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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
FACULDADE DE TEOLOGIA - BRAGA
MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1.º grau
canónico)
_______________________
2º Ano
JOÃO MIGUEL PEREIRA
joaofreigil@hotmail.com
Seminário Interdiocesano de São José | Ed. Faculdade de Teologia,
Rua de St. Margarida | 4710-306 Braga
_______________________
Teologia Filosófica
Prof. José Rui Costa Pinto, S.J.
Análise do texto: O argumento do desígnio (o antigo e o novo)
ROWE. William L., Introdução à Filosofia da Religião (trad.),
Babel/verbo, Lisboa, 2011, 87-107.
Nota: O número de página apresentado no corpo do texto, no
modelo “(pag. 100)”, permite consultar na obra citada a informação
relativa ao texto que o precede.
Braga
2016
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ARGUMENTO DO DESÍGNIO
Ponto de partida: Sentimento de que existirem coisas no universo que manifestam ordem e desígnio.
«Olhai o mundo em volta: contemplai o todo e cada parte: descobrireis que não é senão uma enorme máquina,
subdividida num número infinito de máquinas menores, que por sua vez se subdividem para lá do que os
sentidos e faculdades humanos conseguem seguir e explicar. Todas estas diversas máquinas, e mesmo as suas
partes mais diminutas, ajustam-se entre si com uma precisão que deixa estupefactos todos os homens que já as
comtemplaram» (David Hume). (pag. 87)
Tese: Procura convencer-nos de que seja o que for que produziu o universo tem de ser um ser
inteligente.
«A curiosa adaptação de meios a fim em toda a natureza assemelham-se exatamente, embora em muito os
exceda, aos produtos do engenho humano; do desígnio do pensamento, da sabedoria, e da inteligência humanos.
Visto que, portanto, os efeitos se assemelham entre si, somos levados a inferir, segundo todas as regras da
analogia, que as causas também se assemelham; e que o autor da natureza é de algum modo similar à mente do
homem, embora detentor de faculdades muito mais vastas, proporcionais à grandiosidade da obra que executou.
Com este argumento a posteriori e apenas com este argumento, provamos de uma só vez a existência de uma
divindade, e a sua semelhança com a mente e inteligência humanas» (David Hume). (pag. 87-88)
Analogia: Estabelece uma analogia entre muitas coisas da natureza e coisas produzidas por seres
humanos (p/ex. máquinas).
«Visto que sabemos que as máquinas (relógios, câmaras fotográficas, telemóveis, automóveis, etc.) são
produzidos por seres inteligentes, e visto que muitas coisas na natureza se assemelham tão intimamente a
máquinas, estamos autorizados “segundo todas as regras da analogia” a concluir que seja o que for que tenha
produzido esses objetos naturais é um ser inteligente.» (pag. 88)
Versão original do argumento do desígnio:
1 - As máquinas são produzidas por desígnio inteligente.
2 - O universo assemelha-se a uma máquina.
Logo,
3 - Provavelmente o universo foi produzido por um desígnio inteligente.
Argumentação direta / Argumentação analógica:
Argumentação direta tem origem num raciocínio que se baseia na observação de coisas ou acontecimentos que são
exatamente semelhantes ao nosso objeto de estudo.
Ex. Pretende determinar-se a toxidade de um químico no Judas. Não queremos testar esse químico no Judas pois sabemos que é
possível que ele morra, o que não é pretendido. Testamos esse químico num grupo de amigos do Judas. Se mais de metade dos
amigos morrer deduzimos que testando o mesmo químico no Judas o mais provável é que este morra.
Argumentação analógica tem origem num raciocínio que se baseia na observação de coisas ou acontecimentos que se
assemelham mas não são exatamente o mesmo que o nosso objeto de estudo.
Ex. Pretende determinar-se a toxidade de um químico no Judas. Não queremos testar esse químico no Judas pois sabemos que é
possível que ele morra, o que não é pretendido. Testamos esse químico num grupo de ratos e macacos porque sabemos que têm
algumas características biológicas em comum com o Judas (sangue quente, sistema nervoso central, etc.). Se mais de metade
desse animais morrer deduzimos que testando o mesmo químico no Judas o mais provável é que este morra. (pag. 89-90)
© João Miguel Pereira, joaofrigil@hotmail.com – Faculdade de Teologia U.C.P. – Braga 2016 3
De que maneira ou maneiras se assemelha o universo a uma máquina?
William Paley comparou o universo a um relógio e afirmou que toda a manifestação de desígnio que há
num relógio há também no funcionamento da natureza.
Se examinarmos um relógio de bolso, observamos que as suas partes estão conectadas de tal modo que
quando uma se move, isso causa o movimento de outras partes. Esta é uma característica comum das
máquinas com partes móveis, e é também uma característica que se escontra no nosso universo. O nosso
sistema solar, por exemplo, compõe-se de partes – o Sol, os planetas, as suas luas – que se movem, e ao
moverem-se causam, através da força gravitacional, o movimento de outras partes. Embora isto seja
verdade, não diz todavia tudo acerca de como as outras partes das máquinas se relacionam entre si. Se
olharmos novamente para o relógio vimos não só que as suas partes estão dispostas de modo a funcionarem
conjuntamente mas que sob as condições adequadas funcionam conjuntamente para servir uma
determinada finalidade. (pag. 91)
Os defensores do desígnio afirmaram que a base da analogia entre o universo e as máquinas é que se
encontra, no mundo natural, muitas coisas, e partes de coisas, que são sistemas teleológicos. São exemplo
disso os órgãos dos animais, cada um servindo qualquer razoavelmente clara. Parece razoável pensar que
as plantas e os animais que compõem parte do mundo natural são sistemas teleológicos (tal como C.D.
Broad comentou). (pag. 92)
Este argumento afeta a imaginação dos seus defensores da seguinte forma: Uma vez compreendido o que é
um relógio, como funciona e qual a sua finalidade, seria completamente absurdo supor que a sua origem se
deve a algum acidente em vez de ao desígnio inteligente. Visto que as partes das plantas e dos animais se
organizam, tal como as de um relógio, para uma finalidade, será absurdo supor que o mundo natural surgiu
por acidente em vez de desígnio inteligente.
«Por que será a disposição dos dentes tão feliz, ou, ao invés, por que não há dentes noutros ossos além dos
maxilares? Porquanto poderiam ter sido tão eficazes com estes. Mas a razão é nada ser feito tolamente ou
em vão; isto é, há uma providência divina que ordena todas as coisas» (Henry More). (pag. 93)
Primeira crítica: Ainda que tenhamos visto que no mundo natural há muitas coisas (plantas e animais, por
exemplo) que parecem partilhar com as máquinas a interessante e importante característica de serem
sistemas teleológicos, acreditamos que o universo em si é um sistema teleológico? Nada do que
consideramos até agora mostra que o universo é um sistema teleológico. Para o mostrar teríamos de afirmar
que o próprio universo tem uma finalidade e que as suas partes estão dispostas de tal modo que funcionam
conjuntamente para a realização dessa finalidade. Mas parece claro que olhando para o pequeno
fragmento do universo que nos é acessível, não podemos distinguir a finalidade do universo em si.
Então, no máximo podemos dizer que o universo contém muitas partes (além dos objetos feitos pelos seres
humanos) que são sistemas teleológicos. (pag. 94) Assim:
Versão revista do argumento do desígnio:
1 – As máquinas são produzidas por desígnio inteligente.
2 – Muitas partes naturais do universo assemelham-se a máquinas.
Logo,
3 – Provavelmente, o universo (ou pelo menos muitas das suas partes naturais) foi produzido
por desígnio inteligente. (pag. 95)
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Indícios de desígnio inteligente:
O mundo natural contém muitos sistemas teleológicos. A hipótese que primeiramente surge para explicar a
sua origem é que também estes (como as máquinas) foram criados por um desígnio inteligente. Sendo que
nenhum ser humano poderia ter sido o criador inteligente do universo (ou das suas partes naturais que são
sistemas teleológicos), parece razoável que algum ser sobre-humano concebeu inteligentemente o universo
no seu todo, ou pelo menos muitas das suas partes. Mas, será esta a única hipótese para explicar os
sistemas teleológicos no mundo natural?
Desde o desenvolvimento da teoria da evolução (Chares Darwing, 1809-1882) o argumento do desígnio
tem perdido alguma força persuasiva pois esta hipótese naturalista explica razoavelmente os sistemas
teleológicos na natureza. Ainda assim, alguns biólogos argumentam que a seleção natural sem desígnio
inteligente é inadequada para explicar a complexidade dos seres vivos que habitam o nosso planeta:
Críticas ao argumento evolucionista de Darwin:
Michael J. Behe argumenta que o princípio da seleção natural de Darwin não pode explicar o facto de
muitos sistemas biológicos serem «irredutivelmente complexos» ao nível molecular. (pag. 96) Refere
que um sistema biológico irredutivelmente complexo é um sistema que simplesmente não pode funcionar a
menos que todas as partes estejam presentes e adequadamente conectadas. Ora, como a evolução
darwinista procede por ligeiras modificações sucessivas em sistemas operacionais, que por acaso se
adaptam a mudanças ambientais, afirma que é extremamente difícil ver, se não mesmo impossível, como se
pode chegar, por meio da teoria darwinista, a sistemas irredutivelmente complexos ao nível molecular.
Ainda assim, mesmo que Behe estivesse correto, há uma grande distância até á justificação de que os
sistemas biológicos irredutivelmente complexos exigem a existência de um Deus teísta. (pag 97)
Novo Argumento do Desígnio:
Kenneth R. Miller concorda com Behe que, se o darwinismo não pode explicar a aparente complexidade
irredutível ao nível da célula viva, então está condenado. Observa contudo que embora a biologia celular
não existisse no tempo de Darwin, este teve o cuidado de procurar explicar como a sua teoria podia dar
conta de um sistema irredutivelmente complexo. Miller considera que Behe e o seu argumento da
complexidade irredutível é apenas mais uma tentativa falhada de encontrar no nosso planeta a
ocorrência de algo que a ciência é supostamente incapaz de explicar.
Miller argumenta que dada a teoria do Big-Bang acerca da origem do universo, faz todo o sentido supor
que a existência do nosso universo foi causada por um ser sobrenatural. Afirma que a teoria darwinista
pode explicar a lenta emergência ao longo do tempo de sistemas teleológicos intricados. Para este autor, só
da origem do universo se pode razoavelmente afirmar que foi ato de criação e desígnio inteligente. Miller é
mais cuidadoso que Behe em afirmar que há acontecimentos no nosso planeta que são inexplicáveis sem
alguma atividade imediata, direta, de Deus pois, é demasiado frequente mostrar-se, a longo prazo, que os
acontecimentos terrenos supostamente resultantes da exclusiva intervenção de Deus são consequência
causal de forças puramente naturais. É a própria origem do universo, cujas constantes são tais que
permitem a emergência de vida humana neste planeta tão insignificante, que Miller acredita ter sido
diretamente causada por Deus – Novo Argumento do Desígnio. (pag. 98) Argumenta-se agora que Deus
é indispensável para explicar por que razão há um universo cujas constantes são tais que permitem a
ocorrência de um planeta com condições que tornam a vida possível. (pag. 99)
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As críticas de Hume ao argumento do desígnio:
1 – Criticas à afirmação de que o universo é como uma máquina:
- A vastidão do universo enfraquece a afirmação de que este se assemelha a uma máquina ou a qualquer
outra criação humana; (pag. 99)
- Faz notar que embora haja ordem e desígnio na parte do universo em que habitamos, tanto quanto
sabemos pode haver vastas extensões do universo onde reine o caos oculto.
- Admitindo que a causa do desígnio inteligente é a causa da produção das coisas no pequeno fragmento do
universo que podemos observar, a conclusão de que o desígnio inteligente é a força produtiva em todo o
universo é um salto irrazoável. «Uma pequena parte deste grande sistema, durante um espaço muito breve
de tempo, mostra-se-nos imperfeitamente; e vamos, partindo daí, pronunciar-nos decisivamente a respeito
da origem do todo?»
Estas críticas afetam diretamente a premissa 2 do argumento original do
desígnio mas já não afetam tão diretamente a formulação revista do argumento
do desígnio. Como nos ocupamos agora da formulação revista podemos por de
parte este grupo de críticas.
2 – Criticas à afirmação de que o argumento do desígnio nos dá uma base adequada para acreditar no
Deus teísta:
- Ao inspecionar o universo, podemos talvez concluir que surgiu por desígnio inteligente, mas o argumento
do desígnio é incapaz de ir além disso; não nos dá qualquer base racional para pensar que seja o que for
que produziu o universo é perfeito, uno, espiritual, sábio e bom, até porque, tanto quanto sabemos, o
universo é um produto muito imperfeito. (pag. 100)
- Mesmo que soubéssemos que o mundo é perfeito na sua vastidão, ainda assim, este mundo podia ser o
último de uma série de mundos, muitos dos quais criações desajeitadas e ineptas, antes de a divindade ter
finalmente conseguido aprender a arte de fazer mundos.
- Ao contrário da crença teísta de que há um único ser divino que produziu o mundo, o universo (à
semelhança do que acontece com as máquinas humanas, construídas por grupos de homens) podia ser
produto do trabalho de muitas divindades menores, cada uma detentora de uma inteligência e perícias
limitadas.
- Faz parte da crença teísta a ideia que a divindade é incorpórea (é ser puramente espiritual). Se inferirmos
a partir da semelhança entre o mundo natural e uma máquina, não temos base para inferir que seja o que for
que produziu o mundo é um ser incorpóreo.
Este grupo de críticas dirige-se a tentativa de interpretar o argumento como
base adequada da crença teísta. Neste grupo de críticas não há dúvida que Hume
tem razão.
ainda assim, são uma base racional para a crença teísta:
Não se pode estabelecer o teísmo apenas através do argumento do desígnio. Muitos teístas
aceitariam esta implicação. Argumentariam, contudo, que os diversos argumentos importantes a favor da
existência de Deus, tomados em conjunto, dão efetivamente uma base racional para acreditar no Deus
teísta. Pelo que o segundo conjunto de críticas apresentadas por Hume, embora mostre claramente as
limitações do argumento do desígnio, não afeta a afirmação mais geral de que os argumentos tradicionais a
favor da existência de Deus, tomados em conjunto, dão ao teísmo uma base racional. (pag. 101)
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Novo Argumento do Desígnio:
Os defensores do novo argumento do desígnio perguntam que condições tem de haver no
universo para que seja sequer possível a existência de seres vivos. E afirmam que dada a mais
prometedora explicação para a origem do universo disponível na ciência moderna – a teoria do Big-Bang –
as hipóteses de o universo se desenvolver de tal modo que a vida é possível são incrivelmente pequenas.
(Veja-se então a coisa assim: havia milhões de maneiras diferentes de o universo se poder ter desenvolvido
a partir do Big-Bang. E apenas de uma dessas maneiras o universo viria a ter características necessárias
para a emergência e a existência contínua do tipo de vida que conhecemos. É caso disso a taxa de expansão
do universo.) (pag. 102)
Sendo que existem muitas condições indispensáveis e que tinham de estar exatamente
ajustadas para que a vida fosse possível, a hipótese do criador inteligente que ajustou o estado inicial
do universo parece uma explicação mais plausível do que o mero acaso para o facto de que o
universo é adequado à vida. Contudo, concluir algo mais acerca da natureza desse criador, como Hume
nos ensinou, seria um erro. O argumento apenas nos permite sustentar a ideia de que a existência de
desígnio inteligente teve um papel no início do universo. Assim, fica ainda em aberto a questão de o
criador inteligente do universo ser o Deus teísta. (pag. 103)
Levanta-se ainda uma possível objeção a esta teoria, resultante da possibilidade da existência de
outros Big-Bangs sem condições indispensáveis à vida. Isto provaria que o nosso universo foi resultante de
um desses Big-Bangs que ao acaso produziu as condições necessárias à vida. Contra isto argumenta
razoavelmente Miller ao defender que, sendo os indícios para a hipótese do universo múltiplo
inalcançáveis, há justificação intelectual para levar a sério a alternativa tradicional: que o nosso universo,
em vez de ter ocorrido por acaso, foi criado por Deus. Note-se que isto não prova ainda que esse criador
tenha sido o Deus teísta pois, qualquer ser sobrenatural com poder absoluto e conhecimento suficiente seria
também capaz de criar o nosso universo. (pag. 104)
Conclusão:
Os argumentos são insuficientes para nos dar uma base racional persuasiva para pensar que o
Deus teísta existe. O argumento do desígnio, tanto o antigo como o novo, dão-nos, quando muito, bases
para pensar que algumas partes naturais do universo ou o universo em si surgiram por desígnio inteligente.
(pag. 105)
Alguns filósofos e teólogos contemporâneos, portanto, contentam-se em pensar não que os
argumentos provam a existência de Deus mas que mostram que a existência de Deus é uma hipótese
plausível para explicar o mundo e a nossa experiência. Os argumentos, nesta perspetiva, dão-nos razões
para defender que a crença em Deus é racional. São argumentos aceitáveis no sentido em que apresentam
considerações a favor da hipótese de que Deus existe.
Embora se tenha visto que a afirmação tradicional de que estes argumentos provam a existência de
Deus está incorreta, isto não exclui a possibilidade de que um ou mais dos argumentos possam
desempenhar um papel importante na defesa intelectual do teísmo. (pag. 106)

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Análise do argumento do desígnio no texto de Rowe

  • 1. © João Miguel Pereira, joaofrigil@hotmail.com – Faculdade de Teologia U.C.P. – Braga 2016 1 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE TEOLOGIA - BRAGA MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1.º grau canónico) _______________________ 2º Ano JOÃO MIGUEL PEREIRA joaofreigil@hotmail.com Seminário Interdiocesano de São José | Ed. Faculdade de Teologia, Rua de St. Margarida | 4710-306 Braga _______________________ Teologia Filosófica Prof. José Rui Costa Pinto, S.J. Análise do texto: O argumento do desígnio (o antigo e o novo) ROWE. William L., Introdução à Filosofia da Religião (trad.), Babel/verbo, Lisboa, 2011, 87-107. Nota: O número de página apresentado no corpo do texto, no modelo “(pag. 100)”, permite consultar na obra citada a informação relativa ao texto que o precede. Braga 2016
  • 2. © João Miguel Pereira, joaofrigil@hotmail.com – Faculdade de Teologia U.C.P. – Braga 2016 2 ARGUMENTO DO DESÍGNIO Ponto de partida: Sentimento de que existirem coisas no universo que manifestam ordem e desígnio. «Olhai o mundo em volta: contemplai o todo e cada parte: descobrireis que não é senão uma enorme máquina, subdividida num número infinito de máquinas menores, que por sua vez se subdividem para lá do que os sentidos e faculdades humanos conseguem seguir e explicar. Todas estas diversas máquinas, e mesmo as suas partes mais diminutas, ajustam-se entre si com uma precisão que deixa estupefactos todos os homens que já as comtemplaram» (David Hume). (pag. 87) Tese: Procura convencer-nos de que seja o que for que produziu o universo tem de ser um ser inteligente. «A curiosa adaptação de meios a fim em toda a natureza assemelham-se exatamente, embora em muito os exceda, aos produtos do engenho humano; do desígnio do pensamento, da sabedoria, e da inteligência humanos. Visto que, portanto, os efeitos se assemelham entre si, somos levados a inferir, segundo todas as regras da analogia, que as causas também se assemelham; e que o autor da natureza é de algum modo similar à mente do homem, embora detentor de faculdades muito mais vastas, proporcionais à grandiosidade da obra que executou. Com este argumento a posteriori e apenas com este argumento, provamos de uma só vez a existência de uma divindade, e a sua semelhança com a mente e inteligência humanas» (David Hume). (pag. 87-88) Analogia: Estabelece uma analogia entre muitas coisas da natureza e coisas produzidas por seres humanos (p/ex. máquinas). «Visto que sabemos que as máquinas (relógios, câmaras fotográficas, telemóveis, automóveis, etc.) são produzidos por seres inteligentes, e visto que muitas coisas na natureza se assemelham tão intimamente a máquinas, estamos autorizados “segundo todas as regras da analogia” a concluir que seja o que for que tenha produzido esses objetos naturais é um ser inteligente.» (pag. 88) Versão original do argumento do desígnio: 1 - As máquinas são produzidas por desígnio inteligente. 2 - O universo assemelha-se a uma máquina. Logo, 3 - Provavelmente o universo foi produzido por um desígnio inteligente. Argumentação direta / Argumentação analógica: Argumentação direta tem origem num raciocínio que se baseia na observação de coisas ou acontecimentos que são exatamente semelhantes ao nosso objeto de estudo. Ex. Pretende determinar-se a toxidade de um químico no Judas. Não queremos testar esse químico no Judas pois sabemos que é possível que ele morra, o que não é pretendido. Testamos esse químico num grupo de amigos do Judas. Se mais de metade dos amigos morrer deduzimos que testando o mesmo químico no Judas o mais provável é que este morra. Argumentação analógica tem origem num raciocínio que se baseia na observação de coisas ou acontecimentos que se assemelham mas não são exatamente o mesmo que o nosso objeto de estudo. Ex. Pretende determinar-se a toxidade de um químico no Judas. Não queremos testar esse químico no Judas pois sabemos que é possível que ele morra, o que não é pretendido. Testamos esse químico num grupo de ratos e macacos porque sabemos que têm algumas características biológicas em comum com o Judas (sangue quente, sistema nervoso central, etc.). Se mais de metade desse animais morrer deduzimos que testando o mesmo químico no Judas o mais provável é que este morra. (pag. 89-90)
  • 3. © João Miguel Pereira, joaofrigil@hotmail.com – Faculdade de Teologia U.C.P. – Braga 2016 3 De que maneira ou maneiras se assemelha o universo a uma máquina? William Paley comparou o universo a um relógio e afirmou que toda a manifestação de desígnio que há num relógio há também no funcionamento da natureza. Se examinarmos um relógio de bolso, observamos que as suas partes estão conectadas de tal modo que quando uma se move, isso causa o movimento de outras partes. Esta é uma característica comum das máquinas com partes móveis, e é também uma característica que se escontra no nosso universo. O nosso sistema solar, por exemplo, compõe-se de partes – o Sol, os planetas, as suas luas – que se movem, e ao moverem-se causam, através da força gravitacional, o movimento de outras partes. Embora isto seja verdade, não diz todavia tudo acerca de como as outras partes das máquinas se relacionam entre si. Se olharmos novamente para o relógio vimos não só que as suas partes estão dispostas de modo a funcionarem conjuntamente mas que sob as condições adequadas funcionam conjuntamente para servir uma determinada finalidade. (pag. 91) Os defensores do desígnio afirmaram que a base da analogia entre o universo e as máquinas é que se encontra, no mundo natural, muitas coisas, e partes de coisas, que são sistemas teleológicos. São exemplo disso os órgãos dos animais, cada um servindo qualquer razoavelmente clara. Parece razoável pensar que as plantas e os animais que compõem parte do mundo natural são sistemas teleológicos (tal como C.D. Broad comentou). (pag. 92) Este argumento afeta a imaginação dos seus defensores da seguinte forma: Uma vez compreendido o que é um relógio, como funciona e qual a sua finalidade, seria completamente absurdo supor que a sua origem se deve a algum acidente em vez de ao desígnio inteligente. Visto que as partes das plantas e dos animais se organizam, tal como as de um relógio, para uma finalidade, será absurdo supor que o mundo natural surgiu por acidente em vez de desígnio inteligente. «Por que será a disposição dos dentes tão feliz, ou, ao invés, por que não há dentes noutros ossos além dos maxilares? Porquanto poderiam ter sido tão eficazes com estes. Mas a razão é nada ser feito tolamente ou em vão; isto é, há uma providência divina que ordena todas as coisas» (Henry More). (pag. 93) Primeira crítica: Ainda que tenhamos visto que no mundo natural há muitas coisas (plantas e animais, por exemplo) que parecem partilhar com as máquinas a interessante e importante característica de serem sistemas teleológicos, acreditamos que o universo em si é um sistema teleológico? Nada do que consideramos até agora mostra que o universo é um sistema teleológico. Para o mostrar teríamos de afirmar que o próprio universo tem uma finalidade e que as suas partes estão dispostas de tal modo que funcionam conjuntamente para a realização dessa finalidade. Mas parece claro que olhando para o pequeno fragmento do universo que nos é acessível, não podemos distinguir a finalidade do universo em si. Então, no máximo podemos dizer que o universo contém muitas partes (além dos objetos feitos pelos seres humanos) que são sistemas teleológicos. (pag. 94) Assim: Versão revista do argumento do desígnio: 1 – As máquinas são produzidas por desígnio inteligente. 2 – Muitas partes naturais do universo assemelham-se a máquinas. Logo, 3 – Provavelmente, o universo (ou pelo menos muitas das suas partes naturais) foi produzido por desígnio inteligente. (pag. 95)
  • 4. © João Miguel Pereira, joaofrigil@hotmail.com – Faculdade de Teologia U.C.P. – Braga 2016 4 Indícios de desígnio inteligente: O mundo natural contém muitos sistemas teleológicos. A hipótese que primeiramente surge para explicar a sua origem é que também estes (como as máquinas) foram criados por um desígnio inteligente. Sendo que nenhum ser humano poderia ter sido o criador inteligente do universo (ou das suas partes naturais que são sistemas teleológicos), parece razoável que algum ser sobre-humano concebeu inteligentemente o universo no seu todo, ou pelo menos muitas das suas partes. Mas, será esta a única hipótese para explicar os sistemas teleológicos no mundo natural? Desde o desenvolvimento da teoria da evolução (Chares Darwing, 1809-1882) o argumento do desígnio tem perdido alguma força persuasiva pois esta hipótese naturalista explica razoavelmente os sistemas teleológicos na natureza. Ainda assim, alguns biólogos argumentam que a seleção natural sem desígnio inteligente é inadequada para explicar a complexidade dos seres vivos que habitam o nosso planeta: Críticas ao argumento evolucionista de Darwin: Michael J. Behe argumenta que o princípio da seleção natural de Darwin não pode explicar o facto de muitos sistemas biológicos serem «irredutivelmente complexos» ao nível molecular. (pag. 96) Refere que um sistema biológico irredutivelmente complexo é um sistema que simplesmente não pode funcionar a menos que todas as partes estejam presentes e adequadamente conectadas. Ora, como a evolução darwinista procede por ligeiras modificações sucessivas em sistemas operacionais, que por acaso se adaptam a mudanças ambientais, afirma que é extremamente difícil ver, se não mesmo impossível, como se pode chegar, por meio da teoria darwinista, a sistemas irredutivelmente complexos ao nível molecular. Ainda assim, mesmo que Behe estivesse correto, há uma grande distância até á justificação de que os sistemas biológicos irredutivelmente complexos exigem a existência de um Deus teísta. (pag 97) Novo Argumento do Desígnio: Kenneth R. Miller concorda com Behe que, se o darwinismo não pode explicar a aparente complexidade irredutível ao nível da célula viva, então está condenado. Observa contudo que embora a biologia celular não existisse no tempo de Darwin, este teve o cuidado de procurar explicar como a sua teoria podia dar conta de um sistema irredutivelmente complexo. Miller considera que Behe e o seu argumento da complexidade irredutível é apenas mais uma tentativa falhada de encontrar no nosso planeta a ocorrência de algo que a ciência é supostamente incapaz de explicar. Miller argumenta que dada a teoria do Big-Bang acerca da origem do universo, faz todo o sentido supor que a existência do nosso universo foi causada por um ser sobrenatural. Afirma que a teoria darwinista pode explicar a lenta emergência ao longo do tempo de sistemas teleológicos intricados. Para este autor, só da origem do universo se pode razoavelmente afirmar que foi ato de criação e desígnio inteligente. Miller é mais cuidadoso que Behe em afirmar que há acontecimentos no nosso planeta que são inexplicáveis sem alguma atividade imediata, direta, de Deus pois, é demasiado frequente mostrar-se, a longo prazo, que os acontecimentos terrenos supostamente resultantes da exclusiva intervenção de Deus são consequência causal de forças puramente naturais. É a própria origem do universo, cujas constantes são tais que permitem a emergência de vida humana neste planeta tão insignificante, que Miller acredita ter sido diretamente causada por Deus – Novo Argumento do Desígnio. (pag. 98) Argumenta-se agora que Deus é indispensável para explicar por que razão há um universo cujas constantes são tais que permitem a ocorrência de um planeta com condições que tornam a vida possível. (pag. 99)
  • 5. © João Miguel Pereira, joaofrigil@hotmail.com – Faculdade de Teologia U.C.P. – Braga 2016 5 As críticas de Hume ao argumento do desígnio: 1 – Criticas à afirmação de que o universo é como uma máquina: - A vastidão do universo enfraquece a afirmação de que este se assemelha a uma máquina ou a qualquer outra criação humana; (pag. 99) - Faz notar que embora haja ordem e desígnio na parte do universo em que habitamos, tanto quanto sabemos pode haver vastas extensões do universo onde reine o caos oculto. - Admitindo que a causa do desígnio inteligente é a causa da produção das coisas no pequeno fragmento do universo que podemos observar, a conclusão de que o desígnio inteligente é a força produtiva em todo o universo é um salto irrazoável. «Uma pequena parte deste grande sistema, durante um espaço muito breve de tempo, mostra-se-nos imperfeitamente; e vamos, partindo daí, pronunciar-nos decisivamente a respeito da origem do todo?» Estas críticas afetam diretamente a premissa 2 do argumento original do desígnio mas já não afetam tão diretamente a formulação revista do argumento do desígnio. Como nos ocupamos agora da formulação revista podemos por de parte este grupo de críticas. 2 – Criticas à afirmação de que o argumento do desígnio nos dá uma base adequada para acreditar no Deus teísta: - Ao inspecionar o universo, podemos talvez concluir que surgiu por desígnio inteligente, mas o argumento do desígnio é incapaz de ir além disso; não nos dá qualquer base racional para pensar que seja o que for que produziu o universo é perfeito, uno, espiritual, sábio e bom, até porque, tanto quanto sabemos, o universo é um produto muito imperfeito. (pag. 100) - Mesmo que soubéssemos que o mundo é perfeito na sua vastidão, ainda assim, este mundo podia ser o último de uma série de mundos, muitos dos quais criações desajeitadas e ineptas, antes de a divindade ter finalmente conseguido aprender a arte de fazer mundos. - Ao contrário da crença teísta de que há um único ser divino que produziu o mundo, o universo (à semelhança do que acontece com as máquinas humanas, construídas por grupos de homens) podia ser produto do trabalho de muitas divindades menores, cada uma detentora de uma inteligência e perícias limitadas. - Faz parte da crença teísta a ideia que a divindade é incorpórea (é ser puramente espiritual). Se inferirmos a partir da semelhança entre o mundo natural e uma máquina, não temos base para inferir que seja o que for que produziu o mundo é um ser incorpóreo. Este grupo de críticas dirige-se a tentativa de interpretar o argumento como base adequada da crença teísta. Neste grupo de críticas não há dúvida que Hume tem razão. ainda assim, são uma base racional para a crença teísta: Não se pode estabelecer o teísmo apenas através do argumento do desígnio. Muitos teístas aceitariam esta implicação. Argumentariam, contudo, que os diversos argumentos importantes a favor da existência de Deus, tomados em conjunto, dão efetivamente uma base racional para acreditar no Deus teísta. Pelo que o segundo conjunto de críticas apresentadas por Hume, embora mostre claramente as limitações do argumento do desígnio, não afeta a afirmação mais geral de que os argumentos tradicionais a favor da existência de Deus, tomados em conjunto, dão ao teísmo uma base racional. (pag. 101)
  • 6. © João Miguel Pereira, joaofrigil@hotmail.com – Faculdade de Teologia U.C.P. – Braga 2016 6 Novo Argumento do Desígnio: Os defensores do novo argumento do desígnio perguntam que condições tem de haver no universo para que seja sequer possível a existência de seres vivos. E afirmam que dada a mais prometedora explicação para a origem do universo disponível na ciência moderna – a teoria do Big-Bang – as hipóteses de o universo se desenvolver de tal modo que a vida é possível são incrivelmente pequenas. (Veja-se então a coisa assim: havia milhões de maneiras diferentes de o universo se poder ter desenvolvido a partir do Big-Bang. E apenas de uma dessas maneiras o universo viria a ter características necessárias para a emergência e a existência contínua do tipo de vida que conhecemos. É caso disso a taxa de expansão do universo.) (pag. 102) Sendo que existem muitas condições indispensáveis e que tinham de estar exatamente ajustadas para que a vida fosse possível, a hipótese do criador inteligente que ajustou o estado inicial do universo parece uma explicação mais plausível do que o mero acaso para o facto de que o universo é adequado à vida. Contudo, concluir algo mais acerca da natureza desse criador, como Hume nos ensinou, seria um erro. O argumento apenas nos permite sustentar a ideia de que a existência de desígnio inteligente teve um papel no início do universo. Assim, fica ainda em aberto a questão de o criador inteligente do universo ser o Deus teísta. (pag. 103) Levanta-se ainda uma possível objeção a esta teoria, resultante da possibilidade da existência de outros Big-Bangs sem condições indispensáveis à vida. Isto provaria que o nosso universo foi resultante de um desses Big-Bangs que ao acaso produziu as condições necessárias à vida. Contra isto argumenta razoavelmente Miller ao defender que, sendo os indícios para a hipótese do universo múltiplo inalcançáveis, há justificação intelectual para levar a sério a alternativa tradicional: que o nosso universo, em vez de ter ocorrido por acaso, foi criado por Deus. Note-se que isto não prova ainda que esse criador tenha sido o Deus teísta pois, qualquer ser sobrenatural com poder absoluto e conhecimento suficiente seria também capaz de criar o nosso universo. (pag. 104) Conclusão: Os argumentos são insuficientes para nos dar uma base racional persuasiva para pensar que o Deus teísta existe. O argumento do desígnio, tanto o antigo como o novo, dão-nos, quando muito, bases para pensar que algumas partes naturais do universo ou o universo em si surgiram por desígnio inteligente. (pag. 105) Alguns filósofos e teólogos contemporâneos, portanto, contentam-se em pensar não que os argumentos provam a existência de Deus mas que mostram que a existência de Deus é uma hipótese plausível para explicar o mundo e a nossa experiência. Os argumentos, nesta perspetiva, dão-nos razões para defender que a crença em Deus é racional. São argumentos aceitáveis no sentido em que apresentam considerações a favor da hipótese de que Deus existe. Embora se tenha visto que a afirmação tradicional de que estes argumentos provam a existência de Deus está incorreta, isto não exclui a possibilidade de que um ou mais dos argumentos possam desempenhar um papel importante na defesa intelectual do teísmo. (pag. 106)