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Arte e comunicação
O processo de criação artística na rede de Internet
Resumo:
A arte é uma forma de comunicação. Sempre foi e sempre será. Neste
âmbito, a relação entre arte e comunicação poderá ser estudada de muitas
formas, mas uma das que se caracteriza como de grande relevância, e em
especifico na relação actual da arte com as novas tecnologias, é o
processo de criação artística. Mais ainda se este processo for estudado em
relação com a rede de Internet, e é isto o que se pretende desmistificar
com este artigo: entender o processo de criação artística numa forma
generalizada, e apresentar as diferenças no que respeita à criação artística
no contexto da rede de Internet, e em especifico na arte de Internet.
Existe uma estreita ligação entre arte e comunicação. Se ponderarmos a função da arte ao longo dos tempos, e se nos
remetermos ao ínicio da expressão artística (e ao ínicio do próprio homem), com a Arte Rupestre, conseguimos compreender
que esta sempre foi um dos principais elementos da comunicação humana.
Assumindo a arte como comunicação, é necessário definir o que se entende por comunicação. Por comunicação entende-se o
acto de comunicar, de participar, de partilhar informação. Já a palavra (ou verbo) comunicar vem do latim communicare e da
mesma forma significa participar, informar, ou estar em comunicação. Assim sendo, para entender o que é a comunicação é
fundamental compreender como esta comunicação se processa.
Para que exista um processo de comunicação é necessário termos um emissor, um receptor, uma mensagem e um meio ou
suporte de divulgação desta mesma mensagem. No caso da arte, assumimos como emissor o autor, como receptor o
observador/fruidor, como mensagem a obra, e como meio ou suporte a forma na qual a obra é produzida. No entanto, esta
comunicação só existe se emissor e receptor partilharem o código através do qual a mensagem é disponibilizada, o que neste
caso quer dizer que só existe comunicação se emissor e receptor compreenderem a linguagem da obra de arte.
Remetendo-nos ainda ao campo da arte, podemos considerar que a comunicação artística é uma forma de comunicação de
massas. Isto é, o artista (neste caso o emissor), não dirige a sua mensagem a um individuo em especifico, mas sim a vários
individuos, o que faz com que de certa forma esta seja uma comunicação anónima. É então desta forma que se pode enunciar
o processo de comunicação artística.
Mas há outro processo de comunicação, talvez mais dificil de analisar mas igualmente de grande importância, que é o
processo de criação artistica, o processo de criação da obra de arte, em que o autor comunica consigo próprio e com tudo o
que o rodeia, com o meio cultural e social no qual se insere para justificar a sua produção. Antes de tentarmos focar o que
poderá ser o processo de criação artística na arte de Internet, é necessário compreender o mesmo de uma forma generalizada.
A discussão sobre o processo de criação artística não é nova. Já em 1998, Cecília Almeida Salles propõe uma abordagem a
esta questão no seu livro "Gesto Inacabado: processo de criação artística". Possivelmente já alguns pesquisadores e autores
teriam tratado o tema anteriormente, mas na realidade deparamo-nos com uma lacuna no que respeita à compreensão do
processo de criação da obra por parte do autor.
Sem querer menosprezar a singularidade e a particularidade deste processo, muitas vezes incompreendido por se defender
ainda o misticismo da inspiração como ponto fulcral, é importante que se compreenda que todo e qualquer processo de
criação artística é, antes de mais, um reflexo de uma rede de influências sociais e culturais, assim como fruto de um esquema
mais ou menos linear, que se compõem da seguinte forma:
 Existência de necessidades e desejos pessoais (que se remete à já falada inspiração);
 Inserção do autor num tempo histórico, assim como no seu próprio tempo pessoal;
 Inserção do autor numa sociedade e numa cultura especificas;
 Interacção com o tempo histórico, com a sociedade e com a cultura;
 Relação com o espaço físico de criação da obra, sendo este material ou não material;
 Percepção e compreensão de si mesmo e do que o rodeia;
 Contacto com o material escolhido para a criação da obra;
 Decisão sobre os caminhos a seguir ao longo de cada etapa do processo.
Pensando nos vários pontos que podem constituir o processo de criação artística, é de
certa forma notório que o resultado final da obra não se define de início. O autor, a
partir de uma necessidade ou desejo pessoal, manifesta uma vontade de realizar um
determinado trabalho, mas cujo resultado final não é determinado desde logo pela ideia
inicial. A esta, juntam-se todas as outras condicionantes que levam a que o produto
final, ou seja, o objecto artístico, seja resultado da relação de todas as partes de um
percurso realizado pelo autor. No prefácio do livro "Redes da criação: construção da
obra de arte", Jean-Claude Bernardet resume esta situação:
" A obra que chega ao público não é considerada como uma completude necessária que resulta da sua elaboração, mas como uma
possibilidade de um processo que não se completa nunca, mas pode se interromper (Cecília Salles, 2006)."
O que é necessário reter do processo de criação artística é que este é um processo
dinâmico, que necessita da interacção entre o autor enquanto individuo e o universo no
qual se insere. É um processo que não é exactamente definido, e que não se torna
concreto desde o momento da origem da ideia, mas susceptível de se alterar com
imprevistos e acasos. É também um processo gerador e aberto, que permite diversas
abordagens e centra em si vários caminhos possíveis de serem seguidos, fruto de várias
relações entre as partes constituintes do processo, pois tal como afirma Cecilia Almeida
Salles (Cecilia Salles, 2006), o processo de criação artística desenvolve-se em rede, na
qual todas as partes integrantes se influenciam mutuamente.
Qual é então a especificidade do processo de criação artística na rede de Internet? A
rede de Internet é um novo meio de comunicação e um novo espaço de criação, que para
muitos artistas se apresenta ainda como uma novidade, fruto da sua curta existência
temporal. É um espaço virtual, que representa uma realidade não fisica, com uma
determinada identidade cultural e social, decorrente das suas características de meio de
comunicação global:
"…o espaço internet constitui-se como uma nova realidade no campo cultural. Muitas das suas dinâmicas são um reflexo da
realidade offline, uma tradução para o mundo digital do que se passa no mundo analógico; mas, muitas outras dinâmicas surgem
como algo de novo, possibilitanto configurações até agora inexistentes, e possibilidades até agora só especuladas (Inês
Albuquerque e Ricardo Torres, 2006)".
A rede de Internet teve a sua origem num projecto militar, desenvolvido por Paul Baran,
nos E.U.A. na década de 60 do século passado. A intenção era criar uma rede de
comunicação segura em caso de ataque nuclear, que possibilitasse a troca de informação
entre diferentes computadores, independentemente das suas características, sistema
operativo ou localização geográfica.
A ideia por detrás do surgimento desta nova tecnologia de comunicação está relacionada
com a transmissão por comutação de pacotes, ou seja, uma transmissão de informação
textual, sonora ou visual através da divisão desta mesma informação num conjunto
identificado de pacotes que seriam enviados separadamente e depois reagrupados no
destino, apresentando-se a informação tal como havia sido enviada.
O modelo mais antigo de rede de comunicação é a ARPANET, que surgiu em 1969,
ligando quatro universidades dos E.U.A., o que quer dizer que a rede desenvolveu-se
inicialmente a partir da actividade académica e militar, tendo chegado ao que é hoje, à
Internet, apenas em 1995.
Mas para se compreender como a Internet se tornou um meio de comunicação tão
relevante nos dias de hoje, é necessário focar as diversas descobertas que permitiram à
rede ser o que é. Em 1973 inventou-se o que permite que qualquer computador
comunique entre si, apesar das suas características: o protocolo de comunicação, que
nada é mais do que um conjunto de regras de comunicação. Em 1978 criou-se o
protocolo TCP/IP, isto é, o conjunto de regras que permite a comunicação entre dois
computadores – TCP – e o protocolo de ligação entre redes – IP.
Igualmente no final da década de 70 foi inventado o modem, e em 1990 a World Wide
Web. Esta facilidade no contacto com a rede de Internet foi inventada na Europa, no
Centre Nacionale pour la Réserche Nucleaire. O que finalmente permitiu a divulgação
da rede de Intenet, foi a vulgarização da utilização do computador pessoal. Segundo
dados estatísticos, em Fevereiro de 2002 a Internet tinha cerca de 544 milhões de
utilizadores, no entanto espalhados de forma desigual pelos vários continentes.
Enquanto meio de comunicação, as principais características da rede são:
 A Internet existe através de conexões entre os seus vários elementos integrantes;
 Não é estática, está sempre num contínuo processo de construção quando qualquer informação é adicionada ou
retirada;
 É interactiva. A navegação pela World Wide Web implica uma comunicação, e em consequência uma interacção
entre computador, meio de comunicação e usuário;
 Necessita da utilização de uma interface (1) para a navegação;
 É um meio de comunicação imediato e de alcance global;
 Permite a interacção simultânea de usuários localizados em espaços geográficos distintos, em que o modelo de
comunicação é baseado em interesses comuns entre os vários usuários;
 A rede de Internet é dinâmica e o seu processo de comunicação pretende ser democrático e não hierárquico.
Também a arte de Internet, ou net.art precisa ser compreendida antes de se focar as
características particulares do seu processo de criação. A arte de Internet é uma nova
forma de expressão artística que se enquadra nas características sociais e culturais do
século XXI: a sociedade em rede e a cibercultura. Surgiu, segundo alguns críticos, entre
os anos de 1996 e 1997. O facto de ser uma forma de expressão artística radicada num
suporte que é um novo meio de comunicação abrangente, leva a que seja algo díficil
encontrar uma definição completa e totalmente correcta. No entanto, existe acordo entre
os vários investigadores ao definir-se a arte de Internet como uma nova forma de
expressão artística que é exclusivamente produzida para a rede, e com as ferramentas
disponibilizadas pela mesma, o que se traduz numa estética particular.
A arte de Internet está sempre dependente do uso do computador e da acessibilidade a
uma rede, só cumprindo a sua função no momento em que o usuário se conecta. As suas
principais características são:
 Interactividade;
 Natureza efémera;
 Caractér virtual e não material;
 Difusão pública;
 Multiplicidade de pontos de acesso à obra;
 Participação do usuário;
 Experiência imediata;
 Estética particular.
Assim sendo, conhecendo as principais caractareísticas da arte de Internet, assim como
o processo de criação artística de uma forma generalizada, podemos definir que as
principais diferenças no processo de criação artística na rede de Internet, são as
seguintes:
 Relação do autor com um novo espaço de criação da obra, que não é já um espaço físico mas sim virtual;
 Percepção e compreensão de um novo meio de produção e divulgação da obra, com linguagem simbólica
particular, assim como detentor de uma identidade cultural e social especifica, baseada no seu alcance global e na
interacção de multiplos usuários com localizações geográficas distintas;
 Produção da obra num novo material, não físico mas sim virtual, dependente da utilização do computador e de
softwares especificos.
Importa referir que hoje em dia o computador pessoal é já um equipamento de trabalho
de uso generalizado entre grande parte das populações activas das zonas desenvolvidas,
e esta características de "utilidade" que lhe é inerente é de certa forma algo contraditário
com relação aos meios, materiais e ferramentas de produção da dita arte tradicional (2).
Desta forma, aqui podemos definir uma outra característica relevante do processo de
criação artística na rede de Internet: o equipamento que permite a criação é um
equipamento utilitário e comum para qualquer individuo, sem ser de uso especifico do
artista. Isto é, o equipamento de criação da obra de arte de Internet – o computador –
revela em si mesmo uma relação estreita com o quotidiano (algo distinto do que existe
numa tela, num bloco de granito, numa folha de papel de aguarela). Uma relação similar
só poderemos talvez encontrar no desenho, ao ser utilizada uma folha de papel e um
lápis de carvão, que têm muitas outras utilidades quotidianas além do seu serviço ao
artista.
Resumindo então o processo de criação artística na rede de Internet concluimos que este
é um processo que deriva da rede de relações entre as necessidades e desejos pessoais
do artistas, entre a sua inserção e interacção num tempo histórico, numa sociedade e
numa cultura distintas. Ao mesmo tempo, este processo advém de uma relação com um
novo espaço de criação, que não é mais físico, mas sim virtual e com uma identidade
social e cultural especificas; da percepção e compreensão de um novo meio de produção
com uma linguagem simbolica que necessita de aprendizagem e com um novo material
de criação, também ele virtual, e que necessita sempre da mediação do computador. As
várias decisões que conduzem à realização da obra verificam-se em contextos algo
diferentes dos que se apresentam em outras formas de arte, e a própria virtualidade do
meio conduz a uma estética particular, assim como a uma nova noção de autor, obra e
observador.
No que se refere às novas funções de autor, obra e observador, estas podem ser
ponderadas na sua relação com o processo de criação artística para a arte de Internet. O
autor, ou artista, já não é mais o individuo que cria, sozinho, uma obra de arte única e
exclusiva. Na contemporaneidade o autor cria e apresenta um objecto artístico, sem
dúvida fruto de um processo de criação como já enunciado neste artigo, que é um
objecto sujeito à participação de outros autores ou inclusive dos observadores. No seu
processo de decisão com relação à produção da obra, há um momento preciso em que o
artista decide deixar a sua obra por finalizar, proporcionando assim uma nova situação
quer para a obra, quer para o usuário/observador.
O usuário então deixa de ser um sujeito passivo face à obra, para passar a ter uma
fruição activa, na qual se insere a possibilidade de agir sobre o trabalho do autor. A
multiplicidade de usuários que podem agir sobre o objecto artístico criado pelo artista,
possibilitam inúmeras interpretações do mesmo, e assim, inúmeros caminhos
diversificados a partir de um trabalho que foi pensado num primeiro momento pelo
artista, e depois sujeito a todo um processo de criação.
Esta acção realizada pelo usuário/observador, passa pela interacção com a rede e com a
obra de arte criada e disponibilizada na Internet. Assim sendo, encontramos aqui um
novo espaço para a obra.
A obra de arte de Internet apresenta-se como uma nova forma de obra. Completamente
afastada da arte tradicional pela ausência de materialidade, pode-se reflectir num
primeiro momento que a obra, enquanto reflexo do pensamento artístico, existe hoje
num ambiente de virtualidade. Nesta existência virtual, a obra de arte pode ser, antes de
mais, considerada uma obra-aberta, no sentido em que não é apresentada na sua versão
finalizada por parte da artista, mas permite que a finalização seja realizada por um
conjunto de co-autores, que na maior parte dos casos são os usuários da rede de Internet,
ou seja, os vulgares observadores. Da mesma forma, ao apresentar-se como aberta,
permite uma multiplicidade de interpretações, tal como já foi referido no parágrafo
destinado ao papel do observador.
Nesta multiplicidade de interpretações, e de interacções, a obra de arte deixa de ser
obra-objecto, para se tornar obra-processo. Pode-se definir na actualidade a obra de arte
existente na Internet como obra-processo porque a realidade da obra reside hoje no
preciso momento em que o usuário/observador, a partir do trabalho realizado pelo
artista, e utilizando as interfaces que estão disponiveis no computador, interage com o
objecto artístico na sua forma inicial, modificando-o, completando-o, e desta forma
criando a obra. Esta é uma obra não material e efémera, em constante mutação e
movimento, um reflexo da realidade social e cultural dos dias de hoje.
Tentando finalizar a definição do processo de criação artística na rede de Internet,
depois de analisado o processo de criação artística de uma forma generalizada, e as suas
especificidades no âmbito da rede, assim como as alterações existentes ao nivel das
funções de artista, observador e obra, é necessário denotar que todo o processo de
criação na rede e na arte de Internet, visa sempre o usuário enquanto elemento
fundamental. Não na sua qualidade de fuidor, mas na sua qualidade de elemento activo.
Se entendemos que a rede de Internet e a arte de Internet têm como característica
fundamental a interactividade, entende-se também que o trabalho do artista prima por
interpretar e incluir esta característica, dando assim origem a uma preocupação
constante com o usuário/observador.
Conclui-se então que o processo de criação artística é de extremo interesse para a
compreensão da arte que é criada em cada momento histórico, e mais ainda na
contemporaneidade, com a adopção de linguagens artísticas baseadas na utilização das
novas tecnologias. Compreender como se cria para um determinado meio ou suporte de
divulgação ou comunicação artística, é uma garantia de se compreender um pouco
melhor a arte actual, e desta forma, interpretando a arte como uma forma de conhecer o
mundo, compreender um pouco melhor o mundo, a sociedade e a cultura em que
estamos inseridos. O papel do autor é essencial, mas hoje em dia também o nosso papel
de usuário, observador ou fruidor é igualmente importante.
Bibliografia:
 ALBUQUERQUE, Inês e TORRES, Ricardo, 2006, A Rede de Internet: espaço de
identidade cultural e social no âmbito do processo artístico,em I Congresso
Internacional de Design, Arte e Novas Tecnologias: Caminhos, Intercâmbios e
Fronteiras, ISCE, Lisboa – http://design2006.cidae.net/pt/
 CARDOSO, Gustavo, 2005, A Sociedade em Rede em Portugal, Porto, Campo das
Letras
 CASTELLS, Manuel, 2002, Sociedade em rede, Volt. I, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian
 DOMINGUES, Diana, 1997, A Arte no século XXI: A Humanização das
Tecnologias, São Paulo, Editora Unesp
 GREENE, Rachel, 2004, Internet Art, London, Thames & Hudson
 LÉVY, Pierre, 1997, Cibercultura, Lisboa, Instituto Piaget
 MANOVICH, Lev, 2005, El lenguaje de los nuevos medios de comunicación,
Barcelona, Paidós Comunicación
 SALLES, Cecilia Almeida, 2006, Redes da criação: construção da obra de arte, São
Paulo, Editora Horizonte
 SANTAELLA, Lúcia, 2003, Cultura das Mídias, São Paulo, Experimento
[ 1] Por interface entende-se um elemento de mediação da comunicação entre homem
e máquina, e neste caso especifico entre homem, computador e rede de Internet. O
interface pode ser físico ou não, como um rato ou a tela de um computador.
[2] Pensando na arte tradicional como aquela que é realizada a partir de materiais
analógicos, e que não depende de um suporte de divulgação especifico como a rede de
Internet: pintura, escultura, fotografia, gravura, etc.

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Arte e comunicacao

  • 1. Arte e comunicação O processo de criação artística na rede de Internet Resumo: A arte é uma forma de comunicação. Sempre foi e sempre será. Neste âmbito, a relação entre arte e comunicação poderá ser estudada de muitas formas, mas uma das que se caracteriza como de grande relevância, e em especifico na relação actual da arte com as novas tecnologias, é o processo de criação artística. Mais ainda se este processo for estudado em relação com a rede de Internet, e é isto o que se pretende desmistificar com este artigo: entender o processo de criação artística numa forma generalizada, e apresentar as diferenças no que respeita à criação artística no contexto da rede de Internet, e em especifico na arte de Internet. Existe uma estreita ligação entre arte e comunicação. Se ponderarmos a função da arte ao longo dos tempos, e se nos remetermos ao ínicio da expressão artística (e ao ínicio do próprio homem), com a Arte Rupestre, conseguimos compreender que esta sempre foi um dos principais elementos da comunicação humana. Assumindo a arte como comunicação, é necessário definir o que se entende por comunicação. Por comunicação entende-se o acto de comunicar, de participar, de partilhar informação. Já a palavra (ou verbo) comunicar vem do latim communicare e da mesma forma significa participar, informar, ou estar em comunicação. Assim sendo, para entender o que é a comunicação é fundamental compreender como esta comunicação se processa. Para que exista um processo de comunicação é necessário termos um emissor, um receptor, uma mensagem e um meio ou suporte de divulgação desta mesma mensagem. No caso da arte, assumimos como emissor o autor, como receptor o observador/fruidor, como mensagem a obra, e como meio ou suporte a forma na qual a obra é produzida. No entanto, esta comunicação só existe se emissor e receptor partilharem o código através do qual a mensagem é disponibilizada, o que neste caso quer dizer que só existe comunicação se emissor e receptor compreenderem a linguagem da obra de arte. Remetendo-nos ainda ao campo da arte, podemos considerar que a comunicação artística é uma forma de comunicação de massas. Isto é, o artista (neste caso o emissor), não dirige a sua mensagem a um individuo em especifico, mas sim a vários individuos, o que faz com que de certa forma esta seja uma comunicação anónima. É então desta forma que se pode enunciar o processo de comunicação artística. Mas há outro processo de comunicação, talvez mais dificil de analisar mas igualmente de grande importância, que é o processo de criação artistica, o processo de criação da obra de arte, em que o autor comunica consigo próprio e com tudo o que o rodeia, com o meio cultural e social no qual se insere para justificar a sua produção. Antes de tentarmos focar o que poderá ser o processo de criação artística na arte de Internet, é necessário compreender o mesmo de uma forma generalizada. A discussão sobre o processo de criação artística não é nova. Já em 1998, Cecília Almeida Salles propõe uma abordagem a esta questão no seu livro "Gesto Inacabado: processo de criação artística". Possivelmente já alguns pesquisadores e autores teriam tratado o tema anteriormente, mas na realidade deparamo-nos com uma lacuna no que respeita à compreensão do processo de criação da obra por parte do autor. Sem querer menosprezar a singularidade e a particularidade deste processo, muitas vezes incompreendido por se defender ainda o misticismo da inspiração como ponto fulcral, é importante que se compreenda que todo e qualquer processo de criação artística é, antes de mais, um reflexo de uma rede de influências sociais e culturais, assim como fruto de um esquema mais ou menos linear, que se compõem da seguinte forma:  Existência de necessidades e desejos pessoais (que se remete à já falada inspiração);
  • 2.  Inserção do autor num tempo histórico, assim como no seu próprio tempo pessoal;  Inserção do autor numa sociedade e numa cultura especificas;  Interacção com o tempo histórico, com a sociedade e com a cultura;  Relação com o espaço físico de criação da obra, sendo este material ou não material;  Percepção e compreensão de si mesmo e do que o rodeia;  Contacto com o material escolhido para a criação da obra;  Decisão sobre os caminhos a seguir ao longo de cada etapa do processo. Pensando nos vários pontos que podem constituir o processo de criação artística, é de certa forma notório que o resultado final da obra não se define de início. O autor, a partir de uma necessidade ou desejo pessoal, manifesta uma vontade de realizar um determinado trabalho, mas cujo resultado final não é determinado desde logo pela ideia inicial. A esta, juntam-se todas as outras condicionantes que levam a que o produto final, ou seja, o objecto artístico, seja resultado da relação de todas as partes de um percurso realizado pelo autor. No prefácio do livro "Redes da criação: construção da obra de arte", Jean-Claude Bernardet resume esta situação: " A obra que chega ao público não é considerada como uma completude necessária que resulta da sua elaboração, mas como uma possibilidade de um processo que não se completa nunca, mas pode se interromper (Cecília Salles, 2006)." O que é necessário reter do processo de criação artística é que este é um processo dinâmico, que necessita da interacção entre o autor enquanto individuo e o universo no qual se insere. É um processo que não é exactamente definido, e que não se torna concreto desde o momento da origem da ideia, mas susceptível de se alterar com imprevistos e acasos. É também um processo gerador e aberto, que permite diversas abordagens e centra em si vários caminhos possíveis de serem seguidos, fruto de várias relações entre as partes constituintes do processo, pois tal como afirma Cecilia Almeida Salles (Cecilia Salles, 2006), o processo de criação artística desenvolve-se em rede, na qual todas as partes integrantes se influenciam mutuamente. Qual é então a especificidade do processo de criação artística na rede de Internet? A rede de Internet é um novo meio de comunicação e um novo espaço de criação, que para muitos artistas se apresenta ainda como uma novidade, fruto da sua curta existência temporal. É um espaço virtual, que representa uma realidade não fisica, com uma determinada identidade cultural e social, decorrente das suas características de meio de comunicação global: "…o espaço internet constitui-se como uma nova realidade no campo cultural. Muitas das suas dinâmicas são um reflexo da realidade offline, uma tradução para o mundo digital do que se passa no mundo analógico; mas, muitas outras dinâmicas surgem como algo de novo, possibilitanto configurações até agora inexistentes, e possibilidades até agora só especuladas (Inês Albuquerque e Ricardo Torres, 2006)". A rede de Internet teve a sua origem num projecto militar, desenvolvido por Paul Baran, nos E.U.A. na década de 60 do século passado. A intenção era criar uma rede de comunicação segura em caso de ataque nuclear, que possibilitasse a troca de informação
  • 3. entre diferentes computadores, independentemente das suas características, sistema operativo ou localização geográfica. A ideia por detrás do surgimento desta nova tecnologia de comunicação está relacionada com a transmissão por comutação de pacotes, ou seja, uma transmissão de informação textual, sonora ou visual através da divisão desta mesma informação num conjunto identificado de pacotes que seriam enviados separadamente e depois reagrupados no destino, apresentando-se a informação tal como havia sido enviada. O modelo mais antigo de rede de comunicação é a ARPANET, que surgiu em 1969, ligando quatro universidades dos E.U.A., o que quer dizer que a rede desenvolveu-se inicialmente a partir da actividade académica e militar, tendo chegado ao que é hoje, à Internet, apenas em 1995. Mas para se compreender como a Internet se tornou um meio de comunicação tão relevante nos dias de hoje, é necessário focar as diversas descobertas que permitiram à rede ser o que é. Em 1973 inventou-se o que permite que qualquer computador comunique entre si, apesar das suas características: o protocolo de comunicação, que nada é mais do que um conjunto de regras de comunicação. Em 1978 criou-se o protocolo TCP/IP, isto é, o conjunto de regras que permite a comunicação entre dois computadores – TCP – e o protocolo de ligação entre redes – IP. Igualmente no final da década de 70 foi inventado o modem, e em 1990 a World Wide Web. Esta facilidade no contacto com a rede de Internet foi inventada na Europa, no Centre Nacionale pour la Réserche Nucleaire. O que finalmente permitiu a divulgação da rede de Intenet, foi a vulgarização da utilização do computador pessoal. Segundo dados estatísticos, em Fevereiro de 2002 a Internet tinha cerca de 544 milhões de utilizadores, no entanto espalhados de forma desigual pelos vários continentes. Enquanto meio de comunicação, as principais características da rede são:  A Internet existe através de conexões entre os seus vários elementos integrantes;  Não é estática, está sempre num contínuo processo de construção quando qualquer informação é adicionada ou retirada;  É interactiva. A navegação pela World Wide Web implica uma comunicação, e em consequência uma interacção entre computador, meio de comunicação e usuário;  Necessita da utilização de uma interface (1) para a navegação;  É um meio de comunicação imediato e de alcance global;  Permite a interacção simultânea de usuários localizados em espaços geográficos distintos, em que o modelo de comunicação é baseado em interesses comuns entre os vários usuários;  A rede de Internet é dinâmica e o seu processo de comunicação pretende ser democrático e não hierárquico. Também a arte de Internet, ou net.art precisa ser compreendida antes de se focar as características particulares do seu processo de criação. A arte de Internet é uma nova forma de expressão artística que se enquadra nas características sociais e culturais do século XXI: a sociedade em rede e a cibercultura. Surgiu, segundo alguns críticos, entre os anos de 1996 e 1997. O facto de ser uma forma de expressão artística radicada num suporte que é um novo meio de comunicação abrangente, leva a que seja algo díficil
  • 4. encontrar uma definição completa e totalmente correcta. No entanto, existe acordo entre os vários investigadores ao definir-se a arte de Internet como uma nova forma de expressão artística que é exclusivamente produzida para a rede, e com as ferramentas disponibilizadas pela mesma, o que se traduz numa estética particular. A arte de Internet está sempre dependente do uso do computador e da acessibilidade a uma rede, só cumprindo a sua função no momento em que o usuário se conecta. As suas principais características são:  Interactividade;  Natureza efémera;  Caractér virtual e não material;  Difusão pública;  Multiplicidade de pontos de acesso à obra;  Participação do usuário;  Experiência imediata;  Estética particular. Assim sendo, conhecendo as principais caractareísticas da arte de Internet, assim como o processo de criação artística de uma forma generalizada, podemos definir que as principais diferenças no processo de criação artística na rede de Internet, são as seguintes:  Relação do autor com um novo espaço de criação da obra, que não é já um espaço físico mas sim virtual;  Percepção e compreensão de um novo meio de produção e divulgação da obra, com linguagem simbólica particular, assim como detentor de uma identidade cultural e social especifica, baseada no seu alcance global e na interacção de multiplos usuários com localizações geográficas distintas;  Produção da obra num novo material, não físico mas sim virtual, dependente da utilização do computador e de softwares especificos. Importa referir que hoje em dia o computador pessoal é já um equipamento de trabalho de uso generalizado entre grande parte das populações activas das zonas desenvolvidas, e esta características de "utilidade" que lhe é inerente é de certa forma algo contraditário com relação aos meios, materiais e ferramentas de produção da dita arte tradicional (2). Desta forma, aqui podemos definir uma outra característica relevante do processo de criação artística na rede de Internet: o equipamento que permite a criação é um equipamento utilitário e comum para qualquer individuo, sem ser de uso especifico do artista. Isto é, o equipamento de criação da obra de arte de Internet – o computador – revela em si mesmo uma relação estreita com o quotidiano (algo distinto do que existe numa tela, num bloco de granito, numa folha de papel de aguarela). Uma relação similar só poderemos talvez encontrar no desenho, ao ser utilizada uma folha de papel e um lápis de carvão, que têm muitas outras utilidades quotidianas além do seu serviço ao artista. Resumindo então o processo de criação artística na rede de Internet concluimos que este é um processo que deriva da rede de relações entre as necessidades e desejos pessoais
  • 5. do artistas, entre a sua inserção e interacção num tempo histórico, numa sociedade e numa cultura distintas. Ao mesmo tempo, este processo advém de uma relação com um novo espaço de criação, que não é mais físico, mas sim virtual e com uma identidade social e cultural especificas; da percepção e compreensão de um novo meio de produção com uma linguagem simbolica que necessita de aprendizagem e com um novo material de criação, também ele virtual, e que necessita sempre da mediação do computador. As várias decisões que conduzem à realização da obra verificam-se em contextos algo diferentes dos que se apresentam em outras formas de arte, e a própria virtualidade do meio conduz a uma estética particular, assim como a uma nova noção de autor, obra e observador. No que se refere às novas funções de autor, obra e observador, estas podem ser ponderadas na sua relação com o processo de criação artística para a arte de Internet. O autor, ou artista, já não é mais o individuo que cria, sozinho, uma obra de arte única e exclusiva. Na contemporaneidade o autor cria e apresenta um objecto artístico, sem dúvida fruto de um processo de criação como já enunciado neste artigo, que é um objecto sujeito à participação de outros autores ou inclusive dos observadores. No seu processo de decisão com relação à produção da obra, há um momento preciso em que o artista decide deixar a sua obra por finalizar, proporcionando assim uma nova situação quer para a obra, quer para o usuário/observador. O usuário então deixa de ser um sujeito passivo face à obra, para passar a ter uma fruição activa, na qual se insere a possibilidade de agir sobre o trabalho do autor. A multiplicidade de usuários que podem agir sobre o objecto artístico criado pelo artista, possibilitam inúmeras interpretações do mesmo, e assim, inúmeros caminhos diversificados a partir de um trabalho que foi pensado num primeiro momento pelo artista, e depois sujeito a todo um processo de criação. Esta acção realizada pelo usuário/observador, passa pela interacção com a rede e com a obra de arte criada e disponibilizada na Internet. Assim sendo, encontramos aqui um novo espaço para a obra. A obra de arte de Internet apresenta-se como uma nova forma de obra. Completamente afastada da arte tradicional pela ausência de materialidade, pode-se reflectir num primeiro momento que a obra, enquanto reflexo do pensamento artístico, existe hoje num ambiente de virtualidade. Nesta existência virtual, a obra de arte pode ser, antes de mais, considerada uma obra-aberta, no sentido em que não é apresentada na sua versão finalizada por parte da artista, mas permite que a finalização seja realizada por um conjunto de co-autores, que na maior parte dos casos são os usuários da rede de Internet, ou seja, os vulgares observadores. Da mesma forma, ao apresentar-se como aberta, permite uma multiplicidade de interpretações, tal como já foi referido no parágrafo destinado ao papel do observador. Nesta multiplicidade de interpretações, e de interacções, a obra de arte deixa de ser obra-objecto, para se tornar obra-processo. Pode-se definir na actualidade a obra de arte existente na Internet como obra-processo porque a realidade da obra reside hoje no preciso momento em que o usuário/observador, a partir do trabalho realizado pelo artista, e utilizando as interfaces que estão disponiveis no computador, interage com o objecto artístico na sua forma inicial, modificando-o, completando-o, e desta forma criando a obra. Esta é uma obra não material e efémera, em constante mutação e
  • 6. movimento, um reflexo da realidade social e cultural dos dias de hoje. Tentando finalizar a definição do processo de criação artística na rede de Internet, depois de analisado o processo de criação artística de uma forma generalizada, e as suas especificidades no âmbito da rede, assim como as alterações existentes ao nivel das funções de artista, observador e obra, é necessário denotar que todo o processo de criação na rede e na arte de Internet, visa sempre o usuário enquanto elemento fundamental. Não na sua qualidade de fuidor, mas na sua qualidade de elemento activo. Se entendemos que a rede de Internet e a arte de Internet têm como característica fundamental a interactividade, entende-se também que o trabalho do artista prima por interpretar e incluir esta característica, dando assim origem a uma preocupação constante com o usuário/observador. Conclui-se então que o processo de criação artística é de extremo interesse para a compreensão da arte que é criada em cada momento histórico, e mais ainda na contemporaneidade, com a adopção de linguagens artísticas baseadas na utilização das novas tecnologias. Compreender como se cria para um determinado meio ou suporte de divulgação ou comunicação artística, é uma garantia de se compreender um pouco melhor a arte actual, e desta forma, interpretando a arte como uma forma de conhecer o mundo, compreender um pouco melhor o mundo, a sociedade e a cultura em que estamos inseridos. O papel do autor é essencial, mas hoje em dia também o nosso papel de usuário, observador ou fruidor é igualmente importante. Bibliografia:  ALBUQUERQUE, Inês e TORRES, Ricardo, 2006, A Rede de Internet: espaço de identidade cultural e social no âmbito do processo artístico,em I Congresso Internacional de Design, Arte e Novas Tecnologias: Caminhos, Intercâmbios e Fronteiras, ISCE, Lisboa – http://design2006.cidae.net/pt/  CARDOSO, Gustavo, 2005, A Sociedade em Rede em Portugal, Porto, Campo das Letras  CASTELLS, Manuel, 2002, Sociedade em rede, Volt. I, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian  DOMINGUES, Diana, 1997, A Arte no século XXI: A Humanização das Tecnologias, São Paulo, Editora Unesp  GREENE, Rachel, 2004, Internet Art, London, Thames & Hudson  LÉVY, Pierre, 1997, Cibercultura, Lisboa, Instituto Piaget  MANOVICH, Lev, 2005, El lenguaje de los nuevos medios de comunicación, Barcelona, Paidós Comunicación  SALLES, Cecilia Almeida, 2006, Redes da criação: construção da obra de arte, São Paulo, Editora Horizonte
  • 7.  SANTAELLA, Lúcia, 2003, Cultura das Mídias, São Paulo, Experimento [ 1] Por interface entende-se um elemento de mediação da comunicação entre homem e máquina, e neste caso especifico entre homem, computador e rede de Internet. O interface pode ser físico ou não, como um rato ou a tela de um computador. [2] Pensando na arte tradicional como aquela que é realizada a partir de materiais analógicos, e que não depende de um suporte de divulgação especifico como a rede de Internet: pintura, escultura, fotografia, gravura, etc.