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Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Fenómeno Enso: a influência do EL Nino e La Nino na Variabilidade Climática de
Moçambique
Abdul António Sualei-708212408
Docente:Trindade Filipe Chapare, PhD
Geografia, Turma H
Climatogeografia
1º Ano
Milange, Maio, 2022
2
Folha de Feedback
Categorias Indicadores Padrões
Classificação
Pontuação
máxima
Nota do
tutor
Subtotal
Estrutura
Aspectos
organizacionais
 Capa 0.5
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
Conteúdo
Introdução
 Contextualização
(Indicação clara do
problema)
1.0
 Descrição dos
objectivos
1.0
 Metodologia
adequada ao objecto
do trabalho
2.0
Análise e
discussão
 Articulação e
domínio do discurso
académico
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
2.0
 Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área de
estudo
2.
 Exploração dos
dados
2.0
Conclusão
 Contributos teóricos
práticos
2.0
Aspectos
gerais
Formatação
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
paragrafo,
espaçamento entre
linhas
1.0
Referências
Bibliográficas
Normas APA 6ª
edição em
citações e
bibliografia
 Rigor e coerência das
citações/referências
bibliográficas
4.0
3
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1. Introdução.......................................................................................................................1
1.1. Objectivos ...................................................................................................................1
1.2. Metodologias...............................................................................................................1
2. Influência do EL Nino na variabilidade de Moçambique .................................................2
2.1. Características Gerais de Moçambique ............................................................................2
2.2. Clima de Moçambique ....................................................................................................3
2.3. Precipitação.....................................................................................................................4
2.4. Medição da precipitação..................................................................................................4
2.5. Tipos de precipitação.......................................................................................................4
2.5.1. Precipitação frontal.......................................................................................................4
2.5.2 Precipitação convectiva.................................................................................................5
2.5.3. Precipitação orográfica.................................................................................................5
2.6. Variabilidade da Precipitação em Moçambique ...............................................................5
2.6.1 Factores que Influenciam a Variabilidade da Precipitação em Moçambique...................6
2.7. Variação Interanual da Precipitação em Moçambique......................................................7
2.7.1 Fenómeno El Niño Oscilação Sul (ENSO).....................................................................7
2.7. Impactos do ENSO em Moçambique.............................................................................11
2.7. Variabilidade mensal, sazonal e anual ...........................................................................11
3. Relação entre a Variabilidade Anual da Precipitação e os Fenómenos El Niño e La Niña .12
3.1. Estação de Maputo Observatório ...................................................................................12
3.3. Estação de Beira Aeroporto...........................................................................................12
3.4. Estação de Lichinga ......................................................................................................13
3.5. A Transformada Onduleta (Wavelet Transform)............................................................14
5.Conclusão .........................................................................................................................15
6. Referências Bibliográficas................................................................................................16
1
1. Introdução
As mudanças climáticas têm se tornado nas últimas décadas uma preocupação para a
comunidade científica, pois são apontadas como uma das causas do aumento da frequência e
intensidade de eventos climáticos extremos, tais como, alterações nos regimes da
precipitação, perturbações nas correntes marinhas, elevação do nível médio das águas do
mar.Por esse motivo, vários estudos têm sido feitos visando evitar que os efeitos causados por
estas prejudiquem as diversas formas de vida na superfície terrestre. A precipitação é a
deposição da água no globo terrestre proveniente da atmosfera, seja ela em forma de chuva,
granizo, neve, orvalho, neblina ou geada. (Lopes, 2006; Marengo, 2007).Considerada uma
das variáveis meteorológicas de fundamental importância para os seres vivos, o seu aumento
ou diminuição, está relacionado com fenómenos meteorológicos pertencentes às várias
escalas temporais e espaciais, que vão desde a escala global (Ex: El Niño e La Niña) às
condições locais (Ex: topografia).
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Conhecer os fenómenos EL Nino e La Nina
1.1.2. Específicos
 Conceituar a Influência do ELl Nino na variabilidade de Moçambique;
 Caracterizar a variabilidade da precipitação em Moçambique;
 Explicar os factores que influenciam a variabilidade de precipitação em Moçambique.
1.2. Metodologias
A realização do presente trabalho delineou-se segundo a modalidade da pesquisa
bibliográfica, esta pesquisa sendo bibliográfica foi feita a parti r do estudo de artigos e
revistas que abordam os temas que foram pesquisados, por meio deles, o aporte teórico foi
produzido.
Este trabalho está estruturado em introdução (objectivos e metodologias usadas),
desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.
2
2. Influência do EL Nino na variabilidade de Moçambique
O El Niño Oscilação Sul (ENSO) é um fenómeno de grande escala que mais afecta o tempo e
o clima de diferentes locais e tem sido bastante estudado nas últimas décadas. Este fenómeno
provoca alterações na circulação atmosférica que afectam os elementos meteorológicos,
principalmente a precipitação, em Moçambique. O presente trabalho visa estudar a influência
do fenómeno ENSO sobre a precipitação nas cidades
2.1. Características Gerais de Moçambique
De acordo com INE (2007 cit. Zolho 2010) afirma que:
Moçambique localiza-se na Costa Leste da África Austral, entre os paralelos 10º 27’ e26º 52’
de latitude Sul e os meridianos 30º 12’e 40º 51’ de longitude Este (MICOA, 2004). Com uma
superfície de 799.380km² (98% de terra firme e 2% de águas interiores que incluem os lagos,
albufeiras e rios) (CNDS, 2002), com cerca de 2.700 km de costa. (p.12)
MICOA (2004) diz que:
de latitude Sul e os meridianos 30º 12’e 40º 51’ de longitude Este Com uma superfície de
799.380km² (98% de terra firme e 2% de águas interiores que incluem os lagos, albufeiras e
rios) .Moçambique localiza-se na Costa Leste da África Austral, entre os paralelos 10º 27’
e26º 52’ (CNDS, 2002), com cerca de 2.700 km de costa. a população total é de 20.226. 296
habitantes, com tendência a aumentar. (p.15)
Moçambique faz fronteira com seis (6) países, dos quais se inserem na fronteira noroeste e
oeste, os seguintes: Malawi, Zâmbia e Zimbabwe respectivamente; A norte é limitado pela
República da Tanzânia através da fronteira natural do Rio Rovuma; A sul é limitado pela
República da África do Sul e o Reino da Suazilândia e a este, é limitado pelo Canal de
Moçambique e pelo Oceano Índico. No aspecto espacial Moçambique está dividido
geograficamente em três regiões distintas: Região Norte (Niassa, Cabo Delgado e Nampula),
Centro (Tete, Manica, Sofala e Zambézia) e Sul (Gaza, Inhambane e Maputo). A cidade de
Maputo, capital de Moçambique, está situada na região Sul, no extremo sul do país. A cidade
da Beira, localiza-se na província de Sofala, no centro do país e Lichinga situa-se na
província de Niassa, na região norte do país.
CNDS (2002) afirma que:
O relevo moçambicano é constituído por 3 estruturas principais: planícies, planaltos e
montanhas. Basicamente existe uma certa sequência na sua disposição: do litoral para o
interior, o relevo vai de planície a montanha, mas nalguns casos as montanhas ocorrem em
plena planície. a população total é de 20.226. 296 habitantes, com tendência a
aumentar.(p.18)
3
Moçambique faz fronteira com seis (6) países, dos quais se inserem na fronteira noroeste e
oeste, os seguintes: Malawi, Zâmbia e Zimbabwe respectivamente; A norte é limitado pela
República da Tanzânia através da fronteira natural do Rio Rovuma; A sul é limitado pela
República da África do Sul e o Reino da Suazilândia e a este, é limitado pelo Canal de
Moçambique e pelo Oceano Índico.
No aspecto espacial Moçambique está dividido geograficamente em três regiões distintas:
Região Norte (Niassa, Cabo Delgado e Nampula), Centro (Tete, Manica, Sofala e Zambézia)
e Sul (Gaza, Inhambane e Maputo). A cidade de Maputo, capital de Moçambique, está situada
na região Sul, no extremo sul do país. A cidade da Beira, localiza-se na província de Sofala,
no centro do país e Lichinga situa-se na província de Niassa, na região norte do país.
(CNDS cit. Couana 2002) afirma:
Ocorrem em plena planície que o relevo moçambicano é constituído por 3 estruturas
principais: planícies, planaltos e montanhas. Basicamente existe uma certa sequência na
sua disposição: do litoral para o interior, o relevo vai de planície a montanha, mas
nalguns casos as montanhas. (p.15)
2.2. Clima de Moçambique
Cordeiro (1987 citado por Cambula, 2005) afirma que:
De acordo com a classificação climática de Köppen, no país predomina clima do tipo
semiárido, sendo a maior extensão territorial, em torno de 80% coberta por clima do tipo
tropical de savana (Aw), 15% constitui a zona do clima sub-húmido e as zonas áridas e
húmidas são constituídas por 2 e 3% respectivamente, da área total do país. (p.22)
Cumbe (2007) diz que: O clima do País é predominantemente tropical húmido, com duas
estações bem definidas; uma estação fria e seca de Maio a Setembro e outra quente e húmida
entre Outubro e Abril.
Na região do litoral, as chuvas geralmente são torrenciais e são mais a norte que a sul, com
maior frequência de tempestades tropicais durante a época húmida.
De acordo com Benessene (2002), as temperaturas médias variam de 20 a 26 °C, sendo os
valores mais elevados na época chuvosa.
O Sul com o seu clima de savana, tropical e seco, é mais propenso a secas do que as regiões
Centro e Norte, as quais são dominadas por um clima tropical chuvoso e clima
moderadamente húmido modificado pela altitude, respectivamente.
Segundo Cumbe (2007):
4
Os tipos climáticos em Moçambique são determinados pela localização da zona de baixas
pressões equatoriais, das células anticiclónicas tropicais e das frentes polares do Antárctico. O
litoral moçambicano sofre influências da Corrente quente Moçambique-Agulhas e dos
correspondentes ventos dominantes marítimos do quadrante. (p.3)
2.3. Precipitação
Segundo Pinto et al., (1976),
Define-se precipitação a deposição de água no globo terrestre proveniente da atmosfera que
eventualmente atinge o solo sob forma líquida (aguaceiro, chuva, chuvisco) ou sólida (neve,
granizo, saraiva). Ela pode ser considerada uma das variáveis meteorológicas de fundamental
importância para os recursos hídricos, e consequentemente para os seres vivos. (p.9)
2.4. Medição da precipitação
Buchir (2013) diz que:
Exprime-se a quantidade de chuva pela altura de água precipitada e acumulada sobre uma
superfície plana e impermeável. Ela é avaliada por meio de medidas executadas em pontos
previamente escolhidos, utilizando-se aparelhos chamados pluviómetros ou pluviógrafos que
podem ser manuais ou automáticos. Esses aparelhos colhem uma pequena amostra, pois têm
uma superfície horizontal de exposição de 500 cm2 para o pluviómetro e 200 cm2 para
pluviógrafo, e ambos são colocados a uma altura padrão de 1,50 m do solo. (p.11)
Segundo Pinto et al. (1976): As leituras são feitas por um observador treinado em intervalos
de 24 horas e anotadas em cadernetas próprias.
2.5. Tipos de precipitação
Buchir (2013) afirma que:
Os diferentes tipos de precipitação são resultados das características físico-geográficas dos
lugares onde se originam. Como o processo de formação das nuvens está associado ao
movimento ascendente de uma massa de ar húmido, para diferenciar os principais tipos
precipitação é considerada a causa da ascensão do ar húmido. Assim, teremos precipitação,
frontal, convectiva e orográfica. (p.15)
2.5.1. Precipitação frontal
Buchir (2013) diz que: Ocorre quando se encontram duas grandes massas de ar, de diferentes
temperaturas e humidade.
A massa de ar mais quente é mais leve e normalmente mais húmida. Ela é empurrada para
cima, onde atinge temperaturas mais baixas, resultando na condensação do vapor. As massas
de ar que formam a precipitação frontal tem centenas de quilómetros de extensão e
movimentam-se de forma relativamente lenta, por esse facto, elas são de longa duração e
atingem grandes extensões
Pinto et al, (1976) diz que: Em alguns casos as frentes podem ficar estacionárias, e a
precipitação pode atingir o mesmo local por vários dias seguidos.
5
2.5.2 Precipitação convectiva
Villela & Mattos (1971); Collischonn & Tassi, (2008 citados por Buchir, 2013) explicam
que:
É típica de regiões tropicais, ocorre pelo aquecimento de massas de ar, relativamente pequenas,
que estão em contacto directo com a superfície quente dos continentes e oceanos. O
arrefecimento do ar resulta na sua subida para níveis mais altos da atmosfera onde as baixas
temperaturas condensam o vapor, formando nuvens. Este processo pode ou não resultar em
Precipitação. Normalmente, este tipo de precipitação ocorre de forma concentrada sobre áreas
relativamente pequenas Os processos convectivos produz precipitação de grande intensidade e
duração relativamente curta.(p.18)
2.5.3. Precipitação orográfica
Pinto et al. (1976); Villela & Mattos (1971); Collischonn & Tassi (2008 citados por Buchir,
2013).
Esse tipo de precipitação ocorre em regiões em que um grande obstáculo do relevo, como uma
cordilheira ou serra muito alta, impede a passagem de ventos quentes e húmidos, que sopram do
mar, obrigando o ar a subir. Em maiores altitudes a humidade do ar se condensa, formando
nuvens junto aos picos da serra, onde chove com muita frequência. (p.19)
2.6. Variabilidade da Precipitação em Moçambique
Embora seja importante o conhecimento dos valores médios da quantidade de precipitação
anual, mensal e sazonal, contudo, estes valores não nos dão a variação que essa quantidade
está sujeita de ano para ano, o que é bastante importante para o planeamento de muitos
problemas agrícolas e hidrológicos.
Benessene, 2002) diz que:
Em Moçambique a variação da precipitação não é homogénea, sendo que o clima
predominante é do tipo chuvoso nos meses de Outubro a Março, sendo as chuvas mais
intensas no período Dezembro-Fevereiro (CNDS, 2002), com o valor normal climatológico de
precipitação muito variável entre 400 e 1800 mm (A precipitação é mais abundante no Centro
e Norte do País, onde a média anual varia entre os 800 a 1200 mm atingindo os 1500 mm nos
planaltos de Zambézia e de Lichinga, excepto à Província de Tete que recebe uma
precipitação inferior a 600 mm/ano. (p.21)
Queface (2009). O Sul de Moçambique é em geral mais seco com precipitação média anual
inferior a 800 mm descendo para 300 mm na região do Pafuri. (p.10)
O Centro e toda a linha costeira recebem uma precipitação que vai de 800 a 1000 mm. Na
formação montanhosa de Gorongosa, a precipitação excede os 1500 mm, que se localiza entre
os planaltos ocidentais e a cidade da Beira no litoral. Todas as regiões montanhosas mais
altas, a norte do rio Zambeze são chuvosas (CNDS, 2002).
6
2.6.1 Factores que Influenciam a Variabilidade da Precipitação em Moçambique
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) - é uma zona de baixas pressões, onde
convergem diferentes massas de ar e criam-se nuvens de desenvolvimento vertical (nuvens
convectivas) que provocam grandes precipitações. A ZCIT uma porção da região sul de
Moçambique influencia directamente no regime de precipitação da região norte, centro e
Lembrando que, este é um fenómeno migratório que se desloca sobre o continente Africano,
do hemisfério sul para o norte e vice - versa.
Continentalidade - a precipitação varia com a proximidade ou afastamento de um lugar em
relação ao mar. Os lugares mais próximos do oceano tem tendência a registar maiores valores
de precipitação anual do que os lugares no interior dos continentes. Em Moçambique, a
diminuição da precipitação acentua-se com o aumento da continentalidade na maioria das
regiões do vale do Zambeze e sul do Save, onde a influência do baixo nível dos terrenos não
permite em contrapartida pronunciada a influência orográfica (Benessene, 2002).
O efeito da continentalidade é mais notável nas regiões do interior das províncias de Gaza e
Inhambane. Ciclones Tropicais - são zonas de baixas pressões com características dinâmicas
e convergência, movimentando ar húmido e quente horizontalmente. A estação ciclónica
estende-se do mês de Novembro até Abril em Moçambique. Este fenómeno, dura cerca de 6
dias (desde a sua formação até a dissipação), porém por vezes há ciclones que duram duas
semanas às vezes até um mês. Segundo o mesmo autor as estatísticas dizem que, cerca de três
a cinco ciclones se formam no canal de Moçambique todos os anos e durante a sua passagem
produzem grandes quantidades de precipitação.
Anticiclones - são zonas de altas pressões, que se caracterizam pela divergência e subsidência
do ar. Estas zonas são caracterizadas por grande actividade do regime térmico (depressões
térmicas). As depressões térmicas são acompanhadas de massas de ar quente e seco, e
influenciam negativamente na ocorrência da precipitação
El Niño-Oscilação Sul (ENSO) - é um fenómeno oceânico-atmosférico, que caracteriza-se
por episódios quentes e frios associados a alterações dos padrões normais de Temperatura da
Superfície do Mar (TSM) e dos ventos alísios no Oceano Pacífico Equatorial, que conduzem
a alteração no comportamento da precipitação no mundo
(Van e Hurry, 1992 citado por Cambula, 2005) afirma que:
Frentes Frias do Sul - são massas de ar frias que se formam na superfície polar sul,
possuindo uma migração periódica anual em direcção ao equador. Na sua trajectória, estas
massas de ar altamente frias convergem com as massas de ar quentes, formando-se na zona de
convergência grandes nuvens de desenvolvimento vertical (nuvens convectivas) de onde
7
provem a precipitação. Elas são mais frequentes no inverno e são responsáveis pela maioria
das chuvas que ocorrem no verão na parte sul de Moçambique, sobretudo na região do litoral
Baixas Costeiras - são células de baixas pressões, localizadas na parte costeira da África
Austral. Em Moçambique, ocorrem geralmente no verão e são observadas com maior
frequência na zona sul do rio Save. A sua passagem é caracterizada por céu coberto
localizado e chuvas de curta duração e fracas.
Orografia - a composição orográfica duma determinada região facilita o processo de
ascensão das massas de ar que com a diminuição da temperatura amassa de ar evolui até ao
ponto de saturação onde a água condensa-se e precipita. Este fenómeno ocorre geralmente nas
regiões planálticas do país. Geralmente, a ZCIT, as frentes frias, as depressões, ciclones
tropicais e o fenómeno La Niña são responsáveis pela abundância da precipitação, enquanto
os anti-ciclones subtropicais e o fenómeno El Niño, pela redução da precipitação (MICOA,
2004).
2.7. Variação Interanual da Precipitação em Moçambique
O aspecto mais marcante no clima de Moçambique é a variação anual da quantidade de
precipitação que é muito nítida. Para o território Moçambicano a variação da precipitação não
é homogénea, havendo anos em que podem ocorrer cheias e anos em que pode ocorrer seca.
O começo e fim da estação chuvosa nas diferentes regiões do país são muito variáveis.
Durante a época chuvosa, os valores máximos da quantidade de precipitação ocorrem em
Janeiro, Fevereiro e Março. Durante todo o ano e varias vezes por mês, frentes frias
associadas as depressões térmicas pré-frontais atingem o País, dando origem a aguaceiros
fracos durante o inverno e a aguaceiros e trovoadas durante o verão.
2.7.1 Fenómeno El Niño Oscilação Sul (ENSO)
É um dos fenómenos de grande escala que mais afecta o tempo e clima de diferentes regiões
da superfície terrestre e ocorre na região do Oceano Pacífico Equatorial. Ele é o resultado da
interacção entre o oceano e a atmosfera, associado a alterações dos padrões normais de
Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e dos ventos alíseos na região do Pacífico
Equatorial entre a costa do Peru e a Austrália. A componente oceânica é caracterizada por
anomalias da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial junto à costa
Oeste da América do Sul e é actualmente monitorada através da Temperatura da Superfície
do Mar. A componente atmosférica, também conhecida por Oscilação Sul (OS), foi registada
8
na década de 20, pelo matemático Sir Walker, que expressa a correlação inversa existente
entre a pressão atmosférica nos extremos do Pacífico Leste e Oeste, quando a pressão é alta a
Leste usualmente é baixa a Oeste e vice. O Índice de Oscilação Sul (IOS) é utilizado no
monitoramento da componente atmosférica e é caracterizado por anomalias de pressão
atmosférica na região de Darwin, Norte da Austrália (12,4ºS; 130,9ºE) e do Taiti, na Polinésia
Francesa (17,5ºS; 149,6ºW) (Lopes, 2006).
Segundo De Paula (2009), o ENSO apresenta duas (2) fases, a fase quente denominada El
Niño e a fase fria denominada La Niña (Figura 3). LOPES et al., 2007).
Lopes et al (2007
Estando os valores negativos do IOS associados a eventos quentes de El Niño, enquanto que os
valores positivos associados a eventos frios, La Niña o El Niño ocorre quando o índice de
temperatura da superfície do Oceano Pacífico é maior ou igual a +0.5°C e o La Niña quando o
índice de temperatura de superfície do Oceano Pacífico é menor ou igual a -0,5°C, quando o
índice de temperatura da superfície do Oceano Pacífico encontra-se no intervalo de -0.5 a
+0.5°C está-se perante a fase Neutra, ou seja, os eventos El Niño são caracterizados por valores
positivos dentro de um limite definido de temperatura quente, enquanto La Niña são
caracterizados por valores negativos dentro de um definido limite de temperatura fria. (p.19)
Aragão (1998) afirma que:
A diferença de temperatura entre as águas do oceano Pacífico, entre o lado oeste e leste e em
função dos ventos alísios que sopram predominantemente do sudeste no hemisfério Sul, causa
uma circulação de origem térmica directa chamada circulação de Walker e diferença de pressão
na superfície a circulação de Walker é zonal, na qual o ar húmido sobre as TSMs quentes do
Pacífico Ocidental, na zona da Indonésia, sobe provocando precipitações abundantes nesta
zona. (p.11)
Francisco (2001) explica que:
Posteriormente o ar desloca-se para leste na troposfera superior, desce sobre as águas frias do
Pacífico Tropical Oriental e dirige-se para oeste ao longo do equador com os ventos alíseos
Essa circulação atmosférica faz com que a parte oeste do Oceano Pacífico seja uma região de
chuvas frequentes de forma oposta a parte leste e junto à costa da América do Sul seja uma
região de chuvas escassas. (p.17)
El Niño e La Niña
Os fenómenos El Niño e La Niña são fenómenos oceânico-atmosférico, duplamente muito
importantes por causar variação no clima regional e global e nas escalas interanuais de tempo,
mudando os padrões de vento em nível mundial e, afectando, assim, os regimes de
precipitação em regiões tropicais e de latitudes médias.
El Niño
De acordo com Benessene (2002), El Niño é um fenómeno meteorológico caracterizado pelo
aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial
e Oriental. (p.13)
9
Para Oliveira (2001) diz que este fenómeno dura em média 12 a 18 meses, a temperatura da
superfície do mar chega a ficar até 4,5ºC acima da média, e os ventos alísios sopram de leste
para oeste. (p.6)
Marengo (2006) diz que: O aquecimento das águas superficiais no Pacífico Central interfere
no regime dos ventos sobre toda a região do Pacífico Equatorial. (p.9)
A intensidade dos ventos alísios diminui chegando a mudar de sentido, ou seja, de oeste para
leste acumulando a água aquecida no lado Oeste do Pacífico. Com esse aquecimento do
Oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças na
circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de
transporte de humidade e portanto, variações na distribuição da precipitação em regiões
tropicais, em latitudes médias e altas. O fenómeno El Niño pode ser caracterizado como
cíclico, mas não possui um período estritamente regular, reaparecendo no intervalo de dois a
sete anos. Entretanto, podem existir períodos nos quais, o El Niño ocorre com fraca
intensidade.
La Niña
WHO (1999) diz que: O fenómeno La Niña, também conhecido como anti-ENSO ou episódio
frio do Oceano Pacífico é o resfriamento anómalo das águas superficiais do Oceano Pacífico
Equatorial e Oriental. (p.46)
De um modo geral, pode-se dizer que este fenómeno é oposto do El Niño. Os episódios do
fenómeno La Niña têm períodos de aproximadamente 9 a 12 meses, poucas vezes persistem
mais de 2 anos, ocorrendo de 2 a 7 anos Durante os episódios de La Niña, os ventos alísios no
Pacífico são mais intensos que a média climatológica.
Benessene (2002) diz que:
“O Índice de Oscilação Sul (IOS) apresenta valores positivos, o que indica a intensificação da
pressão no Pacífico Central e Oriental, em relação à pressão no Pacífico Ocidental Nos anos de
La Niña os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) têm menores
desvios em relação aos anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se anomalias de até 4,5ºC
acima da média em alguns anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias
observadas não chegam a 4ºC abaixo da média. (p.65)
Aragão (1998) diz que:
Nos anos normais, ou anos neutros correspondem fases sem predominância dos fenómenos El
Niño e La Niña Nesta fase, a temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico, é
mais baixa no sector leste, próximo à costa oeste da América do Sul, e mais elevada desde a
parte central até o sector oeste, próximo ao continente Australiano e a região da Indonésia. Por
isso é comum o uso da expressão águas mais frias no Pacífico Equatorial Leste e águas mais
quentes no Pacífico Equatorial Oeste. (p.34)
10
CPTEC (2010) diz que: Nesta fase, o padrão de circulação dos ventos alísios actua em níveis
baixos da atmosfera e os ventos sopram na faixa equatorial no sentido este-oeste Estes ventos
sopram de nordeste no hemisfério Norte e de sudeste no hemisfério Sul.
A fase fria deste fenómeno, La Niña, é globalmente caracterizada por chuvas acima das
condições normais a Oeste do Centro Equatorial no Hemisfério Norte sobre o Norte da
Austrália e Indonésia durante o inverno e as Filipinas durante o verão do Hemisfério Norte. É
mais húmido do que as condições normais no Sudeste da África e no Brasil, durante o
inverno.
Na costa Oeste da América do Sul Tropical (costa do Golfo) e América do Sul (Sul do Brasil
para o Centro da Argentina), é mais seco do que as condições normais. Os padrões altos de
precipitação do La Niña, são aliados ao calor após o El Niño e o ar nesta fase, encotra-se mais
quente contendo mais vapor de água. Geralmente o La Niña ocorre depois do El Niño.
Cane (1992 citado por Varejão, 2006) explica que:
Nos anos de ENSO em algumas áreas, observam-se temperaturas mais elevadas que o normal,
enquanto, em outras ocorrem frio e neve em excesso. Portanto, as anomalias climáticas
associadas ao fenómeno ENSO podem ser desastrosas e provocar sérios prejuízos
socioeconómicos e ambientais. Tomando como exemplo, o caso do El Niño 1982/83,
considerado o maior dos últimos 100 anos, que causou impactos climáticos importantes e
desastrosos em quase metade do planeta, provocando prejuízos estimados em 8 bilhões de
dólares. (p.23)
Preston e Tyson (2004) afirma que: o comportamento das variáveis meteorológicas na
ausência do ENSO (fase neutra) é guiado pelos sistemas do tempo locais ou regionais,
predominando a climatologia. (p.15)
Davis (2011) diz que: Por exemplo, em 1982/1983 uma precipitação abaixo da média e secas
em muitas zonas da região coincidiram com um intenso evento El Niño (Um outro exemplo é
o caso do El Niño de 1992/1993 que causou grande seca em quase toda África Austral (FAO,
2004).
Segundo Rojas e Amade (1997), o impacto final do ENSO sobre a precipitação em África
Austral depende de outros factores regionais tais como, o regime de temperatura da superfície
da água no Oceano Índico. (p.9)
Lindesay (1998 citado por Davis, 2011) diz que: A influência do El Niño sente-se mais na
parte sudeste da África Austral, alcançando um máximo no fim do verão (Janeiro-Março).
(p.67)
11
2.7. Impactos do ENSO em Moçambique
De acordo com estudos feitos por Benessene (2002), em Moçambique, a grande parte da
variabilidade interanual da precipitação está associada ao fenómeno ENSO.
Alberto et al. (2007) diz que: Na fase quente (El Niño), a maior parte do país, apresenta
desvios negativos da precipitação em relação a média climatológica, predominando altas
temperaturas e consequentemente secas Tomando como exemplo os anos de 1982, 1983,
1984, 1992 e 1993, 1997 e 1998 foram anos de episódios mais intensos e causaram secas,
Média – é o resultado obtido pelo somatório de todos os números de uma série ou amostra e
dividido pela contagem de todos os números da série ou da amostra.
= (1)
Sendo P a precipitação registada, n o número total dos elementos da série ou amostra e a
média da precipitação. Desvio – é a diferença entre a precipitação média (valor actual) e a
precipitação média normal da série.
= − (2)
Onde D é o desvio da precipitação, é a precipitação média actual e Pn é a precipitação
climatológica.
2.7. Variabilidade mensal, sazonal e anual
A variabilidade média mensal foi calculada através da média aritmética (equação 1), para tal,
fez-se a soma das precipitações observadas no mesmo mês durante todos os anos da série e
posteriormente divididos pelo número de observações (anos). De seguida, foi calculado a
variabilidade sazonal considerando os meses de inverno (A, M, J, J, A, S) e de verão (O, N,
D, J, F, M), também através da média aritmética. A variabilidade média anual calculou-se
somando as precipitações mensais observadas num determinado ano e divididas pelo número
de meses que compõe cada ano (12 meses). Posteriormente com os resultados foram
construídos gráficos de barra, no Excel, possibilitando a análise exploratória de dados, como
se observa no capítulo IV, referente a resultados e discussão.
Influência do ENSO sobre a precipitação
Para análise da relação entre a precipitação e o fenómeno ENSO, aplicou-se a análise
exploratória dos dados, através dos desvios da precipitação média anual (obtidos através da
equação 2) e a média anual dos dados do ENSO, posteriormente foram construídos os
gráficos das duas variáveis sobrepostos (no Excel), que se encontram representados na secção
IV. Salientando que, se o desvio for negativo significa que o parâmetro observado
12
(precipitação) está abaixo da normal, caso contrário, o parâmetro está acima da normal. Em
relação ao índice ENSO, se a média for maior que +0.5 estamos perante El Niño, se for
menor que -0.5 La Niña e entre -0.5 a +0.5, está-se perante a fase neutra.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
3. Relação entre a Variabilidade Anual da Precipitação e os Fenómenos El Niño e La
Niña
3.1. Estação de Maputo Observatório
Na estação de Maputo Observatório observaram-se desvios positivos da precipitação nos anos
de 1985, 1999 e 2000, e os mesmos coincidiram com eventos ENSO negativos ou seja, com o
fenómeno La Niña. Destacando o ano 2000 que registou o maior desvio positivo de
precipitação, atingindo 68 mm.
Segundo estudos feitos pelo MICOA (2005), para o ano de 2000, além da ocorrência do La
Niña também observou-se a ocorrência de três (3) ciclones tropicais (Eline, Gloria e Hudah).
Os anos de 1983, 1987, 1991, 1992, 1994 e 2002 registaram desvios negativos de
precipitação e os mesmos coincidiram com a fase quente do fenómeno ENSO ou seja evento
El Niño.
Resultados similares foram obtidos em estudos feitos por Benessene (2002) e Alberto et al.
(2007), que concluíram que a fase quente do ENSO contribui para desvios negativos da
precipitação e a fase fria deste, desvios positivos.
Contudo existem anos que coincidiram com o fenómeno La Niña e ocorreram desvios
negativos da precipitação como é o caso de 1988, 1989, 2008 e 2011. O inverso aconteceu
nos anos de 1997 e 2004 que coincidiram com a ocorrência do fenómeno El Niño mas
observaram-se desvios positivos de precipitação. Possivelmente isto foi devido ao facto desta
estação localizar-se junto ao litoral e sofrer também influência dos ciclones tropicais, frentes,
depressões e outros fenómenos.
3.3. Estação de Beira Aeroporto
A mesma análise para estação de Beira (Figura 17), mostra que os anos de 1985, 1988, 1999 e
2000 observaram desvios positivos de precipitação e os mesmos coincidiram com a
ocorrência de eventos La Niña. De referir o ano 1988 que registou desvio mais acentuado,
chegando a atingir 50 mm. Nos anos de 1987, 1991, 1994, 2002 e 2004 observaram-se
13
desvios negativos de precipitação e nos mesmos anos ocorreram fases quentes do fenómeno
ENSO (El Niño), destacando-se o ano de 1994 que registou maior desvio negativo de
precipitação (40 mm). Nesta estação, ocorreram fenómenos El Niño e nos mesmos anos
registaram-se desvios positivos de precipitação, como os anos de 1992 e 1997 e fenómenos
La Niña que coincidiram com desvios negativos de precipitação, nos anos de 1989, 2008 e
2011. Destacando-se o ano de 2011 que registou maior desvio negativo de precipitação (48
mm) da série. Isto possivelmente deveu-se ao facto de o elemento meteorológico
precipitação, ser influenciado também por outros factores dinâmicos da atmosfera tais como
ciclones tropicais, depressões, ZCIT, anticiclones e outros, e não somente pelo fenómeno
ENSO.
3.4. Estação de Lichinga
Na estação de Lichinga (Figura 18) observou-se a ocorrência de fenómenos El Niño e La
Niña com desvios negativos e positivos da precipitação para ambos fenómenos. Para o
fenómeno La Niña os anos que coincidiram com desvios positivos da precipitação foram
1988, 1989, 1999 e 2000, e com desvios negativos de precipitação foram 1985, 2008 e 2011.
Por outro lado, para o fenómeno El Niño ocorreram desvios negativos de precipitação nos
seguintes anos 1983, 1987, 1991, 1992, 1994 e 2004, e positivos nos anos de 1997 e 2002.
Nesta estação, como nas outras em estudo, observou-se uma certa influência do fenómeno
ENSO no elemento climático precipitação. Lembrando que a precipitação não só depende do
fenómeno ENSO, mas também de outros factores resultantes da interacção oceano –
atmosfera.
Meteorológico precipitação e os fenómenos oceano – atmosfera El Niño e La Niña entre as
(3) três estações em estudo, verificou-se que os fenómenos El Niño e La Niña influenciam na
precipitação de todas estações em estudo, sendo que El Niño contribui para menores
quantidades e La Niña contribui para maiores quantidades de precipitação.
Estes resultados concordam com os obtidos por Alberto et al. (2007) e Benessene (2002).
Contudo, essa influência dos fenómenos El Niño e La Niña, não é similar para todas estações,
sendo que ela mostrou uma tendência decrescente do sul para o norte, isto é, a sua influência
é mais intensa em Maputo Observatório, seguido da Beira Aeroporto e por fim Lichinga.
Possivelmente, isto deveu-se a localização das estações e dos outros factores dinâmicos da
atmosfera que influenciam a precipitação nessas regiões. Resultados similares foram obtidos
por Rojas e Amade (1997) e Lobo (1999).
14
Os anos em que observou-se a ocorrência de El Niño coincidiram com os anos que MICOA
(2004), identificou-os como sendo secos e de ocorrência do fenómeno La Niña, o mesmo
autor identificou-os como húmidos.
3.5. A Transformada Onduleta (Wavelet Transform)
Transformada Onduleta é uma técnica útil para a análise de séries temporais de variáveis
atmosféricas em três dimensões (tempo, escala e intensidade de energia). A dimensão tempo é
representada pelos anos, a escala mostra a periodicidade do evento e a intensidade de energia
a magnitude do evento (amplitude). A linha branca em forma de U representa o cone de
influência, que significa que tudo o que estiver fora do mesmo não é estatisticamente válido.
Os períodos que serão considerados para a análise são os que se encontram dentro do cone.
15
5.Conclusão
O clima e a média sucessão de variações atmosférica de uma determinada região, que são
determinadas por antagónicos factores como a temperatura, a humidade, precipitação entre
outros. Portanto, o fenómeno EL Nino e la nina são os maiores que determinam a
variabilidade pluviométricos de Moçambique e de variações climáticas.
Moçambique apresenta diversos tipos de climáticas, distribuídos em todas regiões do pais,
apesar do fenómeno el nino e la nina serem mas sem intervenção humana, de certa forma os
seus efeitos podem ser evitados ou minimizados através de algumas práticas de conservação
ambiental como plantio e substituição de árvores, diminuta expansão atmosféricas de gases
pesados e tóxicos e redução de queimadas desnecessárias.
16
6. Referências Bibliográficas
Queface, A. (2009). Abordagem geral sobre desastres naturais e mudanças climáticas sobre
Moçambique. S/E. S/E. S/P
Randriamahefasoa,T. M. (2013). Variability of summer rainfall over southwestern
Madagascar. Dissertation presented for the degree of Master of Science. Department of
Oceanography. University of Cape Town
Recife. Vilani, M. T. & Sanches, L. (2011). Transformada wavelet aplicada à variável
temperatura do ar para área urbana e rural. S/E. S/E, S/P
Rojas, O. & Amade, J. (1996). Estudo agroclimático da precipitação e sua aplicação na
segurança alimentar. Maputo.
Rojas, O. & Amade, J. (1997). The EL Niño-Southern Oscillation (ENSO) impact on
agriculture of Mozambique. Maputo.
Santos, C. A. G., Freire, P. K. M & Torrence, C. (2013). A Transformada Wavelete sua
Aplicação na Análise de Séries Hidrológicas. Revista Brasileira de Recursos Hídricos,
18 n.3, P271-280.
Silva, D. F., Sousa, F. A. S. & Kayano, M. T. (2010). Análise da influência das multi-escalas
temporais na precipitação da bacia hidrográfica do rio mundaú através do IAC e
ondeletas: baixo Mundaú.UNOPAR Cient. Exatas Tecnol. Londrina, v. 9, n. 1, p. 19-
26.
Silva, L. V., Casaroli, D., Britto, B. V., Pereira R. M., Evangelista, A. W. P. & Rosa, F. O.
(2014). Influência dos Fenómenos El Niño e La Niña na Precipitação Pluvial da
Região do Matopiba. II INOVAGRI INTERNATIONAL MEEING. Fortaleza-Brasil.
Torrence, C, & Compo, G. P. (1998). A Practical Guide to Wavelet Analysis. Bulletin
American Meteorological Society. S/E. S/E. S/P. 79, n.1, 61-78.
Varejão, M. (2006). Meteorologia e climatologia. Versão digital 2.
Wang, C. Deser, C., Yi Yu, J. DiNezio, P, & Clement, A. (2012). El Niño and Southern
Oscillation (ENSO): A Review. A Chapter for Springer Book: Coral Reefs of the
Eastern Pacific.
WHO, (1999). El Niño and Health. Protection of the Human Environment. Task Force on
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Zolho, R. (2010). Mudanças Climáticas e as Florestas em Moçambique. Edição: Amigos da
Floresta - Centro de Integridade Pública (CIP), Maputo.

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Influência do ENSO na variabilidade climática de Moçambique

  • 1. 1 Universidade Católica de Moçambique Instituto de Educação à Distância Fenómeno Enso: a influência do EL Nino e La Nino na Variabilidade Climática de Moçambique Abdul António Sualei-708212408 Docente:Trindade Filipe Chapare, PhD Geografia, Turma H Climatogeografia 1º Ano Milange, Maio, 2022
  • 2. 2 Folha de Feedback Categorias Indicadores Padrões Classificação Pontuação máxima Nota do tutor Subtotal Estrutura Aspectos organizacionais  Capa 0.5  Índice 0.5  Introdução 0.5  Discussão 0.5  Conclusão 0.5  Bibliografia 0.5 Conteúdo Introdução  Contextualização (Indicação clara do problema) 1.0  Descrição dos objectivos 1.0  Metodologia adequada ao objecto do trabalho 2.0 Análise e discussão  Articulação e domínio do discurso académico (expressão escrita cuidada, coerência / coesão textual) 2.0  Revisão bibliográfica nacional e internacionais relevantes na área de estudo 2.  Exploração dos dados 2.0 Conclusão  Contributos teóricos práticos 2.0 Aspectos gerais Formatação  Paginação, tipo e tamanho de letra, paragrafo, espaçamento entre linhas 1.0 Referências Bibliográficas Normas APA 6ª edição em citações e bibliografia  Rigor e coerência das citações/referências bibliográficas 4.0
  • 3. 3 Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _________________________________
  • 4. 4 Índice 1. Introdução.......................................................................................................................1 1.1. Objectivos ...................................................................................................................1 1.2. Metodologias...............................................................................................................1 2. Influência do EL Nino na variabilidade de Moçambique .................................................2 2.1. Características Gerais de Moçambique ............................................................................2 2.2. Clima de Moçambique ....................................................................................................3 2.3. Precipitação.....................................................................................................................4 2.4. Medição da precipitação..................................................................................................4 2.5. Tipos de precipitação.......................................................................................................4 2.5.1. Precipitação frontal.......................................................................................................4 2.5.2 Precipitação convectiva.................................................................................................5 2.5.3. Precipitação orográfica.................................................................................................5 2.6. Variabilidade da Precipitação em Moçambique ...............................................................5 2.6.1 Factores que Influenciam a Variabilidade da Precipitação em Moçambique...................6 2.7. Variação Interanual da Precipitação em Moçambique......................................................7 2.7.1 Fenómeno El Niño Oscilação Sul (ENSO).....................................................................7 2.7. Impactos do ENSO em Moçambique.............................................................................11 2.7. Variabilidade mensal, sazonal e anual ...........................................................................11 3. Relação entre a Variabilidade Anual da Precipitação e os Fenómenos El Niño e La Niña .12 3.1. Estação de Maputo Observatório ...................................................................................12 3.3. Estação de Beira Aeroporto...........................................................................................12 3.4. Estação de Lichinga ......................................................................................................13 3.5. A Transformada Onduleta (Wavelet Transform)............................................................14 5.Conclusão .........................................................................................................................15 6. Referências Bibliográficas................................................................................................16
  • 5. 1 1. Introdução As mudanças climáticas têm se tornado nas últimas décadas uma preocupação para a comunidade científica, pois são apontadas como uma das causas do aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, tais como, alterações nos regimes da precipitação, perturbações nas correntes marinhas, elevação do nível médio das águas do mar.Por esse motivo, vários estudos têm sido feitos visando evitar que os efeitos causados por estas prejudiquem as diversas formas de vida na superfície terrestre. A precipitação é a deposição da água no globo terrestre proveniente da atmosfera, seja ela em forma de chuva, granizo, neve, orvalho, neblina ou geada. (Lopes, 2006; Marengo, 2007).Considerada uma das variáveis meteorológicas de fundamental importância para os seres vivos, o seu aumento ou diminuição, está relacionado com fenómenos meteorológicos pertencentes às várias escalas temporais e espaciais, que vão desde a escala global (Ex: El Niño e La Niña) às condições locais (Ex: topografia). 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral  Conhecer os fenómenos EL Nino e La Nina 1.1.2. Específicos  Conceituar a Influência do ELl Nino na variabilidade de Moçambique;  Caracterizar a variabilidade da precipitação em Moçambique;  Explicar os factores que influenciam a variabilidade de precipitação em Moçambique. 1.2. Metodologias A realização do presente trabalho delineou-se segundo a modalidade da pesquisa bibliográfica, esta pesquisa sendo bibliográfica foi feita a parti r do estudo de artigos e revistas que abordam os temas que foram pesquisados, por meio deles, o aporte teórico foi produzido. Este trabalho está estruturado em introdução (objectivos e metodologias usadas), desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.
  • 6. 2 2. Influência do EL Nino na variabilidade de Moçambique O El Niño Oscilação Sul (ENSO) é um fenómeno de grande escala que mais afecta o tempo e o clima de diferentes locais e tem sido bastante estudado nas últimas décadas. Este fenómeno provoca alterações na circulação atmosférica que afectam os elementos meteorológicos, principalmente a precipitação, em Moçambique. O presente trabalho visa estudar a influência do fenómeno ENSO sobre a precipitação nas cidades 2.1. Características Gerais de Moçambique De acordo com INE (2007 cit. Zolho 2010) afirma que: Moçambique localiza-se na Costa Leste da África Austral, entre os paralelos 10º 27’ e26º 52’ de latitude Sul e os meridianos 30º 12’e 40º 51’ de longitude Este (MICOA, 2004). Com uma superfície de 799.380km² (98% de terra firme e 2% de águas interiores que incluem os lagos, albufeiras e rios) (CNDS, 2002), com cerca de 2.700 km de costa. (p.12) MICOA (2004) diz que: de latitude Sul e os meridianos 30º 12’e 40º 51’ de longitude Este Com uma superfície de 799.380km² (98% de terra firme e 2% de águas interiores que incluem os lagos, albufeiras e rios) .Moçambique localiza-se na Costa Leste da África Austral, entre os paralelos 10º 27’ e26º 52’ (CNDS, 2002), com cerca de 2.700 km de costa. a população total é de 20.226. 296 habitantes, com tendência a aumentar. (p.15) Moçambique faz fronteira com seis (6) países, dos quais se inserem na fronteira noroeste e oeste, os seguintes: Malawi, Zâmbia e Zimbabwe respectivamente; A norte é limitado pela República da Tanzânia através da fronteira natural do Rio Rovuma; A sul é limitado pela República da África do Sul e o Reino da Suazilândia e a este, é limitado pelo Canal de Moçambique e pelo Oceano Índico. No aspecto espacial Moçambique está dividido geograficamente em três regiões distintas: Região Norte (Niassa, Cabo Delgado e Nampula), Centro (Tete, Manica, Sofala e Zambézia) e Sul (Gaza, Inhambane e Maputo). A cidade de Maputo, capital de Moçambique, está situada na região Sul, no extremo sul do país. A cidade da Beira, localiza-se na província de Sofala, no centro do país e Lichinga situa-se na província de Niassa, na região norte do país. CNDS (2002) afirma que: O relevo moçambicano é constituído por 3 estruturas principais: planícies, planaltos e montanhas. Basicamente existe uma certa sequência na sua disposição: do litoral para o interior, o relevo vai de planície a montanha, mas nalguns casos as montanhas ocorrem em plena planície. a população total é de 20.226. 296 habitantes, com tendência a aumentar.(p.18)
  • 7. 3 Moçambique faz fronteira com seis (6) países, dos quais se inserem na fronteira noroeste e oeste, os seguintes: Malawi, Zâmbia e Zimbabwe respectivamente; A norte é limitado pela República da Tanzânia através da fronteira natural do Rio Rovuma; A sul é limitado pela República da África do Sul e o Reino da Suazilândia e a este, é limitado pelo Canal de Moçambique e pelo Oceano Índico. No aspecto espacial Moçambique está dividido geograficamente em três regiões distintas: Região Norte (Niassa, Cabo Delgado e Nampula), Centro (Tete, Manica, Sofala e Zambézia) e Sul (Gaza, Inhambane e Maputo). A cidade de Maputo, capital de Moçambique, está situada na região Sul, no extremo sul do país. A cidade da Beira, localiza-se na província de Sofala, no centro do país e Lichinga situa-se na província de Niassa, na região norte do país. (CNDS cit. Couana 2002) afirma: Ocorrem em plena planície que o relevo moçambicano é constituído por 3 estruturas principais: planícies, planaltos e montanhas. Basicamente existe uma certa sequência na sua disposição: do litoral para o interior, o relevo vai de planície a montanha, mas nalguns casos as montanhas. (p.15) 2.2. Clima de Moçambique Cordeiro (1987 citado por Cambula, 2005) afirma que: De acordo com a classificação climática de Köppen, no país predomina clima do tipo semiárido, sendo a maior extensão territorial, em torno de 80% coberta por clima do tipo tropical de savana (Aw), 15% constitui a zona do clima sub-húmido e as zonas áridas e húmidas são constituídas por 2 e 3% respectivamente, da área total do país. (p.22) Cumbe (2007) diz que: O clima do País é predominantemente tropical húmido, com duas estações bem definidas; uma estação fria e seca de Maio a Setembro e outra quente e húmida entre Outubro e Abril. Na região do litoral, as chuvas geralmente são torrenciais e são mais a norte que a sul, com maior frequência de tempestades tropicais durante a época húmida. De acordo com Benessene (2002), as temperaturas médias variam de 20 a 26 °C, sendo os valores mais elevados na época chuvosa. O Sul com o seu clima de savana, tropical e seco, é mais propenso a secas do que as regiões Centro e Norte, as quais são dominadas por um clima tropical chuvoso e clima moderadamente húmido modificado pela altitude, respectivamente. Segundo Cumbe (2007):
  • 8. 4 Os tipos climáticos em Moçambique são determinados pela localização da zona de baixas pressões equatoriais, das células anticiclónicas tropicais e das frentes polares do Antárctico. O litoral moçambicano sofre influências da Corrente quente Moçambique-Agulhas e dos correspondentes ventos dominantes marítimos do quadrante. (p.3) 2.3. Precipitação Segundo Pinto et al., (1976), Define-se precipitação a deposição de água no globo terrestre proveniente da atmosfera que eventualmente atinge o solo sob forma líquida (aguaceiro, chuva, chuvisco) ou sólida (neve, granizo, saraiva). Ela pode ser considerada uma das variáveis meteorológicas de fundamental importância para os recursos hídricos, e consequentemente para os seres vivos. (p.9) 2.4. Medição da precipitação Buchir (2013) diz que: Exprime-se a quantidade de chuva pela altura de água precipitada e acumulada sobre uma superfície plana e impermeável. Ela é avaliada por meio de medidas executadas em pontos previamente escolhidos, utilizando-se aparelhos chamados pluviómetros ou pluviógrafos que podem ser manuais ou automáticos. Esses aparelhos colhem uma pequena amostra, pois têm uma superfície horizontal de exposição de 500 cm2 para o pluviómetro e 200 cm2 para pluviógrafo, e ambos são colocados a uma altura padrão de 1,50 m do solo. (p.11) Segundo Pinto et al. (1976): As leituras são feitas por um observador treinado em intervalos de 24 horas e anotadas em cadernetas próprias. 2.5. Tipos de precipitação Buchir (2013) afirma que: Os diferentes tipos de precipitação são resultados das características físico-geográficas dos lugares onde se originam. Como o processo de formação das nuvens está associado ao movimento ascendente de uma massa de ar húmido, para diferenciar os principais tipos precipitação é considerada a causa da ascensão do ar húmido. Assim, teremos precipitação, frontal, convectiva e orográfica. (p.15) 2.5.1. Precipitação frontal Buchir (2013) diz que: Ocorre quando se encontram duas grandes massas de ar, de diferentes temperaturas e humidade. A massa de ar mais quente é mais leve e normalmente mais húmida. Ela é empurrada para cima, onde atinge temperaturas mais baixas, resultando na condensação do vapor. As massas de ar que formam a precipitação frontal tem centenas de quilómetros de extensão e movimentam-se de forma relativamente lenta, por esse facto, elas são de longa duração e atingem grandes extensões Pinto et al, (1976) diz que: Em alguns casos as frentes podem ficar estacionárias, e a precipitação pode atingir o mesmo local por vários dias seguidos.
  • 9. 5 2.5.2 Precipitação convectiva Villela & Mattos (1971); Collischonn & Tassi, (2008 citados por Buchir, 2013) explicam que: É típica de regiões tropicais, ocorre pelo aquecimento de massas de ar, relativamente pequenas, que estão em contacto directo com a superfície quente dos continentes e oceanos. O arrefecimento do ar resulta na sua subida para níveis mais altos da atmosfera onde as baixas temperaturas condensam o vapor, formando nuvens. Este processo pode ou não resultar em Precipitação. Normalmente, este tipo de precipitação ocorre de forma concentrada sobre áreas relativamente pequenas Os processos convectivos produz precipitação de grande intensidade e duração relativamente curta.(p.18) 2.5.3. Precipitação orográfica Pinto et al. (1976); Villela & Mattos (1971); Collischonn & Tassi (2008 citados por Buchir, 2013). Esse tipo de precipitação ocorre em regiões em que um grande obstáculo do relevo, como uma cordilheira ou serra muito alta, impede a passagem de ventos quentes e húmidos, que sopram do mar, obrigando o ar a subir. Em maiores altitudes a humidade do ar se condensa, formando nuvens junto aos picos da serra, onde chove com muita frequência. (p.19) 2.6. Variabilidade da Precipitação em Moçambique Embora seja importante o conhecimento dos valores médios da quantidade de precipitação anual, mensal e sazonal, contudo, estes valores não nos dão a variação que essa quantidade está sujeita de ano para ano, o que é bastante importante para o planeamento de muitos problemas agrícolas e hidrológicos. Benessene, 2002) diz que: Em Moçambique a variação da precipitação não é homogénea, sendo que o clima predominante é do tipo chuvoso nos meses de Outubro a Março, sendo as chuvas mais intensas no período Dezembro-Fevereiro (CNDS, 2002), com o valor normal climatológico de precipitação muito variável entre 400 e 1800 mm (A precipitação é mais abundante no Centro e Norte do País, onde a média anual varia entre os 800 a 1200 mm atingindo os 1500 mm nos planaltos de Zambézia e de Lichinga, excepto à Província de Tete que recebe uma precipitação inferior a 600 mm/ano. (p.21) Queface (2009). O Sul de Moçambique é em geral mais seco com precipitação média anual inferior a 800 mm descendo para 300 mm na região do Pafuri. (p.10) O Centro e toda a linha costeira recebem uma precipitação que vai de 800 a 1000 mm. Na formação montanhosa de Gorongosa, a precipitação excede os 1500 mm, que se localiza entre os planaltos ocidentais e a cidade da Beira no litoral. Todas as regiões montanhosas mais altas, a norte do rio Zambeze são chuvosas (CNDS, 2002).
  • 10. 6 2.6.1 Factores que Influenciam a Variabilidade da Precipitação em Moçambique Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) - é uma zona de baixas pressões, onde convergem diferentes massas de ar e criam-se nuvens de desenvolvimento vertical (nuvens convectivas) que provocam grandes precipitações. A ZCIT uma porção da região sul de Moçambique influencia directamente no regime de precipitação da região norte, centro e Lembrando que, este é um fenómeno migratório que se desloca sobre o continente Africano, do hemisfério sul para o norte e vice - versa. Continentalidade - a precipitação varia com a proximidade ou afastamento de um lugar em relação ao mar. Os lugares mais próximos do oceano tem tendência a registar maiores valores de precipitação anual do que os lugares no interior dos continentes. Em Moçambique, a diminuição da precipitação acentua-se com o aumento da continentalidade na maioria das regiões do vale do Zambeze e sul do Save, onde a influência do baixo nível dos terrenos não permite em contrapartida pronunciada a influência orográfica (Benessene, 2002). O efeito da continentalidade é mais notável nas regiões do interior das províncias de Gaza e Inhambane. Ciclones Tropicais - são zonas de baixas pressões com características dinâmicas e convergência, movimentando ar húmido e quente horizontalmente. A estação ciclónica estende-se do mês de Novembro até Abril em Moçambique. Este fenómeno, dura cerca de 6 dias (desde a sua formação até a dissipação), porém por vezes há ciclones que duram duas semanas às vezes até um mês. Segundo o mesmo autor as estatísticas dizem que, cerca de três a cinco ciclones se formam no canal de Moçambique todos os anos e durante a sua passagem produzem grandes quantidades de precipitação. Anticiclones - são zonas de altas pressões, que se caracterizam pela divergência e subsidência do ar. Estas zonas são caracterizadas por grande actividade do regime térmico (depressões térmicas). As depressões térmicas são acompanhadas de massas de ar quente e seco, e influenciam negativamente na ocorrência da precipitação El Niño-Oscilação Sul (ENSO) - é um fenómeno oceânico-atmosférico, que caracteriza-se por episódios quentes e frios associados a alterações dos padrões normais de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e dos ventos alísios no Oceano Pacífico Equatorial, que conduzem a alteração no comportamento da precipitação no mundo (Van e Hurry, 1992 citado por Cambula, 2005) afirma que: Frentes Frias do Sul - são massas de ar frias que se formam na superfície polar sul, possuindo uma migração periódica anual em direcção ao equador. Na sua trajectória, estas massas de ar altamente frias convergem com as massas de ar quentes, formando-se na zona de convergência grandes nuvens de desenvolvimento vertical (nuvens convectivas) de onde
  • 11. 7 provem a precipitação. Elas são mais frequentes no inverno e são responsáveis pela maioria das chuvas que ocorrem no verão na parte sul de Moçambique, sobretudo na região do litoral Baixas Costeiras - são células de baixas pressões, localizadas na parte costeira da África Austral. Em Moçambique, ocorrem geralmente no verão e são observadas com maior frequência na zona sul do rio Save. A sua passagem é caracterizada por céu coberto localizado e chuvas de curta duração e fracas. Orografia - a composição orográfica duma determinada região facilita o processo de ascensão das massas de ar que com a diminuição da temperatura amassa de ar evolui até ao ponto de saturação onde a água condensa-se e precipita. Este fenómeno ocorre geralmente nas regiões planálticas do país. Geralmente, a ZCIT, as frentes frias, as depressões, ciclones tropicais e o fenómeno La Niña são responsáveis pela abundância da precipitação, enquanto os anti-ciclones subtropicais e o fenómeno El Niño, pela redução da precipitação (MICOA, 2004). 2.7. Variação Interanual da Precipitação em Moçambique O aspecto mais marcante no clima de Moçambique é a variação anual da quantidade de precipitação que é muito nítida. Para o território Moçambicano a variação da precipitação não é homogénea, havendo anos em que podem ocorrer cheias e anos em que pode ocorrer seca. O começo e fim da estação chuvosa nas diferentes regiões do país são muito variáveis. Durante a época chuvosa, os valores máximos da quantidade de precipitação ocorrem em Janeiro, Fevereiro e Março. Durante todo o ano e varias vezes por mês, frentes frias associadas as depressões térmicas pré-frontais atingem o País, dando origem a aguaceiros fracos durante o inverno e a aguaceiros e trovoadas durante o verão. 2.7.1 Fenómeno El Niño Oscilação Sul (ENSO) É um dos fenómenos de grande escala que mais afecta o tempo e clima de diferentes regiões da superfície terrestre e ocorre na região do Oceano Pacífico Equatorial. Ele é o resultado da interacção entre o oceano e a atmosfera, associado a alterações dos padrões normais de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e dos ventos alíseos na região do Pacífico Equatorial entre a costa do Peru e a Austrália. A componente oceânica é caracterizada por anomalias da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial junto à costa Oeste da América do Sul e é actualmente monitorada através da Temperatura da Superfície do Mar. A componente atmosférica, também conhecida por Oscilação Sul (OS), foi registada
  • 12. 8 na década de 20, pelo matemático Sir Walker, que expressa a correlação inversa existente entre a pressão atmosférica nos extremos do Pacífico Leste e Oeste, quando a pressão é alta a Leste usualmente é baixa a Oeste e vice. O Índice de Oscilação Sul (IOS) é utilizado no monitoramento da componente atmosférica e é caracterizado por anomalias de pressão atmosférica na região de Darwin, Norte da Austrália (12,4ºS; 130,9ºE) e do Taiti, na Polinésia Francesa (17,5ºS; 149,6ºW) (Lopes, 2006). Segundo De Paula (2009), o ENSO apresenta duas (2) fases, a fase quente denominada El Niño e a fase fria denominada La Niña (Figura 3). LOPES et al., 2007). Lopes et al (2007 Estando os valores negativos do IOS associados a eventos quentes de El Niño, enquanto que os valores positivos associados a eventos frios, La Niña o El Niño ocorre quando o índice de temperatura da superfície do Oceano Pacífico é maior ou igual a +0.5°C e o La Niña quando o índice de temperatura de superfície do Oceano Pacífico é menor ou igual a -0,5°C, quando o índice de temperatura da superfície do Oceano Pacífico encontra-se no intervalo de -0.5 a +0.5°C está-se perante a fase Neutra, ou seja, os eventos El Niño são caracterizados por valores positivos dentro de um limite definido de temperatura quente, enquanto La Niña são caracterizados por valores negativos dentro de um definido limite de temperatura fria. (p.19) Aragão (1998) afirma que: A diferença de temperatura entre as águas do oceano Pacífico, entre o lado oeste e leste e em função dos ventos alísios que sopram predominantemente do sudeste no hemisfério Sul, causa uma circulação de origem térmica directa chamada circulação de Walker e diferença de pressão na superfície a circulação de Walker é zonal, na qual o ar húmido sobre as TSMs quentes do Pacífico Ocidental, na zona da Indonésia, sobe provocando precipitações abundantes nesta zona. (p.11) Francisco (2001) explica que: Posteriormente o ar desloca-se para leste na troposfera superior, desce sobre as águas frias do Pacífico Tropical Oriental e dirige-se para oeste ao longo do equador com os ventos alíseos Essa circulação atmosférica faz com que a parte oeste do Oceano Pacífico seja uma região de chuvas frequentes de forma oposta a parte leste e junto à costa da América do Sul seja uma região de chuvas escassas. (p.17) El Niño e La Niña Os fenómenos El Niño e La Niña são fenómenos oceânico-atmosférico, duplamente muito importantes por causar variação no clima regional e global e nas escalas interanuais de tempo, mudando os padrões de vento em nível mundial e, afectando, assim, os regimes de precipitação em regiões tropicais e de latitudes médias. El Niño De acordo com Benessene (2002), El Niño é um fenómeno meteorológico caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e Oriental. (p.13)
  • 13. 9 Para Oliveira (2001) diz que este fenómeno dura em média 12 a 18 meses, a temperatura da superfície do mar chega a ficar até 4,5ºC acima da média, e os ventos alísios sopram de leste para oeste. (p.6) Marengo (2006) diz que: O aquecimento das águas superficiais no Pacífico Central interfere no regime dos ventos sobre toda a região do Pacífico Equatorial. (p.9) A intensidade dos ventos alísios diminui chegando a mudar de sentido, ou seja, de oeste para leste acumulando a água aquecida no lado Oeste do Pacífico. Com esse aquecimento do Oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças na circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de transporte de humidade e portanto, variações na distribuição da precipitação em regiões tropicais, em latitudes médias e altas. O fenómeno El Niño pode ser caracterizado como cíclico, mas não possui um período estritamente regular, reaparecendo no intervalo de dois a sete anos. Entretanto, podem existir períodos nos quais, o El Niño ocorre com fraca intensidade. La Niña WHO (1999) diz que: O fenómeno La Niña, também conhecido como anti-ENSO ou episódio frio do Oceano Pacífico é o resfriamento anómalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e Oriental. (p.46) De um modo geral, pode-se dizer que este fenómeno é oposto do El Niño. Os episódios do fenómeno La Niña têm períodos de aproximadamente 9 a 12 meses, poucas vezes persistem mais de 2 anos, ocorrendo de 2 a 7 anos Durante os episódios de La Niña, os ventos alísios no Pacífico são mais intensos que a média climatológica. Benessene (2002) diz que: “O Índice de Oscilação Sul (IOS) apresenta valores positivos, o que indica a intensificação da pressão no Pacífico Central e Oriental, em relação à pressão no Pacífico Ocidental Nos anos de La Niña os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) têm menores desvios em relação aos anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se anomalias de até 4,5ºC acima da média em alguns anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias observadas não chegam a 4ºC abaixo da média. (p.65) Aragão (1998) diz que: Nos anos normais, ou anos neutros correspondem fases sem predominância dos fenómenos El Niño e La Niña Nesta fase, a temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico, é mais baixa no sector leste, próximo à costa oeste da América do Sul, e mais elevada desde a parte central até o sector oeste, próximo ao continente Australiano e a região da Indonésia. Por isso é comum o uso da expressão águas mais frias no Pacífico Equatorial Leste e águas mais quentes no Pacífico Equatorial Oeste. (p.34)
  • 14. 10 CPTEC (2010) diz que: Nesta fase, o padrão de circulação dos ventos alísios actua em níveis baixos da atmosfera e os ventos sopram na faixa equatorial no sentido este-oeste Estes ventos sopram de nordeste no hemisfério Norte e de sudeste no hemisfério Sul. A fase fria deste fenómeno, La Niña, é globalmente caracterizada por chuvas acima das condições normais a Oeste do Centro Equatorial no Hemisfério Norte sobre o Norte da Austrália e Indonésia durante o inverno e as Filipinas durante o verão do Hemisfério Norte. É mais húmido do que as condições normais no Sudeste da África e no Brasil, durante o inverno. Na costa Oeste da América do Sul Tropical (costa do Golfo) e América do Sul (Sul do Brasil para o Centro da Argentina), é mais seco do que as condições normais. Os padrões altos de precipitação do La Niña, são aliados ao calor após o El Niño e o ar nesta fase, encotra-se mais quente contendo mais vapor de água. Geralmente o La Niña ocorre depois do El Niño. Cane (1992 citado por Varejão, 2006) explica que: Nos anos de ENSO em algumas áreas, observam-se temperaturas mais elevadas que o normal, enquanto, em outras ocorrem frio e neve em excesso. Portanto, as anomalias climáticas associadas ao fenómeno ENSO podem ser desastrosas e provocar sérios prejuízos socioeconómicos e ambientais. Tomando como exemplo, o caso do El Niño 1982/83, considerado o maior dos últimos 100 anos, que causou impactos climáticos importantes e desastrosos em quase metade do planeta, provocando prejuízos estimados em 8 bilhões de dólares. (p.23) Preston e Tyson (2004) afirma que: o comportamento das variáveis meteorológicas na ausência do ENSO (fase neutra) é guiado pelos sistemas do tempo locais ou regionais, predominando a climatologia. (p.15) Davis (2011) diz que: Por exemplo, em 1982/1983 uma precipitação abaixo da média e secas em muitas zonas da região coincidiram com um intenso evento El Niño (Um outro exemplo é o caso do El Niño de 1992/1993 que causou grande seca em quase toda África Austral (FAO, 2004). Segundo Rojas e Amade (1997), o impacto final do ENSO sobre a precipitação em África Austral depende de outros factores regionais tais como, o regime de temperatura da superfície da água no Oceano Índico. (p.9) Lindesay (1998 citado por Davis, 2011) diz que: A influência do El Niño sente-se mais na parte sudeste da África Austral, alcançando um máximo no fim do verão (Janeiro-Março). (p.67)
  • 15. 11 2.7. Impactos do ENSO em Moçambique De acordo com estudos feitos por Benessene (2002), em Moçambique, a grande parte da variabilidade interanual da precipitação está associada ao fenómeno ENSO. Alberto et al. (2007) diz que: Na fase quente (El Niño), a maior parte do país, apresenta desvios negativos da precipitação em relação a média climatológica, predominando altas temperaturas e consequentemente secas Tomando como exemplo os anos de 1982, 1983, 1984, 1992 e 1993, 1997 e 1998 foram anos de episódios mais intensos e causaram secas, Média – é o resultado obtido pelo somatório de todos os números de uma série ou amostra e dividido pela contagem de todos os números da série ou da amostra. = (1) Sendo P a precipitação registada, n o número total dos elementos da série ou amostra e a média da precipitação. Desvio – é a diferença entre a precipitação média (valor actual) e a precipitação média normal da série. = − (2) Onde D é o desvio da precipitação, é a precipitação média actual e Pn é a precipitação climatológica. 2.7. Variabilidade mensal, sazonal e anual A variabilidade média mensal foi calculada através da média aritmética (equação 1), para tal, fez-se a soma das precipitações observadas no mesmo mês durante todos os anos da série e posteriormente divididos pelo número de observações (anos). De seguida, foi calculado a variabilidade sazonal considerando os meses de inverno (A, M, J, J, A, S) e de verão (O, N, D, J, F, M), também através da média aritmética. A variabilidade média anual calculou-se somando as precipitações mensais observadas num determinado ano e divididas pelo número de meses que compõe cada ano (12 meses). Posteriormente com os resultados foram construídos gráficos de barra, no Excel, possibilitando a análise exploratória de dados, como se observa no capítulo IV, referente a resultados e discussão. Influência do ENSO sobre a precipitação Para análise da relação entre a precipitação e o fenómeno ENSO, aplicou-se a análise exploratória dos dados, através dos desvios da precipitação média anual (obtidos através da equação 2) e a média anual dos dados do ENSO, posteriormente foram construídos os gráficos das duas variáveis sobrepostos (no Excel), que se encontram representados na secção IV. Salientando que, se o desvio for negativo significa que o parâmetro observado
  • 16. 12 (precipitação) está abaixo da normal, caso contrário, o parâmetro está acima da normal. Em relação ao índice ENSO, se a média for maior que +0.5 estamos perante El Niño, se for menor que -0.5 La Niña e entre -0.5 a +0.5, está-se perante a fase neutra. Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga 3. Relação entre a Variabilidade Anual da Precipitação e os Fenómenos El Niño e La Niña 3.1. Estação de Maputo Observatório Na estação de Maputo Observatório observaram-se desvios positivos da precipitação nos anos de 1985, 1999 e 2000, e os mesmos coincidiram com eventos ENSO negativos ou seja, com o fenómeno La Niña. Destacando o ano 2000 que registou o maior desvio positivo de precipitação, atingindo 68 mm. Segundo estudos feitos pelo MICOA (2005), para o ano de 2000, além da ocorrência do La Niña também observou-se a ocorrência de três (3) ciclones tropicais (Eline, Gloria e Hudah). Os anos de 1983, 1987, 1991, 1992, 1994 e 2002 registaram desvios negativos de precipitação e os mesmos coincidiram com a fase quente do fenómeno ENSO ou seja evento El Niño. Resultados similares foram obtidos em estudos feitos por Benessene (2002) e Alberto et al. (2007), que concluíram que a fase quente do ENSO contribui para desvios negativos da precipitação e a fase fria deste, desvios positivos. Contudo existem anos que coincidiram com o fenómeno La Niña e ocorreram desvios negativos da precipitação como é o caso de 1988, 1989, 2008 e 2011. O inverso aconteceu nos anos de 1997 e 2004 que coincidiram com a ocorrência do fenómeno El Niño mas observaram-se desvios positivos de precipitação. Possivelmente isto foi devido ao facto desta estação localizar-se junto ao litoral e sofrer também influência dos ciclones tropicais, frentes, depressões e outros fenómenos. 3.3. Estação de Beira Aeroporto A mesma análise para estação de Beira (Figura 17), mostra que os anos de 1985, 1988, 1999 e 2000 observaram desvios positivos de precipitação e os mesmos coincidiram com a ocorrência de eventos La Niña. De referir o ano 1988 que registou desvio mais acentuado, chegando a atingir 50 mm. Nos anos de 1987, 1991, 1994, 2002 e 2004 observaram-se
  • 17. 13 desvios negativos de precipitação e nos mesmos anos ocorreram fases quentes do fenómeno ENSO (El Niño), destacando-se o ano de 1994 que registou maior desvio negativo de precipitação (40 mm). Nesta estação, ocorreram fenómenos El Niño e nos mesmos anos registaram-se desvios positivos de precipitação, como os anos de 1992 e 1997 e fenómenos La Niña que coincidiram com desvios negativos de precipitação, nos anos de 1989, 2008 e 2011. Destacando-se o ano de 2011 que registou maior desvio negativo de precipitação (48 mm) da série. Isto possivelmente deveu-se ao facto de o elemento meteorológico precipitação, ser influenciado também por outros factores dinâmicos da atmosfera tais como ciclones tropicais, depressões, ZCIT, anticiclones e outros, e não somente pelo fenómeno ENSO. 3.4. Estação de Lichinga Na estação de Lichinga (Figura 18) observou-se a ocorrência de fenómenos El Niño e La Niña com desvios negativos e positivos da precipitação para ambos fenómenos. Para o fenómeno La Niña os anos que coincidiram com desvios positivos da precipitação foram 1988, 1989, 1999 e 2000, e com desvios negativos de precipitação foram 1985, 2008 e 2011. Por outro lado, para o fenómeno El Niño ocorreram desvios negativos de precipitação nos seguintes anos 1983, 1987, 1991, 1992, 1994 e 2004, e positivos nos anos de 1997 e 2002. Nesta estação, como nas outras em estudo, observou-se uma certa influência do fenómeno ENSO no elemento climático precipitação. Lembrando que a precipitação não só depende do fenómeno ENSO, mas também de outros factores resultantes da interacção oceano – atmosfera. Meteorológico precipitação e os fenómenos oceano – atmosfera El Niño e La Niña entre as (3) três estações em estudo, verificou-se que os fenómenos El Niño e La Niña influenciam na precipitação de todas estações em estudo, sendo que El Niño contribui para menores quantidades e La Niña contribui para maiores quantidades de precipitação. Estes resultados concordam com os obtidos por Alberto et al. (2007) e Benessene (2002). Contudo, essa influência dos fenómenos El Niño e La Niña, não é similar para todas estações, sendo que ela mostrou uma tendência decrescente do sul para o norte, isto é, a sua influência é mais intensa em Maputo Observatório, seguido da Beira Aeroporto e por fim Lichinga. Possivelmente, isto deveu-se a localização das estações e dos outros factores dinâmicos da atmosfera que influenciam a precipitação nessas regiões. Resultados similares foram obtidos por Rojas e Amade (1997) e Lobo (1999).
  • 18. 14 Os anos em que observou-se a ocorrência de El Niño coincidiram com os anos que MICOA (2004), identificou-os como sendo secos e de ocorrência do fenómeno La Niña, o mesmo autor identificou-os como húmidos. 3.5. A Transformada Onduleta (Wavelet Transform) Transformada Onduleta é uma técnica útil para a análise de séries temporais de variáveis atmosféricas em três dimensões (tempo, escala e intensidade de energia). A dimensão tempo é representada pelos anos, a escala mostra a periodicidade do evento e a intensidade de energia a magnitude do evento (amplitude). A linha branca em forma de U representa o cone de influência, que significa que tudo o que estiver fora do mesmo não é estatisticamente válido. Os períodos que serão considerados para a análise são os que se encontram dentro do cone.
  • 19. 15 5.Conclusão O clima e a média sucessão de variações atmosférica de uma determinada região, que são determinadas por antagónicos factores como a temperatura, a humidade, precipitação entre outros. Portanto, o fenómeno EL Nino e la nina são os maiores que determinam a variabilidade pluviométricos de Moçambique e de variações climáticas. Moçambique apresenta diversos tipos de climáticas, distribuídos em todas regiões do pais, apesar do fenómeno el nino e la nina serem mas sem intervenção humana, de certa forma os seus efeitos podem ser evitados ou minimizados através de algumas práticas de conservação ambiental como plantio e substituição de árvores, diminuta expansão atmosféricas de gases pesados e tóxicos e redução de queimadas desnecessárias.
  • 20. 16 6. Referências Bibliográficas Queface, A. (2009). Abordagem geral sobre desastres naturais e mudanças climáticas sobre Moçambique. S/E. S/E. S/P Randriamahefasoa,T. M. (2013). Variability of summer rainfall over southwestern Madagascar. Dissertation presented for the degree of Master of Science. Department of Oceanography. University of Cape Town Recife. Vilani, M. T. & Sanches, L. (2011). Transformada wavelet aplicada à variável temperatura do ar para área urbana e rural. S/E. S/E, S/P Rojas, O. & Amade, J. (1996). Estudo agroclimático da precipitação e sua aplicação na segurança alimentar. Maputo. Rojas, O. & Amade, J. (1997). The EL Niño-Southern Oscillation (ENSO) impact on agriculture of Mozambique. Maputo. Santos, C. A. G., Freire, P. K. M & Torrence, C. (2013). A Transformada Wavelete sua Aplicação na Análise de Séries Hidrológicas. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 18 n.3, P271-280. Silva, D. F., Sousa, F. A. S. & Kayano, M. T. (2010). Análise da influência das multi-escalas temporais na precipitação da bacia hidrográfica do rio mundaú através do IAC e ondeletas: baixo Mundaú.UNOPAR Cient. Exatas Tecnol. Londrina, v. 9, n. 1, p. 19- 26. Silva, L. V., Casaroli, D., Britto, B. V., Pereira R. M., Evangelista, A. W. P. & Rosa, F. O. (2014). Influência dos Fenómenos El Niño e La Niña na Precipitação Pluvial da Região do Matopiba. II INOVAGRI INTERNATIONAL MEEING. Fortaleza-Brasil. Torrence, C, & Compo, G. P. (1998). A Practical Guide to Wavelet Analysis. Bulletin American Meteorological Society. S/E. S/E. S/P. 79, n.1, 61-78. Varejão, M. (2006). Meteorologia e climatologia. Versão digital 2. Wang, C. Deser, C., Yi Yu, J. DiNezio, P, & Clement, A. (2012). El Niño and Southern Oscillation (ENSO): A Review. A Chapter for Springer Book: Coral Reefs of the Eastern Pacific. WHO, (1999). El Niño and Health. Protection of the Human Environment. Task Force on Climate and Health. Geneva. Zolho, R. (2010). Mudanças Climáticas e as Florestas em Moçambique. Edição: Amigos da Floresta - Centro de Integridade Pública (CIP), Maputo.