A carta apoia a greve dos professores da UFRB e defende a luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Critica o modelo atual de universidade que prioriza a mercantilização e defende em vez disso uma educação humana, crítica e emancipatória.
1. Diretório Acadêmico Livre de Agronomia – D.A.L.A.
Gestão Navegar é preciso
31 de maio de 2012
À Associação dos Professores Universitários do Recôncavo – APUR
O Diretório Acadêmico Livre de Agronomia – DALA (Gestão Navegar é Preciso) vem por meio
desta carta, informar sua posição diante a deflagração de greve por parte dos docentes da
UFRB no dia 17 de maio de 2012.
Queremos aqui, como juventude e representação política dos estudantes do Curso de
Agronomia, reiterar nosso compromisso e apoio incondicional à luta pela educação, por todos
seus atores, sobretudo, a classe trabalhadora oprimida e explorada e todas demais vítimas das
investidas do capital contra a educação, da mercantilização, da bancarização do ensino e da
privatização.
Desta forma, apoiamos a greve dos professores das quase 50 universidades federais.
Entendemos o mecanismo de greve enquanto prática legitima e necessária para o sucesso nas
lutas das bandeiras históricas da democracia, qualificação e popularização da universidade
pública brasileira.
Defendemos o também combate a todas as formas de opressão nas IFEs, assim como o seu
tradicional culto ao poder, à hierarquia, tecnocracia e ao título, como formas de reificação do
anacrônico e perverso modelo panóptico, absurdamente persistente no meio acadêmico em
tempos como o nosso. Entendemos como forma de superação deste problema, o
estabelecimento de práticas e rotinas dialógicas e plenamente horizontalizada entre todas as
categorias e a reafirmação da paridade através de todos os órgãos e espaços políticos da
UFRB, como medida de se garantir a plena democracia, aqui até então, pouco praticada.
Assim, declaramos nossa insatisfação contra o posicionamento específico adotado e
defendido pela APUR, no que diz respeito à barbárie cultural que seria o fim da paridade, uma
vez que defendemos a institucionalização da democracia autogestionada interna e externa.
Em um país ocupante do 6º lugar no ranking mundial em economia, 84º em IDH, 82º em
igualdade de gênero, 84º em desigualdade social (0,52 de índice de Gini), onde, de acordo
com o Censo 2010, 25% da população tem renda mensal de até R$ 188 e metade da
população não tem renda mensal superior à R$ 375, entendemos que a luta não deve ser
apenas pela simples valorização das categorias profissionais, mas também pela extinção da
divisão social do trabalho e do capitalismo (incluindo o modelo neodesenvolvimentista adotado
pelo governo). Fora destas pretensões de combatividade, rejeitamos qualquer possibilidade de
construção de uma educação transformadora e verdadeiramente emancipatória.
Devemos concordar que, hoje o modelo mecanicista, bancário, tecnicista e produtivista
implantado nas universidades, reforçado pela CAPES, em conjunto com o REUNI e os cortes
de R$ 5 bilhões no Orçamento da União para a educação feitos em apenas dois anos,
aumentam ainda mais os níveis de mercantilização da educação. Tem-se assim como
consequência, o distanciamento de uma educação humana, crítica, dialógica e libertadora;
favorecendo políticas privatistas e neoliberais, através do estabelecimento das relações
público-privadas e terceirizações que permitem a disseminação dos ditames e interesses do
capital, assim como a precarização do trabalho e distanciamento do cumprimento das funções
sociais da universidade pública.
2. Diretório Acadêmico Livre de Agronomia – D.A.L.A.
Gestão Navegar é preciso
Gostaríamos de reforçar nossa bandeira pela responsabilidade da educação por parte do
Estado, uma vez que o Brasil ainda guarda uma das piores relações de instituições
públicas/privadas do mundo – onde 90% das vagas disponíveis são oferecidas por instituições
privadas, que por sua vez, operam na lógica e serviço da economia de mercado,
globalização/mundialização e seus valores, dentre os quais, a competição e individualismo, ao
invés da solidariedade e transformação da realidade social, ambiental e econômica.
Apoiamos a luta nacional dos docentes. Todavia, esperamos que ocorra uma real mobilização
interna nos Centros, assim como, não se estabeleça uma mera consciência sindicalista, mas
uma consciência política universal de classe – ocupando a universidade com debates, ética
política, superação de interesses exclusivamente econômicos-corporativos (a exemplo da
manutenção do injustificável auxílio transporte, dentre outras questões) e por uma frente única
contra o capitalismo e mercantilização da nossa educação.
Entendemos que a pauta de valorização do piso salarial e de planos de carreiras não podem
ser legitimados se não pensados em conjunto com esforços para a também superação de
práticas e relações contaminadas pelo corporativismo. Sugerimos a implantação de um
controle social justo para cumprimento da DE e ouvidorias nos Centros de Ensino e
Administração Central.
Repudiamos ações isoladas de docentes que contrariam o posicionamento da ampla maioria
dos seus pares, e, de modo coercitivo, continuam a ministrar aulas e aplicar avaliações.
Queremos uma UFRB que não marginalize a extensão e que seu modus operandi, junto à
comunidade acadêmica e civil, seja indissociável como ainda virtualmente está escrita em
seus princípios. Propomos-nos a discutir um projeto de sociedade, de universidade e de
educação popular e emancipatória - unificando a luta por universidade cada vez mais pública,
popular, gratuita, de qualidade, socialmente referenciada, laica e democrática!
Dessa forma, apresentamos aqui algumas pontuações sobre nosso interesse em contribuir
com a construção de uma UFRB democrática, sustentável, humana, permeável e que assuma
o seu papel no protagonismo da transformação da realidade do Recôncavo da Bahia.
A CLASSE TRABALHADORA E A JUVENTUDE NÃO PODEM PAGAR PELA CRISE!
PELO NÃO PAGAMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA!
EXPANSÃO COM 50% DO FUNDO DO PRÉ-SAL E 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO!
O MOVIMENTO ESTUDANTIL SEGUE AUTÔNOMO, LIVRE E COMBATIVO!