O documento discute conceitos e métodos de análise das demonstrações contábeis, incluindo análise horizontal e vertical, índices financeiros como liquidez e endividamento, e métricas como prazo médio de estoques, recebimentos e pagamentos. O objetivo é extrair informações das demonstrações financeiras para subsidiar a tomada de decisões sobre a situação financeira e desempenho da empresa.
2. CONCEITOS
Segundo o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, ANALISAR é:
1. fazer análise de; separar (um todo) em seus elementos ou
partes componentes; 2. investigar, examinar minuciosamente;
esquadrinhar, dissecar (...).
Segundo Hugo R. Braga “a análise das demonstrações financeiras
tem por objetivo observar e confrontar os elementos
patrimoniais e os resultados das operações, visando ao
conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua
expressão quantitativa, de modo a revelar os fatores
antecedentes e determinantes da situação atual, e, também, a
servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro
da empresa (p. 117)”.
3. DADOS X INFORMAÇÕES
Isso é o mesmo que dizer que a Análise de Balanços tem o
objetivo de extrair informações das demonstrações financeiras
para subsidiar a tomada de decisões. Ela permite conhecer os
efeitos das decisões adotadas no passado e as causas
determinantes do estado atual, servindo de orientação para a
elaboração de planos futuros.
Segundo MATARAZZO, as demonstrações financeiras fornecem
uma série de dados sobre a empresa, de acordo com
doutrinamento contábil. A análise sobre as referidas
demonstrações transforma esses dados em informações e será
mais eficiente quanto melhores informações produzir.
4. DADOS X INFORMAÇÕES
Dados: São números ou descrição de objetos ou eventos
que, isoladamente, não provocam nenhuma reação
imediata no usuário.
Informações: Representam, para seus usuários, uma
comunicação que pode produzir reação ou decisão,
frequentemente acompanhada de um efeito-surpresa.
“Medir é importante: o que não é medido não é
gerenciado” (KAPLAN; NORTON, 1997)
6. ANÁLISE NAS DEMONSTRAÇÕES
A análise financeira deve ser um instrumento que
possibilite o gerenciamento a partir dos dados contábeis.
Assim, um dos fundamentos da análise financeira é
estabelecer métodos que permitam a comparabilidade.
Dentro da empresa, um dos aspectos relevantes é o
acompanhamento de tendência dos indicadores. A
importância desta percepção está na comparabilidade a
que foi referida, além de possibilitar eventualmente inferir
aspectos futuros da empresa.
8. ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
Os métodos de análise vertical e horizontal prestam valiosa
contribuição à estrutura e à tendência dos números de uma
empresa. De acordo com Pereira da Silva (2010, p. 198), a
análise vertical e horizontal pode auxiliar na análise dos
índices financeiros e em outros métodos de análise. No
entendimento de Matarazzo (2010, p. 170), por intermédio
da análise vertical e horizontal é possível conhecer
pormenores das demonstrações financeiras que escapam à
análise genérica por meio de índices.
9. ANÁLISE VERTICAL
Segundo Pereira da Silva (2010, p. 199), o primeiro
propósito da análise vertical (AV) é mostrar a participação
relativa de cada item de uma demonstração contábil em
relação a determinado referencial. O percentual de cada
conta revela sua real importância no conjunto. No
entendimento de Iudícibus (2010, p. 86), este tipo de análise
é importante para avaliar a estrutura da composição de
itens.
10. ANÁLISE VERTICAL
AV = RUBRICA X 100
BASE
Código Balanço Patrimonial 20X1
1 Ativo Total – AT 3.807
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206
AV = Análise Vertical
Rubrica = conta contábil que queremos calcular (ex.: ativo circulante)
Base = no BP usamos o ativo total, na DRE usamos as Vendas Operac. Líquidas.
Exemplo:
11. ANÁLISE VERTICAL
Quanto ao cálculo podemos observar que a análise
vertical toma o ativo total como base 100%, de modo
que o ativo circulante representa 58% do total do ativo.
A análise vertical baseia-se em valores percentuais das
demonstrações financeiras e para isso se calcula o
percentual de cada conta em relação a um valor base.
12. ANÁLISE HORIZONTAL
Já na análise horizontal (AH), no entendimento de
Pereira da Silva (2010, p. 205), o propósito é permitir o
exame da evolução histórica de cada uma das contas de
uma série que compõe as demonstrações financeiras em
relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma
demonstração financeira básica, geralmente a mais
antiga da série. A evolução de cada conta mostra os
caminhos trilhados pela empresa e as possíveis
tendências.
13. ANÁLISE HORIZONTAL
AH =
RUBRICA EM ANÁLISE EM Xn
X 100
RUBRICA EM ANÁLISE EM X1
Códig
o
Balanço Patrimonial 20X1 20X2
1 Ativo Total – AT 3.80
7
5.07
1
Tanto podemos utilizar a seguinte fórmula:
AH = Análise Horizontal
Xn = Rubrica em 20xn
X1 = Rubrica em 20x1
Exemplo:
14. ANÁLISE HORIZONTAL
AH = (
RUBRICA EM ANÁLISE EM Xn
RUBRICA EM ANÁLISE EM X1
) -1 ) X 100
AH = Análise Horizontal
Xn = Rubrica em 20xn
X1 = Rubrica em 20x1
Quanto Essa fórmula:
15. ANÁLISE POR ÍNDICES
Segundo PADOVEZE, o objetivo básico dos indicadores
econômico-financeiros é evidenciar a posição atual da
empresa, ao mesmo tempo em que tentam inferir o que pode
acontecer no futuro, com a empresa, caso aquela situação
detectada pelos indicadores tenha sequência.
O uso de quocientes (índices) tem como finalidade principal
permitir ao analista extrair tendências e comparar os
quocientes com padrões preestabelecidos.
A conjugação do uso de índices-padrão e de pesos possibilita
chegar-se a uma avaliação global da empresa analisada, o que
é de extrema utilidade nas tomadas de decisões.
16. ÍNDICES LIQUIDEZ
Os índices desse grupo evidenciam a base da situação
financeira da empresa, isto é, constituem uma apreciação
sobre sua capacidade de saldar compromissos a partir da
comparação entre os direitos disponíveis e realizáveis com as
obrigações da companhia. Uma empresa com índices de
liquidez superiores à unidade, em tese, tem condições de pagar
suas dívidas.
Cabe salientar que liquidez não é sinônimo de solvência.
Liquidez é a capacidade de liquidar as obrigações em dia, por
meio do giro dos negócios.
17. ÍNDICES LIQUIDEZ
Liquidez Corrente: Indica quanto a empresa possui em
dinheiro, mais bens e direitos realizáveis no curto prazo
(próximo exercício), comparado com suas dívidas a serem
pagas no mesmo período.
LC = Liquidez corrente
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante
Código Balanço Patrimonial 20X1
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187
18. ÍNDICES LIQUIDEZ
Liquidez Seca: Indica quanto a empresa possui em
disponibilidades (dinheiro, depósitos bancários à vista e
aplicações financeiras de liquidez imediata), aplicações
financeiras de curto prazo e duplicatas a receber, para fazer
frente ante ao seu passivo circulante.
LS = Liquidez seca
AC = Ativo Circulante
Est = Estoques
PC = Passivo Circulante
Código Balanço Patrimonial 20X1
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206
1.01.03 Estoques 587
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187
19. ÍNDICES LIQUIDEZ
Liquidez Geral: Indica quanto a empresa possui em dinheiro,
bens e direitos realizáveis a curto e longo prazos, para fazer
frente as suas dívidas totais (passivo exigível).
LG = Liquidez geral
AC = Ativo Circulante
RLP = Realizável L. Prazo
PC = Passivo Circulante
PNC = Passivo Não Circulante
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206
1.02.01 Realizávela LongoPrazo– RLP 231
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187
2.02 Passivo Não circulante 1.336
20. ÍNDICES ENDIVIDAMENTO
Conforme Marion (2010, p. 93) “são os indicadores de
endividamento que nos informam se a empresa se utiliza mais
de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários”. O
autor afirma que a partir destes indicadores é possível saber o
grau de comprometimento com obrigações e se os
vencimentos dos recursos de terceiros são na sua maioria a
curto ou longo prazo.
Os índices de endividamento decorrem das decisões
estratégicas da empresa, relacionadas às decisões financeiras
de investimentos, financiamento e distribuição de dividendos.
21. ÍNDICES ENDIVIDAMENTO
Participação de Capitais de Terceiros: Indica o percentual de
capital de terceiros em relação ao patrimônio líquido, ou
capital próprio, retratando a dependência da empresa em
relação aos recursos externos a ela.
PCT = Participação de Capitais de Terceiros
PC = Passivo Circulante
PNC = Passivo Não Circulante
PL = Patrimônio Líquido
Código Balanço Patrimonial 20X1
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187
2.02 Passivo Não circulante - PNC 1.336
3 Patrimônio Líquido – PL 1.284
22. ÍNDICES ENDIVIDAMENTO
Composição de Endividamento: Indica quanto da dívida total
da empresa deverá ser paga no curto prazo, isto é, as
obrigações que vencem durante o próximo exercício,
comparadas com todo o exigível da empresa.
CE = Composição do Endividamento
PC = Passivo Circulante
PNC = Passivo Não Circulante
Código Balanço Patrimonial 20X1
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187
2.02 Passivo Não circulante - PNC 1.336
23. ÍNDICES ENDIVIDAMENTO
Endividamento Geral: Esse indicador reforça as conclusões
tiradas a partir do índice Relação Entre as Fontes de Recursos,
revelando o percentual do ativo que é financiado por capitais
de terceiros.
CE = Composição do Endividamento
PC = Passivo Circulante
PNC = Passivo Não Circulante
Código Balanço Patrimonial 20X1
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187
2.02 Passivo Não circulante - PNC 1.336
1 Ativo Total – AT 3.807
24. ANÁLISE DE PRAZO MÉDIO
Conhecer e entender por meio das demonstrações financeiras,
quantos dias em média a empresa está precisando para
renovação de seus estoques; como podem ser calculados e
quantos dias em média, a empresa terá de esperar para
receber suas vendas e quantos dias, a empresa tem para pagar
suas compras.
Prazo Médio de Estoques (PME)
Prazo Médio de Recebimentos (PMR)
Prazo Médio de Pagamentos (PMP)
25. Prazo Médio de Estoque - PME
O prazo médio de estoques indica quantos dias, em média, os
produtos ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos.
O volume de estoques mantidos por uma empresa decorre
fundamentalmente do seu volume de vendas e de sua política de
estocagem. Quanto maiores os estoques, mais recursos as empresas
estão comprometendo com os mesmos.
PME = Prazo médio de estoque
ESTm = Estoque médio
• considerando Ei = estoque inicial que é o valor do estoque final do ano anterior e Ef = estoque final do
exercício atual, dividindo o resultado da soma por dois.
CPV = Custo dos produtos vendidos
Dp = Dias do período considerado (360 dias para um ano)
PME =
ESTm X Dp
CMV
26. Prazo Médio de Estoque - PME
Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2
1.01.03 Estoques 587 675
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2
2 (-) Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos 3.870 4.059
Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular o estoque médio de 20X1 e 20X2
Uma vez encontrados os valores do estoque médio prosseguimos com a aplicação da fór-
mula de prazo médio de estoques:
GE =
360 = 6 giros no ano
56
GE =
Dp
PME
27. Prazo Médio de Recebimentos – PMR
O prazo médio de recebimento das vendas indica quantos dias, em
média, a empresa leva para receber suas vendas. Por meio dele
verifica-se a eficiência da administração na sua política de vendas a
prazo. O volume de duplicatas a receber é decorrência de dois
fatores básicos: montante de vendas a prazo e prazo concedido aos
clientes para pagamento.
PMR = Prazo médio de recebimento das vendas
DRm = Duplicatas a receber médio
• Considerando DRi = Duplicatas a receber inicial, que é o valor das duplicatas a receber ao final do ano anterior
e DRf = Duplicatas a receber ao final do exercício atual, dividindo o resultado da soma por dois. Esta conta, no
balanço patrimonial, é denominada de “Créditos”.
RL = Receita Líquida de Vendas e/ou serviços
Dp = Dias do período considerado (360 dias para um ano)
PMR =
DRm X Dp
RL
28. Prazo Médio de Recebimentos – PMR
Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2
1.01.02 Créditos/Contas a receber/DR 583 737
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2
1 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 5.402 5.670
Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular o índice Duplicatas a Receber
médio de 20X1 e 20X2
Uma vez encontrados os valores do “duplicatas a receber médio” prosseguimos com a
aplicação da fórmula de prazo médio de recebimento das vendas:
29. Prazo Médio de Pagamentos – PMP
O prazo médio de pagamento das compras indica quantos dias, em
média, a empresa tem para pagar seus fornecedores. A partir do
PMC podemos calcular o número de vezes em que são renovadas as
dívidas com fornecedores, ou seja, a rotação da conta que expressa
as compras a prazo, denominada fornecedores.
PMP = Prazo médio de pagamento das compras
DPm = Fornecedores médio
• considerando DPi = fornecedores inicial, que é o valor dos fornecedores final do ano anterior e DPf =
fornecedores final do exercício atual, dividindo o resultado da soma por dois.
MC = Montante de Compras ou Compras do período
Dp = Dias do período considerado (360 dias para um ano)
PMP =
DPm X Dp
MC
DPm =
DPi +DPf
2
30. Prazo Médio de Pagamentos – PMP
Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2
1.01.03 Estoques 587 675
2.01.02 Fornecedores 349 511
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2
2 (-) Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos 3.870 4.059
Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular os fornecedores médio de
20X1 e 20X2
DPm 20X2 =
349 + 511 = 430
2
MC = CMV + ESTf - ESTi
Uma vez encontrados os valores dos fornecedores médio, precisamos ainda encontrar o
montante de compras.
MC = Montante de compras
CMV = Custo dos produtos vendidos
ESTi = Estoque inicial (é o valor final dos estoques do exercício anterior) ESTf = Estoque final (é o valor dos estoques final do exercício
atual)
31. Prazo Médio de Pagamentos – PMP
Trata-se de uma informação indispensável para o cálculo do Prazo Médio de Compras.
Uma vez encontrados os valores dos fornecedores médio e do montante de compras,
pros- seguimos com a aplicação da fórmula de prazo médio de pagamento das compras:
PMP 20X2 = 430 X 360 = 37 dias
4.147