo menor serão as
perdas. Também, quanto maior a movimentação da massa ensilada maior será a deterioração
do painel do silo.
 O método mais efetivo de diminuir as perdas é a remoção e o fornecimento imediato da silagem
aos animais, com a retirada de camadas paralelas de toda a superfície frontal do silo (painel)
com cortes em camadas entre 15 a 30 cm, sempre de cima para baixo.
 Perdas de componentes nutritivos, após abertura, podem chegar a 15%, podendo
também comprometer a qualidade sanitária, devido ao crescimento de microrganismos
patogênicos, reduzindo por consequência o desempenho dos animais.
OBS.: O cheiro de vinagre em algumas silagens é devido à presença do ácido acético.
Quanto mais intenso esse cheiro, mais tempo a silagem demorou em baixar o pH, que
pode ser decorrente da baixa disponibilidade de CHO solúveis no início da fermentação.
TIPOS DE SILO
A escolha do tipo de silo depende:
- Custos de construção
- Facilidade de carregamento e descarregamento - Eficiência na
conservação da silagem
- Tipo de silagem (grão úmido, planta inteira, pré-secado)
- Facilidade de alocação nas proximidades do local de fornecimento aos
animais
Dentre os vários tipos de silos, os mais empregados têm sido os de
”superfície”, os do tipo “trincheira” ou Bunker e mais recentemente os do
tipo “bag”.
OBRIGADA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Casqueamento de Equinos
Casqueamento de EquinosCasqueamento de Equinos
Casqueamento de EquinosKiller Max
 
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012Universidade de São Paulo
 
Manejo nutricional de ovinos de corte e leite
Manejo nutricional de ovinos de corte e leiteManejo nutricional de ovinos de corte e leite
Manejo nutricional de ovinos de corte e leiteMarília Gomes
 
Alimentação para bov de corte
Alimentação para bov de corteAlimentação para bov de corte
Alimentação para bov de corteCeltaagro
 
Projetos agrossilvipastoris
Projetos agrossilvipastorisProjetos agrossilvipastoris
Projetos agrossilvipastorisExagro
 
Aula pecu€ ¦ária de leite
Aula pecu€ ¦ária de leiteAula pecu€ ¦ária de leite
Aula pecu€ ¦ária de leiteFabio Freitas
 
Influência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicais
Influência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicaisInfluência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicais
Influência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicaisMarília Gomes
 
Manual de Confinamento de Bovinos de Corte da Guabi
Manual de Confinamento de Bovinos de Corte da GuabiManual de Confinamento de Bovinos de Corte da Guabi
Manual de Confinamento de Bovinos de Corte da GuabiSérgio Amaral
 
Silagem (milho, sorgo, capim)
Silagem (milho, sorgo, capim)Silagem (milho, sorgo, capim)
Silagem (milho, sorgo, capim)Brenda Bueno
 
Criação de bezerras em sistemas leiteiros
Criação de bezerras em sistemas leiteirosCriação de bezerras em sistemas leiteiros
Criação de bezerras em sistemas leiteirosMarília Gomes
 
Raças de gado de leite
Raças de gado de leiteRaças de gado de leite
Raças de gado de leiteKiller Max
 
Palestra manejo de pastagens TecnoPasto
Palestra manejo de pastagens TecnoPastoPalestra manejo de pastagens TecnoPasto
Palestra manejo de pastagens TecnoPastoJosmar Almeida Junior
 
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteCadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteTiago Maboni Derlan
 
Sistemas de criação para ovinos e caprinos
Sistemas de criação para ovinos e caprinosSistemas de criação para ovinos e caprinos
Sistemas de criação para ovinos e caprinosKiller Max
 
Manejo reprodutivo em gado de corte
Manejo reprodutivo em gado de corteManejo reprodutivo em gado de corte
Manejo reprodutivo em gado de corteFabrício Farias
 

Mais procurados (20)

Casqueamento de Equinos
Casqueamento de EquinosCasqueamento de Equinos
Casqueamento de Equinos
 
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012
 
Manejo nutricional de ovinos de corte e leite
Manejo nutricional de ovinos de corte e leiteManejo nutricional de ovinos de corte e leite
Manejo nutricional de ovinos de corte e leite
 
Alimentação para bov de corte
Alimentação para bov de corteAlimentação para bov de corte
Alimentação para bov de corte
 
Projetos agrossilvipastoris
Projetos agrossilvipastorisProjetos agrossilvipastoris
Projetos agrossilvipastoris
 
Produção de Gado de corte
Produção de Gado de corteProdução de Gado de corte
Produção de Gado de corte
 
Aula pecu€ ¦ária de leite
Aula pecu€ ¦ária de leiteAula pecu€ ¦ária de leite
Aula pecu€ ¦ária de leite
 
Influência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicais
Influência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicaisInfluência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicais
Influência da morfologia e anatomia na qualidade de gramíneas tropicais
 
Manual de Confinamento de Bovinos de Corte da Guabi
Manual de Confinamento de Bovinos de Corte da GuabiManual de Confinamento de Bovinos de Corte da Guabi
Manual de Confinamento de Bovinos de Corte da Guabi
 
Silagem (milho, sorgo, capim)
Silagem (milho, sorgo, capim)Silagem (milho, sorgo, capim)
Silagem (milho, sorgo, capim)
 
Criação de bezerras em sistemas leiteiros
Criação de bezerras em sistemas leiteirosCriação de bezerras em sistemas leiteiros
Criação de bezerras em sistemas leiteiros
 
Melhoramento genético de suínos
Melhoramento genético de suínosMelhoramento genético de suínos
Melhoramento genético de suínos
 
Bovinocultura de Corte
Bovinocultura de Corte Bovinocultura de Corte
Bovinocultura de Corte
 
Raças de gado de leite
Raças de gado de leiteRaças de gado de leite
Raças de gado de leite
 
Palestra manejo de pastagens TecnoPasto
Palestra manejo de pastagens TecnoPastoPalestra manejo de pastagens TecnoPasto
Palestra manejo de pastagens TecnoPasto
 
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteCadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
 
Sistemas de criação para ovinos e caprinos
Sistemas de criação para ovinos e caprinosSistemas de criação para ovinos e caprinos
Sistemas de criação para ovinos e caprinos
 
Bovinos de corte
Bovinos de corteBovinos de corte
Bovinos de corte
 
Aula Confinamento
Aula ConfinamentoAula Confinamento
Aula Confinamento
 
Manejo reprodutivo em gado de corte
Manejo reprodutivo em gado de corteManejo reprodutivo em gado de corte
Manejo reprodutivo em gado de corte
 

Semelhante a Fenações e silagens de materiais.pdf

Cultivo de morangos
Cultivo de morangosCultivo de morangos
Cultivo de morangosmarcosrscrok
 
AULA 1 Produção de mudas.ppt
AULA 1 Produção de mudas.pptAULA 1 Produção de mudas.ppt
AULA 1 Produção de mudas.pptUFV
 
Apostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazerApostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazerAlexandre Panerai
 
Circ 87 cultura do milho
Circ 87 cultura do milhoCirc 87 cultura do milho
Circ 87 cultura do milhoGabrielen Dias
 
Propagacão de plantas frutiferas
Propagacão de plantas frutiferasPropagacão de plantas frutiferas
Propagacão de plantas frutiferaspaisagista
 
Agroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativa
Agroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativaAgroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativa
Agroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativaReichard Felipe Kampmann
 
Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira
Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira
Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira Rural Pecuária
 
Apresentação boletim
Apresentação boletimApresentação boletim
Apresentação boletimAnderson Gallo
 
Estresse por déficit hídrico
Estresse por déficit hídricoEstresse por déficit hídrico
Estresse por déficit hídricoDailson Oliveira
 
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção OvinaPlanejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção OvinaRural Pecuária
 
Livro oliveiraparte03a04 6nov
Livro oliveiraparte03a04  6novLivro oliveiraparte03a04  6nov
Livro oliveiraparte03a04 6novClayson Correia
 
Fisiologia pré e pós colheita
Fisiologia pré e pós colheitaFisiologia pré e pós colheita
Fisiologia pré e pós colheitaUERGS
 
Colheitas...............................
Colheitas...............................Colheitas...............................
Colheitas...............................JaymeTavares4
 

Semelhante a Fenações e silagens de materiais.pdf (20)

Producao de-feno
Producao de-fenoProducao de-feno
Producao de-feno
 
Cultivo de morangos
Cultivo de morangosCultivo de morangos
Cultivo de morangos
 
AULA 1 Produção de mudas.ppt
AULA 1 Produção de mudas.pptAULA 1 Produção de mudas.ppt
AULA 1 Produção de mudas.ppt
 
Limão tahiti
Limão tahitiLimão tahiti
Limão tahiti
 
Apostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazerApostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazer
 
Circ 87 cultura do milho
Circ 87 cultura do milhoCirc 87 cultura do milho
Circ 87 cultura do milho
 
Pimentão apresentação
Pimentão   apresentaçãoPimentão   apresentação
Pimentão apresentação
 
Propagacão de plantas frutiferas
Propagacão de plantas frutiferasPropagacão de plantas frutiferas
Propagacão de plantas frutiferas
 
Agroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativa
Agroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativaAgroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativa
Agroecologia por uma agricultura sustentável e lucrativa
 
Cultivo da mandioca.
Cultivo da mandioca.Cultivo da mandioca.
Cultivo da mandioca.
 
Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira
Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira
Uso da água no enraizamento de estacas de Amoreira
 
Apresentação boletim
Apresentação boletimApresentação boletim
Apresentação boletim
 
Estresse por déficit hídrico
Estresse por déficit hídricoEstresse por déficit hídrico
Estresse por déficit hídrico
 
Aula 3.pptx
Aula 3.pptxAula 3.pptx
Aula 3.pptx
 
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção OvinaPlanejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
 
Livro oliveiraparte03a04 6nov
Livro oliveiraparte03a04  6novLivro oliveiraparte03a04  6nov
Livro oliveiraparte03a04 6nov
 
Fisiologia pré e pós colheita
Fisiologia pré e pós colheitaFisiologia pré e pós colheita
Fisiologia pré e pós colheita
 
Colheitas...............................
Colheitas...............................Colheitas...............................
Colheitas...............................
 
Manual do cultivo
Manual do cultivoManual do cultivo
Manual do cultivo
 
Circ 76 milho
Circ 76 milhoCirc 76 milho
Circ 76 milho
 

Fenações e silagens de materiais.pdf

  • 1. FENAÇÃO E ENSILAGEM PROFª. FLÁVIA LOUZEIRO DE AGUIAR BOM JESUS - PIAUÍ
  • 2. Os sistemas de exploração de bovinos são, em sua grande maioria, baseados em pastagens. Contudo, oscilações na disponibilidade de fatores climáticos ao longo do ano determinam redução na produção e queda no valor nutritivo, gerando déficit de forragem durante o período seco. CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS FENAÇÃO ENSILAGEM
  • 3. A conservação de forragem por meio do processo de fenação é uma alternativa para suprir as deficiências quantitativas e qualitativas das pastagens durante a época seca. O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da forragem pela rápida desidratação (redução da umidade da forragem fresca de 70 a 80% para 15 a 18%), uma vez que a atividade respiratória das plantas, bem como a dos microrganismos é paralisada quando a disponibilidade de água na forragem é reduzida. O feno é o alimento obtido após a desidratação. Forragens destinadas a produção de feno podem ser obtidas pela conservação do excedente de pasto em áreas de pastejo ou em áreas exclusivas de cultivo para essa finalidade. A qualidade do feno está associada a fatores relacionados à planta, às condições climáticas durante o processo de secagem e ao sistema de armazenamento empregado.
  • 4. As vantagens da fenação incluem a possibilidade de armazenamento de forragem por longos períodos com:  pequenas alterações em valor nutritivo;  inúmeras plantas forrageiras podem ser utilizadas no processo;  produzido e utilizado em grande e pequena escala;  pode ser colhido, armazenado fornecido aos animais manualmente ou por processos inteiramente mecanizados;  pode atender o requerimento nutricional de diferentes categorias animais.
  • 5. Atualmente, é possível fenar todo tipo de planta forrageira, bastando para isso utilizar métodos e equipamentos adequados para seu processamento. Contudo, algumas espécies forrageiras apresentam maior facilidade, principalmente quanto à velocidade de desidratação, atingindo o ponto de feno mais rapidamente e expondo a forragem a menores riscos de perdas de MS e valor nutritivo. São características desejáveis de espécies forrageiras para fenação:  alta produção de forragem e ótimo valor nutritivo, tolerância a cortes baixos, elevado vigor de rebrotação após o corte, facilidade para a desidratação e reduzida perda de folhas.  A rebrotação depende das condições de fertilidade e umidade do solo, bem como do grau de tolerância das plantas forrageiras ao corte.
  • 6.  Espécies de crescimento cespitoso de porte elevado e que formam touceiras podem ter seu processo de rebrotação prejudicado pelos cortes em função de danos às touceiras e perfilhos. # gramíneas estoloníferas  Adicionalmente, plantas com colmos compridos e/ou grossos apresentam menor velocidade de perda de água durante o processo de desidratação, o que resulta em fenos de pior valor nutritivo.  Entre as gramíneas para a fenação, em regiões tropicais, podem ser mencionadas: pangola, jaraguá, colonião, gordura, rhodes, kikuio, espécies do gênero Cynodon em geral, braquiárias, etc.  Entre as leguminosas, encontram-se: alfafa, soja perene, siratro, centrosema, Arachis, estilosantes e outras, de preferência com colmos mais finos e com hábito de crescimento prostrado.
  • 7. A área deve ser fértil, de preferência plano ou com declividade favorável à mecanização e livre de tocos, cupins ou pedras, para facilitar os tratos culturais, o corte e depois a fenação. Condições não recomendadas para o processo de fenação. O controle de plantas invasoras é essencial para produção de fenos de excelente valor nutricional. Estas plantas normalmente afetam o VN do feno e baixa aceitabilidade. Além disso, algumas podem ser tóxicas ou possuir espinhos, o que causa sérios danos aos animais que os consomem.
  • 8.
  • 9. CORTE O crescimento da planta ocorrem alterações que resultam na elevação dos teores dos compostos estruturais, tais como a celulose, a hemicelulose e a lignina e, paralelamente, diminuição do conteúdo celular. Qualquer que seja a espécie/cultivar a ser utilizada, a planta deve ser cortada quando ocorrer equilíbrio entre produtividade por hectare e valor nutritivo. Cortes no início da fase de crescimento vegetativo trariam como desvantagens, menor rendimento forrageiro e ainda alto teor de umidade da planta forrageira. Cortes durante a fase de crescimento reprodutivo teriam como desvantagens, maior lignificação das células e menor digestibilidade da proteína e energia. A época ideal de corte seria aquela em que a planta forrageira estaria com o maior equilíbrio entre quantidade e qualidade.
  • 10.
  • 11. Proporção de folhas, digestibilidade in vitro da matéria seca e teor de proteína bruta do feno de gramíneas em diferentes intervalos entre cortes
  • 12.  Gênero Cynodon prestam-se muito bem para a produção de feno. Altura de aproximadamente 5-10 cm do solo.  O intervalo de cortes mais apropriado é por volta de 4 a 5 semanas.  Gêneros Brachiaria e Digitaria podem ser cortados de 10 a 15 cm, enquanto que plantas de crescimento ereto como Avena, Hyparrhenia, Panicum e Pennisetum as alturas de corte são de 10 a 20 cm.  Em termos de leguminosas, a altura de corte normalmente utilizada é de 8 a 10 cm do nível do solo.
  • 13. A época de corte deve ser aquela que permita secagem rápida e uniforme e recolhimento com umidade adequada. As condições ambientais que favorecem esses aspectos são dias ensolarados e elevadas temperaturas, com pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar e presença de ventos. O corte deve ser iniciado pela manhã, após secagem do orvalho e em dias não sujeitos à chuva.
  • 14. Equipamentos No manual, pode ser utilizar alfanje, foice ou roçadeira costal mecanizada. O rendimento nesse método é baixo. A forragem cortada pela manhã deve ser revolvida à tarde, utilizando garfo ou rastelo. Essa operação deve ser repetida pela manhã e à tarde no dia seguinte. A forragem deve ser enleirada no final da tarde, o que evita a reidratação, em leiras fofas para facilitar a circulação de ar. Em sistemas mecanizados é realizado com segadeira. Segadeiras simples executam apenas o corte, deixando a forragem espalhada no próprio local. Existem dois tipos: segadeira de barra, mais simples e mais baratas, e segadeira circular de disco ou tambor rotativo, as quais são mais eficientes para corte de espécies estoloníferas ou tombadas. MANUAL MECANIZADO
  • 15. Segadeiras condicionadoras são equipamentos de maior custo e rendimento, indicadas para corte de plantas com maior quantidade de colmos ou colmos espessos. Rolos compactadores realizam o esmagamento da forragem, o que acelera a desidratação e favorece secagem mais uniforme de folhas e colmos por aumentar a superfície de exposição da planta ao ar.
  • 16. Roçadeiras não devem ser utilizadas para corte da forragem, pois além de dilacerar as plantas, picam a forragem, o que aumenta a proporção de perdas e dificulta o recolhimento. Condicionadores químicos mantêm os estômatos da planta abertos, acelerando a perda de água. Entre estes estão a fusicoccina, quinetina, azida sódica. Carbonato de potássio ou de sódio e herbicidas dessecantes também podem ser utilizados para acelerar a secagem ATENÇÃO
  • 17. SECAGEM  A planta forrageira ao ser cortada para fenação contém de 70 a 80% de umidade.  Após o corte ocorre a supressão do suprimento de água pelas raízes e a evaporação contínua da superfície foliar leva ao pré-murchamento, secagem e morte das células.  Durante a secagem alguma atividade enzimática prossegue e nutrientes podem ser perdidos. Assim, quanto mais rapidamente ocorrer a secagem e, consequentemente a morte das células, menor será a perda de valor nutritivo. Uma vez transformada em vapor, a água se move da planta para o ambiente, seguindo o princípio da difusão da umidade. A difusão é controlada pelo gradiente de pressão de vapor entre a superfície do vegetal e o ambiente, sendo influenciada, principalmente pela temperatura e a seguir pelo teor de água da planta.
  • 18. três fases, as quais diferem na duração, na taxa de perda de água e na resistência à desidratação.
  • 19. Fase I: curta duração, elevada taxa de perda de água e menor resistência à desidratação. A primeira etapa de secagem é rápida e envolve intensa perda de água, nesta fase os estômatos permanecem abertos e o déficit da pressão de vapor entre a forragem e o ar é alto e a perda de água pode chegar a 1 g/g de MS/hora. Embora, os estômatos se fechem em aproximadamente 1 hora após o corte, ou quando as plantas possuem de 65 a 70% de umidade, cerca de 20 a 30% do total de água é perdido nesta primeira fase da secagem.
  • 20. Fase II: duração depende das características das folhas e da planta, perda de água via evaporação cuticular, aumento na resistência à desidratação Durante o processo de secagem, quando a forragem é enleirada, a progressiva perda de água e o sombreamento, promovem o fechamento dos estômatos, resultando em aumento na resistência à desidratação. As leiras produzidas pela maioria das segadeiras são compactas e altas e fase inicial de secagem é o principal fator que limita a perda de água, pois a superfície (topo) seca mais rápido que a base. Dessa forma, a taxa de desidratação pode ser aumentada com o uso de ancinhos para revirar a forragem. Da mesma forma, na segunda fase a secagem ainda pode ser rápida com uso de ancinhos, pois se reduz a compactação através das viragens e revolvimento. O uso frequente de ancinhos é mais eficiente quando o conteúdo de água da forragem varia entre 66 e 50%. Em leguminosas o uso de ancinhos deve ser evitado, pois a perda de folhas pode ser elevada.
  • 21. Fase III: baixa taxa de perda de água, elevada resistência à desidratação, sensibilidade às condições climáticas (plasmólise) A fase inicia-se quando a umidade da planta atinge 45%, sendo menos influenciada pelo manejo e mais sensível às condições climáticas do que as anteriores, principalmente à umidade relativa do ar. Embora o metabolismo da planta tenha se reduzido na terceira fase de desidratação, a forragem torna-se susceptível aos danos causado pelo meio ambiente, tais como reidratação, lixiviação e queda de folhas. Esta fase continua até a forragem atingir teor de água adequado, o qual permite o armazenamento do feno sem a continuação dos processos metabólicos da planta e de microrganismos. Nessa fase o revolvimento deve ser evitado, pois a perda de folhas pode ser acentuada.
  • 22. Algumas maneiras práticas para verificação do ponto de feno, quando a forragem apresenta menos de 20% de umidade, são: - quando os nós apresentam consistência de farinha e sem umidade; - ao torcer um feixe de forragem, não deve surgir umidade, e ao soltar, o material volta lentamente à posição inicial. Com a prática, a pessoa identifica o ponto do feno pelo tato e cor. A determinação do ponto de feno pode ser feita também utilizando estufas e micro-ondas. Nesse caso, o material é pesado antes e após a sua retirada do equipamento, e por diferença de peso, se determina a umidade.
  • 23. Armazenamento Para o armazenamento de feno, podem ser aproveitadas as construções já existentes na propriedade, ou construir galpões rústicos, levando-se em consideração que devem ser locais ventilados e livres de umidade. O feno pode ser acondicionado em fardos, solto e em medas.  "Medas" são montes de feno organizados ao redor de um mastro ou tutor, normalmente no próprio campo de produção. Essa é a forma de armazenamento mais indicada para criações extensivas ou semiextensivas. Para construção da meda, deve-se escolher um local nivelado, com um tutor de madeira de 3 a 6 metros de altura e marcar uma circunferência com o diâmetro de 2/3 da altura ao redor desse tutor, devendo-se limitar a altura a 4m. Iniciar a colocação de feno em camadas bem compactadas, voltando a fechar a partir daí até ao topo da meda, formando um cone. Para arrematar, deve-se fazer um chapéu de sapé, de lona plástica ou similares para evitar a penetração de água das chuvas.
  • 24. Armazenamento solto - Neste caso, há necessidade de galpões reservados para esse fim; porém, neste método de armazenamento, o feno ocupa mais espaço do que no sistema de fardo, dificultando o manuseio no transporte, o controle da quantidade ou estoque de feno existente na propriedade. Armazenamento em fardos apresenta algumas vantagens em relação ao armazenamento de feno solto; o material enfardado ocupa menor espaço, tem melhor conservação, facilita o transporte, melhora o controle sobre incidência de fungos e possibilita o controle da quantidade ou do estoque de feno existente na propriedade. Para o processamento dos fardos, pode-se usar enfardadeira manual ou mecânica para o amarrio do fardo com arame ou cordão apropriado; no entanto, esse método é mais caro e trabalhoso do que o armazenamento do feno solto
  • 25.
  • 26. O rendimento é variável, dependendo da enfardadeira, podendo chegar a 12 T por hora. Em 1 m3 de feno corretamente enfardado, armazenam-se aproximadamente 90-100 kg de material. Em regiões com baixa possibilidade de chuvas, pode-se usar enfardadeiras que confeccionam rolos de feno prensado, com peso superior a 500 kg, que são armazenados no campo, podendo os animais terem acesso direto. Esse tipo de equipamento só é justificável para grandes produções. Fatores que interferem no valor nutritivo e perdas  Fatores ligados à planta: A principal perda ocorre na fração carboidratos solúveis, como consequência da respiração aeróbica. Alterações em virtude da ação enzimática podem ocorrer com relação à proteína, ocasionando perda de nitrogênio, bem como redução na digestibilidade aparente da proteína bruta. Por outro lado, a secagem promove diminuição na concentração de compostos tóxicos, como glicosídeos cianogênicos, proteínas solúveis causadoras de timpanismo.
  • 27.  Fatores ambientais: A ocorrência de chuvas durante a secagem no campo pode ocasionar perdas de até 100% da matéria seca. As chuvas, na fase final da secagem, causam maiores perdas do que aquelas que ocorrem no início da fenação. Há de se considerar que a ocorrência de chuvas pode causar perdas indiretas, uma vez que prolonga o tempo de secagem, aumentando as atividades de respiração e fermentação. Considerando que na última fase de secagem as células sofreram plasmólise, a lixiviação de nutrientes em função da reidratação pode ser elevada e a qualidade do feno piorada.  Perdas durante a secagem e armazenamento
  • 28. ADITIVOS PARA CONSERVAÇÃO DE FENOS  Amônia anidra e ureia, Ácido propiônico, Propionato de amônio  Fenos enfardados com alta umidade (20 a 30%).  Esses aditivos devem apresentar algumas características essenciais, como: a) baixa toxicidade para os mamíferos; b) efeito fungistático; c) manuseio fácil e seguro; d) ser solúvel em água.  A inibição do crescimento de microrganismos com ácidos é conseguida pela manutenção de uma concentração mínima de ácido na fração aquosa do feno. Dentre os aditivos mais usados destaca- se a amonização, pela amônia-anidra, ou pelo uso da uréia como fonte de amônia. A amônia atua no controle de fungos pela elevação do pH do meio, além da ação fungistática, atua sobre a fração fibrosa da forragem, solubilizando a hemicelulose, aumentando o nitrogênio não proteico na forragem, melhorando a digestibilidade e consumo de matéria seca.
  • 29.
  • 30. Introdução O fato de se ter muita forragem de boa qualidade numa época do ano e pouca forragem de má qualidade em outra época faz o produtor ter grandes prejuízos em seus rebanhos com perda de peso, aumento da mortalidade, baixa produção de carne e leite e baixa produtividade na época seca. A conservação de forragens de excelente qualidade, produzidas na época das chuvas, para serem utilizadas no período de estiagem ou seca. Na conservação de forragens, busca-se criar condições em que as características químicas e físicas do alimento, ou seja, seu valor nutritivo, sejam preservadas. Uma das maneiras de se conservar a forragem é pela ensilagem. Contudo, a ensilagem não é um processo mágico que converte volumoso de má qualidade em um alimento suculento e rico em nutrientes.
  • 31. ...o que determinará a qualidade da silagem será o correto manejo da cultura a ser ensilada, colheita no ponto de corte adequado, e a adoção de técnicas adequadas durante o enchimento e compactação do silo, e processos de vedação que garantam o correto armazenamento Ensilagem – Processo de conservação de forragem/grãos por meio da acidificação da massa em decorrência da fermentação microbiana em condições de anaerobiose. Silagem - é o produto oriundo da conservação de forragens úmidas (planta inteira) ou de grãos de cereais com alta umidade (grão úmido) pela fermentação em meio anaeróbio, ambiente isento de oxigênio. Silo – estrutura/local de armazenamento da silagem
  • 32. A ensilagem tem como objetivo a conservação da forragem verde, com um elevado teor de umidade e mínimo de perdas, sem a formação de produtos tóxicos para o animal. Para tal é necessário: 1. Atingir e manter condições de anaerobiose (ausência de O2), para limitar a atividade oxidativa das enzimas da planta e da flora aeróbia, pois produzem perdas consideráveis; 2. 2. Impedir o desenvolvimento da flora butírica, que causa putrefação e decomposição dos ácidos graxos em gás carbônico, amônia e compostos nitrogenados, que podem ser tóxicos.
  • 33. Etapas do processo de ensilagem A ensilagem, como processo de conservação, consiste em um conjunto de operações destinadas à produção de silagem, que pode ser dividido em etapas:
  • 34.
  • 35. Colheita A rapidez no processo de colheita é um dos principais fatores para a obtenção de boa silagem. A forragem cortada continua a respirar (células ainda vivas) até a morte das células ou até que todo o oxigênio do meio seja removido (isso ocorre dentro do silo). Isso quer dizer que haverá consumo de carboidratos da planta, com liberação de CO2 e 18 produção de calor e, portanto, com perda de MS muito digestível. Para minimizar as perdas de energia durante a respiração, deve-se favorecer a rápida remoção do oxigênio do meio. A retirada do oxigênio do meio se dá por:  Respiração aeróbia: a presença de oxigênio favorece a respiração dos microrganismos aeróbios. Nesse processo ocorre consumo de carboidratos e oxigênio, com liberação de CO2 e calor, causando aumento da temperatura no interior do silo. Nessa etapa, portanto, a velocidade de enchimento do silo irá determinar quanto de oxigênio residual ficará na massa ensilada.
  • 36. Compactação adequada: (importância do tempo de compactação e tamanho das camadas e de partículas) a compactação expulsa o ar contido no interior do silo e, sobretudo, impede a sua renovação. Se a compactação é eficaz (imediata e intensa), a expulsão do ar é rápida, não há renovação de ar e a temperatura no interior do silo não ultrapassa os 20ºC. A compactação é eficaz, quando o tamanho das partículas é adequado. Na colheita, a altura do corte das plantas, tanto do milho quanto do sorgo, ocorre normalmente entre 15 e 20 cm do solo. A elevação da altura do corte para 30 a 50 cm melhora o valor nutritivo da silagem e a digestibilidade, pois a maior porcentagem de lignina e potássio encontra-se no terço inferior da planta. Entretanto, quanto maior a altura do corte, menor será o volume colhido por hectare. O ponto ideal para o corte do milho e do sorgo para a ensilagem deve ser quando planta apresenta de 28 a 35% de MS.
  • 37.  Teores acima de 38% não são preconizados, pois aumenta a resistência da massa de silagem à compactação durante a sua confecção, reduzindo a densidade.  Altos teores de matéria seca (acima de 40%) também exigem maior potência do equipamento que realiza a colheita para manter o tamanho de partícula uniforme.  Além destes fatores, quando o grão atinge a maturidade fisiológica, a digestibilidade do amido decresce, principalmente em híbridos de milho que apresentam grão do tipo duro.
  • 38.
  • 39.
  • 40. PICAGEM No momento da ensilagem as plantas devem ser picadas de tal forma que apresentem tamanhos de partícula uniformes, a fim de garantir densidade mínima de 550 a 650 kg/m3 , para a boa preservação da silagem e menor sobra no cocho por seleção do animal. A picagem favorece a compactação da massa e facilita a retirada de oxigênio, o que determina melhor fermentação, pois aumenta a interação entre o substrato e os microrganismos. A homogeneidade da massa ensilada favorece fermentações mais rápidas e uniformes, resultando em melhor valor nutritivo do produto final. A variação do tamanho das partículas deve estar entre 0,5 a 2,5 cm, sendo que a variação entre o maior e o menor tamanho não deve ultrapassar 20%.
  • 41. O excesso de picagem provoca distúrbios digestivos, pela redução do tempo de mastigação e ruminação, o que provoca menor salivação e queda na liberação de bicarbonato de sódio no rúmen, via saliva, resultando em queda no pH ruminal (acidose). Outro efeito é a queda da digestibilidade da silagem, devido à alta taxa de passagem pelo rúmen, não havendo tempo suficiente para ataque das bactérias sobre a forragem. De maneira geral, o tamanho das partículas para silagens de planta inteira de milho e sorgo deve variar entre 0,5 e 2,0 cm e silagem de gramíneas tropicais entre 2 e 4 cm.
  • 42. ENCHIMENTO DO SILO A velocidade no enchimento do silo e adequada compactação da massa determina a quantidade de oxigênio residual na massa ensilada. A taxa de enchimento influencia no valor nutricional final da silagem. O enchimento lento, a falta de compactação e o atraso na vedação são procedimentos que concorrem para aerar a massa e promover perdas no processo. Não deve haver intervalos no enchimento do silo superiores à 10 horas, e o fechamento total deve ocorrer entre 3 a 5 dias do seu início. Recomenda-se o abaulamento da parte superior antes do fechamento do silo para facilitar o escoamento da água de chuva.
  • 43.
  • 44. COMPACTAÇÃO Como regra, o trator utilizado na compactação deve apresentar peso igual ou superior a 40% da massa de forragem que chega ao silo por hora de trabalho efetiva. Exemplo: Massa de forragem que chega ao silo = 10 t/hora Peso do trator: 10 t/ha x 40% Resultado: peso mínimo do trator deverá ser de 4 t
  • 45. VEDAÇÃO As falhas na vedação podem comprometer seriamente a eficiência na conservação de forragens devido ao ingresso de ar na massa, o que se traduz em aumento da temperatura, das perdas pela presença de fungos e possível contaminação de produtos de origem animal (exemplo: leite) com microrganismos indesejáveis.
  • 46.
  • 47. Sacos com areia, dispostos em toda a borda e a cada 5m em faixas transversais, permitem a contenção da lona, evitando a dilatação e danos físicos que permitiria a entrada de ar e água, além de roedores e agentes contaminantes. A colocação de 10 cm de terra ou capim sobre a lona tem sido outra alternativa e tem vantagem a amenização das altas temperaturas na camada superficial do silo, bem como evita danos físicos na lona pelo trânsito de animais.
  • 48.
  • 49. Existe a opção de uso de uma lona térmica de dupla face (branco em cima e preto embaixo) que reduz a temperatura por conter e refletir melhor os raios solares, melhorando o processo de ensilagem. As características mais importantes de uma lona para a vedação da silagem são: Espessura, Coloração e Polímero utilizado na confecção do filme. As tipologias dos filmes plásticos utilizados no Brasil para a cobertura de silagens apresentam o 26 polietileno como principal polímero. Entre as cores, encontram-se lonas pretas, em dupla face e espessuras diversas, variando de 150 a 300 micras.
  • 50. O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO A conservação de forragens na forma de silagem depende diretamente da rápida estabilização do pH. Para que haja rápida estabilização do pH é necessário que o material tenha quantidade mínima de açúcares prontamente fermentáveis. Se a concentração de carboidratos solúveis é adequada, as condições são mais favoráveis para o estabelecimento e crescimento de bactérias láticas, as quais produzem o ácido lático.
  • 51. Não se pode evitar esta fase, mas é possível fazê-la mais breve por meio de: - Picagem correta - Umidade adequada ao corte - Adequada compactação
  • 52.
  • 53.
  • 54.
  • 55.
  • 56. FASE DE DETERIORAÇÃO AERÓBIA Quando o silo é aberto, o ambiente anaeróbio responsável pela conservação da silagem passa a ser aeróbio.
  • 57.
  • 58. Estabilidade aeróbia é definida como a velocidade de deterioração da silagem após a abertura do silo. Silagens estáveis apresentam baixa velocidade de deterioração da superfície frontal (painel).
  • 59.
  • 60.  Manejo da silagem após abertura do silo As perdas após a abertura do silo estão associadas ao manejo imposto ao silo. Quanto maior a taxa de retirada de material do silo menor serão as perdas. Também, quanto maior a movimentação da massa ensilada maior será a deterioração do painel do silo.  O método mais efetivo de diminuir as perdas é a remoção e o fornecimento imediato da silagem aos animais, com a retirada de camadas paralelas de toda a superfície frontal do silo (painel) com cortes em camadas entre 15 a 30 cm, sempre de cima para baixo.  Perdas de componentes nutritivos, após abertura, podem chegar a 15%, podendo também comprometer a qualidade sanitária, devido ao crescimento de microrganismos patogênicos, reduzindo por consequência o desempenho dos animais.
  • 61. OBS.: O cheiro de vinagre em algumas silagens é devido à presença do ácido acético. Quanto mais intenso esse cheiro, mais tempo a silagem demorou em baixar o pH, que pode ser decorrente da baixa disponibilidade de CHO solúveis no início da fermentação.
  • 62. TIPOS DE SILO A escolha do tipo de silo depende: - Custos de construção - Facilidade de carregamento e descarregamento - Eficiência na conservação da silagem - Tipo de silagem (grão úmido, planta inteira, pré-secado) - Facilidade de alocação nas proximidades do local de fornecimento aos animais Dentre os vários tipos de silos, os mais empregados têm sido os de ”superfície”, os do tipo “trincheira” ou Bunker e mais recentemente os do tipo “bag”.
  • 63.
  • 64.