Artigos de opinião, definição, exemplos e análise. características do gênero, como fazer um bom artigo. Elementos essenciais a criação de bons artigos.
2. Definição
▪ O artigo de opinião é um texto jornalístico de caráter argumentativo em que o seu autor
(articulista) defende um ponto de vista sobre determinado tema de relevância social.
▪ Apresenta características associadas ao gênero jornalístico, como o uso de linguagem
acessível, a preferência por verbos na voz ativa, a escrita leve, concisa e agradável, a
ausência de elementos coloquiais, salvo exceções, e o uso de períodos curtos nas
orações.
▪ Estruturalmente, é organizado em introdução, desenvolvimento e conclusão.
▪ Para desenvolvê-lo, é preciso definir um tema e uma tese, colocar um título instigante,
contextualizar o seu leitor, trazer argumentos com base em uma construção de
raciocínio linear, e, por fim, apresentar uma solução para o problema ou deixar uma
reflexão ao leitor
3. Características
▪ uso de linguagem acessível, tendo em vista um público universal;
▪ preferência por verbos na voz ativa;
▪ escrita leve, concisa e agradável;
▪ ausência de gírias, palavrões ou outros elementos da linguagem
coloquial;
▪ períodos curtos, a fim de evitar que a leitura se torne cansativa;
▪ Prevalecem a argumentação e a persuasão ao leitor .
4. Características
▪ Traz à tona discussões envolvendo temas de grande relevância social.
▪ Apresenta a opinião de um articulista, geralmente um estudioso ou
referência no assunto a ser tratado.
▪ Sua escrita obedece à norma-padrão da língua, mas, em
determinadas situações, a depender do assunto e contexto, admite o
uso de algumas informalidades pontuais.
▪ Pode ser escrito em 1ª pessoa do singular, 1ª pessoa do plural ou 3ª
pessoa do singular.
▪ Ele tem uma autoria e, portanto, é assinado
5. Título: Protestos “Black lives matter” e outras manifestações
contra o racismo sistêmico e a brutalidade policial
Tema: racismo e violência policial
Como líderes africanos nas Nações Unidas, as últimas semanas de protestos pelo
assassinato de George Floyd sob custódia policial deixaram-nos indignados com a injustiça da
prática do racismo que continua difundida em nosso país anfitrião e em todo o mundo.
Jamais haverá palavras para descrever o profundo trauma e o sofrimento intergeracional
que resultaram da injustiça racial perpetrada ao longo dos séculos, particularmente contra
pessoas de ascendência africana. Apenas condenar expressões e atos de racismo não é
suficiente.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que “precisamos alçar a
voz contra todas as expressões de racismo e casos de comportamento racista”. Após o
assassinato do senhor George Floyd, o grito 'Black Lives Matter' [Vidas de pessoas negras
importam] que ecoou nos Estados Unidos e em todo o mundo é mais do que um slogan.
Realmente, eles não são apenas importantes mas são essenciais para o cumprimento de nossa
dignidade humana comum.
Trecho de artigo de opinião assinado por vários altos funcionários africanos da Organização das
Nações Unidas (ONU). Publicado em ONU News, 15/06/2020.
6. Título: A arte
Tema: arte
A arte engloba arquitetura, cinema, dança, desenho, escultura, fotografia, literatura, música,
pintura, poesia. Hoje em dia, em pleno século 21, até mesmo a televisão, a moda, a publicidade
e os videojogos são por muitos considerados como manifestações artísticas. Segundo René
Huyghe, a arte e o homem são indissociáveis. Não há arte sem homem, muito menos homem
sem arte. O ser isolado ou a civilização que não chega à arte estão ameaçados por uma secreta
asfixia espiritual, por uma turbação moral. Para a Unesco, a arte é chave para formar gerações
capazes de reinventar o mundo herdado. Ela reforça a vitalidade das identidades culturais e
promove a relação com outras comunidades.
A arte é a capacidade humana de criação. É a expressão ou aplicação de habilidades criativas
e a imaginação para criar obras que são apreciadas principalmente por sua beleza, intelecto ou
poder emocional. Seus resultados são obtidos por distintos meios. A arte de cozinhar, de pintar
quadros, de grafitar, as artes plásticas, a arte de compor (poemas e partituras musicais), a
gravura, a impressão de livros e, até mesmo, atrelados a um conceito mais severo, meios hoje
em dia, causadores de grande repulsa social, como a caça e a guerra, podem ser considerados
como arte. O ser humano e a arte estão rigorosamente conectados. A arte liberta. E, atualmente,
a arte de viver cada vez mais se faz indispensável para a emancipação humana.
Trecho de artigo de opinião escrito por Renato Zerbini Ribeiro Leão, Ph.D. em direito internacional e
Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU. Publicado no Correio Braziliense,
7. Título: A educação em tempos de Covid-19
Tema: educação e pandemia
Possivelmente, aqui no Brasil, a melhor solução para os alunos das redes públicas de ensino consistirá
no uso de conteúdos transmitidos por meio dos celulares com internet. Exemplo dessa situação vem do
estado de São Paulo, no qual a Secretaria de Educação negocia com as operadoras o patrocínio para bancar
a conexão de Wi-Fi dos alunos que tenham ao menos um smartphone. Esse período vai exigir dos gestores
que pensem fora da caixa.
No meu ponto de vista, essa será oportunidade para repensar o papel da escola e dos pais na vida
escolar dos estudantes. Os pais, sobrecarregados pelos diferentes afazeres, estão cada vez mais
terceirizando para a escola o seu dever de educar, na contramão do que apregoa o art. 205 da Constituição
Federal, que afirma que educar é um dever do Estado e das famílias. Em uma de suas homilias, o papa
Francisco afirmou, em tom preocupado: “Chegou a hora de os pais e as mães voltarem do seu exílio e
recuperarem a sua função educativa. Oremos para que o Senhor conceda aos pais esta graça: a de não se
autoexilarem da educação dos filhos”.
Outro aspecto que podemos tirar como lição: é preciso estudar como usar as novas tecnologias em
harmonia com as aulas presenciais e como estabelecer um equilíbrio entre o ensino presencial e o ensino
virtual. Hoje enfrentamos em nosso país árdua discussão sobre o uso do ensino mediado por tecnologias.
Talvez esse período nos ensine que ambas as modalidades podem conviver em harmonia em prol de um
8. Título: Vale a pena investir em prevenção para evitar
o bullying
Tema: bullying escolar
Esse tipo de violência tem acontecido muito em ambiente escolar. Há versões modernas
como o cyberbullying, que são agressões via internet ou celular. Reprimi-lo, como a escola e a
Justiça tentaram fazer, terá pouca chance de provocar uma transformação. Na verdade, a
repressão impede uma mudança efetiva.
Apesar desses atos serem frequentes, pouco espaço tem existido nas escolas para
reflexão, havendo apenas ações repressivas quando eles vêm à tona. Ora, o ser humano tem
um lado agressivo e negá-lo ou colocá-lo no fundo de um poço não impedirá sua
manifestação. Pelo contrário, poderá dar-lhe forças.
As ações escolares para combater o bullying devem ser no sentido de preveni-lo, onde
mais que seguir uma conduta, o aluno possa dar sentido à ela, considerando a si e ao outro
parte do mundo. Quando algo é questionado e pensado, propicia a tomada de consciência de
sua dimensão e importância. O outro poderá ser visto como alguém que também tem
sentimentos.
Um trabalho nesse sentido deve fazer parte do dia a dia de uma escola e envolver a família
dos alunos. Muito do que somos e como nos expressamos tem sua origem lá. É necessário
que ambos ajudem os jovens a se construir como pessoas, não só no que aprendem, mas
9. Título: Mobilidade urbana também é democratização
Tema: mobilidade urbana
Perdas de R$ 267 bilhões por ano. Esse é o impacto dos congestionamentos de trânsito na
economia brasileira, segundo pesquisa divulgada no Summit Mobilidade Urbana 2019, em São
Paulo. Além disso, o estudo mostrou que o brasileiro gasta, em média, 1h20 por dia para se
deslocar para as atividades principais. Esse número pode chegar a 2h07 para que se cumpram
todos os deslocamentos diários, o que resulta em 32 dias gastos por ano no trânsito. Ou seja, um
mês perdido em engarrafamentos. A mobilidade urbana é realmente um dos maiores problemas
do Brasil e afeta, inclusive, a democratização do uso de espaços e o acesso a oportunidades. Um
problema de longa data que não vislumbra solução em um curto ou médio prazo.
Mobilidade urbana é um tema constantemente discutido no Brasil. A maioria das grandes
cidades sofre com graves problemas de transporte e enfrentam desafios em promover meios de
diminuir o impacto do trânsito no dia a dia da população. Uma das causas do aumento de
engarrafamentos é bem óbvia: temos mais carros nas ruas. Governos passados investiram no
desenvolvimento da indústria automobilística, facilitando o acesso a veículos particulares, o que
deixou as vias públicas sobrecarregadas. Na contramão, não houve – e continua sem haver –
programas de incentivo ao transporte público, coletivo, mais econômico.
10. Para explicitar o contrassenso, basta ver diversas cidades pelo mundo em que o
transporte público é prioridade, os ônibus e metrôs são de boa qualidade e as pessoas
se locomovem com facilidade; enquanto aqui, pelo contrário, os coletivos têm o estigma
de serem transportes para as faixas mais baixas da sociedade. Também pudera:
infraestrutura inadequada, veículos velhos, malha de atendimento ainda restrita, tudo
isso dificulta o uso desses modais como prioridade pela população. Grande parte dessa
realidade vem da falta de interesse governamental em estabelecer programas de
desenvolvimento que contemplem a mobilidade urbana sustentável.
Um bom sistema de mobilidade urbana também tem seu viés de democratização do
espaço público. O modelo centro-periferia que predomina no Brasil dificulta a vida dos
que vivem nas áreas mais distantes, e isto somado à falta de uma infraestrutura de
transporte reforça a segregação social. O bem-estar e a qualidade de vida também são
muito influenciados pelo trânsito. Essa é uma problemática que não passa apenas pela
mobilidade, mas pela própria ocupação do espaço urbano.