2. Todos nós temos células-
tronco no organismo. Elas são
as responsáveis por parte da
renovação celular que ocorre
continuamente em nosso
corpo, sendo abundantes, por
exemplo, na medula óssea.
As células-tronco são células especiais que
ainda não se diferenciaram em uma célula
especializada como uma célula nervosa ou
muscular. Com isso, elas carregam a
capacidade de dar origem a diversos outros
tipos de células, de diferentes órgãos e
tecidos, como pele, coração, células
sanguíneas, etc. Essa capacidade única
contribui para a reparação de tecidos
danificados ou substituição de células mortas
em diferentes partes do corpo.
O que são?
3. Por que as células-tronco são tão
importantes?
As células-tronco têm a capacidade de se multiplicar e gerar outras
células-tronco, que vão se diferenciar de acordo com os estímulos do
tecido em que são colocadas. Assim, uma célula-tronco que vai para o
tecido cardíaco se transforma em células daquele órgão. Essa
característica faz com que as células-tronco formem uma excelente
linha de produção e renovação dos tecidos, com grande poder
regenerativo.
Essas propriedades são usadas pela medicina para tratar algumas
doenças e também em pesquisas que buscam entender como
algumas condições se desenvolvem. Dessa forma, é possível criar
tratamentos mais eficientes e com melhores resultados, contribuindo
para o aumento da qualidade de vida dos pacientes.
4. EMBRIONÁRIAS ADULTAS
Quais são os tipos de células-
troncos?
As células-tronco se dividem em dois grupos principais:
embrionárias e adultas. A diferença entre elas está no estágio de
desenvolvimento, ou seja, se são coletadas de embriões ou
humanos já completamente formados — bebês, crianças, adultos
ou idosos.
5. Células-tronco embrionárias
As células-tronco embrionárias são encontradas nos estágios iniciais da formação do embrião,
entre o quarto e quinto dia após a fecundação, no estágio conhecido como blastocisto. Elas
possuem a capacidade de se transformarem em qualquer tipo de célula do corpo humano, já
que dão origem ao bebê, com todos os seus órgãos.
As células-tronco embrionárias têm portanto, uma potencialidade que confere a elas uma ampla
capacidade terapêutica, já demonstrada em experimentos com modelos animais. No entanto, a
coleta de células-tronco embrionárias implica na destruição de embriões, o que tem implicações
éticas para o uso em pesquisas e transplante em seres humanos.
6. Células-tronco adultas
As células-tronco adultas têm capacidade de diferenciação menor que as embrionárias porém ainda
assim, podem ser diferenciar em mais de 200 tipos diferentes de células e tecidos. Elas são encontradas
principalmente na medula óssea e no cordão umbilical, mas cada órgão também tem um pouco dessas
células, que atuam na renovação e substituição daquelas que vão morrendo.
Desde 2007, é possível criar células-tronco adultas a partir de outras células do corpo humano, usando
técnicas de reprogramação. São as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas. A técnica foi
desenvolvida pelo biólogo inglês John Gurdon e o médico japonês Shinya Yamanaka. Eles ganharam um
Nobel de medicina, em 2012, pela pesquisa dessas células. As células produzidas em laboratório podem
facilitar o andamento das pesquisas e aumentar o número de doenças tratadas.
7.
8. Quais são as propriedades das células-tronco
para tratamentos de saúde?
A lógica por trás dos tratamentos com células-tronco é simples e potente: como
elas conseguem se multiplicar e se diferenciar em células de outros tecidos e
órgãos, podem ser usadas para substituir as células doentes em diversas partes do
corpo, restaurando o funcionamento do tecido comprometido.
Tendo como base esse princípio, vários tratamentos prometem revolucionar a
medicina no controle de doenças graves e atualmente sem cura, como a fibrose
cística e a doença de Parkinson. Outros tratamentos, como o transplante de
medula, já estão bem estabelecidos em todo o mundo há mais de duas décadas,
colecionando diversas histórias de sucesso no combate às doenças sanguíneas,
incluindo leucemias, falências medulares e deficiências congênitas do sistema
imunológico.
Atualmente, mais de 80 doenças podem ser tratadas com o uso de células-tronco
e outras estão em estudo, como autismo, AVC, diabetes e paralisia cerebral.
10. Por que armazenar células-
tronco do cordão umbilical?
O tratamento mais comum com células-tronco é o transplante de medula. Estima-se que a chance
de uma pessoa precisar desse procedimento ao longo da vida possa chegar a 1 em 217. Um número
aparentemente baixo, mas que supera o de outras doenças que geram grande preocupação nos pais
durante a gravidez, como a síndrome de Down — que afeta 1 em cada 700 bebês brasileiros — e a
fibrose cística, que, no Brasil, tem uma incidência de 1 para cada 10 mil pessoas.
Quando as células-tronco são armazenadas, ganha-se uma nova possibilidade de fonte de células
para o tratamento contra diversas doenças, tanto para a criança quanto para algum familiar direto,
como irmãos ou irmãs. Para o bebê, a compatibilidade dessas células é de 100%, já que ela doa para si
mesma. E para os irmãos com mesmo pai e mesma mãe, a probabilidade de compatibilidade é de
25%.
Além disso, as células-tronco do cordão umbilical são mais imaturas, sendo mais tolerantes
imunologicamente que as células-tronco da medula, permitindo que o transplante seja feito mesmo
quando a compatibilidade é um pouco menor que 100%. Outra vantagem é que a coleta é simples e
indolor, tanto para a mamãe quanto para o bebê, aproveitando o cordão umbilical que seria
descartado após o parto.
11. diabetes tipos 1 e 2;
complicações pós-transplante;
cirrose hepática;
infarto do miocárdio;
esclerose lateral amiotrófica;
lesões esportivas.
As células-tronco do tecido do cordão também merecem uma atenção especial,
devido ao seu grande potencial terapêutico. O tecido do cordão é rico em células-tronco
mesenquimais, com a vantagem de essas células serem muito jovens, ou seja, não
passaram por muitos processos de divisão celular e não tiveram contato com vírus,
mantendo sua integridade cromossômica, o que reduz os riscos de mutações genéticas.
Essas células começaram a ser utilizadas pela ciência mais recentemente que as coletas do
sangue do cordão e, embora ainda não tenham chegado à prática médica, vêm sendo
estudadas há mais de 10 anos para investigar seu uso no tratamento de doenças
extremamente comuns na nossa população, como:
Células-tronco do tecido do
cordão umbilical
12. A coleta de células-tronco do
cordão umbilical não pode ser
feita quando o bebê nasce
prematuro, com menos de 32
semanas de idade
gestacional. A proibição está
prevista na RDC 153, de 14 de
junho de 2004, da ANVISA.
Qualquer situação durante o
parto que interfira na saúde
da criança é prioridade. Assim,
antes da coleta, é preciso que
nasça um bebê sadio. Um
bom acompanhamento pré-
natal é o primeiro passo para
o sucesso dessa coleta.
13. Assim que chega ao laboratório, o material coletado é processado e analisado antes de ir
para a etapa de armazenamento, passando por um controle de qualidade. É verificado o
número de células-tronco presente e são realizados exames de sorologia e cultura, para
indicar se há qualquer contaminação por vírus ou bactérias naquele material.
As células-tronco do sangue são isoladas e armazenadas por meio da técnica de
criopreservação — a temperatura é reduzida lentamente com nitrogênio líquido até chegar a
-196ºC. Por meio dessa técnica, a integridade das células é preservada, e elas podem ser
mantidas nesse estado por anos, sem perder suas características funcionais e de viabilidade.
As células-tronco mesenquimais coletadas do cordão podem ser isoladas antes da
criopreservação ou pode-se congelar o tecido como um todo, planejando o isolamento
apenas no momento em que as células forem ser utilizadas no futuro. A técnica escolhida
depende de cada laboratório.
Como é feito o armazenamento das células-tronco?
A literatura científica relata a viabilidade de
células-tronco do sangue do cordão umbilical
criopreservadas há mais de 25 anos. Isso sugere
que, uma vez criopreservadas nas condições
corretas, as células-tronco podem permanecer
viáveis por tempo indefinido.
14. Devido à facilidade de coleta, à riqueza do material e ao seu grande potencial
terapêutico, não há dúvida, na comunidade científica, de que as células-tronco do
cordão umbilical devam ser coletadas ao nascimento e armazenadas, seja em um
banco privado ou público.
Em um contexto de transplante de medula, o sangue de cordão — por vir de um
recém-nascido — tem como grande vantagem o fato de ser muito tolerante
imunologicamente, tendo menos complicações ao longo da vida do paciente
transplantado. Por isso, os resultados são melhores em longo prazo.
O tratamento com células-tronco retiradas do cordão umbilical já tem a capacidade
de regenerar a medulas de um pacientes com uma doença grave, o que mostra
quão poderosas essas células são.
Conclusão: