O documento discute o reconhecimento e tratamento de pacientes com choque séptico na sala de emergência, abordando os seguintes pontos: 1) definição de choque séptico e atualização dos critérios de diagnóstico; 2) avaliação hemodinâmica e identificação de disfunção orgânica; 3) tratamento inicial focado na erradicação da infecção, ressuscitação volêmica e uso de vasopressores.
4. O QUE É CHOQUE?
Choque é caracterizado por um quadro de
hipoperfusão tecidual sistêmico agudo devido a
uma incapacidade do sistema circulatório em
atender às demandas metabólicas, levando à
disfunções orgânicas
5. CONCEITOS IMPORTANTES
੦ PA = DC x RVS
੦ DC = VS x FC
੦ DO2 – oferta de oxigênio
੦ VO2 – consumo de oxigênio
੦ SvCO2 e SvO2
*CHOQUE ≠ HIPOTENSÃO
6. OFERTA VS. CONSUMO DE O2
VO
2
SvO2
Lactato
DO2
DO2 crítica
Dependência fisiológica
TEO2
Gap
CO
2
DO2: oferta de oxigênio; VO2: consumo de oxigênio; TEO2: taxa de extração de oxigênio;
SvO2: saturação venosa mista de oxigênio; Gap CO2: gradiente de pressão parcial de gás
carbônico da mucosa gástrica
7. Oferta de oxigênio
DO2 = Q x (Hb x SaO2 x 1.34 + (PaO2 x 0.003))
Hemoglobina Conteúdo de O2
dissolvido no plasma
Débito cardíaco Saturação arterial de oxigênio
9. COMO E O QUE MONITORIZAR?
Hemodinâmica macro e microcirculatória
10. UNIFESP | 2018
Você atendeu um paciente com 1 ano na sala de
emergência do pronto-socorro de Pediatria, recém-
admitido em choque séptico, que foi transferido
para a UTI. Você está preocupado com o
prognóstico do paciente e decide visitá-lo no final
do seu plantão, após 12 horas, para verificar como
ele se encontra. Nesse momento, qual indicador
sinalizaria pior desfecho clínico?
11. UNIFESP | 2018
pressão arterial média entre o percentil 5 e 50
saturação de O2 em gasometria venosa central
de 70%
hiperlactatemia persistente e sem melhora
saturação de O2 em gasometria arterial entre
90 e 95%
débito urinário de 1 mL/kg/h
A
B
C
D
E
12. UNIFESP | 2018
pressão arterial média entre o percentil 5 e 50
saturação de O2 em gasometria venosa central
de 70%
hiperlactatemia persistente e sem melhora
saturação de O2 em gasometria arterial entre
90 e 95%
débito urinário de 1 mL/kg/h
A
B
C
D
E
13.
14. #IMPORTANTE
O lactato tem valor prognóstico
Lembrar de outras causas de elevação de lactato
QUEDA DO LACTATO
16. CHOQUE HIPOVOLÊMICO
Hemorrágico x não hemorrágico
Causas
Hemorragias
Digestivas, rotura aórtica,
pancreatites hemorrágicas, fraturas
e traumas
Perda de líquidos Diarreia, vômitos e poliúria
Sequestro de líquidos Queimaduras, peritonites, colites
Drenagem de
transudatos
Ascite, hidrotórax
17.
18. #CAI NA PROVA
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO
Classe I Classe II Classe III Classe IV
Perda volêmica (%) < 15 15 a 30 30 a 40 > 40
Perda volêmica (mL) < 750 750 a 1.500 1.500 a 2.000 > 2.000
FC (bpm) < 100 > 100 > 120 > 140
PA
Sem
alterações
Sem
alterações
Hipotensão Hipotensão
Enchimento capilar
Sem
alterações
Reduzido Reduzido Reduzido
FR (irpm) < 20 20 a 30 30 a 40 > 35
Débito urinário (mL/h) > 30 20 a 30 5 a 20 Desprezível
Nível de consciência
Pouco
ansioso
Ansioso
Ansioso/
confuso
Confuso/
letárgico
20. REPOSIÇÃO VOLÊMICA
੦ APH
• ATLS® - 10 edition
੦ intra-hospitalar – tratamento definitivo
੦ acesso IV ou IO
21.
22. #CAI NA PROVA
੦ hipotensão
੦ acidose
੦ hipotermia
TRÍADE LETAL
23. COMO GUIAR A REANIMAÇÃO VOLÊMICA?
PPmáx: pressão de pulso máxima; e Ppmín: pressão de
pulso mínima
ΔPP% = 100 x (PPmáx – Ppmín)/[(Ppmáx + Ppmín)/2]
35. BALÃO INTRA-AÓRTICO – BIA
AORTA
O balão é desinsuflado
imediatamente antes da
próxima sístole
ventricular
NA SÍSTOLE
O balão é
insuflado no início
da diástole
NA DIÁSTOLE
48. UPDATE
DEFINIÇÃO
Infecção
simples
Sepse Sepse grave Choque séptico
Sepsis-2
≥2 critérios de SIRS:
੦ Febre / hipotermia
੦ Taquicardia
੦ Taquipneia
੦ Leucocitose /
leucopenia
Sepse mais:
੦ Disfunção orgânica
੦ ou Hipotensão
੦ ou Hipoperfusão
Hipotensão
refratária
Infecção simples Sepse Choque séptico
Sepsis-3
Infecção e disfunção
orgânica (pode incluir
੦ Hipotensão,
੦ Hiperlactatemia ou
੦ Vasopressor)
੦ Hipotensão
੦ Hiperlactatemia
੦ Vasopressor
49. qSOFA
SEPSIS: qSOFA SCORE
Alteração do estado
mental
ECG < 15
Taquipneia
FR ≥22
Hipotensão
PAS ≤100 mmhG
Não alto risco
Manejo conforme
indicação clínica
0 ou 1
ponto
2 ou 3
pontos
Alto risco de desfecho
desfavorável
Pesquisa por evidência
de disfunção
50. COMO IDENTIFICAR O PACIENTE SÉPTICO?
Infecção
Alteração do:
Sepsis-related
Organ
Failure
Assessment
≥2
PaO2 / FiO2
Escala de
coma de
Glasgow
Hipotensão ou
uso de
vasopressores
Bilirrubina
Creatinina,
oligúria
Plaquetas
51. Sistemas Escore 0 Escore 1 Escore 2 Escore 3 Escore 4
Respiração – PaO2/FiO2 ,
mmHg (kPa)
≥ 400 (53,3)
< 400
(53,3)
< 300 (40)
< 200 (26,7) com
suporte
ventilatório
< 100 (13,3) com
suporte
ventilatório
Coagulação – plaquetas x
103/μL
≥ 150 < 150 < 100 < 50 < 20
Hepático – bilirrubina,
mg/dL (μmol/L)
< 1,2 (20)
1,2 a 1,9
(20 a 32)
2 a 5,9
(33 a 101)
6 a 11,9
(120 a 204)
> 12 (204)
Cardiovascular
PAM ≥ 70
mmHg
PAM < 70
mmHg
Uso de
dopamina < 5
ou qualquer
dose de
dobutamina
Uso de dopamina
5,1 a 15 ou
adrenalina ≤ 0,1
ou noradrenalina
≤ 0,1
Uso de dopamina
> 15 ou adrenalina
> 0,1 ou
noradrenalina >
0,1
Sistema nervoso central –
escala de Glasgow
15 13 a 14 10 a 12 6 a 9 < 6
Renal – creatinina, mg/dL
(μmol/L)
Débito urinário (mL/d)
< 1,2
(110)
1,2 a 1,9
(110 a 170)
2 a 3,4
(171 a 299)
3,5 a 4,9
(300 a 440)
< 500
> 5
(440)
< 200
52. HEMODINÂMICA DA SEPSE
੦ interação complexa entre micro-organismo –
hospedeiro
੦ vasodilatação sistêmica → RVS
੦ DC → DC
53.
54. O alvo principal do tratamento ainda é a
erradicação da infecção. Utilização de antibióticos e
drenagem cirúrgica (quando indicada) são a pedra
fundamental no tratamento
55. 1. Mensuração do lactato. Nova
medida se inicial acima de 2
mmol/L
2. Obter hemoculturas antes da
administração de antibióticos
(idealmente)
3. Administrar antibióticos de
largo espectro
4. Administração imediata de
cristaloides se lactato > 4
mmol/L ou hipotensão
5. Vasopressores durante ou
após ressuscitação volêmica
se PAM < 65 mmHg
HOUR-1 BUNDLE
Ressuscitação inicial da sepse e choque séptico
Emergência
Médica
Iniciar pacote após
identificação
1
2
3
4
5
57. Choques Débito cardíaco
Resistência vascular
sistêmica
Hipovolêmico DC (inicial) → FC RVS
Cardiogênico DC (inicial) → FC RVS
Obstrutivo DC (final) → FC RVS
Distributivo FC → tentativa de DC RVS (inicial)
59. REFERÊNCIAS E CITAÇÕES
੦ MW, Montera et al. II Diretriz brasileira de insuficiência cardíaca aguda. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, v. 93, n. 3, supl. 3, p. 2-65, 2009
੦ NOBLE, Vicki E.; NELSON, Bret P. Manual of emergencyand critical care ultrasound.
S.l.: Cambridge University Press, 2011. Adaptado
੦ LELUBRE, Christophe; VINCENT, Jean-Louis. Mechanisms and treatment of organ
failure in sepsis. Nature Reviews Nephrology, v. 14, n. 7, p. 417-427, 2018
੦ 2019 the Society of Critical Care Medicine and the European Society of Intensive Care
Medicine - Surviving-Sepsis-Campaign-Hour-1-Bundle.pdf (sccm.org)
੦ ARMSTRONG, Bracken A.; BETZOLD, Richard D.; MAY, Addison K. Sepsis and septic
shock strategies. Surgical Clinics, v. 97, n. 6, p. 1339-1379,2017
੦ ASSUNCAO, Murillo Santucci Cesar de et al. Como escolher os alvos terapêuticos
para melhorar a perfusão tecidual no choque séptico. Einstein (São Paulo), v. 13, n. 3,
p. 441-447, 2015
੦ BEST, Michael W.; JABALEY, Craig S. Fluid Management in Septic Shock: a Review of
Physiology, Goal-DirectedTherapy, Fluid Dose, and Selection. Current Anesthesiology
Reports, v. 9, n. 2, p. 151-157,2019