O documento discute o catabolismo dos lipídeos, incluindo a digestão, mobilização e transporte de gorduras, assim como a oxidação de ácidos graxos. A oxidação de ácidos graxos ocorre em três etapas - β-oxidação, ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa - para produzir energia na forma de ATP. O documento também aborda a regulação da oxidação de ácidos graxos e defeitos genéticos relacionados a este processo.
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Catabolismo de lipídeos: β-oxidação e regulação
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Prof. Dr. ÍGOR PRADO DE BARROS LIMA
Campina Grande, 2021
Aula – CATABOLISMO DOS
LIPÍDEOS
DISCIPLINA: BIOQUÍMICA APLICADA
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Processamento dos lipídeos da dieta – digestão,
mobilização e transporte de gorduras.
Oxidação de ácidos graxos:
Etapas da oxidação de ácidos graxos.
β-Oxidação de ácidos graxos.
Ciclo do ácido cítrico.
Fosforilação oxidativa.
Saldo energético da oxidação de ácidos graxos.
Regulação da oxidação de ácidos graxos.
Defeitos genéticos relacionados à oxidação.
Oxidação dos corpos cetônicos.
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LIPÍDEOS - juntamente com carboidratos, proteínas
e ácidos nucléicos - componentes essenciais das
estruturas biológicas, e fazem parte de um grupo
conhecido como BIOMOLÉCULAS.
PRINCIPAL
FUNÇÃO LIPÍDEOS
Armazenamento
Energético
ÁCIDOS GRAXOS
LIPÍDEOS DE ARMAZENAMENTO
TRIACILGLICERÓIS
Glicerol
3 ácidos
graxos
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CATABOLISMO DOS LIPÍDEOS
As células dos vertebrados podem obter combustíveis de
ácidos graxos de três fontes:
1. Gorduras consumidas na dieta.
2. Mobilizam gorduras armazenadas em tecidos
especializados (tecido adiposo, consistindo em células
chamadas adipócitos).
3. No fígado, convertem o excesso de carboidratos da
dieta em gordura para exportação aos outros tecidos.
CATABOLISMO DOS LIPÍDEOS
Em média, 40% ou mais das necessidades energéticas
diárias das pessoas que vivem em países industrializados
são supridos pelos triacilgliceróis da dieta.
Os triacilgliceróis fornecem mais da metade das
necessidades energéticas de alguns órgãos, particular-
mente o fígado, o coração e a musculatura esquelética
em repouso.
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METABOLISMO
ORGÂNICO
OXIDAÇÃO COMPLETA
DE ÁCIDOS GRAXOS.
Fornece até 80% das necessidades
energéticas, no coração e no fígado
de mamíferos, em todas as
circunstâncias fisiológicas.
(NELSON, COX, 2014)
DIGESTÃO,
MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE
GORDURAS
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DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
Os triacilgliceróis da dieta são emulsificados no intestino
delgado por sais biliares, hidrolisados pelas lipases
intestinais, absorvidos pelas células epiteliais intestinais,
reconvertidos em triacilgliceróis, e então transformados
em quilomícrons pela combinação com apolipoproteínas .
Os quilomícrons distribuem os triacilgliceróis aos tecidos,
onde a lipase lipoprotéica libera ácidos graxos livres para
a entrada nas células. Os triacilgliceróis armazenados no
tecido adiposo são mobilizados por uma lipase de
triacilglicerol sensível a hormônio.
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DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
Os ácidos graxos liberados se ligam à albumina sérica e
são transportados no sangue para o coração, para a
musculatura esquelética e outros tecidos que utilizam
ácidos graxos como combustível.
Hormônios, adrenalina e glucagon, secretados em resposta
aos baixos níveis de glicose ou atividade iminente.
MOBILIZAÇÃO DOS LIPÍDEOS
ARMAZENADOS
Sinalizam a necessidade de energia metabólica, ativam
a mobilização dos triacilgliceróis armazenados.
Ác. graxos liberados se ligam à
albumina sérica, transportando-os
no sangue para coração, músculo
esquelético e outros tecidos.
Dentro das células,
Oxidação mitocondrial
de Ácidos graxos.
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FIGURA – Mobilização dos triacilgliceróis
armazenados no tecido adiposo.
95% da energia biologicamente disponível dos
triacilgliceróis residem nas três cadeias longa de ácidos
graxos, e apenas 5% são fornecidos pela porção glicerol.
QUEBRA DOS TRIACILGLICERÓIS
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QUEBRA DOS
TRIACILGLICERÓIS
DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
Os ácidos graxos são ativados e transportados para
dentro das mitocôndrias.
As enzimas de oxidação de ácidos graxos nas células
animais estão localizadas na matriz mitocondrial.
Os ácidos graxos com comprimento de cadeia de 12
carbonos ou menos entram na mitocôndria sem a ajuda
de transportadores de membrana.
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DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
Aqueles ácidos graxos com 14 carbonos ou mais, que
constituem a maioria dos ácidos graxos livres obtidos na
dieta ou liberados do tecido adiposo, não conseguem
passar através das membranas mitocondriais,
necessitando passar pelas três reações enzimáticas do
CICLO DA CARNITINA.
O ácido graxo convertido
em Acil-CoA graxo.
DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
O ácido graxo convertido
em Acil-CoA graxo.
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DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
Os ésteres de acil-CoA graxo formados no lado citosólico
da membrana externa da mitocôndria podem ser
transportados para dentro da mitocôndria e oxidados
para produzir ATP.
Os ácidos graxos destinados a oxidação mitocondrial
estão ligados a carnitina, formando acil-graxo-carnitina.
DIGESTÃO, MOBILIZAÇÃO E
TRANSPORTE DE GORDURAS
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OXIDAÇÃO DE
ÁCIDOS GRAXOS
Ocorre em 3 etapas:
1. β-Oxidação.
2. Ciclo do ácido cítrico.
3. Fosforilação oxidativa.
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
1ª ETAPA – β-OXIDAÇÃO
Processo por meio do qual os
ácidos graxos convertidos em
Acetil-CoA.
Os ácidos graxos sofrem
remoção oxidativa de sucessivas
unidades de 2 carbonos na forma
de Acetil-CoA.
Começando pela extremidade
carboxílica da cadeia acil-graxo.
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1ª ETAPA – β-OXIDAÇÃO
Ác. Graxos saturados
OXIDAÇÃO DE
ÁCIDOS GRAXOS
4 reações catalisadas por enzimas.
1ª ETAPA – β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos saturados
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
Desidrogenação da
acil-CoA graxo.
Nova ligação dupla com
configuração trans.
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Hidratação.
1ª ETAPA – β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos saturados
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
Desidrogenação.
1ª ETAPA – β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos saturados
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
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Reação do β-cetoacil-CoA
com a coenzima A livre.
Separa os 2 carbonos da
extremidade carboxílica.
1ª ETAPA – β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos saturados
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
1ª ETAPA – β-OXIDAÇÃO
(C16)
(C14)
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
2ª ETAPA – Ciclo do Ácido Cítrico
NADH e FADH2 – transportadores de
elétrons reduzidos.
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
3ª ETAPA – Fosforilação oxidativa
Produção de ATP por oxidação das
coenzimas pelo oxigênio, efetuada
por uma Cadeia de Transporte de
elétrons.
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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
SALDO ENERGÉTICO OXIDAÇÃO ÁC.GRAXOS
A oxidação da palmitoil-CoA em 8 moléculas de Acetil-
CoA, incluindo as transferências de elétrons e as
fosforilações oxidativa:
Palmitoil-CoA + 7CoA + 7O2 + 28Pi + 28ADP
→ 8 acetil-CoA + 28ATP + 7H20
A oxidação COMPLETA da palmitoil-CoA em dióxido de
carbono e água:
Palmitoil-CoA + 23O2 + 108Pi + 108ADP
→ CoA + 108ATP + 16CO2 + 23H20
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
SALDO ENERGÉTICO OXIDAÇÃO ÁC.GRAXOS
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Muitos animais dependem da gordura armazenada para obter
energia durante a hibernação, em períodos migratórios e em
outras situações envolvendo ajustes metabólicos radicais.
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos INSATURADOS
A oxidação de ácidos graxos
insaturados requer duas
reações adicionais.
Ác. Graxo MONOINSATURADO
ÁCIDO OLÉICO.
Configuração Cis não sofre ação
da enoil-CoA hidratase.
Δ3, Δ2 –enoil-CoA
isomerase
6 Acetil-CoA
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β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos
INSATURADOS
A oxidação de ácidos graxos
insaturados requer duas
reações adicionais.
Ác. Graxo POLI-INSATURADO
ÁCIDO LINOLÉICO (ômega 6).
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
A oxidação de ácidos
graxos insaturados
requer duas reações
adicionais.
Δ3, Δ2 –enoil-CoA
isomerase
β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos INSATURADOS
Ác. Graxo Poli-insaturado
ÁCIDO LINOLÉICO.
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
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A oxidação de ácidos
graxos insaturados
requer duas reações
adicionais.
Enoil-CoA
isomerase
2,4-dienoil-CoA
redutase
5 Acetil-CoA
Ác. Graxo Poli-insaturado
ÁCIDO LINOLÉICO.
β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos INSATURADOS
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
β-OXIDAÇÃO Ác. Graxos
de NÚMERO ÍMPAR
A oxidação de ácidos graxos
de número ímpar requer três
reações extras.
Ác. Graxo Propionato –
adicionado a pães e cereais
como inibidor do mofo.
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
Propionil-CoA
carboxilase
Metilmalonil-
CoA carboxilase
Metilmalonil-
CoA mutase
Succinil-CoA
Succinil-CoA vai para o ciclo do ác.cítrico.
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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
REGULAÇÃO DA OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
A oxidação dos ácidos graxos consome um combustível
precioso e é regulada de forma que ocorra apenas quando
houver a necessidade de energia.
O principal mecanismo de regulação baseia-se no Malonil-
CoA, intermediário inicial na síntese de ácidos graxos, que
inibe a carnitina-aciltransferase I, prevenindo a entrada de
ácidos graxos na mitocôndria.
Isso bloqueia a degradação dos ácidos graxos enquanto
ocorre a síntese.
REGULAÇÃO DA OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
ACC – acetil-CoA carboxilase
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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
DEFEITOS GENÉTICOS nas acil-CoA-graxo-
desidrogenases causam doenças graves
Mutação no gene que codifica a enzima.
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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
DEFEITOS GENÉTICOS nas acil-CoA-graxo-
desidrogenases causam doenças graves
DOENÇA – episódios recorrentes de uma síndrome que
inclui acúmulo de gordura no fígado, altos níveis
sanguíneos de ácido octanoico, baixo nível de glicose no
sangue (hipoglicemia), sonolência, vômito e coma.
Perfil de diagnóstico – urina com altos níveis de ácidos
dicarboxílicos e baixos níveis de corpos cetônicos
urinários.
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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
DEFEITOS GENÉTICOS nas acil-CoA-graxo-
desidrogenases causam doenças graves
Mortalidade da doença - 25 a 60% na primeira infância.
Se o defeito genético for detectado logo após o
nascimento, o recém-nascido pode receber uma dieta
pobre em gordura e rica em carboidratos.
Com medidas adequadas o
prognóstico da doença é bom.
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
DEFEITOS GENÉTICOS para o transporte
e oxidação de ácidos graxos
Mais de 20 outros defeitos genéticos em humanos para
o transporte ou oxidação de ácidos graxos tem sido
documentados, a maioria muito menos comum que o
defeito na acil-CoA-desidrogenase.
Estes podem causar doenças cardíacas graves e
músculo esquelética anormal.
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OXIDAÇÃO DE CORPOS CETÔNICOS
Em humanos, o acetil-CoA formado no fígado durante a
oxidação dos ácidos graxos pode entrar no ciclo do ácido
cítrico ou sofrer conversão a “corpos cetônicos” – acetona,
acetoacetato e D--hidroxibutirato, para exportação a outros
tecidos.
A acetona, produzida em menor quantidade, é exalada.
Já o acetoacetato e D--hidroxibutirato são transportados
para outros tecidos extra-hepáticos, onde são convertidos
em acetil-CoA e oxidados no ciclo do ácido cítrico.
OXIDAÇÃO DE CORPOS CETÔNICOS
No diabetes não tratado, quando o nível de insulina é
insuficiente, os tecidos extra-hepáticos não podem captar a
glicose do sangue de maneira eficiente. Assim, os ácidos
graxos entram na mitocôndria para serem degradados em
acetil-CoA.
A superprodução de corpos cetônicos no diabetes não
controlado ou na redução severa da ingestão de calorias
pode levar à acidose sanguínea ou cetose urinária.
OS CORPOS CETÔNICOS SÃO
PRODUZIDOS EM EXCESSO NO
DIABETES E DURANTE O JEJUM
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OS CORPOS CETÔNICOS
SÃO PRODUZIDOS EM
EXCESSO NO DIABETES
E DURANTE O JEJUM
Bibliografia complementar
CAPÍTULOS 17- NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de
Bioquímica de Lehninger. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014,
1298 p.
CAPÍTULO 16 - MARZOCCO, A.; TORRES, B.B. Bioquímica
Básica, 4ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
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