O documento discute a necessidade de uma gestão horizontal e participativa no Diretório Central dos Estudantes (DCE), criticando o modelo atual de representação por cargos. Defende também a ampliação do apoio estudantil, da assistência à saúde mental e combate a opressões como racismo e LGBTfobia.
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Carta Programa Chapa 3 - Eleições DCE Unicap 2017
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ruptura é o momento exato em que ocorre o rompimento, interrupção ou anulação de qual-
quer processo. Vemos na Unicap sucessivas gestões de DCE que não nos levaram a lugar
algum. Mesmo assim, vimos sua política fortalecer dentro do campus, com grupos conser-
vadores e reacionários. Desta forma, montamos um programa que possa caminhar lado a
lado na luta das estudantes e dos estudantes que precisam de assistência estudantil, das mães,
das terceirizadas e dos terceirizados que trabalham de forma desgastante e não têm direito ao
ingresso na universidade, de estudantes LGBTQ, das estudantes e dos estudantes negras e ne-
gros, de nossas e nossos atletas, de estudantes criminalizadas e criminalizados no entorno do
campus pela polícia. Além disso, também estamos ao lado de mulheres e homens em situação
de rua nos arredores da Universidade, que não possuem nenhum tipo de aparato. E, por fim,
que possamos lembrar que ainda temos força para lutar mesmo com o tempo correndo contra
nós, então, vamos lá!
Diretório Central dos Estudantes repre-
senta a classe estudantil frente às de-
mandas sociais e institucionais. Desem-
penha o papel de representante de to-
dos os cursos e todas as alunas de uma uni-
versidade. As organizações têm o poder de
canalizar e ampliar essas vozes insurgentes.
Elas são frutos de pressão, luta e resistência
da classe frente a hegemonia institucional e
classista da representatividade.
Lutar contra a poderosa máquina empresarial
que ditam os rumos e moldes da educação,
vendendo-a como mercadoria e utilizando o
próprio capital como pedagogia, é mais que
uma obrigação.
É necessária a quebra da ideologia dominante
regendo a educação. É necessário que a edu-
cação popular tome conta das práticas peda-
gógicas. É necessária a quebra da clássica
divisão das que realmente trabalham e das
que pensam. É necessário vincular a educa-
ção ao modo vida, a real necessidade do po-
vo. É necessário quebrar a política representa-
tiva aparelhada e viciada que transformam as
lutas em meras pautas a favor das instituições!
Sabemos que só os que realmente estão so-
frendo com todos esses retrocessos é que po-
dem mudar o panorama e criar na Unicap um
espaço de junção e fortalecimento das diver-
sas lutas. Não recuaremos um passo, não es-
peraremos nem mais um segundo, afinal, se
não for agora, quando será?
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ais uma matrícula chegou. Junto com
ela mais um aumento de mensalidade.
Ainda tenho dívidas do ano anterior.
Vou no 1º andar do bloco G: protocolo,
renegociações, cheques e cartões se transfor-
mam em dívidas. Dívidas que não sei quando
irei pagar. Meu corpo implora para comer. Só
na tesouraria perdi 2 horas numa fila pra assi-
nar um papel. Só o meu nome no papel. Mas,
comprar um lanche, ou pagar a passagem de
volta para casa? Dúvidas: E se for mãe, com
quem deixo a criança? Ou deveria pôr em uma
creche? Xerox, livros, gastos, mais uma men-
salidade. Neste semestre só paguei a matrícu-
la. Consigo um estágio. São 7 horas traba-
lhando, 3 horas diariamente dentro do trans-
porte público. Aulas de manhã e de noite.
Chego em casa depois das 23h. Uma rotina
confusa e cansativa. Utilizo paliativos como
alívio para o peso que o dia carrega. Passa
um policial, me observa distante. Sofro um ba-
culejo. O segurança observa tudo atrás de
mim, do outro lado da grade. Nada faz. Nem
existo. Acho graça em como "atrás das gra-
des" é relativo. Humilhação. Me liberam. Como
se eu merecesse ser presa/o. Sigo para a mi-
nha casa. Não sei o que fazer. Estudo ou dur-
mo? Trabalho ou estudo? Queria mesmo era
ver um filme. Acabo dormindo com a roupa do
corpo no sofá. Tá cada vez mais difícil, tá cada
vez mais distante aquele futuro promissor. Na
verdade, nunca nem o vi. Mas escuto falar so-
bre ele desde a minha infância. Não posso de-
sistir. O que será da minha vida sem essa gra-
duação? Mas, o que será da minha gradua-
ção, sem a minha vida?
Ampliação do programa de bolsa monitoria,
pesquisa e criação do programa de bolsa
para extensão;
Luta constante contra o aumento das mensa-
lidades;
Atuar nos conselhos e instâncias deliberati-
vas da universidade pela assistência estu-
dantil;
Lutar pela criação do restaurante universitá-
rio a preço mínimo;
Lutar pela criação de vestiários e disponibili-
zar banheiros com chuveiros no prédio do
DCE;
Regime especial de estudo para mães e pais;
Escolinha e creche para auxiliar os estudan-
tes que são pais e mães;
Programa de atendimento psicológico social
para as estudantes;
Promover espaços de discussões sobre a
nossa saúde mental;
Adquirir uma fotocopiadora para que o DCE
tenha xerox a preço mínimo;
Criação de mecanismo para a denúncia e fis-
calização de estágios que não cumprem o
contrato e exploram a estagiária;
Auditoria nas contas da Unicap.
s estudantes e os estudantes precisam sentir-se
parte da gestão do Diretório Central dos Estudan-
tes (DCE) e não somente representadas ou repre-
sentados. Nossa Chapa critica o modelo dominan-
te de representatividade por cargos, uma vez que
esse modelo não traduz a dinâmica da luta social.
Precisamos quebrar a hierarquia para nos sentir-
mos partes do processo de transformação. E esse
processo não pode ser transferido ou delegado,
precisando de protagonismo da própria organiza-
ção, não de funções engessadas que monopoli-
zam e inibem as decisões. Acreditamos que sujei-
tos políticos não podem se sujeitar ao voto de uma
figura presidencial.
Quando não se acredita no espaço em que se está
inserido, e no qual falam por nós sem a oportuni-
dade de fazermos isso por nós mesmas, não é
possível que essa luta seja efetiva .
Construir uma gestão horizontal, a partir de co-
missões e grupos de trabalho, sem as hierarquias
burocratizadas e centralização de cargos;
Debater e modificar o estatuto do DCE para que
possa ser atualizado e contemplar as mais diver-
sas formas de organização.
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Lutar por bolsas para funcio-
nárias terceirizadas e funcio-
nários terceirizados, assim
como para suas filhas e filhos;
Criação de uma ouvidoria no
DCE que atenda denúncias de
ivemos uma era marcada por
retrocessos e fortes retiradas de
direitos, em especial para os gru-
pos mais vulneráveis: mulheres,
negros e negras e pessoas LGB-
TQI.
Além disso, vivemos também
uma guerra às drogas sem fim,
que serve para o encarceramen-
to em massa da população negra
e extermínio da sua juventude.
Quando analisamos a universi-
dade e nossa base frente a essa
conjuntura, mostra-se fundamen-
tal que o Movimento Estudantil
se organize e volte a ser comba-
tivo para um enfrentamento con-
junto dessas violações de direi-
tos.
violências relacionadas às
opressões;
Criação de espaço de debates
sobre a legalização e denún-
cia contínua da guerra às dro-
gas.
Lutar por um maior ingresso
de estudantes negras, negros
e indígenas na universidade,
seja por programas estatais
ou providos pela própria Uni-
cap;
Manutenção do nosso campus
aberto sem catracas;
Lutar pela redução do preço
das multas da biblioteca, prin-
cipalmente dos finais de se-
mana, quando a multa é do-
brada;
Lutar por uma maior acessibili-
dade do campus e do entorno
do campus para idosas, ido-
sos e pessoas com deficiên-
cia;
Oferecer capacitação integra-
da com as funcionárias e os
funcionários para com as de-
mandas de minorias e opres-
sões;
Discussão e promulgação de
um instrumento que regulamen-
te a permanência das pessoas
trans na Universidade;
Promover o debate da liberda-
de religiosa, visando a quebra
dos estigmas em torno das reli-
giões de matrizes africanas e
incluindo-as no calendário aca-
dêmico;
Fomento para grupos de deba-
tes sobre raça e gênero;
Ampliação do pré-vestibular Fé
e Alegria e cotas específicas
para pessoas negras e trans;
Articulação instrucional acerca
do Programa Nacional de Edu-
cação na Reforma Agrária
(PRONERA) para a inclusão da
juventude rural e campesina no
ensino superior;
Debate sobre os indicadores de
desempenho educacionais, co-
mo o Enade.
sala de aula, a pesquisa e
extensão formam o que a peda-
gogia chama de “tripé educacio-
nal universitário”. Para que o en-
sino não seja alienante e restrito
somente ao conhecimento em
sala de aula, não podemos nos
afastar da pesquisa e da exten-
são. Mas quantas pessoas na
Unicap já participaram de uma
extensão? Infelizmente a pesqui-
sa também é limitada somente a
bolsas e não há meios alternati-
vos além do PIBIC e PIBID. São
raros os grupos autônomos de
pesquisa. Desta forma, a Unicap
acaba fazendo com que sua ba-
se educacional, muitas vezes,
seja bastante desconexa da rea-
lidade.
Incentivar e divulgar os proje-
tos de extensão populares as-
sim como a criação de novos;
Criação de uma cartilha com
informações básicas sobre a
iniciação e publicação científi-
ca;
Maior valorização dos cursos
de licenciatura;
Promover espaços de debate
fora da universidade para uma
maior vivência das/dos estu-
dantes;
Lutar para que as inscrições
das/dos monitores não sejam
feitas na mesma sala dos con-
cluintes, isso prejudica os
dois;
Rediscutir o procedimento de
matrícula e troca de professo-
res,
Pela denúncia de professores
machistas, racistas e LGBTQfó-
bicos;
Lutar pela ampliação, divulga-
ção e barateio do preço do pro-
grama de intercâmbio;
Criações de comissões por
área de conhecimento: repre-
sentantes de cada curso para
propor as respectivas deman-
das;
Vistoria e melhoramento dos
nossos laboratórios;
Disponibilização de transportes
para aulas de campo;
Inserção do DCE nos conse-
lhos deliberativos dos progra-
mas de pós-graduação lato
sensu e stricto sensu;
Ampliação de bolsas raciais e
sociais para os programas de
pós-graduação.
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s decisões que a Universidade
toma sobre a promoção de um
programa esportivo já diz muito
seu compromisso com a temáti-
ca: há dois anos nossa principal
quadra foi demolida para a am-
pliação do estacionamento. E o
que a aparelhada atual gestão
do DCE fez? Simplesmente ob-
servou calada os muros caírem.
Acreditamos que o incentivo à
prática de esportes contribui mui-
to para o aprendizado e o desen-
volvimento das estudantes e dos
estudantes. É um pilar enrique-
cedor de vínculo, compartimen-
to, sanidade, aprimoramento e
desenvolvimento de habilida-
des. Observamos que importan-
tes centros de ensinos compro-
metidos com uma educação
transversal tratam o esporte
com devida importância, que
não é o caso da nossa institui-
ção.
Bolsa atleta como meio de
ação social, mecanismo de
permanência e promoção uni-
versitária;
Lutar por estrutura para as
diversas modalidades;
Calendário de campeonatos
integrado com os campeonatos
locais e nacionais;
Fortalecimento das nossas
equipes para a disputa dos jo-
gos universitários estaduais e
do JUBS - principal campeona-
to universitário do país.;
eatro, dança, arte popular, cul-
tura regional, cinema e diversas
formas de lazer não são elemen-
tos que podem ser encontrados
em completude na nossa Univer-
sidade, não é mesmo? Para não
passar em branco e cumprir ta-
bela, a instituição oferece um
pequeno show uma vez ao mês.
Mas nos tornar espectadores e
espectadoras desses shows ou
exibir um filme no gramado uma
vez perdida não é colocar em
prática a transversalidade que
diversas atividades culturais po-
dem nos proporcionar.
O que falar dos grupos de teatro
da PUC Minas, da PUC Goiás e
da PUC Campinas? E sobre os
grupos musicais oferecidos em
outros centros acadêmicos com-
prometidos com o poder transfor-
mador e empoderador da arte?
É preciso que haja mais atenção
e comprometimento com a pro-
moção de atividades culturais e
artísticas na nossa instituição,
não se limitando apenas a even-
tos esporádicos.
Cobrar da Universidade ações
e mais incentivos à cultura;
Mudança nas grades curricula-
res para a inserção da cultura
nas diversas formas de conhe-
cimento, em eixos transver-
sais, ajudando, assim, na sua
preservação, promoção e con-
servação;
Oferecimento de grupos cultu-
rais;
Calendário Cultural;
Inclusão da Universidade co-
mo um polo no circuito de es-
petáculos regionais;