Faculdade de Música do Espírito Santo Maurício de Oliveira Disciplina: História e Música IV
Prof.: Fernando Vago
Alunos: Cristiano Oliveira e Esequias Lopes
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Música Eletrônica
1. Data: 12/06/2015
Música Eletrônica
Faculdade de Música do Espírito Santo Maurício de Oliveira
Disciplina: História e Música IV
Prof.: Fernando Vago
Alunos: Cristiano Oliveira e Esequias Lopes
2. Introdução
A música eletrônica surgiu no final dos anos 40 e
início dos anos 50 com a invenção do gravador de fita.
Os instrumentos musicais elétricos haviam permitido
apenas a produção de novos timbres e a manipulação
sonora através de discos era limitada. As fitas, por
outro lado, davam versatilidade na gravação dos sons,
permitindo manipular altura e ritmo pela alteração da
velocidade de gravação, sobrepô-los uns aos outros e
reorganizá-los na ordem desejada.
3. Edgar Varèse
✤ Em sua obra Intégrales, para
orquestra, utilizou o efeito da
reprodução em sentido inverso
de uma gravação em disco.
✤ Em Déserts, seu primeiro ensaio
eletrônico, utilizou sons gravados
em fita e instrumentais.
✤ Seu Poème Électronique é uma
das poucas grandes obras de
música em fita.
4. Estúdios de Música Eletrônica
✤ Entre os primeiros estúdios de música eletrônica,
sobretudo em estações de rádio, que firmaram
autoridade no campo temos a Radiodiffusion
Française em Paris e a Nordwestdeutscher Rundfunk
em Colônia.
5. Pierre Schaeffer
e Pierre Henry
✤ Em Paris impôs-se a musique
concrète, composta de sons
naturais modificados e
reorganizados, em geral
derivados dos metais e da água.
✤ Symphonie pour un Homme Seul
(1949-50), dos diretores do
estúdio parisiense, foi umas das
primeiras obras eletrônicas a
serem apresentadas em
execução pública e foi criada
com técnicas de disco.
6. Stockhausen
✤ Em Colônia a situação era
diferente, Stockhausen não se
preocupava em transformar sons
naturais, mas em criar música
eletrônica "pura" exclusivamente
com os novos recursos.
✤ Em Studie I (1953), Stockhausen
tentou sintetizar sons a partir de
frequências puras.
✤ Gesang der Jünglinge (1955-56),
mediação entre Paris e Colônia.
7. Pulsações Regulares
✤ Os quatro elementos constituintes da música - altura,
timbre, ritmo e forma - podiam ser encarados como
aspectos do mesmo fenômeno, o da vibração.
✤ Kontakte (Contatos,1959-60) - composição de novos
timbres, ritmos e sons;
8. Milton Babbitt
✤ Para Babbitt o valor da música
eletrônica não estava nos
novos sons, mas no superior
controle rítmico.
✤ Em Ensembles for Synthesizer
ele se valeu dessa
possibilidade impulsionando o
serialismo rítmico.
9. Sintetizadores
✤ Os sintetizadores ofereciam uma enorme variedade de
sons que podiam ser manipulados instantaneamente.
✤ Mikrophonie I foi a primeira peça de música eletrônica
viva composta por Stockhausen;
10. Rádio
✤ Além dos sintetizadores foram utilizados também
aparelhos de rádio como instrumento, inaugurado com
Imaginary Landscape n. 4 de Cage, para doze
receptores (1951).
12. Computadores
✤ Em Illiac Suite, para quarteto de cordas, Hiller usou
computadores alimentados com normas de
composição;
✤ Em Eonta, para instrumentos convencionais, Xenakis
utiliza os computadores como auxiliares de cálculo na
composição (música estocástica);
13. Gramofone
✤ Ainda segundo Babbit, a
gravação do som possibilitada
pelo gramofone pode ser
considerada música eletrônica,
e se aceitarmos essa definição
ampliada, a música eletrônica
passa a ser de longe o tipo de
música mais popular nos países
tecnologicamente avançados.
14. Referência
✤ GRIFFITHS, Paul. A música moderna: uma história
concisa e ilustrada de Debussy a Boulez. Tradução,
Clóvis Marques com a colaboração de Silvio Augusto
Merhy. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
Notas do Editor
Entre os primeiros estúdios de música eletrônica, sobretudo em estações de rádio, que firmaram autoridade no campo temos a Radiodiffusion Française em Paris e a Nordwestdeutscher Rundfunk em Colônia. Em Paris impôs-se a musique concrète, composta de sons naturais modificados e reorganizados, em geral derivados dos metais e da água. O primeiro trabalho importante de Pierre Schaeffer e Pierre Henry, diretores do estúdio parisiense, criado com técnicas de disco, foi a Symphonie pour un Homme Seul (1949-50), umas das primeiras obras eletrônicas a serem apresentadas em execução pública.
Em Colônia a situação era diferente, Stockhausen não se preocupava em transformar sons naturais, mas em criar música eletrônica "pura" exclusivamente com os novos recursos. O objetivo era sintetizar qualquer som a partir frequências puras e foi o que Stockhausen tentou em Studie I (1953). A experiência não foi como ele esperava e teve que ser abandonada até o advento de métodos mais sofisticados.
A mediação entre Paris e Colônia estabeleceu-se em Gesang der Jünglinge (1955-56), em que Stockhausen utilizou tanto sons naturais (a voz de um menino) quanto materia gerados eletronicamente. A obra impôs-se como poderosa evocação de imagens, representando os três adolescentes na fornalha do Livro de Daniel, louvando a Deus com as palavras do Salmo 50.
Stockhausen retomou a composição eletrônica pura mas agora com pulsações regulares de sons, onde uma nota de determinada altura ao ser abaixada para menos de 16Hz aproximadamente, deixava de ser ouvida como som para sê-lo como batida rítmica regular. Desse modo, os quatro elementos constituintes da música - altura, timbre, ritmo e forma - podiam ser encarados como aspectos do mesmo fenômeno, o da vibração. As pulsações regulares continham todo o necessário para a composição de novos timbres, novos ritmos e sons. E foi o que Stockhausen fez em Kontakte (Contatos,1959-60);
Para Babbitt o valor da música eletrônica não estava nos novos sons, mas no superior controle rítmico. Em Ensembles for Synthesizer ele se valeu dessa possibilidade impulsionando o serialismo rítmico. Para evitar o estranho ele recorreu a alturas da escala temperada de tal modo que a peça parece produzida por um orgão eletrônico.
Com a chegada dos sintetizadores ao mercado os compositores não precisavam ficar horas no estúdio preparando e editando material. Os sintetizadores ofereciam uma enorme variedade de sons que podiam ser manipulados instantaneamente. Nessa altura o interesse voltou-se para a execução ao vivo de equipamentos musicais eletrônicos. A primeira peça de música eletrônica viva composta por Stockhausen foi Mikrophonie I, na qual era utlizado utilizado um grande tantã para emitir os sons, que eram captados por microfones e transformados eletronicamente.
Nesta época a música eletrônica erudita e popular começaram a mesclar-se com a realização de concertos conjuntos de grupos eletrônicos e de música pop. In C de Terry Riley, é um exemplo desse tipo de trabalho na fronteira entre os gêneros.
Os computadores também foram usados por alguns compositores nessa época, mas só estavam acessíveis a um grupo restrito que lecionava nas universidades americanas. Os primeiros trabalhos realizados com computadores foram feitos por Max Matthews. E seu software Music IV foi adaptado e desenvolvido por vários compositores da época. Além de operar os sintetizadores os computadores eram alimentados com normas de composição, prática inaugurada por Hiller em sua Illiac Suite para quarteto de cordas. Os computadores também foram utilizados por Xenakis como auxiliares de cálculo na composição de música estocástica, onde a forma musical era governada por leis da probabilidade como numa sequência de lances de dados. O resultado se converte em partitura para instrumentos convencionais, como Eonta, ou em obra eletrônica.