2. Psicopatologia no trabalho: fontes do desgaste mental
originadas na situação de trabalho e no contexto
• 1- AMBIENTE FÍSICO,QUIMICO E BIOLÓGICO NO LOCAL DE TRABALHO
• 2-ASPECTOS ORGANIZACIONAIS : moldam as exigências, o trabalho prescrito e os
modos de controle. Princípios, valores norteadores.Políticas e práticas/técnicas na
gestão em geral e, em especial, na de pessoas. Aspectos referidos ao poder (seus
detentores e seus fluxos. CARACTERÍSTICAS DE GESTÃO.) e aspectos
temporais.(tempos de trabalho e de não trabalho/descanso). Vínculos contratuais
sólidos/precários (subcontratação; trabalho temporário; etc). Autonomia
real/”autonomia controlada”.Politica salarial.
• 3-RELAÇÕES INTERHIERÁRQUICAS E INTERPESSOAIS. RUPTURAS: CONFIANÇA/ LAÇOS
AFETIVOS. COOPERAÇÃO, SOLIDARIEDADE / RESPEITO À DIGNIDADE
/RECONHECIMENTO PREDOMÍNIO : DESCONFIANÇA/ COMPETIÇÃO
ACIRRADA/HUMILHAÇÃO/ AMEAÇA/ INDIVIDUALISMO E ISOLAMENTO
3. Psicopatologia no trabalho: fontes do desgaste mental
originadas na situação de trabalho e no contexto
• 4-TRABALHO PERIGOSO POR SUA NATUREZA OU CONDIÇÕES / EXPOSIÇÃO `Á
VIOLENCIA.
• 5-TRABALHO “SUJO” ; REPUGNANTE : lidar com lixo, cadáveres; dejetos em geral.
• 6-ACIDENTE DE TRABALHO OU OUTRA PATOLOGIA VINCULADA AO TRABALHO
• 7-RESSONÂNCIAS PSÌQUICAS DO CONTEXTO POLITICO,SOCIAL, CULTURA E
ECONOMICO. PERCEPÇÃO DA PRÓPRIA SITUAÇÃO ANTE OS VALORES DOMINANTES E
O MERCADO DE TRABALHO
• 8- RESSONÂNCIAS DA INTERFACE FAMILIA/TRABALHO
4. VISÕES EM SAÚDE MENTAL RELACIONADA AO
TRABALHO (SMRT)
• 1 –ESTRESSE - Centrada no organismo – psicofisiologia alterada pelos estressores -No work-stress
, são considerados os estressores de tipo psicossocial do ambiente de trabalho e o
comportamento da pessoa.
• Metodologia de pesquisa: – Predominantemente quantitativa
• Contribuições importantes : para estudo da prevalência relativa ao adoecimento psicossomático :
hipertensão arterial ; doença coronariana (enfarte) e outras patologias processadas na via
psicossomática. .Mas em geral não associam o adoecimento às pressões organizacionais., centrando-
se na história de saúde e comportamento pessoal , nos aspectos orgânicos , e na personalidade do
trabalhador.
• Adoção pelas em,presas : Abordagem predominante nas áreas de RH e programas de Q.V>/QVT
das empresas. Em geral de forma reducionista, centram a questão de SMTR no comportamento e
na “adaptação” do trabalhador ao estresse
• - sem considerar as relações de poder, pressões de chefia , a organização do trabalho nem as
formas de comunicação.
• - sem considerar os valores nem os sentimentos de quem trabalha. Isto é, desconhece a
subjetividade e a dinâmica psicoafetiva.
• -desconsidera o contexto político e social , as mudanças da economia que impactam nas
estruturas das organizações (empresas) e transformações do mercado de trabalho
• Facilita elaboração de estatísticas sobre sintomas, diagnósticos médicos e comportamentos ,
levando análises que tornam invisíveis os Estressores sociais (do contexto) e os organizacionais
bem como a dinâmica emocional (como a situação de trabalho gera medo, desconfiança.
insegurança,ansiedade)
5. VISÕES EM SMRT (2)
• 2 – PSICODINÂMICA DO TRABALHO (PDT) E OUTRAS PERSPECTIVAS
PSICANALÍTICAS.
• Enfoque de psicologia dinâmica –abordagem compreensiva dos processos
psíquicos e relacionamentos interpessoais mobilizados nas situações de trabalho.
Examina a subjetividade, focando a dinâmica psicoafetiva e a
intersubjetiva nas situações de trabalho.
• Metodologia de pesquisa : bàsicamente qualitativa ,centrada na escuta .
• Muito valioso no estudo do que dilacera a confiança e gera solidão no trabalho
contemporâneo.
• Examina o que origina o sofrimento mental relacionado ao trabalho; poucos
estudos sobre formas de adoecimento mental.
• Voltada ao âmbito microssocial.
• A PDT estuda mecanismos de defesa psicológica socialmente articulados
no nível coletivo de um ambiente de trabalho.E uma “ideologia coletiva”(Dejours)
que impede a conscientização dos perigos presentes no trabalho.
• Mantém interface (complementaridade) com a ergonomia situada.
• Em geral não enfoca o nível “macro” em suas repercussões sobre o microssocial e
o individual. (Exceções em estudos realizados na Inglaterra
(Lawrence;Gordon;Young) e, mais recentemente, em estudos da PDT (Brasil e
França).
6. VISÕES EM SMRT (3) DESGASTE MENTAL
• CONCEITO - DESGASTE COMO PERDA EFETIVA OU POTENCIAL ,ORGÂNICA OU
PSÍQUICA – no conceito formulado por Asa Cristina Laurell (1989). Inclui também
as idéias de deformação ; consumo (corpo e vitalidade consumidos) e de
corrosão (do caráter)
• Enfoque baseado no materialismo histórico: o ser humano trabalhador
usado como insumo /instrumento no processo de produção, no qual é
explorado e consumido Consumo do trabalhador através do desgaste
em que ocorre processo de perda de sua saúde.
• Considera o confronto das forças políticas ,sociais e econômicas que geram a
dominação e as resistências dos trabalhadores. Estuda as perdas literais ( orgânicas)
, o cansaço e os processos de dominação que vulnerabilizam a subjetividade
levando a diferentes transtornos psíquicos.
• Analisa as perdas simbólicas : impostas à identidade e à esperança no trabalho
dominado e na instabilidade ocasionada pela precarização. Perda do sentido
social do trabalho. Perda de si mesmo como ser social.
• Estuda aspectos macro e micropoliticos que acionam e atuam na mediação do
adoecimentos e das resistências. Relações de poder são analisadas em seus
entrelaçamentos, com a dinâmica psicossocial e a subjetiva.
7. DESGASTE MENTAL (cont.)
• ARTICULA E INTEGRA AS OUTRAS VISÕES TEÓRICAS :
• a) estresse visto como esclarecedor do desgaste orgânico ; b) Psicodinâmica do Trabalho
explicando o desgaste subjetivo e o dilaceramento dos relacionamentos entre companheiros.
c) Clinica da atividade (Y.Clot) : Impedimentos externos (imposições organizacionais ou
outras) ao agir autêntico no qual o ser se manifesta livre e plenamente.
• CONTEXTUALIZA O ESTUDO DOS PROCESSOS PSICOPATOLÓGICOS RELACIONADOS
AO TRABALHO . Por ex: a psicopatologia da violência no trabalho contextualizada no
âmbito político e economico que molda a precarização social e do trabalho.
• ESTUDA FUNDAMENTALMENTE PROCESSOS - embora possa examinar também fatores ao
estudar as dinâmicas psíquicas e sociais.
• ANALISA resistência coletiva e movimentos sociais voltados aos direitos humanos e ao
trabalho digno.
• VALORIZA A PESQUISA/AÇÃO.
• CONDUZ À PROPOSTA DE UMA CLÍNICA CONTEXTUALIZADA
8. Constituição da subjetividade/ relação
com a ética
A subjetividade é constituída ao longo das
experiências sociais de cada ser humano.
Modo de subjetivação: “forma predominante
como somos conduzidos a nos tornarmos
sujeitos de nossos atos pela incitação, imposição
ou convencimento com relação aos valores e
verdades dominantes em um determinado
tempo e em um determinado contexto” (Nardi,
apud. Foucault).
9. Ideologia da excelência e psicopatologia
no trabalho - algumas constatações
1. Quando sobrevem a exaustão associada à
frustração: esgotamento profissional
(Burnout).
2. Quando sobrevem a vivência de fracasso:
facilita desencadeamento de episódio
depressivo. Ex.: perda de cargo ou função após
reestruturação organizacional ou mudança
tecnológica.
10. Ideologia da excelência e psicopatologia
no trabalho - algumas constatações
3. Nos cortes de pessoal que visam “empresas enxutas”:
3.1. Perda do emprego ou rompimento dos laços com
companheiros demitidos podem desencadear
depressões.
3.2. Sobrecarga de trabalho dos remanescentes associada
ao temor do desemprego incrementam fadiga e
ansiedade propiciando burnout.
11. Ideologia da excelência e psicopatologia no
trabalho - algumas constatações
4. As práticas organizacionais competitivas que geram humilhação
também podem levar à eclosão de depressão (especialmente
quando a humilhação é reiterada, como no caso do assédio moral).
5. Na busca de aguentar o sofrimento mental (anestesiar, relaxar ou
compensar) ou de desinibir: adesão ao álcool ou a outras drogas
(adição e dependência).
12. Ideologia da excelência e psicopatologia no
trabalho - algumas constatações
6. Redução dos investimentos e cuidados referentes à
prevenção : resulta em incidentes graves ou em
acidentes com ameaça à vida ou com vítimas reais.
Estresse pós- traumático (exemplo: controladores de
vôo e pilotos; outros controladores e condutores da
área de transportes).
13. Lista de transtornos mentais e do
comportamento relacionados ao trabalho
Portaria 1339/99 e anexo II do Decreto 3048/99
Demência em outras doenças específicas
classificadas em outros locais (F02.8)
Delirium, não-sobreposto à demência, como
descrita (F05.0)
Transtorno cognitivo leve (F06.7)
Transtorno orgânico de personalidade (F07.0)
14. Lista de transtornos mentais e do
comportamento relacionados ao trabalho
Portaria 1339/99 e anexo II do Decreto 3048/99
Transtorno mental orgânico ou sintomático
não especificado (F09.-)
Alcoolismo crônico (relacionado ao trabalho)
(F10.2)
Episódios depressivos (F32.-)
Estado de estresse pós-traumático (F43.1) e
o trauma secundário
15. Lista de transtornos mentais e do
comportamento relacionados ao trabalho
Portaria 1339/99 e anexo II do Decreto 3048/99
Neurastenia (inclui síndrome da fadiga) (F48.0)
Outros transtornos neuróticos especificados (inclui
neurose profissional) (F48.8)
Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores
não-orgânicos (F51.2)
Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out,
síndrome do esgotamento profissional) (Z73.0)
16. REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DOS
ACIDENTES DE TRABALHO
• Repercussões no indivíduo
• Repercussão nos familiares
• Repercussão na equipe/setor
• Repercussão na sociabilidade
(dinâmica psicossocial)
17. DESGASTE MENTAL E TRANSTORNOS
PSÍQUICOS E PSICOSSOMÁTICOS
• SOFRIMENTO MENTAL: SENTIMENTOS DE PERDA E FRACASSO.
IRRITABILIDADE; TRISTEZA; TEMORES E INSEGURANÇA QUANTO AO
FUTURO;RETRAIMENTO /VERGONHA ; LABILIDADE DE HUMOR; PERDA DE
AUTOCONFIANÇA; REBAIXAMENTO DA AUTOESTIMA. MÁGOA/
RESSENTIMENTO.
• TRANSTORNOS
• TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS –TRAUMÁTICO (TEPT) –F43.1 (CID)
• DEPRESSÕES –F 32
TRANSTORNO COGNITIVO LEVE (F06.7)
ALCOOLISMO CRÔNICO (F10.2)
DISTÚRBIOS DO SONO
• DISTÚRBIOS PSICOSSOMÁTICOS – GASTRITE NERVOSA / HIPERTENSÃO /
DORES DE CABEÇA/ “DISTONIA NEUROVEGETATIVA” /
18. DESGASTE E SOFRIMENTO PSÍQUICO.
O QUE AGRAVA
• PERDAS FÍSICAS (MUTILAÇÕES).
• DOR CRÔNICA
• A DOR PSÍQUICA ADVINDA DO SENTIMENTO DE INJUSTIÇA ANTE:
a) CULPABILIZAÇÃO E NÃO RECONHECIMENTO DOS PROCESSOS CAUSAIS QUE
ARTICULAM FATORES AMBIENTAIS E ORGANIZACIONAIS .
b) DIFICULDADES DE ACESSO À JUSTIÇA
c) OBSTÁCULOS AO TRATAMENTO , À REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E PROFISSIONAL.
d)PERCEPÇÃO DO EMPOBRECIMENTO FAMILIAR E DAS RUPTURAS DE PROJETOS
VOLTADOS AO FUTURO (EDUCAÇÃO DOS FILHOS,DESENVOLVIME TO
PROFISSIONAL; MELHORA DESITUAÇÃO ECONOMICAS; ETC.
• O DESAFIO ÀS POLITICAS PÚBLICAS E À JUSTIÇA: COMO
DIMINUIR O DESDOBRAMENTO E AGRAVAMENTO DOS
DANOS?