O documento discute os riscos potenciais de exposição a produtos químicos encontrados em cosméticos durante a gravidez. Estes produtos químicos, como ftalatos e parabenos, podem atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento fetal. No entanto, poucas mulheres recebem orientações de profissionais de saúde sobre como limitar a exposição a esses produtos durante a gestação.
2. Na Europa o European Union Cosmetics Directive define um
produto cosmético ou um produto de personal care como sendo
qualquer substância ou mistura com intenção de ser aplicada em
partes externas do corpo humano (epiderme, cabelo, unhas, lábios
e partes externas de órgãos genitais) ou na cavidade oral, para
limpar, perfumar, modificar a aparência, proteger e corrigir odores.
Os ingredientes de muitos cosméticos podem atravessar a barreira
cutânea e alcançar o sistema circulatório. A exposição também
pode ocorrer na membrana de mucosas, por ingestão (batons) e
por inalação (aerossóis).
3. Segundo estudo publicado no jornal Reproduction, The Journal of
the Society for Reproduction and Fertility, nos últimos anos foi
evidenciado que estamos expostos a uma grande variedade de
produtos que exercem alguma atividade endócrina. Esses produtos
são classificados como Endocrine-Disrupting Chemicals (EDCs) e
as gestantes são uma preocupação em particular devido à
vulnerabilidade do feto que pode ter sua saúde afetada por toda
vida. Entre os EDCs estão os ftalatos, fenóis, parabenos, triclosan,
benzofenona-3 e outros filtros solares. Todos são amplamente
utilizados em formulações cosméticas ou em suas embalagens
(Tefre de Renzy-Martin et al., 2014).
As gestantes são particularmente vulneráveis aos riscos potenciais
dos EDCs. O uso de cosméticos é muito mais comum em mulheres
que em homens e a gravidez é um período de vulnerabilidade para
o desenvolvimento do feto, devido ao seu metabolismo imaturo.
Int J Environ Res Public Health. 2016 Mar 30;13(4). pii: E383. doi:
10.3390/ijerph13040383.
Endocrine-Disrupting
Chemicals (EDCs)
4. O uso de produtos de personal care é uma importante fonte de
exposição a parabenos e ftalatos (Philippat et al., 2015). Os ftalatos
atravessam a placenta resultando na exposição do feto, sendo
encontrados no fluido amniótico e leite materno (Sharma et al.,
2014). Os ftalatos são normalmente utilizados em perfumes como
agentes solventes e fixadores. Alguns foram proibidos na Europa,
mas mesmo assim são encontrados em perfumes. Uma análise em
47 marcas encontrou ftalatos em todos os perfumes (Al-Saleh e
Elkhatib, 2015).
Segundo estudo publicado no BMC Pregnancy Childbirth os
ftalatos são também encontrados em muitos cosméticos e têm sido
associados, em humanos, com parto prematuro e aumento das
chances de alergia e asma, além de afetarem o sistema reprodutor
masculino, incluindo a redução do tamanho do pênis, criptorquidia
e diminuição da distância anogenital (Ashley et al., 2015).
FTALOS E
PARABENOS
Estudo publicado no Environment International, realizado em uma
grande área urbana dos Estados Unidos, investigou a exposição
fetal a 5 parabenos (Methyl-, Ethyl-, Propyl-, Butyl- e Benzylparaben)
através da urina das gestantes e do cordão umbilical. Eles foram
detectados nas amostras avaliadas e alguns em concentrações
mais altas que normalmente encontradas na população americana
(Pycke et al., 2015).
5. DISCUSSÃO
Não existem dados sobre os avisos fornecidos por profissionais de
saúde a mulheres relacionados ao uso de cosméticos na gestação.
A mudança de hábito no uso de cosméticos na gestação, a
percepção do risco desses produtos e o suporte de profissionais
como médicos, farmacêuticos e doulas são essenciais em
estratégias para limitar as gestantes a uma exposição excessiva
aos EDCs.
Esse estudo publicado no International Journal of Environmental
Research and Public Health destacou que poucas mulheres são
orientadas por um professional de saúde antes ou após a gravidez.
Foram entrevistadas 128 mulheres, sendo que 68 eram gestantes e
mais de 65% delas gostariam de ter recebido informações de
profissionais de saúde, particularmente durante a gravidez (Marie
et al., 2016).
6. 1. Al-Saleh I, Elkhatib R. Screening of phthalate esters in 47 branded perfumes. Environ Sci Pollut Res Int. 2015 Aug 28.
2. Ashley JM, Hodgson A, Sharma S, Nisker J. Pregnant women's navigation of information on everyday household chemicals: phthalates as
a case study. BMC Pregnancy Childbirth. 2015 Nov 25;15(1):312. doi: 10.1186/s12884-015-0748-0.
3. European Union. Regulation (EC) no 1223/2009 of the European Parliament and of the Council of 30 November 2009 on Cosmetic
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4. Philippat C, Bennett D, Calafat AM, Picciotto IH. Exposure to select phthalates and phenols through use of personal care products among
Californian adults and their children. Environ Res. 2015 Jul;140:369-76. doi: 10.1016/j.envres.2015.04.009. Epub 2015 May 2.
5. Marie C, Cabut S, Vendittelli F, Sauvant-Rochat MP. Changes in Cosmetics Use during Pregnancy and Risk Perception by Women.
Int J Environ Res Public Health. 2016 Mar 30;13(4). pii: E383. doi: 10.3390/ijerph13040383.
6. Pycke BF, Geer LA, Dalloul M, Abulafia O, Halden RU. Maternal and fetal exposure to parabens in a multiethnic urban U.S. population.
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7. Sharma S, Ashley JM, Hodgson A, Nisker J. Views of pregnant women and clinicians regarding discussion of exposure to phthalate
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8. Tefre de Renzy-Martin K, Frederiksen H, Christensen JS, Boye Kyhl H, Andersson AM, Husby S, Barington T, Main KM, Jensen TK. Current
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REFERÊNCIAS