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367ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
FUÉRAMOS OU FUÉSEMOS: USOS E VALORES DAS DESINÊNCIAS
-RA E -SE DO PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO NO
ESPANHOL PENINSULAR
David Batista de Jesus Travassos
PPGLEN UFRJ
Introdução
Na língua espanhola atual, as desinências -ra e -se ocupam o mesmo espaço no eixo pa-
radigmático, ou seja, ambas são identificadas como formas desinenciais do pretérito imperfeito
do subjuntivo devido a fatores históricos da evolução da língua, sendo a primeira derivada do
pretérito mais que perfeito do indicativo latino (amaveram) e a segunda do pretérito mais que
perfeito do subjuntivo (amavissem). Este fenômeno de variação linguística, mais precisamente
variação gramatical do tipo morfológico (FERNÁNDEZ, 1998) – variantes do tipo morfológico
são aquelas que afetam os elementos da morfologia e raramente implica os níveis sintático e
pragmático, por exemplo: “para que fuéramos a buscarlo / para que fuéranos a buscarlo” –,
fez surgir algumas questões, sendo a principal delas que diz respeito à implicatura funcional das
desinências -ra/-se, ou seja, que papeis elas desempenham. Fukushima (2015) nos apresenta
uma breve explicação a respeito desta questão e de seus respectivos seguidores numa dualida-
de de ideias. A primeira delas diz respeito à Tese das variantes livres e a segunda, à Tese das
variantes complementares. A primeira teoria (LENZ, 1920; LLORACH, 1949; GILI Y GAYA,
1951, apud FUKUSHIMA, 2015) afirma que ambas as desinências são totalmente intercambiá-
veis, à exceção dos usos do pretérito mais que perfeito do indicativo latino, como por exemplo
“cantaría” sendo substituído por “cantara” e em “después que cantara” no lugar de “después
que cantó” ou “había cantado”. A segunda teoria varia de acordo com quatro grupos de lin-
guistas, que têm opiniões diversas e que o único ponto no qual concordam é que as desinências
368ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
não são totalmente intercambiáveis. O primeiro grupo (PARDO, 1953; CRIADO DE VAL,
1954; BOLINGER, 1954; LUNN, 1991; SCHMIDELY, 1992; HERNÁNDEZ ALONSO, 1995,
apud FUKUSHIMA, 2015) defende que a forma -ra representa maior probabilidade; maior
grau de realização e menor matiz hipotético; que -se tem um significado mais geral e menos
preciso que -ra e que esta última forma denota maior subjetividade e proximidade do emissor
do enunciado. O segundo grupo (TOGEBY, 1953; POTTIER, 1971; GOLDBERG, 1991, apud
FUKUSHIMA, 2015), que se opõe ao primeiro, considera que a forma -ra representa menos
probabilidade, menor grau de realização ou um maior matiz hipotético, ou seja, -ra apresenta
maior potencialidade que -se. O terceiro grupo (LAMÍQUIZ, 1971; NAKAOKA, 1981; BO-
LINGER, 1956; CANO AGUILAR, 1990, apud FUKUSHIMA, 2015) é centrado na tempora-
lidade das desinências -ra e -se; desse modo, não se pode dizer, de acordo com eles, que as duas
formas sejam intercambiáveis, isto é, unicamente -se alterna com -ra, mas -ra não alterna com
-se, e que a primeira é do nível atual marcado, enquanto que a segunda é do nível inatual não
marcado, pois -se representa a anterioridade temporal do expressado no ato da fala e -ra carece
dessa função. Por último, o quarto grupo de linguistas, defende suas funções sociolinguísticas
e pragmáticas. Fukushima (2015) cita, neste grupo, dois autores: Kempas (2011), que destaca a
diferença da escolha das formas de acordo com o sexo (na Espanha, segundo ele, a forma -se é
preferida pelas mulheres), e Rojo (2011), que aponta o uso de -se como mais elegante, culto e
cortês que -ra e, de acordo com ele, isso justifica-se pelo uso escasso daquela forma.
De modo geral, o pretérito imperfeito do subjuntivo espanhol apresenta um valor tem-
poral que pode se relacionar tanto ao presente quanto ao passado e ao futuro (REAL ACADE-
MIA ESPAÑOLA, 1991; GILI Y GAYA, 1961). As formas -ra e -se são intercambiáveis em
contextos de subjuntivo, porém existem usos com os quais a forma -ra não pode ser substituída
por -se (ROJO e ROZA, 2014; AROYO, 2005; STERCK, 2000; LLORACH, 1994; GILI Y
GAYA, 1991; REALACADEMIA ESPAÑOLA, 1991), são eles: -ra no lugar do pretérito mais
que perfeito (había cantado) para indicar anterioridade a um ponto passado: “Llevaba la diade-
ma que le regalara su padre”; -ra no lugar do pretérito indefinido (cantó) para indicar passado
absoluto, nesse caso Llorach (1994) e Arroyo (2005) apontam ser usual em textos jornalísticos:
“Anularan el gol que marcara Ferrer en el último minuto.”.
Para Enrique Pato (2006), certos fenômenos gramaticais na língua espanhola têm sua
formação precisamente na época medieval. Diferente dos autores citados anteriormente, ele
aponta que -ría pode substituir ambas as formas, -ra/-se, que esse fenômeno é próprio da zona
setentrional peninsular e apenas foi visto sob a perspectiva diacrônica. O emprego de -ría no
lugar de -ra/-se, de acordo com ele, é próprio dos tempos simples e que, segundo se generali-
za, esse fenômeno se estende aos tempos compostos. Segundo ele, é possível identificar esse
fenômeno em orações de todos os tipos, porém os contextos que são mais passíveis de ocorrer
369ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
são nas orações completivas, relativas e a prótase das orações condicionais: (a) “Aquí había un
médico que me mandaba a mí que miraría los enfermos [Bernales, Vizcaya]”, (b) “Pues yo, si
sería joven, os digo la verdade, no cambiaba la vida de antes con la de ahora [Villalcázar de
Sirga, Palencia]”, (c) “encaminó a [...] Miguel Páez y Sebastián de ledesma; dicen son criados
del señor Comendador mayor de León, para que harían mis negocios en corte, y para que ellos
le pidió el salario [P. de Valdivia, Cartas (1527)]”. Pato (2006) aponta que a substituição de
-ra e -se por -ría em determinados contextos é feita a partir de um uso comum das formas -ra /
-se / -ría como pós-pretérito: “Pensé que llegarían antes de la noche / No pensé que llegaran/
llegasen antes de la noche”. Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307), em sua gramática,
listam usos do imperfeito do subjuntivo, os quais reproduzimos a seguir para mais adiante po-
der analisar os dados e, a partir dos contextos dispostos neste quadro, esclarecer mais apurada-
mente os possíveis contextos de preferência de uso de uma forma ou outra. São eles:
a.	 Dar ou transmitir conselhos, ordens ou sugestões depois de verbos em condicional ou em
passado como “aconsejar”, “decretar”, “consentir”, “mandar”, “ordenar” etc.
b.	 Expressar desejos depois de verbos em condicional ou em passado como “querer”, “desear”,
“preferir” etc.
c.	 Expressar uma reação emocional ou um juízo de valor ante um acontecimento passado
ou futuro depois de verbos e expressões em condicional ou em passado como “gustar”,
“encantar”, “lamentar”, “ser una lástima”, “ser una pena que” etc., e com expressões que
indicam um juízo de valor: “ser importante que”, “ser fundamental que”.
d.	 Introduzir uma petição depois de verbos em condicional ou passado como “pedir”, “suplicar”,
“solicitar”
e.	 Rejeitar uma ideia passada, presente ou futura depois de verbos de opinião em passado ou
em condicional negados como “creer”, “considerar, “opinar” etc.
f.	 Introduzir um obstáculo que não impede a realização de um acontecimento futuro ou passado
quando se fala de acontecimentos hipotéticos ou de difícil realização, depois de “aunque”,
“a pesar de que”, “aun cuando”, “por más que”, “por mucho que”
g.	 Introduzir uma causa no passado com as expressões: “por miedo de que”, “no es que”, “no
es porque...sino porque”, “de ahí que”
h.	 Explicar um objetivo passado detrás das expressões de finalidade
i.	 Falar de acontecimentos de realização improvável no presente ou no futuro nas orações
condicionais.
j.	 Falar de acontecimentos de realização improvável no presente ou no futuro nas orações
condicionais.
k.	 Comparar um acontecimento com outro que é hipotético com “como si”
l.	 Indicar cortesia ou modéstia
m.	Falar de pessoas ou coisas do passado ou hipotéticas de forma inespecífica.
370ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
n.	 Depois de “antes de que” e “después de que” para se referir ao passado.
o.	 Formular um desejo de realização pouco provável depois de “Ojalá” ou de ¡Quién...!”
p.	 Fazer conjeturas ou expressar uma probabilidade no passado, depois de “quizá (s)”, “tal
vez”, “probablemente…”
Vimos que Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307) listam dezesseis usos para o
tempo verbal que constitui nosso objeto de análise. Mais à frente, no capítulo, tais usos serão
retomados, quando tentaremos associá-los com as ocorrências das desinências -ra e -se numa
tentativa de verificar em quais contextos há a predominância de uma ou outra forma e se há
alguma motivação.
1. Divisão em áreas geoletais
A proposta de Moreno Fernández (2000) de divisão em áreas geoletais é uma tentati-
va de organizar o espanhol em variedades que compartilham os mesmos traços linguísticos.
A divisão é feita em oito áreas geoletais. Três na Espanha (denominadas E.1; E.2 E.3), nas
quais, para esta zonificação, foram levados em consideração para os elementos linguísticos em
comum e os usos mais cultos dessas áreas, e cinco na América (denominadas A.1, A.2, A.3,
A.4 e A.5), que, para chegar a esta divisão, levou-se em consideração os usos linguísticos das
cidades e territórios mais influentes. Respectivamente: E.1. Espanhol Castelhano (Madri ou
Burgos); E.2. Espanhol da Andaluzia (Sevilha, Málaga ou Granada); E.3. Espanhol das Ilhas
Canárias (Las Palmas ou Santa Cruz de Tenerife); A.1. Espanhol do Caribe (San Juan de Porto
Rico, La Habana ou Santo Domingo); A.2. Espanhol do México e América Central (Cidade do
México, além de outras cidades e territórios significativos da América Central); A.3. Espanhol
dos Andes (Bogotá, La Paz ou Lima); A.4. Espanhol de La Plata e El Chaco (Buenos Aires,
Montevidéu ou Assunção); A.5. Espanhol do Chile (Santiago). Cabe lembrar que o centro desta
investigação está voltado para as áreas E.1, E.2 e E.3 do espanhol peninsular. Em todas as três
as desinências -ra e -se coexistem.
2. Metodologia
Esta seção tem por objetivo apresentar a metodologia utilizada para realizar a análise da
frequência, usos e valores das desinências -ra e -se do imperfeito do subjuntivo do espanhol nas
variedades peninsulares (Classificadas como E.1, E.2, E.3, segundo a proposta de Moreno Fer-
nández - 2000). Desse modo: (i) os jornais – para esta investigação, consideramos três jornais
eletrônicos, sendo um de cada área geoletal da variedade peninsular: La Razón, que representa
a área E.1 Espanhol Castelhano (Madri ou Burgos), Diario de Sevilla, que representa a área E.2
Espanhol da Andaluzia (Sevilha, Málaga ou Granada) e La Opinión de Tenerife, que representa
371ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
a área E.3. Espanhol das Ilhas Canárias (Las Palmas ou Santa Cruz de Tenerife). Optamos por
trabalhar com os textos da seção de cultura pelo fato de termos realizado uma breve pesquisa
prévia e, como resultado, termos identificado certo predomínio de uso do pretérito imperfeito
do subjuntivo em textos dessa seção; (ii) o quantitativo de textos – consultamos todos os tex-
tos da seção de cultura dos jornais apresentados no item anterior. Encontramos um total de 523
textos, sendo 219 da área E.1, jornal La Razón, 134 da área E.2, jornal Diario de Sevilla, e 170
da área E.3, jornal La Opinión de Tenerife; (iii) o quantitativo de ocorrências – a partir dos
textos analisados, encontramos um total de 267 ocorrências de uso das desinências -ra e -se,
sendo 124 do espanhol Castelhano (E.1), 71 do espanhol de Andaluzia (E.2) e 55 do espanhol
das Ilhas Canárias (E.3); e (iv) o período de obtenção do corpus – o período para a obtenção
do corpus escrito dos jornais eletrônicos compreende o mês de janeiro, do dia 01 ao 31 de 2018.
3. Análise
Neste capítulo, objetivamos apresentar a análise do corpus recolhido, através de ocor-
rências das desinências -ra e -se do pretérito imperfeito do subjuntivo do espanhol peninsular,
e cujos objetivos são: (i) identificar se no corpus em questão, ou seja, nessa variedade do es-
panhol, há preferência por uma das formas e (ii) identificar em quais contextos ocorre o uso de
tais desinências. Após a constituição do corpus, formado por textos da seção de cultura de um
jornal eletrônico de cada área geoletal da variedade peninsular do espanhol, contamos o seguin-
te quantitativo de dados:
Gráfico 1: Quantitativo total das ocorrências -ra e -se por área geolectal
Podemos perceber, claramente, uma grande preferência pela forma -ra, em detrimento
da forma -se, que corresponde a apenas 13,6% dos dados analisados. Se considerarmos os usos
específicos de cada área geoletal, podemos verificar que a preferência por -ra, ainda que comum
372ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
às três, varia em cada caso.
Vimos que a forma -ra tem sua origem no pretérito mais que perfeito do indicativo
latino e a forma -se, do mais que perfeito do subjuntivo latino. Desse modo, alguns autores
(STERCK, 2000; LLORACH, 1994; GILI Y GAYA, 1991) descrevem que a desinência -ra
pode ter seus usos alterados com valores modais de indicativo. Como nosso objetivo é o preté-
rito imperfeito do subjuntivo, analisamos cada ocorrência e através do método de substituição
por uma forma equivalente excluímos os usos que correspondiam ao modo indicativo. A partir
do nosso corpus, identificamos o seguinte índice:
Gráfico 2: Ocorrências -ra e -se
Identificados os usos essencialmente subjuntivos, que é o objeto de análise aqui, classi-
ficamos cada ocorrência de acordo com o contexto expresso, baseado na lista de usos descritos
por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307). Abaixo, devido a fatores externos, listamos
apenas um pequeno grupo dos dados analisados, uma ocorrência de cada área geoletal relacio-
nada aos contextos analisados, ao lado da área geoletal correspondente é colocado entre parên-
teses a identificação do contexto descrito por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307):
E.1- (A) Su director artístico de entonces le opuso a Serge Gainsbourg que compusiera para la
joven promesa, lo que se materializó con “N’écoute pas les idoles”
E.1 (B) Parí mi celda cogí en brazos a ese hermoso monstruo lleno de vida y supe que querer
era eso el deseo sin culpa de asesinar a cualquiera que a mi cría le provocara una sola lágrima
E.1 (C) pero sería absurdo que desviase entradas para ser revendidas en canales de reventa aje-
nos a ellos», ha añadido
373ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
E.1 (D) Mi hijo me pidió que fuera con él al plató para arreglar nuestras diferencias y me en-
contré con un ataque feroz.
E.2 (E) Al no conseguir su sonoridad insistieron en revisar sus instrumentos, no podían creer
que los sonidos que habían escuchado se pudieran obtener a través de instrumentos normales
y corrientes.
E.1 (F) y no sonó el disparo, con lo que Don José tuvo que morir de un infarto sin que trajera a
Monica Vitti un arma de recambio.
E.1 (G) La lectura de Dudamel no pasó de la acuidad e intrascendencia, por mucho que el sonido
de la Filarmónica de Viena fuese oro puro.
E.1 (H) Aunque tía Bess y Mamma le enseñaban himnos piadosos y rezaban para que no fuese
como su padre
E.3 (I) sería realmente monstruoso si esto terminase aquí”
E.1 (J) No tendría nada de particular si no fuera porque los Clarkson, a pesar de su apellido, son
una familia española corriente y moliente del barrio madrileño de Tetuán.
E.3 (K) “Lo recuerdo como si fuese hoy, gente que no se conocía, de lados opuestos del planeta,
bailando o unos con otros, celebrando juntos”, dijo.
E.1 (M) por no decir que haría ponerse bizco a más de un experto en psicopatología que lo es-
tuviera viendo
E.2 (N) “Beowulf tuvo que ser compuesto antes de que los mismos perdieran sus connotaciones
paganas originales y se cristianizasen”.
E.1 (O) Ojalá que acabara ya, por el bien de todos.
Levando em consideração apenas as ocorrências que correspondem ao modo subjunti-
vo, identificamos o seguinte percentual:
374ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
Gráfico 3: Quantitativo de ocorrências que correspondem ao modo subjuntivo por área geoletal
Com isso, percebemos que mesmo nos usos que correspondem ao modo subjuntivo
ainda há a predominância da desinência -ra. No espanhol Castelhano e espanhol de Andaluzia
percebemos uma equivalência entre as ocorrências de -se, ambos possuindo o mesmo percen-
tual de 20%. Depois de analisar os usos essencialmente subjuntivos, a fim de verificar em quais
contextos, descritos por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307), acontecem os maiores
índices de uso do pretérito imperfeito do subjuntivo, podemos apresentá-los a partir do gráfico
a seguir:
Gráfico 4: Índice de ocorrências subjuntivas por contexto.
Os três contextos em que ocorre o maior uso do tempo verbal em questão são: (M) para
falar de pessoas ou coisas do passado ou hipotéticas de forma inespecífica, que corresponde a
22% dos dados analisados; (I) para falar de acontecimentos de realização improvável no pre-
sente ou no futuro nas orações condicionais, que corresponde a 18%, e (H) para explicar um
objetivo passado detrás das expressões de finalidade, que corresponde a 16%. Podemos perce-
ber a variação entre as formas -ra e -se não ocorre nos contextos A, B, J, e O, sendo a forma -ra
a predominante. No contexto E, embora as desinências coexistam, a forma -se é que prevalece.
Houve apenas um caso de ocorrência exclusiva da desinência -se, no contexto G. No restante
dos contextos as formas competem para a expressão do pretérito imperfeito do subjuntivo.
4. Conclusão
Ao analisarmos o fenômeno de variação linguística das desinências -ra e -se do preté-
rito imperfeito do subjuntivo do espanhol peninsular, percebemos que, de modo geral, há uma
grande preferência pela forma -ra em detrimento da forma -se. Levando em consideração os
usos específicos de cada área geoletal (E.1, espanhol Castelhano; E.2, espanhol da Andaluzia
375ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
e E.3, espanhol das Ilhas Canárias), todas as três variedades apresentaram a predominância da
forma -ra. Identificamos, através do método de substituição por uma forma equivalente, que,
nas três variedades do espanhol peninsular, a forma -ra permanece com valores modo-tempo-
rais indicativos residuais de sua origem latina, com os quais coexistem significativamente, com
seus valores assimilados do subjuntivo. Foi identificado que em determinados contextos tais
formas não coexistem, sendo a forma -ra a única escolha nos contextos A, B, J E O. Embora o
quantitativo de ocorrências da forma -se não seja muito significativo, percebemos que ela pode
estar se especializando a contextos específicos, resistindo a essa competição, como o caso do
contexto G.
Referências
ALARCOS LLORACH, Emilio. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe,
1995.
FUKUSHIMA, Noritaka. Pasado, presente y futuro del subjuntivo en español. Universidad de
Estudios extranjeros de Kobe, 2015.
GILI Y GAYA, Samuel. Curso superior de sintaxís española. Barcelona: SPES, 1961.
JACOBI, Claudia, MELONE, Enrique y MENON, Lorena. Gramática en contexto. Madrid:
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MORENO FERNANDÉZ, Francisco. Qué español enseñar. Madrid: Arco Libros, 2000.
ROJO, Guillermo. Me pidieron que reseñara/reseñase el libro que Bosque publicara/publicase
en 1980. Universidad de Santiago de Compostela, 2011.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Esbozo de una nueva gramática de la lengua española.
Madrid: Espasa-Calpe, 1991.
STERCK, Goedele de. Gramática española: enseñanza e investigación: registros y áreas
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Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2000.
ARROYO, José Luis Blas. Sociolingüística de español: desarrollos y perspectivas en el estudio
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HORTEN, Steinar. Las variantes -ra y -se del pretérito imperfecto de subjuntivo. Un estudio de
376ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS
la variabilidad en la preferencia por las variantes -ra y -se realizado con hablantes nativos de
Canarias y Chile. Tese (Mestrado em Língua Espanhola) – Departamento de Língua e Cultura,
Universidade da Noruega, 2017.
PATO, Enrique. La génesis histórica de la alternancia modal condicional simple (ría) / imperfecto
de subjuntivo (-se /-ra). Actas del VI Congreso Internacional de Historia de la Lengua española:
Madrid, 29 de septiembre - 3 octubre 2003, vol. 1, 2006, ISBN 84-7635-636-6, págs. 977-986.
WEINREICH, Uriel; LABOV, William e HERZOG, Marvin I. Fundamentos empíricos
para uma teoria da mudança lingüística. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo:
Parábola Editorial 2006 (1968).

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Usos e valores das desinências -ra e -se no espanhol peninsular

  • 1. 367ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS FUÉRAMOS OU FUÉSEMOS: USOS E VALORES DAS DESINÊNCIAS -RA E -SE DO PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO NO ESPANHOL PENINSULAR David Batista de Jesus Travassos PPGLEN UFRJ Introdução Na língua espanhola atual, as desinências -ra e -se ocupam o mesmo espaço no eixo pa- radigmático, ou seja, ambas são identificadas como formas desinenciais do pretérito imperfeito do subjuntivo devido a fatores históricos da evolução da língua, sendo a primeira derivada do pretérito mais que perfeito do indicativo latino (amaveram) e a segunda do pretérito mais que perfeito do subjuntivo (amavissem). Este fenômeno de variação linguística, mais precisamente variação gramatical do tipo morfológico (FERNÁNDEZ, 1998) – variantes do tipo morfológico são aquelas que afetam os elementos da morfologia e raramente implica os níveis sintático e pragmático, por exemplo: “para que fuéramos a buscarlo / para que fuéranos a buscarlo” –, fez surgir algumas questões, sendo a principal delas que diz respeito à implicatura funcional das desinências -ra/-se, ou seja, que papeis elas desempenham. Fukushima (2015) nos apresenta uma breve explicação a respeito desta questão e de seus respectivos seguidores numa dualida- de de ideias. A primeira delas diz respeito à Tese das variantes livres e a segunda, à Tese das variantes complementares. A primeira teoria (LENZ, 1920; LLORACH, 1949; GILI Y GAYA, 1951, apud FUKUSHIMA, 2015) afirma que ambas as desinências são totalmente intercambiá- veis, à exceção dos usos do pretérito mais que perfeito do indicativo latino, como por exemplo “cantaría” sendo substituído por “cantara” e em “después que cantara” no lugar de “después que cantó” ou “había cantado”. A segunda teoria varia de acordo com quatro grupos de lin- guistas, que têm opiniões diversas e que o único ponto no qual concordam é que as desinências
  • 2. 368ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS não são totalmente intercambiáveis. O primeiro grupo (PARDO, 1953; CRIADO DE VAL, 1954; BOLINGER, 1954; LUNN, 1991; SCHMIDELY, 1992; HERNÁNDEZ ALONSO, 1995, apud FUKUSHIMA, 2015) defende que a forma -ra representa maior probabilidade; maior grau de realização e menor matiz hipotético; que -se tem um significado mais geral e menos preciso que -ra e que esta última forma denota maior subjetividade e proximidade do emissor do enunciado. O segundo grupo (TOGEBY, 1953; POTTIER, 1971; GOLDBERG, 1991, apud FUKUSHIMA, 2015), que se opõe ao primeiro, considera que a forma -ra representa menos probabilidade, menor grau de realização ou um maior matiz hipotético, ou seja, -ra apresenta maior potencialidade que -se. O terceiro grupo (LAMÍQUIZ, 1971; NAKAOKA, 1981; BO- LINGER, 1956; CANO AGUILAR, 1990, apud FUKUSHIMA, 2015) é centrado na tempora- lidade das desinências -ra e -se; desse modo, não se pode dizer, de acordo com eles, que as duas formas sejam intercambiáveis, isto é, unicamente -se alterna com -ra, mas -ra não alterna com -se, e que a primeira é do nível atual marcado, enquanto que a segunda é do nível inatual não marcado, pois -se representa a anterioridade temporal do expressado no ato da fala e -ra carece dessa função. Por último, o quarto grupo de linguistas, defende suas funções sociolinguísticas e pragmáticas. Fukushima (2015) cita, neste grupo, dois autores: Kempas (2011), que destaca a diferença da escolha das formas de acordo com o sexo (na Espanha, segundo ele, a forma -se é preferida pelas mulheres), e Rojo (2011), que aponta o uso de -se como mais elegante, culto e cortês que -ra e, de acordo com ele, isso justifica-se pelo uso escasso daquela forma. De modo geral, o pretérito imperfeito do subjuntivo espanhol apresenta um valor tem- poral que pode se relacionar tanto ao presente quanto ao passado e ao futuro (REAL ACADE- MIA ESPAÑOLA, 1991; GILI Y GAYA, 1961). As formas -ra e -se são intercambiáveis em contextos de subjuntivo, porém existem usos com os quais a forma -ra não pode ser substituída por -se (ROJO e ROZA, 2014; AROYO, 2005; STERCK, 2000; LLORACH, 1994; GILI Y GAYA, 1991; REALACADEMIA ESPAÑOLA, 1991), são eles: -ra no lugar do pretérito mais que perfeito (había cantado) para indicar anterioridade a um ponto passado: “Llevaba la diade- ma que le regalara su padre”; -ra no lugar do pretérito indefinido (cantó) para indicar passado absoluto, nesse caso Llorach (1994) e Arroyo (2005) apontam ser usual em textos jornalísticos: “Anularan el gol que marcara Ferrer en el último minuto.”. Para Enrique Pato (2006), certos fenômenos gramaticais na língua espanhola têm sua formação precisamente na época medieval. Diferente dos autores citados anteriormente, ele aponta que -ría pode substituir ambas as formas, -ra/-se, que esse fenômeno é próprio da zona setentrional peninsular e apenas foi visto sob a perspectiva diacrônica. O emprego de -ría no lugar de -ra/-se, de acordo com ele, é próprio dos tempos simples e que, segundo se generali- za, esse fenômeno se estende aos tempos compostos. Segundo ele, é possível identificar esse fenômeno em orações de todos os tipos, porém os contextos que são mais passíveis de ocorrer
  • 3. 369ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS são nas orações completivas, relativas e a prótase das orações condicionais: (a) “Aquí había un médico que me mandaba a mí que miraría los enfermos [Bernales, Vizcaya]”, (b) “Pues yo, si sería joven, os digo la verdade, no cambiaba la vida de antes con la de ahora [Villalcázar de Sirga, Palencia]”, (c) “encaminó a [...] Miguel Páez y Sebastián de ledesma; dicen son criados del señor Comendador mayor de León, para que harían mis negocios en corte, y para que ellos le pidió el salario [P. de Valdivia, Cartas (1527)]”. Pato (2006) aponta que a substituição de -ra e -se por -ría em determinados contextos é feita a partir de um uso comum das formas -ra / -se / -ría como pós-pretérito: “Pensé que llegarían antes de la noche / No pensé que llegaran/ llegasen antes de la noche”. Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307), em sua gramática, listam usos do imperfeito do subjuntivo, os quais reproduzimos a seguir para mais adiante po- der analisar os dados e, a partir dos contextos dispostos neste quadro, esclarecer mais apurada- mente os possíveis contextos de preferência de uso de uma forma ou outra. São eles: a. Dar ou transmitir conselhos, ordens ou sugestões depois de verbos em condicional ou em passado como “aconsejar”, “decretar”, “consentir”, “mandar”, “ordenar” etc. b. Expressar desejos depois de verbos em condicional ou em passado como “querer”, “desear”, “preferir” etc. c. Expressar uma reação emocional ou um juízo de valor ante um acontecimento passado ou futuro depois de verbos e expressões em condicional ou em passado como “gustar”, “encantar”, “lamentar”, “ser una lástima”, “ser una pena que” etc., e com expressões que indicam um juízo de valor: “ser importante que”, “ser fundamental que”. d. Introduzir uma petição depois de verbos em condicional ou passado como “pedir”, “suplicar”, “solicitar” e. Rejeitar uma ideia passada, presente ou futura depois de verbos de opinião em passado ou em condicional negados como “creer”, “considerar, “opinar” etc. f. Introduzir um obstáculo que não impede a realização de um acontecimento futuro ou passado quando se fala de acontecimentos hipotéticos ou de difícil realização, depois de “aunque”, “a pesar de que”, “aun cuando”, “por más que”, “por mucho que” g. Introduzir uma causa no passado com as expressões: “por miedo de que”, “no es que”, “no es porque...sino porque”, “de ahí que” h. Explicar um objetivo passado detrás das expressões de finalidade i. Falar de acontecimentos de realização improvável no presente ou no futuro nas orações condicionais. j. Falar de acontecimentos de realização improvável no presente ou no futuro nas orações condicionais. k. Comparar um acontecimento com outro que é hipotético com “como si” l. Indicar cortesia ou modéstia m. Falar de pessoas ou coisas do passado ou hipotéticas de forma inespecífica.
  • 4. 370ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS n. Depois de “antes de que” e “después de que” para se referir ao passado. o. Formular um desejo de realização pouco provável depois de “Ojalá” ou de ¡Quién...!” p. Fazer conjeturas ou expressar uma probabilidade no passado, depois de “quizá (s)”, “tal vez”, “probablemente…” Vimos que Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307) listam dezesseis usos para o tempo verbal que constitui nosso objeto de análise. Mais à frente, no capítulo, tais usos serão retomados, quando tentaremos associá-los com as ocorrências das desinências -ra e -se numa tentativa de verificar em quais contextos há a predominância de uma ou outra forma e se há alguma motivação. 1. Divisão em áreas geoletais A proposta de Moreno Fernández (2000) de divisão em áreas geoletais é uma tentati- va de organizar o espanhol em variedades que compartilham os mesmos traços linguísticos. A divisão é feita em oito áreas geoletais. Três na Espanha (denominadas E.1; E.2 E.3), nas quais, para esta zonificação, foram levados em consideração para os elementos linguísticos em comum e os usos mais cultos dessas áreas, e cinco na América (denominadas A.1, A.2, A.3, A.4 e A.5), que, para chegar a esta divisão, levou-se em consideração os usos linguísticos das cidades e territórios mais influentes. Respectivamente: E.1. Espanhol Castelhano (Madri ou Burgos); E.2. Espanhol da Andaluzia (Sevilha, Málaga ou Granada); E.3. Espanhol das Ilhas Canárias (Las Palmas ou Santa Cruz de Tenerife); A.1. Espanhol do Caribe (San Juan de Porto Rico, La Habana ou Santo Domingo); A.2. Espanhol do México e América Central (Cidade do México, além de outras cidades e territórios significativos da América Central); A.3. Espanhol dos Andes (Bogotá, La Paz ou Lima); A.4. Espanhol de La Plata e El Chaco (Buenos Aires, Montevidéu ou Assunção); A.5. Espanhol do Chile (Santiago). Cabe lembrar que o centro desta investigação está voltado para as áreas E.1, E.2 e E.3 do espanhol peninsular. Em todas as três as desinências -ra e -se coexistem. 2. Metodologia Esta seção tem por objetivo apresentar a metodologia utilizada para realizar a análise da frequência, usos e valores das desinências -ra e -se do imperfeito do subjuntivo do espanhol nas variedades peninsulares (Classificadas como E.1, E.2, E.3, segundo a proposta de Moreno Fer- nández - 2000). Desse modo: (i) os jornais – para esta investigação, consideramos três jornais eletrônicos, sendo um de cada área geoletal da variedade peninsular: La Razón, que representa a área E.1 Espanhol Castelhano (Madri ou Burgos), Diario de Sevilla, que representa a área E.2 Espanhol da Andaluzia (Sevilha, Málaga ou Granada) e La Opinión de Tenerife, que representa
  • 5. 371ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS a área E.3. Espanhol das Ilhas Canárias (Las Palmas ou Santa Cruz de Tenerife). Optamos por trabalhar com os textos da seção de cultura pelo fato de termos realizado uma breve pesquisa prévia e, como resultado, termos identificado certo predomínio de uso do pretérito imperfeito do subjuntivo em textos dessa seção; (ii) o quantitativo de textos – consultamos todos os tex- tos da seção de cultura dos jornais apresentados no item anterior. Encontramos um total de 523 textos, sendo 219 da área E.1, jornal La Razón, 134 da área E.2, jornal Diario de Sevilla, e 170 da área E.3, jornal La Opinión de Tenerife; (iii) o quantitativo de ocorrências – a partir dos textos analisados, encontramos um total de 267 ocorrências de uso das desinências -ra e -se, sendo 124 do espanhol Castelhano (E.1), 71 do espanhol de Andaluzia (E.2) e 55 do espanhol das Ilhas Canárias (E.3); e (iv) o período de obtenção do corpus – o período para a obtenção do corpus escrito dos jornais eletrônicos compreende o mês de janeiro, do dia 01 ao 31 de 2018. 3. Análise Neste capítulo, objetivamos apresentar a análise do corpus recolhido, através de ocor- rências das desinências -ra e -se do pretérito imperfeito do subjuntivo do espanhol peninsular, e cujos objetivos são: (i) identificar se no corpus em questão, ou seja, nessa variedade do es- panhol, há preferência por uma das formas e (ii) identificar em quais contextos ocorre o uso de tais desinências. Após a constituição do corpus, formado por textos da seção de cultura de um jornal eletrônico de cada área geoletal da variedade peninsular do espanhol, contamos o seguin- te quantitativo de dados: Gráfico 1: Quantitativo total das ocorrências -ra e -se por área geolectal Podemos perceber, claramente, uma grande preferência pela forma -ra, em detrimento da forma -se, que corresponde a apenas 13,6% dos dados analisados. Se considerarmos os usos específicos de cada área geoletal, podemos verificar que a preferência por -ra, ainda que comum
  • 6. 372ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS às três, varia em cada caso. Vimos que a forma -ra tem sua origem no pretérito mais que perfeito do indicativo latino e a forma -se, do mais que perfeito do subjuntivo latino. Desse modo, alguns autores (STERCK, 2000; LLORACH, 1994; GILI Y GAYA, 1991) descrevem que a desinência -ra pode ter seus usos alterados com valores modais de indicativo. Como nosso objetivo é o preté- rito imperfeito do subjuntivo, analisamos cada ocorrência e através do método de substituição por uma forma equivalente excluímos os usos que correspondiam ao modo indicativo. A partir do nosso corpus, identificamos o seguinte índice: Gráfico 2: Ocorrências -ra e -se Identificados os usos essencialmente subjuntivos, que é o objeto de análise aqui, classi- ficamos cada ocorrência de acordo com o contexto expresso, baseado na lista de usos descritos por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307). Abaixo, devido a fatores externos, listamos apenas um pequeno grupo dos dados analisados, uma ocorrência de cada área geoletal relacio- nada aos contextos analisados, ao lado da área geoletal correspondente é colocado entre parên- teses a identificação do contexto descrito por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307): E.1- (A) Su director artístico de entonces le opuso a Serge Gainsbourg que compusiera para la joven promesa, lo que se materializó con “N’écoute pas les idoles” E.1 (B) Parí mi celda cogí en brazos a ese hermoso monstruo lleno de vida y supe que querer era eso el deseo sin culpa de asesinar a cualquiera que a mi cría le provocara una sola lágrima E.1 (C) pero sería absurdo que desviase entradas para ser revendidas en canales de reventa aje- nos a ellos», ha añadido
  • 7. 373ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS E.1 (D) Mi hijo me pidió que fuera con él al plató para arreglar nuestras diferencias y me en- contré con un ataque feroz. E.2 (E) Al no conseguir su sonoridad insistieron en revisar sus instrumentos, no podían creer que los sonidos que habían escuchado se pudieran obtener a través de instrumentos normales y corrientes. E.1 (F) y no sonó el disparo, con lo que Don José tuvo que morir de un infarto sin que trajera a Monica Vitti un arma de recambio. E.1 (G) La lectura de Dudamel no pasó de la acuidad e intrascendencia, por mucho que el sonido de la Filarmónica de Viena fuese oro puro. E.1 (H) Aunque tía Bess y Mamma le enseñaban himnos piadosos y rezaban para que no fuese como su padre E.3 (I) sería realmente monstruoso si esto terminase aquí” E.1 (J) No tendría nada de particular si no fuera porque los Clarkson, a pesar de su apellido, son una familia española corriente y moliente del barrio madrileño de Tetuán. E.3 (K) “Lo recuerdo como si fuese hoy, gente que no se conocía, de lados opuestos del planeta, bailando o unos con otros, celebrando juntos”, dijo. E.1 (M) por no decir que haría ponerse bizco a más de un experto en psicopatología que lo es- tuviera viendo E.2 (N) “Beowulf tuvo que ser compuesto antes de que los mismos perdieran sus connotaciones paganas originales y se cristianizasen”. E.1 (O) Ojalá que acabara ya, por el bien de todos. Levando em consideração apenas as ocorrências que correspondem ao modo subjunti- vo, identificamos o seguinte percentual:
  • 8. 374ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS Gráfico 3: Quantitativo de ocorrências que correspondem ao modo subjuntivo por área geoletal Com isso, percebemos que mesmo nos usos que correspondem ao modo subjuntivo ainda há a predominância da desinência -ra. No espanhol Castelhano e espanhol de Andaluzia percebemos uma equivalência entre as ocorrências de -se, ambos possuindo o mesmo percen- tual de 20%. Depois de analisar os usos essencialmente subjuntivos, a fim de verificar em quais contextos, descritos por Jacobi, Melone y Menon (2011, p. 306, 307), acontecem os maiores índices de uso do pretérito imperfeito do subjuntivo, podemos apresentá-los a partir do gráfico a seguir: Gráfico 4: Índice de ocorrências subjuntivas por contexto. Os três contextos em que ocorre o maior uso do tempo verbal em questão são: (M) para falar de pessoas ou coisas do passado ou hipotéticas de forma inespecífica, que corresponde a 22% dos dados analisados; (I) para falar de acontecimentos de realização improvável no pre- sente ou no futuro nas orações condicionais, que corresponde a 18%, e (H) para explicar um objetivo passado detrás das expressões de finalidade, que corresponde a 16%. Podemos perce- ber a variação entre as formas -ra e -se não ocorre nos contextos A, B, J, e O, sendo a forma -ra a predominante. No contexto E, embora as desinências coexistam, a forma -se é que prevalece. Houve apenas um caso de ocorrência exclusiva da desinência -se, no contexto G. No restante dos contextos as formas competem para a expressão do pretérito imperfeito do subjuntivo. 4. Conclusão Ao analisarmos o fenômeno de variação linguística das desinências -ra e -se do preté- rito imperfeito do subjuntivo do espanhol peninsular, percebemos que, de modo geral, há uma grande preferência pela forma -ra em detrimento da forma -se. Levando em consideração os usos específicos de cada área geoletal (E.1, espanhol Castelhano; E.2, espanhol da Andaluzia
  • 9. 375ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS e E.3, espanhol das Ilhas Canárias), todas as três variedades apresentaram a predominância da forma -ra. Identificamos, através do método de substituição por uma forma equivalente, que, nas três variedades do espanhol peninsular, a forma -ra permanece com valores modo-tempo- rais indicativos residuais de sua origem latina, com os quais coexistem significativamente, com seus valores assimilados do subjuntivo. Foi identificado que em determinados contextos tais formas não coexistem, sendo a forma -ra a única escolha nos contextos A, B, J E O. Embora o quantitativo de ocorrências da forma -se não seja muito significativo, percebemos que ela pode estar se especializando a contextos específicos, resistindo a essa competição, como o caso do contexto G. Referências ALARCOS LLORACH, Emilio. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe, 1995. FUKUSHIMA, Noritaka. Pasado, presente y futuro del subjuntivo en español. Universidad de Estudios extranjeros de Kobe, 2015. GILI Y GAYA, Samuel. Curso superior de sintaxís española. Barcelona: SPES, 1961. JACOBI, Claudia, MELONE, Enrique y MENON, Lorena. Gramática en contexto. Madrid: Edelsa, 2011. MORENO FERNANDÉZ, Francisco. Qué español enseñar. Madrid: Arco Libros, 2000. ROJO, Guillermo. Me pidieron que reseñara/reseñase el libro que Bosque publicara/publicase en 1980. Universidad de Santiago de Compostela, 2011. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Esbozo de una nueva gramática de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1991. STERCK, Goedele de. Gramática española: enseñanza e investigación: registros y áreas geográficas en lingüística: valores y usos de las formas verbales en –ra, -se, -ría y –re. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2000. ARROYO, José Luis Blas. Sociolingüística de español: desarrollos y perspectivas en el estudio de la lengua española en contexto social. Madrid: Ediciones Cátedra, 2005. HORTEN, Steinar. Las variantes -ra y -se del pretérito imperfecto de subjuntivo. Un estudio de
  • 10. 376ANAIS DO XVIII COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS la variabilidad en la preferencia por las variantes -ra y -se realizado con hablantes nativos de Canarias y Chile. Tese (Mestrado em Língua Espanhola) – Departamento de Língua e Cultura, Universidade da Noruega, 2017. PATO, Enrique. La génesis histórica de la alternancia modal condicional simple (ría) / imperfecto de subjuntivo (-se /-ra). Actas del VI Congreso Internacional de Historia de la Lengua española: Madrid, 29 de septiembre - 3 octubre 2003, vol. 1, 2006, ISBN 84-7635-636-6, págs. 977-986. WEINREICH, Uriel; LABOV, William e HERZOG, Marvin I. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança lingüística. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial 2006 (1968).