Este documento discute o uso das desinências -ra e -se no pretérito imperfeito do subjuntivo no espanhol peninsular. Apresenta as teorias de que as variantes são livres ou complementares e lista contextos gramaticais de uso. Analisa a frequência das variantes em três jornais representativos de variedades peninsulares, encontrando maior uso de -ra no castelhano e equilíbrio nas outras variedades. Busca associar os contextos de uso com a predominância de uma ou outra forma.
Usos e valores das desinências -ra e -se no espanhol peninsular
1. 367ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
FUÉRAMOS OU FUÉSEMOS: USOS E VALORES DAS DESINÊNCIAS
-RA E -SE DO PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO NO
ESPANHOL PENINSULAR
David Batista de Jesus Travassos
PPGLEN UFRJ
Introdução
Na língua espanhola atual, as desinências -ra e -se ocupam o mesmo espaço no eixo pa-
radigmático, ou seja, ambas são identificadas como formas desinenciais do pretérito imperfeito
do subjuntivo devido a fatores históricos da evolução da língua, sendo a primeira derivada do
pretérito mais que perfeito do indicativo latino (amaveram) e a segunda do pretérito mais que
perfeito do subjuntivo (amavissem). Este fenômeno de variação linguística, mais precisamente
variação gramatical do tipo morfológico (FERNÁNDEZ, 1998) – variantes do tipo morfológico
são aquelas que afetam os elementos da morfologia e raramente implica os níveis sintático e
pragmático, por exemplo: “para que fuéramos a buscarlo / para que fuéranos a buscarlo” –,
fez surgir algumas questões, sendo a principal delas que diz respeito à implicatura funcional das
desinências -ra/-se, ou seja, que papeis elas desempenham. Fukushima (2015) nos apresenta
uma breve explicação a respeito desta questão e de seus respectivos seguidores numa dualida-
de de ideias. A primeira delas diz respeito à Tese das variantes livres e a segunda, à Tese das
variantes complementares. A primeira teoria (LENZ, 1920; LLORACH, 1949; GILI Y GAYA,
1951, apud FUKUSHIMA, 2015) afirma que ambas as desinências são totalmente intercambiá-
veis, à exceção dos usos do pretérito mais que perfeito do indicativo latino, como por exemplo
“cantaría” sendo substituído por “cantara” e em “después que cantara” no lugar de “después
que cantó” ou “había cantado”. A segunda teoria varia de acordo com quatro grupos de lin-
guistas, que têm opiniões diversas e que o único ponto no qual concordam é que as desinências
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não são totalmente intercambiáveis. O primeiro grupo (PARDO, 1953; CRIADO DE VAL,
1954; BOLINGER, 1954; LUNN, 1991; SCHMIDELY, 1992; HERNÁNDEZ ALONSO, 1995,
apud FUKUSHIMA, 2015) defende que a forma -ra representa maior probabilidade; maior
grau de realização e menor matiz hipotético; que -se tem um significado mais geral e menos
preciso que -ra e que esta última forma denota maior subjetividade e proximidade do emissor
do enunciado. O segundo grupo (TOGEBY, 1953; POTTIER, 1971; GOLDBERG, 1991, apud
FUKUSHIMA, 2015), que se opõe ao primeiro, considera que a forma -ra representa menos
probabilidade, menor grau de realização ou um maior matiz hipotético, ou seja, -ra apresenta
maior potencialidade que -se. O terceiro grupo (LAMÍQUIZ, 1971; NAKAOKA, 1981; BO-
LINGER, 1956; CANO AGUILAR, 1990, apud FUKUSHIMA, 2015) é centrado na tempora-
lidade das desinências -ra e -se; desse modo, não se pode dizer, de acordo com eles, que as duas
formas sejam intercambiáveis, isto é, unicamente -se alterna com -ra, mas -ra não alterna com
-se, e que a primeira é do nível atual marcado, enquanto que a segunda é do nível inatual não
marcado, pois -se representa a anterioridade temporal do expressado no ato da fala e -ra carece
dessa função. Por último, o quarto grupo de linguistas, defende suas funções sociolinguísticas
e pragmáticas. Fukushima (2015) cita, neste grupo, dois autores: Kempas (2011), que destaca a
diferença da escolha das formas de acordo com o sexo (na Espanha, segundo ele, a forma -se é
preferida pelas mulheres), e Rojo (2011), que aponta o uso de -se como mais elegante, culto e
cortês que -ra e, de acordo com ele, isso justifica-se pelo uso escasso daquela forma.
De modo geral, o pretérito imperfeito do subjuntivo espanhol apresenta um valor tem-
poral que pode se relacionar tanto ao presente quanto ao passado e ao futuro (REAL ACADE-
MIA ESPAÑOLA, 1991; GILI Y GAYA, 1961). As formas -ra e -se são intercambiáveis em
contextos de subjuntivo, porém existem usos com os quais a forma -ra não pode ser substituída
por -se (ROJO e ROZA, 2014; AROYO, 2005; STERCK, 2000; LLORACH, 1994; GILI Y
GAYA, 1991; REALACADEMIA ESPAÑOLA, 1991), são eles: -ra no lugar do pretérito mais
que perfeito (había cantado) para indicar anterioridade a um ponto passado: “Llevaba la diade-
ma que le regalara su padre”; -ra no lugar do pretérito indefinido (cantó) para indicar passado
absoluto, nesse caso Llorach (1994) e Arroyo (2005) apontam ser usual em textos jornalísticos:
“Anularan el gol que marcara Ferrer en el último minuto.”.
Para Enrique Pato (2006), certos fenômenos gramaticais na língua espanhola têm sua
formação precisamente na época medieval. Diferente dos autores citados anteriormente, ele
aponta que -ría pode substituir ambas as formas, -ra/-se, que esse fenômeno é próprio da zona
setentrional peninsular e apenas foi visto sob a perspectiva diacrônica. O emprego de -ría no
lugar de -ra/-se, de acordo com ele, é próprio dos tempos simples e que, segundo se generali-
za, esse fenômeno se estende aos tempos compostos. Segundo ele, é possível identificar esse
fenômeno em orações de todos os tipos, porém os contextos que são mais passíveis de ocorrer
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são nas orações completivas, relativas e a prótase das orações condicionais: (a) “Aquí había un
médico que me mandaba a mí que miraría los enfermos [Bernales, Vizcaya]”, (b) “Pues yo, si
sería joven, os digo la verdade, no cambiaba la vida de antes con la de ahora [Villalcázar de
Sirga, Palencia]”, (c) “encaminó a [...] Miguel Páez y Sebastián de ledesma; dicen son criados
del señor Comendador mayor de León, para que harían mis negocios en corte, y para que ellos
le pidió el salario [P. de Valdivia, Cartas (1527)]”. Pato (2006) aponta que a substituição de
-ra e -se por -ría em determinados contextos é feita a partir de um uso comum das formas -ra /
-se / -ría como pós-pretérito: “Pensé que llegarían antes de la noche / No pensé que llegaran/
llegasen antes de la noche”. Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307), em sua gramática,
listam usos do imperfeito do subjuntivo, os quais reproduzimos a seguir para mais adiante po-
der analisar os dados e, a partir dos contextos dispostos neste quadro, esclarecer mais apurada-
mente os possíveis contextos de preferência de uso de uma forma ou outra. São eles:
a. Dar ou transmitir conselhos, ordens ou sugestões depois de verbos em condicional ou em
passado como “aconsejar”, “decretar”, “consentir”, “mandar”, “ordenar” etc.
b. Expressar desejos depois de verbos em condicional ou em passado como “querer”, “desear”,
“preferir” etc.
c. Expressar uma reação emocional ou um juízo de valor ante um acontecimento passado
ou futuro depois de verbos e expressões em condicional ou em passado como “gustar”,
“encantar”, “lamentar”, “ser una lástima”, “ser una pena que” etc., e com expressões que
indicam um juízo de valor: “ser importante que”, “ser fundamental que”.
d. Introduzir uma petição depois de verbos em condicional ou passado como “pedir”, “suplicar”,
“solicitar”
e. Rejeitar uma ideia passada, presente ou futura depois de verbos de opinião em passado ou
em condicional negados como “creer”, “considerar, “opinar” etc.
f. Introduzir um obstáculo que não impede a realização de um acontecimento futuro ou passado
quando se fala de acontecimentos hipotéticos ou de difícil realização, depois de “aunque”,
“a pesar de que”, “aun cuando”, “por más que”, “por mucho que”
g. Introduzir uma causa no passado com as expressões: “por miedo de que”, “no es que”, “no
es porque...sino porque”, “de ahí que”
h. Explicar um objetivo passado detrás das expressões de finalidade
i. Falar de acontecimentos de realização improvável no presente ou no futuro nas orações
condicionais.
j. Falar de acontecimentos de realização improvável no presente ou no futuro nas orações
condicionais.
k. Comparar um acontecimento com outro que é hipotético com “como si”
l. Indicar cortesia ou modéstia
m. Falar de pessoas ou coisas do passado ou hipotéticas de forma inespecífica.
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n. Depois de “antes de que” e “después de que” para se referir ao passado.
o. Formular um desejo de realização pouco provável depois de “Ojalá” ou de ¡Quién...!”
p. Fazer conjeturas ou expressar uma probabilidade no passado, depois de “quizá (s)”, “tal
vez”, “probablemente…”
Vimos que Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307) listam dezesseis usos para o
tempo verbal que constitui nosso objeto de análise. Mais à frente, no capítulo, tais usos serão
retomados, quando tentaremos associá-los com as ocorrências das desinências -ra e -se numa
tentativa de verificar em quais contextos há a predominância de uma ou outra forma e se há
alguma motivação.
1. Divisão em áreas geoletais
A proposta de Moreno Fernández (2000) de divisão em áreas geoletais é uma tentati-
va de organizar o espanhol em variedades que compartilham os mesmos traços linguísticos.
A divisão é feita em oito áreas geoletais. Três na Espanha (denominadas E.1; E.2 E.3), nas
quais, para esta zonificação, foram levados em consideração para os elementos linguísticos em
comum e os usos mais cultos dessas áreas, e cinco na América (denominadas A.1, A.2, A.3,
A.4 e A.5), que, para chegar a esta divisão, levou-se em consideração os usos linguísticos das
cidades e territórios mais influentes. Respectivamente: E.1. Espanhol Castelhano (Madri ou
Burgos); E.2. Espanhol da Andaluzia (Sevilha, Málaga ou Granada); E.3. Espanhol das Ilhas
Canárias (Las Palmas ou Santa Cruz de Tenerife); A.1. Espanhol do Caribe (San Juan de Porto
Rico, La Habana ou Santo Domingo); A.2. Espanhol do México e América Central (Cidade do
México, além de outras cidades e territórios significativos da América Central); A.3. Espanhol
dos Andes (Bogotá, La Paz ou Lima); A.4. Espanhol de La Plata e El Chaco (Buenos Aires,
Montevidéu ou Assunção); A.5. Espanhol do Chile (Santiago). Cabe lembrar que o centro desta
investigação está voltado para as áreas E.1, E.2 e E.3 do espanhol peninsular. Em todas as três
as desinências -ra e -se coexistem.
2. Metodologia
Esta seção tem por objetivo apresentar a metodologia utilizada para realizar a análise da
frequência, usos e valores das desinências -ra e -se do imperfeito do subjuntivo do espanhol nas
variedades peninsulares (Classificadas como E.1, E.2, E.3, segundo a proposta de Moreno Fer-
nández - 2000). Desse modo: (i) os jornais – para esta investigação, consideramos três jornais
eletrônicos, sendo um de cada área geoletal da variedade peninsular: La Razón, que representa
a área E.1 Espanhol Castelhano (Madri ou Burgos), Diario de Sevilla, que representa a área E.2
Espanhol da Andaluzia (Sevilha, Málaga ou Granada) e La Opinión de Tenerife, que representa
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a área E.3. Espanhol das Ilhas Canárias (Las Palmas ou Santa Cruz de Tenerife). Optamos por
trabalhar com os textos da seção de cultura pelo fato de termos realizado uma breve pesquisa
prévia e, como resultado, termos identificado certo predomínio de uso do pretérito imperfeito
do subjuntivo em textos dessa seção; (ii) o quantitativo de textos – consultamos todos os tex-
tos da seção de cultura dos jornais apresentados no item anterior. Encontramos um total de 523
textos, sendo 219 da área E.1, jornal La Razón, 134 da área E.2, jornal Diario de Sevilla, e 170
da área E.3, jornal La Opinión de Tenerife; (iii) o quantitativo de ocorrências – a partir dos
textos analisados, encontramos um total de 267 ocorrências de uso das desinências -ra e -se,
sendo 124 do espanhol Castelhano (E.1), 71 do espanhol de Andaluzia (E.2) e 55 do espanhol
das Ilhas Canárias (E.3); e (iv) o período de obtenção do corpus – o período para a obtenção
do corpus escrito dos jornais eletrônicos compreende o mês de janeiro, do dia 01 ao 31 de 2018.
3. Análise
Neste capítulo, objetivamos apresentar a análise do corpus recolhido, através de ocor-
rências das desinências -ra e -se do pretérito imperfeito do subjuntivo do espanhol peninsular,
e cujos objetivos são: (i) identificar se no corpus em questão, ou seja, nessa variedade do es-
panhol, há preferência por uma das formas e (ii) identificar em quais contextos ocorre o uso de
tais desinências. Após a constituição do corpus, formado por textos da seção de cultura de um
jornal eletrônico de cada área geoletal da variedade peninsular do espanhol, contamos o seguin-
te quantitativo de dados:
Gráfico 1: Quantitativo total das ocorrências -ra e -se por área geolectal
Podemos perceber, claramente, uma grande preferência pela forma -ra, em detrimento
da forma -se, que corresponde a apenas 13,6% dos dados analisados. Se considerarmos os usos
específicos de cada área geoletal, podemos verificar que a preferência por -ra, ainda que comum
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às três, varia em cada caso.
Vimos que a forma -ra tem sua origem no pretérito mais que perfeito do indicativo
latino e a forma -se, do mais que perfeito do subjuntivo latino. Desse modo, alguns autores
(STERCK, 2000; LLORACH, 1994; GILI Y GAYA, 1991) descrevem que a desinência -ra
pode ter seus usos alterados com valores modais de indicativo. Como nosso objetivo é o preté-
rito imperfeito do subjuntivo, analisamos cada ocorrência e através do método de substituição
por uma forma equivalente excluímos os usos que correspondiam ao modo indicativo. A partir
do nosso corpus, identificamos o seguinte índice:
Gráfico 2: Ocorrências -ra e -se
Identificados os usos essencialmente subjuntivos, que é o objeto de análise aqui, classi-
ficamos cada ocorrência de acordo com o contexto expresso, baseado na lista de usos descritos
por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307). Abaixo, devido a fatores externos, listamos
apenas um pequeno grupo dos dados analisados, uma ocorrência de cada área geoletal relacio-
nada aos contextos analisados, ao lado da área geoletal correspondente é colocado entre parên-
teses a identificação do contexto descrito por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307):
E.1- (A) Su director artístico de entonces le opuso a Serge Gainsbourg que compusiera para la
joven promesa, lo que se materializó con “N’écoute pas les idoles”
E.1 (B) Parí mi celda cogí en brazos a ese hermoso monstruo lleno de vida y supe que querer
era eso el deseo sin culpa de asesinar a cualquiera que a mi cría le provocara una sola lágrima
E.1 (C) pero sería absurdo que desviase entradas para ser revendidas en canales de reventa aje-
nos a ellos», ha añadido
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E.1 (D) Mi hijo me pidió que fuera con él al plató para arreglar nuestras diferencias y me en-
contré con un ataque feroz.
E.2 (E) Al no conseguir su sonoridad insistieron en revisar sus instrumentos, no podían creer
que los sonidos que habían escuchado se pudieran obtener a través de instrumentos normales
y corrientes.
E.1 (F) y no sonó el disparo, con lo que Don José tuvo que morir de un infarto sin que trajera a
Monica Vitti un arma de recambio.
E.1 (G) La lectura de Dudamel no pasó de la acuidad e intrascendencia, por mucho que el sonido
de la Filarmónica de Viena fuese oro puro.
E.1 (H) Aunque tía Bess y Mamma le enseñaban himnos piadosos y rezaban para que no fuese
como su padre
E.3 (I) sería realmente monstruoso si esto terminase aquí”
E.1 (J) No tendría nada de particular si no fuera porque los Clarkson, a pesar de su apellido, son
una familia española corriente y moliente del barrio madrileño de Tetuán.
E.3 (K) “Lo recuerdo como si fuese hoy, gente que no se conocía, de lados opuestos del planeta,
bailando o unos con otros, celebrando juntos”, dijo.
E.1 (M) por no decir que haría ponerse bizco a más de un experto en psicopatología que lo es-
tuviera viendo
E.2 (N) “Beowulf tuvo que ser compuesto antes de que los mismos perdieran sus connotaciones
paganas originales y se cristianizasen”.
E.1 (O) Ojalá que acabara ya, por el bien de todos.
Levando em consideração apenas as ocorrências que correspondem ao modo subjunti-
vo, identificamos o seguinte percentual:
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Gráfico 3: Quantitativo de ocorrências que correspondem ao modo subjuntivo por área geoletal
Com isso, percebemos que mesmo nos usos que correspondem ao modo subjuntivo
ainda há a predominância da desinência -ra. No espanhol Castelhano e espanhol de Andaluzia
percebemos uma equivalência entre as ocorrências de -se, ambos possuindo o mesmo percen-
tual de 20%. Depois de analisar os usos essencialmente subjuntivos, a fim de verificar em quais
contextos, descritos por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307), acontecem os maiores
índices de uso do pretérito imperfeito do subjuntivo, podemos apresentá-los a partir do gráfico
a seguir:
Gráfico 4: Índice de ocorrências subjuntivas por contexto.
Os três contextos em que ocorre o maior uso do tempo verbal em questão são: (M) para
falar de pessoas ou coisas do passado ou hipotéticas de forma inespecífica, que corresponde a
22% dos dados analisados; (I) para falar de acontecimentos de realização improvável no pre-
sente ou no futuro nas orações condicionais, que corresponde a 18%, e (H) para explicar um
objetivo passado detrás das expressões de finalidade, que corresponde a 16%. Podemos perce-
ber a variação entre as formas -ra e -se não ocorre nos contextos A, B, J, e O, sendo a forma -ra
a predominante. No contexto E, embora as desinências coexistam, a forma -se é que prevalece.
Houve apenas um caso de ocorrência exclusiva da desinência -se, no contexto G. No restante
dos contextos as formas competem para a expressão do pretérito imperfeito do subjuntivo.
4. Conclusão
Ao analisarmos o fenômeno de variação linguística das desinências -ra e -se do preté-
rito imperfeito do subjuntivo do espanhol peninsular, percebemos que, de modo geral, há uma
grande preferência pela forma -ra em detrimento da forma -se. Levando em consideração os
usos específicos de cada área geoletal (E.1, espanhol Castelhano; E.2, espanhol da Andaluzia
9. 375ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
e E.3, espanhol das Ilhas Canárias), todas as três variedades apresentaram a predominância da
forma -ra. Identificamos, através do método de substituição por uma forma equivalente, que,
nas três variedades do espanhol peninsular, a forma -ra permanece com valores modo-tempo-
rais indicativos residuais de sua origem latina, com os quais coexistem significativamente, com
seus valores assimilados do subjuntivo. Foi identificado que em determinados contextos tais
formas não coexistem, sendo a forma -ra a única escolha nos contextos A, B, J E O. Embora o
quantitativo de ocorrências da forma -se não seja muito significativo, percebemos que ela pode
estar se especializando a contextos específicos, resistindo a essa competição, como o caso do
contexto G.
Referências
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