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CÉLULAS TRONCOS

Definição:
Uma simples definição para "célula-tronco" seria: "célula indiferenciada capaz de se
diferenciar em qualquer outro tipo de célula". Traduzindo... seria uma célula semelhante à
célula de um embrião, a qual não tem ainda forma e função definida, mas que é capaz de
se modificar, se transformar em qualquer tipo de célula do corpo, seja um neurônio (célula
nervosa), um hepatócito (célula do fígado), uma célula epitelial (da pele), etc.

Utilização:
Conseguem imaginar uma célula com capacidade de regenerar qualquer tipo de tecido?
Conseguem vislumbrar o potencial que elas têm na medicina? Se você corta sua pele, ela
se regenera naturalmente. Se você tem problemas no fígado, ele também é capaz de se
regenerar naturalmente. Mas e quanto aos tecidos que não se regeneram? Um problema
cardíaco atualmente só      é       solucionado       com       um        transplante.

Pessoas que ficam paraplégicas ou tetraplégicas não podem jamais voltar a andar.
Pessoas com doenças neurodegenerativas como "Parkinson" ou "Alzheimer" morrem sem
ter a oportunidade de cura. São apenas alguns dos problemas que podem ser
solucionados com a utilização das Células-Tronco. Resumindo: elas podem salvar vidas,
curar doenças tidas como incuráveis, fazer paralíticos voltarem a andar... Sua pesquisa é
sem dúvida alguma imprescindível à humanidade! Mas então qual é o problema?

Células-Tronco Somáticas X Células-Tronco Embrionárias:
As Células-Tronco adultas são chamadas de Células-Tronco Somáticas (CTS's) e são
encontradas na Medula Óssea. São células raras e dispersas nos tecidos, o que dificulta a
sua obtenção, além de serem mais difíceis de se manipular e diferenciar em
laboratório.CTS's podem ser coletadas no cordão umbilical, gordura e medula óssea, mas
sem apresentar as mesmas capacidades de diferenciação que as CTE's.

As Células-Tronco encontradas em embriões são chamadas de Células-Tronco
Embrionárias (CTE's). Elas são extraídas de embriões na fase de "blastocisto". São
obtidas através de um processo chamado de "Clonagem Terapêutica". O material genético
do indivíduo é inserido num óvulo, gerando um embrião com as mesmas características
genéticas desse indivíduo (literalmente um clone) e, ao chegar na fase de blastocisto, o
desenvolvimento é interrompido e as CT's são extraídas. Esse tipo de CT é muito mais
fácil de se multiplicar e diferenciar em laboratório.




     Célula-Tronco Somáticas da Medula Óssea gerando os diversos tipos de células
                             sanguíneas do ser humano.




                 Extração e Utilização das Células-Tronco Embrionárias
Dilema Ético:
Como mencionado acima, as CTE's são muito mais fáceis de se obter e se trabalhar do
que as CTS's. Entretanto, para se obter as CTE's, é necessário se gerar um embrião
humano e interromper sua "vida" para utilizar as suas células. Tal fato é o que leva a
intermináveis debates éticos e até mesmo religiosos. São comuns perguntas do tipo: "Será
que é mesmo certo utilizarmos uma vida humana para salvar outras?"

Ou ainda muito além disso: "O que define uma vida humana?" Será que um "aglomerado
de células" é uma "vida"? A maioria das religiões considera "morto" um ser cujo cérebro
parou de funcionar. Por que considerar um embrião "vivo" se ele ainda nem
possui neurônios? Essas e muitas outras perguntas são debatidas incessantemente em
eventos científicos e religiosos, nos meios de comunicação, etc. E enquanto o debate
prossegue, as pesquisas são atrasadas e as "curas milagrosas" adiadas.

Novidades Recentes:


   •   Um estudo descreveu um procedimento no qual obteve-se células individuais
       (CTE's) retiradas em uma fase em que o embrião humano é formado apenas por
       uma esfera de poucas células (uma mórula). Em tese, a técnica permite que as
       células remanescentes originem um organismo completo, caso sejam devidamente
       implantadas em um útero. (É retirado apenas um blastômero de um total de 8).
       Isso permite que se trabalhe com esta "única" célula-tronco, multiplicando-a em
       laboratório, sem matar o embrião que ainda terá 7 células e se desenvolverá num
       ser humano normal. Ainda faltam muitos testes...

   •   Em 2007, pesquisadores norte-americanos e japoneses conseguiram
       "reprogramar" células da pele humana inserindo nelas alguns genes por meio de
       vírus. Foi possível "desdiferenciá-la" e "rediferenciá-la", ou seja, transformou-se a
       célula de pele em um outro tipo de célula. Entretanto, o risco de gerar tumores é
       muito grande nesse processo...
   •   Células coletadas do líquido amniótico podem representar uma esperança no
       tratamento ou cura de doenças neurodegenerativas e diabetes. Conseguiu-se
       isolarCT's do líquido amniótico coletado em exames feitos por volta da 16ª semana
       de gestação. As CT's do líquido amniótico são tão boas quanto às CTE

       's. E por serem mais "maduras" que as CTE's, não causam tumores. Faltam
       estudos...

   •   O cordão umbilical também pode ser utilizado. Algumas pessoas o armazenam em
       bancos privados por 700 reais ao ano. Outros são doados a bancos públicos para
       serem usados por qualquer um, depois de testados geneticamente. Se o cordão do
       doador tiver características compatíveis com o receptor, a utilização é possível.
       Faltam estudos...
Micrografia (Fotografia Microscópica) de Células-Tronco Embrionárias de um Rato
                              (Colorizadas por Computador)



Conclusão:

Como podem ver, as CT's podem trazer inúmeros benefícios à humanidade. Mas a sua
obtenção é difícil demais, a não ser que se utilizem embriões. E ao utilizar embriões,
geramos os problemas éticos citados. Qual a solução? Ainda não se encontrou a
resposta...
Muitos são a favor de utilizar as CT's mesmo destruindo embriões, pois o consideram "sem
vida". Outros defendem até o fim que mesmo um embrião é uma vida humana e que não é
justo interromper essa vida, mesmo pela mais nobre das causas.


TRANSGÊNICOS

Transgênicos ou organismos geneticamente modificados (OGM's) são seres vivos que tiveram
seu material genético alterado por outra forma que não a multiplicação e recombinação natural.

Na natureza é muito mais comum a transferência de material genético ocorrer verticalmente
(hereditariedade, constatada primeiramente por Mendel, no século XIX). A transferência
horizontal é muito rara, ocorrendo com alguns microorganismos.

No processo de sedentarização do ser humano, com a criação da agricultura, ocorreu à
domesticação de plantas selvagens, com a seleção das sementes mais produtivas, mais
saborosas e mais adequadas, sendo dados, assim, os primeiros passos para o melhoramento
genético, que se estendeu até a atualidade. Ninguém acredita, ou pelo menos deveria acreditar
que os alimentos que comíamos, antes da descoberta da transgênese, eram todos encontrados
em estado de graça natural. Batata, milho, feijão e outros cereais foram sofrendo processos de
melhoramento ou aperfeiçoamento genético que permitiram torná-los não só mais agradáveis
ao paladar, como também mais nutritivos e, em alguns casos, transformá-los de venenosos e
nocivos à saúde em alimentos ricos e saudáveis, como é o caso da batata e do próprio feijão
(VOGT).

Os biólogos moleculares afirmam que a engenharia genética aplicada à agricultura nada é
senão uma nova forma de introduzir variabilidade no processo de melhoramento genético. Mas
não é correto sinonimizar as expressões modificação genética e engenharia genética[1], como
ocorre na mídia (NATERCIA).

O processo de manipulação de genes iniciou-se com a descoberta da estrutura de dupla hélice
do DNA, em 1953. Uma década depois foi desvendado o processo pelo qual um gene ordena a
produção de determinadas proteínas. O nascimento da engenharia genética aconteceu quando
a barreira de transferência de genes de uma espécie para outra bem diferente foi transposta,
em 1973, quando os geneticistas norte-americanos Cohen e Boyer inseriram o gene de um
sapo em uma bactéria (Agrobacterium tumefaciens), a qual é naturalmente capaz de fazer a
transferência horizontal de genes, injetando nas plantas um plasmídeo, que é uma molécula de
DNA, fazendo com que as mesmas desenvolvam tumores.

O uso de uma bactéria como vetor ou meio de transporte de um novo gene para dentro de
células de outra espécie é um dos métodos usados na transgenia (ou transgênese). É usado
para a produção de medicamentos e de enzimas para fins industriais, como: produção de
insulina, de hormônio do crescimento, de quimosina (enzima usada para a fabricação de
queijos), de enzimas que degradam os restos de polpa na fabricação dos sucos de fruta, de
outras que fazem com que os pães industriais fiquem mais macios, mais brilhantes ou não
endureçam de um dia para outro, de enzimas lipolíticas, usadas em sabão em pó para
degradar a gordura. Contra este tipo de produto, não existe grande resistência, uma vez que os
microorganismos utilizados ficam restritos ao meio de produção e não entram em contato com
o organismo do consumidor e supõe-se que exista uma avaliação cautelosa dos produtos
resultantes, segundo protocolos rígidos de segurança. Ainda, evita-se a alergia que podia ser
provocada através do antigo método de produção de insulina, o qual envolvia o uso de
pâncreas de bois e porcos sacrificados; poupam-se os estômagos dos bezerros, dos quais se
costumava extrair a quimosina, após sacrificar os animaizinhos, obviamente, e as hipófises dos
cadáveres não mais precisam ser usadas para a extração do hormônio do crescimento.

Outro método usado é o bombardeamento, em altíssima velocidade, das células do vegetal a
ser modificado com partículas de DNA, que penetram no núcleo das células, incorporando-se
ao seu genoma. Ao ser consumida, a planta transgênica leva para dentro do organismo do
consumidor o material geneticamente modificado. No processo de criação de um "transgene",
vem junto um gene de resistência a antibióticos, para permitir sua futura identificação na planta
transgênica. Como 95% do DNA ingerido é degradado no processo digestivo, resta à
possibilidade (pequena, mas preocupante) do escape de um gene resistente a antibióticos. Um
outro aspecto indesejável quanto à assimilação de DNA modificado diz respeito ao fato de que
todos os alérgenos conhecidos até hoje são proteínas, havendo o risco de tal elemento se
tornar alergênico, o que ainda não foi efetivamente comprovado até o presente. A simples
ingestão de DNA adicional não é necessariamente perigosa: DNA / RNA vêm sendo ingeridos
normalmente através de dietas, desde quando esta se limitava aos frutos coletados ou aos
animais abatidos pelo homem das cavernas. Os produtos de expressão (associados ao novo
DNA introduzido), porém, que são proteínas (enzimas), podem, potencialmente, ter ação
antinutricional, podem produzir alergias ou causar algumas mudanças no valor nutricional do
alimento (LAJOLO).

O único caso comprovado até o momento de possíveis danos à saúde causados pela
engenharia genética ocorreu nos Estados Unidos, entre 1989 e 1992, envolvendo um
aminoácido chamado triptofano, sintetizado por uma bactéria, por uma empresa japonesa. Das
1500 pessoas afetadas, 38 morreram. Ficou constatada uma contaminação por sessenta
agentes contaminadores, sem identificação da fonte de contaminação (bactéria ou processo de
filtragem do produto).

Qualquer dos métodos mencionados apresenta alguns problemas: a incerteza de que o
"transgene" se incorporou realmente ao genoma da planta, bem com a dúvida quanto aos
resultados de sua interação com os demais genes já existentes no vegetal. Isto ajuda a
alimentar a polêmica que envolve a criação e a comercialização dos transgênicos pelo mundo:
de um lado, os que encaram o assunto como uma promessa e, de outro, os que o encaram
como uma ameaça. Como afirma Lajolo: a polêmica relativa à segurança dos alimentos
transgênicos se origina a partir da aparente incontrolabilidade de certos resultados.

As empresas e defensores da semente transgênica argumentam que até hoje não se
conseguiu apontar casos de doenças que tivessem sido provocadas pelo produto modificado.
Os adversários apontam o prazo ainda curto de consumo desses produtos, recomendando que
se façam maiores pesquisas, mas já fazem referências a um estudo mantido em segredo pela
própria empresa Monsanto, cujo milho transgênico teria desenvolvido tumores em ratos de
laboratório (MINEIRO). Passados mais de dez anos do uso das sementes modificadas da
Monsanto e de seu agrotóxico, as discussões científicas permanecem no mesmo ponto em que
estavam no início: nem a empresa consegue assegurar que o produto modificado seja seguro
para a saúde humana, nem os adversários conseguem apresentar dados contrários tão
conclusivos e definitivos que impeçam a contínua difusão das lavouras à base das sementes
geneticamente modificadas.

Em defesa produção de alimentos transgênicos existe a idéia de que eles seriam a solução
para aumentar a produção de alimentos e diminuir a fome e a desnutrição mundial. Existem
previsões de três gerações de transgênicos. A primeira, que está no mercado desde a década
de 90 passada, cujos principais produtos são soja, milho, algodão e canola, seria tolerante a
herbicidas e resistente a insetos. A segunda promete alimentos mais nutritivos, com menos
substâncias nocivas (como os alérgenos), maior resistência a estresses ambientais, como
clima seco ou solo salino em demasia. Um exemplo seria o arroz dourado, com produção de
betacaroteno em seus grãos, para diminuir os problemas de carência de vitamina A em países
pobres, cuja base alimentar é este cereal. Sua primeira variedade frustrou os pesquisadores.
Uma segunda variedade está em estudo. A terceira geração seriam as biofábricas, produtoras
de remédios, como hormônio do crescimento, interferon ou fator de crescimento. A planta seria
processada, o remédio seria extraído e purificado a um custo bem menor. No Brasil, a Embrapa
tem pesquisado uma soja transgênica capaz de gerar o hormônio do crescimento, que hoje já é
obtido por microorganismos geneticamente modificados, mas ainda a um custo muito alto. A
Embrapa tem um núcleo especializado em genética, o Cenargen, onde se concentram as
pesquisas. Conhecida pela qualidade de suas pesquisas, a Embrapa aguardava a liberação
das pesquisas transgênicas. Talvez de seus laboratórios possam vir às respostas relativas à
segurança ambiental e sanitária dos produtos, que ambientalistas e consumidores tanto
exigem.

No outro pólo, um trabalho do pesquisador norte-americano Bem Brook demonstra que, na
Argentina, as promessas da alta produtividade transgênica e do menor consumo de pesticidas
não se realizaram, o que leva a cultura a buscar produtividade com a incorporação de novas
terras para a lavoura, com efeitos ambientais e sociais graves. No aspecto ambiental, surgiram
ervas daninhas resistentes ao agrotóxico associado à semente modificada, e a ampliação dos
campos de cultivo se faz agora, em grande parte, com o desmatamento em áreas florestais e
não por uma maior produtividade das plantações existentes. O Greenpeace aponta para os
riscos que os organismos transgênicos trazem para a biodiversidade, os quais Eliana Fontes,
pesquisadora da Embrapa, classifica em quatro itens principais: contaminação de plantações
não transgênicas através de pólen de transgênicas (fluxo de genes); organismos que não são
alvos das plantas transgênicas podem sofrer ação de substâncias como toxinas, sendo
eliminados (impacto sobre a biodiversidade); incidência de um rearranjo na seqüência de
genes, fazendo com que uma planta transgênica venha a apresentar características distintas
de sua família original (impactos da transformação gênica); aparecimento de superervas
daninhas ou superpragas (surgimento de resistência). Ainda existe a ameaça à segurança
alimentar: antigamente, pensar em patentear plantas, animais ou genes não poderia sequer ser
considerado. Hoje, com a patente sobre a vida, o produtor tem que pagar royalties pelas
plantas patenteadas e as sementes que produzem, por todas as gerações futuras. Isso é uma
ameaça à segurança alimentar e à biodiversidade.

Em entrevista à revista Senac e Educação Ambiental, o jornalista Washington Novaes
declarou:

O Brasil precisa definir se quer ser um grande produtor de transgênicos e competir com
Estados Unidos, Argentina e Canadá num mercado que já tem excedentes ou se pretende
fornecer prioritariamente para os mercados europeu e japonês, que não querem transgênicos
(...) Uma possível solução seria dividir nosso território: por exemplo, apenas do Estado do Rio
para o sul pode plantar, dali para o norte não pode. Assim, criaríamos dois mercados. De
qualquer maneira, seriam necessários estudos de impacto e essa história de dizer que não há
comprovação de problemas causados por transgênicos é uma balela. Muitas pesquisas
mostram até perda de produtividade ao longo dos anos nos Estados Unidos e na Argentina.

O Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, afirma que, antes de ser contra os transgênicos,
seu posicionamento é o de querer uma sólida regulamentação, que inclua análise de risco à
saúde humana, estudos de impacto ambiental e rotulagem (S. PAZ apud CARDOSO, p. 81).

Estaríamos ou não participando de uma mudança de paradigma no processo de produção
agrícola? Este conflito envolve grandes interesses políticos e econômicos. Existe, além de
riscos para o meio ambiente e para a saúde do consumidor, a indicação de que as vantagens
apregoadas pelos que defendem os transgênicos podem ser obtidas por alternativas mais
sustentáveis, como a ecoagricultura, escapando-se das monoculturas, dos defensivos
químicos, mantendo-se sistemas ecologicamente equilibrados, com a ausência de riscos tão
preocupantes. Este tipo de solução exige um manejo da plantação muito mais cuidadoso por
parte do agricultor, sendo, então ideal o cultivo de pequenas propriedades, administradas por
agricultores familiares. Isto se contrapõe à existência de grandes propriedades monocultoras,
prática comum em nossa realidade.

Sendo um debate não apenas científico, uma vez que a ciência por si só ainda não possui
respostas conclusivas em relação à existência ou à ausência de riscos para o meio ambiente e
para a saúde dos consumidores, é uma questão política, uma vez que as sociedades deverão
escolher o modelo de desenvolvimento a ser seguido. E que valores priorizarão as sociedades
para tomar esta decisão? Valorizarão a proteção aos solos, às águas e a todas as formas de
vida, inclusive a humana? Todos os atores envolvidos neste embate polarizado em relação aos
transgênicos mantêm-se atentos e vigilantes para o rumo a ser tomado nos próximos tempos.
Mas caberá ao consumidor a decisão sobre o sucesso ou fracasso de tais produtos. Por ele
será dada a palavra final. Que tipo de desenvolvimento escolherá a grande maioria dos
consumidores mundiais? Isto dependerá de um posicionamento ético e político em relação ao
modelo de mundo desejado.
Células troncos e trangênicas

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Células troncos e trangênicas

  • 1. CÉLULAS TRONCOS Definição: Uma simples definição para "célula-tronco" seria: "célula indiferenciada capaz de se diferenciar em qualquer outro tipo de célula". Traduzindo... seria uma célula semelhante à célula de um embrião, a qual não tem ainda forma e função definida, mas que é capaz de se modificar, se transformar em qualquer tipo de célula do corpo, seja um neurônio (célula nervosa), um hepatócito (célula do fígado), uma célula epitelial (da pele), etc. Utilização: Conseguem imaginar uma célula com capacidade de regenerar qualquer tipo de tecido? Conseguem vislumbrar o potencial que elas têm na medicina? Se você corta sua pele, ela se regenera naturalmente. Se você tem problemas no fígado, ele também é capaz de se regenerar naturalmente. Mas e quanto aos tecidos que não se regeneram? Um problema cardíaco atualmente só é solucionado com um transplante. Pessoas que ficam paraplégicas ou tetraplégicas não podem jamais voltar a andar. Pessoas com doenças neurodegenerativas como "Parkinson" ou "Alzheimer" morrem sem ter a oportunidade de cura. São apenas alguns dos problemas que podem ser solucionados com a utilização das Células-Tronco. Resumindo: elas podem salvar vidas, curar doenças tidas como incuráveis, fazer paralíticos voltarem a andar... Sua pesquisa é sem dúvida alguma imprescindível à humanidade! Mas então qual é o problema? Células-Tronco Somáticas X Células-Tronco Embrionárias: As Células-Tronco adultas são chamadas de Células-Tronco Somáticas (CTS's) e são encontradas na Medula Óssea. São células raras e dispersas nos tecidos, o que dificulta a sua obtenção, além de serem mais difíceis de se manipular e diferenciar em laboratório.CTS's podem ser coletadas no cordão umbilical, gordura e medula óssea, mas sem apresentar as mesmas capacidades de diferenciação que as CTE's. As Células-Tronco encontradas em embriões são chamadas de Células-Tronco Embrionárias (CTE's). Elas são extraídas de embriões na fase de "blastocisto". São obtidas através de um processo chamado de "Clonagem Terapêutica". O material genético do indivíduo é inserido num óvulo, gerando um embrião com as mesmas características genéticas desse indivíduo (literalmente um clone) e, ao chegar na fase de blastocisto, o desenvolvimento é interrompido e as CT's são extraídas. Esse tipo de CT é muito mais fácil de se multiplicar e diferenciar em laboratório. Célula-Tronco Somáticas da Medula Óssea gerando os diversos tipos de células sanguíneas do ser humano. Extração e Utilização das Células-Tronco Embrionárias
  • 2. Dilema Ético: Como mencionado acima, as CTE's são muito mais fáceis de se obter e se trabalhar do que as CTS's. Entretanto, para se obter as CTE's, é necessário se gerar um embrião humano e interromper sua "vida" para utilizar as suas células. Tal fato é o que leva a intermináveis debates éticos e até mesmo religiosos. São comuns perguntas do tipo: "Será que é mesmo certo utilizarmos uma vida humana para salvar outras?" Ou ainda muito além disso: "O que define uma vida humana?" Será que um "aglomerado de células" é uma "vida"? A maioria das religiões considera "morto" um ser cujo cérebro parou de funcionar. Por que considerar um embrião "vivo" se ele ainda nem possui neurônios? Essas e muitas outras perguntas são debatidas incessantemente em eventos científicos e religiosos, nos meios de comunicação, etc. E enquanto o debate prossegue, as pesquisas são atrasadas e as "curas milagrosas" adiadas. Novidades Recentes: • Um estudo descreveu um procedimento no qual obteve-se células individuais (CTE's) retiradas em uma fase em que o embrião humano é formado apenas por uma esfera de poucas células (uma mórula). Em tese, a técnica permite que as células remanescentes originem um organismo completo, caso sejam devidamente implantadas em um útero. (É retirado apenas um blastômero de um total de 8). Isso permite que se trabalhe com esta "única" célula-tronco, multiplicando-a em laboratório, sem matar o embrião que ainda terá 7 células e se desenvolverá num ser humano normal. Ainda faltam muitos testes... • Em 2007, pesquisadores norte-americanos e japoneses conseguiram "reprogramar" células da pele humana inserindo nelas alguns genes por meio de vírus. Foi possível "desdiferenciá-la" e "rediferenciá-la", ou seja, transformou-se a célula de pele em um outro tipo de célula. Entretanto, o risco de gerar tumores é muito grande nesse processo... • Células coletadas do líquido amniótico podem representar uma esperança no tratamento ou cura de doenças neurodegenerativas e diabetes. Conseguiu-se isolarCT's do líquido amniótico coletado em exames feitos por volta da 16ª semana de gestação. As CT's do líquido amniótico são tão boas quanto às CTE 's. E por serem mais "maduras" que as CTE's, não causam tumores. Faltam estudos... • O cordão umbilical também pode ser utilizado. Algumas pessoas o armazenam em bancos privados por 700 reais ao ano. Outros são doados a bancos públicos para serem usados por qualquer um, depois de testados geneticamente. Se o cordão do doador tiver características compatíveis com o receptor, a utilização é possível. Faltam estudos...
  • 3. Micrografia (Fotografia Microscópica) de Células-Tronco Embrionárias de um Rato (Colorizadas por Computador) Conclusão: Como podem ver, as CT's podem trazer inúmeros benefícios à humanidade. Mas a sua obtenção é difícil demais, a não ser que se utilizem embriões. E ao utilizar embriões, geramos os problemas éticos citados. Qual a solução? Ainda não se encontrou a resposta... Muitos são a favor de utilizar as CT's mesmo destruindo embriões, pois o consideram "sem vida". Outros defendem até o fim que mesmo um embrião é uma vida humana e que não é justo interromper essa vida, mesmo pela mais nobre das causas. TRANSGÊNICOS Transgênicos ou organismos geneticamente modificados (OGM's) são seres vivos que tiveram seu material genético alterado por outra forma que não a multiplicação e recombinação natural. Na natureza é muito mais comum a transferência de material genético ocorrer verticalmente (hereditariedade, constatada primeiramente por Mendel, no século XIX). A transferência horizontal é muito rara, ocorrendo com alguns microorganismos. No processo de sedentarização do ser humano, com a criação da agricultura, ocorreu à domesticação de plantas selvagens, com a seleção das sementes mais produtivas, mais saborosas e mais adequadas, sendo dados, assim, os primeiros passos para o melhoramento genético, que se estendeu até a atualidade. Ninguém acredita, ou pelo menos deveria acreditar que os alimentos que comíamos, antes da descoberta da transgênese, eram todos encontrados em estado de graça natural. Batata, milho, feijão e outros cereais foram sofrendo processos de melhoramento ou aperfeiçoamento genético que permitiram torná-los não só mais agradáveis ao paladar, como também mais nutritivos e, em alguns casos, transformá-los de venenosos e nocivos à saúde em alimentos ricos e saudáveis, como é o caso da batata e do próprio feijão (VOGT). Os biólogos moleculares afirmam que a engenharia genética aplicada à agricultura nada é senão uma nova forma de introduzir variabilidade no processo de melhoramento genético. Mas não é correto sinonimizar as expressões modificação genética e engenharia genética[1], como ocorre na mídia (NATERCIA). O processo de manipulação de genes iniciou-se com a descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA, em 1953. Uma década depois foi desvendado o processo pelo qual um gene ordena a produção de determinadas proteínas. O nascimento da engenharia genética aconteceu quando a barreira de transferência de genes de uma espécie para outra bem diferente foi transposta, em 1973, quando os geneticistas norte-americanos Cohen e Boyer inseriram o gene de um sapo em uma bactéria (Agrobacterium tumefaciens), a qual é naturalmente capaz de fazer a
  • 4. transferência horizontal de genes, injetando nas plantas um plasmídeo, que é uma molécula de DNA, fazendo com que as mesmas desenvolvam tumores. O uso de uma bactéria como vetor ou meio de transporte de um novo gene para dentro de células de outra espécie é um dos métodos usados na transgenia (ou transgênese). É usado para a produção de medicamentos e de enzimas para fins industriais, como: produção de insulina, de hormônio do crescimento, de quimosina (enzima usada para a fabricação de queijos), de enzimas que degradam os restos de polpa na fabricação dos sucos de fruta, de outras que fazem com que os pães industriais fiquem mais macios, mais brilhantes ou não endureçam de um dia para outro, de enzimas lipolíticas, usadas em sabão em pó para degradar a gordura. Contra este tipo de produto, não existe grande resistência, uma vez que os microorganismos utilizados ficam restritos ao meio de produção e não entram em contato com o organismo do consumidor e supõe-se que exista uma avaliação cautelosa dos produtos resultantes, segundo protocolos rígidos de segurança. Ainda, evita-se a alergia que podia ser provocada através do antigo método de produção de insulina, o qual envolvia o uso de pâncreas de bois e porcos sacrificados; poupam-se os estômagos dos bezerros, dos quais se costumava extrair a quimosina, após sacrificar os animaizinhos, obviamente, e as hipófises dos cadáveres não mais precisam ser usadas para a extração do hormônio do crescimento. Outro método usado é o bombardeamento, em altíssima velocidade, das células do vegetal a ser modificado com partículas de DNA, que penetram no núcleo das células, incorporando-se ao seu genoma. Ao ser consumida, a planta transgênica leva para dentro do organismo do consumidor o material geneticamente modificado. No processo de criação de um "transgene", vem junto um gene de resistência a antibióticos, para permitir sua futura identificação na planta transgênica. Como 95% do DNA ingerido é degradado no processo digestivo, resta à possibilidade (pequena, mas preocupante) do escape de um gene resistente a antibióticos. Um outro aspecto indesejável quanto à assimilação de DNA modificado diz respeito ao fato de que todos os alérgenos conhecidos até hoje são proteínas, havendo o risco de tal elemento se tornar alergênico, o que ainda não foi efetivamente comprovado até o presente. A simples ingestão de DNA adicional não é necessariamente perigosa: DNA / RNA vêm sendo ingeridos normalmente através de dietas, desde quando esta se limitava aos frutos coletados ou aos animais abatidos pelo homem das cavernas. Os produtos de expressão (associados ao novo DNA introduzido), porém, que são proteínas (enzimas), podem, potencialmente, ter ação antinutricional, podem produzir alergias ou causar algumas mudanças no valor nutricional do alimento (LAJOLO). O único caso comprovado até o momento de possíveis danos à saúde causados pela engenharia genética ocorreu nos Estados Unidos, entre 1989 e 1992, envolvendo um aminoácido chamado triptofano, sintetizado por uma bactéria, por uma empresa japonesa. Das 1500 pessoas afetadas, 38 morreram. Ficou constatada uma contaminação por sessenta agentes contaminadores, sem identificação da fonte de contaminação (bactéria ou processo de filtragem do produto). Qualquer dos métodos mencionados apresenta alguns problemas: a incerteza de que o "transgene" se incorporou realmente ao genoma da planta, bem com a dúvida quanto aos resultados de sua interação com os demais genes já existentes no vegetal. Isto ajuda a alimentar a polêmica que envolve a criação e a comercialização dos transgênicos pelo mundo:
  • 5. de um lado, os que encaram o assunto como uma promessa e, de outro, os que o encaram como uma ameaça. Como afirma Lajolo: a polêmica relativa à segurança dos alimentos transgênicos se origina a partir da aparente incontrolabilidade de certos resultados. As empresas e defensores da semente transgênica argumentam que até hoje não se conseguiu apontar casos de doenças que tivessem sido provocadas pelo produto modificado. Os adversários apontam o prazo ainda curto de consumo desses produtos, recomendando que se façam maiores pesquisas, mas já fazem referências a um estudo mantido em segredo pela própria empresa Monsanto, cujo milho transgênico teria desenvolvido tumores em ratos de laboratório (MINEIRO). Passados mais de dez anos do uso das sementes modificadas da Monsanto e de seu agrotóxico, as discussões científicas permanecem no mesmo ponto em que estavam no início: nem a empresa consegue assegurar que o produto modificado seja seguro para a saúde humana, nem os adversários conseguem apresentar dados contrários tão conclusivos e definitivos que impeçam a contínua difusão das lavouras à base das sementes geneticamente modificadas. Em defesa produção de alimentos transgênicos existe a idéia de que eles seriam a solução para aumentar a produção de alimentos e diminuir a fome e a desnutrição mundial. Existem previsões de três gerações de transgênicos. A primeira, que está no mercado desde a década de 90 passada, cujos principais produtos são soja, milho, algodão e canola, seria tolerante a herbicidas e resistente a insetos. A segunda promete alimentos mais nutritivos, com menos substâncias nocivas (como os alérgenos), maior resistência a estresses ambientais, como clima seco ou solo salino em demasia. Um exemplo seria o arroz dourado, com produção de betacaroteno em seus grãos, para diminuir os problemas de carência de vitamina A em países pobres, cuja base alimentar é este cereal. Sua primeira variedade frustrou os pesquisadores. Uma segunda variedade está em estudo. A terceira geração seriam as biofábricas, produtoras de remédios, como hormônio do crescimento, interferon ou fator de crescimento. A planta seria processada, o remédio seria extraído e purificado a um custo bem menor. No Brasil, a Embrapa tem pesquisado uma soja transgênica capaz de gerar o hormônio do crescimento, que hoje já é obtido por microorganismos geneticamente modificados, mas ainda a um custo muito alto. A Embrapa tem um núcleo especializado em genética, o Cenargen, onde se concentram as pesquisas. Conhecida pela qualidade de suas pesquisas, a Embrapa aguardava a liberação das pesquisas transgênicas. Talvez de seus laboratórios possam vir às respostas relativas à segurança ambiental e sanitária dos produtos, que ambientalistas e consumidores tanto exigem. No outro pólo, um trabalho do pesquisador norte-americano Bem Brook demonstra que, na Argentina, as promessas da alta produtividade transgênica e do menor consumo de pesticidas não se realizaram, o que leva a cultura a buscar produtividade com a incorporação de novas terras para a lavoura, com efeitos ambientais e sociais graves. No aspecto ambiental, surgiram ervas daninhas resistentes ao agrotóxico associado à semente modificada, e a ampliação dos campos de cultivo se faz agora, em grande parte, com o desmatamento em áreas florestais e não por uma maior produtividade das plantações existentes. O Greenpeace aponta para os riscos que os organismos transgênicos trazem para a biodiversidade, os quais Eliana Fontes, pesquisadora da Embrapa, classifica em quatro itens principais: contaminação de plantações não transgênicas através de pólen de transgênicas (fluxo de genes); organismos que não são alvos das plantas transgênicas podem sofrer ação de substâncias como toxinas, sendo
  • 6. eliminados (impacto sobre a biodiversidade); incidência de um rearranjo na seqüência de genes, fazendo com que uma planta transgênica venha a apresentar características distintas de sua família original (impactos da transformação gênica); aparecimento de superervas daninhas ou superpragas (surgimento de resistência). Ainda existe a ameaça à segurança alimentar: antigamente, pensar em patentear plantas, animais ou genes não poderia sequer ser considerado. Hoje, com a patente sobre a vida, o produtor tem que pagar royalties pelas plantas patenteadas e as sementes que produzem, por todas as gerações futuras. Isso é uma ameaça à segurança alimentar e à biodiversidade. Em entrevista à revista Senac e Educação Ambiental, o jornalista Washington Novaes declarou: O Brasil precisa definir se quer ser um grande produtor de transgênicos e competir com Estados Unidos, Argentina e Canadá num mercado que já tem excedentes ou se pretende fornecer prioritariamente para os mercados europeu e japonês, que não querem transgênicos (...) Uma possível solução seria dividir nosso território: por exemplo, apenas do Estado do Rio para o sul pode plantar, dali para o norte não pode. Assim, criaríamos dois mercados. De qualquer maneira, seriam necessários estudos de impacto e essa história de dizer que não há comprovação de problemas causados por transgênicos é uma balela. Muitas pesquisas mostram até perda de produtividade ao longo dos anos nos Estados Unidos e na Argentina. O Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, afirma que, antes de ser contra os transgênicos, seu posicionamento é o de querer uma sólida regulamentação, que inclua análise de risco à saúde humana, estudos de impacto ambiental e rotulagem (S. PAZ apud CARDOSO, p. 81). Estaríamos ou não participando de uma mudança de paradigma no processo de produção agrícola? Este conflito envolve grandes interesses políticos e econômicos. Existe, além de riscos para o meio ambiente e para a saúde do consumidor, a indicação de que as vantagens apregoadas pelos que defendem os transgênicos podem ser obtidas por alternativas mais sustentáveis, como a ecoagricultura, escapando-se das monoculturas, dos defensivos químicos, mantendo-se sistemas ecologicamente equilibrados, com a ausência de riscos tão preocupantes. Este tipo de solução exige um manejo da plantação muito mais cuidadoso por parte do agricultor, sendo, então ideal o cultivo de pequenas propriedades, administradas por agricultores familiares. Isto se contrapõe à existência de grandes propriedades monocultoras, prática comum em nossa realidade. Sendo um debate não apenas científico, uma vez que a ciência por si só ainda não possui respostas conclusivas em relação à existência ou à ausência de riscos para o meio ambiente e para a saúde dos consumidores, é uma questão política, uma vez que as sociedades deverão escolher o modelo de desenvolvimento a ser seguido. E que valores priorizarão as sociedades para tomar esta decisão? Valorizarão a proteção aos solos, às águas e a todas as formas de vida, inclusive a humana? Todos os atores envolvidos neste embate polarizado em relação aos transgênicos mantêm-se atentos e vigilantes para o rumo a ser tomado nos próximos tempos. Mas caberá ao consumidor a decisão sobre o sucesso ou fracasso de tais produtos. Por ele será dada a palavra final. Que tipo de desenvolvimento escolherá a grande maioria dos consumidores mundiais? Isto dependerá de um posicionamento ético e político em relação ao modelo de mundo desejado.