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Razão e Fé no pensamento
de Santo Agostinho
Por diversas vezes e em diversos lugares, Agostinho analisou
expressamente as relações entre a fé e razão com base na sua
experiência pessoal1
. A insistência com que estas duas expressões
ocorrem no De Vera Religione e no De Utilitate Credendi demonstra
bem que se trata de um tema maior, de importância capital para o
entendimento correcto de todo o pensamento filosófico e teológico
do bispo de Hipona. Na verdade, a relação entre fé e razão cons-
titui o núcleo essencial do método agostiniano na busca incansável
da felicidade ou da sabedoria2
.
Em última análise, tudo se reduz à descrição do processo
histórico que levou Agostinho, pelos caminhos da razão (intellige
ut credas), a tornar à fé de Mónica e como depois, por impulso da
mesma fé (crede ut intelligas), continuou a servir-se da razão para
ulterior esclarecimento daquela — a fé em busca da inteligência
(fides quarens intellectum)3
. Nesta breve exposição seguiremos de
perto, além das obras mencionadas, o amplo relato do livro VIII
das Confissões.
Agostinho afirma nas Confissões que aderiu à fé católica depois
de ter percebido claramente, mais com o «bom senso» natural do
1
Sobretudo no Sermão 43 (PL 38, 254-258) e na Carta 120 a Consêncio
(PL 33, 452-462).
2
No livro V, 7, das Confissões, Agostinho afirma claramente que o seu
regresso à fé, embora ainda doutrinalmente informe e sem as obras, precedeu as
descobertas dos livros dos Platónicos - stabiliter tarnen haerebat in corde meo in
catholica ecclesia fides Christi tui... in multis quidem adhuc informis... sed tarnen non
eam relinquebat animus, immo in dies magis magisque imbibebat; cf. C H . BOYER,
Essais anciens et nouveaux sur la doctrine de Saint Augustin, Milano, 1970.
3
Veja-se, a propósito, de C H . BOYER, Essais sur la Doctrine de S. A., Paris, 1932.
XXIX (1999) DIDASKALIA 249-255
2 5 0 DIDASKALIA
que com profundas reflexões filosóficas, o quanto era razoável o
passo que se propunha dar. Antes da adesão formal à fé cristã, tinha
vencido etapas importantes no seu itinerário para a verdade e que
constituíram outras tantas premissas racionais em relação à mesma
fé, como sejam, a existência, a imutabilidade e providência de Deus
— motivos de credibilidade com que se apresentam as Escrituras e
a Igreja. Uma vez recuperada a fé, faltava-lhe pôr-se em dia com as
exigências da razão no ulterior esclarecimento de problemas para
cuja solução só dispusera da mesma fé: espiritualidade e inteligibi-
lidade de Deus, o problema do mal, etc. A descoberta dos Neopla-
tónicos permitiu-lhe compreender racionalmente, filosoficamente,
outras verdades, antes só por fé conhecidas, e que, deste modo,
confirmadas agora pela razão, vieram promover uma ulterior e
mais plena adesão ao seu Deus4
.
No itinerário pessoal que o conduziu à fé, Agostinho começa
pela razão, embora de uma forma incoativa, pré-filosófica, a roçar
o simples senso comum, na medida em que atende prevalentemente
aos motivos de credibilidade (fides qua). Alcançada a fé, a razão é
chamada a explicar, na medida do possível, o conteúdo da mesma
fé (fides quae).
No entanto, importa frisar que neste segundo estádio em que
prevalece a fé, esta exerce uma influência altamente positiva, puri-
ficando o espírito, abatendo o orgulho pela submissão à autoridade
divina, de modo a facilitar a investigação ulterior e uma maior aber-
tura aos dados da experiência. Deste ponto de vista, a fé é uma
preparação para a inteligência daquilo em que se acredita5
.
Pela sua precedência, não de direito, mas de facto, isto é, na
ordem psicológico-temporal, a fé desempenha um papel prope-
dêutico e indirecto, já que não é chamada a provar directamente
qualquer verdade natural, simplesmente a dispor o espírito a pro-
curar e a entender aquilo em que acredita, entendimento sobretudo
natural — compreensão da natureza espiritual de Deus, demons-
tração filosófica da existência de Deus, por exemplo —, mas tam-
bém sobrenatural e místico.
4
Cf. De Vera Religione, 24,45 — auctoritas fidem flagitat et rationi praeparat
hominem. Ratio ad intellectum cognitionemque perducit. Quamquam neque auctori-
tatem ratio penitus deserit, cum consideratur cui sit credendum; et certe summa est
ipsius jam cognitae atque perspicuae veritatis auctoritas.
5
Segundo Boyer, a distinção, no conjunto das verdades da fé, entre verdades
acessíveis à razão e mistérios sobrenaturais, parece ter sido adquirida por Agostinho
somente algum tempo depois da conversão. Santo Agostinho filósofo, pp. 215-217.
RAZÃO E FÉ NO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO 2 5 1
1. Crede ut intelligas e intellige ut credos
Enquanto a razão que precede a fé (ratio ante fidem) é apenas
e somente razão natural, o mesmo já se não pode dizer da razão que
opera ou actua depois e dentro da fé (post fidem). Se Agostinho nem
sempre distingue expressamente, no conjunto das verdades rece-
bidas pela fé ifides quae), entre verdades acessíveis à razão natural
e mistérios propriamente ditos, esta distinção é, no entanto, sempre
possível6
. De resto, o próprio Agostinho, ao adoptar um duplo
processo, na ilustração do conteúdo da fé, legitima semelhante
distinção: quando argumenta com base na autoridade, a partir de
premissas reveladas, procede como teólogo; quando, pelo contrá-
rio, em relação a verdades comuns à fé e à razão, utiliza processos
estritamente racionais, faz filosofia7
. Há pois uma filosofia em
Agostinho, se tivermos em conta o papel por ele assinalado à razão
como preparação prévia para a adesão de fé (intellige ut credas),
embora, não se encontre um conhecimento elaborado, metódica e
sistematicamente, como disciplina autónoma, à parte da teologia8
.
De resto, se a própria razão natural, no exercício das suas funções
normais, muito pode beneficiar com a sua submissão à fé (con-
fiança na autoridade dos pais, dos sábios, dos mestres (fides qua),
muito mais pode beneficiar a mesma razão natural na compreensão
dos mistérios sobrenaturais, como repetidamente o refere Agos-
tinho e que Boyer resumiu de modo excelente:
A fé é uma preparação para o entendimento daquilo em que
se acredita. Ela purifica a mente. De si mesmo, o acto de fé,
consistindo na submissão à autoridade da palavra divina, é já
remédio contra o orgulho e dispõe a vontade a não perturbar a
inteligência na procura da verdade. Além disso, estando concen-
trada numa verdade, a atenção da mente liberta os olhos espiri-
tuais das seduções dos sentidos e da imaginação. Sobretudo e
6
Veja-se a este propósito C H . BOYER, op. cit., pp. 2 1 9 - 2 2 0 .
7
Deparamos, no entanto, com exemplos em contrário, como no De Lib. Arb.
II, 2,5 a respeito da afirmação da dúvida metódica — quamquam haec (a existência
de Deus) inconcussa fide teneam, tamen quia cognitionem nondum teneam, ita quae-
ramus quasi omnia incerta sint. Do mesmo modo, no início da De Moribus Eccl.
Cath., 1, 2, 3, Agostinho argumenta, para convencer os maniqueus, servindo-se
apenas da razão.
8
De Ut. Cred., 1 6 , 3 4 .
2 5 2 DIDASKALIA
principalmente, com as verdades conhecidas por revelação, o
homem conhece já as normas do correcto comportamento e
vivendo bem dispõe-se cada vez melhor para conhecer a verdade 9
.
No domínio das verdades sobrenaturais, é não só útil, mas
absolutamente necessário e salutar começar pela fé. Agostinho está
profundamente convencido de que, neste domínio, pretender ver a
verdade para em seguida purificar o espírito, quando precisamente
é o espírito que deve ser purificado para poder ver, é evidentemente
inverter a ordem e começar pelo fim l0
. E as razões são óbvias,
colhidas da própria experiência no trato não só com os maniqueus,
mas com a humanidade em geral:
Crer antes de entender, porque não se está ainda em condições de
se seguir a lógica do raciocínio e dispor o espírito pela fé a receber
os germes da verdade, é um método não só muito salutar, mas
indispensável, para devolver a saúde aos espíritos desorientados ".
Se este método vale para as verdades naturais, com maioria de
razão deve valer para as verdades sobrenaturais. É impossível
conhecer a verdade da sabedoria, ou seja, a religião verdadeira
(a verdade sobre Deus e sobre o Homem) sem se submeter à disci-
plina severa da autoridade e sem uma fé prévia naquelas verdades
que mais tarde chegaremos a possuir e a compreender se, pelo
nosso comportamento, o viermos a merecer 12
.
E claro que o método é sempre uma questão de facto e não
de direito, não é a exposição de uma doutrina, mas um conjunto de
orientações práticas, tendo em conta as situações concretas, as apti-
dões e carências pessoais, como justamente observa F.-J. Thonnard l3
.
Agostinho, preocupado com a vida real e concreta, mais do
que em manter separadas dimensões que sabe serem diferentes
— razão e fé, filosofia e teologia —, procura servir-se delas simulta-
neamente, como de instrumentos complementares e integrantes, na
busca permanente da Verdade e da Vida, seja, do Deus Único
e Necessário.
9
Santo Agostinho filósofo, pp. 214-215.
10
De Ut. Cred., 14,31.
11
De Ut. Cred., 9,21.
12
De Ut. Cred., 4,21.
13
La Philosophie et sa méthode rationelle en augustinisme, em «Revue des
Ktudes Augustiniennes», VI (1960) 11-30.
RAZÃO E FÉ NO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO 2 5 3
Apesar de preconizar a prioridade da fé relativamente às ver-
dades sobrenaturais que dizem respeito à salvação, Agostinho não
incorre, de modo algum, no fideísmo. O reconhecimento do papel
insubstituível da razão filosófica tanto na preparação do acto de fé
(fides qua) como no conhecimento das verdades reveladas (fides
quae) é constantemente afirmado. Por isso, adverte instantemente
Consêncio, seu correspondente:
Deus está longe de odiar em nós aquilo em que nos criou supe-
riores aos restantes animais. Longe de nós pensar que a fé nos leva
a rejeitar e a fugir da razão, dado que nem sequer poderíamos acre-
ditar se não tivéssemos almas racionais. E próprio da razão reco-
nhecer que a fé deve preceder a razão no tocante a certas
verdades que fazem parte da doutrina de salvação e de cuja com-
preensão não seremos ainda capazes, embora o sejamos mais
tarde. E isto porque, purificando o coração, a fé apreende e trans-
porta consigo a luz da grande razão... Por isso, parece muito
razoável que a fé preceda a razão... E a razão que nos persuade de
que a fé deve preceder uma certa grande razão; por isso, por
mínima que seja, essa primeira razão é prévia à fé l4
.
2. Reciprocidade entre as funções da razão e da fé
Por ter experimentado a sua eficácia na conquista de verdades
essenciais à autêntica sabedoria do espírito — Deus e o homem,
Deus encontrado em mim, acima de mim — 15
, Agostinho propõe o
Crede ut intelligas como método mais adequado à actual condição
humana na aquisição da verdade em geral, mas sobretudo no domí-
nio da verdade sobrenatural. Contudo, esta precedência metodoló-
gica da fé sobre a razão é, no mínimo, muito razoável, como vimos.
Isto quer dizer que a racionalidade permeia todos os actos autenti-
camente humanos. Se a autoridade exige fé e prepara o homem
para o exercício correcto e expedito da razão, a razão, por sua
vez, conduz à compreensão e ao conhecimento daquilo em que se
acredita, numa permanente circularidade de mútua e crescente
14
Epist. 120, 1,2-3 Corrige definitionem tuam, non ut fidem respuas, sed ut ea
quae fidei firmitate jam tenes, etiam rationis luce conspicias... Si igitur ad magna
quaedam, quae capi nondum possunt, fides praecedat rationem, procul dubio quantu-
lacumque ratio, quae hoc persuadet, etiam ipsa antecedit fidem.
15
Conf. X, 3 6 , 3 7 .
2 5 4 DIDASKALIA
potenciação 16
. Desde o início que a razão presta assistência a todo
este processo, a começar pela autoridade, que nunca deixa sozinha
e desamparada — quamquam neque auctoritatem ratio penitus dese-
rit —, pois é ela que diz em quem se deve acreditar — cum consi-
deratur cui sit credendum. Por outro lado, a verdade conhecida com
evidência reveste-se de autoridade suprema, — et certe summa est
ipsius jam cognitae atque perspicuae veritatis auctoritas 17
. A mesma
doutrina é defendida no Sermão 43. Depois de ter insistido em que
é necessário acreditar para entender — nisi credideritis non intel-
ligetis (Is. 7,9), Agostinho reconhece a prioridade da razão, como
expressão de bom senso natural, a conferir razoabilidade à fé, de
modo que são verdadeiras e sem contradição as duas formas que
utiliza: crede ut intelligas e intellige ut credas. A aparente contradi-
ção resolve-a Agostinho facilmente, acrescentando a cada uma das
diferentes expressões de finalidade o seu correspondente objectivo.
A versão mais precisa e completa será então: intellige ut credas
(verbum meum) e crede ut intelligas (verbum Dei) l8
. Nesta fórmula
lapidar, que exprime correcta e integralmente o método agostiniano,
o intellige da primeira parte parece aludir às reflexões da Carta a
Consêncio 7,9 sobre as razões ou motivos de credibilidade que
precedem a fé, e a expressão ut credas designa a convicção ou con-
fiança com que se adere a essas mesmas razões (fides qua), ao passo
que as mesmas expressões da segunda parte referem-se mais direc-
tamente, o crede, ao conjunto das verdades reveladas (fides quae), e
o ut intelligas, a um entendimento maior ou superior à inteligência
meramente natural19
. Observa-se, deste modo, entre as duas partes
uma consequencialidade lógica e estrutural de mútua ou recíproca
potenciação, a convergir numa única e mesma finalidade cumu-
lativa — a de conhecer definitivamente aquilo em que por fé se
acredita.
O caminho para a verdade vital não é vencido instantanea-
mente pelo espírito, mas é um lento progredir, em sucessivas apro-
16
Enarr. 118, 18,3: Proficit ergo intellectus nos ter ad intelligenda quae credat,
et fides proficit ad credenda quae intelligat; et eadem ipsa ut magis magisque intelli-
gantur in ipso intellectu proficit mens. Sed hoc non fit propriis tanquam naturalihus
viribus sed Deo adjuvante atque donante; sicut medicina fit, non natura, ut vitiatus
oculus vim cemendi recipiat.
17
De Vera Religione 2,4,45.
18
Sermão 43, 7,9.
19
A razão só provisoriamente se subordina à fé, para progredir ulteriormente
no conhecer, no intelligere, De Lib. Arb. II, 2,5.
RAZÃO E FÉ NO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO 2 5 5
ximações, mediante todos os meios de conhecer: fé e razão, razão
prévia que permeia de racionalidade todos os estádios do crer
até chegar ao exercício científico (filosófico e teológico) na com-
preensão das verdades reveladas20
. A fé é certamente um conhe-
cimento, mas um conhecimento muito imperfeito21
. Ora nós dese-
jamos conhecer e compreender aquilo em que acreditamos22
. Esta
é a vida eterna, como ensinou Jesus Cristo (João 17,3): que te
conheçam a ti único e verdadeiro Deus e aquele que enviaste, Jesus
Cristo.
E se no tocante às verdades naturais é eventualmente possível
que o entender (intelligere) termine por absorver ou exaurir por
completo a fé ou autoridade (o credere) daqueles que ensinam, por
desnecessária, já o mesmo se não pode dizer quanto aos mistérios
revelados, sempre excedentes em relação à capacidade da razão
natural. O entendimento possessivo daquilo que inicialmente come-
çou por ser aceite apenas por fé só escatologicamente atingirá a sua
plenitude, portanto, na outra vida, na visão face a face da vida
eterna ou eterno conhecimento (João, 17,3). Acreditamos para
conhecer e não: conhecemos para acreditar. Corrido o véu do
mistério que é Deus, tornar-se-á também luminoso o mistério do
homem no seu núcleo mais íntimo, pois conhecer-nos-emos como
Ele nos conhece. Vendo Deus como Ele se vê, também nos veremos
como Ele nos vê — estádio último e terminal, no qual se consumam,
fundindo-se, o noverim me e o noverim te na paz da felicidade
eterna, que é a Visão do «Sábado» sem fim23
.
MANUEL DA COSTA FREITAS
20
Na sua lógica integral, o imperativo metódico agostiniano impõe em pri-
meiro lugar o intelligere verbum meum, ut credas... verbum Dei, para conseguir, uma
vez alcançada tal fé, o conhecer terminal, o conhecer como fim — crede ut intelligas
verbum Dei. De Lib. Arb. II, 2,5.
21
De Lib. Arb. II, 2,6: Neque inventum dici potest quod incognitum creditur,
neque quisquam inveniendo Deo fit idoneus, nisi antea crediderit quod est postea
cogniturus.
22
De Lib. Arb. II, 2,6: Sed nos id quod credimus nosse e intelligere cupimus.
23
Conf., XIII, 38,53 e De Trinit. XV, 13,22.

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  • 1. Razão e Fé no pensamento de Santo Agostinho Por diversas vezes e em diversos lugares, Agostinho analisou expressamente as relações entre a fé e razão com base na sua experiência pessoal1 . A insistência com que estas duas expressões ocorrem no De Vera Religione e no De Utilitate Credendi demonstra bem que se trata de um tema maior, de importância capital para o entendimento correcto de todo o pensamento filosófico e teológico do bispo de Hipona. Na verdade, a relação entre fé e razão cons- titui o núcleo essencial do método agostiniano na busca incansável da felicidade ou da sabedoria2 . Em última análise, tudo se reduz à descrição do processo histórico que levou Agostinho, pelos caminhos da razão (intellige ut credas), a tornar à fé de Mónica e como depois, por impulso da mesma fé (crede ut intelligas), continuou a servir-se da razão para ulterior esclarecimento daquela — a fé em busca da inteligência (fides quarens intellectum)3 . Nesta breve exposição seguiremos de perto, além das obras mencionadas, o amplo relato do livro VIII das Confissões. Agostinho afirma nas Confissões que aderiu à fé católica depois de ter percebido claramente, mais com o «bom senso» natural do 1 Sobretudo no Sermão 43 (PL 38, 254-258) e na Carta 120 a Consêncio (PL 33, 452-462). 2 No livro V, 7, das Confissões, Agostinho afirma claramente que o seu regresso à fé, embora ainda doutrinalmente informe e sem as obras, precedeu as descobertas dos livros dos Platónicos - stabiliter tarnen haerebat in corde meo in catholica ecclesia fides Christi tui... in multis quidem adhuc informis... sed tarnen non eam relinquebat animus, immo in dies magis magisque imbibebat; cf. C H . BOYER, Essais anciens et nouveaux sur la doctrine de Saint Augustin, Milano, 1970. 3 Veja-se, a propósito, de C H . BOYER, Essais sur la Doctrine de S. A., Paris, 1932. XXIX (1999) DIDASKALIA 249-255
  • 2. 2 5 0 DIDASKALIA que com profundas reflexões filosóficas, o quanto era razoável o passo que se propunha dar. Antes da adesão formal à fé cristã, tinha vencido etapas importantes no seu itinerário para a verdade e que constituíram outras tantas premissas racionais em relação à mesma fé, como sejam, a existência, a imutabilidade e providência de Deus — motivos de credibilidade com que se apresentam as Escrituras e a Igreja. Uma vez recuperada a fé, faltava-lhe pôr-se em dia com as exigências da razão no ulterior esclarecimento de problemas para cuja solução só dispusera da mesma fé: espiritualidade e inteligibi- lidade de Deus, o problema do mal, etc. A descoberta dos Neopla- tónicos permitiu-lhe compreender racionalmente, filosoficamente, outras verdades, antes só por fé conhecidas, e que, deste modo, confirmadas agora pela razão, vieram promover uma ulterior e mais plena adesão ao seu Deus4 . No itinerário pessoal que o conduziu à fé, Agostinho começa pela razão, embora de uma forma incoativa, pré-filosófica, a roçar o simples senso comum, na medida em que atende prevalentemente aos motivos de credibilidade (fides qua). Alcançada a fé, a razão é chamada a explicar, na medida do possível, o conteúdo da mesma fé (fides quae). No entanto, importa frisar que neste segundo estádio em que prevalece a fé, esta exerce uma influência altamente positiva, puri- ficando o espírito, abatendo o orgulho pela submissão à autoridade divina, de modo a facilitar a investigação ulterior e uma maior aber- tura aos dados da experiência. Deste ponto de vista, a fé é uma preparação para a inteligência daquilo em que se acredita5 . Pela sua precedência, não de direito, mas de facto, isto é, na ordem psicológico-temporal, a fé desempenha um papel prope- dêutico e indirecto, já que não é chamada a provar directamente qualquer verdade natural, simplesmente a dispor o espírito a pro- curar e a entender aquilo em que acredita, entendimento sobretudo natural — compreensão da natureza espiritual de Deus, demons- tração filosófica da existência de Deus, por exemplo —, mas tam- bém sobrenatural e místico. 4 Cf. De Vera Religione, 24,45 — auctoritas fidem flagitat et rationi praeparat hominem. Ratio ad intellectum cognitionemque perducit. Quamquam neque auctori- tatem ratio penitus deserit, cum consideratur cui sit credendum; et certe summa est ipsius jam cognitae atque perspicuae veritatis auctoritas. 5 Segundo Boyer, a distinção, no conjunto das verdades da fé, entre verdades acessíveis à razão e mistérios sobrenaturais, parece ter sido adquirida por Agostinho somente algum tempo depois da conversão. Santo Agostinho filósofo, pp. 215-217.
  • 3. RAZÃO E FÉ NO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO 2 5 1 1. Crede ut intelligas e intellige ut credos Enquanto a razão que precede a fé (ratio ante fidem) é apenas e somente razão natural, o mesmo já se não pode dizer da razão que opera ou actua depois e dentro da fé (post fidem). Se Agostinho nem sempre distingue expressamente, no conjunto das verdades rece- bidas pela fé ifides quae), entre verdades acessíveis à razão natural e mistérios propriamente ditos, esta distinção é, no entanto, sempre possível6 . De resto, o próprio Agostinho, ao adoptar um duplo processo, na ilustração do conteúdo da fé, legitima semelhante distinção: quando argumenta com base na autoridade, a partir de premissas reveladas, procede como teólogo; quando, pelo contrá- rio, em relação a verdades comuns à fé e à razão, utiliza processos estritamente racionais, faz filosofia7 . Há pois uma filosofia em Agostinho, se tivermos em conta o papel por ele assinalado à razão como preparação prévia para a adesão de fé (intellige ut credas), embora, não se encontre um conhecimento elaborado, metódica e sistematicamente, como disciplina autónoma, à parte da teologia8 . De resto, se a própria razão natural, no exercício das suas funções normais, muito pode beneficiar com a sua submissão à fé (con- fiança na autoridade dos pais, dos sábios, dos mestres (fides qua), muito mais pode beneficiar a mesma razão natural na compreensão dos mistérios sobrenaturais, como repetidamente o refere Agos- tinho e que Boyer resumiu de modo excelente: A fé é uma preparação para o entendimento daquilo em que se acredita. Ela purifica a mente. De si mesmo, o acto de fé, consistindo na submissão à autoridade da palavra divina, é já remédio contra o orgulho e dispõe a vontade a não perturbar a inteligência na procura da verdade. Além disso, estando concen- trada numa verdade, a atenção da mente liberta os olhos espiri- tuais das seduções dos sentidos e da imaginação. Sobretudo e 6 Veja-se a este propósito C H . BOYER, op. cit., pp. 2 1 9 - 2 2 0 . 7 Deparamos, no entanto, com exemplos em contrário, como no De Lib. Arb. II, 2,5 a respeito da afirmação da dúvida metódica — quamquam haec (a existência de Deus) inconcussa fide teneam, tamen quia cognitionem nondum teneam, ita quae- ramus quasi omnia incerta sint. Do mesmo modo, no início da De Moribus Eccl. Cath., 1, 2, 3, Agostinho argumenta, para convencer os maniqueus, servindo-se apenas da razão. 8 De Ut. Cred., 1 6 , 3 4 .
  • 4. 2 5 2 DIDASKALIA principalmente, com as verdades conhecidas por revelação, o homem conhece já as normas do correcto comportamento e vivendo bem dispõe-se cada vez melhor para conhecer a verdade 9 . No domínio das verdades sobrenaturais, é não só útil, mas absolutamente necessário e salutar começar pela fé. Agostinho está profundamente convencido de que, neste domínio, pretender ver a verdade para em seguida purificar o espírito, quando precisamente é o espírito que deve ser purificado para poder ver, é evidentemente inverter a ordem e começar pelo fim l0 . E as razões são óbvias, colhidas da própria experiência no trato não só com os maniqueus, mas com a humanidade em geral: Crer antes de entender, porque não se está ainda em condições de se seguir a lógica do raciocínio e dispor o espírito pela fé a receber os germes da verdade, é um método não só muito salutar, mas indispensável, para devolver a saúde aos espíritos desorientados ". Se este método vale para as verdades naturais, com maioria de razão deve valer para as verdades sobrenaturais. É impossível conhecer a verdade da sabedoria, ou seja, a religião verdadeira (a verdade sobre Deus e sobre o Homem) sem se submeter à disci- plina severa da autoridade e sem uma fé prévia naquelas verdades que mais tarde chegaremos a possuir e a compreender se, pelo nosso comportamento, o viermos a merecer 12 . E claro que o método é sempre uma questão de facto e não de direito, não é a exposição de uma doutrina, mas um conjunto de orientações práticas, tendo em conta as situações concretas, as apti- dões e carências pessoais, como justamente observa F.-J. Thonnard l3 . Agostinho, preocupado com a vida real e concreta, mais do que em manter separadas dimensões que sabe serem diferentes — razão e fé, filosofia e teologia —, procura servir-se delas simulta- neamente, como de instrumentos complementares e integrantes, na busca permanente da Verdade e da Vida, seja, do Deus Único e Necessário. 9 Santo Agostinho filósofo, pp. 214-215. 10 De Ut. Cred., 14,31. 11 De Ut. Cred., 9,21. 12 De Ut. Cred., 4,21. 13 La Philosophie et sa méthode rationelle en augustinisme, em «Revue des Ktudes Augustiniennes», VI (1960) 11-30.
  • 5. RAZÃO E FÉ NO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO 2 5 3 Apesar de preconizar a prioridade da fé relativamente às ver- dades sobrenaturais que dizem respeito à salvação, Agostinho não incorre, de modo algum, no fideísmo. O reconhecimento do papel insubstituível da razão filosófica tanto na preparação do acto de fé (fides qua) como no conhecimento das verdades reveladas (fides quae) é constantemente afirmado. Por isso, adverte instantemente Consêncio, seu correspondente: Deus está longe de odiar em nós aquilo em que nos criou supe- riores aos restantes animais. Longe de nós pensar que a fé nos leva a rejeitar e a fugir da razão, dado que nem sequer poderíamos acre- ditar se não tivéssemos almas racionais. E próprio da razão reco- nhecer que a fé deve preceder a razão no tocante a certas verdades que fazem parte da doutrina de salvação e de cuja com- preensão não seremos ainda capazes, embora o sejamos mais tarde. E isto porque, purificando o coração, a fé apreende e trans- porta consigo a luz da grande razão... Por isso, parece muito razoável que a fé preceda a razão... E a razão que nos persuade de que a fé deve preceder uma certa grande razão; por isso, por mínima que seja, essa primeira razão é prévia à fé l4 . 2. Reciprocidade entre as funções da razão e da fé Por ter experimentado a sua eficácia na conquista de verdades essenciais à autêntica sabedoria do espírito — Deus e o homem, Deus encontrado em mim, acima de mim — 15 , Agostinho propõe o Crede ut intelligas como método mais adequado à actual condição humana na aquisição da verdade em geral, mas sobretudo no domí- nio da verdade sobrenatural. Contudo, esta precedência metodoló- gica da fé sobre a razão é, no mínimo, muito razoável, como vimos. Isto quer dizer que a racionalidade permeia todos os actos autenti- camente humanos. Se a autoridade exige fé e prepara o homem para o exercício correcto e expedito da razão, a razão, por sua vez, conduz à compreensão e ao conhecimento daquilo em que se acredita, numa permanente circularidade de mútua e crescente 14 Epist. 120, 1,2-3 Corrige definitionem tuam, non ut fidem respuas, sed ut ea quae fidei firmitate jam tenes, etiam rationis luce conspicias... Si igitur ad magna quaedam, quae capi nondum possunt, fides praecedat rationem, procul dubio quantu- lacumque ratio, quae hoc persuadet, etiam ipsa antecedit fidem. 15 Conf. X, 3 6 , 3 7 .
  • 6. 2 5 4 DIDASKALIA potenciação 16 . Desde o início que a razão presta assistência a todo este processo, a começar pela autoridade, que nunca deixa sozinha e desamparada — quamquam neque auctoritatem ratio penitus dese- rit —, pois é ela que diz em quem se deve acreditar — cum consi- deratur cui sit credendum. Por outro lado, a verdade conhecida com evidência reveste-se de autoridade suprema, — et certe summa est ipsius jam cognitae atque perspicuae veritatis auctoritas 17 . A mesma doutrina é defendida no Sermão 43. Depois de ter insistido em que é necessário acreditar para entender — nisi credideritis non intel- ligetis (Is. 7,9), Agostinho reconhece a prioridade da razão, como expressão de bom senso natural, a conferir razoabilidade à fé, de modo que são verdadeiras e sem contradição as duas formas que utiliza: crede ut intelligas e intellige ut credas. A aparente contradi- ção resolve-a Agostinho facilmente, acrescentando a cada uma das diferentes expressões de finalidade o seu correspondente objectivo. A versão mais precisa e completa será então: intellige ut credas (verbum meum) e crede ut intelligas (verbum Dei) l8 . Nesta fórmula lapidar, que exprime correcta e integralmente o método agostiniano, o intellige da primeira parte parece aludir às reflexões da Carta a Consêncio 7,9 sobre as razões ou motivos de credibilidade que precedem a fé, e a expressão ut credas designa a convicção ou con- fiança com que se adere a essas mesmas razões (fides qua), ao passo que as mesmas expressões da segunda parte referem-se mais direc- tamente, o crede, ao conjunto das verdades reveladas (fides quae), e o ut intelligas, a um entendimento maior ou superior à inteligência meramente natural19 . Observa-se, deste modo, entre as duas partes uma consequencialidade lógica e estrutural de mútua ou recíproca potenciação, a convergir numa única e mesma finalidade cumu- lativa — a de conhecer definitivamente aquilo em que por fé se acredita. O caminho para a verdade vital não é vencido instantanea- mente pelo espírito, mas é um lento progredir, em sucessivas apro- 16 Enarr. 118, 18,3: Proficit ergo intellectus nos ter ad intelligenda quae credat, et fides proficit ad credenda quae intelligat; et eadem ipsa ut magis magisque intelli- gantur in ipso intellectu proficit mens. Sed hoc non fit propriis tanquam naturalihus viribus sed Deo adjuvante atque donante; sicut medicina fit, non natura, ut vitiatus oculus vim cemendi recipiat. 17 De Vera Religione 2,4,45. 18 Sermão 43, 7,9. 19 A razão só provisoriamente se subordina à fé, para progredir ulteriormente no conhecer, no intelligere, De Lib. Arb. II, 2,5.
  • 7. RAZÃO E FÉ NO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO 2 5 5 ximações, mediante todos os meios de conhecer: fé e razão, razão prévia que permeia de racionalidade todos os estádios do crer até chegar ao exercício científico (filosófico e teológico) na com- preensão das verdades reveladas20 . A fé é certamente um conhe- cimento, mas um conhecimento muito imperfeito21 . Ora nós dese- jamos conhecer e compreender aquilo em que acreditamos22 . Esta é a vida eterna, como ensinou Jesus Cristo (João 17,3): que te conheçam a ti único e verdadeiro Deus e aquele que enviaste, Jesus Cristo. E se no tocante às verdades naturais é eventualmente possível que o entender (intelligere) termine por absorver ou exaurir por completo a fé ou autoridade (o credere) daqueles que ensinam, por desnecessária, já o mesmo se não pode dizer quanto aos mistérios revelados, sempre excedentes em relação à capacidade da razão natural. O entendimento possessivo daquilo que inicialmente come- çou por ser aceite apenas por fé só escatologicamente atingirá a sua plenitude, portanto, na outra vida, na visão face a face da vida eterna ou eterno conhecimento (João, 17,3). Acreditamos para conhecer e não: conhecemos para acreditar. Corrido o véu do mistério que é Deus, tornar-se-á também luminoso o mistério do homem no seu núcleo mais íntimo, pois conhecer-nos-emos como Ele nos conhece. Vendo Deus como Ele se vê, também nos veremos como Ele nos vê — estádio último e terminal, no qual se consumam, fundindo-se, o noverim me e o noverim te na paz da felicidade eterna, que é a Visão do «Sábado» sem fim23 . MANUEL DA COSTA FREITAS 20 Na sua lógica integral, o imperativo metódico agostiniano impõe em pri- meiro lugar o intelligere verbum meum, ut credas... verbum Dei, para conseguir, uma vez alcançada tal fé, o conhecer terminal, o conhecer como fim — crede ut intelligas verbum Dei. De Lib. Arb. II, 2,5. 21 De Lib. Arb. II, 2,6: Neque inventum dici potest quod incognitum creditur, neque quisquam inveniendo Deo fit idoneus, nisi antea crediderit quod est postea cogniturus. 22 De Lib. Arb. II, 2,6: Sed nos id quod credimus nosse e intelligere cupimus. 23 Conf., XIII, 38,53 e De Trinit. XV, 13,22.