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SISTEMA COMPREENSIVO
RORSCHACH - EXNER
Manual de Aplicação, Codificação e elaboração
do Sumário Estrutural
Learn2Be Desenvolvimento
Pessoal Lda
Clinica de Psicologia
e Coaching Learn2Be
2
ÍNDICE
1. Introdução	 3
2. O Sistema Compreensivo do Rorschach de John Exner	 4
3. A Aplicação do Teste	 6
4. Codificação das Respostas	 14
	 Localizações 	 14
	 Qualidade de Desenvolvimento	 16
	 Determinantes	 17
	 Respostas par	 28
	 Qualidade Formal	 31
	 Conteúdos	 33
	 Respostas Populares	 37
	 Actividade Organizativa	 39
	 Codificações Especiais	 41
5. Sumário Estrutural	 49
6. Bibliografia	 59
7. Anexos	 60
	 Tabela A (qualidade formal) 	 60
		 Cartão I	 62
		 Cartão II	 68
		 Cartão III	 72
		 Cartão IV	 77
		 Cartão V	 81
		 Cartão VI	 85
		 Cartão VII 	 90
		 Cartão VIII 	 95
		 Cartão IX	 100
		 Cartão X	 106
8. Folha Constelações	 110
9. Dados Normativos								 111
		Adultos								 111
		5 anos									 114
		 6 anos								 117
		7 anos									 120
		8 anos									 123
		9 anos									 126
		10 anos									 129
		11 anos									 132
		12 anos									 135
		 13 anos								 138
		14 anos									 141
		15 anos									 144
		16 anos									 147
3
1. INTRODUÇÃO
H. Rorschach e a técnica das manchas de tinta
	 Hermann Rorschach (1884- 1922)
	 Hermann Rorschach nasceu em Zurique, onde viveu toda a sua infância e grande parte da
sua juventude. Foi sempre bom aluno, tendo concluído o curso de medicina em 1909.
	 Casou-se com uma colega de origem russa e instalou-se na Rússia numa clínica perto
de Moscovo, onde trabalhou de 1913 a 1914. Voltou depois para Zurique onde fez o curso de
especialização em psiquiatria, dirigido por Eugénio Bleuler.
	 Fundou a sociedade de psicanálise de Zurique, juntamente com outros colegas, da qual foi
o primeiro vice-presidente. No entanto, mantinha uma posição não ortodoxa em relação à escola
psicanalítica de Freud.
	 Trabalhou como psiquiatra em vários hospitais até à data em que faleceu.
Morreu de peritonite aguda, de forma brusca e inesperada, apenas com 38 anos de idade.
	 O teste Rorschach
	 Não foi Hermann Rorschach, o primeiro a utilizar manchas de tinta como forma de
expressão da criatividade e da imaginação. Teve contacto com um livro de Dimitri Merejkowski
no qual o autor referia os maravilhosos efeitos das manchas resultantes da humidade num muro.
	 Justino Kerner, médico Alemão, em 1857, também usava borrões de tinta para caracterizar
as pessoas pelo tipo de borrões que faziam.
	 Binet e Simon em 1895 relacionaram os borrões de tinta com os processos da imaginação
criativa ao comparar desenhos de crianças mentalmente mais dotadas com outras menos
dotadas.
	 Szymon Hens, publicou um trabalho no final do seu curso de medicina, na clínica de Bleuler,
onde Rorschach trabalhava. Nesse trabalho, Hens testara 1000 crianças e 100 pessoas adultas,
usando como estímulos 8 lâminas com manchas de tinta. O objectivo era comparar a imaginação,
quanto aos conteúdos, entre as pessoas normais e as psicóticas. No entanto não encontrou
diferenças entre os resultados obtidos nos dois grupos.
	 Tendo tomado conhecimento da investigação, Rorschach começou por observar que
algumas dessas pessoas davam respostas na mancha toda, enquanto que outras só davam nos
detalhes.Verificandoqueosestímuloseramdecorpreta,questionava-sequaisseriamosresultados
se houvessem áreas coloridas. A partir daí o trajecto foi rápido e decisivo para a descoberta
de uma técnica de avaliação, não apenas da imaginação, mas do próprio funcionamento da
personalidade. Em 1918, confeccionou e elaborou as lâminas de teste que passou a experimentar
no hospital de Herisan. A primeira edição completa e perfeita da obra, após uma série de
dificuldades, veio a público em Setembro de 1921. Consta que por altura da sua morte estava a
elaborar novas teorias sobre a técnica.
4
2. O SISTEMA COMPREENSIVO DO RORSCHACH DE JOHN E. EXNER, JR.
	 Na década de sessenta, todos os métodos projectivos atravessavam momentos muito
críticos, quer pela perspectiva teórica subjacente - a psicanalítica, quer nas exigências psicomé-
tricas de garantia e validade que não satisfaziam. O Teste Rorschach foi acusado de carecer de
validade e de fidelidade e de ser usado abusivamente, pois era objecto de inferências especula-
tivas por parte de muitos dos psicólogos clínicos.
	 O objectivo inicial, da Rorschach Foundation (fundada por Exner), era determinar qual
a validade empírica e a utilidade do Rorschach, criando um sistema integrativo que reunisse o
que de mais consistente se encontrava nos cinco sistemas norte-americanos, já existentes. Os
sistemas em questão eram dos seguintes autores: Beck, Hertz, Piotrowski, Klopfer e Rapaport-S-
chafer. Estes cinco sistemas confrontavam-se em termos críticos, levando Exner a analisá-los nos
seus aspectos mais diversos, uma vez que para ele esta diversidade contribuía para a vulnerabi-
lidade do teste, expondo-o à contestação e à crítica.
	 Deste modo, surgiu o Sistema Compreensivo (CS), constituindo uma iniciativa que iria pôr
fim à situação vulnerável em que se encontrava o Rorschach nos anos sessenta.
	 Este sistema caracteriza-se pela autonomia face a qualquer teoria psicológica específica,
no entanto, a compreensão de como o teste opera, assenta em princípios básicos da psicologia
cognitiva.
	 NATUREZA DO RORSCHACH
	 A natureza do Rorschach está associada à sua operatividade e capacidade de fornecer
informação acerca dos indivíduos. O CS conceptualiza o Rorschach como uma tarefa perceptivo-
cognitiva, em que se manifestam processos de tomada de decisão e de resolução de problemas,
reveladores das estratégias de confronto e da organização psicológica do sujeito.
	 O processo de resposta acaba por ser mais complexo do que o contido no Psicodiagnós-
tico, implicando algumas operações prévias à verbalização do indivíduo. Isto é, antes da resposta
ser articulada verbalmente ocorrem numerosas operações.
	 Ao perguntar-se o que poderia ser, sempre que se mostra um cartão, fica implícito que a
resposta «uma mancha de tinta» não deverá ser dada. Quando isso acontece, cabe ao examina-
dor exprimir o seu acordo, mas ao mesmo tempo, deverá tentar obter uma outra identificação.
Durante alguns anos pensou-se que o número de respostas para cada cartão era muito reduzido,
desconhecendo-se que cada sujeito dispunha de um número possível de respostas bem maior
do que as expressas.
5
2.1.5. O BRINCAR COMO CENÁRIO DA FANTASIA
	 Danilo Silva, em 1986, refere os estudos feitos pela Rorschach Research Foundation que
demonstram este facto. Além de verificar que não só o número de respostas é muito mais ele-
vado do que o obtido habitualmente, também se verificou que muitas das respostas dadas, nas
condições experimentais, nem por isso se ressentiam na qualidade formal.
	 As fases do processo de resposta do sujeito são as seguintes:
2.1.5. O BRINCAR COMO CENÁRIO DA FANTASIA
	 O Rorschach é um teste do qual se pode obter uma grande quantidade de informação,
se administrado, codificado e interpretado correctamente. Esta informação é adequada para se
formular um diagnóstico e realizar prognósticos. No entanto, a sua maior força é a capacidade
para descrever as características psicológicas do sujeito.
FASE I
FASE II
FASE III
1- Input visual e codificação do estímulo e suas partes.
2- Classificação do estímulo e/ou partes e ordenação
das várias respostas potenciais criadas.
3- Rejeição das respostas potenciais mais afastadas
na ordenação.
4- Rejeição de outras respostas potenciais mais pela
censura.
5- Escolha de algumas das restantes respostas em
função dos traços e estilos.
6- Escolha de algumas das restantes respostas por
acção da influência de estados.
6
3. A APLICAÇÃO DO TESTE
	 Deve-se preparar previamente o material, assim como o espaço físico. Antes de se
proceder à aplicação do teste deve-se ter em conta os seguintes itens:
	 Cartões
	 Devem-se colocar os cartões por ordem crescente (o cartão I deverá ficar por cima) e com
a parte da imagem virada para baixo. Os cartões não deverão estar ao alcance do indivíduo.
A sua colocação deve ser feita de modo a que se entregue ao sujeito sempre na posição direita.
	 Outro material
	 Folhas em branco para escrever as respostas (de preferência uma folha por cartão); uma
folha de localizações e canetas de várias cores (para melhor assinalar as localizações).
	 Espaço físico
	 O lugar que o examinando ocupa relativamente ao psicólogo é muito importante. Teorica-
mente a posição do psicólogo deverá ser de 90º, relativamente ao sujeito. Nunca se deve utilizar
a posição frente a frente. O examinando deve ficar sempre no lugar mais próximo da porta.
	 A preparação do examinando
	 Antes da aplicação do Rorschach é fundamental a realização de uma entrevista de forma
a preparar o sujeito para a situação. Pretende-se, com esta entrevista, estabelecer minimamente
uma boa relação com o sujeito e verificar se este compreende o objectivo da avaliação. Não é
necessário explicar em pormenor o Rorschach antes do início da sua aplicação. Contudo deve-se
esclarecer o sujeito de todas as dúvidas.
7
	 Pode-se apresentar o teste da seguinte forma:
		
	 São uma série de imagens que lhe vou mostrar e quero que me diga o que lhe podem
parecer para si.
Se o indivíduo colocar questões sobre a finalidade do teste, pode-se responder:
	 É um teste que nos dá alguma informação sobre a sua personalidade e com esta informa-
ção nós podemos…
	 Completa-se segundo os objectivos da avaliação, dependendo do caso.
	 É importante que o indivíduo não julgue tratar-se de um teste imaginativo, e por isso
não deverá inventar uma história acerca do que está a ver. Deve-se evitar palavras “ambíguo” ou
“destruturante” na descrição das manchas.
	 Instruções de aplicação
	 A única instrução a dar é a seguinte:
	 Para si, o que pode ser isto?
	 É desaconselhável utilizar instruções como: “O que isto poderia ser” ou “O que isto lhe
recorda?”, pois questões como estas implicam mais um processo associativo do que perceptivo.
	 Aplicação em crianças
	 Um dos requisitos mais importantes para uma boa aplicação é que o examinando entenda
qual a tarefa que vai executar. Com crianças, por vezes, torna-se difícil conseguir esse objectivo.
Assim, antes da aplicação deve-se pegar num objecto (por exemplo um carro de bombeiros ou
outro objecto com características muito específicas) e perguntar à criança: “O que é isto?”, ao
qual ela deverá responder: “Um carro de bombeiros”. Neste momento, o examinador deverá di-
zer: “Muito bem! E porque é que disseste que era um carro dos bombeiros?”. A criança irá, desta
forma, mencionar as características do objecto: tem a forma de um carro de bombeiros, tem
rodas, tem uma mangueira para a água, uma escada de incêndio, é vermelho, etc.
8
3. A APLIÇÃO DO TESTE
	 O examinador deverá dar inicio à aplicação do teste dizendo: “Nós agora vamos jogar um
jogo e quero que faças exactamente isso que fizeste agora. Vais ver uma imagens e quero que me
digas o que pode parecer para ti?”
	 Tendo em conta que com crianças muito pequenas, por vezes, é difícil manter a atenção
numa única tarefa, sugere-se que o inquérito seja feito logo a seguir à resposta.
	 No entanto, estudos feitos com crianças sugerem que 95% dos casos o procedimento ha-
bitual é executável.
	 Questões
	 Se depois do início da aplicação ocorrerem questões, as respostas do psicólogo devem
ser breves, autênticas e não-directivas. Quando é perguntado “Posso voltar isto?”, “Posso ver só
neste detalhe?” ou “Tenho que utilizar a mancha toda?”, o psicólogo deverá responder:
	 “É consigo”.
	 Frases de encorajamento
	 Quando o sujeito dá apenas uma resposta nos cartões I e II, o psicólogo deverá responder
da seguinte maneira:
“Tome o seu tempo e olhe um pouco mais. Tenho a certeza que encontrará alguma coisa mais!”
	 Se o sujeito tiver dado duas ou mais respostas nos cartões I e II e perguntar: “Quantas mais
posso encontrar?”, a resposta deverá ser:
	 “É consigo”.
	 Rejeições
	 Alguns sujeitos poderão rejeitar algum cartão dizendo geralmente “Não me parece nada”,
ou “Só vejo uma mancha de tinta e mais nada”.
9
3. A APLIÇÃO DO TESTE
	 Quando a rejeição ocorre logo no cartões I ou II, é sinal de que o psicólogo falhou na cria-
ção de uma boa relação com o sujeito ou, então, não foi compreendido por este, qual o objectivo
da administração. De qualquer maneira, deverá parar-se logo a administração, voltando-se à si-
tuação de entrevista e volta-se a apresentar o objectivo da avaliação. Recomeça-se a administra-
ção pelo cartão I.
	 Sempre que a rejeição ocorra noutros cartões, tais como VI, VII ou IX, o examinador deverá
insistir:
	 “Tome o seu tempo. Não temos pressa. Toda a gente encontra alguma coisa”.
	 Protocolos com número de respostas reduzido
	 Os protocolos com menos de 14 respostas não têm validade interpretativa, e quando isso
acontece, o psicólogo não deve passar à fase de inquérito. Isto pode reflectir uma forma de resis-
tência muito subtil. Nestes casos, Exner aconselha a que se peça ao sujeito, antes do inquérito, a
repetição da associação livre. O inquérito passará a incidir sobre esta segunda associação livre.
Para isso o psicólogo deverá dizer:
	 “O n.º de respostas que deu não permite interpretar bem. Pedia-lhe que voltássemos ao
início e que tentasse dar mais algumas respostas, além das que já deu”.
	 Protocolos com número de respostas elevado
	 Sempre que o sujeito tenha dado 5 respostas no cartão I e dê sinal de querer continuar a
responder, o psicólogo deverá intervir, dizendo:
	 “Está bem. Vamos passar ao próximo”.
	 Se acontecer o mesmo no cartão II, deve-se usar o mesmo procedimento. Este procedi-
mento deve continuar em cada cartão subsequente, desde que o sujeito continue a dar 5 respos-
tas e mantenha o cartão consigo.
No entanto, se, em qualquer altura, o sujeito der menos de 5 respostas, mesmo que nos cartões
seguintes dê mais de 5 respostas, o psicólogo nunca mais o interromperá.
	 Poderá acontecer situações em que o sujeito dê menos de 5 respostas em cada cartão dos
três primeiros e forneça 8 ou 10 respostas no cartão IV. Não deverá ser feita qualquer
10
3. A APLIÇÃO DO TESTE
intervenção, pois este extenso número de respostas pode ser um incidente. Contudo, se no car-
tão V o sujeito continuar a dar mais de 5 respostas, o examinador deverá remover o cartão por
volta da sexta ou sétima resposta, e continuar com este procedimento durante o teste, ou até
que o sujeito dê menos de 5 respostas num cartão.
	 Registo das respostas
	 Todas as respostas serão registadas por escrito e na íntegra, incluindo os comentários
adicionais e o comportamento não verbal. Todas as mudanças de posição dos cartões devem ser
assinalados com os sinais
	 O Inquérito
	 A fase do inquérito merece uma apresentação cuidada. O objectivo é a recolha de infor-
mação que irá permitir uma codificação correcta das respostas, referidas na associação livre.
Existem diversas modalidades de intervenção para inquirir acerca da localização e dos determi-
nantes, evitando sempre uma conduta directiva.
	 Não se deve dar nada por suposto e só se assinalará os códigos correspondentes, quando
são garantidos pelas verbalizações dos sujeitos. Quando o inquérito é executado de forma ade-
quada, aumenta a riqueza dos dados. Mas se utilizar-se de forma negligente ou dando espaço à
distorção pode levar à perda do protocolo.
	 Como introduzir o inquérito
	 O psicólogo deverá dizer ao indivíduo:
	
“Agora vou voltar a mostrar-lhe os cartões. Não vai demorar muito.
Quero ver as coisas que disse que viu e ter a certeza que as vejo tal como você.
Vou reler-lhe as suas respostas e quero que me mostre onde estão na mancha, dizendo-me o que
é que há lá que lhe faz parecer assim, para que eu possa ver tal qual você viu”.
	 Assim que o sujeito mostre ter compreendido a tarefa dar-se-á início ao inquérito. O psi-
cólogo deverá começar o inquérito da seguinte maneira:
	 “Aqui disse…”
	 E ler a resposta que o sujeito deu na totalidade.
11
3. A APLIÇÃO DO TESTE
	 Questões colocadas pelo psicólogo durante o inquérito
	 As questões colocadas pelo psicólogo são muito importantes e vão permitir-lhe obter in-
formação necessária, para posteriormente codificar as respostas. Esta codificação vai dividir-se
em três categorias:
	 1 - Localização (Onde está?)
	 2 - Determinante(s) (O que faz parecer assim?)
	 3 - Conteúdo (O que é?)
	 Como já foi referido, as questões devem ser não-directivas e também não devem ser feitas
de modo a induzir o sujeito a acrescentar elementos que não viu na associação livre.
As questões mais utilizadas são:
	 “Poderia ajudar-me… Não tenho a certeza de estar a ver isso como você”.
	 “Não tenho a certeza que o que está aí faz parecer isso dessa maneira”.
	 “Sei que parece assim para si, mas lembre-se que tenho de o ver tal qual como você viu.
	 Ajude-me a compreender porque parece assim para si”:
	 Questões desaconselháveis
	 São desaconselháveis todas as questões que orientem o sujeito para ver de determinada
maneira. Exemplo disso são questões como:
“Será que tem algo a ver com a cor?” ou “Será que estão a movimentar-se?”, ou “Vê isso em
perspectiva?”, etc.
	 Palavras-Chave
	 Por vezes, o sujeito introduz na resposta ou no inquérito palavras-chave (são aquelas que
implicam a possibilidade de um determinante que não foi articulado pelo sujeito). O psicólogo
deverá estar atento para o aparecimento de palavras que impliquem a presença de um determi-
nante, e quando detectar uma, deverá colocar uma questão apropriada. Exemplo de palavras-
chave: mau, bom, bonito, feio, irregular, relevo, pele, sangue, festa, circo, primavera, longe, precio-
sa, fofinho, de cima, etc.
12
O examinador deve estar alerta para qualquer palavra que implique a presença de um
determinante e, quando este for detectado, questionar de forma apropriada, sem induzir o
discurso do sujeito. Por exemplo:
	 Resposta
	 Uma flor muito bonita
	 Por vezes, a questão a colocar pelo examinador tem como objectivo clarificar a natureza
de um determinante já estabelecido. Por exemplo:
	 Resposta
	 2 pessoas a fazer alguma
	 coisa à noite
	
	 A decisão para formular uma questão acerca da palavra-chave depende da espontaneida-
de com que foi dada, assim como até onde o examinador se encontra razoavelmente convencido
que aquela condição existia na altura que a resposta foi elaborada.
	 Inquérito directo e inquérito dos limites
	 São indicadas duas outras modalidades de inquérito: o directo e o dos limites.
	 O 1º destina-se a esclarecer uma codificação que não tenha ficado bem definida no in-
quérito, e acerca da qual o examinador tem interesse em ficar esclarecido, não o tendo feito,
na altura, para não sobrecarregar esse momento. Ainda que a informação resultante possa ser
clinicamente útil, não deve ser utilizada na codificação das respostas.
Inquérito
E: (repete a resposta)
S: Sim, isto pode ser o caule e isto as pétalas
E: Disse muito bonita?
Inquérito
E: (repete a resposta)
S: Sim, aqui estão as pessoas (aponta), a cabeça,
as pernas, os braços
E: Disse que estavam a fazer alguma coisa à noite?
S: Estão a levantar alguma coisa para cima
E: E é à noite?
13
	 A razão para não a incluir é que se trata de uma informação obtida em condições exces-
sivamente directivas, que não garantem que o material novo reflicta verdadeiramente as opera-
ções cognitivas originais, quando a resposta foi formulada ou emitida.
	 O 2º tem lugar em casos de número reduzido de respostas populares, designadamente
nos cartões onde são mais frequentes (Cartões III, V e VIII). Isto serve para se apurar se tal
ausência se deve a um processo de distorção perceptiva importante ou se não foram simples-
mente seleccionadas e verbalizadas. Nestas alturas a questão colocada pelo examinador pode
ser, por exemplo relativamente ao cartão I:
	 “Muitas pessoas vêem e dizem que é um morcego, vê aí algo parecido com isso?”
14
4. CODIFICAÇÃODAS RESPOSTAS
	 São nove as categorias a que se recorre na codificação das respostas:
	 •Localização
	 •Qualidade de desenvolvimento
	 •Determinantes
	 •Qualidade Formal
	 • Respostas par
	 •Conteúdos
	 •Respostas convencionais (popular)
	 •Actividade organizativa (nota Z)
	 •Codificações especiais
	LOCALIZAÇÃO
	W => Quando para a resposta foi utilizada a mancha na totalidade.
	D => (Detalhe comum - pelo menos 5% da população refere esse detalhe). Uma área da
mancha frequentemente identificada.
	Dd => (Detalhe incomum - menos de 5% da população refere esse detalhe). Uma área da
mancha poucas vezes identificada.
	S => Assinala localizações referentes à utilização dos espaços brancos. Podem constituir
em si mesmos a área das respostas ou podem ser integrados conjuntamente com outras áreas. A
codificação do símbolo S só é feita com outros símbolos de codificação (WS, DS ou DdS).
	 As áreas referentes ao D, Dd e S dos dez cartões encontra-se no tabela A (anexo 1).
	 A maioria das áreas Dd reduzem-se a pequenas áreas, mas o tamanho não é o factor ne-
cessariamente determinante. Em certos casos, o sujeito pode eliminar deliberadamente peque-
nos detalhes do cartão todo, ou de uma área de detalhe comum (D), num esforço de ser mais
preciso.
15
4. CODIFICAÇÃODAS RESPOSTA
	 Neste caso, o código correcto é Dd. A maioria das selecções Dd que fazem os sujeitos não
estão incluídas entre as mencionadas na tabela A. É evidente que toda a resposta que não é W
nem D, será Dd.
	 Podem ocorrer, igualmente, três situações que é necessário ter em consideração, sempre
que o sujeito integra na sua resposta duas ou mais áreas da mancha mencionadas na Tabela A
como D ou Dd.
	 1- Se o sujeito elaborar a sua resposta utilizando uma área D e uma Dd, quer como objecto
único quer como objectos distintos mas relacionados, a codificação será Dd.
	 2- Se o sujeito para delimitar dois ou mais objectos utiliza várias áreas D, o código correcto
é D. Cada objecto tem de corresponder a uma área D.
	 3- Se o sujeito para delimitar um só objecto utilizar várias áreas D, e o seu total não se en-
contrar identificado na Tabela A, a codificação correcta é Dd.
16
	 QUALIDADE DE DESENVOLVIMENTO
	+ => Partes unitárias ou separadas da mancha são articuladas e combinadas numa única
resposta. Dois ou mais objectos são descritos como separados mas relacionados. Pelo menos um
dos objectos presentes tem de ter exigência de forma específica, ou de ser descrito de forma a
que essa exigência seja formada.
	o => Uma área isolada da mancha (ou toda a mancha) é escolhida e articulada de maneira
a realçar o contorno ou os traços estruturais do objecto. O objecto tem uma exigência de forma
natural, ou ser descrito de forma a que essa exigência seja criada.
	 v => Não tem exigência de forma específica, podendo assumir uma infinidade de formas
diversas, uma vez que carecem de requerimentos formais específicos em relação às caracterís-
ticas inerentes ao objecto. São respostas tais como nuvens, ilha, rocha, lago, paisagem, deserto,
folhagem, pele, sangue, pintura, sociedade, etc.
	 v/ + => Partes unitárias ou separadas da mancha são articuladas e combinadas numa
única resposta. Dois ou mais objectos são descritos como separados mas relacionados. Nenhum
deles exige forma específica nem é descrito de forma a que essa exigência seja criada.
Exigência de Forma Específica
Sim Não
2 ou mais objectos relacionados
Sim
Não
+ v/+
v
o
17
	DETERMINANTES
	 A decisão de codificação mais importante e provavelmente a mais complexa, refere-se
aos determinantes da resposta, isto é, os elementos da mancha que contribuíram para a forma-
ção do percepto.
	 FORMA
	 F => É o determinante mais frequente e utiliza-se nas respostas que se baseiam exclusi-
vamente nas características formais do estímulo. Por exemplo, ao explicar a resposta
“um morcego” no cartão I, o sujeito pode dizer: “Estas partes de lado são as asas e ao centro o
corpo”.
	 Pode ser usado em combinação com os outros determinantes em que os aspectos formais
tenham contribuído para a formulação do percepto, com excepção do movimento (com os sím-
bolos M, FM e m ).
	 MOVIMENTO (M, FM, m)
	 M => Assinala a expressão de actividade humana. É utilizada em respostas envolvendo
actividade humana, independentemente de se estar a atribuir esse movimento a animais, plantas,
seres fictícios ou inanimados. Por exemplo, “Dois escaravelhos a discutir”, deve ser codificado
como M. Pelo contrário, “Dois escaravelhos lutando para levar algo” não deve ser codificado
como M, mas com o símbolo de movimento animal (FM).
	 Também se utiliza para codificar respostas que impliquem uma experiência sensorial,
mesmo que seja uma abstracção (por exemplo “Recorda-me a melancolia”, “Depressão”, “Felici-
dade”).
	 Ao codificar-se M não se escreve o código F. Isto porque o M coadjuva o uso da forma.
	 Não se deve supor a existência de M apenas pelo facto das respostas se referirem a figuras
humanas. O M deve ser mencionado na resposta para o poder codificar. Na maioria dos casos
é mencionado na associação livre. Por vezes pode não ser articulado na associação livre, mas
pode ser expressado espontaneamente no começo do inquérito. Por exemplo, o sujeito poderá
responder ao cartão III: “Isto parecem duas pessoas”. Esta resposta parece basear-se apenas na
forma, e não deve ser codificada como M. No entanto, se o examinador começa o inquérito limi-
tando-se a repetir a resposta do sujeito, e este responde: “Sim, estão aqui, parecem duas pessoas
que estão a fazer algo”, parece lógico supor que o M foi percebido durante a fase da associação
livre, mas não articulado.
18
	 A espontaneidade é o critério guia, de maneira que nunca se deve codificar M se há razões
para crer que possa ter sido provocado pelas perguntas do examinador ao inquérito. Esta regra
aplica-se igualmente na codificação dos outros determinantes.
	 FM => Respostas referindo actividades específicas de animais. O movimento deve ser
congruente com a espécie identificada no conteúdo. Animais com movimentos incomuns às
respectivas espécies devem ser codificados de M, para recolher a fantasia humana implicada na
génese. Por exemplo: “ursos a fazerem o almoço” ou “uma serpente voando, planando pelo ar”.
	m => Utilizado em respostas que impliquem uma actividade de objectos inanimados,
inorgânicos ou insensíveis (Por exemplo: “uma nuvem a elevar-se”; “uma queda de água”; “uma
bandeira esvoaçando”, “uma folha flutuando”). As respostas de movimento inanimado mais fre-
quentes incluem fogos artificiais, explosões, quedas de água.
	 Em algumas respostas o movimento inanimado é percebido como estático. Por exemplo,
“Um casaco pendurado no cabide”, ou “Uma pele estendida a secar” são ambas codificadas m,
pois referem-se a um estado de tensão não natural. Se não for observado este estado de tensão
como em “Um tapete estendido no chão”, não se deve codificar m.
	a e p => Todas as actividades cinestésicas referidas são classificadas de activas ou pas-
sivas. Os respectivos símbolos a e p são colocados junto ao símbolo principal, no canto superior
direito. Algumas respostas de movimento são sempre passivas, porque são formuladas de modo
que o movimento se torna estático (Por exemplo: “É um desenho de um avião a voar”; “É um
esboço duma casa a arder”).
	 A decisão última para codificar um movimento activo ou passivo deve tomar-se dentro do
contexto da resposta completa.
	 Através da investigação relativa à interpretação da relação entre o movimento activo e
passivo chegou-se à conclusão que o movimento “falar” deve ser sempre codificado de
passivo.
	 Pode-se então partir do falar para determinar os movimentos duvidosos. Neste contexto,
movimentos que impliquem uma actividade menor do que falar devem ser codificados de
passivos.
19
4. CODIFICAÇÃODAS RESPOSTAS
	 Em algumas respostas assinala-se activo (a) e passivo (p) para o mesmo determinante.
São respostas nas quais 2 ou mais objectos são descritos com movimento mas pelo menos um é
activo, enquanto os outros são passivos. Por exemplo, a resposta: “Duas pessoas dançando (ac-
tivo) à volta de uma pessoa sentada (passivo) no meio” é codificada de Ma-p.
	 Contudo, se ambos os movimentos activo e passivo se referem ao mesmo objecto, como
por exemplo: “Um cão sentado (passivo) a rir (activo)”, apenas o movimento activo é codificado:
Ma.
	 A tabela seguinte contem 300 palavras utilizadas num estudo sobre o carácter activo/
passivo, com dois grupos de sujeitos leigos e estudantes. Indica, para cada item, o resultado da
maioria de cada grupo e o número de sujeitos que representa essa maioria. O sinal (*) indica os
casos em que se verificaram discordâncias entre os grupos.
20
21
22
23
	 COR CROMÁTICA (FC, CF, C)
	 A Cor Cromática é constituída por três determinantes relativamente ao uso da cor cromá-
tica, nomeadamente o vermelho e os tons pasteis.
	 Em relação à participação da cor, a codificação deve reflectir a verbalização do sujeito. Há
respostas em que o modo como o sujeito menciona a cor não deixa lugar a dúvidas de que está
a ser utilizado como determinante. No entanto, há respostas em que o examinador deve evitar
pressupor que o sujeito utilizou a cor simplesmente porque identificou a área de localização pela
cor, como em “Esta parte vermelha parece uma borboleta” ou em “Esta parte azul recorda-me
um caranguejo”. Assim formuladas, estas não são respostas de cor, pois esta apenas serviu para
localizar.
	 Existem algumas respostas, nas quais a forma como a pessoa articulou a cor clarifica a
utilização desta como determinante.
	 C => Utilizado em respostas cujo percepto se relaciona exclusivamente com a qualidade
colorida do estímulo e em que nenhuma forma participa na formação da resposta. Entre as res-
postas mais frequentes encontra-se sangue, pintura, água.
	 Todas elas podem ser articuladas de tal maneira que impliquem o uso da forma, como em
“sangue a escorrer para baixo” (cartão III), na qual a codificação CF.
	 Podem ocorrer dificuldades para discriminar a resposta C pura, influenciados pelo facto
de que tudo tem alguma forma. Sendo certamente, um facto irrefutável, a questão é se o sujeito
processa e articula as características formais ao formar e seleccionar a resposta. A falha em ar-
ticular essas características do campo estimular reflecte uma certa negligência ou disfunção de
processamento, de mediação e de integração dos dados estimulares. Por exemplo, uma gota de
sangue tem um contorno, mas esse contorno pode adoptar uma variedade infinita de formas. Se
o sujeito menciona uma gota de sangue, e não acrescenta mais nada, as sua operações cogniti-
vas descartaram ou depreciaram uma possível utilização do contorno, codificando-se C. 		
	 Pelo contrário, em “uma gota de sangue quase perfeitamente redonda”, o sujeito deu al-
guma significação ao contorno, embora não se trate de um contorno necessariamente definido,
a codificação deve ser CF.
	 CF => A resposta baseia-se principalmente nas características de cor cromática da man-
cha. A forma é utilizada, mas secundariamente.
	 A distinção entre CF e FC por vezes é difícil, devido à indefinição ou falta de articulação
com que os sujeitos se expressam. Um número considerável de respostas refere-se a objectos
com requerimentos formais ambíguos, tais como lagos, mapas, carne, folhagem, minerais ou ce-
nas marinhas. Todos estes conteúdos podem ser FC se o sujeito justifica a resposta dando ênfase
à forma.
24
	 FC => A resposta baseia-se principalmente no aspecto formal da mancha mas integra a
qualidade cromática do estímulo, com uma finalidade de elaboração ou clarificação. Quase sem-
pre os perceptos assim codificados têm exigência de forma específica.
	 COR ACROMÁTICA (FC’, C’F, C’)
	 O critério indica que o usa das características acromáticas da mancha, como cor, deve
ser claro e sem qualquer dúvida. As palavras-chave em que se baseia a codificação da cor acro-
mática são negro, branco, ou cinzento, utilizadas de forma a não colocar dúvidas. Por exemplo,
“Este morcego é preto, como a maioria dos morcegos” ou “É branco como a neve”, ou “Deve ser
uma sombra porque é tudo cinzento”. Em cada uma destas respostas o uso da cor acromática é
evidente.
	 No entanto, estas mesmas palavras usam-se de vez em quando para assinalar a localiza-
ção de um objecto, por exemplo como em “Esta parte negra parece...”. É óbvio que se deverá
assegurar se a palavra foi utilizada para localizar ou se serviu de determinante.
	 Existem outras duas palavras que são usadas com frequência como cor acromática, claro
e escuro. No entanto, às vezes, estas palavras também aparecem para assinalar a utilização do
sombreado e não a cor cromática, como em “...é mais negro aqui, como se fosse mais profundo”
(perspectiva) ou “...é mais claro por aqui, como a parte de cima de uma nuvem” (sombreado di-
fuso).
	 Quando a intenção do sujeito de empregar como cor o claro ou escuro não é evidente,
deve aplicar-se o código de sombreado difuso.
	C´ => Utiliza-se nas respostas baseadas exclusivamente nas características brancas, cin-
zentas e negras da mancha, que são utilizadas claramente como cor. A forma não está implicada.
	 “Neve branca”.
	 “Parece-me barro. Negro como o barro”
	 C´F => Utiliza-se nas respostas que se formulam, principalmente, a partir das caracte-
rísticas brancas, cinzentas e negras da mancha e as características formais estão implicadas na
resposta, mas secundariamente, com o objectivo de elaboração ou clarificação. Praticamente em
todos os casos a resposta foi formulada com a participação das características acromáticas da
mancha, e os elementos formais são vagos e com frequência, indiferenciados.
	 “Um céu negro com nuvens brancas”
	 “Fragmentos de coral negro”
25
	 FC´=> A resposta baseia-se, principalmente, nas características formais. As co-
res acromáticas participam na formulação da resposta, mas secundariamente.
“Um morcego preto”
	 NOMEAÇÃO COR (Cn)
	Cn => (Nomeação da cor). É utilizado sempre que as cores da mancha são identificadas
pelo nome e com a intenção de serem consideradas como uma resposta (por exemplo: “isto é
vermelho e preto”).
	 SOMBREADO
	 O aspecto claro-escuro dos cartões constitui um determinante importante. Divide-se em
três tipos de respostas:
	 Sombreado- Textura (FT, TF, T)
	 O símbolo textura é utilizado para codificar respostas nas quais as características de som-
breado são empregues para criar uma impressão táctil, como mole, duro, brando, suave, áspero,
sedoso, granuloso, peludo, frio, quente, pegajoso, gordurento, etc.
	 A maioria das pessoas não utiliza a palavra sombreado. É mais comum ser empregue a
palavra cor, como “Na forma como a cor está...”, ou “A diferença de cores...”. Noutras situações,
a pessoa pode indicar “É a forma como as linhas estão..”, que pode parecer contorno mas, na
realidade, refere-se aos diferentes níveis de saturação. Algumas pessoas, especialmente as crian-
ças, esfregam o dedo no cartão de forma a indicar a impressão táctil, e este gesto é suficiente
para codificar textura desde que ocorra simultaneamente com a verbalização de características
tácteis do objecto.
	T => Utilizado em respostas nas quais os componentes sombreados da mancha são tra-
duzidos para representar um fenómeno táctil, sem ter em consideração os aspectos formais da
mancha.
	 “Parece pegajoso, se o tocarmos. Parece uma miscelânea gordurosa”
	 “Pelo, muito pelo. Parece-me tudo cheio de pelo” (toca na mancha)
	 Respostas como madeira, carne, gelo, esponja, lã, gordura, pelo ou seda, representam
alguns exemplos que podem ser codificados como T, se for comprovada participação do som-
breado e que foi utilizado como textura e não foi integrada forma.
26
	 TF => Utilizado em repostas nas quais as características do sombreado da mancha são in-
terpretados como tácteis e a forma é utilizada secundariamente, como objectivo de elaboração
e/ou clarificação.
	 A maioria das vezes, o objecto especificado tem uma forma ambígua, como “Um pedaço
de gelo”, “Um trapo gordurento”, “Um bocado de pele” ou “Um pedaço de metal muito duro”.
	 Para codificar TF objectos com forma específica, a resposta deve cumprir o critério de
que seja prioritária a interpretação do sombreado e que as características formais tenham tido
uma participação secundária no percepto.
	 FT => Utiliza-se em respostas que são maioritariamente baseadas nas ca-
racterísticas formais do estímulo e os componentes sombreados da man-
cha são traduzidos como tácteis, mas adquirem uma importância secundária.
	 Sombreado- Dimensão (relevo ou dimensão)
	 O símbolo Dimensão é empregue quando as características sombreado são utilizadas para
criar a impressão de profundidade ou dimensão como atrás, abaixo, maior... etc.
	 Normalmente, a presença de profundidade ou dimensão é obvia, e a tarefa do examinador
é determinar se esta impressão é baseada nas características de sombreado ou devido ao tama-
nho ou contorno da mancha. Quando esta última situação ocorre codifica-se FD.
	V => Utilizado nas respostas em que o sombreado das manchas é interpretado como
profundidade ou dimensionalidade. Nenhuma forma está envolvida. Há, assim, uma alteração do
aspecto plano do estímulo do cartão.
	 “A metade direita está mais baixa que a esquerda. Há uma grande fenda aqui no meio,
olhe aqui o mais escuro, e vê-se que o lado direito está mais baixo”
	 VF => Supõe um ênfase primário no sombreado, entendido como profundidade e/ou di-
mensionalidade e incorpora elementos formais da mancha. A maioria das respostas VF tem con-
teúdos que não requerem uma especificidade formal, como “Um desses mapas que se usam nas
aulas de Geografia e que mostram as montanhas e os vales”, “Nuvens carregadas de chuva, uma
detrás da outra” ou “Um desfiladeiro profundo com um rio correndo lá no fundo”. Se o mapa for
apresentado com um maior grau definição, como por exemplo, “Um mapa de Portugal” a codifi-
cação será FV e não VF, por possuir uma forma mais específica.
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	 FV => Respostas em que as características formais são determinantes e o sombreado
é empregue para representar profundidade e/ou dimensionalidade, com o propósito de expli-
cação ou clarificação. A maioria das respostas têm conteúdos com um certo requerimento de
especificidade formal, mas não é uma directriz sempre segura para diferenciar as respostas FV e
VF.
	 Sombreado- Difusão
	 Qualquer resposta sombreado que não seja textura ou dimensão é codificada como
difusão.
	 Y => Utilizado nas respostas que são baseadas exclusivamente nas características claro/
escuro da mancha, como em nevoeiro, escuridão, fumo, etc., completamente desprovidas de
forma e não envolvendo referência nem à textura nem ao relevo ou dimensão.
	 “É tinta, é escura com diferentes tonalidades”
	 YF => Respostas em que as características do sombreado predominam sobre a forma na
formação do percepto. O principal factor diferencial entre YF e Y é que o sujeito faça ou não uma
tentativa para delinear traços formais, ainda que sejam vagos. Igualmente, a resposta YF diferen-
cia-se da FY pela sua carência de especificidade ou ênfase formal. Os conteúdos que possuem
um requerimento formal específico são raramente codificados YF, limitando-se esta codificação
aos casos em que o sombreado tem uma clara preponderância na formação da resposta.
	 FY => Codificam-se FY as respostas em que as características formais são primárias
para a formação do percepto, tendo o sombreado um papel secundário, ao serviço de uma maior
especificação ou explicação.
	 FORMA-DIMENSÃO
	 FD => Utilizado em respostas nas quais a impressão de profundidade, distância, pers-
pectiva ou dimensionalidade é utilizada pelo uso de elementos de tamanho e/ou contorno das
formas. Não pode estar envolvida qualquer utilização de sombreado. Por vezes, é a relação entre
duas ou mais áreas do cartão que produz esse efeito.
	 “Uma árvore ao longe numa colina. É muito pequena, por isso deve estar longe”.
	 “Um animal saltando atrás de um arbusto. Só se vê uma pata. Como termina aqui o
arbusto e está aqui a pata, o animal está por detrás da árvore”.
28
	 RESPOSTAS PAR E REFLEXO
	 Cada uma destas representa uma resposta na qual a pessoa utilizou a simetria da mancha
para especificar dois objectos idênticos. A identificação de “um de cada lado” ou “vê-se que há
dois”, não é uma resposta reflexo, mas codifica-se como uma resposta par.
	 (2) => É utilizado quando numa resposta são referidos dois objectos idênticos, basean-
do-se na simetria da mancha. Os objectos devem ser equivalentes em tudo, mas não podem ser
identificados como estando reflectidos ou como imagens em espelho.
	 rF => Quando uma área da mancha ou toda a mancha é referida como uma imagem
reflectida num espelho ou na água, devido à simetria da mancha. O objecto ou conteúdo dado
não tem exigência de forma específica como nuvens, paisagens, rochas, chuva, sombras, etc.
	 “Uma nuvem reflectida na água”.
	 Fr => Tal como o anterior, só que a resposta é baseada na forma e o conteúdo tem exi-
gência de forma específica.
	 “Uma pessoa a ver-se ao espelho”.
	 Em certos casos, o sujeito selecciona um objecto sem forma específica, mas articula-o de
um modo suficientemente rico, daí que a codificação preferível seja Fr e não rF. O exemplo mais
habitual é quando a paisagem está reflectida num lago ou num rio, cujo caso se codifica quase
sempre como Fr.
	 Nota:
	* Sempre que a resposta é reflectida não se codifica par, mas quanto à Qualidade de
	 Desenvolvimento é (+).
	 * * Não há respostas reflexo sem forma.
29
	 Codificação de Respostas Complexas – Combinações ( . )
	 A codificação dos determinantes seria uma tarefa relativamente simples se todas as res-
postas apenas tivessem um determinante. O que acontece é que em muitas delas foram neces-
sários mais do que um determinante para formar o percepto. Nestes casos, os determinantes
deverão ser separados entre si por um ponto ( . ), indicando que se trata de uma combinação.
	 Exemplo: Mª. FC => resposta em que intervém o movimento humano activo e o compo-
nente forma-cor.
	 É extremamente raro, mas não impossível, o aparecimento do código F (forma-pura) numa
combinação. Quando ocorre, sugere graves disfunções cognitivas, porque esta codificação indi-
ca que o sujeito identifica dois ou mais conteúdos separados, mas nenhuma relação entre eles
foi especificada.
	 Por exemplo: “São duas pessoas e uma borboleta, e elas estão a levantar alguma coisa”
Esta resposta soa como se fossem duas respostas, uma referindo-se às duas pessoas e outra à
borboleta, e o examinador deve assegurar-se que não é o caso. O inquérito poderá ilustrar me-
lhor esta questão:
	 E: (Repete a resposta).
	 S: Sim, aqui estão as pessoas, vê as suas cabeças e as pernas.
	 E: Mencionou que existe aí uma borboleta.
	 S: Sim, mesmo no meio.
	 E: Mencionou que as pessoas estavam a levantar qualquer coisa.
	 S: Sim, pode ser uma panela.
	 E: Não tenho a certeza de ver a borboleta como a vê.
	 S: Está mesmo aí, vê, tem asas.
	
	 A borboleta foi inquirida duas vezes. O sujeito reafirmou a existência das pessoas, levan-
tando qualquer coisa, e a borboleta. Como não houve integração ou relação da borboleta com
as pessoas, a codificação apropriada é Mª. F.
	 Na situação em que o sujeito menciona a borboleta no fim da resposta original, “Aqui
estão duas pessoas a levantar alguma coisa, e está uma borboleta aqui”, o examinador no prin-
cípio do inquérito deve perguntar ao sujeito, após ler a resposta: “Entende tudo isto como uma
resposta?”.
30
	 Antes da decisão de codificar F numa combinação, o examinador deve rever a resposta
com muito cuidado, porque são extremamente infrequentes e muito significativas na
interpretação.
	 É pouco usual, mas não impossível, que uma combinação contenha mais de um tipo de
determinante sombreado, como FV.FT ou FT.FY. No entanto, se o sombreado difusão for utiliza-
do para criar a impressão táctil, a codificação correcta será FT.
	 As combinações que são impossíveis são aquelas que contêm dois ou mais codificações
do mesmo determinante como FC.CF, FY.YF ou FC’.C’.
31
	 QUALIDADE FORMAL
	+ => (Superior- Elaborada). Há uma infrequente mas detalhada articulação da forma, que
tende a enriquecer a qualidade da resposta, sem pôr em risco a exactidão formal. Não é neces-
sário que a resposta seja original, mas sim singular pelo modo como se definem os detalhes.
	
	 As respostas + distinguem-se facilmente, porque o sujeito identifica muitos mais detalhes
formais que o habitual. Contudo, a decisão de codificar + ou não depende da decisão subjectiva
do codificador.
	o => (Vulgar). Implica um uso óbvio e de fácil articulação das características formais, que
serve para definir um objecto que se dá com frequência. Não há um enriquecimento detalhado
das características formais.
	u => (Única). É uma resposta que se dá com pouca frequência, e cujo contorno básico não
se encontra muito forçado. São respostas pouco correntes, mas que o observador pode ver com
facilidade.
	- => (Menos). A resposta é criada usando a forma de maneira distorcida, arbitrária e ca-
rente de realismo. A resposta é dada sobre a estrutura da mancha, com grande desprezo dos
contornos da área usada, isto é, o sujeito força consideravelmente a mancha, violando os seus
contornos.
Associação Livre
“Um par de homens inclinando-se
para levar algo”
Inquérito
“Vê-se o contorno geral, a frente e um nariz
comprido, o pescoço e o corpo. O braço es-
ticado para baixo, inclinando-se para diante,
com as ancas para trás. Aqui as pernas pare-
ce que vão levantar algo, seguramente uma
grandes rochas”.
32
	 O símbolo adequado da qualidade formal coloca-se no final da codificação do(s) determi-
nante(s). Por exemplo, as respostas cujo determinante é a forma podem-se codificar assim: F+,
Fo, Fu ou F-. Quando existe mais do que um determinante a qualidade formal atribuída continua
a ser uma por resposta (por exemplo: FC.FD- ou FMª.FC’+).
	 O processo para decidir o símbolo a utilizar inicia-se no exame da tabela A, incluída neste
manual. Esta tabela apresenta uma lista de respostas, por cartão e por áreas de localização.
	 Se o examinador deparar-se com uma resposta que não está incluída na tabela A, poderá
seguir uma das duas vias: por exemplo, “um giroscópio” pode não estar na lista de uma deter-
minada área, mas nela pode figurar “um pião”. Como são objectos muito similares, será razoável
assinalar no giroscópio a codificação que tem o pião. Pelo contrário, quando o objecto mencio-
nado mantém uma similitude muito remota com os elementos da tabela A, deve renunciar-se a
qualquer tentativa de extrapolação e rever cuidadosa e fielmente os critérios que distinguem as
respostas u das respostas menos. Se o examinador pode ver a resposta rápida e facilmente, deve
codificá-la u. Em qualquer outro caso, deve codifica-la“-”.
	 Haverá respostas que contêm vários objectos, sem que todos tenham a mesma qualidade
formal. A regra a seguir será assinalar a qualidade “mais baixa” a toda a resposta. Isto é, entre
um o (vulgar) e um “-”, codifica-se “-” ou entre um o e um u codifica-se u. No entanto, esta regra
aplica-se apenas aos objectos das respostas que são importantes. Por exemplo, uma resposta ao
cartão II poderia ser “Dois ursos (D1) subindo a um coração (D3)”. Na tabela A, a área D1 utiliza-
da como urso é o (vulgar), mas a área D3 como coração é menos. Portanto, a qualidade formal
de toda a resposta é menos, dado que ambos os objectos são importantes nela. Pelo contrário,
se um objecto não muito importante no contexto geral da resposta tem na lista uma qualidade
formal mais baixa que a dos outros objectos, deve-se assinalar a qualidade formal mais elevada
possível.
	 * Só podemos atribuir “o” a uma resposta, quando o objecto mencionado vem assinalado
na tabela com essa Qualidade Formal.
33
	CONTEÚDOS
	 Todas as respostas têm de ser classificadas pelo seu conteúdo.
	 H => Implica a percepção de figura humana completa. Se o percepto se refere a uma figu-
ra humana histórica real, como Napoleão ou Camões, deve acrescentar-se o conteúdo Ay como
código secundário.
	 (H) => Implica a percepção de uma figura humana completa de ficção ou mitológica
como palhaços, fadas, gigantes, bruxas, personagens de contos de fadas e banda
desenhada (humanóides), demónios, anjos, monstros antropomorfos, fantasmas, e silhueta de
figura humana.
	Hd => Implica a percepção de um detalhe humano, como braços, pernas, dedos, olhos, a
parte inferior de uma pessoa, uma pessoa sem cabeça ou sem pés, etc..
	 (Hd) => Implica a percepção de um detalhe humano de ficção ou mitológico, como ca-
beça do demónio, braço de uma bruxa, olhos de um anjo, partes de criaturas de ficção ou huma-
nóides, todas as máscaras, excepto máscaras animais, etc..
	 Hx => Implica a percepção de uma emoção humana ou experiência sensorial, como
amor, ódio, depressão, felicidade, som, cheiro, medo. etc.. Um grande número de respostas es-
tão formuladas de forma abstracta e recebem, também, o código especial AB (quando não têm
forma associada). No entanto, Hx pode aparecer, igualmente, como conteúdo secundário em
respostas que não sejam abstractas, como em “Duas pessoas olhando-se profundamente”.
	A => Implica a percepção de uma figura animal completa.
	 (A) => Utiliza-se na percepção de uma figura animal de ficção ou mitológica, como dra-
gão, rã mágica, cavalo voador, Dumbo, unicórnio, etc..
	 Ad => Implica a percepção de uma figura animal incompleta (detalhe animal), como o
casco de um cavalo, pinça de lagosta, tentáculos de aranha, pele de animal, cabeça de um cão,
etc..
	 (Ad) => Utiliza-se na percepção de um detalhe animal de ficção ou mitológico, como as
asas do Pégaso, a cabeça do Gato das Botas, as orelhas do Dumbo, etc..
34
	
	An => Implica a percepção de esqueleto (muscular ou anatomia interna), estrutura óssea,
crânio, caixa torácica, coração, pulmões, estômago, fígado, fibra muscular, vértebras, cérebro. Se
as respostas fizerem referência a uma ilustração ou desenho, deve-se acrescentar o código Art
como secundário.
	 Art => (Arte). Implica a percepção de objectos de arte, como pinturas, caricaturas, de-
senhos ou ilustrações, tanto abstractas como figurativas, objectos de arte, como estátuas, jóias,
candelabros, brasões, insígnias, selos, adornos, etc..
	Ay => Implica perceptos com conotação cultural ou histórica específica, como totem,
casco romano, carta magna, chapéu do Napoleão, ponta de flecha, achado pré-histórico, a coroa
de Cleópatra, etc..
	 Bl => Implica a percepção de sangue, tanto humano como animal.
	 Bt => Utiliza-se na percepção de qualquer forma de vida vegetal, como arbustos, flores,
algas, árvores ou partes delas, como folhas, pétalas, tronco de árvore, raiz, ninho, etc.
	Cg => Implica a percepção de qualquer peça de vestuário, como vestido, jaqueta, gravata,
calças, cachecol, chapéu de chuva, botas, cinturão, laço, etc..
	Cl => Utiliza-se na percepção de nuvens especificamente. Nevoeiro ou bruma codifica-se
Na.
	 Ex => Implica a percepção de explosão ou estalidos. Inclui também o fogo de artifício.
	 Fi => Percepção de fogo, fumo e vulcão.
	 Fd => (Comida). Implica a percepção de tudo que seja comestível, como frango frito, ge-
lado, camarões cozidos, verduras, bife, filete de pescada, etc..., assim como alimento de animal
que é congruente com a espécie como por exemplo “Um pássaro a comer uma minhoca ou in-
secto”.
	Ge => (Geografia). Implica a percepção de mapa específico ou sem especificar.
35
	 Hh => (Lar). Utiliza-se para a percepção de coisas de casa, como cama, colher, prato, ca-
deira de jardim, lâmpada, mangueira de jardim, tapete (excepto tapete de pele de animal que se
codifica de Ad), etc..
	 Ls => (Paisagem). Implica a percepção de montanha, cordilheira, colina, ilha, cova, rochas,
deserto, pântano, vistas marinhas, como recife de coral ou cena marinha.
	Na => (Natureza). Utiliza-se numa ampla gama de conteúdos relacionados com o meio
ambiente natural. Não se incluem os já codificados de Bt e Ls. Exemplos: Sol, lua, planeta, céu,
água, oceano, lago, rio, gelo, neve, chuva, névoa, nevoeiro, bruma, arco-íris, tormenta, tornado,
noite, gota de chuva, etc.. Se na mesma resposta aparecerem por exemplo, o conteúdo Ls, Bt e
Na, só se codifica Na.
	Sc => (Ciência). Implica perceptos associados à ciência e à ficção científica, ou que sejam
produtos dela, como microscópio, telescópio, armas, coletes espaciais, motores, naves espaciais,
pistola de raios, aeroplano, avião, nave, comboio, carro, mota, antena de televisão, estação de
radar, etc..
	 Sx => Utiliza-se na percepção de órgãos sexuais como pénis, vagina, nádegas, peitos (ex-
cepto se utilizado para delimitar a figura feminina), testículos, ou actividade de natureza sexual,
ou aspectos directa ou indirectamente relacionados com sexo (menstruação, aborto). Normal-
mente codifica-se Sx como conteúdo secundário. É característico que os conteúdos primários
sejam H, Hd ou An.
	Xy => Utiliza-se especificamente para radiografia, mesmo que se refira a órgãos. Quando
se codifica Xy, não se inclui An como conteúdo secundário.
36
	 Codificação de Múltiplos Conteúdos
	
	 Há muitas respostas com mais de um conteúdo. Na codificação devem incluir-se todos,
com duas excepções que afectam as categorias Natureza, Botânica e Paisagem.
	 O código Na é sempre prioritário sobre Bt e Ls. Isto é, se uma resposta inclui Na e Bt ou Ls,
como já foi referido, apenas se codifica Na. Por exemplo, “Isto é uma animal a subir a umas pe-
dras que estão na água, tentando chegar a um arbusto”. Esta resposta tem 4 conteúdos, animal
(A), pedras (Ls), água (Na) e arbusto (Bt), mas a codificação correcta do conteúdo é A, Na.
Se uma resposta não inclui Na, mas contem tanto Bt como Ls, apenas se codifica um deles. Por-
tanto, se a resposta for “Um animal a subir a umas pedras que estão junto a um arbusto”, a codi-
ficação correcta do conteúdo seria A, Bt ou A, Ls.
	 A explicação desta regra dos conteúdos de Natureza, Botânica e Paisagem é que os três
incluem-se no cálculo do Índice de Isolamento, pelo que a aplicação desta regra assegura que
uma resposta apenas não contribua excessivamente para o seu cálculo.
	 Quando se anotam vários conteúdos, separam-se por vírgulas, colocando-se em primeiro
lugar o principal. Normalmente, mas nem sempre, o conteúdo principal é aquele que se menciona
no começo da associação livre. Por exemplo, “Um quadro de uma pessoa com um guarda-chuva
grande, que está em pé junto a uma árvore”, seria Art, H, Cg , Bt. Aqui o quadro é o conteúdo
principal, e o que representa a pintura é o conteúdo secundário.
	 Codificação de Conteúdos Incomuns
	
	Id => (Idiográfico). Algumas respostas têm conteúdos que não se encaixam facilmente
em nenhuma das categorias existentes. Neste caso escreve-se o conteúdo e regista-se nos Id. 	
		 No entanto, é importante assegurar que o conteúdo da resposta não encaixa em
nenhuma das categorias antes de codificar Id.
	 Por exemplo, um tubo de teste é uma resposta pouco usual e, numa primeira instância,
parece mais apropriado codificar como Id devido à sua raridade. Contudo, este conteúdo pode
ser inserido na categoria Sc, e deve ser codificado como tal. De forma semelhante, um carrossel
é também um conteúdo muito incomum. Tecnicamente, deve ser codificado como Sc, utilizando-
se como premissa o facto de poder ser considerado como um produto da ciência, mas pode ser
mais apropriado ser codificado como Art e incluir Sc como código secundário.
37
	 RESPOSTAS POPULARES
	 Existem 13 respostas que ocorrem com uma incomum frequência elevada nos protocolos
da maioria dos grupos estudados. Estas respostas são identificadas como Populares, sendo de-
finidas através da utilização do critério de frequência de uma resposta em cada três protocolos.
	 A presença destas respostas é assinalada com a codificação P. Esta decisão de codificar
como resposta popular é uma decisão de sim ou não; ou é uma resposta popular ou não é. O
conteúdo não pode ser alterado nem a sua localização.
	 Igualmente, tem que se ter em atenção a posição do cartão para se poder codificar P O
cartão pode não estar na posição correcta, mas o conteúdo tem que ser identificado como se o
cartão estivesse na posição adequada. Esta regra aplica-se aos cartões I, II, III, IV, V, VII, VIII e IX.
38
CONTEÙDO/ CRITÉRIO
CARTÃO LOCALIZAÇÃO
Animal, especificamente identificado como urso, cão,
elefante ou cordeiro. A resposta mais vulgar diz res-
peito à cabeça ou parte superior do animal. No entan-
to, as respostas que envolvam animais completos são
também codificadas como P.
Figura humana ou sua representação, como: bonecas,
caricaturas, etc. ... Se a área D1 for interpretada como
2 fig. humanas, só se atribuirá P se D7 ou Dd31 for indi-
cado como qualquer elemento que não faça parte das
figuras humanas.
Fig. Humana ou para-humana, como gigante, monstro,
ser de ficção científica, etc. ... Figuras animais não são
codificadas com P.
Pele, couro, tapete ou pele de animal. Também se co-
difica P um animal inteiro, desde que se faça referên-
cia ao lombo, à pele ou ao pelo, quer na sua forma
natural ou não.
Cabeça ou cara humanas, normalmente identificadas
como mulher, criança ou índia, ou com género não
identificado. Se é utilizado o D1, o segmento D5 é vul-
garmente referido como cabelo, pena, etc. Se a res-
posta inclui toda a área D2 ou Dd23, só será P se a
cabeça ou o rosto se restringir a D9.
Animal completo, vulgarmente do tipo canino, felino
ou roedor
Figura humana ou para-humana, como feiticeira, bru-
xa, gigante, monstro, ser de ficção científica, etc...
Caranguejo, com todos os apêndices restringidos à
área indicada.
Aranha, com todos os apêndices restringidos à área
indicada.
Morcego
Borboleta
Morcego
Borboleta
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
W
W
W
W
D1
D1
D1
D9 ou D1
W ou D7
W ou D1
D9
D1
D3
39
	 ACTIVIDADE ORGANIZATIVA
	 A actividade organizativa refere-se ao nível de exigência implicado nas operações cogni-
tivas ou mediativas intervenientes no processo de resposta e denomina-se de nota Z. Assinala-
se nota Z em todas as respostas que incluam a forma e cumpra pelo menos um dos seguintes
critérios:
	 1) ZW É uma resposta W com qualidade de desenvolvimento de +, v/+ ou o (as respostas
Wv não recebem nota Z)
	 2) ZA É uma resposta que estabelece uma relação significativa entre duas ou mais áreas
adjacentes (áreas que se tocam).
	 3) ZD É uma resposta que estabelece uma relação significativa entre duas ou mais áreas
não adjacentes, mas distantes (áreas que não se tocam).
	 4) ZS É uma resposta em que o espaço branco é integrado numa relação significativa com
outras áreas da mancha. Respostas dadas só num detalhe branco não recebem nota Z.
	 A presença de F é um requisito imprescindível para codificar nota Z, daí que as respostas
puras de C, T, Y e V não recebem qualquer pontuação.
	 A existência de uma relação significativa na organização da resposta é um elemento cru-
cial no momento de assinalar uma nota Z, tanto nas globais como nas respostas detalhe. Isto é,
as diferentes partes da mancha utilizadas na resposta devem relacionar-se entre si de um modo
significativo.
	 Para que o espaço branco cumpra as condições para ser atribuída nota Z, outras áreas da
mancha têm que ser utilizadas na resposta. Por exemplo, as áreas brancas do cartão I normal-
mente são identificadas na resposta como olhos e/ou boca como “Tudo parece uma máscara,
como de halloween, e isto são os olhos”. Igualmente, a área DS5 do cartão II vulgarmente costu-
ma ser identificada como uma nave espacial, sendo a área vermelha D3 identificada como exaus-
tor. Ambas as respostas satisfazem os critérios para nota Z. No entanto, se DS5 for identificada
como um foguete, e nenhuma outra área for utilizada, então não se pode atribuir nota Z.
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	 Igualmente, deve-se ter em atenção a outro factor no que se refere ao espaço branco. Não
só a área branca deve ser integrada com outras áreas da mancha, como também deve ser espe-
cificado que o espaço branco é utilizado na resposta, sendo identificado algo, para ser atribuída
a nota Z.
	 Os valores da nota Z para cada cartão encontram-se no tabela abaixo discriminada.
	 Sempre que a resposta cumpra dois ou mais critérios para codificar Z, deve-se assinalar o
valor mais alto possível. Por exemplo, uma resposta em W no cartão I recebe por norma a nota Z
de 1.0. No entanto, se utilizar-se a mancha toda de tal maneira que aparecem detalhes adjacentes
organizados especificamente, como “Uma mulher de pé ao centro com duas criaturas a dançar
ao redor dela”, então deve-se assinalar na resposta um valor de 4.0 (nota Z adjacente).
Tipo de Actividade Organizativa
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IV
X
1,0
4,5
5,5
2,0
1,0
2,5
2,5
4,5
5,5
5,5
4,0
3,0
3,0
4,0
2,5
2,5
1,0
3,0
2,5
4,0
6,0
5,5
4,0
3,5
5,0
6,0
3,0
3,0
4,6
4,5
3,5
4,5
4,5
5,0
4,0
6,5
4,0
4,0
5,0
6,0
Cartão
W
(DQ: +, v/+, o) Adjacente Distante Espaço Branco
41
	 CODIFICAÇÕES ESPECIAIS
	 A última tarefa, ao codificar um protocolo, consiste em determinar se possui alguma das
condições que requerem um código especial, que se relaciona com as características estranhas
da resposta.
	 Estas verbalizações incomuns são elementos importantes no estudo da actividade cogni-
tiva, especialmente ao nível das disfunções.
	 Quando a pessoa está a ser examinada com o Rorschach, podem ocorrer lapsos na acti-
vidade cognitiva, que sendo adequadamente identificados podem providenciar informação útil
para a avaliação do seu pensamento. Estes lapsos cognitivos podem ser visíveis nas respostas do
Rorschach de três formas: (1) verbalizações desviantes, (2) combinações inapropriadas, ou (3)
lógica inapropriada.
	 São utilizados seis Códigos Especiais para assinalar a presença de distorção cognitiva nas
respostas do sujeito: dois para as verbalizações desviantes (DV e DR), três para as combinações
inapropriadas (INCOM, FABCOM e CONTAM), e um para a lógica inapropriada (ALOG).
	 Quatro destes códigos podem ser diferenciados pelo grau de distorção, em Nível 1 e Nível
2. Esta diferenciação é necessária devido à considerável graduação de disfunção que se pode
encontrar em cada categoria.
	 Diferenciação em Nível 1 e Nível 2
	 Os dois códigos que se aplicam nas verbalizações desviantes (DV e DR) e dois dos três
que se aplicam nas combinações inapropriadas (INCOM e FABCOM) diferenciam-se por sua vez
pela sua gravidade, assinalando-os um nível 1 ou 2. Dado que existem muitos graus possíveis de
disfunção cognitiva, dentro de cada categoria, é muito importante tentar discriminar entre aque-
las respostas que apresentam deslizes suaves ou moderados (Nível 1) e aquelas que reflectem
formas mais graves de perturbação (Nível 2).
	 Resposta de Nível 1: Codifica-se com nível 1, as respostas que apresentam um grau suave
ou moderado de pensamento ilógico, lábil, peculiar ou circunstancial. Apesar das respostas de
nível 1 reunirem as condições necessárias para receber um código especial, estas não se dife-
renciam muito dos deslizes cognitivos que as pessoas cometem com frequência, quando não
prestam grande atenção à forma como se expressão, ou ao julgamento que estão a realizar. Os
códigos especiais de nível 1 podem dar a impressão que são produto da imaturidade, de uma
educação deficiente, ou de não ter pensado suficientemente no que se disse.
42
	 Resposta de Nível 2: Codifica-se com nível 2, as respostas que apresentam um grau mé-
dio ou grave de pensamento dissociado, ilógico, lábil ou circunstancial. Estas respostas mostram
uma marcada distorção da opinião emitida ou do seu modo de expressão. As respostas de nível 2
destacam-se porque são bizarras e quase nunca deixam lugar a dúvidas sobre a sua codificação.
	 Nos casos em que se tenham legítimas dúvidas sobre se uma resposta alcança um grau
de nível 2, deve-se adoptar uma atitude conservadora e assinalar nível 1. Na diferenciação entre
ambos os níveis não se devem considerar factores externos à resposta como a idade, o nível
educativo ou a cultura geral do sujeito.
	 A. VERBALIZAÇÕES DESVIANTES (DV e DR)
	 Existem dois códigos especiais para as verbalizações desviantes (DV e DR). Um é utiliza-
do para identificar lapsos cognitivos que levaram a uma selecção inapropriada das palavras. O
segundo identifica segmentos da resposta com uma qualidade estranha. Ambos são caracteriza-
dos por modos de expressão que tende a impedir a capacidade do sujeito para comunicar com
clareza.
	 1. Verbalizações raras (DV)
	 Atribui-se às respostas que têm uma ou duas das seguintes características, que conferem
à resposta um aspecto peculiar:
	a. Neologismo: implica o uso de uma palavra incorrecta ou de um neologismo.
Podem ser de nível 1 ou 2:
	 “Aranhas que tentam chafurdar-se uma à outra” (DV1)
	 “Uma bactéria que se podia ver por telescópio” (DV1)
	 “Uma mulher com aspecto disreal” (DV2)
	 b. Redundância: envolve o uso estranho de linguagem, que não pode ser explicada em
termos de idiomas subculturais ou vocabulário limitado, no qual o sujeito identifica duas vezes o
mesmo objecto.
	 “Um cadáver morto” (DV1)
	 “Um par de dois pássaros” (DV1)
	 “Um pequeno pássaro minúsculo” (DV1)
	 “A turbina traseira de trás do avião (DV2)
	 “Os dois lábios gémeos da vagina” (DV2)
	 “Um par de pulmões emparelhados” (DV2)
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	 2. Resposta desviante (DR)
	 São respostas que reflectem a tendência para se retirar da tarefa, tendo elas uma qualida-
de peculiar ou estranha. Também se podem manifestar de duas maneiras:
	a. Frases inapropriadas: envolve a inclusão de frases inapropriadas ou completamente
irrelevantes para a resposta. Podem ser de nível 1 ou 2.
	 “Podem ser ostras mas estão fora da temporada” (DR1)
	 “Podia ser um gato, o meu pai odeia gatos” (DR1)
	 “É um tipo de bicho que nunca ninguém viu” (DR2)
	 “É um pássaro, mas eu esperava que fosse uma borboleta” (DR2)
	 b. Respostas circunstanciais: envolve respostas fluídas ou vagas, nas quais o sujeito se
torna inapropriadamente elaborado ou demonstra dificuldades em definir o objecto. Podem ser
de nível 1 ou 2:
	 “Parecem árvores a uma grande distância, numa colina, parece tão apetecível, como
um lugar para onde alguém quisera ir para se afastar de tudo” (DR1).
	 “É como um mapa da Irlanda, talvez não seja da Irlanda, pode ser de outro lugar qualquer,
mas podia ser um mapa da Irlanda, creio. Não sei muito acerca da Irlanda, mas sei mais acerca do
México” (DR2).
	 Algumas DR podem também conter um DV. Neste caso apenas se codifica DR.
	 B. COMBINAÇÕES INAPROPRIADAS (INCOM, FABCOM, CONTAM)
	 Envolvem a condensação inapropriada de impressões e/ou ideias, em respostas que vio-
lam a realidade. Implicam a inferência de relações irreais entre imagens, objectos ou actividades
atribuídas a objectos. Existem três tipos de combinações inapropriadas:
	 1. Combinações incongruentes (INCOM)
	 Envolvem a condensação de detalhes ou características da mancha que são fundidos ina-
propriadamente num único objecto, assim como atribuição de actividades implausíveis ou im-
possíveis. Se o objecto identificado for um cartoon, não se codifica INCOM. Podem ser de nível
1 ou 2:
	 “Uma borboleta com as mãos levantadas” (INCOM1)
	 “Uma galinha quadrúpede” (INCOM1)
	 “Uma rã com quatro testículos” (INCOM2)
	 “Uma mulher com cabeça de frango” (INCOM2)
	 “A cara de um gato, parece que está a sorrir” (INCOM1)
	 Às vezes, a incongruência relaciona-se com a combinação inadequada da cor e da forma,
como em “Ossos roxos” (INCOM1), “Neve negra” (INCOM1) ou “Um homem laranja” (INCOM1).
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	 2. Combinação fabulada (FABCOM)
	 Envolve uma relação implausível ou absurda entre dois ou mais objectos identificados na
mancha. Estas respostas incluem sempre dois ou mais detalhes com limites próprios. Também se
utiliza nas transparências. Podem ser de nível 1 ou 2, sendo as transparências sempre codificadas
com nível 2.
	 “Dois frangos sustendo bolas de basquete” (FABCOM1)
	 “Uns ratos a morderem os dedos de um marciano” (FABCOM2)
	 “Duas mulheres a atacar um submarino” (FABCOM2)
	 “Há um homem ali sentado com o coração a bombear” (FABCOM2)
	 “Isto aqui é uma vagina e aqui as trompas de falópio” (FABCOM2).
	
	 3. Contaminação (CONTAM)
	 É a combinação mais bizarra das combinações inadequadas e representa duas ou mais
impressões que se fundiram numa única resposta de forma a violar nitidamente a realidade. En-
quanto que a INCOM funde num objecto incongruente as impressões procedentes de distintas e
delimitadas zonas da mancha, a CONTAM tem lugar na mesma zona: duas respostas sobrepõem-
se psicologicamente como numa dupla exposição fotográfica. As CONTAM podem utilizar, se
bem que nem sempre, neologismos ou outras verbalizações estranhas para descrever o objecto.
Um exemplo clássico de CONTAM com neologismo é a condensação da vista frontal de um chin-
che com a de um boi: “A cara de um chincheboi” ou “Sem dúvida é uma borboflor”, fundindo as
impressões de uma borboleta e de uma flor.
	 Noutras situações, a lógica estranha que caracteriza o CONTAM é manifestado directa-
mente como “Parece sangue, e uma ilha, tem que ser uma ilha sangrenta”.
	 Outras contaminações são menos obvias na resposta original, sendo visíveis no Inquéri-
to. Por exemplo:
	 Quando se codifica CONTAM não são utilizadas DV, DR, INCOM, FABCOM e ALOG.
	 Não existem diferenças de nível.
Resposta
É uma borboleta
Inquérito
E: (repete a resposta)
S: Isto são as asas (D2) e o corpo (D4) e aqui
estão os olhos (DdS26) e a boca (DdS29) e as
orelhas (Dd28).
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	 C. LÓGICA INAPROPRIADA (ALOG)
	 Quando, sem sugestão, o sujeito utiliza uma razão forçada ou absurda para justificar a
sua resposta. Justificação simplista de uma resposta. A lógica envolvida é claramente não con-
vencional. Tem que ser espontânea na associação livre ou no inquérito.
	 “Tem que ser o Pólo Norte porque está na parte de cima da mancha”
	 “Deve ser um mineiro de carvão porque é totalmente negro”
	 “Isto verde tem de ser uma alface, porque está ao lado do coelho”
	 D. PERSEVARAÇÃO (PSV)
	 Existem três tipos de perseveração que são assinalados com o mesmo código especial.
	 No mesmo cartão: respostas em que se utiliza exactamente a mesma localização, QD,
determinante(s), QF, conteúdo(s) e nota Z. O conteúdo especifico pode alterar ligeiramente, no
entanto, a categoria deve ser mantida. As codificações especiais não necessitam ser as mes-
mas. Aceita-se a diferença de P.
	 De conteúdo: pode dar-se no mesmo cartão ou em cartões consecutivos, em que o con-
teúdo é identificado como sendo o mesmo que se viu antes.
	 “É a mesma borboleta do cartão anterior”
	 Mecânica: resposta mais frequente em sujeitos com compromisso intelectual ou neu-
rológico. O sujeito dá mecanicamente a mesma resposta em cartões diferentes. Por exemplo:
cartão I é um morcego, morcego no cartão II, morcego no cartão III, etc. Normalmente, resulta
um protocolo inválido.
	 CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DE CONTEÚDO
	 Relaciona-se com características cognitivas ou de projecção do eu. São importantes
para o estudo geral da auto-imagem, da percepção e condutas interpessoais, e podem também
trazer informações sobre características do pensamento.
	 Conteúdo abstracto (AB)
	 Utiliza-se o AB em dois tipos de respostas: Naquelas que receberam o conteúdo Hx,
para registar uma emoção humana ou uma experiência sensorial, sem implicação de forma; e
nas respostas em que o sujeito descreve uma representação simbólica clara e específica.
	 “Só me recorda a depressão”
	 “É um quadro abstracto de Cristo”
	 “Um quadro de Blake sobre a luta do homem pela pureza”
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	 Movimento agressivo (AG)
	 Para qualquer movimento (M, FM, m), no qual a acção é nitidamente agressiva, tal como
lutando, aterrorizando, explodindo, olhando de forma ameaçante, discutindo, partindo, .... A
agressão tem de estar a acontecer. Por exemplo uma explosão, por si só não é AG, a não ser
que alguma coisa esteja a ser destruída pela explosão.
	 “Parece uma bala que rompe algo de lado a lado”
	 “Duas pessoas discutindo sobre algo”
	 “A cara de um homem, ele está furioso com alguma coisa”
	 Movimento cooperativo (COP)
	 Para qualquer movimento (M, FM ou m), que envolva dois ou mais objectos, pessoas ou
animais, no qual a interacção é nitidamente positiva ou cooperativa. Dançar será sempre codifi-
cada de COP se houver relação entre os objectos.
	 “Dois homens levantando algo”
	 “Duas mulheres na fofoquice”
	 “Dois insectos a derrubarem um poste”.
	 Conteúdo mórbido (MOR)
	 Codifica-se em todas as respostas, em que haja identificação de um objecto com as se-
guintes características:
	 1. Identificação do objecto como morto, destruído, arruinado, estragado, ferido, partido,
podre, etc...
	 “Um cão morto”
	 “Um par de botas estragadas”
	 “Um urso ferido”
	 “Um espelho partido”
	 2. Atribuição dada a um objecto de uma característica ou de um sentimento nitidamente
disfórico.
	 “Uma árvore triste”
	 “Uma pessoa a chorar”
	 “Depressão”
47
	 REPRESENTAÇÃO HUMANA
	 A maioria dos protocolos contêm respostas nas quais existe formas de representação
humana. Estas respostas relacionam-se, de certa forma, com a forma como o sujeito percebe e/
ou interage com as outras pessoas. As respostas de representação humana são identificadas e
diferenciadas por dois códigos: boas (GHR) e más (PHR).
	 Os critérios para a codificação das respostas de representação humana são os seguintes:
	 •	 Respostas que contêm qualquer código de conteúdo humano [H, (H), Hd, (Hd), Hx]
	 •	 Respostas que contêm o determinante M
	 •	 Respostas FM com código especial COP ou AG
	 Para se codificar GHR ou PHR, devem-se seguir determinados passos, de forma a permi-
tir uma adequada decisão.
	 PASSOS PARA CODIFICAR RESPOSTAS COMO BOA (GHR) OU MÁ (PHR)
	 RESPRESENTAÇÃO HUMANA
	1.	 Codifica-se GHR em respostas que contenham o código H puro e que tenham
também os seguintes critérios:
	 (a)	 Qualidade Formal FQ+, FQo ou FQu
	 (b)	 Nenhum código especial cognitivo excepto DV
	 (c)	 Nenhum código especial AG ou MOR
	 2.	 Codifica-se PHR em respostas que tenham:
	 (a)	 FQ- ou FQnone (sem forma), ou
	 (b)	 FQ+, FQo ou FQu e que tenha ALOG, CONTAM ou qualquer código especial cog-
nitivo de nível 2
	3.	 Codifica-se GHR nas restantes respostas de representação humana que tenham o
código especial COP, mas não o código especial AG
	 4.	 Codifica-se PHR nas restantes respostas de representação humana que tenham:
	 (a)	 Código especial FABCOM ou MOR, ou
	 (b)	 Conteúdo An
	 5.	 Codifica-se GHR nas restantes respostas de representação humana nos cartões III,
IV, VII, e IX que foram codificadas com Popular
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	6.	 Codifica-se PHR nas restantes respostas de representação humana que tenham
qualquer uma das seguintes:
	 (a)	 Código especial AG, INCOM ou DR,
	 (b)	 Conteúdo Hd [não (Hd)]
	7.	 Codifica-se GHR nas restantes respostas de representação humana
	 Estes passos são seguidos na ordem estabelecida até se conseguir tomar uma decisão
de codificação. Por exemplo, se assumir-mos que uma resposta é codificada com Do Fo H, ela
corresponde aos critérios do passo 1, para GHR, pois tem H puro, com qualidade formal o e não
tem qualquer código especial. Se a codificação for Do Fo Hd, a decisão não poderá ser tomada
com base no passo 1, pois como conteúdo tem Hd e não H puro. Deste modo, a resposta será
codificada com PHR através do passo 6, devido ao conteúdo Hd. Outros exemplos:
	 RESPOSTAS PERSONALIZADAS (PER)
	 Muitas respostas contêm pronomes pessoais tais como eu, meu, minha ou nós. A maio-
ria são utilizadas de forma natural na articulação da resposta, como por exemplo “Parece-me
um morcego”.
	 No entanto, por vezes, o sujeito refere o conhecimento ou experiência pessoal como
parte da base para justificar ou clarificar uma resposta.
	 “Eu comprei um assim para a minha filha”
	 “Nós vimos uma vez um assim”
	 ESPECIAL COR
	 Projecção de cor (CP)
	 Quando o sujeito identifica uma mancha acromática como sendo cromática. São res-
postas raras, mas que podem surgir nos cartões IV e V. É apenas codificada numa área acro-
mática. Se o sujeito utilizar o esbatido para delinear as cores cromáticas, codifica-se esbatido
de difusão (FY, YF ou Y). O determinante de cor cromática (FC, CF ou C), nunca é utilizado na
codificação destas respostas porque não há cor cromática nestas manchas.
III
IX
VIII
VII
D+ Ma.FYo 2 H,Cg P 3,0 FABCOM
DSo FC’o (Hd)
W+ FMa.FCo 2 A,Bt 4,5 COP, ALOG
D+ Ma.mpo 2 Hd,Art P 3,0 DV
PHR, passo 4
GHR, passo 7
PHR, passo 2
GHR, passo 5
Cartão Codificação Decisão GHR/PHR
49
5. SUMÁRIO ESTRUTURAL
50
	 Secção Superior
	 1. Localização - São três os elementos relativos à localização:
	 A - Actividade organizativa;
	 B - Códigos de localização;
	 C - Qualidade de desenvolvimento.
	 A – Actividade Organizativa - Existem três casas na parte superior do SUMÁRIO desti-
nadas à actividade organizativa:
	 • A 1ª, Zf (frequência de Z) é o nº de vezes que uma resposta Z ocorreu num protocolo.
	 • A 2ª, Z SUM, destina-se à soma das notas ponderadas de Z atribuídas.
	 • A 3ª, Zest (VW ponderada esperada, deriva da seguinte tabela de notas Z esperadas.
	 B – Códigos de localização - Regista-se em separado cada um dos três códigos básicos
de localização. Existem, igualmente, também dois espaços para anotar as frequências das res-
postas W+D e S, embora nenhuma destas duas variáveis se subtraia da quantificação dos três
códigos básicos W, D ou Dd.
	
	 C – Qualidade de Desenvolvimento - As frequências entram igualmente para cada um
dos códigos da qualidade de desenvolvimento, independentemente do tipo de localização
usado.
51
	 2. Determinantes - Cada determinante é contado em separado, excepto quando ocor-
rem numa combinação. Cada combinação é lançada na secção própria designada Combinações
e os determinantes das combinações não são contados de novo ao lançarem-se as frequências
dos determinantes únicos, na coluna intitulada Individual.
No final anota-se o n.º de notas par que contém o protocolo.
	 3. Qualidade Formal - Há três secções referentes à qualidade formal para serem preen-
chidas:
	 • A 1ª, indicada por FQx (Qualidade Formal Alargada), inclui todas as respostas do proto-
colo. Existem casas para o registo das frequências para cada um dos quatro tipos de qualidade
formal, mais uma para a frequência de respostas nas quais não foi codificada qualidade formal.
	 • A 2ª, é designada MQ (Qualidade Formal Movimento Humano), e destina-se à distribui-
ção de FQ de todas as respostas de movimento humano.
	 • A 3ª, é designada W+D (Qualidade Formal Comum) e destina-se às frequências de FQ
de todas as respostas dadas em áreas W e D.
	 4. Conteúdos - A coluna assim intitulada abrange as 27 categorias. Em alguns casos são
necessários dois registos para uma única categoria. O 1º indica a frequência de respostas em
que a categoria representa o conteúdo principal, o 2º, separado do 1º por uma vírgula, repre-
senta a frequência de respostas em que a categoria é um conteúdo adicional ou secundário.
Por exemplo., duas respostas podem ter botânica (Bt) como conteúdo principal, mas uma ter-
ceira pode ter Bt como conteúdo adicional. Deste modo o registo para a categoria Bt será Bt =
2,1.
	 5. Abordagem do Modo de Apreensão - Na secção superior do SUMÁRIO, à direita, há
um espaço para registar os Modos de Localização segundo a sequência usada pelo sujeito em
cada cartão.
	 6. Pontuação Especial - O último conjunto de frequências a serem lançadas são as refe-
rentes a cada uma das 15 cotações especiais. São necessários dois cálculos:
	 • O 1º, é a Raw Sum (Soma Bruta) das seis primeiras cotações especiais (Raw Sum6).
Corresponde ao total das cotações de nível 1 e nível 2 de DV, INCOM, DR , FABCOM, ALOG e
CONTAM.
	 • O 2º, é a Weighted Sum (Soma Ponderada) dessas mesmas seis cotações especiais
(Wght SUM6). A cada uma das seis cotações especiais é atribuído um valor que consta na folha
do Sumário Estrutural.
52
	 Existe ainda uma coluna para apontar todos os conteúdos especiais (que não vão cons-
tar no Raw Sum6, nem no Wgtd Sum6).
	 Secção do Controlo
	 Encontra-se na parte superior da secção inferior do Sumário Estrutural, à esquerda. 		
Contém dezasseis registos. Sete são frequências e compreendem: R (nº total de respostas) e o
nº total de cada um dos determinantes FM, m, SumC’, SumT, SumV e SumY. Os últimos quatro
incluem todas as variações, isto é, SumC’ inclui FC’, C’F e C’; SumT inclui FT, TF e T, SumV inclui
VF, FV e V, e SumY inclui YT, TY e Y.
	 As restantes sete casas são proporções e derivações. São elas:
	 1. Lâmbda (L) - A 2ª casa é para o Lâmbda (L). É uma razão que compara as frequências
das respostas F puro com todas as restantes respostas do protocolo. Relaciona-se com ques-
tões de economia no uso de recursos.
Calcula-se:
	 L= F(número de respostas com determinante único F)
		 R - F (R total de respostas menos as respostas com determinante único F)
	
	 2. Estilo Vivencial (EB) - É uma relação entre duas variáveis principais: movimento hu-
mano (M) e soma ponderada das respostas de cor cromática. Regista-se:
Soma de M : Soma Ponderada das Respostas Cor (Sumpond C)*
*Esta ponderação da cor obtém-se multiplicando cada um dos tipos de respostas cromáticas
por um valor. As respostas de nomeação da cor (Cn), não se incluem na Sumpond C:
		
		Sumpond C= (0,5) x FC + (1,0) x CF + (1,5) x C.
	 3. Experiência Efectiva (EA) - É uma derivação que se relaciona com os recursos dispo-
níveis do sujeito. Obtém-se somando os dois lados do EB, isto é, Soma de M + Sumpond C.
	 4. Perseverança do Estilo Vivencial (EBPER) - É uma resposta que diz respeito ao pre-
domínio de um estilo de EB na actividade de tomada de decisão. Só se calcula o EBPER quan-
do o EB indicar um estilo vincado. Esta presença de estilo é determinada através de três crité-
rios:
53
	 1º O valor de EA tem que ser maior ou igual que 4,0;
	 2º O valor de L (Lambda) tem que ser menor que 1,0;
	 3º Se o valor de EA se encontrar entre 4,0 e 10,0, um dos lados de EB tem de ser pelo
menos dois pontos maior do que o outro;
	 Se o valor de EA for maior que 10,0, um dos lados do EB tem de ser pelo menos 2,5
pontos maior do que o outro.
	 Quando os três critérios são verificados, o EBPer calcula-se dividindo o número maior de
EB pelo menor.
	 5. Experiência Base (eb) - É uma relação que compara todos os determinantes de mo-
vimento não humano (FM e m) com os determinantes de sombreado e cor acromática. Informa
sobre as exigências dos estímulos experimentados pelo sujeito.
Regista-se da seguinte forma:
		 FM + m: Soma de SumC’ + SumT + SumY + SumV.
	 Os dados do lado direito da relação incluem todas as formas possíveis destes determi-
nantes. Por exemplo, SumT inclui FT, TF e T.
	 6. Estimulação Experimentada (es) - É uma derivação obtida a partir dos dados presen-
tes em eb. Está relacionada com as exigências dos estímulos do ambiente. Obtém-se somando
os dois lados de eb, isto é:
		 Soma de FM + m + SumC’ + SumT+ SumY + SumV.
	
	 7. Nota D (D) - A nota D proporciona uma informação importante sobre a relação entre
EA e es. Relaciona-se com a tolerância ao Stress e com os elementos de controlo. Obtém-se
procedendo 1º ao cálculo da diferença bruta entre as duas variáveis, isto é, EA-es, referindo o
sinal próprio ( + ou -). A diferença bruta é depois convertida numa nota de diferença de escala,
com base em desvios padronizados em que DP foi arredondado para igual a 2,5.
	 Deste modo, se a nota bruta da diferença de EA-es se situar entre +2,5 e -2,5, não exis-
te diferença significativa entre os dois valores, e a nota D é zero. Se a nota bruta de EA-es for
maior do que +2,5, a nota D aumentará em unidades de +1 por cada nota bruta de 2,5 pontos. O
contrário também é verdade. Seguidamente apresenta-se uma tabela de conversão para ob-
tenção da nota D.
54
	 8. es Corrigido (Adj es) - Como a nota D fornece informação relativa à tolerância ao
Stress e aos recursos disponíveis, é importante determinar se a nota foi influenciada por ele-
mentos situacionais ou se é estrutural.
Para isso, subtraímos do es a maioria dos elementos relacionados com os fenómenos situacio-
nais: Subtraem-se todos os m e Y (FY e YF incluídos) do es, excepto 1m e 1Y, caso eles existam,
e desta forma obtém-se o Adj es.
	 9. Nota D Corrigida (AdjD) - Obtém-se mediante o uso da fórmula:
	 EA – Adj es. O resultado é confrontado com a Tabela de Conversão da Nota D.
	 Secção da Ideação
	 Esta secção contém nove registos. Cinco delas são frequências (MOR, M- (com qualida-
de formal menos), Mnone (sem qualidade formal), Sum6 e de nível 2) e uma sexta (Sumpond6)
que já foi calculada. As restantes consistem em duas razões e um índice. São:
	 1- Razão activo-passivo (a: p) - Esta razão diz respeito à flexibilidade na ideação e nas
atitudes. Regista-se com o n.º total de respostas de movimento Activo (Mª + FMª+mª) à esquer-
da, e o n.º total de respostas de movimento Passivo (Mp+FMp+mp) à direita. Os determinantes
de movimento qualificados a:p são adicionados a ambos os lados.
	 2 – Razão M activo: M passivo (Mª: Mp) - Diz respeito a algumas características do pen-
samento. Inclui apenas respostas de movimento humano com o n.º total de activo registado à
esquerda e o n.º total de passivo registado à direita. As respostas Mª e Mp são somadas a am-
bos os lados.
55
	 3 – Índice de Intelectualização - 2AB+(Art+Ay) - Este índice inclui a codificação especial
AB (Abstracção) e os conteúdos Arte e Antropologia. É calculado como duas vezes o n.º de
respostas AB + o n.º de conteúdos Art e Ay. Inclui tanto os conteúdos principais como os se-
cundários.
	 Secção do Afecto
Esta secção compreende sete casas. Três são frequências (C puro, S e CP) e as outras são ra-
zões:
	 1 – Razão Forma-Cor (FC: CF+C) - Esta razão diz respeito à modelação do afecto. Regis-
ta-se tal como está indicado com o n.º total de determinantes FC no lado esquerdo e a soma
dos determinantes CF+C+Cn do lado direito. Cada um dos determinantes de cor cromática
possui o mesmo valor nesta razão, ao contrário do que se passa com SumpondC utilizada no
EB e EA.
	 2 – Razão Constrição (SumC’:SumpondC) - Esta razão diz respeito à excessiva internali-
zação do afecto. Regista-se tal como está indicado com o n.º total de determinantes C’ no lado
esquerdo e a soma ponderada do determinantes cor cromática do lado direito.
	 3 – Quociente Afectivo (Afr) - É uma razão que compara o n.º de respostas aos últimos
três cartões, com as dadas nos primeiros sete. Relaciona-se com o interesse pela estimulação
emocional. Calcula-se assim:
		Afr = Nº de respostas dos cartões VIII +IX+X
		 Nº de respostas aos cartões I+II+III+IV+V+VI+VII
	 4. Quociente de Complexidade (Comb:R) - Esta relação não é reduzida a uma razão,
mas antes considerada tal como está indicada, com o n.º total de combinações à esquerda e o
n.º de respostas à direita.
	 Secção da Mediação
	 Esta secção contém sete casas, duas para a frequência de respostas populares (P) e
respostas branco com qualidade formal menos (S-), e cinco percentagens:
	 1 – Forma Apropriada Extendida (XA%) - Esta variável diz respeito à proporção de
respostas nas quais o uso da forma é apropriado. Calcula-se:
56
			 XA% = FQx+ + FQxo + FQxu
					 R
	 2 – Forma Apropriada – Áreas comuns (WDA%) - Esta variável diz respeito à proporção
de respostas dadas nas áreas W e D, nas quais existe um uso apropriado da forma. Calcula-se:
	 		
		 WDA% = Soma das respostas W+D com FQx+, FQxo, FQxu
					 Soma de W+D
	 3 – Forma Distorcida (X-%) - Esta variável diz respeito à proporção de distorção percep-
tiva ocorrida no protocolo. Calcula-se:
			 X-% = Soma de FQx -
					 R
	 4 – Forma Convencional (X+%) - Esta variável diz respeito à medida em que o uso da
forma é convencional. Calcula-se:
		 X+% = Soma FQx+__+___Soma de FQxo
					R
	 5 – Forma Incomum (Xu%) - Esta variável diz respeito à proporção de respostas cujos
contornos foram adequadamente utilizados, mas de modo não convencional. Calcula-se:
			 Xu% = Soma de FQxu
					R
	 Secção do Processamento
	 Esta secção contém sete casas, quatro das quais são frequências (Zf, PSV, DQ+ e DQv).
Duas das três restantes são razões e a terceira é nota de subtracção:
57
	 1 – Índice de Economia (W:D:Dd) - Esta relação é registada tal como está indicada, com o
nº total de respostas W à esquerda, o nº total de respostas D ao centro e o nº total de respostas
Dd à direita.
	 2 – Quociente de Aspiração (W:M) - Esta relação não é geralmente reduzida a um quo-
ciente, sendo antes considerada tal como está indicada, com o nº total de respostas W à esquer-
da e o nº total de respostas M à direita.
	 3 – Eficiência do Processamento (Zd) - O Zd é uma nota de subtracção obtida com a
fórmula ZSUM - Zest, registando-se o sinal apropriado.
	 Secção Interpessoal
	 Esta secção contém dez casas, cinco das quais são frequências (soma de COP, soma de
AG, soma de Fd, soma H puro e PER). As cinco restantes são razões:
	 1 - Interesse Interpessoal (Cont. Humanos). Esta variável fornece informação acerca do
interesse nas pessoas. O seu cálculo é realizado da seguinte forma:
		Cont. Humanos = Soma H + (H) + Hd + (Hd)
				 [Hx não é incluído]
	 2 – Índice de Isolamento (Isolate/ R) - Inclui conteúdos principais e secundários de
cinco categorias (Botânica, Nuvens, Geografia, Paisagem e Natureza), sendo a soma bruta de
duas das categorias duplicada:
		Isolate/R = Bt + 2Cl + Ge +Ls + 2Na
				 R
	 Secção da Imagem de Si
	 Esta secção contém sete casas, quatro das quais são frequências (Soma de Fr+rF, FD,
MOR e a soma de An+Xy). A quinta entrada refere-se à SumV. A sexta casa é uma razão [H:
(H)+Hd+(Hd)], que fornece informação acerca do interesse do sujeito pelos outros. Inclui
ambos os conteúdos principais e secundários. A soma das respostas H puro é registada à
esquerda e a soma dos restantes conteúdos humanos é registada à direita.
58
	 A sétima casa é uma razão quociente:
	 1 - Índice de Egocentrismo (3r+(2)/ R) - Este índice relaciona-se com a auto-estima. Re-
presenta a proporção de respostas Reflexo e Par no protocolo total, sendo cada determinante
reflexo equivalente a três respostas par. Calcula-se:
	 	
	 	 3r + (2)/R = 3 x (Fr+rF) + Soma (2)
				 R
	 Secção Inferior
	 Na parte inferior do SUMÁRIO ESTRUTURAL existem seis índices especiais: o índice de
Pensamento-perceptual (PTI), o índice de Depressão (DEPI), o índice de Inabilidade Social e
confronto com os outros (CDI), a constelação de Suicídio (S-CON), o índice de Hipervigilância
(HVI) e o índice de estilo Obsessivo (OBS).
	 As variáveis incluídas em cada um estão indicadas na Folha de Constelações (ver
anexos), existindo casas para assinalar as que se verificam. O nº total de variáveis positivas
deve ser indicado no final do Sumário Estrutural para o PTI, DEPI, CDI e S-CON. Para o
HVI e para o OBS devem registar-se as anotações “SIM” ou “NÃO”.
	 Quando se trabalha com protocolos de crianças pequenas, é muito importante não
esquecer que existem quatro variáveis, cujos valores que devem ser ajustados de acordo com a
idade. Uma (Wsum6) aparece no PTI. A segunda [3r+(2)/R] aparece no DEPI, e a terceira (Afr),
encontra-se no DEPI e no CDI. Cada uma é assinalada na Folha de Constelações com um *, e os
valores a ser aplicados encontram-se discriminados abaixo por grupos de idade.
Ajustamentos por idade
Para Índice de Egocentrismo
Ajustamentos por idade para WSum6
Se R é igual a 17 ou mais:
Se R é menor que 17:
Ajustamentos por idade para Afr
Idades 5 a 7:	 Wsum6 > 20
Idades 8 a 10:	 Wsum6 > 19
Idades 11 a 13:	 Wsum6 > 18
Idades 5 a 7:	 Wsum6 > 16
Idades 8 a 10:	 Wsum6 > 15
Idades 11 a 13:	 Wsum6 > 14
Idades 5 a 7:	 Afr < .57
Idades 8 a 10:	 Afr < .55
Idades 11 a 13:	 Afr < .53
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
.55
.52
.52
.48
.45
.45
.45
.38
.38
.37
.33
.33
.83
.82
.77
.74
.69
.63
.58
.58
.56
.54
.50
.48
Idade
Significante
se 3r+(2)/R
é menor que
Significante
se 3r+(2)/R
é maior que
59
6. BIBLIOGRAFIA
Exner, J. E. (1991). The Rorschach: A comprehensive system vol. 2: Interpretation (2nd ed.). New
York: Wiley
Exner, J. E. (1993). The Rorschach: A comprehensive system vol. 1: Basic Foundations (3rd ed.).
New York: Wiley
Exner Jr., John E. (2001). A Rorschach Workbook for the Comprehensive System, 5ª Edition.
Rorschach Worhshops. Asheville, North Carolina
Exner Jr., John E. (2003). Basic Foundations and Principles of Interpretation, 4ª Edition. The
Rorschach – A Comprehensive System. Vol. 1. John Wiley & Sons, Inc. Hoboken, New Jersey
Gonçalves, Miguel M. (1994). Rorschach na avaliação psicológica – aspectos teóricos e análise de
casos. Universidade do Minho
Seminário de Estudo do Rorschach (13º)
Workshop de Interpretação do Rorschach por John E. Exner, Jr.
Sociedade Portuguesa de Psicologia
Sociedade de Avaliação da Personalidade
5 e 6 de Fevereiro de 1999
Sendín, C. (1995). Manual de Interpretación del Rorschach- Para el sistema comprehensivo. Ma-
drid: Editorial Psimática.
Silva, D. R. (1980/ 81/ 82). Análise dos Estudos sobre a Validade do Rorschach em
Psicologia Clínica. Revista Portuguesa de Psicologia, 17/18/19: 73-118.
Silva, D. R. (1986). Exner e a Reposição do Teste de Rorschach. Revista Portuguesa de Pedago-
gia, XX: 135-168.
Silva, D. R. (1986). O Sistema Integrativo do Rorschach (S.I.R.) de John E. Exner, Jr., Revista Por-
tuguesa de Psicologia, 23: 189-238.
XVI International Congress of Rorschach and Projective Methods
Amsterdam, The Netherlands
IRS (International Rorschach Society)
19 a 24 de Julho de 1999
60
7. ANEXOS
TABELA A: FIGURAS DE DETALHES COMUNS (D) E INCOMUNS (Dd) CORRESPONDENTES A
CADA CARTÃO. LISTA DE RESPOSTAS VULGARES (o), ÚNICAS (u) E MENOS
(-), CLASSES DE RESPOSTAS PARA CADA CARTÃO E ÁREA DE LOCALIZAÇÃO.
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
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103
104
105
106
107
108
109
110
8. FOLHA CONSTELAÇÕES
9. DADOS NORMATIVOS
DADOS ESTATÍSTICOS ADULTOS (POP. PORTUGUESA – N=309)
VARIÁVEL MÉDIA DP M ÍNIMO MÁXIMO
R 22,07 7,88 14,19 2 9,95
W 7,02 4,20 2,82 11,22
D 9,78 5,60 4,18 15,38
Dd 5,27 4,37 0,90 9,64
S 2,26 2,22 0,04 4,48
DQ+ 5,15 3,39 1,76 8,54
DQo 15,90 6,58 9,32 22,48
DQv 0,89 1,35 0 2,24
DQv/+ 0,13 0,38 0 0,51
FQX+ 0,23 0,84 0 1,07
FQXo 10,51 3,82 6,69 14,33
FQXu 8 ,37 4,64 3,73 13,01
FQX- 2,72 1,95 0,77 4,67
FQXnone 0,25 0,58 0 0,83
MQ+ 0,10 0,41 0 0,51
MQo 1,61 1,42 0,19 3,03
MQu 0,79 1,23 0 2,02
MQ- 0,29 0,73 0 1,02
MQnone 0,04 0,27 0 0,31
S- 0,54 0,92 0 1,46
M 2,84 2,60 0,24 5,44
FM 3,62 2,87 0,75 6,49
m 1,34 1,51 0 2,85
FM+m 4,96 3,54 1,42 8,50
FC 1,25 1,52 0 2,77
CF 1,80 1,80 0 3,60
C 0,26 0,57 0 0,83
Cn 0,02 0,19 0 0,21
FC+CF+C+Cn 3,32 2,76 0,56 6,08
Sum Pond C 2,81 2,45 0,36 5,26
Sum C’ 1,32 1,53 0 2,85
Sum T 0,68 0,80 0 1,48
Sum V 0,59 1 ,03 0 1,62
Sum Y 1,20 1,54 0 2,74
Sum Claros 3,78 3,33 0,45 7,11
Fr+rF 0,35 0,91 0 1,26
FD 1,46 1,48 0 2,94
F 9,62 4,58 5,04 14,20
(2) 7,73 4,82 2,91 12,55
3r+(2)/R 0,39 0,18 0,21 0,57
LAMBDA 1,21 1,71 0 2,92
111
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Rorschach Manual Codificação

  • 1. Vol. I SISTEMA COMPREENSIVO RORSCHACH - EXNER Manual de Aplicação, Codificação e elaboração do Sumário Estrutural Learn2Be Desenvolvimento Pessoal Lda Clinica de Psicologia e Coaching Learn2Be
  • 2. 2 ÍNDICE 1. Introdução 3 2. O Sistema Compreensivo do Rorschach de John Exner 4 3. A Aplicação do Teste 6 4. Codificação das Respostas 14 Localizações 14 Qualidade de Desenvolvimento 16 Determinantes 17 Respostas par 28 Qualidade Formal 31 Conteúdos 33 Respostas Populares 37 Actividade Organizativa 39 Codificações Especiais 41 5. Sumário Estrutural 49 6. Bibliografia 59 7. Anexos 60 Tabela A (qualidade formal) 60 Cartão I 62 Cartão II 68 Cartão III 72 Cartão IV 77 Cartão V 81 Cartão VI 85 Cartão VII 90 Cartão VIII 95 Cartão IX 100 Cartão X 106 8. Folha Constelações 110 9. Dados Normativos 111 Adultos 111 5 anos 114 6 anos 117 7 anos 120 8 anos 123 9 anos 126 10 anos 129 11 anos 132 12 anos 135 13 anos 138 14 anos 141 15 anos 144 16 anos 147
  • 3. 3 1. INTRODUÇÃO H. Rorschach e a técnica das manchas de tinta Hermann Rorschach (1884- 1922) Hermann Rorschach nasceu em Zurique, onde viveu toda a sua infância e grande parte da sua juventude. Foi sempre bom aluno, tendo concluído o curso de medicina em 1909. Casou-se com uma colega de origem russa e instalou-se na Rússia numa clínica perto de Moscovo, onde trabalhou de 1913 a 1914. Voltou depois para Zurique onde fez o curso de especialização em psiquiatria, dirigido por Eugénio Bleuler. Fundou a sociedade de psicanálise de Zurique, juntamente com outros colegas, da qual foi o primeiro vice-presidente. No entanto, mantinha uma posição não ortodoxa em relação à escola psicanalítica de Freud. Trabalhou como psiquiatra em vários hospitais até à data em que faleceu. Morreu de peritonite aguda, de forma brusca e inesperada, apenas com 38 anos de idade. O teste Rorschach Não foi Hermann Rorschach, o primeiro a utilizar manchas de tinta como forma de expressão da criatividade e da imaginação. Teve contacto com um livro de Dimitri Merejkowski no qual o autor referia os maravilhosos efeitos das manchas resultantes da humidade num muro. Justino Kerner, médico Alemão, em 1857, também usava borrões de tinta para caracterizar as pessoas pelo tipo de borrões que faziam. Binet e Simon em 1895 relacionaram os borrões de tinta com os processos da imaginação criativa ao comparar desenhos de crianças mentalmente mais dotadas com outras menos dotadas. Szymon Hens, publicou um trabalho no final do seu curso de medicina, na clínica de Bleuler, onde Rorschach trabalhava. Nesse trabalho, Hens testara 1000 crianças e 100 pessoas adultas, usando como estímulos 8 lâminas com manchas de tinta. O objectivo era comparar a imaginação, quanto aos conteúdos, entre as pessoas normais e as psicóticas. No entanto não encontrou diferenças entre os resultados obtidos nos dois grupos. Tendo tomado conhecimento da investigação, Rorschach começou por observar que algumas dessas pessoas davam respostas na mancha toda, enquanto que outras só davam nos detalhes.Verificandoqueosestímuloseramdecorpreta,questionava-sequaisseriamosresultados se houvessem áreas coloridas. A partir daí o trajecto foi rápido e decisivo para a descoberta de uma técnica de avaliação, não apenas da imaginação, mas do próprio funcionamento da personalidade. Em 1918, confeccionou e elaborou as lâminas de teste que passou a experimentar no hospital de Herisan. A primeira edição completa e perfeita da obra, após uma série de dificuldades, veio a público em Setembro de 1921. Consta que por altura da sua morte estava a elaborar novas teorias sobre a técnica.
  • 4. 4 2. O SISTEMA COMPREENSIVO DO RORSCHACH DE JOHN E. EXNER, JR. Na década de sessenta, todos os métodos projectivos atravessavam momentos muito críticos, quer pela perspectiva teórica subjacente - a psicanalítica, quer nas exigências psicomé- tricas de garantia e validade que não satisfaziam. O Teste Rorschach foi acusado de carecer de validade e de fidelidade e de ser usado abusivamente, pois era objecto de inferências especula- tivas por parte de muitos dos psicólogos clínicos. O objectivo inicial, da Rorschach Foundation (fundada por Exner), era determinar qual a validade empírica e a utilidade do Rorschach, criando um sistema integrativo que reunisse o que de mais consistente se encontrava nos cinco sistemas norte-americanos, já existentes. Os sistemas em questão eram dos seguintes autores: Beck, Hertz, Piotrowski, Klopfer e Rapaport-S- chafer. Estes cinco sistemas confrontavam-se em termos críticos, levando Exner a analisá-los nos seus aspectos mais diversos, uma vez que para ele esta diversidade contribuía para a vulnerabi- lidade do teste, expondo-o à contestação e à crítica. Deste modo, surgiu o Sistema Compreensivo (CS), constituindo uma iniciativa que iria pôr fim à situação vulnerável em que se encontrava o Rorschach nos anos sessenta. Este sistema caracteriza-se pela autonomia face a qualquer teoria psicológica específica, no entanto, a compreensão de como o teste opera, assenta em princípios básicos da psicologia cognitiva. NATUREZA DO RORSCHACH A natureza do Rorschach está associada à sua operatividade e capacidade de fornecer informação acerca dos indivíduos. O CS conceptualiza o Rorschach como uma tarefa perceptivo- cognitiva, em que se manifestam processos de tomada de decisão e de resolução de problemas, reveladores das estratégias de confronto e da organização psicológica do sujeito. O processo de resposta acaba por ser mais complexo do que o contido no Psicodiagnós- tico, implicando algumas operações prévias à verbalização do indivíduo. Isto é, antes da resposta ser articulada verbalmente ocorrem numerosas operações. Ao perguntar-se o que poderia ser, sempre que se mostra um cartão, fica implícito que a resposta «uma mancha de tinta» não deverá ser dada. Quando isso acontece, cabe ao examina- dor exprimir o seu acordo, mas ao mesmo tempo, deverá tentar obter uma outra identificação. Durante alguns anos pensou-se que o número de respostas para cada cartão era muito reduzido, desconhecendo-se que cada sujeito dispunha de um número possível de respostas bem maior do que as expressas.
  • 5. 5 2.1.5. O BRINCAR COMO CENÁRIO DA FANTASIA Danilo Silva, em 1986, refere os estudos feitos pela Rorschach Research Foundation que demonstram este facto. Além de verificar que não só o número de respostas é muito mais ele- vado do que o obtido habitualmente, também se verificou que muitas das respostas dadas, nas condições experimentais, nem por isso se ressentiam na qualidade formal. As fases do processo de resposta do sujeito são as seguintes: 2.1.5. O BRINCAR COMO CENÁRIO DA FANTASIA O Rorschach é um teste do qual se pode obter uma grande quantidade de informação, se administrado, codificado e interpretado correctamente. Esta informação é adequada para se formular um diagnóstico e realizar prognósticos. No entanto, a sua maior força é a capacidade para descrever as características psicológicas do sujeito. FASE I FASE II FASE III 1- Input visual e codificação do estímulo e suas partes. 2- Classificação do estímulo e/ou partes e ordenação das várias respostas potenciais criadas. 3- Rejeição das respostas potenciais mais afastadas na ordenação. 4- Rejeição de outras respostas potenciais mais pela censura. 5- Escolha de algumas das restantes respostas em função dos traços e estilos. 6- Escolha de algumas das restantes respostas por acção da influência de estados.
  • 6. 6 3. A APLICAÇÃO DO TESTE Deve-se preparar previamente o material, assim como o espaço físico. Antes de se proceder à aplicação do teste deve-se ter em conta os seguintes itens: Cartões Devem-se colocar os cartões por ordem crescente (o cartão I deverá ficar por cima) e com a parte da imagem virada para baixo. Os cartões não deverão estar ao alcance do indivíduo. A sua colocação deve ser feita de modo a que se entregue ao sujeito sempre na posição direita. Outro material Folhas em branco para escrever as respostas (de preferência uma folha por cartão); uma folha de localizações e canetas de várias cores (para melhor assinalar as localizações). Espaço físico O lugar que o examinando ocupa relativamente ao psicólogo é muito importante. Teorica- mente a posição do psicólogo deverá ser de 90º, relativamente ao sujeito. Nunca se deve utilizar a posição frente a frente. O examinando deve ficar sempre no lugar mais próximo da porta. A preparação do examinando Antes da aplicação do Rorschach é fundamental a realização de uma entrevista de forma a preparar o sujeito para a situação. Pretende-se, com esta entrevista, estabelecer minimamente uma boa relação com o sujeito e verificar se este compreende o objectivo da avaliação. Não é necessário explicar em pormenor o Rorschach antes do início da sua aplicação. Contudo deve-se esclarecer o sujeito de todas as dúvidas.
  • 7. 7 Pode-se apresentar o teste da seguinte forma: São uma série de imagens que lhe vou mostrar e quero que me diga o que lhe podem parecer para si. Se o indivíduo colocar questões sobre a finalidade do teste, pode-se responder: É um teste que nos dá alguma informação sobre a sua personalidade e com esta informa- ção nós podemos… Completa-se segundo os objectivos da avaliação, dependendo do caso. É importante que o indivíduo não julgue tratar-se de um teste imaginativo, e por isso não deverá inventar uma história acerca do que está a ver. Deve-se evitar palavras “ambíguo” ou “destruturante” na descrição das manchas. Instruções de aplicação A única instrução a dar é a seguinte: Para si, o que pode ser isto? É desaconselhável utilizar instruções como: “O que isto poderia ser” ou “O que isto lhe recorda?”, pois questões como estas implicam mais um processo associativo do que perceptivo. Aplicação em crianças Um dos requisitos mais importantes para uma boa aplicação é que o examinando entenda qual a tarefa que vai executar. Com crianças, por vezes, torna-se difícil conseguir esse objectivo. Assim, antes da aplicação deve-se pegar num objecto (por exemplo um carro de bombeiros ou outro objecto com características muito específicas) e perguntar à criança: “O que é isto?”, ao qual ela deverá responder: “Um carro de bombeiros”. Neste momento, o examinador deverá di- zer: “Muito bem! E porque é que disseste que era um carro dos bombeiros?”. A criança irá, desta forma, mencionar as características do objecto: tem a forma de um carro de bombeiros, tem rodas, tem uma mangueira para a água, uma escada de incêndio, é vermelho, etc.
  • 8. 8 3. A APLIÇÃO DO TESTE O examinador deverá dar inicio à aplicação do teste dizendo: “Nós agora vamos jogar um jogo e quero que faças exactamente isso que fizeste agora. Vais ver uma imagens e quero que me digas o que pode parecer para ti?” Tendo em conta que com crianças muito pequenas, por vezes, é difícil manter a atenção numa única tarefa, sugere-se que o inquérito seja feito logo a seguir à resposta. No entanto, estudos feitos com crianças sugerem que 95% dos casos o procedimento ha- bitual é executável. Questões Se depois do início da aplicação ocorrerem questões, as respostas do psicólogo devem ser breves, autênticas e não-directivas. Quando é perguntado “Posso voltar isto?”, “Posso ver só neste detalhe?” ou “Tenho que utilizar a mancha toda?”, o psicólogo deverá responder: “É consigo”. Frases de encorajamento Quando o sujeito dá apenas uma resposta nos cartões I e II, o psicólogo deverá responder da seguinte maneira: “Tome o seu tempo e olhe um pouco mais. Tenho a certeza que encontrará alguma coisa mais!” Se o sujeito tiver dado duas ou mais respostas nos cartões I e II e perguntar: “Quantas mais posso encontrar?”, a resposta deverá ser: “É consigo”. Rejeições Alguns sujeitos poderão rejeitar algum cartão dizendo geralmente “Não me parece nada”, ou “Só vejo uma mancha de tinta e mais nada”.
  • 9. 9 3. A APLIÇÃO DO TESTE Quando a rejeição ocorre logo no cartões I ou II, é sinal de que o psicólogo falhou na cria- ção de uma boa relação com o sujeito ou, então, não foi compreendido por este, qual o objectivo da administração. De qualquer maneira, deverá parar-se logo a administração, voltando-se à si- tuação de entrevista e volta-se a apresentar o objectivo da avaliação. Recomeça-se a administra- ção pelo cartão I. Sempre que a rejeição ocorra noutros cartões, tais como VI, VII ou IX, o examinador deverá insistir: “Tome o seu tempo. Não temos pressa. Toda a gente encontra alguma coisa”. Protocolos com número de respostas reduzido Os protocolos com menos de 14 respostas não têm validade interpretativa, e quando isso acontece, o psicólogo não deve passar à fase de inquérito. Isto pode reflectir uma forma de resis- tência muito subtil. Nestes casos, Exner aconselha a que se peça ao sujeito, antes do inquérito, a repetição da associação livre. O inquérito passará a incidir sobre esta segunda associação livre. Para isso o psicólogo deverá dizer: “O n.º de respostas que deu não permite interpretar bem. Pedia-lhe que voltássemos ao início e que tentasse dar mais algumas respostas, além das que já deu”. Protocolos com número de respostas elevado Sempre que o sujeito tenha dado 5 respostas no cartão I e dê sinal de querer continuar a responder, o psicólogo deverá intervir, dizendo: “Está bem. Vamos passar ao próximo”. Se acontecer o mesmo no cartão II, deve-se usar o mesmo procedimento. Este procedi- mento deve continuar em cada cartão subsequente, desde que o sujeito continue a dar 5 respos- tas e mantenha o cartão consigo. No entanto, se, em qualquer altura, o sujeito der menos de 5 respostas, mesmo que nos cartões seguintes dê mais de 5 respostas, o psicólogo nunca mais o interromperá. Poderá acontecer situações em que o sujeito dê menos de 5 respostas em cada cartão dos três primeiros e forneça 8 ou 10 respostas no cartão IV. Não deverá ser feita qualquer
  • 10. 10 3. A APLIÇÃO DO TESTE intervenção, pois este extenso número de respostas pode ser um incidente. Contudo, se no car- tão V o sujeito continuar a dar mais de 5 respostas, o examinador deverá remover o cartão por volta da sexta ou sétima resposta, e continuar com este procedimento durante o teste, ou até que o sujeito dê menos de 5 respostas num cartão. Registo das respostas Todas as respostas serão registadas por escrito e na íntegra, incluindo os comentários adicionais e o comportamento não verbal. Todas as mudanças de posição dos cartões devem ser assinalados com os sinais O Inquérito A fase do inquérito merece uma apresentação cuidada. O objectivo é a recolha de infor- mação que irá permitir uma codificação correcta das respostas, referidas na associação livre. Existem diversas modalidades de intervenção para inquirir acerca da localização e dos determi- nantes, evitando sempre uma conduta directiva. Não se deve dar nada por suposto e só se assinalará os códigos correspondentes, quando são garantidos pelas verbalizações dos sujeitos. Quando o inquérito é executado de forma ade- quada, aumenta a riqueza dos dados. Mas se utilizar-se de forma negligente ou dando espaço à distorção pode levar à perda do protocolo. Como introduzir o inquérito O psicólogo deverá dizer ao indivíduo: “Agora vou voltar a mostrar-lhe os cartões. Não vai demorar muito. Quero ver as coisas que disse que viu e ter a certeza que as vejo tal como você. Vou reler-lhe as suas respostas e quero que me mostre onde estão na mancha, dizendo-me o que é que há lá que lhe faz parecer assim, para que eu possa ver tal qual você viu”. Assim que o sujeito mostre ter compreendido a tarefa dar-se-á início ao inquérito. O psi- cólogo deverá começar o inquérito da seguinte maneira: “Aqui disse…” E ler a resposta que o sujeito deu na totalidade.
  • 11. 11 3. A APLIÇÃO DO TESTE Questões colocadas pelo psicólogo durante o inquérito As questões colocadas pelo psicólogo são muito importantes e vão permitir-lhe obter in- formação necessária, para posteriormente codificar as respostas. Esta codificação vai dividir-se em três categorias: 1 - Localização (Onde está?) 2 - Determinante(s) (O que faz parecer assim?) 3 - Conteúdo (O que é?) Como já foi referido, as questões devem ser não-directivas e também não devem ser feitas de modo a induzir o sujeito a acrescentar elementos que não viu na associação livre. As questões mais utilizadas são: “Poderia ajudar-me… Não tenho a certeza de estar a ver isso como você”. “Não tenho a certeza que o que está aí faz parecer isso dessa maneira”. “Sei que parece assim para si, mas lembre-se que tenho de o ver tal qual como você viu. Ajude-me a compreender porque parece assim para si”: Questões desaconselháveis São desaconselháveis todas as questões que orientem o sujeito para ver de determinada maneira. Exemplo disso são questões como: “Será que tem algo a ver com a cor?” ou “Será que estão a movimentar-se?”, ou “Vê isso em perspectiva?”, etc. Palavras-Chave Por vezes, o sujeito introduz na resposta ou no inquérito palavras-chave (são aquelas que implicam a possibilidade de um determinante que não foi articulado pelo sujeito). O psicólogo deverá estar atento para o aparecimento de palavras que impliquem a presença de um determi- nante, e quando detectar uma, deverá colocar uma questão apropriada. Exemplo de palavras- chave: mau, bom, bonito, feio, irregular, relevo, pele, sangue, festa, circo, primavera, longe, precio- sa, fofinho, de cima, etc.
  • 12. 12 O examinador deve estar alerta para qualquer palavra que implique a presença de um determinante e, quando este for detectado, questionar de forma apropriada, sem induzir o discurso do sujeito. Por exemplo: Resposta Uma flor muito bonita Por vezes, a questão a colocar pelo examinador tem como objectivo clarificar a natureza de um determinante já estabelecido. Por exemplo: Resposta 2 pessoas a fazer alguma coisa à noite A decisão para formular uma questão acerca da palavra-chave depende da espontaneida- de com que foi dada, assim como até onde o examinador se encontra razoavelmente convencido que aquela condição existia na altura que a resposta foi elaborada. Inquérito directo e inquérito dos limites São indicadas duas outras modalidades de inquérito: o directo e o dos limites. O 1º destina-se a esclarecer uma codificação que não tenha ficado bem definida no in- quérito, e acerca da qual o examinador tem interesse em ficar esclarecido, não o tendo feito, na altura, para não sobrecarregar esse momento. Ainda que a informação resultante possa ser clinicamente útil, não deve ser utilizada na codificação das respostas. Inquérito E: (repete a resposta) S: Sim, isto pode ser o caule e isto as pétalas E: Disse muito bonita? Inquérito E: (repete a resposta) S: Sim, aqui estão as pessoas (aponta), a cabeça, as pernas, os braços E: Disse que estavam a fazer alguma coisa à noite? S: Estão a levantar alguma coisa para cima E: E é à noite?
  • 13. 13 A razão para não a incluir é que se trata de uma informação obtida em condições exces- sivamente directivas, que não garantem que o material novo reflicta verdadeiramente as opera- ções cognitivas originais, quando a resposta foi formulada ou emitida. O 2º tem lugar em casos de número reduzido de respostas populares, designadamente nos cartões onde são mais frequentes (Cartões III, V e VIII). Isto serve para se apurar se tal ausência se deve a um processo de distorção perceptiva importante ou se não foram simples- mente seleccionadas e verbalizadas. Nestas alturas a questão colocada pelo examinador pode ser, por exemplo relativamente ao cartão I: “Muitas pessoas vêem e dizem que é um morcego, vê aí algo parecido com isso?”
  • 14. 14 4. CODIFICAÇÃODAS RESPOSTAS São nove as categorias a que se recorre na codificação das respostas: •Localização •Qualidade de desenvolvimento •Determinantes •Qualidade Formal • Respostas par •Conteúdos •Respostas convencionais (popular) •Actividade organizativa (nota Z) •Codificações especiais LOCALIZAÇÃO W => Quando para a resposta foi utilizada a mancha na totalidade. D => (Detalhe comum - pelo menos 5% da população refere esse detalhe). Uma área da mancha frequentemente identificada. Dd => (Detalhe incomum - menos de 5% da população refere esse detalhe). Uma área da mancha poucas vezes identificada. S => Assinala localizações referentes à utilização dos espaços brancos. Podem constituir em si mesmos a área das respostas ou podem ser integrados conjuntamente com outras áreas. A codificação do símbolo S só é feita com outros símbolos de codificação (WS, DS ou DdS). As áreas referentes ao D, Dd e S dos dez cartões encontra-se no tabela A (anexo 1). A maioria das áreas Dd reduzem-se a pequenas áreas, mas o tamanho não é o factor ne- cessariamente determinante. Em certos casos, o sujeito pode eliminar deliberadamente peque- nos detalhes do cartão todo, ou de uma área de detalhe comum (D), num esforço de ser mais preciso.
  • 15. 15 4. CODIFICAÇÃODAS RESPOSTA Neste caso, o código correcto é Dd. A maioria das selecções Dd que fazem os sujeitos não estão incluídas entre as mencionadas na tabela A. É evidente que toda a resposta que não é W nem D, será Dd. Podem ocorrer, igualmente, três situações que é necessário ter em consideração, sempre que o sujeito integra na sua resposta duas ou mais áreas da mancha mencionadas na Tabela A como D ou Dd. 1- Se o sujeito elaborar a sua resposta utilizando uma área D e uma Dd, quer como objecto único quer como objectos distintos mas relacionados, a codificação será Dd. 2- Se o sujeito para delimitar dois ou mais objectos utiliza várias áreas D, o código correcto é D. Cada objecto tem de corresponder a uma área D. 3- Se o sujeito para delimitar um só objecto utilizar várias áreas D, e o seu total não se en- contrar identificado na Tabela A, a codificação correcta é Dd.
  • 16. 16 QUALIDADE DE DESENVOLVIMENTO + => Partes unitárias ou separadas da mancha são articuladas e combinadas numa única resposta. Dois ou mais objectos são descritos como separados mas relacionados. Pelo menos um dos objectos presentes tem de ter exigência de forma específica, ou de ser descrito de forma a que essa exigência seja formada. o => Uma área isolada da mancha (ou toda a mancha) é escolhida e articulada de maneira a realçar o contorno ou os traços estruturais do objecto. O objecto tem uma exigência de forma natural, ou ser descrito de forma a que essa exigência seja criada. v => Não tem exigência de forma específica, podendo assumir uma infinidade de formas diversas, uma vez que carecem de requerimentos formais específicos em relação às caracterís- ticas inerentes ao objecto. São respostas tais como nuvens, ilha, rocha, lago, paisagem, deserto, folhagem, pele, sangue, pintura, sociedade, etc. v/ + => Partes unitárias ou separadas da mancha são articuladas e combinadas numa única resposta. Dois ou mais objectos são descritos como separados mas relacionados. Nenhum deles exige forma específica nem é descrito de forma a que essa exigência seja criada. Exigência de Forma Específica Sim Não 2 ou mais objectos relacionados Sim Não + v/+ v o
  • 17. 17 DETERMINANTES A decisão de codificação mais importante e provavelmente a mais complexa, refere-se aos determinantes da resposta, isto é, os elementos da mancha que contribuíram para a forma- ção do percepto. FORMA F => É o determinante mais frequente e utiliza-se nas respostas que se baseiam exclusi- vamente nas características formais do estímulo. Por exemplo, ao explicar a resposta “um morcego” no cartão I, o sujeito pode dizer: “Estas partes de lado são as asas e ao centro o corpo”. Pode ser usado em combinação com os outros determinantes em que os aspectos formais tenham contribuído para a formulação do percepto, com excepção do movimento (com os sím- bolos M, FM e m ). MOVIMENTO (M, FM, m) M => Assinala a expressão de actividade humana. É utilizada em respostas envolvendo actividade humana, independentemente de se estar a atribuir esse movimento a animais, plantas, seres fictícios ou inanimados. Por exemplo, “Dois escaravelhos a discutir”, deve ser codificado como M. Pelo contrário, “Dois escaravelhos lutando para levar algo” não deve ser codificado como M, mas com o símbolo de movimento animal (FM). Também se utiliza para codificar respostas que impliquem uma experiência sensorial, mesmo que seja uma abstracção (por exemplo “Recorda-me a melancolia”, “Depressão”, “Felici- dade”). Ao codificar-se M não se escreve o código F. Isto porque o M coadjuva o uso da forma. Não se deve supor a existência de M apenas pelo facto das respostas se referirem a figuras humanas. O M deve ser mencionado na resposta para o poder codificar. Na maioria dos casos é mencionado na associação livre. Por vezes pode não ser articulado na associação livre, mas pode ser expressado espontaneamente no começo do inquérito. Por exemplo, o sujeito poderá responder ao cartão III: “Isto parecem duas pessoas”. Esta resposta parece basear-se apenas na forma, e não deve ser codificada como M. No entanto, se o examinador começa o inquérito limi- tando-se a repetir a resposta do sujeito, e este responde: “Sim, estão aqui, parecem duas pessoas que estão a fazer algo”, parece lógico supor que o M foi percebido durante a fase da associação livre, mas não articulado.
  • 18. 18 A espontaneidade é o critério guia, de maneira que nunca se deve codificar M se há razões para crer que possa ter sido provocado pelas perguntas do examinador ao inquérito. Esta regra aplica-se igualmente na codificação dos outros determinantes. FM => Respostas referindo actividades específicas de animais. O movimento deve ser congruente com a espécie identificada no conteúdo. Animais com movimentos incomuns às respectivas espécies devem ser codificados de M, para recolher a fantasia humana implicada na génese. Por exemplo: “ursos a fazerem o almoço” ou “uma serpente voando, planando pelo ar”. m => Utilizado em respostas que impliquem uma actividade de objectos inanimados, inorgânicos ou insensíveis (Por exemplo: “uma nuvem a elevar-se”; “uma queda de água”; “uma bandeira esvoaçando”, “uma folha flutuando”). As respostas de movimento inanimado mais fre- quentes incluem fogos artificiais, explosões, quedas de água. Em algumas respostas o movimento inanimado é percebido como estático. Por exemplo, “Um casaco pendurado no cabide”, ou “Uma pele estendida a secar” são ambas codificadas m, pois referem-se a um estado de tensão não natural. Se não for observado este estado de tensão como em “Um tapete estendido no chão”, não se deve codificar m. a e p => Todas as actividades cinestésicas referidas são classificadas de activas ou pas- sivas. Os respectivos símbolos a e p são colocados junto ao símbolo principal, no canto superior direito. Algumas respostas de movimento são sempre passivas, porque são formuladas de modo que o movimento se torna estático (Por exemplo: “É um desenho de um avião a voar”; “É um esboço duma casa a arder”). A decisão última para codificar um movimento activo ou passivo deve tomar-se dentro do contexto da resposta completa. Através da investigação relativa à interpretação da relação entre o movimento activo e passivo chegou-se à conclusão que o movimento “falar” deve ser sempre codificado de passivo. Pode-se então partir do falar para determinar os movimentos duvidosos. Neste contexto, movimentos que impliquem uma actividade menor do que falar devem ser codificados de passivos.
  • 19. 19 4. CODIFICAÇÃODAS RESPOSTAS Em algumas respostas assinala-se activo (a) e passivo (p) para o mesmo determinante. São respostas nas quais 2 ou mais objectos são descritos com movimento mas pelo menos um é activo, enquanto os outros são passivos. Por exemplo, a resposta: “Duas pessoas dançando (ac- tivo) à volta de uma pessoa sentada (passivo) no meio” é codificada de Ma-p. Contudo, se ambos os movimentos activo e passivo se referem ao mesmo objecto, como por exemplo: “Um cão sentado (passivo) a rir (activo)”, apenas o movimento activo é codificado: Ma. A tabela seguinte contem 300 palavras utilizadas num estudo sobre o carácter activo/ passivo, com dois grupos de sujeitos leigos e estudantes. Indica, para cada item, o resultado da maioria de cada grupo e o número de sujeitos que representa essa maioria. O sinal (*) indica os casos em que se verificaram discordâncias entre os grupos.
  • 20. 20
  • 21. 21
  • 22. 22
  • 23. 23 COR CROMÁTICA (FC, CF, C) A Cor Cromática é constituída por três determinantes relativamente ao uso da cor cromá- tica, nomeadamente o vermelho e os tons pasteis. Em relação à participação da cor, a codificação deve reflectir a verbalização do sujeito. Há respostas em que o modo como o sujeito menciona a cor não deixa lugar a dúvidas de que está a ser utilizado como determinante. No entanto, há respostas em que o examinador deve evitar pressupor que o sujeito utilizou a cor simplesmente porque identificou a área de localização pela cor, como em “Esta parte vermelha parece uma borboleta” ou em “Esta parte azul recorda-me um caranguejo”. Assim formuladas, estas não são respostas de cor, pois esta apenas serviu para localizar. Existem algumas respostas, nas quais a forma como a pessoa articulou a cor clarifica a utilização desta como determinante. C => Utilizado em respostas cujo percepto se relaciona exclusivamente com a qualidade colorida do estímulo e em que nenhuma forma participa na formação da resposta. Entre as res- postas mais frequentes encontra-se sangue, pintura, água. Todas elas podem ser articuladas de tal maneira que impliquem o uso da forma, como em “sangue a escorrer para baixo” (cartão III), na qual a codificação CF. Podem ocorrer dificuldades para discriminar a resposta C pura, influenciados pelo facto de que tudo tem alguma forma. Sendo certamente, um facto irrefutável, a questão é se o sujeito processa e articula as características formais ao formar e seleccionar a resposta. A falha em ar- ticular essas características do campo estimular reflecte uma certa negligência ou disfunção de processamento, de mediação e de integração dos dados estimulares. Por exemplo, uma gota de sangue tem um contorno, mas esse contorno pode adoptar uma variedade infinita de formas. Se o sujeito menciona uma gota de sangue, e não acrescenta mais nada, as sua operações cogniti- vas descartaram ou depreciaram uma possível utilização do contorno, codificando-se C. Pelo contrário, em “uma gota de sangue quase perfeitamente redonda”, o sujeito deu al- guma significação ao contorno, embora não se trate de um contorno necessariamente definido, a codificação deve ser CF. CF => A resposta baseia-se principalmente nas características de cor cromática da man- cha. A forma é utilizada, mas secundariamente. A distinção entre CF e FC por vezes é difícil, devido à indefinição ou falta de articulação com que os sujeitos se expressam. Um número considerável de respostas refere-se a objectos com requerimentos formais ambíguos, tais como lagos, mapas, carne, folhagem, minerais ou ce- nas marinhas. Todos estes conteúdos podem ser FC se o sujeito justifica a resposta dando ênfase à forma.
  • 24. 24 FC => A resposta baseia-se principalmente no aspecto formal da mancha mas integra a qualidade cromática do estímulo, com uma finalidade de elaboração ou clarificação. Quase sem- pre os perceptos assim codificados têm exigência de forma específica. COR ACROMÁTICA (FC’, C’F, C’) O critério indica que o usa das características acromáticas da mancha, como cor, deve ser claro e sem qualquer dúvida. As palavras-chave em que se baseia a codificação da cor acro- mática são negro, branco, ou cinzento, utilizadas de forma a não colocar dúvidas. Por exemplo, “Este morcego é preto, como a maioria dos morcegos” ou “É branco como a neve”, ou “Deve ser uma sombra porque é tudo cinzento”. Em cada uma destas respostas o uso da cor acromática é evidente. No entanto, estas mesmas palavras usam-se de vez em quando para assinalar a localiza- ção de um objecto, por exemplo como em “Esta parte negra parece...”. É óbvio que se deverá assegurar se a palavra foi utilizada para localizar ou se serviu de determinante. Existem outras duas palavras que são usadas com frequência como cor acromática, claro e escuro. No entanto, às vezes, estas palavras também aparecem para assinalar a utilização do sombreado e não a cor cromática, como em “...é mais negro aqui, como se fosse mais profundo” (perspectiva) ou “...é mais claro por aqui, como a parte de cima de uma nuvem” (sombreado di- fuso). Quando a intenção do sujeito de empregar como cor o claro ou escuro não é evidente, deve aplicar-se o código de sombreado difuso. C´ => Utiliza-se nas respostas baseadas exclusivamente nas características brancas, cin- zentas e negras da mancha, que são utilizadas claramente como cor. A forma não está implicada. “Neve branca”. “Parece-me barro. Negro como o barro” C´F => Utiliza-se nas respostas que se formulam, principalmente, a partir das caracte- rísticas brancas, cinzentas e negras da mancha e as características formais estão implicadas na resposta, mas secundariamente, com o objectivo de elaboração ou clarificação. Praticamente em todos os casos a resposta foi formulada com a participação das características acromáticas da mancha, e os elementos formais são vagos e com frequência, indiferenciados. “Um céu negro com nuvens brancas” “Fragmentos de coral negro”
  • 25. 25 FC´=> A resposta baseia-se, principalmente, nas características formais. As co- res acromáticas participam na formulação da resposta, mas secundariamente. “Um morcego preto” NOMEAÇÃO COR (Cn) Cn => (Nomeação da cor). É utilizado sempre que as cores da mancha são identificadas pelo nome e com a intenção de serem consideradas como uma resposta (por exemplo: “isto é vermelho e preto”). SOMBREADO O aspecto claro-escuro dos cartões constitui um determinante importante. Divide-se em três tipos de respostas: Sombreado- Textura (FT, TF, T) O símbolo textura é utilizado para codificar respostas nas quais as características de som- breado são empregues para criar uma impressão táctil, como mole, duro, brando, suave, áspero, sedoso, granuloso, peludo, frio, quente, pegajoso, gordurento, etc. A maioria das pessoas não utiliza a palavra sombreado. É mais comum ser empregue a palavra cor, como “Na forma como a cor está...”, ou “A diferença de cores...”. Noutras situações, a pessoa pode indicar “É a forma como as linhas estão..”, que pode parecer contorno mas, na realidade, refere-se aos diferentes níveis de saturação. Algumas pessoas, especialmente as crian- ças, esfregam o dedo no cartão de forma a indicar a impressão táctil, e este gesto é suficiente para codificar textura desde que ocorra simultaneamente com a verbalização de características tácteis do objecto. T => Utilizado em respostas nas quais os componentes sombreados da mancha são tra- duzidos para representar um fenómeno táctil, sem ter em consideração os aspectos formais da mancha. “Parece pegajoso, se o tocarmos. Parece uma miscelânea gordurosa” “Pelo, muito pelo. Parece-me tudo cheio de pelo” (toca na mancha) Respostas como madeira, carne, gelo, esponja, lã, gordura, pelo ou seda, representam alguns exemplos que podem ser codificados como T, se for comprovada participação do som- breado e que foi utilizado como textura e não foi integrada forma.
  • 26. 26 TF => Utilizado em repostas nas quais as características do sombreado da mancha são in- terpretados como tácteis e a forma é utilizada secundariamente, como objectivo de elaboração e/ou clarificação. A maioria das vezes, o objecto especificado tem uma forma ambígua, como “Um pedaço de gelo”, “Um trapo gordurento”, “Um bocado de pele” ou “Um pedaço de metal muito duro”. Para codificar TF objectos com forma específica, a resposta deve cumprir o critério de que seja prioritária a interpretação do sombreado e que as características formais tenham tido uma participação secundária no percepto. FT => Utiliza-se em respostas que são maioritariamente baseadas nas ca- racterísticas formais do estímulo e os componentes sombreados da man- cha são traduzidos como tácteis, mas adquirem uma importância secundária. Sombreado- Dimensão (relevo ou dimensão) O símbolo Dimensão é empregue quando as características sombreado são utilizadas para criar a impressão de profundidade ou dimensão como atrás, abaixo, maior... etc. Normalmente, a presença de profundidade ou dimensão é obvia, e a tarefa do examinador é determinar se esta impressão é baseada nas características de sombreado ou devido ao tama- nho ou contorno da mancha. Quando esta última situação ocorre codifica-se FD. V => Utilizado nas respostas em que o sombreado das manchas é interpretado como profundidade ou dimensionalidade. Nenhuma forma está envolvida. Há, assim, uma alteração do aspecto plano do estímulo do cartão. “A metade direita está mais baixa que a esquerda. Há uma grande fenda aqui no meio, olhe aqui o mais escuro, e vê-se que o lado direito está mais baixo” VF => Supõe um ênfase primário no sombreado, entendido como profundidade e/ou di- mensionalidade e incorpora elementos formais da mancha. A maioria das respostas VF tem con- teúdos que não requerem uma especificidade formal, como “Um desses mapas que se usam nas aulas de Geografia e que mostram as montanhas e os vales”, “Nuvens carregadas de chuva, uma detrás da outra” ou “Um desfiladeiro profundo com um rio correndo lá no fundo”. Se o mapa for apresentado com um maior grau definição, como por exemplo, “Um mapa de Portugal” a codifi- cação será FV e não VF, por possuir uma forma mais específica.
  • 27. 27 FV => Respostas em que as características formais são determinantes e o sombreado é empregue para representar profundidade e/ou dimensionalidade, com o propósito de expli- cação ou clarificação. A maioria das respostas têm conteúdos com um certo requerimento de especificidade formal, mas não é uma directriz sempre segura para diferenciar as respostas FV e VF. Sombreado- Difusão Qualquer resposta sombreado que não seja textura ou dimensão é codificada como difusão. Y => Utilizado nas respostas que são baseadas exclusivamente nas características claro/ escuro da mancha, como em nevoeiro, escuridão, fumo, etc., completamente desprovidas de forma e não envolvendo referência nem à textura nem ao relevo ou dimensão. “É tinta, é escura com diferentes tonalidades” YF => Respostas em que as características do sombreado predominam sobre a forma na formação do percepto. O principal factor diferencial entre YF e Y é que o sujeito faça ou não uma tentativa para delinear traços formais, ainda que sejam vagos. Igualmente, a resposta YF diferen- cia-se da FY pela sua carência de especificidade ou ênfase formal. Os conteúdos que possuem um requerimento formal específico são raramente codificados YF, limitando-se esta codificação aos casos em que o sombreado tem uma clara preponderância na formação da resposta. FY => Codificam-se FY as respostas em que as características formais são primárias para a formação do percepto, tendo o sombreado um papel secundário, ao serviço de uma maior especificação ou explicação. FORMA-DIMENSÃO FD => Utilizado em respostas nas quais a impressão de profundidade, distância, pers- pectiva ou dimensionalidade é utilizada pelo uso de elementos de tamanho e/ou contorno das formas. Não pode estar envolvida qualquer utilização de sombreado. Por vezes, é a relação entre duas ou mais áreas do cartão que produz esse efeito. “Uma árvore ao longe numa colina. É muito pequena, por isso deve estar longe”. “Um animal saltando atrás de um arbusto. Só se vê uma pata. Como termina aqui o arbusto e está aqui a pata, o animal está por detrás da árvore”.
  • 28. 28 RESPOSTAS PAR E REFLEXO Cada uma destas representa uma resposta na qual a pessoa utilizou a simetria da mancha para especificar dois objectos idênticos. A identificação de “um de cada lado” ou “vê-se que há dois”, não é uma resposta reflexo, mas codifica-se como uma resposta par. (2) => É utilizado quando numa resposta são referidos dois objectos idênticos, basean- do-se na simetria da mancha. Os objectos devem ser equivalentes em tudo, mas não podem ser identificados como estando reflectidos ou como imagens em espelho. rF => Quando uma área da mancha ou toda a mancha é referida como uma imagem reflectida num espelho ou na água, devido à simetria da mancha. O objecto ou conteúdo dado não tem exigência de forma específica como nuvens, paisagens, rochas, chuva, sombras, etc. “Uma nuvem reflectida na água”. Fr => Tal como o anterior, só que a resposta é baseada na forma e o conteúdo tem exi- gência de forma específica. “Uma pessoa a ver-se ao espelho”. Em certos casos, o sujeito selecciona um objecto sem forma específica, mas articula-o de um modo suficientemente rico, daí que a codificação preferível seja Fr e não rF. O exemplo mais habitual é quando a paisagem está reflectida num lago ou num rio, cujo caso se codifica quase sempre como Fr. Nota: * Sempre que a resposta é reflectida não se codifica par, mas quanto à Qualidade de Desenvolvimento é (+). * * Não há respostas reflexo sem forma.
  • 29. 29 Codificação de Respostas Complexas – Combinações ( . ) A codificação dos determinantes seria uma tarefa relativamente simples se todas as res- postas apenas tivessem um determinante. O que acontece é que em muitas delas foram neces- sários mais do que um determinante para formar o percepto. Nestes casos, os determinantes deverão ser separados entre si por um ponto ( . ), indicando que se trata de uma combinação. Exemplo: Mª. FC => resposta em que intervém o movimento humano activo e o compo- nente forma-cor. É extremamente raro, mas não impossível, o aparecimento do código F (forma-pura) numa combinação. Quando ocorre, sugere graves disfunções cognitivas, porque esta codificação indi- ca que o sujeito identifica dois ou mais conteúdos separados, mas nenhuma relação entre eles foi especificada. Por exemplo: “São duas pessoas e uma borboleta, e elas estão a levantar alguma coisa” Esta resposta soa como se fossem duas respostas, uma referindo-se às duas pessoas e outra à borboleta, e o examinador deve assegurar-se que não é o caso. O inquérito poderá ilustrar me- lhor esta questão: E: (Repete a resposta). S: Sim, aqui estão as pessoas, vê as suas cabeças e as pernas. E: Mencionou que existe aí uma borboleta. S: Sim, mesmo no meio. E: Mencionou que as pessoas estavam a levantar qualquer coisa. S: Sim, pode ser uma panela. E: Não tenho a certeza de ver a borboleta como a vê. S: Está mesmo aí, vê, tem asas. A borboleta foi inquirida duas vezes. O sujeito reafirmou a existência das pessoas, levan- tando qualquer coisa, e a borboleta. Como não houve integração ou relação da borboleta com as pessoas, a codificação apropriada é Mª. F. Na situação em que o sujeito menciona a borboleta no fim da resposta original, “Aqui estão duas pessoas a levantar alguma coisa, e está uma borboleta aqui”, o examinador no prin- cípio do inquérito deve perguntar ao sujeito, após ler a resposta: “Entende tudo isto como uma resposta?”.
  • 30. 30 Antes da decisão de codificar F numa combinação, o examinador deve rever a resposta com muito cuidado, porque são extremamente infrequentes e muito significativas na interpretação. É pouco usual, mas não impossível, que uma combinação contenha mais de um tipo de determinante sombreado, como FV.FT ou FT.FY. No entanto, se o sombreado difusão for utiliza- do para criar a impressão táctil, a codificação correcta será FT. As combinações que são impossíveis são aquelas que contêm dois ou mais codificações do mesmo determinante como FC.CF, FY.YF ou FC’.C’.
  • 31. 31 QUALIDADE FORMAL + => (Superior- Elaborada). Há uma infrequente mas detalhada articulação da forma, que tende a enriquecer a qualidade da resposta, sem pôr em risco a exactidão formal. Não é neces- sário que a resposta seja original, mas sim singular pelo modo como se definem os detalhes. As respostas + distinguem-se facilmente, porque o sujeito identifica muitos mais detalhes formais que o habitual. Contudo, a decisão de codificar + ou não depende da decisão subjectiva do codificador. o => (Vulgar). Implica um uso óbvio e de fácil articulação das características formais, que serve para definir um objecto que se dá com frequência. Não há um enriquecimento detalhado das características formais. u => (Única). É uma resposta que se dá com pouca frequência, e cujo contorno básico não se encontra muito forçado. São respostas pouco correntes, mas que o observador pode ver com facilidade. - => (Menos). A resposta é criada usando a forma de maneira distorcida, arbitrária e ca- rente de realismo. A resposta é dada sobre a estrutura da mancha, com grande desprezo dos contornos da área usada, isto é, o sujeito força consideravelmente a mancha, violando os seus contornos. Associação Livre “Um par de homens inclinando-se para levar algo” Inquérito “Vê-se o contorno geral, a frente e um nariz comprido, o pescoço e o corpo. O braço es- ticado para baixo, inclinando-se para diante, com as ancas para trás. Aqui as pernas pare- ce que vão levantar algo, seguramente uma grandes rochas”.
  • 32. 32 O símbolo adequado da qualidade formal coloca-se no final da codificação do(s) determi- nante(s). Por exemplo, as respostas cujo determinante é a forma podem-se codificar assim: F+, Fo, Fu ou F-. Quando existe mais do que um determinante a qualidade formal atribuída continua a ser uma por resposta (por exemplo: FC.FD- ou FMª.FC’+). O processo para decidir o símbolo a utilizar inicia-se no exame da tabela A, incluída neste manual. Esta tabela apresenta uma lista de respostas, por cartão e por áreas de localização. Se o examinador deparar-se com uma resposta que não está incluída na tabela A, poderá seguir uma das duas vias: por exemplo, “um giroscópio” pode não estar na lista de uma deter- minada área, mas nela pode figurar “um pião”. Como são objectos muito similares, será razoável assinalar no giroscópio a codificação que tem o pião. Pelo contrário, quando o objecto mencio- nado mantém uma similitude muito remota com os elementos da tabela A, deve renunciar-se a qualquer tentativa de extrapolação e rever cuidadosa e fielmente os critérios que distinguem as respostas u das respostas menos. Se o examinador pode ver a resposta rápida e facilmente, deve codificá-la u. Em qualquer outro caso, deve codifica-la“-”. Haverá respostas que contêm vários objectos, sem que todos tenham a mesma qualidade formal. A regra a seguir será assinalar a qualidade “mais baixa” a toda a resposta. Isto é, entre um o (vulgar) e um “-”, codifica-se “-” ou entre um o e um u codifica-se u. No entanto, esta regra aplica-se apenas aos objectos das respostas que são importantes. Por exemplo, uma resposta ao cartão II poderia ser “Dois ursos (D1) subindo a um coração (D3)”. Na tabela A, a área D1 utiliza- da como urso é o (vulgar), mas a área D3 como coração é menos. Portanto, a qualidade formal de toda a resposta é menos, dado que ambos os objectos são importantes nela. Pelo contrário, se um objecto não muito importante no contexto geral da resposta tem na lista uma qualidade formal mais baixa que a dos outros objectos, deve-se assinalar a qualidade formal mais elevada possível. * Só podemos atribuir “o” a uma resposta, quando o objecto mencionado vem assinalado na tabela com essa Qualidade Formal.
  • 33. 33 CONTEÚDOS Todas as respostas têm de ser classificadas pelo seu conteúdo. H => Implica a percepção de figura humana completa. Se o percepto se refere a uma figu- ra humana histórica real, como Napoleão ou Camões, deve acrescentar-se o conteúdo Ay como código secundário. (H) => Implica a percepção de uma figura humana completa de ficção ou mitológica como palhaços, fadas, gigantes, bruxas, personagens de contos de fadas e banda desenhada (humanóides), demónios, anjos, monstros antropomorfos, fantasmas, e silhueta de figura humana. Hd => Implica a percepção de um detalhe humano, como braços, pernas, dedos, olhos, a parte inferior de uma pessoa, uma pessoa sem cabeça ou sem pés, etc.. (Hd) => Implica a percepção de um detalhe humano de ficção ou mitológico, como ca- beça do demónio, braço de uma bruxa, olhos de um anjo, partes de criaturas de ficção ou huma- nóides, todas as máscaras, excepto máscaras animais, etc.. Hx => Implica a percepção de uma emoção humana ou experiência sensorial, como amor, ódio, depressão, felicidade, som, cheiro, medo. etc.. Um grande número de respostas es- tão formuladas de forma abstracta e recebem, também, o código especial AB (quando não têm forma associada). No entanto, Hx pode aparecer, igualmente, como conteúdo secundário em respostas que não sejam abstractas, como em “Duas pessoas olhando-se profundamente”. A => Implica a percepção de uma figura animal completa. (A) => Utiliza-se na percepção de uma figura animal de ficção ou mitológica, como dra- gão, rã mágica, cavalo voador, Dumbo, unicórnio, etc.. Ad => Implica a percepção de uma figura animal incompleta (detalhe animal), como o casco de um cavalo, pinça de lagosta, tentáculos de aranha, pele de animal, cabeça de um cão, etc.. (Ad) => Utiliza-se na percepção de um detalhe animal de ficção ou mitológico, como as asas do Pégaso, a cabeça do Gato das Botas, as orelhas do Dumbo, etc..
  • 34. 34 An => Implica a percepção de esqueleto (muscular ou anatomia interna), estrutura óssea, crânio, caixa torácica, coração, pulmões, estômago, fígado, fibra muscular, vértebras, cérebro. Se as respostas fizerem referência a uma ilustração ou desenho, deve-se acrescentar o código Art como secundário. Art => (Arte). Implica a percepção de objectos de arte, como pinturas, caricaturas, de- senhos ou ilustrações, tanto abstractas como figurativas, objectos de arte, como estátuas, jóias, candelabros, brasões, insígnias, selos, adornos, etc.. Ay => Implica perceptos com conotação cultural ou histórica específica, como totem, casco romano, carta magna, chapéu do Napoleão, ponta de flecha, achado pré-histórico, a coroa de Cleópatra, etc.. Bl => Implica a percepção de sangue, tanto humano como animal. Bt => Utiliza-se na percepção de qualquer forma de vida vegetal, como arbustos, flores, algas, árvores ou partes delas, como folhas, pétalas, tronco de árvore, raiz, ninho, etc. Cg => Implica a percepção de qualquer peça de vestuário, como vestido, jaqueta, gravata, calças, cachecol, chapéu de chuva, botas, cinturão, laço, etc.. Cl => Utiliza-se na percepção de nuvens especificamente. Nevoeiro ou bruma codifica-se Na. Ex => Implica a percepção de explosão ou estalidos. Inclui também o fogo de artifício. Fi => Percepção de fogo, fumo e vulcão. Fd => (Comida). Implica a percepção de tudo que seja comestível, como frango frito, ge- lado, camarões cozidos, verduras, bife, filete de pescada, etc..., assim como alimento de animal que é congruente com a espécie como por exemplo “Um pássaro a comer uma minhoca ou in- secto”. Ge => (Geografia). Implica a percepção de mapa específico ou sem especificar.
  • 35. 35 Hh => (Lar). Utiliza-se para a percepção de coisas de casa, como cama, colher, prato, ca- deira de jardim, lâmpada, mangueira de jardim, tapete (excepto tapete de pele de animal que se codifica de Ad), etc.. Ls => (Paisagem). Implica a percepção de montanha, cordilheira, colina, ilha, cova, rochas, deserto, pântano, vistas marinhas, como recife de coral ou cena marinha. Na => (Natureza). Utiliza-se numa ampla gama de conteúdos relacionados com o meio ambiente natural. Não se incluem os já codificados de Bt e Ls. Exemplos: Sol, lua, planeta, céu, água, oceano, lago, rio, gelo, neve, chuva, névoa, nevoeiro, bruma, arco-íris, tormenta, tornado, noite, gota de chuva, etc.. Se na mesma resposta aparecerem por exemplo, o conteúdo Ls, Bt e Na, só se codifica Na. Sc => (Ciência). Implica perceptos associados à ciência e à ficção científica, ou que sejam produtos dela, como microscópio, telescópio, armas, coletes espaciais, motores, naves espaciais, pistola de raios, aeroplano, avião, nave, comboio, carro, mota, antena de televisão, estação de radar, etc.. Sx => Utiliza-se na percepção de órgãos sexuais como pénis, vagina, nádegas, peitos (ex- cepto se utilizado para delimitar a figura feminina), testículos, ou actividade de natureza sexual, ou aspectos directa ou indirectamente relacionados com sexo (menstruação, aborto). Normal- mente codifica-se Sx como conteúdo secundário. É característico que os conteúdos primários sejam H, Hd ou An. Xy => Utiliza-se especificamente para radiografia, mesmo que se refira a órgãos. Quando se codifica Xy, não se inclui An como conteúdo secundário.
  • 36. 36 Codificação de Múltiplos Conteúdos Há muitas respostas com mais de um conteúdo. Na codificação devem incluir-se todos, com duas excepções que afectam as categorias Natureza, Botânica e Paisagem. O código Na é sempre prioritário sobre Bt e Ls. Isto é, se uma resposta inclui Na e Bt ou Ls, como já foi referido, apenas se codifica Na. Por exemplo, “Isto é uma animal a subir a umas pe- dras que estão na água, tentando chegar a um arbusto”. Esta resposta tem 4 conteúdos, animal (A), pedras (Ls), água (Na) e arbusto (Bt), mas a codificação correcta do conteúdo é A, Na. Se uma resposta não inclui Na, mas contem tanto Bt como Ls, apenas se codifica um deles. Por- tanto, se a resposta for “Um animal a subir a umas pedras que estão junto a um arbusto”, a codi- ficação correcta do conteúdo seria A, Bt ou A, Ls. A explicação desta regra dos conteúdos de Natureza, Botânica e Paisagem é que os três incluem-se no cálculo do Índice de Isolamento, pelo que a aplicação desta regra assegura que uma resposta apenas não contribua excessivamente para o seu cálculo. Quando se anotam vários conteúdos, separam-se por vírgulas, colocando-se em primeiro lugar o principal. Normalmente, mas nem sempre, o conteúdo principal é aquele que se menciona no começo da associação livre. Por exemplo, “Um quadro de uma pessoa com um guarda-chuva grande, que está em pé junto a uma árvore”, seria Art, H, Cg , Bt. Aqui o quadro é o conteúdo principal, e o que representa a pintura é o conteúdo secundário. Codificação de Conteúdos Incomuns Id => (Idiográfico). Algumas respostas têm conteúdos que não se encaixam facilmente em nenhuma das categorias existentes. Neste caso escreve-se o conteúdo e regista-se nos Id. No entanto, é importante assegurar que o conteúdo da resposta não encaixa em nenhuma das categorias antes de codificar Id. Por exemplo, um tubo de teste é uma resposta pouco usual e, numa primeira instância, parece mais apropriado codificar como Id devido à sua raridade. Contudo, este conteúdo pode ser inserido na categoria Sc, e deve ser codificado como tal. De forma semelhante, um carrossel é também um conteúdo muito incomum. Tecnicamente, deve ser codificado como Sc, utilizando- se como premissa o facto de poder ser considerado como um produto da ciência, mas pode ser mais apropriado ser codificado como Art e incluir Sc como código secundário.
  • 37. 37 RESPOSTAS POPULARES Existem 13 respostas que ocorrem com uma incomum frequência elevada nos protocolos da maioria dos grupos estudados. Estas respostas são identificadas como Populares, sendo de- finidas através da utilização do critério de frequência de uma resposta em cada três protocolos. A presença destas respostas é assinalada com a codificação P. Esta decisão de codificar como resposta popular é uma decisão de sim ou não; ou é uma resposta popular ou não é. O conteúdo não pode ser alterado nem a sua localização. Igualmente, tem que se ter em atenção a posição do cartão para se poder codificar P O cartão pode não estar na posição correcta, mas o conteúdo tem que ser identificado como se o cartão estivesse na posição adequada. Esta regra aplica-se aos cartões I, II, III, IV, V, VII, VIII e IX.
  • 38. 38 CONTEÙDO/ CRITÉRIO CARTÃO LOCALIZAÇÃO Animal, especificamente identificado como urso, cão, elefante ou cordeiro. A resposta mais vulgar diz res- peito à cabeça ou parte superior do animal. No entan- to, as respostas que envolvam animais completos são também codificadas como P. Figura humana ou sua representação, como: bonecas, caricaturas, etc. ... Se a área D1 for interpretada como 2 fig. humanas, só se atribuirá P se D7 ou Dd31 for indi- cado como qualquer elemento que não faça parte das figuras humanas. Fig. Humana ou para-humana, como gigante, monstro, ser de ficção científica, etc. ... Figuras animais não são codificadas com P. Pele, couro, tapete ou pele de animal. Também se co- difica P um animal inteiro, desde que se faça referên- cia ao lombo, à pele ou ao pelo, quer na sua forma natural ou não. Cabeça ou cara humanas, normalmente identificadas como mulher, criança ou índia, ou com género não identificado. Se é utilizado o D1, o segmento D5 é vul- garmente referido como cabelo, pena, etc. Se a res- posta inclui toda a área D2 ou Dd23, só será P se a cabeça ou o rosto se restringir a D9. Animal completo, vulgarmente do tipo canino, felino ou roedor Figura humana ou para-humana, como feiticeira, bru- xa, gigante, monstro, ser de ficção científica, etc... Caranguejo, com todos os apêndices restringidos à área indicada. Aranha, com todos os apêndices restringidos à área indicada. Morcego Borboleta Morcego Borboleta I II III IV V VI VII VIII IX X W W W W D1 D1 D1 D9 ou D1 W ou D7 W ou D1 D9 D1 D3
  • 39. 39 ACTIVIDADE ORGANIZATIVA A actividade organizativa refere-se ao nível de exigência implicado nas operações cogni- tivas ou mediativas intervenientes no processo de resposta e denomina-se de nota Z. Assinala- se nota Z em todas as respostas que incluam a forma e cumpra pelo menos um dos seguintes critérios: 1) ZW É uma resposta W com qualidade de desenvolvimento de +, v/+ ou o (as respostas Wv não recebem nota Z) 2) ZA É uma resposta que estabelece uma relação significativa entre duas ou mais áreas adjacentes (áreas que se tocam). 3) ZD É uma resposta que estabelece uma relação significativa entre duas ou mais áreas não adjacentes, mas distantes (áreas que não se tocam). 4) ZS É uma resposta em que o espaço branco é integrado numa relação significativa com outras áreas da mancha. Respostas dadas só num detalhe branco não recebem nota Z. A presença de F é um requisito imprescindível para codificar nota Z, daí que as respostas puras de C, T, Y e V não recebem qualquer pontuação. A existência de uma relação significativa na organização da resposta é um elemento cru- cial no momento de assinalar uma nota Z, tanto nas globais como nas respostas detalhe. Isto é, as diferentes partes da mancha utilizadas na resposta devem relacionar-se entre si de um modo significativo. Para que o espaço branco cumpra as condições para ser atribuída nota Z, outras áreas da mancha têm que ser utilizadas na resposta. Por exemplo, as áreas brancas do cartão I normal- mente são identificadas na resposta como olhos e/ou boca como “Tudo parece uma máscara, como de halloween, e isto são os olhos”. Igualmente, a área DS5 do cartão II vulgarmente costu- ma ser identificada como uma nave espacial, sendo a área vermelha D3 identificada como exaus- tor. Ambas as respostas satisfazem os critérios para nota Z. No entanto, se DS5 for identificada como um foguete, e nenhuma outra área for utilizada, então não se pode atribuir nota Z.
  • 40. 40 Igualmente, deve-se ter em atenção a outro factor no que se refere ao espaço branco. Não só a área branca deve ser integrada com outras áreas da mancha, como também deve ser espe- cificado que o espaço branco é utilizado na resposta, sendo identificado algo, para ser atribuída a nota Z. Os valores da nota Z para cada cartão encontram-se no tabela abaixo discriminada. Sempre que a resposta cumpra dois ou mais critérios para codificar Z, deve-se assinalar o valor mais alto possível. Por exemplo, uma resposta em W no cartão I recebe por norma a nota Z de 1.0. No entanto, se utilizar-se a mancha toda de tal maneira que aparecem detalhes adjacentes organizados especificamente, como “Uma mulher de pé ao centro com duas criaturas a dançar ao redor dela”, então deve-se assinalar na resposta um valor de 4.0 (nota Z adjacente). Tipo de Actividade Organizativa I II III IV V VI VII VIII IV X 1,0 4,5 5,5 2,0 1,0 2,5 2,5 4,5 5,5 5,5 4,0 3,0 3,0 4,0 2,5 2,5 1,0 3,0 2,5 4,0 6,0 5,5 4,0 3,5 5,0 6,0 3,0 3,0 4,6 4,5 3,5 4,5 4,5 5,0 4,0 6,5 4,0 4,0 5,0 6,0 Cartão W (DQ: +, v/+, o) Adjacente Distante Espaço Branco
  • 41. 41 CODIFICAÇÕES ESPECIAIS A última tarefa, ao codificar um protocolo, consiste em determinar se possui alguma das condições que requerem um código especial, que se relaciona com as características estranhas da resposta. Estas verbalizações incomuns são elementos importantes no estudo da actividade cogni- tiva, especialmente ao nível das disfunções. Quando a pessoa está a ser examinada com o Rorschach, podem ocorrer lapsos na acti- vidade cognitiva, que sendo adequadamente identificados podem providenciar informação útil para a avaliação do seu pensamento. Estes lapsos cognitivos podem ser visíveis nas respostas do Rorschach de três formas: (1) verbalizações desviantes, (2) combinações inapropriadas, ou (3) lógica inapropriada. São utilizados seis Códigos Especiais para assinalar a presença de distorção cognitiva nas respostas do sujeito: dois para as verbalizações desviantes (DV e DR), três para as combinações inapropriadas (INCOM, FABCOM e CONTAM), e um para a lógica inapropriada (ALOG). Quatro destes códigos podem ser diferenciados pelo grau de distorção, em Nível 1 e Nível 2. Esta diferenciação é necessária devido à considerável graduação de disfunção que se pode encontrar em cada categoria. Diferenciação em Nível 1 e Nível 2 Os dois códigos que se aplicam nas verbalizações desviantes (DV e DR) e dois dos três que se aplicam nas combinações inapropriadas (INCOM e FABCOM) diferenciam-se por sua vez pela sua gravidade, assinalando-os um nível 1 ou 2. Dado que existem muitos graus possíveis de disfunção cognitiva, dentro de cada categoria, é muito importante tentar discriminar entre aque- las respostas que apresentam deslizes suaves ou moderados (Nível 1) e aquelas que reflectem formas mais graves de perturbação (Nível 2). Resposta de Nível 1: Codifica-se com nível 1, as respostas que apresentam um grau suave ou moderado de pensamento ilógico, lábil, peculiar ou circunstancial. Apesar das respostas de nível 1 reunirem as condições necessárias para receber um código especial, estas não se dife- renciam muito dos deslizes cognitivos que as pessoas cometem com frequência, quando não prestam grande atenção à forma como se expressão, ou ao julgamento que estão a realizar. Os códigos especiais de nível 1 podem dar a impressão que são produto da imaturidade, de uma educação deficiente, ou de não ter pensado suficientemente no que se disse.
  • 42. 42 Resposta de Nível 2: Codifica-se com nível 2, as respostas que apresentam um grau mé- dio ou grave de pensamento dissociado, ilógico, lábil ou circunstancial. Estas respostas mostram uma marcada distorção da opinião emitida ou do seu modo de expressão. As respostas de nível 2 destacam-se porque são bizarras e quase nunca deixam lugar a dúvidas sobre a sua codificação. Nos casos em que se tenham legítimas dúvidas sobre se uma resposta alcança um grau de nível 2, deve-se adoptar uma atitude conservadora e assinalar nível 1. Na diferenciação entre ambos os níveis não se devem considerar factores externos à resposta como a idade, o nível educativo ou a cultura geral do sujeito. A. VERBALIZAÇÕES DESVIANTES (DV e DR) Existem dois códigos especiais para as verbalizações desviantes (DV e DR). Um é utiliza- do para identificar lapsos cognitivos que levaram a uma selecção inapropriada das palavras. O segundo identifica segmentos da resposta com uma qualidade estranha. Ambos são caracteriza- dos por modos de expressão que tende a impedir a capacidade do sujeito para comunicar com clareza. 1. Verbalizações raras (DV) Atribui-se às respostas que têm uma ou duas das seguintes características, que conferem à resposta um aspecto peculiar: a. Neologismo: implica o uso de uma palavra incorrecta ou de um neologismo. Podem ser de nível 1 ou 2: “Aranhas que tentam chafurdar-se uma à outra” (DV1) “Uma bactéria que se podia ver por telescópio” (DV1) “Uma mulher com aspecto disreal” (DV2) b. Redundância: envolve o uso estranho de linguagem, que não pode ser explicada em termos de idiomas subculturais ou vocabulário limitado, no qual o sujeito identifica duas vezes o mesmo objecto. “Um cadáver morto” (DV1) “Um par de dois pássaros” (DV1) “Um pequeno pássaro minúsculo” (DV1) “A turbina traseira de trás do avião (DV2) “Os dois lábios gémeos da vagina” (DV2) “Um par de pulmões emparelhados” (DV2)
  • 43. 43 2. Resposta desviante (DR) São respostas que reflectem a tendência para se retirar da tarefa, tendo elas uma qualida- de peculiar ou estranha. Também se podem manifestar de duas maneiras: a. Frases inapropriadas: envolve a inclusão de frases inapropriadas ou completamente irrelevantes para a resposta. Podem ser de nível 1 ou 2. “Podem ser ostras mas estão fora da temporada” (DR1) “Podia ser um gato, o meu pai odeia gatos” (DR1) “É um tipo de bicho que nunca ninguém viu” (DR2) “É um pássaro, mas eu esperava que fosse uma borboleta” (DR2) b. Respostas circunstanciais: envolve respostas fluídas ou vagas, nas quais o sujeito se torna inapropriadamente elaborado ou demonstra dificuldades em definir o objecto. Podem ser de nível 1 ou 2: “Parecem árvores a uma grande distância, numa colina, parece tão apetecível, como um lugar para onde alguém quisera ir para se afastar de tudo” (DR1). “É como um mapa da Irlanda, talvez não seja da Irlanda, pode ser de outro lugar qualquer, mas podia ser um mapa da Irlanda, creio. Não sei muito acerca da Irlanda, mas sei mais acerca do México” (DR2). Algumas DR podem também conter um DV. Neste caso apenas se codifica DR. B. COMBINAÇÕES INAPROPRIADAS (INCOM, FABCOM, CONTAM) Envolvem a condensação inapropriada de impressões e/ou ideias, em respostas que vio- lam a realidade. Implicam a inferência de relações irreais entre imagens, objectos ou actividades atribuídas a objectos. Existem três tipos de combinações inapropriadas: 1. Combinações incongruentes (INCOM) Envolvem a condensação de detalhes ou características da mancha que são fundidos ina- propriadamente num único objecto, assim como atribuição de actividades implausíveis ou im- possíveis. Se o objecto identificado for um cartoon, não se codifica INCOM. Podem ser de nível 1 ou 2: “Uma borboleta com as mãos levantadas” (INCOM1) “Uma galinha quadrúpede” (INCOM1) “Uma rã com quatro testículos” (INCOM2) “Uma mulher com cabeça de frango” (INCOM2) “A cara de um gato, parece que está a sorrir” (INCOM1) Às vezes, a incongruência relaciona-se com a combinação inadequada da cor e da forma, como em “Ossos roxos” (INCOM1), “Neve negra” (INCOM1) ou “Um homem laranja” (INCOM1).
  • 44. 44 2. Combinação fabulada (FABCOM) Envolve uma relação implausível ou absurda entre dois ou mais objectos identificados na mancha. Estas respostas incluem sempre dois ou mais detalhes com limites próprios. Também se utiliza nas transparências. Podem ser de nível 1 ou 2, sendo as transparências sempre codificadas com nível 2. “Dois frangos sustendo bolas de basquete” (FABCOM1) “Uns ratos a morderem os dedos de um marciano” (FABCOM2) “Duas mulheres a atacar um submarino” (FABCOM2) “Há um homem ali sentado com o coração a bombear” (FABCOM2) “Isto aqui é uma vagina e aqui as trompas de falópio” (FABCOM2). 3. Contaminação (CONTAM) É a combinação mais bizarra das combinações inadequadas e representa duas ou mais impressões que se fundiram numa única resposta de forma a violar nitidamente a realidade. En- quanto que a INCOM funde num objecto incongruente as impressões procedentes de distintas e delimitadas zonas da mancha, a CONTAM tem lugar na mesma zona: duas respostas sobrepõem- se psicologicamente como numa dupla exposição fotográfica. As CONTAM podem utilizar, se bem que nem sempre, neologismos ou outras verbalizações estranhas para descrever o objecto. Um exemplo clássico de CONTAM com neologismo é a condensação da vista frontal de um chin- che com a de um boi: “A cara de um chincheboi” ou “Sem dúvida é uma borboflor”, fundindo as impressões de uma borboleta e de uma flor. Noutras situações, a lógica estranha que caracteriza o CONTAM é manifestado directa- mente como “Parece sangue, e uma ilha, tem que ser uma ilha sangrenta”. Outras contaminações são menos obvias na resposta original, sendo visíveis no Inquéri- to. Por exemplo: Quando se codifica CONTAM não são utilizadas DV, DR, INCOM, FABCOM e ALOG. Não existem diferenças de nível. Resposta É uma borboleta Inquérito E: (repete a resposta) S: Isto são as asas (D2) e o corpo (D4) e aqui estão os olhos (DdS26) e a boca (DdS29) e as orelhas (Dd28).
  • 45. 45 C. LÓGICA INAPROPRIADA (ALOG) Quando, sem sugestão, o sujeito utiliza uma razão forçada ou absurda para justificar a sua resposta. Justificação simplista de uma resposta. A lógica envolvida é claramente não con- vencional. Tem que ser espontânea na associação livre ou no inquérito. “Tem que ser o Pólo Norte porque está na parte de cima da mancha” “Deve ser um mineiro de carvão porque é totalmente negro” “Isto verde tem de ser uma alface, porque está ao lado do coelho” D. PERSEVARAÇÃO (PSV) Existem três tipos de perseveração que são assinalados com o mesmo código especial. No mesmo cartão: respostas em que se utiliza exactamente a mesma localização, QD, determinante(s), QF, conteúdo(s) e nota Z. O conteúdo especifico pode alterar ligeiramente, no entanto, a categoria deve ser mantida. As codificações especiais não necessitam ser as mes- mas. Aceita-se a diferença de P. De conteúdo: pode dar-se no mesmo cartão ou em cartões consecutivos, em que o con- teúdo é identificado como sendo o mesmo que se viu antes. “É a mesma borboleta do cartão anterior” Mecânica: resposta mais frequente em sujeitos com compromisso intelectual ou neu- rológico. O sujeito dá mecanicamente a mesma resposta em cartões diferentes. Por exemplo: cartão I é um morcego, morcego no cartão II, morcego no cartão III, etc. Normalmente, resulta um protocolo inválido. CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DE CONTEÚDO Relaciona-se com características cognitivas ou de projecção do eu. São importantes para o estudo geral da auto-imagem, da percepção e condutas interpessoais, e podem também trazer informações sobre características do pensamento. Conteúdo abstracto (AB) Utiliza-se o AB em dois tipos de respostas: Naquelas que receberam o conteúdo Hx, para registar uma emoção humana ou uma experiência sensorial, sem implicação de forma; e nas respostas em que o sujeito descreve uma representação simbólica clara e específica. “Só me recorda a depressão” “É um quadro abstracto de Cristo” “Um quadro de Blake sobre a luta do homem pela pureza”
  • 46. 46 Movimento agressivo (AG) Para qualquer movimento (M, FM, m), no qual a acção é nitidamente agressiva, tal como lutando, aterrorizando, explodindo, olhando de forma ameaçante, discutindo, partindo, .... A agressão tem de estar a acontecer. Por exemplo uma explosão, por si só não é AG, a não ser que alguma coisa esteja a ser destruída pela explosão. “Parece uma bala que rompe algo de lado a lado” “Duas pessoas discutindo sobre algo” “A cara de um homem, ele está furioso com alguma coisa” Movimento cooperativo (COP) Para qualquer movimento (M, FM ou m), que envolva dois ou mais objectos, pessoas ou animais, no qual a interacção é nitidamente positiva ou cooperativa. Dançar será sempre codifi- cada de COP se houver relação entre os objectos. “Dois homens levantando algo” “Duas mulheres na fofoquice” “Dois insectos a derrubarem um poste”. Conteúdo mórbido (MOR) Codifica-se em todas as respostas, em que haja identificação de um objecto com as se- guintes características: 1. Identificação do objecto como morto, destruído, arruinado, estragado, ferido, partido, podre, etc... “Um cão morto” “Um par de botas estragadas” “Um urso ferido” “Um espelho partido” 2. Atribuição dada a um objecto de uma característica ou de um sentimento nitidamente disfórico. “Uma árvore triste” “Uma pessoa a chorar” “Depressão”
  • 47. 47 REPRESENTAÇÃO HUMANA A maioria dos protocolos contêm respostas nas quais existe formas de representação humana. Estas respostas relacionam-se, de certa forma, com a forma como o sujeito percebe e/ ou interage com as outras pessoas. As respostas de representação humana são identificadas e diferenciadas por dois códigos: boas (GHR) e más (PHR). Os critérios para a codificação das respostas de representação humana são os seguintes: • Respostas que contêm qualquer código de conteúdo humano [H, (H), Hd, (Hd), Hx] • Respostas que contêm o determinante M • Respostas FM com código especial COP ou AG Para se codificar GHR ou PHR, devem-se seguir determinados passos, de forma a permi- tir uma adequada decisão. PASSOS PARA CODIFICAR RESPOSTAS COMO BOA (GHR) OU MÁ (PHR) RESPRESENTAÇÃO HUMANA 1. Codifica-se GHR em respostas que contenham o código H puro e que tenham também os seguintes critérios: (a) Qualidade Formal FQ+, FQo ou FQu (b) Nenhum código especial cognitivo excepto DV (c) Nenhum código especial AG ou MOR 2. Codifica-se PHR em respostas que tenham: (a) FQ- ou FQnone (sem forma), ou (b) FQ+, FQo ou FQu e que tenha ALOG, CONTAM ou qualquer código especial cog- nitivo de nível 2 3. Codifica-se GHR nas restantes respostas de representação humana que tenham o código especial COP, mas não o código especial AG 4. Codifica-se PHR nas restantes respostas de representação humana que tenham: (a) Código especial FABCOM ou MOR, ou (b) Conteúdo An 5. Codifica-se GHR nas restantes respostas de representação humana nos cartões III, IV, VII, e IX que foram codificadas com Popular
  • 48. 48 6. Codifica-se PHR nas restantes respostas de representação humana que tenham qualquer uma das seguintes: (a) Código especial AG, INCOM ou DR, (b) Conteúdo Hd [não (Hd)] 7. Codifica-se GHR nas restantes respostas de representação humana Estes passos são seguidos na ordem estabelecida até se conseguir tomar uma decisão de codificação. Por exemplo, se assumir-mos que uma resposta é codificada com Do Fo H, ela corresponde aos critérios do passo 1, para GHR, pois tem H puro, com qualidade formal o e não tem qualquer código especial. Se a codificação for Do Fo Hd, a decisão não poderá ser tomada com base no passo 1, pois como conteúdo tem Hd e não H puro. Deste modo, a resposta será codificada com PHR através do passo 6, devido ao conteúdo Hd. Outros exemplos: RESPOSTAS PERSONALIZADAS (PER) Muitas respostas contêm pronomes pessoais tais como eu, meu, minha ou nós. A maio- ria são utilizadas de forma natural na articulação da resposta, como por exemplo “Parece-me um morcego”. No entanto, por vezes, o sujeito refere o conhecimento ou experiência pessoal como parte da base para justificar ou clarificar uma resposta. “Eu comprei um assim para a minha filha” “Nós vimos uma vez um assim” ESPECIAL COR Projecção de cor (CP) Quando o sujeito identifica uma mancha acromática como sendo cromática. São res- postas raras, mas que podem surgir nos cartões IV e V. É apenas codificada numa área acro- mática. Se o sujeito utilizar o esbatido para delinear as cores cromáticas, codifica-se esbatido de difusão (FY, YF ou Y). O determinante de cor cromática (FC, CF ou C), nunca é utilizado na codificação destas respostas porque não há cor cromática nestas manchas. III IX VIII VII D+ Ma.FYo 2 H,Cg P 3,0 FABCOM DSo FC’o (Hd) W+ FMa.FCo 2 A,Bt 4,5 COP, ALOG D+ Ma.mpo 2 Hd,Art P 3,0 DV PHR, passo 4 GHR, passo 7 PHR, passo 2 GHR, passo 5 Cartão Codificação Decisão GHR/PHR
  • 50. 50 Secção Superior 1. Localização - São três os elementos relativos à localização: A - Actividade organizativa; B - Códigos de localização; C - Qualidade de desenvolvimento. A – Actividade Organizativa - Existem três casas na parte superior do SUMÁRIO desti- nadas à actividade organizativa: • A 1ª, Zf (frequência de Z) é o nº de vezes que uma resposta Z ocorreu num protocolo. • A 2ª, Z SUM, destina-se à soma das notas ponderadas de Z atribuídas. • A 3ª, Zest (VW ponderada esperada, deriva da seguinte tabela de notas Z esperadas. B – Códigos de localização - Regista-se em separado cada um dos três códigos básicos de localização. Existem, igualmente, também dois espaços para anotar as frequências das res- postas W+D e S, embora nenhuma destas duas variáveis se subtraia da quantificação dos três códigos básicos W, D ou Dd. C – Qualidade de Desenvolvimento - As frequências entram igualmente para cada um dos códigos da qualidade de desenvolvimento, independentemente do tipo de localização usado.
  • 51. 51 2. Determinantes - Cada determinante é contado em separado, excepto quando ocor- rem numa combinação. Cada combinação é lançada na secção própria designada Combinações e os determinantes das combinações não são contados de novo ao lançarem-se as frequências dos determinantes únicos, na coluna intitulada Individual. No final anota-se o n.º de notas par que contém o protocolo. 3. Qualidade Formal - Há três secções referentes à qualidade formal para serem preen- chidas: • A 1ª, indicada por FQx (Qualidade Formal Alargada), inclui todas as respostas do proto- colo. Existem casas para o registo das frequências para cada um dos quatro tipos de qualidade formal, mais uma para a frequência de respostas nas quais não foi codificada qualidade formal. • A 2ª, é designada MQ (Qualidade Formal Movimento Humano), e destina-se à distribui- ção de FQ de todas as respostas de movimento humano. • A 3ª, é designada W+D (Qualidade Formal Comum) e destina-se às frequências de FQ de todas as respostas dadas em áreas W e D. 4. Conteúdos - A coluna assim intitulada abrange as 27 categorias. Em alguns casos são necessários dois registos para uma única categoria. O 1º indica a frequência de respostas em que a categoria representa o conteúdo principal, o 2º, separado do 1º por uma vírgula, repre- senta a frequência de respostas em que a categoria é um conteúdo adicional ou secundário. Por exemplo., duas respostas podem ter botânica (Bt) como conteúdo principal, mas uma ter- ceira pode ter Bt como conteúdo adicional. Deste modo o registo para a categoria Bt será Bt = 2,1. 5. Abordagem do Modo de Apreensão - Na secção superior do SUMÁRIO, à direita, há um espaço para registar os Modos de Localização segundo a sequência usada pelo sujeito em cada cartão. 6. Pontuação Especial - O último conjunto de frequências a serem lançadas são as refe- rentes a cada uma das 15 cotações especiais. São necessários dois cálculos: • O 1º, é a Raw Sum (Soma Bruta) das seis primeiras cotações especiais (Raw Sum6). Corresponde ao total das cotações de nível 1 e nível 2 de DV, INCOM, DR , FABCOM, ALOG e CONTAM. • O 2º, é a Weighted Sum (Soma Ponderada) dessas mesmas seis cotações especiais (Wght SUM6). A cada uma das seis cotações especiais é atribuído um valor que consta na folha do Sumário Estrutural.
  • 52. 52 Existe ainda uma coluna para apontar todos os conteúdos especiais (que não vão cons- tar no Raw Sum6, nem no Wgtd Sum6). Secção do Controlo Encontra-se na parte superior da secção inferior do Sumário Estrutural, à esquerda. Contém dezasseis registos. Sete são frequências e compreendem: R (nº total de respostas) e o nº total de cada um dos determinantes FM, m, SumC’, SumT, SumV e SumY. Os últimos quatro incluem todas as variações, isto é, SumC’ inclui FC’, C’F e C’; SumT inclui FT, TF e T, SumV inclui VF, FV e V, e SumY inclui YT, TY e Y. As restantes sete casas são proporções e derivações. São elas: 1. Lâmbda (L) - A 2ª casa é para o Lâmbda (L). É uma razão que compara as frequências das respostas F puro com todas as restantes respostas do protocolo. Relaciona-se com ques- tões de economia no uso de recursos. Calcula-se: L= F(número de respostas com determinante único F) R - F (R total de respostas menos as respostas com determinante único F) 2. Estilo Vivencial (EB) - É uma relação entre duas variáveis principais: movimento hu- mano (M) e soma ponderada das respostas de cor cromática. Regista-se: Soma de M : Soma Ponderada das Respostas Cor (Sumpond C)* *Esta ponderação da cor obtém-se multiplicando cada um dos tipos de respostas cromáticas por um valor. As respostas de nomeação da cor (Cn), não se incluem na Sumpond C: Sumpond C= (0,5) x FC + (1,0) x CF + (1,5) x C. 3. Experiência Efectiva (EA) - É uma derivação que se relaciona com os recursos dispo- níveis do sujeito. Obtém-se somando os dois lados do EB, isto é, Soma de M + Sumpond C. 4. Perseverança do Estilo Vivencial (EBPER) - É uma resposta que diz respeito ao pre- domínio de um estilo de EB na actividade de tomada de decisão. Só se calcula o EBPER quan- do o EB indicar um estilo vincado. Esta presença de estilo é determinada através de três crité- rios:
  • 53. 53 1º O valor de EA tem que ser maior ou igual que 4,0; 2º O valor de L (Lambda) tem que ser menor que 1,0; 3º Se o valor de EA se encontrar entre 4,0 e 10,0, um dos lados de EB tem de ser pelo menos dois pontos maior do que o outro; Se o valor de EA for maior que 10,0, um dos lados do EB tem de ser pelo menos 2,5 pontos maior do que o outro. Quando os três critérios são verificados, o EBPer calcula-se dividindo o número maior de EB pelo menor. 5. Experiência Base (eb) - É uma relação que compara todos os determinantes de mo- vimento não humano (FM e m) com os determinantes de sombreado e cor acromática. Informa sobre as exigências dos estímulos experimentados pelo sujeito. Regista-se da seguinte forma: FM + m: Soma de SumC’ + SumT + SumY + SumV. Os dados do lado direito da relação incluem todas as formas possíveis destes determi- nantes. Por exemplo, SumT inclui FT, TF e T. 6. Estimulação Experimentada (es) - É uma derivação obtida a partir dos dados presen- tes em eb. Está relacionada com as exigências dos estímulos do ambiente. Obtém-se somando os dois lados de eb, isto é: Soma de FM + m + SumC’ + SumT+ SumY + SumV. 7. Nota D (D) - A nota D proporciona uma informação importante sobre a relação entre EA e es. Relaciona-se com a tolerância ao Stress e com os elementos de controlo. Obtém-se procedendo 1º ao cálculo da diferença bruta entre as duas variáveis, isto é, EA-es, referindo o sinal próprio ( + ou -). A diferença bruta é depois convertida numa nota de diferença de escala, com base em desvios padronizados em que DP foi arredondado para igual a 2,5. Deste modo, se a nota bruta da diferença de EA-es se situar entre +2,5 e -2,5, não exis- te diferença significativa entre os dois valores, e a nota D é zero. Se a nota bruta de EA-es for maior do que +2,5, a nota D aumentará em unidades de +1 por cada nota bruta de 2,5 pontos. O contrário também é verdade. Seguidamente apresenta-se uma tabela de conversão para ob- tenção da nota D.
  • 54. 54 8. es Corrigido (Adj es) - Como a nota D fornece informação relativa à tolerância ao Stress e aos recursos disponíveis, é importante determinar se a nota foi influenciada por ele- mentos situacionais ou se é estrutural. Para isso, subtraímos do es a maioria dos elementos relacionados com os fenómenos situacio- nais: Subtraem-se todos os m e Y (FY e YF incluídos) do es, excepto 1m e 1Y, caso eles existam, e desta forma obtém-se o Adj es. 9. Nota D Corrigida (AdjD) - Obtém-se mediante o uso da fórmula: EA – Adj es. O resultado é confrontado com a Tabela de Conversão da Nota D. Secção da Ideação Esta secção contém nove registos. Cinco delas são frequências (MOR, M- (com qualida- de formal menos), Mnone (sem qualidade formal), Sum6 e de nível 2) e uma sexta (Sumpond6) que já foi calculada. As restantes consistem em duas razões e um índice. São: 1- Razão activo-passivo (a: p) - Esta razão diz respeito à flexibilidade na ideação e nas atitudes. Regista-se com o n.º total de respostas de movimento Activo (Mª + FMª+mª) à esquer- da, e o n.º total de respostas de movimento Passivo (Mp+FMp+mp) à direita. Os determinantes de movimento qualificados a:p são adicionados a ambos os lados. 2 – Razão M activo: M passivo (Mª: Mp) - Diz respeito a algumas características do pen- samento. Inclui apenas respostas de movimento humano com o n.º total de activo registado à esquerda e o n.º total de passivo registado à direita. As respostas Mª e Mp são somadas a am- bos os lados.
  • 55. 55 3 – Índice de Intelectualização - 2AB+(Art+Ay) - Este índice inclui a codificação especial AB (Abstracção) e os conteúdos Arte e Antropologia. É calculado como duas vezes o n.º de respostas AB + o n.º de conteúdos Art e Ay. Inclui tanto os conteúdos principais como os se- cundários. Secção do Afecto Esta secção compreende sete casas. Três são frequências (C puro, S e CP) e as outras são ra- zões: 1 – Razão Forma-Cor (FC: CF+C) - Esta razão diz respeito à modelação do afecto. Regis- ta-se tal como está indicado com o n.º total de determinantes FC no lado esquerdo e a soma dos determinantes CF+C+Cn do lado direito. Cada um dos determinantes de cor cromática possui o mesmo valor nesta razão, ao contrário do que se passa com SumpondC utilizada no EB e EA. 2 – Razão Constrição (SumC’:SumpondC) - Esta razão diz respeito à excessiva internali- zação do afecto. Regista-se tal como está indicado com o n.º total de determinantes C’ no lado esquerdo e a soma ponderada do determinantes cor cromática do lado direito. 3 – Quociente Afectivo (Afr) - É uma razão que compara o n.º de respostas aos últimos três cartões, com as dadas nos primeiros sete. Relaciona-se com o interesse pela estimulação emocional. Calcula-se assim: Afr = Nº de respostas dos cartões VIII +IX+X Nº de respostas aos cartões I+II+III+IV+V+VI+VII 4. Quociente de Complexidade (Comb:R) - Esta relação não é reduzida a uma razão, mas antes considerada tal como está indicada, com o n.º total de combinações à esquerda e o n.º de respostas à direita. Secção da Mediação Esta secção contém sete casas, duas para a frequência de respostas populares (P) e respostas branco com qualidade formal menos (S-), e cinco percentagens: 1 – Forma Apropriada Extendida (XA%) - Esta variável diz respeito à proporção de respostas nas quais o uso da forma é apropriado. Calcula-se:
  • 56. 56 XA% = FQx+ + FQxo + FQxu R 2 – Forma Apropriada – Áreas comuns (WDA%) - Esta variável diz respeito à proporção de respostas dadas nas áreas W e D, nas quais existe um uso apropriado da forma. Calcula-se: WDA% = Soma das respostas W+D com FQx+, FQxo, FQxu Soma de W+D 3 – Forma Distorcida (X-%) - Esta variável diz respeito à proporção de distorção percep- tiva ocorrida no protocolo. Calcula-se: X-% = Soma de FQx - R 4 – Forma Convencional (X+%) - Esta variável diz respeito à medida em que o uso da forma é convencional. Calcula-se: X+% = Soma FQx+__+___Soma de FQxo R 5 – Forma Incomum (Xu%) - Esta variável diz respeito à proporção de respostas cujos contornos foram adequadamente utilizados, mas de modo não convencional. Calcula-se: Xu% = Soma de FQxu R Secção do Processamento Esta secção contém sete casas, quatro das quais são frequências (Zf, PSV, DQ+ e DQv). Duas das três restantes são razões e a terceira é nota de subtracção:
  • 57. 57 1 – Índice de Economia (W:D:Dd) - Esta relação é registada tal como está indicada, com o nº total de respostas W à esquerda, o nº total de respostas D ao centro e o nº total de respostas Dd à direita. 2 – Quociente de Aspiração (W:M) - Esta relação não é geralmente reduzida a um quo- ciente, sendo antes considerada tal como está indicada, com o nº total de respostas W à esquer- da e o nº total de respostas M à direita. 3 – Eficiência do Processamento (Zd) - O Zd é uma nota de subtracção obtida com a fórmula ZSUM - Zest, registando-se o sinal apropriado. Secção Interpessoal Esta secção contém dez casas, cinco das quais são frequências (soma de COP, soma de AG, soma de Fd, soma H puro e PER). As cinco restantes são razões: 1 - Interesse Interpessoal (Cont. Humanos). Esta variável fornece informação acerca do interesse nas pessoas. O seu cálculo é realizado da seguinte forma: Cont. Humanos = Soma H + (H) + Hd + (Hd) [Hx não é incluído] 2 – Índice de Isolamento (Isolate/ R) - Inclui conteúdos principais e secundários de cinco categorias (Botânica, Nuvens, Geografia, Paisagem e Natureza), sendo a soma bruta de duas das categorias duplicada: Isolate/R = Bt + 2Cl + Ge +Ls + 2Na R Secção da Imagem de Si Esta secção contém sete casas, quatro das quais são frequências (Soma de Fr+rF, FD, MOR e a soma de An+Xy). A quinta entrada refere-se à SumV. A sexta casa é uma razão [H: (H)+Hd+(Hd)], que fornece informação acerca do interesse do sujeito pelos outros. Inclui ambos os conteúdos principais e secundários. A soma das respostas H puro é registada à esquerda e a soma dos restantes conteúdos humanos é registada à direita.
  • 58. 58 A sétima casa é uma razão quociente: 1 - Índice de Egocentrismo (3r+(2)/ R) - Este índice relaciona-se com a auto-estima. Re- presenta a proporção de respostas Reflexo e Par no protocolo total, sendo cada determinante reflexo equivalente a três respostas par. Calcula-se: 3r + (2)/R = 3 x (Fr+rF) + Soma (2) R Secção Inferior Na parte inferior do SUMÁRIO ESTRUTURAL existem seis índices especiais: o índice de Pensamento-perceptual (PTI), o índice de Depressão (DEPI), o índice de Inabilidade Social e confronto com os outros (CDI), a constelação de Suicídio (S-CON), o índice de Hipervigilância (HVI) e o índice de estilo Obsessivo (OBS). As variáveis incluídas em cada um estão indicadas na Folha de Constelações (ver anexos), existindo casas para assinalar as que se verificam. O nº total de variáveis positivas deve ser indicado no final do Sumário Estrutural para o PTI, DEPI, CDI e S-CON. Para o HVI e para o OBS devem registar-se as anotações “SIM” ou “NÃO”. Quando se trabalha com protocolos de crianças pequenas, é muito importante não esquecer que existem quatro variáveis, cujos valores que devem ser ajustados de acordo com a idade. Uma (Wsum6) aparece no PTI. A segunda [3r+(2)/R] aparece no DEPI, e a terceira (Afr), encontra-se no DEPI e no CDI. Cada uma é assinalada na Folha de Constelações com um *, e os valores a ser aplicados encontram-se discriminados abaixo por grupos de idade. Ajustamentos por idade Para Índice de Egocentrismo Ajustamentos por idade para WSum6 Se R é igual a 17 ou mais: Se R é menor que 17: Ajustamentos por idade para Afr Idades 5 a 7: Wsum6 > 20 Idades 8 a 10: Wsum6 > 19 Idades 11 a 13: Wsum6 > 18 Idades 5 a 7: Wsum6 > 16 Idades 8 a 10: Wsum6 > 15 Idades 11 a 13: Wsum6 > 14 Idades 5 a 7: Afr < .57 Idades 8 a 10: Afr < .55 Idades 11 a 13: Afr < .53 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 .55 .52 .52 .48 .45 .45 .45 .38 .38 .37 .33 .33 .83 .82 .77 .74 .69 .63 .58 .58 .56 .54 .50 .48 Idade Significante se 3r+(2)/R é menor que Significante se 3r+(2)/R é maior que
  • 59. 59 6. BIBLIOGRAFIA Exner, J. E. (1991). The Rorschach: A comprehensive system vol. 2: Interpretation (2nd ed.). New York: Wiley Exner, J. E. (1993). The Rorschach: A comprehensive system vol. 1: Basic Foundations (3rd ed.). New York: Wiley Exner Jr., John E. (2001). A Rorschach Workbook for the Comprehensive System, 5ª Edition. Rorschach Worhshops. Asheville, North Carolina Exner Jr., John E. (2003). Basic Foundations and Principles of Interpretation, 4ª Edition. The Rorschach – A Comprehensive System. Vol. 1. John Wiley & Sons, Inc. Hoboken, New Jersey Gonçalves, Miguel M. (1994). Rorschach na avaliação psicológica – aspectos teóricos e análise de casos. Universidade do Minho Seminário de Estudo do Rorschach (13º) Workshop de Interpretação do Rorschach por John E. Exner, Jr. Sociedade Portuguesa de Psicologia Sociedade de Avaliação da Personalidade 5 e 6 de Fevereiro de 1999 Sendín, C. (1995). Manual de Interpretación del Rorschach- Para el sistema comprehensivo. Ma- drid: Editorial Psimática. Silva, D. R. (1980/ 81/ 82). Análise dos Estudos sobre a Validade do Rorschach em Psicologia Clínica. Revista Portuguesa de Psicologia, 17/18/19: 73-118. Silva, D. R. (1986). Exner e a Reposição do Teste de Rorschach. Revista Portuguesa de Pedago- gia, XX: 135-168. Silva, D. R. (1986). O Sistema Integrativo do Rorschach (S.I.R.) de John E. Exner, Jr., Revista Por- tuguesa de Psicologia, 23: 189-238. XVI International Congress of Rorschach and Projective Methods Amsterdam, The Netherlands IRS (International Rorschach Society) 19 a 24 de Julho de 1999
  • 60. 60 7. ANEXOS TABELA A: FIGURAS DE DETALHES COMUNS (D) E INCOMUNS (Dd) CORRESPONDENTES A CADA CARTÃO. LISTA DE RESPOSTAS VULGARES (o), ÚNICAS (u) E MENOS (-), CLASSES DE RESPOSTAS PARA CADA CARTÃO E ÁREA DE LOCALIZAÇÃO.
  • 61. 61
  • 62. 62
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  • 104. 104
  • 105. 105
  • 106. 106
  • 107. 107
  • 108. 108
  • 109. 109
  • 111. 9. DADOS NORMATIVOS DADOS ESTATÍSTICOS ADULTOS (POP. PORTUGUESA – N=309) VARIÁVEL MÉDIA DP M ÍNIMO MÁXIMO R 22,07 7,88 14,19 2 9,95 W 7,02 4,20 2,82 11,22 D 9,78 5,60 4,18 15,38 Dd 5,27 4,37 0,90 9,64 S 2,26 2,22 0,04 4,48 DQ+ 5,15 3,39 1,76 8,54 DQo 15,90 6,58 9,32 22,48 DQv 0,89 1,35 0 2,24 DQv/+ 0,13 0,38 0 0,51 FQX+ 0,23 0,84 0 1,07 FQXo 10,51 3,82 6,69 14,33 FQXu 8 ,37 4,64 3,73 13,01 FQX- 2,72 1,95 0,77 4,67 FQXnone 0,25 0,58 0 0,83 MQ+ 0,10 0,41 0 0,51 MQo 1,61 1,42 0,19 3,03 MQu 0,79 1,23 0 2,02 MQ- 0,29 0,73 0 1,02 MQnone 0,04 0,27 0 0,31 S- 0,54 0,92 0 1,46 M 2,84 2,60 0,24 5,44 FM 3,62 2,87 0,75 6,49 m 1,34 1,51 0 2,85 FM+m 4,96 3,54 1,42 8,50 FC 1,25 1,52 0 2,77 CF 1,80 1,80 0 3,60 C 0,26 0,57 0 0,83 Cn 0,02 0,19 0 0,21 FC+CF+C+Cn 3,32 2,76 0,56 6,08 Sum Pond C 2,81 2,45 0,36 5,26 Sum C’ 1,32 1,53 0 2,85 Sum T 0,68 0,80 0 1,48 Sum V 0,59 1 ,03 0 1,62 Sum Y 1,20 1,54 0 2,74 Sum Claros 3,78 3,33 0,45 7,11 Fr+rF 0,35 0,91 0 1,26 FD 1,46 1,48 0 2,94 F 9,62 4,58 5,04 14,20 (2) 7,73 4,82 2,91 12,55 3r+(2)/R 0,39 0,18 0,21 0,57 LAMBDA 1,21 1,71 0 2,92 111