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Aplicações da tecnologia BIM para construção civil.
Aline Machado Pillon – alinempillon@hotmail.com
MBA em Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Porto Alegre, RS, 26 de abril de 2017
Resumo
A crescente complexidade das construções e a exigência de custos e prazos menores
demandam projetos com maior qualidade e confiabilidade. Por outro lado, o processo de
produção de projetos de arquitetura e engenharia mais utilizado atualmente elabora
desenhos em 2D, gerados sequencialmente, a partir do projeto de arquitetura e
compatibilizados através da sobreposição de plantas, gerando soluções ineficazes. Deste
modo, a tecnologia BIM (Building Information Modeling) ganha destaque por abordar uma
nova maneira de projetar, destacando-se por minimizar erros, facilitar o processo de
desenvolvimento de projetos, permitir a concepção simultânea de todas as disciplinas,
detectar de conflitos e induzir a colaboração de todos os envolvidos, voltando os esforços
para o desenvolvimento do projeto e não para a produção de desenhos. Portanto, o presente
artigo tem por objetivo apresentar aspectos importantes do processo BIM, bem como
exemplificar sua aplicação ao longo das fases de desenvolvimento de um empreendimento. O
levantamento dos dados desenvolveu-se através de pesquisas bibliográficas, estudos de casos,
palestras assistidas e buscas em sites especializados. O trabalho revelou que o BIM traz
diversos benefícios, porém sua adoção depende muito mais do amadurecimento do processo
de produção dos empreendimentos do que da mudança de softwares.
Palavras-chave: Processo de Projeto. BIM. Projetos AEC.
1. Introdução
A construção civil é uma atividade de alta complexidade, pois exige a integração de diversas
áreas de conhecimento desde os estudos iniciais e planejamento do produto, passando pela
fase de projetos e obra, até chegar a manutenção. O método atual de desenvolvimento deste
processo demonstra diversas falhas, gerando retrabalhos, custos extras e desperdícios de
materiais.
Segundo Ruggeri (2015), o método que mais encontramos sendo praticado no mercado,
chama-se Engenharia Sequencial e descreve uma estrutura de pensamento baseada na divisão
e na estanqueidade das partes, e ainda demonstra dificuldades de observar o processo de uma
forma mais dinâmica. Esta prática sugere o trabalho isolado das diferentes disciplinas, onde os
projetos complementares são elaborados a partir de um projeto arquitetônico já concebido,
para depois serem analisados quanto a suas interferências. O fato de sobrepor desenhos de
diversas especialidades para estudar as interferências demonstra o isolamento e a falta de
cooperação das disciplinas.
Entretanto, este processo tem-se mostrado ineficaz desde que o mercado passou a exigir
construções maiores e mais complexas, demandando novas especialidades de projeto que
devem integrar-se ao conjunto, eliminando interferências entre diferentes disciplinas,
desperdícios de materiais, retrabalhos e aumento de custos.
Deste modo, o setor da construção civil obrigou-se a investir em novos métodos construtivos
e principalmente em tecnologias para qualificar o processo de concepção dos
empreendimentos. Neste contexto, o BIM (Building Information Modeling) aparece em
2
grande evidência, como alavanca de desenvolvimento e qualificação dos produtos gerados
pelo setor.
Este artigo, tem o objetivo de descrever as características e funcionalidades desta tecnologia
além de demonstrar as possíveis aplicações ao longo do ciclo de vida de um empreendimento.
As ferramentas BIM permitem análises, simulações e extração de dados do modelo de forma
confiável. Cada vez mais, as empresas e órgãos públicos estão desenvolvendo pesquisas em
torno desta tecnologia, a fim de aperfeiçoar a qualidade dos produtos oferecidos.
2. Desenvolvimento
2.1 BIM
O conceito BIM foi introduzido por Eastman, em 1975, em um protótipo de trabalho na
Universidade de Carnegie-Mellon:
Definir elementos de forma interativa... derivando seções, planos isométricos ou
perspectivas de uma mesma descrição de elementos... Qualquer mudança no arranjo
teria que ser feita apenas uma vez para todos os desenhos futuros. Todos os
desenhos derivados da mesma disposição de elementos seriam automaticamente
consistentes... qualquer tipo de análise quantitativa poderia ser ligada diretamente à
descrição... estimativas de custos ou quantidades de material poderiam ser
facilmente geradas... fornecendo um único banco de dados integrado para análises
visuais e quantitativas... verificação de código de edificações automatizado na
prefeitura ou no escritório do arquiteto. Empreiteiros de grandes projetos podem
achar esta representação vantajosa para a programação e para os pedidos de
materiais. (EASTMAN, 1975).
Scheer (apud CAMPESTRINI, 2015, p. 2), define BIM:
Modelagem da Informação da Construção ou BIM deve ser entendida como um
novo paradigma de desenvolvimento de empreendimentos de construção envolvendo
todas as etapas do seu ciclo de vida, desde os momentos iniciais de definição e
concepção, passando pelo detalhamento e planejamento, orçamentação, construção
até o uso com a manutenção e mesmo as reformas ou demolição. É um processo
baseado em modelos paramétricos da edificação visando a integração de
profissionais e sistemas com interoperabilidade de dados e que fomenta o trabalho
colaborativo entre as diversas especialidades envolvidas em todo o processo, do
início ao fim.
De acordo com os autores, a tecnologia BIM representa uma nova forma de conceber os
projetos de arquitetura e engenharia, através da utilização de ferramentas paramétricas a fim
de produzir um modelo virtual que apresente todas as características do produto final, visando
a integração entre todos os envolvidos.
O termo BIM foi popularizado pelo arquiteto Jerry Laiserin, no fim da década de 80, que o
definiu como uma representação digital do processo de construção, com a finalidade de
facilitar o intercâmbio e a interoperabilidade das informações em formato digital.
Esta tecnologia permite criar um modelo único, com todas as disciplinas compatibilizadas,
juntamente com um banco de dados que é alimentado à medida que o projeto é desenvolvido.
Além disso, a parametrização dos elementos permite alterações simultâneas em todas as vistas
do projeto, permitindo focar na qualidade do modelo e não na produção de desenhos.
2.2 Ciclo de vida de um empreendimento
A CBIC, Câmara Brasileira da Indústria da Construção descreve o ciclo de vida das
edificações conforme a figura 1:
3
Figura 1: Representação do ciclo de vida de um empreendimento.
Fonte: CBIC (2016)
O ciclo de vida de um empreendimento começa com a identificação de uma necessidade ou
oportunidade de negócio. Vale ressaltar que um novo ciclo pode ser definido, após uma
reforma em que foi mantido o mesmo uso para edificação, ou até a sua completa demolição,
com o desenvolvimento de um novo produto. Neste momento são lançadas as primeiras
ideias, são realizados estudos de viabilidade estratégica, tecnológica e econômico-financeiras,
bem como análises em relação ao mercado imobiliário.
A partir das primeiras definições os projetos começam a ser desenvolvidos, definindo-se
técnicas construtivas, detalhes e especificações de materiais, documentos para contratação,
manuais de manutenção, listas de materiais e recursos necessários para a realização do
empreendimento.
Através dos documentos gerados, é possível selecionar os principais fornecedores e
fabricantes, bem como contratar os recursos planejados do empreendimento. Deste modo, a
obra pode ser iniciada seguindo os projetos, detalhamentos, especificações e condições
contratuais. Nesta fase, a gestão das equipes e suprimentos é essencial para alinhamento ao
planejamento estipulado. É neste momento também, que a documentação as built é
produzida.
Após a finalização da obra, o produto é entregue para os proprietários ou investidores e
também, para os responsáveis pela gestão do uso e manutenção. Neste momento entrega-se
toda a documentação técnica e legal do empreendimento, inclusive “habite-se”, alvará do
Corpo de Bombeiros, documentação as built, manuais de uso e manutenção, termos de
garantia de equipamentos, etc.
No decorrer do ciclo de vida do empreendimento, deve-se realizar planos de manutenção
preventiva e corretiva para o correto funcionamento e prolongamento da vida útil das
edificações. Nesta fase são testadas as garantias oferecidas pelos fabricantes, bem como o
desempenho da edificação.
Ao término da vida útil de um sistema, ou mesmo de toda edificação, é feito um
replanejamento, optando-se por demoli-lo ou apenas realizar uma reforma. Desta forma, o
ciclo de vida se renova, passando a ter outra duração estimada.
A tecnologia BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendimento, desde a
concepção e a conceituação do produto, passando pelo desenvolvimento dos projetos, a
construção, e manutenção após a entrega da obra.
2.3 Características da tecnologia BIM
2.3.1 Parametrização
São padrões criados e associados aos elementos de um projeto que definem regras de
funcionamento do próprio objeto, seu relacionamento com outros objetos ou com o ambiente
o qual foi inserido. Permite criar um banco de dados de forma que qualquer alteração ou
revisão realizada em uma parte do projeto seja transmitida automaticamente para as demais
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representações gráficas, sejam tabelas, relatórios ou desenhos, gerados a partir do modelo.
Por exemplo, uma porta deve ser inserida apenas em paredes. Se houver alteração da
espessura desta parede, a porta se ajusta automaticamente ao valor inserido, sem a
necessidade de modificação manual. Esta característica permite ao projetista maior qualidade
dos documentos produzidos, passando a utilizar o tempo de desenvolvimento dos projetos
para solucionar questões técnicas ao invés de produzir e adequar desenhos.
Os parâmetros podem ser criados conforme a necessidade de cada projeto. Podem ser
parâmetros de quantificação (comprimento, área, volume, custo, entre outros) ou qualificação
(descrição, comentários, nome da empresa produtora, nome do elemento).
2.3.2 Colaboração
Durante todo o ciclo de vida da edificação os profissionais envolvidos devem compartilhar
informações de forma colaborativa, contribuindo com aquilo que mais tem conhecimento
para atingir o objetivo do projeto. A forma como esses especialistas se relacionam está
diretamente ligada à minimização de problemas durante o projeto. Os profissionais que mais
participarem das reuniões ou trocas de ideias com o restante da equipe de projetos tenderão a
entregar soluções mais compatíveis com as demais soluções propostas pela equipe.
A composição da equipe deve ser analisada de acordo com as necessidades de cada projeto.
Os profissionais podem atuar em fases estratégicas ou durante todo o projeto. Segundo
Campestrini (2015) “um projeto avança à medida que são tomadas decisões e, portanto, a
forma de participação de cada profissional é ponto chave para o bom uso dos recursos. [...]
Quanto mais flexíveis forem as soluções e o profissional, maiores as chances de ser
encontrado o melhor caminho”.
A colaboração induz a busca de soluções com mais resultado para o projeto como um todo.
Exige maior flexibilidade dos profissionais quanto as disciplinas de suas responsabilidades, e
foco na melhor solução, mesmo que isso signifique retrabalho para alguma das partes. O
objetivo é encontrar a melhor custo-benefício para o projeto e envolve uma reavaliação de
cultura de projeto dos profissionais do setor.
2.3.3 Interoperabilidade
Uma das condições básicas para o processo BIM é o compartilhamento de informações de
todos os envolvidos ao longo do ciclo de vida de uma edificação. Ainda que sejam
utilizados diversos softwares para desenvolvimento das diferentes disciplinas, é essencial
que todos os dados relevantes sejam acessados pelos envolvidos.
As primeiras ações voltadas ao desenvolvimento da interoperabilidade aconteceram em
1995, através de uma organização privada de 12 empresas de arquitetura, construção e
softwares, com o objetivo de comprovar seus benefícios. Após um ano de pesquisas,
percebeu-se que a aliança deveria se tornar pública, com a intenção de colaboração de
todos os interessados, passando a chamar-se de International Alliance for Interoperability
(IAI).
Posteriormente, a IAI mudou seu nome para Building SMART para refletir melhor a
natureza e os objetivos da organização. O termo BUILDING se aplica a todo o ambiente
construído e SMART, identifica a maneira pela qual se quer construir: com inteligência,
interoperabilidade e trabalho em equipe para projetar, construir e operar o ambiente
construído.
Em 1997, foi criado um formato de arquivo que transporta as informações e os dados do
projeto, chamado Industry Foundation Classes (IFC). Eastman et al. (2014) explicam que o
IFC foi desenvolvido para criar um grande conjunto de representações de dados consistentes
de informações da construção para intercâmbio entre aplicações de softwares AEC
(Arquitetura, Engenharia e Construção).
5
Deste modo, todo projeto executado em plataforma BIM pode ser exportado em formato IFC
para integrar um modelo único, onde todos os projetos podem ser analisados, chamado
Modelo Federado.
O envolvimento da indústria é fator primordial para a contínua evolução no
desenvolvimento e aperfeiçoamento dos padrões IFC. Segundo Eastman et. al. (2014) “O
IFC é o único modelo existente de dados públicos, não proprietários e bem desenvolvido
para a construção e arquitetura. Ele é um padrão de fato em todo o mundo e está sendo
fortemente adotado por vários governos e agências em diversas partes do mundo”.
2.3.4 Modelo BIM
O BIM permite diversas aplicações e funcionalidades que exigem tipos diferentes de
informações. Para isso, deve-se observar para qual uso o modelo será desenvolvido e
assim, alimentá-lo com as informações pertinentes.
Um modelo contendo informações espaciais como paredes, tubulações e pilares é um
modelo 3D. Dele será possível extrair informações de materiais, quantidades e conflitos
entre sistemas.
Ao adicionar informações de tempo, como produtividade e sequência de execução, este
modelo passará a conter informações quanto ao cronograma estimado para as obras,
duração de atividades e prazos estimados. Este será o modelo chamado 4D.
Ainda, um modelo programado para receber dados de custos de material e mão de obra será
um modelo 5D, onde será possível retirar diversas informações, entre elas o custo das
atividades da obra e as curvas ABC.
Além disso, pode-se criar um modelo para operar a edificação após a entrega da obra. Este
será o modelo 6D, que contará com dados sobre a validade dos materiais e ciclos de
manutenção indicados, consumos de água e energia, entre outros. Quanto maior a dimensão
do modelo, maior é o banco de dados e mais integradas estão as soluções propostas.
2.4 Processo de projeto em BIM
A tecnologia BIM demonstra diversas vantagens em relação aos tradicionais documentos
desenvolvidos por Computer Aided Design (CAD), mas a transição exige não apenas a troca
dos softwares, mas mudança nos processos de desenvolvimento dos projetos.
O processo BIM propõe a colaboração entre toda equipe envolvida desde o início da
concepção do projeto. Diferente do tradicional projeto CAD onde a arquitetura precede o
desenvolvimento das demais disciplinas, no projeto BIM todos os sistemas sofrem influência
uns dos outros, induzindo a compatibilização e coordenação desde as fases iniciais. Através
de análises do modelo virtual da construção é possível identificar problemas, corrigi-los e
analisar a construtibilidade de cada proposta, selecionando a melhor alternativa. A
documentação é liberada apenas após a eliminação dos conflitos.
Esta metodologia trata a construção de um empreendimento desde a fase inicial até a
manutenção de forma integrada e colaborativa. A equipe envolvida deve trabalhar para obter a
melhor qualidade de um produto final em comum. É importante a participação dos projetistas
complementares (de instalações, estruturas, interiores etc.), montadores, fabricantes e
fornecedores nos estágios iniciais do projeto, o que, somado à capacidade de simulação
virtual por meio da plataforma BIM, possibilita que o projeto esteja muito mais coeso e
desenvolvido antes das etapas que consomem a maior fatia dos recursos e investimentos.
Esse maior esforço inicial resulta, consequentemente, em menor esforço nas fases posteriores,
e um menor retrabalho durante a etapa de obras. Quanto menos alterações nas fases
posteriores, menos desperdício de mão de obra, materiais e tempo, resultando em reduções de
custos e prazos e mais qualidade final para os empreendimentos.
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Outra característica do processo é acelerar as tomadas de decisões, onde o impacto é maior e o
custo das alterações de projeto é menor. Deve-se definir, não apenas detalhes construtivos e
especificações, mas também sobre os métodos construtivos que serão utilizados.
A figura 2 demonstra a relação entre os custos e as alterações de projeto de acordo com o
estágio do empreendimento, num processo tradicional CAD e no projeto utilizando a
plataforma BIM.
Figura 2: Gráfico comparativo entre o processo CAD e o processo BIM.
Fonte: CBIC (2016)
Os dados apresentados pelo gráfico mostram que a capacidade para influenciar os custos de
obra e características funcionais de um empreendimento diminui conforme o projeto evolui.
Além disso, a medida que o ciclo de desenvolvimento de um empreendimento progride,
aumentam os custos de alterações de projetos e especificações.
Conforme Araujo e Ramos (2015, p. 111):
O principal benefício que o BIM apresenta é que a partir de um único arquivo
digital, há informações de todo o ciclo de vida do projeto. Entretanto, apesar das
inúmeras vantagens, os softwares BIM ocupamuma pequena parcela no mercado de
programas para projetos.
As autoras ainda enumeram os motivos pelos quais existe pouca atuação no mercado dos
softwares BIM. São eles:
Quando necessário existe maior volume de arquivos CAD importados ou
exportados; processo de renderização dificultoso uma vez que vários passos são
envolvidos e envolve muitos ajustes dos elementos; maior tempo na produção do
projeto quando se modela todos os componentes; realização de mudanças ou
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compatibilização é trabalhosa no uso de softwares com plataformas diferentes;
dificuldade de modificação dos componentes em 3D quando modelados por
terceiros; poucos profissionais habilitados para atuar no desenvolvimento de
projetos no sistema BIM; algumas limitações na modelagem de elementos; falta de
bibliotecas parametrizadas; custo elevado dos softwares; dificuldade na criação de
padrões e regras para coordenação de projetos, entre outros (ARAUJO e RAMOS,
2015., p. 11-12).
Durante o desenvolvimento dos projetos deve-se focar na concepção, pesquisas e
desenvolvimentos de sistemas, de soluções construtivas e de engenharia. Após o início das
obras, os esforços devem se voltar para a gestão dos suprimentos e dos demais recursos
logísticos.
2.5 Aplicações da tecnologia BIM
2.5.1 Concepção inicial: análise de viabilidade
A partir de um modelo de construção aproximado (Fig. 3) vinculado a uma base de dados de
custos é possível prever se um projeto de um determinado tamanho, padrão de qualidade e
programa de necessidades satisfaz os requisitos de orçamento e cronograma desejados.
Além disso, um modelo precificado de acordo com a região em que o projeto está inserido
possibilita a criação de índices como: valor de metro quadrado para diferentes tipos de
métodos construtivos, ou ainda, valor de metro quadrado para edificações de diferentes usos e
padrões. Estes dados formarão um banco de dados que servirá para a tomada de decisões de
projetos futuros, garantindo maior confiabilidade, redução de incertezas e riscos associados
aos custos e prazos estipulados.
Figura 3: Modelo para Estudo de Massa
Fonte: ABDI (2017)
Outro fator a ser considerado é a facilidade de visualização do produto a ser desenvolvido
desde as etapas iniciais. O modelo gerado para os primeiros estudos já transmite a volumetria
e ocupação do espaço de uma forma clara possibilitando a correta compreensão de todos os
envolvidos no projeto, mesmo aqueles que não possuem informações técnicas específicas,
como o investidor, ou mesmo o trabalhador com menor grau de escolaridade, por exemplo.
Tudo isso se traduz em menor desgaste e em menor quantidade de problemas durante a fase
de execução.
2.6 Desenvolvimento do projeto
2.6.1 Capacidade de desenvolvimento de projetos mais complexos
O setor da construção civil demanda, cada vez mais, de produtos inovadores, com formas
mais complexas e soluções tecnológicas inovadoras. Tudo isto sem descuidar da
qualidade, dos prazos e dos custos, desafiando as técnicas de construção e aumentando
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exponencialmente a complexidade dos processos de coordenação, planejamento e a
viabilização da sua montagem e construção.
Neste sentido a tecnologia BIM, além de facilitar o desenvolvimento de projetos de diversas
disciplinas, permite análises mais precisas, facilidade visualização das incompatibilidades e
gerenciamento da logística da obra.
2.6.2 O registro e controle visual de diferentes versões dos modelos
O trabalho colaborativo induzido pela tecnologia BIM, permite a produção de projetos mais
complexos e a participação de equipes especializadas. Este processo incentiva a troca de
informações e resolução de problemas no momento em que são identificados, gerando
diversas versões de um mesmo projeto, as quais devem ser controladas. Os softwares BIM
possibilitam a identificação fácil e intuitiva das diferentes versões de um modelo,
utilizando uma legenda de cores para identificar partes e componentes que tenham sido
modificadas, incluídas ou excluídas, conforme figura 4.
Figura 4: Identificação de elementos novos, modificados e deletados.
Fonte: CBIC (2016)
2.6.3 Produção de imagens de alta qualidade
Os modelos BIM desenvolvidos para os diferentes usos são capazes de produzir imagens
renderizadas com alta qualidade e definição (Fig. 5). Através da inserção de dados como
posição solar, endereço e entorno é possível criar maquetes eletrônicas que podem ser
utilizadas tanto no estande de vendas de um empreendimento quanto em seu material
publicitário e promocional.
De acordo com Menezes (2011, p. 154):
Basicamente, o BIM proporciona muito mais do que a elaboração de um simples
modelo tridimensional. Ele dá suporte à realização de um modelo virtual que
busca se assemelhar ao máximo à realidade, gerando dados que auxiliam desde a
orçamentação até no prognóstico das fases da construção do projeto.
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Ainda, durante a fase de construção, é possível isolar partes e gerar detalhes construtivos
bastante realísticos para facilitar a compreensão de quem está executando a obra.
Figura 5: Maquete Eletrônica produzida a partir de um modelo BIM
Fonte: CBIC (2016)
2.6.4 A identificação automática de interferências
Ao longo do desenvolvimento dos projetos, as diferentes disciplinas são agrupadas e
analisadas para identificar as interferências umas sobre as outras (Fig. 6). Os softwares
responsáveis por estas análises localizam automaticamente as interferências entre os objetos e
geram relatórios que podem ser compartilhados com toda equipe para solucionar
pontualmente casa situação. Esta funcionalidade é conhecida como clash detection e
demonstrada na figura 6.
Alguns softwares geram notificações com a imagem do problema e referências da sua
localização no modelo. Esta ferramenta facilita a rápida identificação em modelos muito
extensos ou complexos, em que há muitas repetições de trechos de instalações.
Além da localização automática, algumas soluções também classificam as interferências
como leves, moderadas ou críticas, voltando a atenção dos projetistas para a resolução dos
problemas em ordem de importância.
Figura 6: Exemplo de interferência entre projetos.
Fonte: MUNCH (2017)
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Há ainda ferramentas que permitem a identificação de interferências funcionais (soft
clash), quando alguma característica de um objeto interfere no funcionamento de outro.
2.6.5 A verificação de normas
Para o controle de qualidade do modelo, é possível inserir regras de verificação a fim de
atender exigências específicas como acessibilidade, códigos de obras, uso e ocupação do
solo, entre outros.
2.6.6 Análises e simulações do modelo
Simulações de comportamento e desempenho da edificação ou de suas partes é uma das
principais vantagens da tecnologia BIM, visto que não é possível realizá-las através de
documentos em CAD. É possível realizar diversas análises Fig. 7), entre elas:
- Análises estruturais
- Análises energéticas (simulações do consumo de energia)
- Estudos térmicos e termodinâmicos
- Estudos de ventilação natural
- Estudos de níveis de emissão de CO2
- Estudos luminotécnicos
- Estudos de insolação e sombreamento
Figura 7. Exemplos de análises
Fonte: Eastman (2014)
2.7 Obra
2.7.1 A extração automática de quantitativos
A extração automática de quantitativos é o recurso mais utilizado para quem inicia a
utilizar a tecnologia BIM. Cada material é associado a um objeto. Se este objeto é alterado, a
quantidade de material também se altera de forma paramétrica.
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A partir de um modelo com materiais configurados adequadamente é possível listar todos
os itens que devem ser gerenciados para compra de acordo com as fases definidas no
planejamento e na programação de execução dos serviços. Esta funcionalidade garante
consistência, precisão e agilidade de acesso às informações, garantindo a sincronização da
aquisição de materiais com o projeto e a construção.
2.7.2 O planejamento da obra
Através da associação dos componentes do modelo com a duração das tarefas é possível
desenvolver o cronograma de execução da obra a fim de validar as atividades e otimizar o seu
sequenciamento. É importante ressaltar que o modelo utilizado deve ser desenvolvido para
este fim. O modelo identifica as tarefas em atraso ou adiantadas e permite comparações dos
serviços previstos e efetivamente realizados, otimizando o processo de gestão das etapas de
execução. Este modelo, pode ainda ser apresentado em forma de animação permitindo
visualizar a concepção da construção prevista em qualquer período desejado.
É possível ensaiar a fase de obra virtualmente (Construção Virtual), onde todas as etapas e
atividades previstas são analisadas permitindo a adequada instalação de equipamentos
temporários como gruas e andaimes e bandejas de proteção (Fig. 8). Desta forma, é possível
eliminar eventuais interferências destes equipamentos e utilizar os modelos, para estudar,
prévia e detalhadamente, todo o processo de construir, definindo o sequenciamento das
atividades, com um nível de informação sem precedentes.
Figura 8: Ensaio do funcionamento de uma grua.
Fonte: CBIC (2016)
2.7.3 A viabilização e a intensificação do uso da industrialização
A falta de precisão dos projetos produzidos atualmente no Brasil, impedem o pais de
avançar nos processos de industrialização e pré-fabricação na construção civil. Há
diversos casos onde os investimentos são inviabilizados, pois surgem imprevistos e
imprecisões na execução e montagem que geram retrabalhos e gastos extras.
Com o uso de softwares BIM, a coordenação geométrica das peças pode ser verificada
automaticamente, eliminando a maioria dos potencias erros e interferências. Além disso, o
processo de Construção Virtual permite o ensaio de todas as fases de montagem garantindo
precisão no processo.
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2.7.4 Análises de construtibilidade
Em edificações complexas, como hospitais e shoppings centers, há a exigência de variados
tipos de instalações como sistemas de ar condicionado, água quente e ventilação que muitas
vezes concentram-se em um mesmo local, dificultando a montagem e execução dos sistemas.
Nestes pontos críticos é fundamental a análise dos conflitos físicos (coordenação geométrica)
e do sequenciamento e montagem das partes a fim de viabilizar a construção e garantir acesso
a manutenção posterior.
Ao combinar recursos BIM como a Construção Virtual, a identificação automática de
interferências e o planejamento 4D, podem-se realizar simulações e análises da
construtibilidade com um nível de precisão e confiabilidade.
2.8 Pós obra
2.8.1 A verificação das condições de acesso para manutenção e HFE – Human Factor
Engineering
Ao coordenar a execução das diferentes instalações de uma edificação é importante prever
condições de acesso para profissionais de manutenção, considerando o tamanho adequado e
confortável para o ser humano e ainda, eventuais ferramentas para manutenção.
De acordo com CBIC (2016), este tipo de premissa de projeto também é conhecida como
Human Factor Engineering (HFE). Levam-se em conta a escala e as medidas do ser humano,
que precisará acessar áreas das instalações e, numa condição ideal, realizar tarefas com
condições mínimas de segurança, evitando a agressão a sua saúde e a sua integridade física.
2.8.2 Manutenção da edificação
Ao adicionar parâmetros de validade e manutenção dos materiais, é possível criar um modelo
para a gestão da edificação após a entrega da obra. Assim, pode-se controlar a garantia dos
equipamentos, prever planos de manutenção, gerenciar dados de fabricantes e fornecedores, e
controlar custos de operação.
Conclusão
Diante da necessidade de projetos mais complexos e de melhor qualidade, o setor da
construção civil passa, cada vez mais, a aderir a tecnologia BIM. As ferramentas e
funcionalidades permitem o desenvolvimento de todo o ciclo de vida das edificações de forma
mais eficaz. A parametrização dos modelos produz documentos mais consistentes e otimiza o
desenvolvimento dos projetos, de modo que o tempo gasto para adequar e produzir desenhos é
disponibilizado para resolver questões do projeto.
Do mesmo modo, a colaboração entre os profissionais desde as etapas inicias minimiza o
tempo gasto com compatibilizações em etapas posteriores, onde as soluções estão mais
consistentes. A maneira como os profissionais se relacionam é essencial para o sucesso do
produto final. O processo torna-se mais dinâmico, visando a melhor solução. Além disso, as
definições do produto são concebidas mais cedo, pois as ferramentas BIM permitem retirar
dados mais precisos, mesmo com modelos genéricos.
Algumas instituições no Brasil já implantaram esta tecnologia através de consultorias e
readaptações do processo de trabalho, porém há diversos fatores que impedem a rápida adesão
da maior parte das empresas. Existem grandes dificuldades que devem ser enfrentadas como:
carência de profissionais habilitados, falta de bibliotecas especializadas, altos custos de
softwares e treinamentos, resistência a mudanças, falta de infraestrutura de TI, entre outros.
Tendo em vista que o BIM é um processo, a mudança para esta metodologia exige grandes
esforços no sentido de alterar o modo com o processo é conduzido. É necessária uma
mudança de cultura por parte dos profissionais e empresas envolvidas, e compreensão de todo
o ciclo do processo.
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Referências
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<www.makebim.com/2017/01/13/tecnologia-bim-ciclo-do-3d-ao-7d/> Acesso em:
22/04/2017.
RUGGERI, Renê. Redescobrindo o processo de projeto. Campo Grande: Independente,
2015.

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  • 1. 1 Aplicações da tecnologia BIM para construção civil. Aline Machado Pillon – alinempillon@hotmail.com MBA em Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Porto Alegre, RS, 26 de abril de 2017 Resumo A crescente complexidade das construções e a exigência de custos e prazos menores demandam projetos com maior qualidade e confiabilidade. Por outro lado, o processo de produção de projetos de arquitetura e engenharia mais utilizado atualmente elabora desenhos em 2D, gerados sequencialmente, a partir do projeto de arquitetura e compatibilizados através da sobreposição de plantas, gerando soluções ineficazes. Deste modo, a tecnologia BIM (Building Information Modeling) ganha destaque por abordar uma nova maneira de projetar, destacando-se por minimizar erros, facilitar o processo de desenvolvimento de projetos, permitir a concepção simultânea de todas as disciplinas, detectar de conflitos e induzir a colaboração de todos os envolvidos, voltando os esforços para o desenvolvimento do projeto e não para a produção de desenhos. Portanto, o presente artigo tem por objetivo apresentar aspectos importantes do processo BIM, bem como exemplificar sua aplicação ao longo das fases de desenvolvimento de um empreendimento. O levantamento dos dados desenvolveu-se através de pesquisas bibliográficas, estudos de casos, palestras assistidas e buscas em sites especializados. O trabalho revelou que o BIM traz diversos benefícios, porém sua adoção depende muito mais do amadurecimento do processo de produção dos empreendimentos do que da mudança de softwares. Palavras-chave: Processo de Projeto. BIM. Projetos AEC. 1. Introdução A construção civil é uma atividade de alta complexidade, pois exige a integração de diversas áreas de conhecimento desde os estudos iniciais e planejamento do produto, passando pela fase de projetos e obra, até chegar a manutenção. O método atual de desenvolvimento deste processo demonstra diversas falhas, gerando retrabalhos, custos extras e desperdícios de materiais. Segundo Ruggeri (2015), o método que mais encontramos sendo praticado no mercado, chama-se Engenharia Sequencial e descreve uma estrutura de pensamento baseada na divisão e na estanqueidade das partes, e ainda demonstra dificuldades de observar o processo de uma forma mais dinâmica. Esta prática sugere o trabalho isolado das diferentes disciplinas, onde os projetos complementares são elaborados a partir de um projeto arquitetônico já concebido, para depois serem analisados quanto a suas interferências. O fato de sobrepor desenhos de diversas especialidades para estudar as interferências demonstra o isolamento e a falta de cooperação das disciplinas. Entretanto, este processo tem-se mostrado ineficaz desde que o mercado passou a exigir construções maiores e mais complexas, demandando novas especialidades de projeto que devem integrar-se ao conjunto, eliminando interferências entre diferentes disciplinas, desperdícios de materiais, retrabalhos e aumento de custos. Deste modo, o setor da construção civil obrigou-se a investir em novos métodos construtivos e principalmente em tecnologias para qualificar o processo de concepção dos empreendimentos. Neste contexto, o BIM (Building Information Modeling) aparece em
  • 2. 2 grande evidência, como alavanca de desenvolvimento e qualificação dos produtos gerados pelo setor. Este artigo, tem o objetivo de descrever as características e funcionalidades desta tecnologia além de demonstrar as possíveis aplicações ao longo do ciclo de vida de um empreendimento. As ferramentas BIM permitem análises, simulações e extração de dados do modelo de forma confiável. Cada vez mais, as empresas e órgãos públicos estão desenvolvendo pesquisas em torno desta tecnologia, a fim de aperfeiçoar a qualidade dos produtos oferecidos. 2. Desenvolvimento 2.1 BIM O conceito BIM foi introduzido por Eastman, em 1975, em um protótipo de trabalho na Universidade de Carnegie-Mellon: Definir elementos de forma interativa... derivando seções, planos isométricos ou perspectivas de uma mesma descrição de elementos... Qualquer mudança no arranjo teria que ser feita apenas uma vez para todos os desenhos futuros. Todos os desenhos derivados da mesma disposição de elementos seriam automaticamente consistentes... qualquer tipo de análise quantitativa poderia ser ligada diretamente à descrição... estimativas de custos ou quantidades de material poderiam ser facilmente geradas... fornecendo um único banco de dados integrado para análises visuais e quantitativas... verificação de código de edificações automatizado na prefeitura ou no escritório do arquiteto. Empreiteiros de grandes projetos podem achar esta representação vantajosa para a programação e para os pedidos de materiais. (EASTMAN, 1975). Scheer (apud CAMPESTRINI, 2015, p. 2), define BIM: Modelagem da Informação da Construção ou BIM deve ser entendida como um novo paradigma de desenvolvimento de empreendimentos de construção envolvendo todas as etapas do seu ciclo de vida, desde os momentos iniciais de definição e concepção, passando pelo detalhamento e planejamento, orçamentação, construção até o uso com a manutenção e mesmo as reformas ou demolição. É um processo baseado em modelos paramétricos da edificação visando a integração de profissionais e sistemas com interoperabilidade de dados e que fomenta o trabalho colaborativo entre as diversas especialidades envolvidas em todo o processo, do início ao fim. De acordo com os autores, a tecnologia BIM representa uma nova forma de conceber os projetos de arquitetura e engenharia, através da utilização de ferramentas paramétricas a fim de produzir um modelo virtual que apresente todas as características do produto final, visando a integração entre todos os envolvidos. O termo BIM foi popularizado pelo arquiteto Jerry Laiserin, no fim da década de 80, que o definiu como uma representação digital do processo de construção, com a finalidade de facilitar o intercâmbio e a interoperabilidade das informações em formato digital. Esta tecnologia permite criar um modelo único, com todas as disciplinas compatibilizadas, juntamente com um banco de dados que é alimentado à medida que o projeto é desenvolvido. Além disso, a parametrização dos elementos permite alterações simultâneas em todas as vistas do projeto, permitindo focar na qualidade do modelo e não na produção de desenhos. 2.2 Ciclo de vida de um empreendimento A CBIC, Câmara Brasileira da Indústria da Construção descreve o ciclo de vida das edificações conforme a figura 1:
  • 3. 3 Figura 1: Representação do ciclo de vida de um empreendimento. Fonte: CBIC (2016) O ciclo de vida de um empreendimento começa com a identificação de uma necessidade ou oportunidade de negócio. Vale ressaltar que um novo ciclo pode ser definido, após uma reforma em que foi mantido o mesmo uso para edificação, ou até a sua completa demolição, com o desenvolvimento de um novo produto. Neste momento são lançadas as primeiras ideias, são realizados estudos de viabilidade estratégica, tecnológica e econômico-financeiras, bem como análises em relação ao mercado imobiliário. A partir das primeiras definições os projetos começam a ser desenvolvidos, definindo-se técnicas construtivas, detalhes e especificações de materiais, documentos para contratação, manuais de manutenção, listas de materiais e recursos necessários para a realização do empreendimento. Através dos documentos gerados, é possível selecionar os principais fornecedores e fabricantes, bem como contratar os recursos planejados do empreendimento. Deste modo, a obra pode ser iniciada seguindo os projetos, detalhamentos, especificações e condições contratuais. Nesta fase, a gestão das equipes e suprimentos é essencial para alinhamento ao planejamento estipulado. É neste momento também, que a documentação as built é produzida. Após a finalização da obra, o produto é entregue para os proprietários ou investidores e também, para os responsáveis pela gestão do uso e manutenção. Neste momento entrega-se toda a documentação técnica e legal do empreendimento, inclusive “habite-se”, alvará do Corpo de Bombeiros, documentação as built, manuais de uso e manutenção, termos de garantia de equipamentos, etc. No decorrer do ciclo de vida do empreendimento, deve-se realizar planos de manutenção preventiva e corretiva para o correto funcionamento e prolongamento da vida útil das edificações. Nesta fase são testadas as garantias oferecidas pelos fabricantes, bem como o desempenho da edificação. Ao término da vida útil de um sistema, ou mesmo de toda edificação, é feito um replanejamento, optando-se por demoli-lo ou apenas realizar uma reforma. Desta forma, o ciclo de vida se renova, passando a ter outra duração estimada. A tecnologia BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendimento, desde a concepção e a conceituação do produto, passando pelo desenvolvimento dos projetos, a construção, e manutenção após a entrega da obra. 2.3 Características da tecnologia BIM 2.3.1 Parametrização São padrões criados e associados aos elementos de um projeto que definem regras de funcionamento do próprio objeto, seu relacionamento com outros objetos ou com o ambiente o qual foi inserido. Permite criar um banco de dados de forma que qualquer alteração ou revisão realizada em uma parte do projeto seja transmitida automaticamente para as demais
  • 4. 4 representações gráficas, sejam tabelas, relatórios ou desenhos, gerados a partir do modelo. Por exemplo, uma porta deve ser inserida apenas em paredes. Se houver alteração da espessura desta parede, a porta se ajusta automaticamente ao valor inserido, sem a necessidade de modificação manual. Esta característica permite ao projetista maior qualidade dos documentos produzidos, passando a utilizar o tempo de desenvolvimento dos projetos para solucionar questões técnicas ao invés de produzir e adequar desenhos. Os parâmetros podem ser criados conforme a necessidade de cada projeto. Podem ser parâmetros de quantificação (comprimento, área, volume, custo, entre outros) ou qualificação (descrição, comentários, nome da empresa produtora, nome do elemento). 2.3.2 Colaboração Durante todo o ciclo de vida da edificação os profissionais envolvidos devem compartilhar informações de forma colaborativa, contribuindo com aquilo que mais tem conhecimento para atingir o objetivo do projeto. A forma como esses especialistas se relacionam está diretamente ligada à minimização de problemas durante o projeto. Os profissionais que mais participarem das reuniões ou trocas de ideias com o restante da equipe de projetos tenderão a entregar soluções mais compatíveis com as demais soluções propostas pela equipe. A composição da equipe deve ser analisada de acordo com as necessidades de cada projeto. Os profissionais podem atuar em fases estratégicas ou durante todo o projeto. Segundo Campestrini (2015) “um projeto avança à medida que são tomadas decisões e, portanto, a forma de participação de cada profissional é ponto chave para o bom uso dos recursos. [...] Quanto mais flexíveis forem as soluções e o profissional, maiores as chances de ser encontrado o melhor caminho”. A colaboração induz a busca de soluções com mais resultado para o projeto como um todo. Exige maior flexibilidade dos profissionais quanto as disciplinas de suas responsabilidades, e foco na melhor solução, mesmo que isso signifique retrabalho para alguma das partes. O objetivo é encontrar a melhor custo-benefício para o projeto e envolve uma reavaliação de cultura de projeto dos profissionais do setor. 2.3.3 Interoperabilidade Uma das condições básicas para o processo BIM é o compartilhamento de informações de todos os envolvidos ao longo do ciclo de vida de uma edificação. Ainda que sejam utilizados diversos softwares para desenvolvimento das diferentes disciplinas, é essencial que todos os dados relevantes sejam acessados pelos envolvidos. As primeiras ações voltadas ao desenvolvimento da interoperabilidade aconteceram em 1995, através de uma organização privada de 12 empresas de arquitetura, construção e softwares, com o objetivo de comprovar seus benefícios. Após um ano de pesquisas, percebeu-se que a aliança deveria se tornar pública, com a intenção de colaboração de todos os interessados, passando a chamar-se de International Alliance for Interoperability (IAI). Posteriormente, a IAI mudou seu nome para Building SMART para refletir melhor a natureza e os objetivos da organização. O termo BUILDING se aplica a todo o ambiente construído e SMART, identifica a maneira pela qual se quer construir: com inteligência, interoperabilidade e trabalho em equipe para projetar, construir e operar o ambiente construído. Em 1997, foi criado um formato de arquivo que transporta as informações e os dados do projeto, chamado Industry Foundation Classes (IFC). Eastman et al. (2014) explicam que o IFC foi desenvolvido para criar um grande conjunto de representações de dados consistentes de informações da construção para intercâmbio entre aplicações de softwares AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção).
  • 5. 5 Deste modo, todo projeto executado em plataforma BIM pode ser exportado em formato IFC para integrar um modelo único, onde todos os projetos podem ser analisados, chamado Modelo Federado. O envolvimento da indústria é fator primordial para a contínua evolução no desenvolvimento e aperfeiçoamento dos padrões IFC. Segundo Eastman et. al. (2014) “O IFC é o único modelo existente de dados públicos, não proprietários e bem desenvolvido para a construção e arquitetura. Ele é um padrão de fato em todo o mundo e está sendo fortemente adotado por vários governos e agências em diversas partes do mundo”. 2.3.4 Modelo BIM O BIM permite diversas aplicações e funcionalidades que exigem tipos diferentes de informações. Para isso, deve-se observar para qual uso o modelo será desenvolvido e assim, alimentá-lo com as informações pertinentes. Um modelo contendo informações espaciais como paredes, tubulações e pilares é um modelo 3D. Dele será possível extrair informações de materiais, quantidades e conflitos entre sistemas. Ao adicionar informações de tempo, como produtividade e sequência de execução, este modelo passará a conter informações quanto ao cronograma estimado para as obras, duração de atividades e prazos estimados. Este será o modelo chamado 4D. Ainda, um modelo programado para receber dados de custos de material e mão de obra será um modelo 5D, onde será possível retirar diversas informações, entre elas o custo das atividades da obra e as curvas ABC. Além disso, pode-se criar um modelo para operar a edificação após a entrega da obra. Este será o modelo 6D, que contará com dados sobre a validade dos materiais e ciclos de manutenção indicados, consumos de água e energia, entre outros. Quanto maior a dimensão do modelo, maior é o banco de dados e mais integradas estão as soluções propostas. 2.4 Processo de projeto em BIM A tecnologia BIM demonstra diversas vantagens em relação aos tradicionais documentos desenvolvidos por Computer Aided Design (CAD), mas a transição exige não apenas a troca dos softwares, mas mudança nos processos de desenvolvimento dos projetos. O processo BIM propõe a colaboração entre toda equipe envolvida desde o início da concepção do projeto. Diferente do tradicional projeto CAD onde a arquitetura precede o desenvolvimento das demais disciplinas, no projeto BIM todos os sistemas sofrem influência uns dos outros, induzindo a compatibilização e coordenação desde as fases iniciais. Através de análises do modelo virtual da construção é possível identificar problemas, corrigi-los e analisar a construtibilidade de cada proposta, selecionando a melhor alternativa. A documentação é liberada apenas após a eliminação dos conflitos. Esta metodologia trata a construção de um empreendimento desde a fase inicial até a manutenção de forma integrada e colaborativa. A equipe envolvida deve trabalhar para obter a melhor qualidade de um produto final em comum. É importante a participação dos projetistas complementares (de instalações, estruturas, interiores etc.), montadores, fabricantes e fornecedores nos estágios iniciais do projeto, o que, somado à capacidade de simulação virtual por meio da plataforma BIM, possibilita que o projeto esteja muito mais coeso e desenvolvido antes das etapas que consomem a maior fatia dos recursos e investimentos. Esse maior esforço inicial resulta, consequentemente, em menor esforço nas fases posteriores, e um menor retrabalho durante a etapa de obras. Quanto menos alterações nas fases posteriores, menos desperdício de mão de obra, materiais e tempo, resultando em reduções de custos e prazos e mais qualidade final para os empreendimentos.
  • 6. 6 Outra característica do processo é acelerar as tomadas de decisões, onde o impacto é maior e o custo das alterações de projeto é menor. Deve-se definir, não apenas detalhes construtivos e especificações, mas também sobre os métodos construtivos que serão utilizados. A figura 2 demonstra a relação entre os custos e as alterações de projeto de acordo com o estágio do empreendimento, num processo tradicional CAD e no projeto utilizando a plataforma BIM. Figura 2: Gráfico comparativo entre o processo CAD e o processo BIM. Fonte: CBIC (2016) Os dados apresentados pelo gráfico mostram que a capacidade para influenciar os custos de obra e características funcionais de um empreendimento diminui conforme o projeto evolui. Além disso, a medida que o ciclo de desenvolvimento de um empreendimento progride, aumentam os custos de alterações de projetos e especificações. Conforme Araujo e Ramos (2015, p. 111): O principal benefício que o BIM apresenta é que a partir de um único arquivo digital, há informações de todo o ciclo de vida do projeto. Entretanto, apesar das inúmeras vantagens, os softwares BIM ocupamuma pequena parcela no mercado de programas para projetos. As autoras ainda enumeram os motivos pelos quais existe pouca atuação no mercado dos softwares BIM. São eles: Quando necessário existe maior volume de arquivos CAD importados ou exportados; processo de renderização dificultoso uma vez que vários passos são envolvidos e envolve muitos ajustes dos elementos; maior tempo na produção do projeto quando se modela todos os componentes; realização de mudanças ou
  • 7. 7 compatibilização é trabalhosa no uso de softwares com plataformas diferentes; dificuldade de modificação dos componentes em 3D quando modelados por terceiros; poucos profissionais habilitados para atuar no desenvolvimento de projetos no sistema BIM; algumas limitações na modelagem de elementos; falta de bibliotecas parametrizadas; custo elevado dos softwares; dificuldade na criação de padrões e regras para coordenação de projetos, entre outros (ARAUJO e RAMOS, 2015., p. 11-12). Durante o desenvolvimento dos projetos deve-se focar na concepção, pesquisas e desenvolvimentos de sistemas, de soluções construtivas e de engenharia. Após o início das obras, os esforços devem se voltar para a gestão dos suprimentos e dos demais recursos logísticos. 2.5 Aplicações da tecnologia BIM 2.5.1 Concepção inicial: análise de viabilidade A partir de um modelo de construção aproximado (Fig. 3) vinculado a uma base de dados de custos é possível prever se um projeto de um determinado tamanho, padrão de qualidade e programa de necessidades satisfaz os requisitos de orçamento e cronograma desejados. Além disso, um modelo precificado de acordo com a região em que o projeto está inserido possibilita a criação de índices como: valor de metro quadrado para diferentes tipos de métodos construtivos, ou ainda, valor de metro quadrado para edificações de diferentes usos e padrões. Estes dados formarão um banco de dados que servirá para a tomada de decisões de projetos futuros, garantindo maior confiabilidade, redução de incertezas e riscos associados aos custos e prazos estipulados. Figura 3: Modelo para Estudo de Massa Fonte: ABDI (2017) Outro fator a ser considerado é a facilidade de visualização do produto a ser desenvolvido desde as etapas iniciais. O modelo gerado para os primeiros estudos já transmite a volumetria e ocupação do espaço de uma forma clara possibilitando a correta compreensão de todos os envolvidos no projeto, mesmo aqueles que não possuem informações técnicas específicas, como o investidor, ou mesmo o trabalhador com menor grau de escolaridade, por exemplo. Tudo isso se traduz em menor desgaste e em menor quantidade de problemas durante a fase de execução. 2.6 Desenvolvimento do projeto 2.6.1 Capacidade de desenvolvimento de projetos mais complexos O setor da construção civil demanda, cada vez mais, de produtos inovadores, com formas mais complexas e soluções tecnológicas inovadoras. Tudo isto sem descuidar da qualidade, dos prazos e dos custos, desafiando as técnicas de construção e aumentando
  • 8. 8 exponencialmente a complexidade dos processos de coordenação, planejamento e a viabilização da sua montagem e construção. Neste sentido a tecnologia BIM, além de facilitar o desenvolvimento de projetos de diversas disciplinas, permite análises mais precisas, facilidade visualização das incompatibilidades e gerenciamento da logística da obra. 2.6.2 O registro e controle visual de diferentes versões dos modelos O trabalho colaborativo induzido pela tecnologia BIM, permite a produção de projetos mais complexos e a participação de equipes especializadas. Este processo incentiva a troca de informações e resolução de problemas no momento em que são identificados, gerando diversas versões de um mesmo projeto, as quais devem ser controladas. Os softwares BIM possibilitam a identificação fácil e intuitiva das diferentes versões de um modelo, utilizando uma legenda de cores para identificar partes e componentes que tenham sido modificadas, incluídas ou excluídas, conforme figura 4. Figura 4: Identificação de elementos novos, modificados e deletados. Fonte: CBIC (2016) 2.6.3 Produção de imagens de alta qualidade Os modelos BIM desenvolvidos para os diferentes usos são capazes de produzir imagens renderizadas com alta qualidade e definição (Fig. 5). Através da inserção de dados como posição solar, endereço e entorno é possível criar maquetes eletrônicas que podem ser utilizadas tanto no estande de vendas de um empreendimento quanto em seu material publicitário e promocional. De acordo com Menezes (2011, p. 154): Basicamente, o BIM proporciona muito mais do que a elaboração de um simples modelo tridimensional. Ele dá suporte à realização de um modelo virtual que busca se assemelhar ao máximo à realidade, gerando dados que auxiliam desde a orçamentação até no prognóstico das fases da construção do projeto.
  • 9. 9 Ainda, durante a fase de construção, é possível isolar partes e gerar detalhes construtivos bastante realísticos para facilitar a compreensão de quem está executando a obra. Figura 5: Maquete Eletrônica produzida a partir de um modelo BIM Fonte: CBIC (2016) 2.6.4 A identificação automática de interferências Ao longo do desenvolvimento dos projetos, as diferentes disciplinas são agrupadas e analisadas para identificar as interferências umas sobre as outras (Fig. 6). Os softwares responsáveis por estas análises localizam automaticamente as interferências entre os objetos e geram relatórios que podem ser compartilhados com toda equipe para solucionar pontualmente casa situação. Esta funcionalidade é conhecida como clash detection e demonstrada na figura 6. Alguns softwares geram notificações com a imagem do problema e referências da sua localização no modelo. Esta ferramenta facilita a rápida identificação em modelos muito extensos ou complexos, em que há muitas repetições de trechos de instalações. Além da localização automática, algumas soluções também classificam as interferências como leves, moderadas ou críticas, voltando a atenção dos projetistas para a resolução dos problemas em ordem de importância. Figura 6: Exemplo de interferência entre projetos. Fonte: MUNCH (2017)
  • 10. 10 Há ainda ferramentas que permitem a identificação de interferências funcionais (soft clash), quando alguma característica de um objeto interfere no funcionamento de outro. 2.6.5 A verificação de normas Para o controle de qualidade do modelo, é possível inserir regras de verificação a fim de atender exigências específicas como acessibilidade, códigos de obras, uso e ocupação do solo, entre outros. 2.6.6 Análises e simulações do modelo Simulações de comportamento e desempenho da edificação ou de suas partes é uma das principais vantagens da tecnologia BIM, visto que não é possível realizá-las através de documentos em CAD. É possível realizar diversas análises Fig. 7), entre elas: - Análises estruturais - Análises energéticas (simulações do consumo de energia) - Estudos térmicos e termodinâmicos - Estudos de ventilação natural - Estudos de níveis de emissão de CO2 - Estudos luminotécnicos - Estudos de insolação e sombreamento Figura 7. Exemplos de análises Fonte: Eastman (2014) 2.7 Obra 2.7.1 A extração automática de quantitativos A extração automática de quantitativos é o recurso mais utilizado para quem inicia a utilizar a tecnologia BIM. Cada material é associado a um objeto. Se este objeto é alterado, a quantidade de material também se altera de forma paramétrica.
  • 11. 11 A partir de um modelo com materiais configurados adequadamente é possível listar todos os itens que devem ser gerenciados para compra de acordo com as fases definidas no planejamento e na programação de execução dos serviços. Esta funcionalidade garante consistência, precisão e agilidade de acesso às informações, garantindo a sincronização da aquisição de materiais com o projeto e a construção. 2.7.2 O planejamento da obra Através da associação dos componentes do modelo com a duração das tarefas é possível desenvolver o cronograma de execução da obra a fim de validar as atividades e otimizar o seu sequenciamento. É importante ressaltar que o modelo utilizado deve ser desenvolvido para este fim. O modelo identifica as tarefas em atraso ou adiantadas e permite comparações dos serviços previstos e efetivamente realizados, otimizando o processo de gestão das etapas de execução. Este modelo, pode ainda ser apresentado em forma de animação permitindo visualizar a concepção da construção prevista em qualquer período desejado. É possível ensaiar a fase de obra virtualmente (Construção Virtual), onde todas as etapas e atividades previstas são analisadas permitindo a adequada instalação de equipamentos temporários como gruas e andaimes e bandejas de proteção (Fig. 8). Desta forma, é possível eliminar eventuais interferências destes equipamentos e utilizar os modelos, para estudar, prévia e detalhadamente, todo o processo de construir, definindo o sequenciamento das atividades, com um nível de informação sem precedentes. Figura 8: Ensaio do funcionamento de uma grua. Fonte: CBIC (2016) 2.7.3 A viabilização e a intensificação do uso da industrialização A falta de precisão dos projetos produzidos atualmente no Brasil, impedem o pais de avançar nos processos de industrialização e pré-fabricação na construção civil. Há diversos casos onde os investimentos são inviabilizados, pois surgem imprevistos e imprecisões na execução e montagem que geram retrabalhos e gastos extras. Com o uso de softwares BIM, a coordenação geométrica das peças pode ser verificada automaticamente, eliminando a maioria dos potencias erros e interferências. Além disso, o processo de Construção Virtual permite o ensaio de todas as fases de montagem garantindo precisão no processo.
  • 12. 12 2.7.4 Análises de construtibilidade Em edificações complexas, como hospitais e shoppings centers, há a exigência de variados tipos de instalações como sistemas de ar condicionado, água quente e ventilação que muitas vezes concentram-se em um mesmo local, dificultando a montagem e execução dos sistemas. Nestes pontos críticos é fundamental a análise dos conflitos físicos (coordenação geométrica) e do sequenciamento e montagem das partes a fim de viabilizar a construção e garantir acesso a manutenção posterior. Ao combinar recursos BIM como a Construção Virtual, a identificação automática de interferências e o planejamento 4D, podem-se realizar simulações e análises da construtibilidade com um nível de precisão e confiabilidade. 2.8 Pós obra 2.8.1 A verificação das condições de acesso para manutenção e HFE – Human Factor Engineering Ao coordenar a execução das diferentes instalações de uma edificação é importante prever condições de acesso para profissionais de manutenção, considerando o tamanho adequado e confortável para o ser humano e ainda, eventuais ferramentas para manutenção. De acordo com CBIC (2016), este tipo de premissa de projeto também é conhecida como Human Factor Engineering (HFE). Levam-se em conta a escala e as medidas do ser humano, que precisará acessar áreas das instalações e, numa condição ideal, realizar tarefas com condições mínimas de segurança, evitando a agressão a sua saúde e a sua integridade física. 2.8.2 Manutenção da edificação Ao adicionar parâmetros de validade e manutenção dos materiais, é possível criar um modelo para a gestão da edificação após a entrega da obra. Assim, pode-se controlar a garantia dos equipamentos, prever planos de manutenção, gerenciar dados de fabricantes e fornecedores, e controlar custos de operação. Conclusão Diante da necessidade de projetos mais complexos e de melhor qualidade, o setor da construção civil passa, cada vez mais, a aderir a tecnologia BIM. As ferramentas e funcionalidades permitem o desenvolvimento de todo o ciclo de vida das edificações de forma mais eficaz. A parametrização dos modelos produz documentos mais consistentes e otimiza o desenvolvimento dos projetos, de modo que o tempo gasto para adequar e produzir desenhos é disponibilizado para resolver questões do projeto. Do mesmo modo, a colaboração entre os profissionais desde as etapas inicias minimiza o tempo gasto com compatibilizações em etapas posteriores, onde as soluções estão mais consistentes. A maneira como os profissionais se relacionam é essencial para o sucesso do produto final. O processo torna-se mais dinâmico, visando a melhor solução. Além disso, as definições do produto são concebidas mais cedo, pois as ferramentas BIM permitem retirar dados mais precisos, mesmo com modelos genéricos. Algumas instituições no Brasil já implantaram esta tecnologia através de consultorias e readaptações do processo de trabalho, porém há diversos fatores que impedem a rápida adesão da maior parte das empresas. Existem grandes dificuldades que devem ser enfrentadas como: carência de profissionais habilitados, falta de bibliotecas especializadas, altos custos de softwares e treinamentos, resistência a mudanças, falta de infraestrutura de TI, entre outros. Tendo em vista que o BIM é um processo, a mudança para esta metodologia exige grandes esforços no sentido de alterar o modo com o processo é conduzido. É necessária uma mudança de cultura por parte dos profissionais e empresas envolvidas, e compreensão de todo o ciclo do processo.
  • 13. 13 Referências ABDI - AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Projetos Guia BIM ADBI – GUIA 1 - Processo de Projeto BIM. Brasília: ABDI, 2017. ABRASIP-MG, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE SISTEMAS PREDIAIS. BIM ganha espaço no mercado de engenharia de sistemas prediais. Disponível em: <www.brasilengenharia.com/portal/noticias/noticias-da-engenharia/12150-bim-ganha- espaco-no-mercado-de-engenharia-de-sistemas-prediais> Acesso em: 22 abr., 2017. ADDOR, M.; CASTANHO, M.; CAMBIAGHI, H. et al. Colocando o “i” no BIM. Revista de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, n. 4, p. 104-115, 2010. Disponível em: <http://www.usjt.br/arq.urb/numero_04/arqurb4_06_miriam.pdf>. Acesso em: 11 mar., 2017. ARAUJO, RAMOS, O desenho de arquitetura na era digital. In: SEMINÁRIO ÍBERO- AMERICANO: ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO, 4., Belo Horizonte, UFMG, nov., 2015. Anais. Centro de Atividades Didáticas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015, p. 101-19. BUILDINGSMART. History. Disponível em: <http://buildingsmart.org/about/about- buildingsmart/history/> Acesso em: 18 abr., 2017. CAMPESTINI. Tiago. et al. Entendendo BIM. Uma visão do projeto de construção sob o foco da informação. Curitiba: UFPR, 2015. CBIC, CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Fundamentos BIM - Parte 1: implantação do BIM para construtoras e incorporadoras. Brasília, 2016. EASTMAN, Chuck. el al. Manual de BIM: um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre, 2014. MENEZES, G. L. B. B. Breve histórico de implantação da plataforma BIM. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, v. 18, p. 152-171, 2011. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquiteturaeurbanismo/article/view/3363/3719>. Acesso em: 11 fev., 2017. MUNCH, José R. Tecnologia BIM: Ciclo do 3D ao 7D. Disponível em: <www.makebim.com/2017/01/13/tecnologia-bim-ciclo-do-3d-ao-7d/> Acesso em: 22/04/2017. RUGGERI, Renê. Redescobrindo o processo de projeto. Campo Grande: Independente, 2015.