SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
O menino que escrevia versos – Mia Couto
De que vale ter voz
se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar
se o que vivo é menos do que o que sonhei?
(Verso do menino que fazia versos)
— Ele escreve versos!
Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos,
por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha.
— Há antecedentes na família?
— Desculpe doutor?
O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança,
mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores,
interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que
conseguira tinha sido em noite de núpcias:
— Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol.
Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher
ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para
ele, não fora senão período de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha
suja, restos de combustível manchando o lençol. E oleosas confissões de amor.
Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis
que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho
confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.
— São meus versos, sim.
O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a
mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega-
refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O
que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida
do homem se queda em ponto morto?
Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que
fosse examinado.
— O médico que faça revisão geral, parte mecânica, parte eléctrica.
Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões e, sobretudo, lhe
espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não
importava. O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar.
Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a
receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:
— Dói-te alguma coisa?
—Dói-me a vida, doutor.
O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina
aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e
a enfrentar o miúdo:
— E o que fazes quando te assaltam essas dores?
— O que melhor sei fazer, excelência.
— E o que é?
— É sonhar.
Serafina voltou à carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. Não lembrava o que o
pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porquê?
Perto, o sonho aleijaria alguém? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o
braço da mãe.
O médico estranhou o miúdo. Custava a crer, visto a idade. Mas o moço, voz tímida, foi-
se anunciando. Que ele, modéstia apartada, inventara sonhos desses que já nem há, só no
antigamente, coisa de bradar à terra. Exemplificaria, para melhor crença. Mas nem chegou
a começar. O doutor o interrompeu:
— Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clinica psiquiátrica.
A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos
pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito,
o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana.
E trouxesse o paciente.
Na semana seguinte, foram os últimos a ser atendi dos. O médico, sisudo, taciturneou: o
miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu.
— Não continuas a escrever?
— Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida —
disse, apontando um novo caderninho — quase a meio.
O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O
menino carecia de internamento urgente.
— Não temos dinheiro — fungou a mãe entre soluços.
— Não importa — respondeu o doutor.
Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica, que o menino
seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu.
Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta
num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz
pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o
médico, abreviando silêncios:
— Não pare, meu filho. Continue lendo…
Mia Couto, em “O fio das missangas”. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
INTERPRETAÇÃO
1. Sobre as quatro personagens da história:
a) Quem são elas?
b) Qual desses personagens não está presente na hora da consulta do menino e o que explica
essa ausência?
2. O fato do menino escrever versos incomoda bastante o pai do menino. Por quê?
3. Relei esse trecho do texto:
— Dói-te alguma coisa?
—Dói-me a vida, doutor.
O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera.
Explique porque o médico ficou surpreendido com a resposta do menino.
4. Após a visita ao médico, foi sugerido como tratamento a internação urgente do menino.
Explique de que forma o tratamento sugerido pelo médico "soluciona" o problema do
menino.
5. O final da narrativa é surpreendente. Justifique essa afirmação?

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

9ºano gramática – português
9ºano gramática – português9ºano gramática – português
9ºano gramática – português
 
Formação de palavras
Formação de palavrasFormação de palavras
Formação de palavras
 
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerCantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizer
 
Classe dos determinantes
Classe dos determinantesClasse dos determinantes
Classe dos determinantes
 
Funções sintáticas da frase
Funções sintáticas da fraseFunções sintáticas da frase
Funções sintáticas da frase
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Pronominalização - exercícios
Pronominalização - exercíciosPronominalização - exercícios
Pronominalização - exercícios
 
Redação- texto expositivo
Redação- texto expositivoRedação- texto expositivo
Redação- texto expositivo
 
Slide - aula fanfiction
Slide - aula fanfictionSlide - aula fanfiction
Slide - aula fanfiction
 
Actos Ilocutórios
Actos IlocutóriosActos Ilocutórios
Actos Ilocutórios
 
Tipos e mecanismos de coesão textual
Tipos e mecanismos de coesão textual Tipos e mecanismos de coesão textual
Tipos e mecanismos de coesão textual
 
Modificador da frase
Modificador da fraseModificador da frase
Modificador da frase
 
Texto poético.ppt
Texto poético.pptTexto poético.ppt
Texto poético.ppt
 
Oracoes subordinadas
Oracoes subordinadasOracoes subordinadas
Oracoes subordinadas
 
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13LP04) D4
 
Os Maias - Capítulo IV
Os Maias - Capítulo IVOs Maias - Capítulo IV
Os Maias - Capítulo IV
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
 
Metrificação
MetrificaçãoMetrificação
Metrificação
 
Generos literarios-2
Generos literarios-2Generos literarios-2
Generos literarios-2
 
Livro do desassossego power point
Livro do desassossego power pointLivro do desassossego power point
Livro do desassossego power point
 

Semelhante a O menino que escrevia versos e surpreendeu o médico

Semelhante a O menino que escrevia versos e surpreendeu o médico (20)

Endereço certo (richard simonetti)
Endereço certo (richard simonetti)Endereço certo (richard simonetti)
Endereço certo (richard simonetti)
 
Simulado 2 novo
Simulado 2   novoSimulado 2   novo
Simulado 2 novo
 
D 11.pptx
D 11.pptxD 11.pptx
D 11.pptx
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo
DescontraindoDescontraindo
Descontraindo
 
Descontraindo !
Descontraindo !Descontraindo !
Descontraindo !
 
Omilagre
OmilagreOmilagre
Omilagre
 
Wilson frungilo junior o senhor das terras
Wilson frungilo junior   o senhor das terrasWilson frungilo junior   o senhor das terras
Wilson frungilo junior o senhor das terras
 
6 Piadinhas Rápidas Anti-Stress
6 Piadinhas Rápidas Anti-Stress6 Piadinhas Rápidas Anti-Stress
6 Piadinhas Rápidas Anti-Stress
 
Avelino
AvelinoAvelino
Avelino
 
Simulado 02 - Português.pdf
Simulado 02 - Português.pdfSimulado 02 - Português.pdf
Simulado 02 - Português.pdf
 
Cronicas 2
Cronicas 2Cronicas 2
Cronicas 2
 

Mais de Isaquia Franco

Figuras de linguagem.pptx
Figuras de linguagem.pptxFiguras de linguagem.pptx
Figuras de linguagem.pptxIsaquia Franco
 
Aula 02 - Gêneros textuais.pptx
Aula 02 - Gêneros textuais.pptxAula 02 - Gêneros textuais.pptx
Aula 02 - Gêneros textuais.pptxIsaquia Franco
 
Aula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptx
Aula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptxAula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptx
Aula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptxIsaquia Franco
 
Aula 03 - Semântica.pptx
Aula 03 - Semântica.pptxAula 03 - Semântica.pptx
Aula 03 - Semântica.pptxIsaquia Franco
 
Livro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdf
Livro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdfLivro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdf
Livro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdfIsaquia Franco
 
Livro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdf
Livro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdfLivro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdf
Livro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdfIsaquia Franco
 
Figuras de Linguagem.pptx
Figuras de Linguagem.pptxFiguras de Linguagem.pptx
Figuras de Linguagem.pptxIsaquia Franco
 
Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docx
Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docxFarsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docx
Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docxIsaquia Franco
 
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdfTriste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdfIsaquia Franco
 
Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdfMorte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdfIsaquia Franco
 
Amor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdf
Amor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdfAmor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdf
Amor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdfIsaquia Franco
 
3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdfIsaquia Franco
 
2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdf
2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdf2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdf
2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdfIsaquia Franco
 
1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdfIsaquia Franco
 

Mais de Isaquia Franco (19)

Figuras de linguagem.pptx
Figuras de linguagem.pptxFiguras de linguagem.pptx
Figuras de linguagem.pptx
 
Aula 02 - Gêneros textuais.pptx
Aula 02 - Gêneros textuais.pptxAula 02 - Gêneros textuais.pptx
Aula 02 - Gêneros textuais.pptx
 
Aula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptx
Aula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptxAula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptx
Aula 01 Interpretação e eleaboração de textos.pptx
 
Aula 03 - Semântica.pptx
Aula 03 - Semântica.pptxAula 03 - Semântica.pptx
Aula 03 - Semântica.pptx
 
Livro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdf
Livro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdfLivro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdf
Livro 2. Os Lusíadas, de Camões-em quadrinhos.pdf
 
Livro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdf
Livro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdfLivro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdf
Livro 1. Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.pdf
 
Figuras de Linguagem.pptx
Figuras de Linguagem.pptxFiguras de Linguagem.pptx
Figuras de Linguagem.pptx
 
Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docx
Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docxFarsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docx
Farsa ou Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente respostas.docx
 
Conto aula.pdf
Conto aula.pdfConto aula.pdf
Conto aula.pdf
 
Futurismo.pdf
Futurismo.pdfFuturismo.pdf
Futurismo.pdf
 
Surrealismo.pptx
Surrealismo.pptxSurrealismo.pptx
Surrealismo.pptx
 
Dadaísmo.pptx
Dadaísmo.pptxDadaísmo.pptx
Dadaísmo.pptx
 
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdfTriste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
 
Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdfMorte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
 
Amor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdf
Amor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdfAmor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdf
Amor. Clarice Lispector - PDF Free Download.pdf
 
Futurismo.pdf
Futurismo.pdfFuturismo.pdf
Futurismo.pdf
 
3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
3. Morte e vida Severina, João Cabral de Melo Neto.pdf
 
2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdf
2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdf2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdf
2. Vidas secas, de Graciliano Ramos.pdf
 
1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.pdf
 

Último

5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 

Último (20)

5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 

O menino que escrevia versos e surpreendeu o médico

  • 1. O menino que escrevia versos – Mia Couto De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem? De que vale acordar se o que vivo é menos do que o que sonhei? (Verso do menino que fazia versos) — Ele escreve versos! Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha. — Há antecedentes na família? — Desculpe doutor? O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias: — Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol. Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, não fora senão período de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol. E oleosas confissões de amor. Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito. — São meus versos, sim. O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega- refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto? Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que fosse examinado. — O médico que faça revisão geral, parte mecânica, parte eléctrica. Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões e, sobretudo, lhe espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não importava. O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar. Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino: — Dói-te alguma coisa? —Dói-me a vida, doutor. O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o miúdo: — E o que fazes quando te assaltam essas dores? — O que melhor sei fazer, excelência. — E o que é? — É sonhar.
  • 2. Serafina voltou à carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. Não lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porquê? Perto, o sonho aleijaria alguém? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o braço da mãe. O médico estranhou o miúdo. Custava a crer, visto a idade. Mas o moço, voz tímida, foi- se anunciando. Que ele, modéstia apartada, inventara sonhos desses que já nem há, só no antigamente, coisa de bradar à terra. Exemplificaria, para melhor crença. Mas nem chegou a começar. O doutor o interrompeu: — Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clinica psiquiátrica. A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana. E trouxesse o paciente. Na semana seguinte, foram os últimos a ser atendi dos. O médico, sisudo, taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu. — Não continuas a escrever? — Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida — disse, apontando um novo caderninho — quase a meio. O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente. — Não temos dinheiro — fungou a mãe entre soluços. — Não importa — respondeu o doutor. Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica, que o menino seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu. Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios: — Não pare, meu filho. Continue lendo… Mia Couto, em “O fio das missangas”. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. INTERPRETAÇÃO 1. Sobre as quatro personagens da história: a) Quem são elas? b) Qual desses personagens não está presente na hora da consulta do menino e o que explica essa ausência? 2. O fato do menino escrever versos incomoda bastante o pai do menino. Por quê? 3. Relei esse trecho do texto: — Dói-te alguma coisa? —Dói-me a vida, doutor. O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Explique porque o médico ficou surpreendido com a resposta do menino. 4. Após a visita ao médico, foi sugerido como tratamento a internação urgente do menino. Explique de que forma o tratamento sugerido pelo médico "soluciona" o problema do menino. 5. O final da narrativa é surpreendente. Justifique essa afirmação?