1. MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE HUMANA
Reprodução Medicamente Assistida
Ana Beatriz Silva, nº2; Inês Pereira, nº17 ; João Parracho, nº18*
Agrupamento de Escolas de Ílhavo – Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes
A reprodução medicamente assistida (RMA) consiste na utilização de diversas técnicas
médicas para auxiliar casais ou indivíduos que, por variadas razões, não conseguem procriar.
As técnicas de reprodução assistida são geralmente aplicadas a indivíduos com problemas de
fertilidade ou que sejam portadores de doenças contagiosas ou hereditárias.
Descoberta / invenção
Depois de 10 anos de trabalho, em Novembro de 1977, Richard Edwards, com a parceria de
Patrick Steptoe, conseguiu que um oócito extraído de Lesley Brown fosse fecundado por um
espermatozoide do seu marido, numa proveta.
A 25 de Julho de 1978 nasce Louise Brown, o primeiro “bebé-proveta”, saudável e decorrente
de uma gravidez sem complicações.
http://teovida.wikispaces.com/Reprodu%C3%A7%C3%A
3o+Assistida
Diagnóstico e assistência à infertilidade
Se um casal pretende engravidar e apresenta dificuldades, é necessária a realização de alguns
exames diagnósticos, aos dois indivíduos, como, por exemplo: análise hormonal, ecografias ou
espermograma. Posteriormente, é elaborado um plano de ação médica, com a escolha dos
métodos mais adequados em função do casal e do respetivo caso de infertilidade, com a
determinação da sua sequência e das possíveis conjugações de métodos para obtenção de
melhores resultados. Os casais devem ser devidamente informados e esclarecidos para que a
sua decisão possa ser totalmente livre e o ato médico um consentimento informado.
Existem três principais métodos de reprodução medicamente assistida:
Inseminação Artificial
Os espermatozoides provenientes do homem são colocados
no útero, tendo que se deslocar até às trompas de Falópio
para fecundarem o gâmeta feminino.
Img. 3: Esquema da aspiração testicular
de espermatozoides
http://origen1.hospedagemdesites.ws/wpcontent/uploads/2013/07/puncao1.png
Img. 2: Aconselhamento médico a um casal infértil
http://www.vitrinedenoiva.com.br/blog/wpcontent/uploads/2013/06/casal-consulta.jpg
Causas da recorrência à RMA
Infertilidade masculina:
•Problemas na síntese de hormonas
essenciais à espermatogénese
•Problemas
na
produção
de
espermatozoides/esperma
•Bloqueio no transporte de esperma
•Perturbações na ejaculação e ereção
Infertilidade feminina:
•Problemas na produção de hormonas
•Problemas na produção de oócitos
•Bloqueio no transporte de esperma e
oócitos
Injeção Intracitoplasmática de
Espermatozoides (ICSI)
Fecundação in Vitro (FIV)
União, em laboratório, dos gâmetas masculino e feminino, em
condições controladas (a 37º C e condições de assepsia) e
posterior transferência do embrião para a cavidade uterina.
Introdução artificial, em laboratório, de um espermatozoide
dentro de um oócito II, provocando a fecundação. O
embrião é, posteriormente, transferido para o útero ou para
as trompas de Falópio.
Img. 4: Esquema da colocação dos
espermatozoides na cavidade uterina
Adaptado de:
http://www.fertvida.com.br/images/bannerinsemina
caointrauterina.png
Procedimento:
Motivos da sua
•Indução da ovulação na aplicação:
mulher, de modo a que esta
•Problemas ao nível do
coincida com a inseminação;
esperma (quantidade dos
•Recolha dos espermatozoides
espermatozoides);
do homem por aspiração nos
•Incompatibilidades entre
epidídimos ou masturbação;
•Separação, em laboratório o esperma e muco cervical;
dos espermatozoides mais •Impotência
masculina
saudáveis
dos
outros (dificuldade na ejaculação)
componentes do esperma;
•A fração que contém
espermatozoides altamente
móveis é colocada na cavidade
uterina, usando um cateter
fino.
Img. 1: Capa do jornal Evening News sobre o
nascimento de Louise Brown
As taxas de sucesso deste
método rondam os 15-20%
por tentativa, de acordo
com a AVA Clinic (Centro de
Fertilidade de Lisboa).
A
recolha
de
espermatozoides do
homem pode ser feita
através de:
- Masturbação
- Aspiração testicular
- Aspiração
nos
epidídimos
Img. 5: Espermatozoides normal e com deformações
observados ao microscópio eletrónico
http://www.oncofertilidade.com.br/img/img_microscopio.jpg
Img. 6: Esquema da aspiração de oócitos
Adaptado
de:
http://2.bp.blogspot.com/_e-AZb0_IOY/TKjWzJ1nSwI/AAAAAAAAAIo/UdqH-e2ixM/s1600/aspiracao+ovulos.jpg
Procedimento:
•Indução do desenvolvimento
folicular, de modo a obter o
máximo número de oócitos II;
Img. 7: Esquema do procedimento da FIV
http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/biologia/imagens
/12_reproducao_medicamente_assistida_01_d.jpg
Motivos da sua aplicação:
•As trompas de Falópio
encontram-se
danificadas,
não podendo ser recuperadas
•Aspiração dos oócitos dos com cirurgia;
folículos antes que ocorra a •Reduzido
número
de
ovulação e análise dos mesmos; espermatozoides e/ou sem
•Recolha de espermatozoides mobilidade, incapazes de
por aspiração testicular/ dos fecundar o gâmeta feminino,
epidídimos ou por masturbação; mesmo quando colocados no
útero
por
inseminação
•Os oócitos são colocados em
artificial.
meio de cultura próprio e são
adicionados os espermatozoides;
As taxas de sucesso da FIV são,
•Após a fecundação, o embrião é em média, de cerca de 35-45%
mantido em laboratório durante por tentativa, de acordo com a
48 a 96 horas, em condições AVA Clinic.
Img. 10 Execução da injeção de
Img. 9 Introdução de um espermatozoide
espermatozoides
dento de um oócito II
http://www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohuma
http://wp.oktiva.com.br/fertvida/files/2010/02/icsi.jpg
na/wpcontent/uploads/2013/05/IMG_0428.jpg
Procedimento:
•Recolha
de
gâmetas
masculinos e femininos por
processos semelhantes aos
executados na FIV;
•Injeção
com
uma
micropipeta
do
espermatozoide, dentro do
oócito;
•Transferência do embrião
para o útero ou trompas de
Falópio.
Motivos da sua aplicação:
•Baixa concentração
espermatozoides
homem;
•Espermatozoides
mobilidade;
de
no
sem
•Obstrução das vias genitais.
As taxas de sucesso da ICSI são de cerca de 35-45% por
tentativa, de acordo com AVA Clinic.
idênticas ao organismo materno
ou congelado para posteriores
tentativas;
.
•Os embriões com maior
potencial de desenvolvimento e
nidação são transferidos para a
cavidade uterina.
Img. 8: Embrião com 4 células
http://static.hsw.com.br/gif/in-vitro-fertilization-4.jpg
Tab. 1: Tabela de preços das técnicas de reprodução medicamente assistida
Adaptado de: http://www.cnpma.org.pt/Docs/Legislacao_Portaria_67_2011.pdf
Questões Bioéticas
Referências
Existem algumas questões que têm originado diversos debates de dimensão ética, tais como:
- A possibilidade de escolha do sexo do filho (ou de outras caraterísticas), já que em alguns países um sexo é privilegiado
em relação ao outro, como é o caso da China. “Se a tecnologia vier um dia a ter capacidade para produzir uma criança com
as características que os pais encomendem, (…) a tendência será, com efeito, a de os pais olharem para os filhos como para
o produto que encomendaram, instrumentalizando-os, e que os filhos acusem os pais por eventuais características com que
não se identificam.” (CNECV, 1993, página 9)*
- Embriões excedentários resultantes da indução da ovulação: Os destinos possíveis são a sua destruição, dação a um
outro casal infértil ou uso para experiências de investigação. Atualmente, o CNECV não consente nenhuma destas soluções e
para o evitar, diz que “há apenas a solução de garantir que todos os embriões excedentários sejam, mais tarde, transferidos
para a mulher que para eles contribuiu, ou, se se julga que essa garantia não é realista, impedir radicalmente a formação de
embriões excedentários, não inseminando mais de três ou quatro ovócitos em cada ciclo”. (CNECV, 1993, página 12)*
- Maternidade de substituição: levanta questões relacionadas com exploração de mulheres, comercialização de bebés e
degradação do valor simbólico de maternidade. As “barrigas de aluguer” só serão possíveis sob autorização do Conselho
Nacional de Procriação Medicamente Assistida e audição prévia da Ordem dos Médicos, sendo concebida para situações
absolutamente excecionais. Nesses casos, impõem-se a natureza gratuita e exclusivamente altruísta dos negócios jurídicos
envolvidos, com proibição de quaisquer pagamentos, à exceção de despesas de saúde.
In Ribeiro, E.; Silva, J. C.; Oliveira, O.; Reprodução e
Manipulação da Fertilidade, (2013) Biodesafios, Edições
ASA, pp. 10-87
http://www.publico.pt/ciencia/noticia/louise-brown-oprimeiro-bebeproveta-1459373
http://www.avaclinic.pt/info/treatments/2?l=PT
*Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida,
1993, Parecer Sobre Reprodução Medicamente Assistida
(3/CNE/93)
;
Disponível
em:
http://www.cnecv.pt/admin/files/data/docs/1273059600_
P003_PMA.pdf
Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, 1993,
Parecer Sobre Procriação Medicamente Assistida e
Gestação de Substituição (63/CNE/2012); Disponível em:
http://www.cnecv.pt/admin/files/data/docs/1333387220parecer-63-cnecv-2012-apr.pdf
Img. 11: Imagem alusiva ao
conceito “bebé-proveta” e às
questões éticas que deste advêm
Imagem
11:
http://2.bp.blogspot.com/_waM5uaxrXQ/TC0GuwYbvEI/AAAAAAAAAMo/yW_S98JjmBQ/s1600/t
est+tube+babies.JPG
* Trabalho realizado no ano letivo 2013/2014, na no âmbito da disciplina de Biologia, 12º ano B.