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André Lazarin Gallina et al.

INOX: Corrosão
A corrosão do aço inoxidável austenítico
304 em biodiesel
The corrosion of austenitic 304 stainless steel in biodiesel
Resumo

André Lazarin Gallina
Mestrando em Bioenergia
Universidade Estadual do Centro
Oeste (PR) - UNICENTRO
E-mail: andregallina@gmail.com

Erivelton César Stroparo
Mestrando em Bioenergia
Universidade Estadual do Centro
Oeste (PR)- UNICENTRO
E-mail: stroparo.erivelton@gmail.com

As distribuidoras de combustíveis utilizam containers de aço inoxidável para
o armazenamento de biocombustíveis, entretanto, na literatura, há poucos relatos
sobre os aspectos corrosivos desse aço em biodiesel. O objetivo desse trabalho é
estudar o comportamento corrosivo do aço inoxidável austenítico 304 na presença
de biodiesel, não lavado e lavado com soluções aquosas de ácido cítrico, oxálico,
acético e ascórbico 0,01 mol L-1e comparar com os resultados obtidos para o cobre (ASTM D130). Empregaram-se técnicas como: espectrometria de absorção
atômica (EAA) e microscopia óptica (MO). Os resultados de EAA mostraram
uma baixa taxa de corrosão para o aço inoxidável, os elementos de liga estudados
foram Cr, Ni e Fe, a maior taxa observada foi para o cromo, 1,78 ppm/dia em
biodiesel não lavado ou lavado. As MO do aço 304, quando comparados com as
do cobre, comprovaram a baixa taxa de corrosão para o sistema aço 304/biodiesel,
entretanto comprovaram que, tanto o aço 304, quanto o cobre, sofrem corrosão
em amostras de biodiesel.
Palavras-chave: Corrosão, biodiesel, aço inoxidável.

Abstract
Maico Taras da Cunha
Mestre em Química
Área de Físico-Química
Universidade de São Paulo
E-mail: maico_tc@yahoo.com.br

Paulo Rogério Pinto
Rodrigues
Doutor em Ciências,
Área de Físico-Química
Departamento de Química, Setor de
Ciências Exatas e de Tecnologia
Universidade Estadual do Centro
Oeste (PR)- UNICENTRO
E-mail: prprodrigues@unicentro.br

Fuel distribution uses 304 stainless steel containers for the storage of biofuels,
however, there are few reports in the literature about the corrosive aspects this
steel in biodiesel. The objective of this research is to study the corrosive behavior
of 304 austenitic stainless steel in the presence of biodiesel, unwashed and
washed, with aqueous solutions of citric, oxalic, acetic and ascorbic acids
0,01 mol L-1, and compare with results obtained for the copper (ASTM D130).
The employedtechniques were: atomic absorption spectrometry (AAS) and optical
microscopy (OM). The results of EAA showed a low rate of corrosion for the
stainless steel, the alloys elements studied were Cr, Ni and Fe, the highest rate
was observed for the chrome, 1.78 ppm / day in biodiesel with or without washing.
The OM of the 304 steel, when compared with that of copper, has a low corrosion
rate in the 304 steel/biodiesel system. Not with standing, this demonstrates that
not only the 304 steel, but also the copper, corrodes in biodiesel.
Keywords: Corrosion, biodiesel, stainless steel.

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010

71
A corrosão do aço inoxidável austenítico 304 em biodiesel

1. Introdução
O biodiesel produzido com óleo
vegetal é a melhor opção para se ter um
combustível renovável. A combustão
do biodiesel libera gás carbônico, maior
responsável pelo efeito estufa, porém
esse gás é consumido pelas próprias
plantas oleaginosas utilizadas para a
produção de biodiesel, processo classificado como fotossíntese. Assumiu-se
que o biodiesel tem um ciclo “fechado”, pois o gás carbônico produzido é
consumido, diminuindo os impactos
ambientais. Entretanto, para ser um
sistema completamente renovável, é
necessário se utilizar à rota etanólica,
evitando-se o uso do metanol, que tem
origem no petróleo. As definições dos
termos “biocombustível” e “biodiesel”
foram incluídas na Lei nº 9.478, de 6
de agosto de 1997, que dispõe sobre a
política energética nacional (Rodrigues,
2007; Von Muhlen, 2006; Neto, 1999) .
Quimicamente o biodiesel é simplesmente um éster combustível que
pode ser obtido a partir de qualquer
óleo vegetal ou animal por uma reação
de transesterificação com um álcool
(metanol ou etanol preferencialmente)
via catálises básicas, ácidas, enzimáticas
ou até mesmo por compostos de coordenação. O catalisador básico é o mais
utilizado para a síntese do biodiesel.
Quando se produz esse biocombustível,
existe a formação do glicerol ou glicerina, que é um subproduto do biodiesel
(Nicodem, 1997).
Pensando no aumento da produção
de biodiesel e sua estocagem, para se
fazerem as devidas misturas, podese, com o passar do tempo, ocorrer a
corrosão dos reservatórios de biodiesel
(Knothe, 2007; Lee, 2003). De acordo
com as normas da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis
- ANP, o biodiesel, para ser utilizado
pelo consumidor, deve passar por um
processo de separação da glicerina e,
posteriormente, ser “lavado”. Essa lavagem é feita com uma solução de baixa
concentração de ácido, se o catalisador
for básico, e com uma solução básica se
o catalisador utilizado for ácido, e isto
é feito para que o pH do biodiesel fique
72

em, aproximadamente, 7. (Rodrigues,
2006; 2007; Ramalho, 2006).
O biodiesel que não passa pelo
processo de lavagem, em tese, poderia
provocar a oxidação dos reservatórios
de aço inoxidável, devido à presença
do catalisador e/ou pela água ou microorganismos no biodiesel (Ferrari, 2005;
Knothe, 2007).
Passando pelo processo de lavagem, o biodiesel neutralizado ainda
poderá oxidar o material metálico
devido aos ânions do sal formado na
neutralização, que podem gerar complexos metálicos. A Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis
- ANP prevê um teste que deve ser feito
para se observar o poder de corrosão do
biodiesel no cobre, ABNT NBR 14359,
ASTM D 130.
Para o armazenamento de biodiesel, utiliza-se aço inoxidável. Nesse trabalho, será utilizado o aço inoxidável
304. Esse aço tem excelente resistência
à corrosão, boa ductilidade e soldabilidade (Tussolini, 2007; Rodrigues, 1997;
1998)(vide Tabela 1).

Esse estudo visa à comparação da
norma ABNT NBR 14359, utilizada para
lâminas de cobre em relação às medidas
por EAA para o aço inoxidável, comparando os resultados da concentração dos
elementos de liga do aço, levando em
consideração o tempo em que a chapa
metálica foi imersa em biodiesel lavado
com o ácido acético, oxálico, ascórbico
-1
ou cítrico 0,01 mol L (vide Figura 1).

2. Materiais e métodos
Para a produção de biodiesel,
usa-se uma técnica muito simples de
transesterificação, onde se transforma o
óleo vegetal em um éster combustível na
presença de álcool e de um catalisador.
Foram utilizados, como reagentes, o óleo
de soja refinado, etanol anidro e hidróTabela 1 - Composição química do aço
inoxidável 304 (m/m %).

Figura 1 - Estruturas dos ácidos utilizados para a lavagem do biodiesel.

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010
André Lazarin Gallina et al.

xido de potássio. A glicerina produzida
pelo processo de transesterificação foi
separada por decantação. A concentração dos ácidos utilizados para lavagem
-1
do biodiesel era de 0,01 mol L . Depois
da mistura da solução ácida ao biodiesel,
geravam-se uma fase orgânica superior
e outra fase aquosa inferior, fases estas
separadas por decantação. O fluxograma
desse processo está representado na
Figura 2.
O ensaio utilizado, para a corrosão
do biodiesel, seguiu as normas da ABNT
NBR 14359, porém o tempo de ensaio
foi prolongado de 3h para 72h, para as
amostras que continham as lâminas de
aço inoxidável.
Para as amostras de biodiesel com
a lâmina de cobre foi coletada uma alíquota de 5 mL quando o experimento
atingiu um tempo de 3h. Essa alíquota
foi analisada por Espectrometria de
Absorção Atômica (EAA).

Utilizou-se o método visual para
caracterizar as cores das amostras de
biodiesel antes e após a imersão.

3. Resultados
A síntese do biodiesel é demonstrada no fluxograma da Figura 2, e os resultados obtidos, micrografia e gravimetria,
são apresentadas nas Figuras de 3 a 7.

4. Discussão
Através da análise visual das amostras de biodiesel, antes e imediatamente
após a imersão da lâmina de cobre ou
do aço 304, observou-se uma coloração
amarelada, isto durante e após o experimento cessado, seja em solução lavada
com diferentes ácidos ou não lavada.
Verificou-se, também, uma mudança da

cor para esverdeada. A mudança de cor
ocorre, muito provavelmente, devido à
presença de íons metálicos em solução,
sugerindo que ocorreu oxidação do metal utilizado experimentalmente (vide
Figura 3).
Nota-se, na Figura 4, que não há
uma oxidação da superfície perceptível
via análise óptica. Os resultados das análises via EAA das soluções de biodiesel
utilizadas nos experimentos da Figura
3B são apresentados na Figura 5.
Verifica-se, pela Figura 5, que o
sistema lavado com ácidos apresentou
maior concentração do íon cobre, comprovando a oxidação do metal, quando
imerso em biodiesel lavado. A menor
oxidação foi registrada para o sistema
não lavado. Nesse estudo, a lâmina de
cobre foi imersa em biodiesel não lava-

Para as amostra que continham a
lâmina de aço inoxidável 304, retiraramse cinco alíquotas de 5 mL em diferentes
tempos de imersão de 1h, 6h, 24h, 48h e
72h. As alíquotas foram analisadas via
EAA, em relação aos elementos de liga
ferro, cromo e níquel, para uma futura
comparação com os resultados da lâmina
de cobre e entre eles.
Outro método utilizado foi análise
via microscopia óptica para as amostras
de cobre e de aço inoxidável 304. O
aumento utilizado, nas micrografias,
ópticas foi de 100 vezes.
Figura 2 - Fluxograma do processo de obtenção do biodiesel e sua lavagem.

Figura 3 - Fotos das amostras de biodiesel antes (A) e após a imersão da lâmina de (B) cobre e aço 304 (C).

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010

73
A corrosão do aço inoxidável austenítico 304 em biodiesel

Figura 4 - Micrografias ópticas da chapa de cobre antes e após imersão em amostras de biodiesel,
sem e com diferentes tipos de lavagens. Aumento 100 vezes.

Figura 5 - Perda de massa por hora em relação ao cobre imerso em amostras de biodiesel, sem e com diferentes tipos de
lavagens.

Figura 6 - Perda de massa por hora em relação ao elemento de liga,
cromo, do aço inoxidável 304 imerso em amostras de biodiesel, sem
e com diferentes tipos de lavagens.

do, lavado com ácido acético, ácido cítrico, ácido ascórbico e
ácido oxálico, conforme a norma ASTM NBR 14359. Os resultados estão abaixo do limite máximo permitido de 1ppm.
Os resultados da análise óptica, para o aço inoxidável
304, foram semelhantes aos do cobre, ou seja, não apresentaram mudanças significativas e são apresentados nas
Figuras 6 e 7.
A oxidação mais acentuada, em relação ao aço inoxidável 304 imerso em biodiesel lavado e não lavado é,
observada para o cromo. A solução não lavada apresentou
maior poder de oxidação do metal-base. A detecção do níquel, não foi possível ser registrada, devido aos resultados
obtidos estarem abaixo do limite mínimo de detecção.

Figura 7 - Perda de massa por hora em relação ao elemento de
liga, ferro, do aço 304 imerso em amostras de biodiesel, sem e
com diferentes tipos de lavagens.

5. Conclusão
(1) Há corrosão do aço inoxidável 304 pelo biodiesel.
74

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010
André Lazarin Gallina et al.

(2) A corrosão do aço inoxidável 304 em
biodiesel é acentuada, quando este
não está lavado.
(3) O ácido utilizado para a lavagem do
biodiesel pode acelerar o processo
de corrosão do aço inoxidável 304 a
processos de complexação.

6. Agradecimentos
Ao CNPq, a SETI -PR (UGF) e a
Fundação Araucária.

7. Referências bibliográficas
FERRARI, R. A., OLIVEIRA, V. S., SCABIO, A. Biodiesel de soja - taxa de conversão em ésteres etílicos, caracterização
físico-química e consumo em gerador
de energia. Química Nova, v. 28, n. 1,
p. 19-23, 2005.
KNOTHE, G. Some aspects of biodiesel
oxidative stability. Fuel Processing
Technology, v. 88, p. 669-677, 2007.

LEE, R. F. Photo-oxidation and phototocixity of crude and refined oils. Spill
Science & Technology Bulletin, v. 8, n.
2, p. 157-162, 2003.
NETO, P. R. C., ROSSI, L. F. S., ZAGONEL,
G. F. Produção de biocombustível
alternativo ao óleo diesel através da
transesterificação de óleo de soja usado
em frituras. Química Nova, v.23, n. 4,
p. 531-537, 1999.
NICODEM, D. E., FERNANDES, M. C.
Z., GUEDES, C. L. B., CORREA, R.
J. Photochemical processes and the
environmental impact of petroleum
spills. Biogeochemistry, v. 3 9, p. 121138, 1997.
RODRIGUES, P. R. P., ANDRADE, A. H. P.,
AGOSTINHO, S. M. L. Benzotriazole as
corrosion inhibitor for type 304 stainless
steel in water-ethanol media containing
2 M H SO . British Corrosion Journal,
2
4
Inglaterra, v. 33, n. 3, p. 211-213, 1998.
RAMALHO, V. C., JORGE, N. Antioxidantes utilizados em óleos, gorduras e
alimentos gordurosos. Química Nova,
v. 29, n. 4, p. 1-20, 2006.
RODRIGUES, P. R. P., SOUZA, L. F. Estudos físico-químicos de biodiesel + diesel
B - EAIC, Ponta Grossa - PR, 2006.

RODRIGUES, P. R. P. et alii. Análises
físico-químicas de amostras de biodiesel e biodiesel + diesel automotivo. In:
CONGRESSO INTERNACIONAL DO
BIODIESEL, Rio de Janeiro, 11 e 12 de
abril de 2007.
RODRIGUES, P. R. P. O Benzotriazol como
inibidor de corrosão para ferro e ligas
ferrosas em meios de ácido sulfúrico.
São Paulo: Instituto de Química da USP,
1997. (Tese de Doutorado).
RODRIGUES, P. R. P. et al. Desenvolvimento de usinas automatizadas para produção
de biocombustível por rota etanólica. In:
CONGRESSO INTERNACIONAL DO
BIODIESEL, Rio de Janeiro, 11 e 12 de
abril de 2007.
TUSSOLINI, M. et alii. Estudo do comportamento eletroquímico do benzotriazol e
benzimidazol na oxidação do aço inoxidável tipo ABNT 304. REM - Revista
Escola de Minas, v. 60, n. 1, 2007.
VON MUHLEN, C., ZINI, C. A., CARAMÃO, E. B. Caracterização de amostras
petroquímicos e derivados utilizando
cromatografia gasosa bidimensional
abrangente (CGXCG). Química Nova,
v. 29, n. 4, p. 765-775, 2006.

Artigo recebido em 23/06/2009 e
aprovado em 19/01/2010.

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Corrosão do aço inoxidável 304 em biodiesel

  • 1. André Lazarin Gallina et al. INOX: Corrosão A corrosão do aço inoxidável austenítico 304 em biodiesel The corrosion of austenitic 304 stainless steel in biodiesel Resumo André Lazarin Gallina Mestrando em Bioenergia Universidade Estadual do Centro Oeste (PR) - UNICENTRO E-mail: andregallina@gmail.com Erivelton César Stroparo Mestrando em Bioenergia Universidade Estadual do Centro Oeste (PR)- UNICENTRO E-mail: stroparo.erivelton@gmail.com As distribuidoras de combustíveis utilizam containers de aço inoxidável para o armazenamento de biocombustíveis, entretanto, na literatura, há poucos relatos sobre os aspectos corrosivos desse aço em biodiesel. O objetivo desse trabalho é estudar o comportamento corrosivo do aço inoxidável austenítico 304 na presença de biodiesel, não lavado e lavado com soluções aquosas de ácido cítrico, oxálico, acético e ascórbico 0,01 mol L-1e comparar com os resultados obtidos para o cobre (ASTM D130). Empregaram-se técnicas como: espectrometria de absorção atômica (EAA) e microscopia óptica (MO). Os resultados de EAA mostraram uma baixa taxa de corrosão para o aço inoxidável, os elementos de liga estudados foram Cr, Ni e Fe, a maior taxa observada foi para o cromo, 1,78 ppm/dia em biodiesel não lavado ou lavado. As MO do aço 304, quando comparados com as do cobre, comprovaram a baixa taxa de corrosão para o sistema aço 304/biodiesel, entretanto comprovaram que, tanto o aço 304, quanto o cobre, sofrem corrosão em amostras de biodiesel. Palavras-chave: Corrosão, biodiesel, aço inoxidável. Abstract Maico Taras da Cunha Mestre em Química Área de Físico-Química Universidade de São Paulo E-mail: maico_tc@yahoo.com.br Paulo Rogério Pinto Rodrigues Doutor em Ciências, Área de Físico-Química Departamento de Química, Setor de Ciências Exatas e de Tecnologia Universidade Estadual do Centro Oeste (PR)- UNICENTRO E-mail: prprodrigues@unicentro.br Fuel distribution uses 304 stainless steel containers for the storage of biofuels, however, there are few reports in the literature about the corrosive aspects this steel in biodiesel. The objective of this research is to study the corrosive behavior of 304 austenitic stainless steel in the presence of biodiesel, unwashed and washed, with aqueous solutions of citric, oxalic, acetic and ascorbic acids 0,01 mol L-1, and compare with results obtained for the copper (ASTM D130). The employedtechniques were: atomic absorption spectrometry (AAS) and optical microscopy (OM). The results of EAA showed a low rate of corrosion for the stainless steel, the alloys elements studied were Cr, Ni and Fe, the highest rate was observed for the chrome, 1.78 ppm / day in biodiesel with or without washing. The OM of the 304 steel, when compared with that of copper, has a low corrosion rate in the 304 steel/biodiesel system. Not with standing, this demonstrates that not only the 304 steel, but also the copper, corrodes in biodiesel. Keywords: Corrosion, biodiesel, stainless steel. REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010 71
  • 2. A corrosão do aço inoxidável austenítico 304 em biodiesel 1. Introdução O biodiesel produzido com óleo vegetal é a melhor opção para se ter um combustível renovável. A combustão do biodiesel libera gás carbônico, maior responsável pelo efeito estufa, porém esse gás é consumido pelas próprias plantas oleaginosas utilizadas para a produção de biodiesel, processo classificado como fotossíntese. Assumiu-se que o biodiesel tem um ciclo “fechado”, pois o gás carbônico produzido é consumido, diminuindo os impactos ambientais. Entretanto, para ser um sistema completamente renovável, é necessário se utilizar à rota etanólica, evitando-se o uso do metanol, que tem origem no petróleo. As definições dos termos “biocombustível” e “biodiesel” foram incluídas na Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, que dispõe sobre a política energética nacional (Rodrigues, 2007; Von Muhlen, 2006; Neto, 1999) . Quimicamente o biodiesel é simplesmente um éster combustível que pode ser obtido a partir de qualquer óleo vegetal ou animal por uma reação de transesterificação com um álcool (metanol ou etanol preferencialmente) via catálises básicas, ácidas, enzimáticas ou até mesmo por compostos de coordenação. O catalisador básico é o mais utilizado para a síntese do biodiesel. Quando se produz esse biocombustível, existe a formação do glicerol ou glicerina, que é um subproduto do biodiesel (Nicodem, 1997). Pensando no aumento da produção de biodiesel e sua estocagem, para se fazerem as devidas misturas, podese, com o passar do tempo, ocorrer a corrosão dos reservatórios de biodiesel (Knothe, 2007; Lee, 2003). De acordo com as normas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis - ANP, o biodiesel, para ser utilizado pelo consumidor, deve passar por um processo de separação da glicerina e, posteriormente, ser “lavado”. Essa lavagem é feita com uma solução de baixa concentração de ácido, se o catalisador for básico, e com uma solução básica se o catalisador utilizado for ácido, e isto é feito para que o pH do biodiesel fique 72 em, aproximadamente, 7. (Rodrigues, 2006; 2007; Ramalho, 2006). O biodiesel que não passa pelo processo de lavagem, em tese, poderia provocar a oxidação dos reservatórios de aço inoxidável, devido à presença do catalisador e/ou pela água ou microorganismos no biodiesel (Ferrari, 2005; Knothe, 2007). Passando pelo processo de lavagem, o biodiesel neutralizado ainda poderá oxidar o material metálico devido aos ânions do sal formado na neutralização, que podem gerar complexos metálicos. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis - ANP prevê um teste que deve ser feito para se observar o poder de corrosão do biodiesel no cobre, ABNT NBR 14359, ASTM D 130. Para o armazenamento de biodiesel, utiliza-se aço inoxidável. Nesse trabalho, será utilizado o aço inoxidável 304. Esse aço tem excelente resistência à corrosão, boa ductilidade e soldabilidade (Tussolini, 2007; Rodrigues, 1997; 1998)(vide Tabela 1). Esse estudo visa à comparação da norma ABNT NBR 14359, utilizada para lâminas de cobre em relação às medidas por EAA para o aço inoxidável, comparando os resultados da concentração dos elementos de liga do aço, levando em consideração o tempo em que a chapa metálica foi imersa em biodiesel lavado com o ácido acético, oxálico, ascórbico -1 ou cítrico 0,01 mol L (vide Figura 1). 2. Materiais e métodos Para a produção de biodiesel, usa-se uma técnica muito simples de transesterificação, onde se transforma o óleo vegetal em um éster combustível na presença de álcool e de um catalisador. Foram utilizados, como reagentes, o óleo de soja refinado, etanol anidro e hidróTabela 1 - Composição química do aço inoxidável 304 (m/m %). Figura 1 - Estruturas dos ácidos utilizados para a lavagem do biodiesel. REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010
  • 3. André Lazarin Gallina et al. xido de potássio. A glicerina produzida pelo processo de transesterificação foi separada por decantação. A concentração dos ácidos utilizados para lavagem -1 do biodiesel era de 0,01 mol L . Depois da mistura da solução ácida ao biodiesel, geravam-se uma fase orgânica superior e outra fase aquosa inferior, fases estas separadas por decantação. O fluxograma desse processo está representado na Figura 2. O ensaio utilizado, para a corrosão do biodiesel, seguiu as normas da ABNT NBR 14359, porém o tempo de ensaio foi prolongado de 3h para 72h, para as amostras que continham as lâminas de aço inoxidável. Para as amostras de biodiesel com a lâmina de cobre foi coletada uma alíquota de 5 mL quando o experimento atingiu um tempo de 3h. Essa alíquota foi analisada por Espectrometria de Absorção Atômica (EAA). Utilizou-se o método visual para caracterizar as cores das amostras de biodiesel antes e após a imersão. 3. Resultados A síntese do biodiesel é demonstrada no fluxograma da Figura 2, e os resultados obtidos, micrografia e gravimetria, são apresentadas nas Figuras de 3 a 7. 4. Discussão Através da análise visual das amostras de biodiesel, antes e imediatamente após a imersão da lâmina de cobre ou do aço 304, observou-se uma coloração amarelada, isto durante e após o experimento cessado, seja em solução lavada com diferentes ácidos ou não lavada. Verificou-se, também, uma mudança da cor para esverdeada. A mudança de cor ocorre, muito provavelmente, devido à presença de íons metálicos em solução, sugerindo que ocorreu oxidação do metal utilizado experimentalmente (vide Figura 3). Nota-se, na Figura 4, que não há uma oxidação da superfície perceptível via análise óptica. Os resultados das análises via EAA das soluções de biodiesel utilizadas nos experimentos da Figura 3B são apresentados na Figura 5. Verifica-se, pela Figura 5, que o sistema lavado com ácidos apresentou maior concentração do íon cobre, comprovando a oxidação do metal, quando imerso em biodiesel lavado. A menor oxidação foi registrada para o sistema não lavado. Nesse estudo, a lâmina de cobre foi imersa em biodiesel não lava- Para as amostra que continham a lâmina de aço inoxidável 304, retiraramse cinco alíquotas de 5 mL em diferentes tempos de imersão de 1h, 6h, 24h, 48h e 72h. As alíquotas foram analisadas via EAA, em relação aos elementos de liga ferro, cromo e níquel, para uma futura comparação com os resultados da lâmina de cobre e entre eles. Outro método utilizado foi análise via microscopia óptica para as amostras de cobre e de aço inoxidável 304. O aumento utilizado, nas micrografias, ópticas foi de 100 vezes. Figura 2 - Fluxograma do processo de obtenção do biodiesel e sua lavagem. Figura 3 - Fotos das amostras de biodiesel antes (A) e após a imersão da lâmina de (B) cobre e aço 304 (C). REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010 73
  • 4. A corrosão do aço inoxidável austenítico 304 em biodiesel Figura 4 - Micrografias ópticas da chapa de cobre antes e após imersão em amostras de biodiesel, sem e com diferentes tipos de lavagens. Aumento 100 vezes. Figura 5 - Perda de massa por hora em relação ao cobre imerso em amostras de biodiesel, sem e com diferentes tipos de lavagens. Figura 6 - Perda de massa por hora em relação ao elemento de liga, cromo, do aço inoxidável 304 imerso em amostras de biodiesel, sem e com diferentes tipos de lavagens. do, lavado com ácido acético, ácido cítrico, ácido ascórbico e ácido oxálico, conforme a norma ASTM NBR 14359. Os resultados estão abaixo do limite máximo permitido de 1ppm. Os resultados da análise óptica, para o aço inoxidável 304, foram semelhantes aos do cobre, ou seja, não apresentaram mudanças significativas e são apresentados nas Figuras 6 e 7. A oxidação mais acentuada, em relação ao aço inoxidável 304 imerso em biodiesel lavado e não lavado é, observada para o cromo. A solução não lavada apresentou maior poder de oxidação do metal-base. A detecção do níquel, não foi possível ser registrada, devido aos resultados obtidos estarem abaixo do limite mínimo de detecção. Figura 7 - Perda de massa por hora em relação ao elemento de liga, ferro, do aço 304 imerso em amostras de biodiesel, sem e com diferentes tipos de lavagens. 5. Conclusão (1) Há corrosão do aço inoxidável 304 pelo biodiesel. 74 REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010
  • 5. André Lazarin Gallina et al. (2) A corrosão do aço inoxidável 304 em biodiesel é acentuada, quando este não está lavado. (3) O ácido utilizado para a lavagem do biodiesel pode acelerar o processo de corrosão do aço inoxidável 304 a processos de complexação. 6. Agradecimentos Ao CNPq, a SETI -PR (UGF) e a Fundação Araucária. 7. Referências bibliográficas FERRARI, R. A., OLIVEIRA, V. S., SCABIO, A. Biodiesel de soja - taxa de conversão em ésteres etílicos, caracterização físico-química e consumo em gerador de energia. Química Nova, v. 28, n. 1, p. 19-23, 2005. KNOTHE, G. Some aspects of biodiesel oxidative stability. Fuel Processing Technology, v. 88, p. 669-677, 2007. LEE, R. F. Photo-oxidation and phototocixity of crude and refined oils. Spill Science & Technology Bulletin, v. 8, n. 2, p. 157-162, 2003. NETO, P. R. C., ROSSI, L. F. S., ZAGONEL, G. F. Produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja usado em frituras. Química Nova, v.23, n. 4, p. 531-537, 1999. NICODEM, D. E., FERNANDES, M. C. Z., GUEDES, C. L. B., CORREA, R. J. Photochemical processes and the environmental impact of petroleum spills. Biogeochemistry, v. 3 9, p. 121138, 1997. RODRIGUES, P. R. P., ANDRADE, A. H. P., AGOSTINHO, S. M. L. Benzotriazole as corrosion inhibitor for type 304 stainless steel in water-ethanol media containing 2 M H SO . British Corrosion Journal, 2 4 Inglaterra, v. 33, n. 3, p. 211-213, 1998. RAMALHO, V. C., JORGE, N. Antioxidantes utilizados em óleos, gorduras e alimentos gordurosos. Química Nova, v. 29, n. 4, p. 1-20, 2006. RODRIGUES, P. R. P., SOUZA, L. F. Estudos físico-químicos de biodiesel + diesel B - EAIC, Ponta Grossa - PR, 2006. RODRIGUES, P. R. P. et alii. Análises físico-químicas de amostras de biodiesel e biodiesel + diesel automotivo. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DO BIODIESEL, Rio de Janeiro, 11 e 12 de abril de 2007. RODRIGUES, P. R. P. O Benzotriazol como inibidor de corrosão para ferro e ligas ferrosas em meios de ácido sulfúrico. São Paulo: Instituto de Química da USP, 1997. (Tese de Doutorado). RODRIGUES, P. R. P. et al. Desenvolvimento de usinas automatizadas para produção de biocombustível por rota etanólica. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DO BIODIESEL, Rio de Janeiro, 11 e 12 de abril de 2007. TUSSOLINI, M. et alii. Estudo do comportamento eletroquímico do benzotriazol e benzimidazol na oxidação do aço inoxidável tipo ABNT 304. REM - Revista Escola de Minas, v. 60, n. 1, 2007. VON MUHLEN, C., ZINI, C. A., CARAMÃO, E. B. Caracterização de amostras petroquímicos e derivados utilizando cromatografia gasosa bidimensional abrangente (CGXCG). Química Nova, v. 29, n. 4, p. 765-775, 2006. Artigo recebido em 23/06/2009 e aprovado em 19/01/2010. Descubra as muitas informações da: Geologia, Mineração, Metalurgia & Materiais e Engenharia Civil. Assine e publique na REM Conheça o nosso site: www.rem.com.br REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 63(1): 071-075, jan. mar. 2010 75