O documento discute os conceitos principais de controle de estoques, incluindo suas finalidades, custos, métodos e técnicas. Cobre tópicos como estoque de segurança, ponto de reposição, Just-in-Time e como os estoques afetam a produção, compras, nível de serviço e proteção contra contingências.
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Aula Nº 12 – Controle de
Estoques - Conceitos Principais
Objetivo da Aula
Aprofundar os conhecimentos sobre o Manuseio e identificar sua
importância.
Introdução
Na aula anterior, estudamos os conceitos principais sobre o Manuseio,
sua importância, sua operacionalização, entre outros. Nesta aula,
aprofundaremos nossos conhecimentos sobre o Controle de Estoques e
sua influência para o bom desempenho de todo o sistema logístico de
uma organização.
1. O Estoque e sua Finalidade
O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com previsão
de uso futuro. Tem, como objetivo, atender a demanda, assegurando-lhe
a disponibilidade de produtos.
Sua formação é onerosa, uma vez que representa de 25% a 40% dos
custos totais. Com o propósito de se evitar o descontrole financeiro,
é necessário que haja uma sincronização perfeita entre a demanda e a
oferta de mercadorias. Como isso é impossível, deve-se formar um estoque
essencialmente para atender a demanda, minimizando seus custos de
formação.
Como proposto por Nellemann, “devemos sempre ter o produto que você
necessita, mas nunca devemos ser pegos com algum estoque”.
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2. Finalidades dos Estoques
Os estoques servem para muitas finalidades. Entre elas, podem-se citar:
• Melhoram o nível de serviço;
• Incentivam economias na produção;
• Permitem economia de escala nas compras e no transporte;
• Agem como proteção contra aumentos de preço;
• Protegem a empresa contra incertezas na demanda e no tempo de
ressuprimento;
• Servem como segurança contra contingências.
3. Melhora do nível de serviço oferecido
Os estoques auxiliam no marketing da empresa, uma vez que podem ser
oferecidosprodutoscommaisdescontos,comquantidadesmaisadequadas,
commaisvantagensparaosclientesqueprecisamdefornecimentoimediato
ou de períodos curtos de ressuprimento. Isso representa maiores vantagens
competitivas, diminuição nos custos e maiores lucros nas vendas.
4. Economia na Produção
O menor custo unitário de produção ocorre, geralmente, para grandes lotes
de fabricação com o mesmo tamanho. Considerando que os estoques agem
como reguladores entre oferta e demanda, possibilitam uma produção mais
constante, não oscilando com as flutuações das vendas. Além disso, a força
de trabalho pode ser mantida em lotes estáveis e os custos de preparação
de lotes podem ser diminuídos.
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5. Métodos geradores de eficiência no manuseio
•Ageraçãodepequenoslotesdecomprasparaatenderàsnecessidades
de produção ou atender a clientes a partir da manufatura implica
maiores custos de fretes, uma vez que não há volume suficiente
para obter descontos oferecidos aos maiores lotes. Outra finalidade
dos estoques é possibilitar descontos no transporte de grandes
lotes equivalentes à capacidade dos veículos, gerando, assim,
fretes menores.
6. Proteção contra Alterações nos Preços
Mercadorias negociadas em mercados abertos, tais como minérios,
produtos agrícolas e petróleo, têm seus preços ditados pelas curvas da
oferta e da demanda. Assim, as compras podem ser antecipadas em razão
de aumentos previstos nos preços, gerando estoques que devem ser muito
bem administrados.
7. Proteção contra oscilações na demanda ou no
tempo de ressuprimento
Devido à impossibilidade de se conhecerem as demandas pelos produtos
ou seus tempos de ressuprimento de maneira exata no sistema logístico
e, para garantir a disponibilidade do produto, deve-se formar um estoque
adicional (estoque de segurança). Este é adicionado ao estoque regulador
para atender às necessidades da produção e do mercado.
8. Proteção contra contingências
Algumas contingências podem atingir as empresas de maneira inesperada.
Como exemplo, podemos citar greves, incêndios, inundações, entre outras.
A manutenção do estoque de reserva é uma maneira viável de garantir o
fornecimento normal nessas ocasiões.
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9. Uma visão do problema dos estoques em
diferentes organizações
O problema dos estoques não é o mesmo para os diferentes tipos de
organizações. Os estoques industriais costumam ser maiores do que os do
varejo e os do atacado. Se considerarmos os estoques do ponto de vista
de bens duráveis e não-duráveis, pode-se afirmar que “os bens duráveis,
como automóveis, máquinas de lavar e condicionadores de ar, representam
os dois terços restantes, e os bens não duráveis, como roupas e alimentos,
representam cerca de um terço dos estoques totais das empresas”.
10. Controle do estoque pelo tipo de demanda
Osestoquespodemsercontrolados,adotando-sediversostiposdecritérios.
Se considerarmos a natureza de sua demanda, teremos as seguintes
classificações:
a. Estoques de demanda permanente: são estoques daqueles produtos que
requerem ressuprimento contínuo, pois seus produtos são consumidos
durante todas as fases do ano. Ex: creme dental;
b.Estoquesdedemandasazonal:sãoestoquesdeprodutoscomercializados
em determinados momentos do ano. Ex: Árvores de Natal;
c.Estoquesdedemandairregular:sãoestoquescujavendadeseusprodutos
não pode ser prevista na íntegra . Ex: automóveis a gasolina x automóveis
a álcool;
d. Estoques de demanda em declínio: ocorre no caso de produtos que estão
sendo retirados do mercado em razão do declínio da demanda. Ex: Fitas
VHS x DVDs;
e. Estoques de demanda derivada: ocorrem no caso de itens que são
usados na linha de produção de alguns produtos acabados. Ex: Pneus de
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automóveis em razão das vendas do produto acabado, que é o automóvel.
11. Custos do Estoque
a. Custos de Manutenção de Estoque: relativos à manutenção de certa
quantidade de itens por um período de tempo. Representa uma série
de custos diferentes, como o custo de imobilização de capital. O capital
imobilizado nos estoques poderia estar sendo investido, por exemplo, no
mercado financeiro. Além disso, devem-se considerar, também, os custos
comimpostoseseguros,custosdearmazenagem,custosassociadosaorisco
de se manter estoques. Nos EUA, tradicionalmente, o custo de manutenção
de estoques costuma assumir o patamar de 25% do valor médio dos
produtos ao ano.
b. Custos de compras: custos das quantidades requeridas para a reposição
do estoque. Os custos de aquisição incluem, especificamente: custo de se
processar pedidos, custo de envio do pedido até o fornecedor, custo de
preparação da produção, custo de manuseio ou processamento realizado
na recepção e custo do preço da mercadoria;
c. Custos de Falta:custos que ocorrem no caso de haver demandas por
produtos em falta no estoque. Podem ser custos de vendas perdidas ou de
atrasos.
12. Algumas técnicas de controle de estoques
Diante dos diversos métodos existentes para o controle de estoques, os
mais tradicionalmente utilizados são:
a. Métodos de empurrar estoques (tipo push): utilizado, especialmente,
quando há mais de um depósito no sistema de distribuição. Ocorre quando
o que é produzido é maior que a necessidade dos estoques.
b. Métodos de Puxar Estoques (tipo pull): Apenas o estoque necessário para
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seatenderademandadaqueleprodutoprecisasermantido.Asquantidades
mantidas tendem a ser menores do que no outro método. Um dos sistemas
mais conhecidos de puxar estoques é o “estoque para a demanda”, em que
os níveis de inventário são mantidos proporcionalmente às previsões das
demandas dos clientes.
13. Ponto de Reposição
Conhecido, também, como Método do Estoque Mínimo, objetiva reduzir
os custos de manutenção de estoques, mas sem correr o risco de não se
atender a demanda. O objetivo é encontrar o nível ótimo de estoques para
um determinado produto.
Para isso, é necessário que o estoque esteja devidamente controlado e que
determine o ponto de reposição.
Afinalidadedopontodereposiçãoéiniciaroprocessoderessuprimentocom
segurançasuficienteparaquenãoocorraafaltadomaterial.OPRécalculado
multiplicando-se a taxa de consumo pelo tempo de ressuprimento. Por
exemplo, o consumo previsto dos televisores que estão no seu estoque, por
semana, é de 100 unidades. O tempo de ressuprimento (tempo gasto desde
que o pedido, por exemplo, das peças que serão utilizadas na fabricação
dos televisores, é feito ao fornecedor até a chegada do produto para a linha
de montagem e sua produção) é de duas semanas. Desse modo, o PR dos
seus televisores é de 200 unidades. Explicando: para que não haja risco de a
sua demanda não ser atendida, seu estoque nunca pode ter menos do que
200 televisores. Essa contagem, atualmente, pode ser feita por ferramentas
de tecnologia, como softwares de computadores especializados.
14. Just-In-Time
A aplicação de algumas técnicas na produção japonesa permitiu reduzir
estoques, em todos os níveis, incrementar a capacidade disponível em
grandes investimentos adicionais, diminuir tempos de fabricação, melhorar
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a produtividade e a qualidade dos produtos fabricados etc. Uma dessas
técnicas foi o JIT- Just-In-Time, que tem o objetivo de dispor da peça
necessária, na quantidade necessária e no momento necessário, pois,
para lucrar, necessita-se dispor do inventário para satisfazer as demandas
imediatas da linha de produção. De acordo com a filosofia Just-In-Time, em
cada etapa do processo, produzem-se somente os produtos necessários
para a fase posterior, na quantidade e no momento exato em que são
demandadas.
O JIT surgiu no Japão, nos meados da década de 70, com base na literatura
acerca da Toyota japonesa (empresa que desenvolveu o sistema tal como
vem sendo introduzido no Brasil, o que o leva, muitas vezes, a ser chamado
de “Sistema Toyota de Produção”).
OsistemaJust-In-Timefreqüentementeéassociadoaumapolíticaderedução
do estoque de matérias-primas por meio da sua entrega em intervalos e
lotes menores. Na realidade, o sistema é muito mais abrangente do que
essa característica “externa”. Internamente, a fábrica passa por mudanças
no trabalho e no sistema de informações.
Deumamaneirageral,doissãoosprincípiosdessesistemadeprodutividade,
Just-in-time e controle autônomo dos defeitos. O Kanban propriamente
dito é um sistema de informações para administrar o Just-In-Time.
Os objetivos do Just-In-Time são:
• Flexibilizar a empresa;
• Produzir somente os produtos necessários;
• Produzir com qualidade requerida;
• Menor “Lead Time” na concepção de novos produtos;
• Menor “Lead Time” na manufatura;
• Melhor atendimento ao cliente;
• Menor perda (maior valor agregado ao produto);
. Maior retorno de investimento;
• Redução de estoques em processo, produtos acabados e,
eventualmente, de
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matérias-primas;
• Redução de custos de fabricação;
• Geração de espaço de fábrica;
• Produção por métodos que permitam o envolvimento das pessoas
(moral, satisfação, desenvolvimento, autocontrole);
• Melhoramento contínuo (Kaizen) da qualidade e da produtividade.
Síntese
Nesta aula, você aprendeu um pouco mais sobre o controle de estoques e
sua importância. Aprendeu o moderno conceito do Just-In-Time, além de
muitas outras coisas interessantes. Na próxima aula, você terá acesso ao
moderno conceito das Flexibilidades Logísticas. Até lá!
Referências Básicas
BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993.
NOVAES, Antonio Galvão N. ; ALVARENGA, Antonio Carlos. Logística
Aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994.
VALENTE,M.G.Gerenciamentodetransportesefrotas.SãoPaulo:Pioneira,
1997.
Referências Complementares
CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada.
São Paulo: Atlas, 2001.
DIAS, Marco Aurélio P. Transportes e distribuição física. São Paulo: Atlas,
1987.