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CARTILHA DE
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 1
Quando 2020 começou, ninguém esperava viver uma situação como a atual. Esta-
dos e munícipios em estado de emergência, pandemia mundial, obrigatoriedade
de isolamento social e os reflexos das medidas de enfrentamento na economia, na
política e na sociedade.
Toda esta situação tem grande potencial de afetar a saúde mental das pessoas,
aumentando os níveis de ansiedade, pois fatores desconhecidos e incertos fazem
com que todos se sintam inseguros, principalmente em casos como esse, de nível
mundial. Além disso, a pandemia nos impôs uma rotina totalmente nova, em que
tarefas cotidianas como pagar as contas, fazer compras e cuidar de dependentes
tornaram-se verdadeiros desafios.
E, no meio de tudo isso, nem sempre damos conta de nos mantermos funcionais,
produtivos e saudáveis, principalmente emocionalmente. Afinal, como cuidar
da nossa saúde mental em tempos de tantas incertezas? O que é
normal sentir, quando devo promover mudanças em minha rotina
ou procurar ajuda de um profissional?
Partindo do pressuposto da Psicologia da Saúde, na qual compreende-se saúde e
doença a partir da interação entre múltiplos fatores - biológicos, cognitivos, afetivos,
comportamentais e sociais, especialmente quando falamos em saúde mental -,
organizamos essa cartilha, com o objetivo de tentar ajudá-lo a entender os seus
sentimentos e como tentar responder tanto às suas necessidades psicossociais
quanto às de pessoas com as quais convive. O termo apoio psicossocial é usado
para descrever todo tipo de apoio cujo objetivo seja proteger ou promover o bem-
-estar psicossocial e/ou prevenir ou tratar algum transtorno mental.
Assim, este documento pretende apresentar ferramentas e instrumentos técnicos
e servir como um abraço cuidadoso neste momento tão delicado que vivemos.
PALAVRAS
INICIAIS
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Os primeiros
coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937 e descritos com
este nome por possuir uma coroa em seu perfil na microscopia. A maioria das pes-
soas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida.
O novo agente, denominado SARS-CoV-2, foi descoberto em 31 de dezembro de
2019, após casos registrados na China. Provoca a doença chamada Covid-19, a qual
apresenta um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas (cerca de 80%)
a casos que podem requerer atendimento hospitalar devido à dificuldade respira-
tória (cerca de 20%). Desses, cerca de 5% podem necessitar de suporte para o trata-
mento de insuficiência respiratória (suporte ventilatório), de acordo com a Organi-
zação Mundial de Saúde (OMS).
A OMS declarou, no dia 11 de março, que está em curso uma pandemia do novo
coronavírus, por ser uma doença infecciosa que vem afetando um grande número
de pessoas espalhadas pelo mundo.
Pandemias são mais prováveis com novos vírus, que conseguem se espalhar facilmen-
te e de forma sustentada por não haver defesas naturais ou medicamentos e vacinas
para proteção. A questão principal não é a gravidade da doença, mas o fator geográfi-
co, quando todas as pessoas no mundo correm risco quase que simultaneamente.
Por isso, o distanciamento social é a principal medida de contenção do vírus, numa
estratégia de controlar a curva de crescimento do contágio e, assim, poder cuidar
dos pacientes adequadamente. Quando muitas pessoas se contaminam ao
mesmo tempo, aumenta-se a necessidade de atendimento médico, causando uma
sobrecarga ou mesmo um colapso dos sistemas de saúde.
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 2
COVID-19
O Coronavirus é um “inimigo” que não
conseguimos enxergar. Está por aí, invisí-
vel, contaminando mais e mais pessoas ao
redor do mundo. E isso traz consequências
complicadas para todos, podendo, inclusive,
afetar nossa saúde mental, gerando pressão
psicológica e estresse, além de agravar transtornos
mentais preexistentes.
Porém, é importante saber que, numa situação como essa, é esperado que fique-
mos confusos, preocupados, em constante estado de alerta, com sensação de falta
de controle frente às incertezas do momento. Especialistas em Atenção Psicosso-
cial em Emergências e Desastres afirmam que nem todas as manifestações psico-
lógicas e disfunções sociais apresentadas num momento como esse são qualifica-
das como doenças. A maioria é considerada como uma reação normal diante de
uma situação anormal.
Cada pessoa reage às situações de acordo com sua história, características individu-
ais e capacidade de adaptação, e é importante estarmos atentos aos sinais que
nosso corpo emite, tanto físicos quanto em forma de sentimentos e pensamentos.
Somente por meio dessa observação, embasada pelo autoconhecimento, conse-
guiremos entender o que estamos passando e procurar ajuda caso necessário.
Para ajudar nessa auto-observação, elaboramos um passo a passo que pode servir
como um caminho no entendimento do que você está passando e na identificação
de alertas de que algo precisa ser cuidado com maior atenção. Ademais, apresenta-
mos algumas alternativas e estratégias consideradas positivas, por nos auxiliar na
busca por estabilidade emocional e fortalecimento psicossocial.
SAÚDE
MENTAL
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 3
Passo 1
Mas lembre-se: somos seres complexos e, nesse momento, vivendo uma situação
mais complexa ainda. Nenhuma cartilha ou passo a passo irá servir como um
método diagnóstico ou determinante de sua saúde mental, mas apenas como uma
forma de auxílio em sua auto-observação. Várias são as reações esperadas para um
momento como esse. Caso alguma informação apresentada aqui se mostre um
gatilho emocional ou você fique com mais dúvidas, não deixe de procurar o Sesao,
por meio do email saudementalcovid@inmetro.gov.br.
Listamos abaixo uma série de afirmações, com as preocupações mais recorrentes
ao momento atual. Leia cada uma com atenção e tente perceber se e como você é
afetado por cada uma delas; se você se identifica, se apresenta alguma reação física
involuntária, se está passando por alguma delas e como está lidando:
A possibilidade de ficar doente me assusta, de transmitir o vírus a outras pesso-
as ou ainda de ser excluído socialmente por estar associado à doença.
Tenho medo dos efeitos da quarentena para a economia.
Acho que o sistema de saúde pode não conseguir atender à demanda por
conta da Covid-19.
Não consigo organizar minha rotina na quarentena.
Fico muito preocupado com familiares, princi-
palmente aqueles que pertencem a grupos
de risco.
Penso sobre a possibilidade de perder os
meus meios de subsistência, não poder
trabalhar e ser demitido após a quarentena,
ou isso acontecer a algum familiar.
Sinto-me solitário e entediado.
Receio que a vida nunca volte ao normal
após a pandemia.
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 4
Como estou diante da conjuntura social
Passo 2
Em geral, estados ou reações emocionais possuem um componente físico, ou seja,
expressam-se também fisicamente, por meio de músculos enrijecidos, respiração
acelerada, sensação de frio na barriga, etc. Se conseguimos nos livrar da situação
“estressora”, o organismo se adapta e tudo volta ao normal. Mas se a emoção ou o
fator estressante é muito intenso ou permanente, nosso corpo emite alguns sinais
de que algo não anda bem, principalmente nos sistemas digestivo e nervoso.
Reconhecendo sinais físicos
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 5
Dores de cabeça
ou musculares
Aumento dos batimentos
cardíacos e falta de ar
(na ausência de resfriado ou
outro problema respiratório)
Alterações do
apetite e do sono
(falta ou excesso)
Má digestão, com
sensação de “queimação”
ou “peso” no estômago
Cansaço e
falta de “energia”
Tremores nas mãos
ou nos olhos
Você identifica que
algum dos sinais listados
abaixo vem acontecendo
com frequência?
Consegue perceber
em quais momentos
eles surgem
ou pioram?
Teve que tomar
algum medicamento
nos últimos tempos?
Passo 3 Percebendo sinais emocionais e comportamentais
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 6
Devido à pandemia de Covid-19 e às mudanças drásticas que estamos experimen-
tando em nossa rotina, são esperadas certas mudanças em nossas reações emocio-
nais e comportamentais, sendo algumas listadas abaixo.
Você identifica que está passando por alguma delas?
Percebeu alguma mudança significativa em seu comportamento?
Sente-se mais sensível ou fica nervoso com mais frequência?
Sente que não consegue organizar seus pensamentos?
O que tem conseguido fazer nesses momentos?
Sensação de tristeza, raiva, confusão ou preocupação
Letargia ou agitação
Reação ansiosa e sentimento de angústia
Indiferença afetiva (uma sensação de “tanto faz”, de estar “frio” afetivamente)
Aumento ou abuso de substâncias (remédios, álcool, cigarro e drogas)
Pensamentos repetitivos e intrusivos (que “invadem a mente”) sobre
temas desagradáveis
Conflitos interpessoais
Dificuldade para concentração nas tarefas
Sentimentos de desamparo, tédio e solidão
Passo 4 Como estou lidando com tudo isso
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 7
Até esse momento, foi possível identificar algumas de suas principais preocupa-
ções nesse período da pandemia e como elas podem estar se manifestando por
meio de seu corpo ou de suas emoções ou, ainda, o afetando por meio de mudan-
ças em seu comportamento normal. Conseguir identificar estímulos estressores já
é uma habilidade importante para sua saúde mental.
A próxima etapa é entender como você está agindo a partir desse panorama. Como
você vem lidando com essas questões, como elas estão influenciando suas decisões
e seu cotidiano. Essa consciência pode ser fundamental para aliviar alguns proble-
mas nos níveis individual, familiar e profissional, comuns de aparecerem ou se agra-
varem nestas situações atípicas.
Aqui estão alguns exemplos de práticas potencialmente nocivas que você pode
estar utilizando para lidar com o estresse do momento:
Está agressivo com seus familiares e colegas de trabalho ou, ainda, se isolando e
se afastando de seus amigos.
Está trabalhando excessivamente sem descansar ou relaxar. Ou não consegue
focar na realização de suas atividades. Não consegue estabelecer uma rotina pro-
dutiva ou limites entre a vida pessoal e profissional.
Tem abusado do consumo de alimentos pobres em nutrientes, cigarro, bebidas
alcóolicas e drogas.
Tem sido descuidado com sua higiene pessoal.
Esses são exemplos de atitudes que podem até trazer algum alívio momentâneo,
porém a longo prazo, provavelmente, gerarão consequências ruins, tanto para sua
saúde, quanto para suas relações e ainda podem aumentar o sentimento de solidão
e desamparo.
Se este for o seu caso, lembre-se que é comum sentir estresse em um aconteci-
mento desgastante como a pandemia de Covid-19 e a imposição de isolamento
social. Suas reações e mudanças de comportamento estão ocorrendo no contexto
específico que estamos vivendo, de grandes incertezas e riscos à saúde. Seja com-
preensivo com você!
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 8
Em geral, as pessoas começam a se sentir melhor com o passar do tempo, quando
novas rotinas e formas de se relacionar vão se tornando mais claras, bem como o
mecanismo da doença em si e os métodos de prevenção e cuidado.
Mas existem algumas estratégias consideradas positivas, por proporcionar estabili-
dade emocional e nos fortalecer psicológica e socialmente, ajudando-nos a resga-
tar o senso de controle. A Organização Mundial da Saúde elaborou um guia com
cuidados para saúde mental durante pandemia. Você pode acessar essas orienta-
ções por meio do link: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1707792.
Também vamos apresentar algumas estratégias positivas de enfrentamento do estres-
se e da ansiedade. Leia com atenção, avalie quais fazem sentido em seu cotidiano e
aquelas possíveis de serem adotadas. Após ler todas as possibilidades apresentadas,
você pode fazer sua própria lista, afixá-la em algum lugar para que leia todos os dias,
numerá-las como metas ou estabelecer uma ou duas para adotar nesse momento:
Estruture suas atividades cotidianas.
Organize uma rotina mínima, ainda que no início seja necessário agir de
modo planejado e persistente. Além de ajudar a trazer uma sensação de
“normalidade”, uma base estruturada facilita a execução de todas as tarefas.
COMO?
Coma o mais regularmente possível, beba água, mantenha seus hábitos de
higiene, horários de dormir e acordar e tente deixar sua casa organizada e
limpa. Atualize tarefas sempre postergadas como pequenos consertos em
casa ou limpar os armários.
Fique próximo de sua rede socioafetiva.
São aquelas pessoas nas quais confia e encontra suporte emocional, como
família e amigos. Sentir-se aceito e pertencer a grupos sociais que são signi-
ficativos para você são importantes fortalecedores emocionais. Ademais,
oferecer assistência aos outros ajuda a quem recebe o apoio assim como a
quem dá o auxílio.
COMO?
Utilize a tecnologia para ligações de vídeo, principalmente com as pessoas
que estão em isolamento. Aproveite para estreitar laços com as pessoas
queridas e compartilhe suas emoções com elas, mesmo que online. Peça e
ofereça auxílio para tarefas. Faça atividades juntos, como jogos e filmes.
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CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 9
Mantenha hábitos saudáveis, atitudes resilientes e ações de autocuidado.
Isso pode ser adaptado ao contexto. Nesse momento, cuidar de sua saúde é
fundamental, tanto física quanto mental.
COMO?
Inclua em sua rotina atividades físicas e recreativas. Aproveite para se dedi-
car a atividades que gosta. Fique atento a pensamentos que podem estar
atrapalhando, tentando cultivar pensamentos positivos. Converse com pes-
soas que têm uma postura mais otimista frente às dificuldades ou tente
técnicas de relaxamento. Busque momentos de conexão emocional consi-
go mesmo.
Organize suas atividades de trabalho.
É importante sentir que estamos “dando conta” de nossas tarefas, sentir-se
produtivo mesmo que num ritmo diferente. Atuar de maneira paulatina,
com apoio de sua chefia e colegas de trabalho, e ser capaz de gerenciar
algumas questões darão maior senso de controle e fortalecerão suas habili-
dades em lidar com problemas.
COMO?
Estabeleça uma rotina de trabalho, com lugar específico, horário para
começar e terminar. Priorize as necessidades mais urgentes, pense no que
deve ser resolvido agora e o que pode esperar. Pense em como deixar suas
tarefas mais prazerosas: busque um ambiente tranquilo, faça um chá ou
algo que te dê conforto para se sentir mais capaz de realizar as tarefas.
Se você tem crianças ou idosos que moram com você, lembre-se que são
grupos vulneráveis e dependentes.
É comum que eles fiquem mais ansiosos, zangados, agitados, retraídos ou
muito desconfiados. Utilize esse período para estreitar relações e acompa-
nhá-los mais de perto. Isso pode ajudar a diminuir as demandas e promover
tranquilidade e segurança para todos em sua casa.
COMO?
Evite uma postura interrogativa e assuma uma postura ativa e acolhedora ao
perguntar “Como você se sente?”, com interesse genuíno. Ajude-os a se
expressar falando, desenhando, cantando, contando histórias, brincando e
ouça sem criticar. Forneça instruções claras, de forma simples e objetiva. Tente
combinar essa nova rotina e tenha paciência, evitando gritar ou ser ríspido.
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CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 10
Se você tem familiares que moram longe, principalmente idosos, mante-
nha o contato frequente. Isso oferece segurança para eles e ajuda a reduzir
as suas preocupações por não poder acompanhá-los de perto. Sentir-se
amado e importante na vida dos outros é uma forma de fortalecimento do
ser humano.
COMO?
Utilize a tecnologia para manter contato, ligações de vídeo podem ajudar a
matar a saudade. Esteja aberto para realmente ouvir o outro, entendendo
sua situação de vulnerabilidade nesse momento. Ajude a esclarecer dúvidas
e compartilhe informações confiáveis. Ofereça apoio para situações cotidia-
nas, como fazer supermercado, comprar medicamentos e pagar contas
sem sair de casa.
Para algumas pessoas, as crenças espirituais e religiosas podem ser
muito importantes por oferecerem significado e um sentimento de espe-
rança, trazendo conforto e fortalecimento emocional.
COMO?
De acordo com suas convicções pessoais, lembre-se sempre de orar, ler
textos inspiradores e praticar rituais que tenham significado para você.
Assistir filmes que o emocionem e ajudem a expressar suas emoções
também pode trazer conforto. Converse com amigos que tenham crenças
parecidas e procure ritos online para acompanhar.
Por fim, lembre-se de reservar um tempo para descanso e reflexão.
Depois de realizar suas tarefas e dar apoio a quem precisa, tente refletir sobre
como tem sido a experiência para você. O distanciamento social e a mudança
na rotina também podem servir para um encontro consigo, para tomar cons-
ciência de seus recursos, mas também de medos e necessidades.
COMO?
Respeite-se, cuide-se. Ouça o que seu corpo está sinalizando, onde seus
pensamentos se fixam, anote seus sonhos. Mantenha um bloco de anota-
ções ou arquivo no computador para seus sentimentos e pensamentos.
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Essas são algumas sugestões de estratégias positivas. Conhecer seu mundo interno,
suas emoções e pensamentos pode ser um primeiro passo para ter ações mais volun-
tárias frente ao estresse. Elas servem como um leque de possibilidades para inspirá-
-lo, embora o ideal seja sempre adotar atitudes possíveis e adaptadas a sua realidade.
Para isso, tente se recordar de situações similares, outros momentos de crise,
estresse ou grande pressão em sua vida e avalie como conseguiu lidar com as situa-
ções de dificuldade no passado, como conseguiu se sentir melhor à época. Essa é
uma técnica para relembrar seus recursos e habilidades, os quais podem indicar
possibilidades para o presente.
A maioria dos indivíduos começa a se sentir gradualmente melhor na medida em
que vão se passando as semanas e os meses, quando conseguem se organizar e
lidar com os novos desafios cotidianos, principalmente utilizando métodos positi-
vos de enfrentamento.
Entretanto, caso as tensões não diminuam em um período de semanas, ou se elas
piorarem, pode ser preciso buscar ajuda profissional. Assim, no Inmetro, o Sesao
disponibilizou um e-mail para acompanhar e tentar ajudar sua força de trabalho
nas questões de saúde mental. Utilize esse recurso por meio do endereço saude-
mentalcovid@inmetro.gov.br.
Se preferir canais externos de ajuda, alguns sites oferecem ou disponibilizaram
espaços de escuta online nesse período:
O site https://www.relacoessimplificadas.com.br/escuta está oferecendo
escuta especializada online com profissionais qualificados.
O grupo Girafeto Covid-19 oferece um serviço solidário de escuta. Mais informa-
ções pelo perfil do Instagram @girafeto.covid19
O Projeto Apoiar da USP oferece atendimentos pontuais online gratuitos por
meio do email: apoiar@usp.br
Disque Saúde – 136
Centro de Valorização da Vida – 188
Central de Atendimento à Mulher – 180
E sites que oferecem informações atualizadas e corretas: Organização Mundial da
Saúde (OMS - https://www.paho.org/bra/ covid19/), Ministério da Saúde (https://coro-
navirus.saude.gov.br/) e Secretaria Estadual de Saúde (www.saude.rj.gov.br)
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 11
A pandemia do Covid-19 nos confronta não apenas com nossa fragilidade, mas traz 
consigo um componente social e político que também pode ser fonte de muita
ansiedade. Tem nos feito olhar com mais cuidado para os recursos e privilégios que
possuímos, mas também para a situação de grande vulnerabilidade em que
muitos vivem. E a percepção de que são exatamente essas pessoas as que serão
mais afetadas.
Começando por aqueles que compõem os “grupos de risco”, pessoas cuja profissão
não as permite participar do distanciamento social, mas ao contrário as coloca em
posição de possibilidade constante de contaminação e aqueles que enfrentarão
ainda mais vulnerabilidades sociais preexistentes.
Constatar que a pandemia teve início com uma pessoa e atingiu níveis mundiais faz
com que reflitamos sobre nosso papel e como estamos todos interconectados.
Assim, uma atitude individual de autocuidado já tem impacto no enfrentamento
da doença, bem como estar atento a nossa rede socioafetiva e oferecer suporte
emocional, informacional e instrumental. Nesse movimento, é sempre importante
lembrar de nossos colegas de trabalho também, de suas necessidades e desafios,
respeitando suas peculiaridades. Da mesma forma, vizinhos e outros membros das
comunidades que fazemos parte.
Em um âmbito mais amplo, podemos reforçar nossa responsabilidade cidadã e
manter uma postura de reflexão crítica sobre a dignidade e direitos humanos nas
medidas adotadas de respostas à crise. E ainda encontrar maneiras seguras para
ajudar outras pessoas e envolver-nos em atividades comunitárias, participando de
iniciativas organizadas de ajuda aos mais vulneráveis.
Nas redes sociais e na internet é possível descobrir diversas iniciativas. Encontre
uma com a qual se identifique e participe. Essa crise nos lembra que, se não nos
colocarmos no lugar do outro, todos podemos sair perdendo.
Passo 5 Me sinto bem, o que posso fazer para ajudar outras pessoas?
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 12
Essa cartilha não tem a pretensão de fazer diagnósticos, julgamentos ou mesmo dizer
como cada pessoa deve agir. Mas objetiva oferecer subsídios para que você seja capaz
de se analisar e tentar perceber como vem vivenciando a pandemia de Covid-19.
Inicialmente, é importante tomar consciência de suas principais preocupações no
momento, entender quais aspectos dessa complexa situação o afetam mais. Então,
perceber se essas preocupações estão sendo expressas por meio de sintomas
físicos ou emocionais, ou mesmo mudanças comportamentais. Nesse momento,
nosso objetivo foi deixar claro que a maioria dessas reações são esperadas para uma
situação atípica como a atual, consideradas um comportamento normal numa
situação anormal.
Ou seja, nosso objetivo é mostrar que você provavelmente não está doente ou
“ficando doido”. Claro que essas reações exigem atenção, pois podem suscitar dife-
rentes decisões com relação a sua saúde ou mesmo em suas relações. Você pode vir
adotando atitudes consideradas negativas, por trazerem somente um alívio mo-
mentâneo e “ilusório” e também listamos alguns comportamentos comuns para
que você fosse capaz de identificá-los, se esse for o seu caso.
Por fim, acreditando que o ser humano é capaz de se reinventar, adaptar e reconfi-
gurar, trouxemos um leque de possibilidades de estratégias criativas e cuidadosas,
para você conseguir adotar uma postura ativa e positiva frente às incertezas do mo-
mento. Tanto para consigo, quanto na relação com seus familiares, amigos, comuni-
dades e até com o mundo.
Não existe uma receita prática e instantânea para o equilíbrio emocional e a ideia
de viver sem se envolver muito com os sentimentos ou sem altos e baixos é ilusória.
Assim, o objetivo principal desse documento é fomentar o autoconhecimento e o
autocuidado. Fique atento para que essas informações não se tornem motivo de
mais pressão, no sentido de se sentir obrigado a ser funcional e produtivo.
Foque seu esforço para fortalecer aquilo que o faz se sentir bem, amenizando, na
medida do possível, os sintomas de ansiedade e refletindo sobre os aprendizados
que podemos ter com essa realidade.
PALAVRAS
FINAIS
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 13
Mas sempre, sempre, sempre mantenha tudo em perspectiva. Esse tem sido um
período de mudanças profundas em nossa rotina, não sendo possível viver da
mesma forma que antes. Sentir-se angustiado é normal, assim como chorar ou
querer passar o dia deitado em frente à televisão. Permita-se descansar. De nada
adianta o autoconhecimento se não acolhermos e respeitarmos aquilo que desco-
brimos sobre nós. Ou seja, permaneça atento e cuidadoso, mas compreensivo com
seus sentimentos e pensamentos.
Você não tá sozinho.
Estam junt.
Conte com o Sesao!
Caroline Akemi Pinheiro Imai
Psicóloga e Pesquisadora-Tecnologista em Metrologia e Qualidade
do Serviço de Segurança e Saúde Ocupacional do Inmetro.
Serviço de Segurança e Saúde Ocupacional – Sesao. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 14
Inter-Agency Standing Committee (IASC, Comitê Permanente Interagências)
(2007). Diretrizes do IASC sobre saúde mental e apoio psicossocial em emergên-
cias humanitárias. Tradução de Márcio Gagliato. Genebra: IASC.
Inter-Agency Standing Commitee/Comitê Permanente Interagências (IASC)
(2020). Guia Preliminar: Como lidar com os aspectos psicossociais e de saúde
mental referentes ao surto de COVID-19 - Versão 1.5, de 17-3-2020 (Rede Interna-
cional de Saúde Mental e Apoio Psicossocial, Trad.; M. Gagliato, Trad. Téc.). Gene-
bra: IASC.
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Saúde Mental e Atenção Psicossocial na
Pandemia Covid-19: Recomendações Gerais. Centro de Estudos e Pesquisas em
Emergências e Desastres em Saúde (CEPEDES). 2020.
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Saúde Mental e Atenção Psicossocial na
Pandemia Covid-19: Recomendações para Gestores. Centro de Estudos e Pesqui-
sas em Emergências e Desastres em Saúde (CEPEDES). 2020.
Guia com cuidados para saúde mental durante a pandemia. Material baseado no
guia compilado pelo Departamento de Saúde Mental da OMS Disponível em:
https://news.un.org/pt/story/2020/03/1707792
Organização Mundial da Saúde, War Trauma Foundation e Visão Global interna-
cional (2015). Primeiros Cuidados Psicológicos: guia para trabalhadores de campo.
(M. Gagliato, Trad.). OMS: Genebra
SÁ-SERAFIM RCN; DO BÚ E; LIMA-NUNES AV. Manual de Diretrizes para Atenção
Psicológica nos Hospitais em Tempos de Combate ao Covid-19. Revista Saúde e
Ciência online, v. 8, n. 2, Suplemento n° 2 (março de 2020).
Site Ministério da Saúde: https://coronavirus.saude.gov.br/
Weide, J. N., Vicentini, E. C. C., Araujo, M. F., Machado,W. L.,  Enumo, S. R. F. (2020).
Cartilha para enfrentamento do estresse em tempos de pandemia. Porto Alegre:
PUCRS/ Campinas: PUC-Campinas. Trabalho gráfico : Gustavo Farinaro Costa.
REFERÊNCIAS:
CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 14

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Saúde mental na pandemia

  • 2. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 1 Quando 2020 começou, ninguém esperava viver uma situação como a atual. Esta- dos e munícipios em estado de emergência, pandemia mundial, obrigatoriedade de isolamento social e os reflexos das medidas de enfrentamento na economia, na política e na sociedade. Toda esta situação tem grande potencial de afetar a saúde mental das pessoas, aumentando os níveis de ansiedade, pois fatores desconhecidos e incertos fazem com que todos se sintam inseguros, principalmente em casos como esse, de nível mundial. Além disso, a pandemia nos impôs uma rotina totalmente nova, em que tarefas cotidianas como pagar as contas, fazer compras e cuidar de dependentes tornaram-se verdadeiros desafios. E, no meio de tudo isso, nem sempre damos conta de nos mantermos funcionais, produtivos e saudáveis, principalmente emocionalmente. Afinal, como cuidar da nossa saúde mental em tempos de tantas incertezas? O que é normal sentir, quando devo promover mudanças em minha rotina ou procurar ajuda de um profissional? Partindo do pressuposto da Psicologia da Saúde, na qual compreende-se saúde e doença a partir da interação entre múltiplos fatores - biológicos, cognitivos, afetivos, comportamentais e sociais, especialmente quando falamos em saúde mental -, organizamos essa cartilha, com o objetivo de tentar ajudá-lo a entender os seus sentimentos e como tentar responder tanto às suas necessidades psicossociais quanto às de pessoas com as quais convive. O termo apoio psicossocial é usado para descrever todo tipo de apoio cujo objetivo seja proteger ou promover o bem- -estar psicossocial e/ou prevenir ou tratar algum transtorno mental. Assim, este documento pretende apresentar ferramentas e instrumentos técnicos e servir como um abraço cuidadoso neste momento tão delicado que vivemos. PALAVRAS INICIAIS
  • 3. Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937 e descritos com este nome por possuir uma coroa em seu perfil na microscopia. A maioria das pes- soas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida. O novo agente, denominado SARS-CoV-2, foi descoberto em 31 de dezembro de 2019, após casos registrados na China. Provoca a doença chamada Covid-19, a qual apresenta um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas (cerca de 80%) a casos que podem requerer atendimento hospitalar devido à dificuldade respira- tória (cerca de 20%). Desses, cerca de 5% podem necessitar de suporte para o trata- mento de insuficiência respiratória (suporte ventilatório), de acordo com a Organi- zação Mundial de Saúde (OMS). A OMS declarou, no dia 11 de março, que está em curso uma pandemia do novo coronavírus, por ser uma doença infecciosa que vem afetando um grande número de pessoas espalhadas pelo mundo. Pandemias são mais prováveis com novos vírus, que conseguem se espalhar facilmen- te e de forma sustentada por não haver defesas naturais ou medicamentos e vacinas para proteção. A questão principal não é a gravidade da doença, mas o fator geográfi- co, quando todas as pessoas no mundo correm risco quase que simultaneamente. Por isso, o distanciamento social é a principal medida de contenção do vírus, numa estratégia de controlar a curva de crescimento do contágio e, assim, poder cuidar dos pacientes adequadamente. Quando muitas pessoas se contaminam ao mesmo tempo, aumenta-se a necessidade de atendimento médico, causando uma sobrecarga ou mesmo um colapso dos sistemas de saúde. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 2 COVID-19
  • 4. O Coronavirus é um “inimigo” que não conseguimos enxergar. Está por aí, invisí- vel, contaminando mais e mais pessoas ao redor do mundo. E isso traz consequências complicadas para todos, podendo, inclusive, afetar nossa saúde mental, gerando pressão psicológica e estresse, além de agravar transtornos mentais preexistentes. Porém, é importante saber que, numa situação como essa, é esperado que fique- mos confusos, preocupados, em constante estado de alerta, com sensação de falta de controle frente às incertezas do momento. Especialistas em Atenção Psicosso- cial em Emergências e Desastres afirmam que nem todas as manifestações psico- lógicas e disfunções sociais apresentadas num momento como esse são qualifica- das como doenças. A maioria é considerada como uma reação normal diante de uma situação anormal. Cada pessoa reage às situações de acordo com sua história, características individu- ais e capacidade de adaptação, e é importante estarmos atentos aos sinais que nosso corpo emite, tanto físicos quanto em forma de sentimentos e pensamentos. Somente por meio dessa observação, embasada pelo autoconhecimento, conse- guiremos entender o que estamos passando e procurar ajuda caso necessário. Para ajudar nessa auto-observação, elaboramos um passo a passo que pode servir como um caminho no entendimento do que você está passando e na identificação de alertas de que algo precisa ser cuidado com maior atenção. Ademais, apresenta- mos algumas alternativas e estratégias consideradas positivas, por nos auxiliar na busca por estabilidade emocional e fortalecimento psicossocial. SAÚDE MENTAL CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 3
  • 5. Passo 1 Mas lembre-se: somos seres complexos e, nesse momento, vivendo uma situação mais complexa ainda. Nenhuma cartilha ou passo a passo irá servir como um método diagnóstico ou determinante de sua saúde mental, mas apenas como uma forma de auxílio em sua auto-observação. Várias são as reações esperadas para um momento como esse. Caso alguma informação apresentada aqui se mostre um gatilho emocional ou você fique com mais dúvidas, não deixe de procurar o Sesao, por meio do email saudementalcovid@inmetro.gov.br. Listamos abaixo uma série de afirmações, com as preocupações mais recorrentes ao momento atual. Leia cada uma com atenção e tente perceber se e como você é afetado por cada uma delas; se você se identifica, se apresenta alguma reação física involuntária, se está passando por alguma delas e como está lidando: A possibilidade de ficar doente me assusta, de transmitir o vírus a outras pesso- as ou ainda de ser excluído socialmente por estar associado à doença. Tenho medo dos efeitos da quarentena para a economia. Acho que o sistema de saúde pode não conseguir atender à demanda por conta da Covid-19. Não consigo organizar minha rotina na quarentena. Fico muito preocupado com familiares, princi- palmente aqueles que pertencem a grupos de risco. Penso sobre a possibilidade de perder os meus meios de subsistência, não poder trabalhar e ser demitido após a quarentena, ou isso acontecer a algum familiar. Sinto-me solitário e entediado. Receio que a vida nunca volte ao normal após a pandemia. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 4 Como estou diante da conjuntura social
  • 6. Passo 2 Em geral, estados ou reações emocionais possuem um componente físico, ou seja, expressam-se também fisicamente, por meio de músculos enrijecidos, respiração acelerada, sensação de frio na barriga, etc. Se conseguimos nos livrar da situação “estressora”, o organismo se adapta e tudo volta ao normal. Mas se a emoção ou o fator estressante é muito intenso ou permanente, nosso corpo emite alguns sinais de que algo não anda bem, principalmente nos sistemas digestivo e nervoso. Reconhecendo sinais físicos CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 5 Dores de cabeça ou musculares Aumento dos batimentos cardíacos e falta de ar (na ausência de resfriado ou outro problema respiratório) Alterações do apetite e do sono (falta ou excesso) Má digestão, com sensação de “queimação” ou “peso” no estômago Cansaço e falta de “energia” Tremores nas mãos ou nos olhos Você identifica que algum dos sinais listados abaixo vem acontecendo com frequência? Consegue perceber em quais momentos eles surgem ou pioram? Teve que tomar algum medicamento nos últimos tempos?
  • 7. Passo 3 Percebendo sinais emocionais e comportamentais CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 6 Devido à pandemia de Covid-19 e às mudanças drásticas que estamos experimen- tando em nossa rotina, são esperadas certas mudanças em nossas reações emocio- nais e comportamentais, sendo algumas listadas abaixo. Você identifica que está passando por alguma delas? Percebeu alguma mudança significativa em seu comportamento? Sente-se mais sensível ou fica nervoso com mais frequência? Sente que não consegue organizar seus pensamentos? O que tem conseguido fazer nesses momentos? Sensação de tristeza, raiva, confusão ou preocupação Letargia ou agitação Reação ansiosa e sentimento de angústia Indiferença afetiva (uma sensação de “tanto faz”, de estar “frio” afetivamente) Aumento ou abuso de substâncias (remédios, álcool, cigarro e drogas) Pensamentos repetitivos e intrusivos (que “invadem a mente”) sobre temas desagradáveis Conflitos interpessoais Dificuldade para concentração nas tarefas Sentimentos de desamparo, tédio e solidão
  • 8. Passo 4 Como estou lidando com tudo isso CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 7 Até esse momento, foi possível identificar algumas de suas principais preocupa- ções nesse período da pandemia e como elas podem estar se manifestando por meio de seu corpo ou de suas emoções ou, ainda, o afetando por meio de mudan- ças em seu comportamento normal. Conseguir identificar estímulos estressores já é uma habilidade importante para sua saúde mental. A próxima etapa é entender como você está agindo a partir desse panorama. Como você vem lidando com essas questões, como elas estão influenciando suas decisões e seu cotidiano. Essa consciência pode ser fundamental para aliviar alguns proble- mas nos níveis individual, familiar e profissional, comuns de aparecerem ou se agra- varem nestas situações atípicas. Aqui estão alguns exemplos de práticas potencialmente nocivas que você pode estar utilizando para lidar com o estresse do momento: Está agressivo com seus familiares e colegas de trabalho ou, ainda, se isolando e se afastando de seus amigos. Está trabalhando excessivamente sem descansar ou relaxar. Ou não consegue focar na realização de suas atividades. Não consegue estabelecer uma rotina pro- dutiva ou limites entre a vida pessoal e profissional. Tem abusado do consumo de alimentos pobres em nutrientes, cigarro, bebidas alcóolicas e drogas. Tem sido descuidado com sua higiene pessoal. Esses são exemplos de atitudes que podem até trazer algum alívio momentâneo, porém a longo prazo, provavelmente, gerarão consequências ruins, tanto para sua saúde, quanto para suas relações e ainda podem aumentar o sentimento de solidão e desamparo. Se este for o seu caso, lembre-se que é comum sentir estresse em um aconteci- mento desgastante como a pandemia de Covid-19 e a imposição de isolamento social. Suas reações e mudanças de comportamento estão ocorrendo no contexto específico que estamos vivendo, de grandes incertezas e riscos à saúde. Seja com- preensivo com você!
  • 9. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 8 Em geral, as pessoas começam a se sentir melhor com o passar do tempo, quando novas rotinas e formas de se relacionar vão se tornando mais claras, bem como o mecanismo da doença em si e os métodos de prevenção e cuidado. Mas existem algumas estratégias consideradas positivas, por proporcionar estabili- dade emocional e nos fortalecer psicológica e socialmente, ajudando-nos a resga- tar o senso de controle. A Organização Mundial da Saúde elaborou um guia com cuidados para saúde mental durante pandemia. Você pode acessar essas orienta- ções por meio do link: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1707792. Também vamos apresentar algumas estratégias positivas de enfrentamento do estres- se e da ansiedade. Leia com atenção, avalie quais fazem sentido em seu cotidiano e aquelas possíveis de serem adotadas. Após ler todas as possibilidades apresentadas, você pode fazer sua própria lista, afixá-la em algum lugar para que leia todos os dias, numerá-las como metas ou estabelecer uma ou duas para adotar nesse momento: Estruture suas atividades cotidianas. Organize uma rotina mínima, ainda que no início seja necessário agir de modo planejado e persistente. Além de ajudar a trazer uma sensação de “normalidade”, uma base estruturada facilita a execução de todas as tarefas. COMO? Coma o mais regularmente possível, beba água, mantenha seus hábitos de higiene, horários de dormir e acordar e tente deixar sua casa organizada e limpa. Atualize tarefas sempre postergadas como pequenos consertos em casa ou limpar os armários. Fique próximo de sua rede socioafetiva. São aquelas pessoas nas quais confia e encontra suporte emocional, como família e amigos. Sentir-se aceito e pertencer a grupos sociais que são signi- ficativos para você são importantes fortalecedores emocionais. Ademais, oferecer assistência aos outros ajuda a quem recebe o apoio assim como a quem dá o auxílio. COMO? Utilize a tecnologia para ligações de vídeo, principalmente com as pessoas que estão em isolamento. Aproveite para estreitar laços com as pessoas queridas e compartilhe suas emoções com elas, mesmo que online. Peça e ofereça auxílio para tarefas. Faça atividades juntos, como jogos e filmes. 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2
  • 10. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 9 Mantenha hábitos saudáveis, atitudes resilientes e ações de autocuidado. Isso pode ser adaptado ao contexto. Nesse momento, cuidar de sua saúde é fundamental, tanto física quanto mental. COMO? Inclua em sua rotina atividades físicas e recreativas. Aproveite para se dedi- car a atividades que gosta. Fique atento a pensamentos que podem estar atrapalhando, tentando cultivar pensamentos positivos. Converse com pes- soas que têm uma postura mais otimista frente às dificuldades ou tente técnicas de relaxamento. Busque momentos de conexão emocional consi- go mesmo. Organize suas atividades de trabalho. É importante sentir que estamos “dando conta” de nossas tarefas, sentir-se produtivo mesmo que num ritmo diferente. Atuar de maneira paulatina, com apoio de sua chefia e colegas de trabalho, e ser capaz de gerenciar algumas questões darão maior senso de controle e fortalecerão suas habili- dades em lidar com problemas. COMO? Estabeleça uma rotina de trabalho, com lugar específico, horário para começar e terminar. Priorize as necessidades mais urgentes, pense no que deve ser resolvido agora e o que pode esperar. Pense em como deixar suas tarefas mais prazerosas: busque um ambiente tranquilo, faça um chá ou algo que te dê conforto para se sentir mais capaz de realizar as tarefas. Se você tem crianças ou idosos que moram com você, lembre-se que são grupos vulneráveis e dependentes. É comum que eles fiquem mais ansiosos, zangados, agitados, retraídos ou muito desconfiados. Utilize esse período para estreitar relações e acompa- nhá-los mais de perto. Isso pode ajudar a diminuir as demandas e promover tranquilidade e segurança para todos em sua casa. COMO? Evite uma postura interrogativa e assuma uma postura ativa e acolhedora ao perguntar “Como você se sente?”, com interesse genuíno. Ajude-os a se expressar falando, desenhando, cantando, contando histórias, brincando e ouça sem criticar. Forneça instruções claras, de forma simples e objetiva. Tente combinar essa nova rotina e tenha paciência, evitando gritar ou ser ríspido. 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5
  • 11. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 10 Se você tem familiares que moram longe, principalmente idosos, mante- nha o contato frequente. Isso oferece segurança para eles e ajuda a reduzir as suas preocupações por não poder acompanhá-los de perto. Sentir-se amado e importante na vida dos outros é uma forma de fortalecimento do ser humano. COMO? Utilize a tecnologia para manter contato, ligações de vídeo podem ajudar a matar a saudade. Esteja aberto para realmente ouvir o outro, entendendo sua situação de vulnerabilidade nesse momento. Ajude a esclarecer dúvidas e compartilhe informações confiáveis. Ofereça apoio para situações cotidia- nas, como fazer supermercado, comprar medicamentos e pagar contas sem sair de casa. Para algumas pessoas, as crenças espirituais e religiosas podem ser muito importantes por oferecerem significado e um sentimento de espe- rança, trazendo conforto e fortalecimento emocional. COMO? De acordo com suas convicções pessoais, lembre-se sempre de orar, ler textos inspiradores e praticar rituais que tenham significado para você. Assistir filmes que o emocionem e ajudem a expressar suas emoções também pode trazer conforto. Converse com amigos que tenham crenças parecidas e procure ritos online para acompanhar. Por fim, lembre-se de reservar um tempo para descanso e reflexão. Depois de realizar suas tarefas e dar apoio a quem precisa, tente refletir sobre como tem sido a experiência para você. O distanciamento social e a mudança na rotina também podem servir para um encontro consigo, para tomar cons- ciência de seus recursos, mas também de medos e necessidades. COMO? Respeite-se, cuide-se. Ouça o que seu corpo está sinalizando, onde seus pensamentos se fixam, anote seus sonhos. Mantenha um bloco de anota- ções ou arquivo no computador para seus sentimentos e pensamentos. 6 6 6 6 7 7 7 7 7 8 8 8
  • 12. Essas são algumas sugestões de estratégias positivas. Conhecer seu mundo interno, suas emoções e pensamentos pode ser um primeiro passo para ter ações mais volun- tárias frente ao estresse. Elas servem como um leque de possibilidades para inspirá- -lo, embora o ideal seja sempre adotar atitudes possíveis e adaptadas a sua realidade. Para isso, tente se recordar de situações similares, outros momentos de crise, estresse ou grande pressão em sua vida e avalie como conseguiu lidar com as situa- ções de dificuldade no passado, como conseguiu se sentir melhor à época. Essa é uma técnica para relembrar seus recursos e habilidades, os quais podem indicar possibilidades para o presente. A maioria dos indivíduos começa a se sentir gradualmente melhor na medida em que vão se passando as semanas e os meses, quando conseguem se organizar e lidar com os novos desafios cotidianos, principalmente utilizando métodos positi- vos de enfrentamento. Entretanto, caso as tensões não diminuam em um período de semanas, ou se elas piorarem, pode ser preciso buscar ajuda profissional. Assim, no Inmetro, o Sesao disponibilizou um e-mail para acompanhar e tentar ajudar sua força de trabalho nas questões de saúde mental. Utilize esse recurso por meio do endereço saude- mentalcovid@inmetro.gov.br. Se preferir canais externos de ajuda, alguns sites oferecem ou disponibilizaram espaços de escuta online nesse período: O site https://www.relacoessimplificadas.com.br/escuta está oferecendo escuta especializada online com profissionais qualificados. O grupo Girafeto Covid-19 oferece um serviço solidário de escuta. Mais informa- ções pelo perfil do Instagram @girafeto.covid19 O Projeto Apoiar da USP oferece atendimentos pontuais online gratuitos por meio do email: apoiar@usp.br Disque Saúde – 136 Centro de Valorização da Vida – 188 Central de Atendimento à Mulher – 180 E sites que oferecem informações atualizadas e corretas: Organização Mundial da Saúde (OMS - https://www.paho.org/bra/ covid19/), Ministério da Saúde (https://coro- navirus.saude.gov.br/) e Secretaria Estadual de Saúde (www.saude.rj.gov.br) CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 11
  • 13. A pandemia do Covid-19 nos confronta não apenas com nossa fragilidade, mas traz  consigo um componente social e político que também pode ser fonte de muita ansiedade. Tem nos feito olhar com mais cuidado para os recursos e privilégios que possuímos, mas também para a situação de grande vulnerabilidade em que muitos vivem. E a percepção de que são exatamente essas pessoas as que serão mais afetadas. Começando por aqueles que compõem os “grupos de risco”, pessoas cuja profissão não as permite participar do distanciamento social, mas ao contrário as coloca em posição de possibilidade constante de contaminação e aqueles que enfrentarão ainda mais vulnerabilidades sociais preexistentes. Constatar que a pandemia teve início com uma pessoa e atingiu níveis mundiais faz com que reflitamos sobre nosso papel e como estamos todos interconectados. Assim, uma atitude individual de autocuidado já tem impacto no enfrentamento da doença, bem como estar atento a nossa rede socioafetiva e oferecer suporte emocional, informacional e instrumental. Nesse movimento, é sempre importante lembrar de nossos colegas de trabalho também, de suas necessidades e desafios, respeitando suas peculiaridades. Da mesma forma, vizinhos e outros membros das comunidades que fazemos parte. Em um âmbito mais amplo, podemos reforçar nossa responsabilidade cidadã e manter uma postura de reflexão crítica sobre a dignidade e direitos humanos nas medidas adotadas de respostas à crise. E ainda encontrar maneiras seguras para ajudar outras pessoas e envolver-nos em atividades comunitárias, participando de iniciativas organizadas de ajuda aos mais vulneráveis. Nas redes sociais e na internet é possível descobrir diversas iniciativas. Encontre uma com a qual se identifique e participe. Essa crise nos lembra que, se não nos colocarmos no lugar do outro, todos podemos sair perdendo. Passo 5 Me sinto bem, o que posso fazer para ajudar outras pessoas? CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 12
  • 14. Essa cartilha não tem a pretensão de fazer diagnósticos, julgamentos ou mesmo dizer como cada pessoa deve agir. Mas objetiva oferecer subsídios para que você seja capaz de se analisar e tentar perceber como vem vivenciando a pandemia de Covid-19. Inicialmente, é importante tomar consciência de suas principais preocupações no momento, entender quais aspectos dessa complexa situação o afetam mais. Então, perceber se essas preocupações estão sendo expressas por meio de sintomas físicos ou emocionais, ou mesmo mudanças comportamentais. Nesse momento, nosso objetivo foi deixar claro que a maioria dessas reações são esperadas para uma situação atípica como a atual, consideradas um comportamento normal numa situação anormal. Ou seja, nosso objetivo é mostrar que você provavelmente não está doente ou “ficando doido”. Claro que essas reações exigem atenção, pois podem suscitar dife- rentes decisões com relação a sua saúde ou mesmo em suas relações. Você pode vir adotando atitudes consideradas negativas, por trazerem somente um alívio mo- mentâneo e “ilusório” e também listamos alguns comportamentos comuns para que você fosse capaz de identificá-los, se esse for o seu caso. Por fim, acreditando que o ser humano é capaz de se reinventar, adaptar e reconfi- gurar, trouxemos um leque de possibilidades de estratégias criativas e cuidadosas, para você conseguir adotar uma postura ativa e positiva frente às incertezas do mo- mento. Tanto para consigo, quanto na relação com seus familiares, amigos, comuni- dades e até com o mundo. Não existe uma receita prática e instantânea para o equilíbrio emocional e a ideia de viver sem se envolver muito com os sentimentos ou sem altos e baixos é ilusória. Assim, o objetivo principal desse documento é fomentar o autoconhecimento e o autocuidado. Fique atento para que essas informações não se tornem motivo de mais pressão, no sentido de se sentir obrigado a ser funcional e produtivo. Foque seu esforço para fortalecer aquilo que o faz se sentir bem, amenizando, na medida do possível, os sintomas de ansiedade e refletindo sobre os aprendizados que podemos ter com essa realidade. PALAVRAS FINAIS CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 13
  • 15. Mas sempre, sempre, sempre mantenha tudo em perspectiva. Esse tem sido um período de mudanças profundas em nossa rotina, não sendo possível viver da mesma forma que antes. Sentir-se angustiado é normal, assim como chorar ou querer passar o dia deitado em frente à televisão. Permita-se descansar. De nada adianta o autoconhecimento se não acolhermos e respeitarmos aquilo que desco- brimos sobre nós. Ou seja, permaneça atento e cuidadoso, mas compreensivo com seus sentimentos e pensamentos. Você não tá sozinho. Estam junt. Conte com o Sesao! Caroline Akemi Pinheiro Imai Psicóloga e Pesquisadora-Tecnologista em Metrologia e Qualidade do Serviço de Segurança e Saúde Ocupacional do Inmetro. Serviço de Segurança e Saúde Ocupacional – Sesao. CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 14
  • 16. Inter-Agency Standing Committee (IASC, Comitê Permanente Interagências) (2007). Diretrizes do IASC sobre saúde mental e apoio psicossocial em emergên- cias humanitárias. Tradução de Márcio Gagliato. Genebra: IASC. Inter-Agency Standing Commitee/Comitê Permanente Interagências (IASC) (2020). Guia Preliminar: Como lidar com os aspectos psicossociais e de saúde mental referentes ao surto de COVID-19 - Versão 1.5, de 17-3-2020 (Rede Interna- cional de Saúde Mental e Apoio Psicossocial, Trad.; M. Gagliato, Trad. Téc.). Gene- bra: IASC. Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19: Recomendações Gerais. Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (CEPEDES). 2020. Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19: Recomendações para Gestores. Centro de Estudos e Pesqui- sas em Emergências e Desastres em Saúde (CEPEDES). 2020. Guia com cuidados para saúde mental durante a pandemia. Material baseado no guia compilado pelo Departamento de Saúde Mental da OMS Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1707792 Organização Mundial da Saúde, War Trauma Foundation e Visão Global interna- cional (2015). Primeiros Cuidados Psicológicos: guia para trabalhadores de campo. (M. Gagliato, Trad.). OMS: Genebra SÁ-SERAFIM RCN; DO BÚ E; LIMA-NUNES AV. Manual de Diretrizes para Atenção Psicológica nos Hospitais em Tempos de Combate ao Covid-19. Revista Saúde e Ciência online, v. 8, n. 2, Suplemento n° 2 (março de 2020). Site Ministério da Saúde: https://coronavirus.saude.gov.br/ Weide, J. N., Vicentini, E. C. C., Araujo, M. F., Machado,W. L., Enumo, S. R. F. (2020). Cartilha para enfrentamento do estresse em tempos de pandemia. Porto Alegre: PUCRS/ Campinas: PUC-Campinas. Trabalho gráfico : Gustavo Farinaro Costa. REFERÊNCIAS: CARTILHA DE SAÚDE MENTAL | 14