Nos últimos anos, a vitamina D tem ganhado destaque em estudos científicos, que sugerem numerosos benefícios da substância produzida naturalmente pelo organismo em resposta à exposição solar. Muitas pessoas, porém, apresentam carência desse composto e precisam fazer a suplementação oral. Neste mês, dois artigos independentes apresentados na Europa e na Nova Zelândia indicaram que tomar algumas gotas da vitamina pode combater a asma e ajudar os bebês a obtê-la em maior quantidade.
2. Nos últimos anos, a vitamina D tem ganhado destaque em estudos
científicos, que sugerem numerosos benefícios da substância
produzida naturalmente pelo organismo em resposta à exposição
solar. Muitas pessoas, porém, apresentam carência desse
composto e precisam fazer a suplementação oral. Neste mês, dois
artigos independentes apresentados na Europa e na Nova
Zelândia indicaram que tomar algumas gotas da vitamina pode
combater a asma e ajudar os bebês a obtê-la em maior quantidade.
3. Publicada na revista Cochrane Library e apresentada no congresso
da Fundação Pulmonar Europeia, uma sociedade médica, análise
envolvendo 435 crianças e 658 adultos encontrou evidências de
que a suplementação, aliada ao medicamento tradicional usado
por pacientes asmáticos, reduz diversos ataques da doença
crônica, que afeta 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Os
sintomas incluem espirros, tosse, chiado no peito e dificuldade para
respirar.
4. Níveis baixos de vitamina D têm sido associados a um aumento no
número de crises de asma em crianças e adultos. O interesse em
investigar o papel da substância no controle da doença se dá
porque ela ajuda a reduzir infecções do trato respiratório superior,
como a gripe comum, que podem levar à exacerbação da asma.
Diversos estudos clínicos investigaram se tomar vitamina D como
suplemento tem efeito sobre os ataques, os sintomas e a função
pulmonar dos pacientes de todas as faixas etárias.
5. A equipe de pesquisadores da Cochrane Library, publicação do
grupo Cochrane, uma rede global de médicos e cientistas que
investiga assuntos da área de saúde, coletou informações de sete
estudos realizados no Canadá, na Índia, no Japão, na Polônia, na
Inglaterra e nos Estados Unidos. A maior parte das pessoas
recrutadas tinha asma leve a moderada, sendo que alguns
apresentavam sintomas severos. Enquanto participavam dos
testes, que duraram entre seis meses e um ano, quase todas
continuaram tomando a medicação usual.
6. Os pesquisadores descobriram que a suplementação oral de vitamina
D diminuiu os risco de crises graves (aquelas que requerem admissão
hospitalar) de 6% para 3%. Também constataram que as gotinhas
reduziram o número de vezes em que, por causa da gravidade dos
ataques, os pacientes precisavam usar medicamentos esteroides. Os
resultados referem-se basicamente ao público adulto. Por outro lado,
constatou-se que a suplementação não melhorou a função pulmonar
nem os sintomas diários da asma. “Nós constatamos que tomar uma
dose suplementar de vitamina D concomitante ao tratamento padrão
de asma reduz significativamente o risco de crises severas, sem causar
efeitos colaterais”, disse Adrian Martineau, do Centro de Pesquisa
Aplicada de Asma da Universidade Queen Mary, em Londres.
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7. A cientista, porém, ressalta que, mesmo animador, o resultado
necessita de cautela. “Em primeiro lugar, as descobertas sobre os
ataques severos vieram apenas de três estudos, sendo que a
maioria dos pacientes que participaram deles era adulta com a
doença leve ou moderada. Mais testes são necessários em
crianças e adultos com asma severa para confirmarmos se esse
grupo também se beneficiaria”, justificou. “Também não está claro
se a suplementação pode reduzir o risco de crises em todos os
pacientes ou se apenas nos que têm níveis baixos da vitamina D.”
Segundo Marineau essas questões estão sendo investigadas
agora, com resultados previstos para os próximos meses.
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8. RAQUITISMO
No outro trabalho, pesquisadores da Universidade de Otago, na
Nova Zelândia, descobriram que ministrar altas dosagens de
vitamina D mensalmente a mulheres que estão amamentando
pode melhorar o status da substância em seus bebês. Essencial
para o metabolismo ósseo, esse composto está presente no leite
materno, mas em pouca quantidade. A deficiência dele na infância
está associada a distúrbios como o raquitismo
9. De acordo com Ben Wheeler, coautor do trabalho, muitos países
recomendam a suplementação de vitamina D para as nutrizes, mas
esse conselho não é seguido normalmente. A Sociedade Brasileira
de Pediatria indica o suplemento diário para crianças a partir da
primeira semana de vida até os 24 meses, independentemente da
região do país. “Queríamos ver se a suplementação de altas doses
tomada uma vez por mês pelas mães poderia ser outra forma de
ajudar seus filhos a terem doses suficientes da vitamina”, disse
Wheeler.
No estudo, 90 gestantes foram divididas em dois grupos de
suplementação, além do placebo. Quatro meses após o parto, as
mães do primeiro grupo receberam 1,25mg de vitamina D por mês;
as do segundo, 2,5mg; e as do terceiro não tomaram nada. Os
níveis da substância foram medidos no cordão umbilical ou em
exames de sangue no começo da pesquisa e novamente, no fim.
Comparado ao grupo de placebo, constatou-se aumento
significativo nos níveis da substância no sangue de crianças cujas
mães ingeriram mais composto. “Nessa dosagem, a melhora no
status da vitamina D parece proteger contra deficiências
moderadas e severas, já que apenas um bebê no grupo dos 2,5mg
mostrou deficiência grave, enquanto que isso foi observado em
seis crianças do grupo de placebo”, diz Wheeler. “Se estudos
futuros confirmarem nossa descoberta, o próximo passo seria
investigar se a suplementação mensal pode ser tão efetiva quando
doses mais baixas diárias ou semanais.”