1. Direito à Saúde
• A definição do que conta como saúde é
fundamental para determinar as políticas,
decidir o que caracteriza o direito à saúde.
(NUNES, 2009)
2. saúde
• Das muitas definições de saúde uma das
piores é a da OMS “A saúde é um estado
de completo bem estar físico, mental e
social e não meramente a ausência de
enfermidades”
• Essa definição é o germe que leva ao
paradoxo da saúde, por que ninguém
consegue tal estado de saúde.
3.
4.
5. Paradoxo da Saúde
• A duração da vida não é dobrada. Muitas
mais pessoas vivem durante muito mais
tempo.
• O aumento da quantidade e da qualidade
de vida não tem sido acompanhado por
uma maior felicidade geral, nem por maior
satisfação com a própria saúde. Paradoxo
da Saúde (Amartya Sem)
6. crise do modelo de atenção
em saúde
• incoerência entre a situação
epidemiológica (dupla carga de doença
com predominância das condições
crônicas – cerca de 75% da carga de
doença), e o modelo de organização
dos serviços voltado para o
privilegiamento das condições agudas.
• Fonte: Conass, 2006
7. • Persiste a desigualdade de renda e de
acesso ao sistema de saúde. Prova
desses fatos é a diferença de expectativa
de vida, morbidade e mortalidade entre
regiões e classes sociais.
8. O corpo humano está adaptado a
modernidade?
• Ao que parece, a expectativa de vida era de
apenas 30 a 40 anos, mas isso se devia, em
grande parte, à incidência elevada de
mortalidade infantil. As crianças que
sobreviviam aos perigosos primeiros anos
tinham boas chances de chegar aos 60, e
algumas chegavam aos 80. Entre os caçadores-
coletores modernos, as mulheres de 45 anos
podem esperar viver outros 20, e cerca de 5 a
8% da população tem mais de 60 anos.
9. longevidade
• Tornou-se comum morrer de “velhice”,
mas depois de anos de lenta e
progressiva deterioração.
• Avanços – cirurgia de catarata, tratamento
dentário, prótese de quadril...
• Visão acompanhada por saber ler e ter
acesso a leitura. Dentição se tiver comida.
Prótese sem solidão.
10. O corpo humano está adaptado a
modernidade?
• Sejam quais forem os fatores biológicos que nos tornam cognitiva e
comportamentalmente modernos, eles são manifestados sobretudo
por meio da cultura. A saúde sempre é entrelaçamento de
determinantes biológicos , ambientais e sociais.
• Nossas habilidades culturais foram as mais transformadoras e as
maiores responsáveis por nosso sucesso. Sejam quais forem os
fatores biológicos que nos tornam cognitiva e comportamentalmente
modernos, eles são manifestados sobretudo por meio da cultura.
11. O corpo humano está adaptado a
modernidade
• Nosso longo caminho evolutivo adaptou seres humanos para ficar
eretos, para comer uma dieta diversificada, para caçar, para
procurar alimento em grandes extensões, para ser atletas de
resistência, para cozinhar e processar a comida, para compartilhar
comida.
• Uma importante desvantagem de ser bípede tem a ver com a
gravidez. Desloca seu centro de gravidade para adiante dos quadris
e pés. A transformação em bípedes também conduziu a outros
problemas humanos fundamentais, como torção de tornozelos, dor
lombar e complicações nos joelhos. Contudo, apesar das muitas
desvantagens do bipedalismo, os benefícios da capacidade de
andar e ficar parado ereto devem ter suplantado os custos em cada
estágio evolutivo.
12. O corpo humano está adaptado a
modernidade
• O motivo fundamental para o fato de tantos
seres humanos terem hoje doenças
anteriormente raras é que muitas das
características do corpo eram adaptativas no
ambiente para o qual evoluímos, mas tornaram-
se mal adaptativas nos ambientes modernos
que criamos. Além disso temos os cânceres da
alma, tumores sentimentais, leucemias
amorosas e metástases sociais.
13. O corpo humano está adaptado a modernidade
• Originando-se cerca de 12 mil anos atrás, alguns grupos de
pessoas começaram a se estabelecer em comunidades
permanentes, cultivar plantas e domesticar animais. Provavelmente
essas mudanças foram graduais a princípio, mas em seguida, ao
longo de alguns milhares de anos, inflamaram uma revolução
agrícola de âmbito mundial cujos efeitos ainda estão sacudindo o
planeta, bem como nosso corpo. Como veremos, a agricultura
trouxe muitas vantagens, mas também causou sérios problemas.
Permitiu aos seres humanos ter mais comida, e portanto mais filhos,
mas também exigiu novas formas de trabalho, transformou a dieta e
abriu uma caixa de Pandora de doenças e males sociais.
15. Definições
• Desigualdades: diferenças sistemáticas na
situação de saúde de grupos populacionais
• Iniqüidades: as desigualdades de saúde que
além de sistemáticas e relevantes são também
evitáveis, injustas e desnecessárias (Whitehead)
• Determinantes sociais de saúde (DSS) são as
condições sociais em que as pessoas vivem e
trabalham ou "as características sociais dentro
das quais a vida transcorre” (Tarlov,1996)
16.
17. A iniquidade faz mal à saúde de
todos
• A desigualdade na distribuição de renda
não é prejudicial a saúde apenas dos
grupos mais pobres, também é para a
sociedade em seu conjunto.
• Grupos de renda média em um país com
alto grau de inequidade de renda
possuem situação de saúde pior que a de
grupos de renda inferior que vivem em
sociedades mais equitativas.
18. Iniquidade
• Os cidadãos do Gabão, da África do Sul ou do Brasil
podem ser, em termos de PIB per capita, muito mais
ricos do que os cidadãos do Sri Lanka, da China ou do
estado indiano de Kerala. Mas os últimos têm uma
esperança de vida substancialmente superior. É
frequentemente realçado o fato de os afro-americanos
nos Estados Unidos, sendo relativamente pobres, serem
muito mais ricos do que os povos do terceiro mundo. No
entanto, têm absolutamente menos hipóteses de
alcançar uma idade avançada do que povos de muitas
sociedades do terceiro mundo, como a China, o Sri
Lanka, ou algumas partes da Índia.
19. DSS
• A saúde das crianças britânicas durante o
racionamento na segunda grande guerra
alcançou níveis de saúde que jamais
foram repetidos. Os poucos recursos eram
distribuídos de forma justa e a
consequência foi uma melhora da saúde
infantil em seu conjunto.
20. A determinação
social da saúde dividida em dez aspectos principais
• 1. As circunstâncias sociais e econômicas dos
indivíduos afetam fortemente sua saúde ao
longo da vida, portanto as políticas de saúde
devem estar vinculadas aos determinantes
sociais e econômicos da saúde;
• 2. O stress produz danos à saúde – o stress
pode ser oriundo de circunstâncias psicológicas
e/ou sociais. Ansiedade contínua, insegurança,
baixa auto-estima, isolamento social e falta de
controle sobre o trabalho e a vida familiar têm
efeitos poderosos sobre a saúde;
21. • 3. Os efeitos do desenvolvimento da infância duram a
vida toda; um bom início na vida significa apoiar mães e
crianças. A pobreza familiar inicia uma cadeia de risco
social com conseqüências na vida escolar, no âmbito
ocupacional, e no funcionamento físico, cognitivo e
emocional na vida adulta.
• 4. A exclusão social cria sofrimento e custa vidas – os
danos à saúde provêm não somente de privações
materiais mas também de problemas sociais e
psicológicos de viver na pobreza. A pobreza relativa,
assim como a pobreza absoluta, conduz à uma saúde
pior e a riscos crescentes de morte prematura. Pessoas
que viveram a maior parte de suas vidas na pobreza
sofrem particularmente de más condições de saúde
22. • 5. O stress no ambiente de trabalho aumenta o risco de
adoecer – ter controle reduzido sobre seu trabalho está
fortemente relacionado com o risco elevado de dores de
coluna, absenteísmo por doenças e doenças
cardiovasculares. Estes riscos foram verificados
independentemente das características psicológicas das
pessoas estudadas.
• 6. A segurança (estabilidade) no trabalho promove a
saúde o bem-estar e a satisfação laboral –
desempregados e suas famílias sofrem um risco
substancialmente maior de morte prematura. Os efeitos
sobre a saúde do desemprego estão relacionados tanto
com suas conseqüências psicológicas quanto com
problemas financeiros, especialmente dívidas.
23. • 7. Amizade, boas relações sociais e redes de apoio social fortes
melhoram a saúde em casa, no trabalho e na comunidade. O apoio
social ajuda a dar às pessoas recursos emocionais e práticos
necessários. Pertencer a uma rede social faz as pessoas sentirem-
se cuidadas, amadas, estimadas e valorizadas e isso tem um
poderoso efeito protetor da saúde. O acesso ao apoio emocional e
material varia com o status social e econômico. A pobreza pode
contribuir para a exclusão social e o isolamento.
• 8. As pessoas buscam o álcool, drogas e cigarros e sofrem por seu
consumo, mas o seu uso é influenciado por um conjunto mais
amplo de fatores sociais. A dependência de álcool, o consumo de
drogas e o tabagismo estão associados com marcadores de
desvantagem social e econômica e estão associados à mortes
violentas e à mobilidade social descendente
24. • 9. Alimentação saudável é um assunto político – uma boa dieta e
suprimento alimentar adequado são centrais na promoção da saúde
e do bem estar. As condições sociais e econômicas resultam em
um gradiente social na qualidade da dieta que contribui para as
iniqüidades em saúde. A principal diferença dietética entre as
classes sociais é a fonte dos nutrientes. Pessoas com baixos
rendimentos, como famílias jovens, idosos e desempregados, tem
menos capacidade de comer bem.
• 10. Transporte saudável significa dirigir menos e encorajar a
caminhada, andar de bicicleta, sustentada por um melhor transporte
público. Andar de bicicleta, a pé e usar transporte público
promovem a saúde de quatro maneiras. Permitem o exercício,
reduzem os acidentes fatais, aumentam os contatos sociais e
reduzem a poluição do ar
• (Wilkinson & Marmot, 2000).
25. Dez Dicas Para Se Ter Saúde
• 1 Não Fume. Se puder, pare. Se não conseguir, diminua.
• 2 Siga uma dieta balanceada rica em vegetais e frutas.
• 3 Mantenha-se físicamente ativo.
• 4 Evite o stress, por exemplo, guarde tempo para relaxar.
• 5 Se você bebe álcool, o faça com moderação.
• 6 Fique coberto no sol e evite queimaduras solares.
• 7 Pratique Sexo Seguro.
• 8 Faça todos os screenings recomendados para cancer.
• 9 Dirija com segurança:obedeça o código rodoviário.
• 10 Aprenda os primeiros-socorros ABC: airways, breathing, circulation. Vias
aéreas, respiração, circulação. (American Medical Association (AMA)
26. Saúde: biologia-ambiente-
social.
• O próprio sistema de saúde acaba sendo
a terceira causa de morte. Nos EUA
400.000 por ano – Na união europeia
200.000 por ano.
• 30% do total do orçamento da saúde são
gastos ineficientemente. Desses, mais de
75% correspondem a atividades de
prevenção desnecessária.
27. David Gordon
• Professor do centro de estudos sobre a
pobreza e a exclusão social –
Universidade de Bristol
28. Dez dicas para permanecer saudável
Não seja pobre. Se puder, pare de ser. Se não puder, tente não
ser por muito tempo.
Não viva em áreas pobres, quando puder mude.
Tenha um carro.
Não tenha um emprego manual mal pago e estressante.
Não fique desempregado ou seja morador de rua.
Seja capaz de viajar nos feriados e tomar sol.
Não seja uma pessoa solitária, tenha uma família.
Desfrute de todos os benefícios a que tem direito seja por
desemprego, por aposentadoria, por doença ou por invalidez.
Não viva perto de uma estrada muito movimentada ou de uma
fábrica poluidora.
Use a educação para melhorar a sua posição sócio-econômica.
David Gordon, 1999
29. Processo saúde-doença
• A saúde não é um estado perfeito, mas
possível e variante. Sentir-se saudável é
uma questão pessoal e possível em
qualquer circunstância e idade.
• Cada um vai desfrutar da saúde ao seu
estilo, de acordo com sua idade, situação
e possibilidades.
• Saúde não deve ser uma mercadoria nem
a prevenção um negócio porque a saúde
é um direito humano.
30. Prevenção desnecessária
• Colisão de interesses industriais e
médicos com uma ideologia de mercado
hostil à redistribuição de riqueza e dos
rendimentos sociais, por entender que a
desigualdade é uma consequência
necessária da liberdade do capital.
• Como é possível o ser humano travar uma
guerra ambiciosa e inescrupulosa, em
favor do consumo e do lucro, contra sua
própria espécie?
31. • Temos o direito a ser iguais quando a
diferença nos inferioriza; temos o direito a
ser diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza. (Boaventura Santos)
• Diversidade só se alcança com o
fortalecimento das vozes de cidadania,
das dinâmicas participativas e múltiplas
práticas culturais e interculturais. (Dênis
de Moraes)
32. Democracia liberal X
Neoliberalismo
• Democracia liberal – Dois mercados de
valores: o político da pluralidade de idéias
e convicções em que os valores não tem
preço.
• O econômico onde os valores têm preço.
O mercado de bens e serviços.
33. Neoliberalismo
• Total primazia do econômico.
• Tudo se compra e se vende mesmo no domínio
das ideologias e convicções políticas.
• A corrupção torna-se endêmica e necessária.
• A democracia deixa de ser um acordo de
convivência cidadã e passa a democracia
instrumental, tolerada enquanto serve aos
interesses de quem detém o poder econômico e
social.
34. Autonomia (Saúde e Dignidade)
• Situação Atual – Pontos positivos:
• - abundância nunca vista;
• - governo democrático e participativo;
• - direitos humanos e liberdade política no discurso
dominante;
• - esperança de vida elevada
• - grande interação entre as diferentes zonas do globo.
35. • Situação Atual – Pontos negativos:
• persistência da pobreza e necessidades
elementares insatisfeitas;
• fome e subnutrição;
• violações das liberdades políticas e das
liberdades básicas;
• desprezo pelos interesses e atividades das
mulheres;
• ameaças ao ambiente e sustentabilidade da
nossa vida económica e social;
36. Consequências
• privação de alimentos
• privação de uma nutrição adequada
• privação de cuidados de saúde
• privação de saneamento básico ou água potável
• privação de uma educação eficaz
• A privação das potencialidades elementares pode
refletir-se em mortalidade prematura, acentuada
subnutrição, doença crônica...
42. • Organização Mundial de Saúde define a
saúde como “a extensão em que o
indivíduo ou grupo é, por um lado, capaz
de realizar as suas aspirações e satisfazer
as suas necessidades, e por outro lado,
de modificar ou lidar com o meio que o
envolve” (OMS, 1986)
43. Saúde-doença
• saúde e doença decorrem tanto das chamadas
situações de risco tradicionais como a contaminação
das águas e dos alimentos, a falta de saneamento, a
maior exposição aos vetores, as condições precárias de
moradia, quanto dos novos riscos, como o cultivo
intensivo de alimentos e monoculturas, a poluição do ar,
as mudanças climáticas globais, o manejo inadequado
de fontes energéticas.
44. Saúde-doença
• Se o Estado deixa de ser prestador de
serviços, e passa a financiar serviços
fornecidos por entidades privadas, o
doente deixa de ser um cidadão e é
transformado em consumidor ou cliente de
serviços de saúde, a saúde deixa de ser
uma concepção determinada por uma
dimensão histórica e social, e passa a ser
uma mercadoria, um produto a ser
negociado pelas leis do mercado.
45. Saúde-doença
• A construção de uma saúde publica
concebida a partir da lógica da vida e não
da perspectiva da economia, poderá
desenhar um novo caminho.Temos que
abolir a distinção entre o estar doente ou
sentir-se com saúde. Um homem ou
mulher para serem saudáveis, devem
conseguir se identificar com a sociedade,
sem a perda de seus impulsos individuais
ou pessoais.
46. Saúde-doença
• Uma noção ampliada de saúde e de políticas de saúde
capaz de assumir as implicações de tratar saúde e
doença como um processo, resultante dos processos de
produção e de consumo, como questão relativa aos
direitos humanos e a cidadania, na interseção das duas
lógicas, a econômica e a lógica de reprodução da vida,
aonde a ênfase na susceptibilidade individual dá lugar à
preocupação com a vulnerabilidade, e o risco passa a
ter valor substancial.
47. Saúde-doença
• A tecnologia trouxe um ganho no que se refere ao
controle da saúde, mas, paradoxalmente, o alto custo
tecnológico tornou o acesso à saúde um privilégio para
poucos e a consolidação de políticas socais enfrenta
grandes desafios e dificuldades para garantir o direito à
saúde, para a maioria da população.
• Para recuperarmos a saúde como direito temos que
enfatizar o reconhecimento da dimensão social e
histórica como elemento nuclear da compreensão do
processo saúde-doença.
48. Saúde = Autonomia
• Saúde é ter liberdade para viver suas próprias
experiências no espaço da espontaneidade e da criação
e ser responsável por elas. Alcançar o desenvolvimento
dos potenciais numa experiência pessoal de
relacionamento com a sociedade, que desemboca no
sentimento insubstituível de que a vida vale a pena.
49. felicidade
• Ser feliz é aprender a escolher, — nos diz
Frédéric Lenoir. Escolher os prazeres, os
amigos, o que vai comer, no que vai
acreditar, os valores sobre os quais
queremos estabelecer nossa vida.
50. Direito a Saúde
• Saúde é um valor como a paz interior, o amor,
ninguém pode garanti-la. O que é preciso são
condições que facilitem a maior quantidade e
qualidade de vida e a melhor saúde possível
para o maior número de pessoas.
• O impacto das intervenções em saúde oferece
uma relação custo/benefício de 1 para 4.
Mudanças favoráveis às condições de vida de 1
para 30 (cálculo de impacto médio sobre os
anos ajustados de vida de acordo com a
qualidade)
51. Hannah Arendt:
“Os direitos humanos não são
um dado, mas um construído,
uma invenção humana, em
constante processo de
construção e reconstrução.”
52. Desafios dos Direitos
Humanos e Saúde
• Os direitos humanos e a igualdade têm
raízes profundas. A desigualdade de
sobrevivência é o pior tipo de
desigualdade, e em hipótese alguma as
pessoas e os países abandonados ficarão
de braços cruzados.
53. 1- Universalismo X Relativismo Cultural
• Para os universalistas há o mínimo ético irredutível, a idéia de
dignidade como valor intrínseco a condição humana. Para os
relativistas a cultura é a fonte dos direitos humanos, portanto não
há como sustentar uma ética universal.
• Uma concepção multicultural dos direitos humanos inspirada no
diálogo entre culturas compondo um multiculturalismo
emancipatório.
• Universalismo aberto, pluralista não etnocêntrico, baseado no
diálogo entre as culturas.
• Cada cultura tem crenças, normas e valores característicos, mas
estes estão em transformação constante. A cultura pode se
transformar em resposta a mudanças em seu ambiente.
54. • Hoje, quase todos os humanos partilham do mesmo
sistema geopolítico (o planeta inteiro está dividido em
estados reconhecidos internacionalmente), do mesmo
sistema econômico (as forças do mercado capitalista
moldam até mesmo os rincões mais remotos do globo);
do mesmo sistema jurídico (as leis internacionais e os
direitos humanos são válidos em todos os lugares, pelo
menos em teoria); e do mesmo sistema científico
(especialistas no Irã, em Israel, na Austrália e na
Argentina partilham dos mesmíssimos conceitos quanto
à estrutura dos átomos ou ao tratamento da
tuberculose). A cultura global única não é homogênea,
contém tipos diferentes de povos e estilos de vida, de
corretores de ações de Nova York a pastores afegãos.
Mas todos estão intimamente relacionados e influenciam
uns aos outros de inúmeras maneiras.
55. • Não há deuses no universo, nem nações,
nem dinheiro, nem direitos humanos, nem
leis, nem justiça fora da imaginação
coletiva dos seres humanos. Desde a
Revolução Cognitiva, não existe um único
estilo de vida natural para os sapiens. Há
apenas escolhas culturais, dentro de um
conjunto assombroso de possibilidades.
57. 1- Universalismo X Relativismo
Cultural
• No nosso tempo existe a hegemonia de
uma rede multifacetada de relações
econômicas, sociais, culturais e
epistemológicas baseadas em três
estruturas de poder e dominação:
capitalismo, colonialismo e patriarcado.
• Definem o entendimento liberal do direito,
democracia e direitos humanos.
58. 1- Universalismo X Relativismo
Cultural
• Na definição central do capital, existe uma
economia baseada na espoliação, que
ocorre desde o colonialismo até o
neoliberalismo dos dias atuais,
administrada por uma aliança entre o
poder corporativo e o poder estatal do
acesso à terra, à água, aos alimentos e
aos recursos naturais.
59. 1- Universalismo X Relativismo
Cultural
• Os modos de ser e de viver foram
substituídos por uma doutrina de “direitos
humanos” universais, evidentes e
individualizados, voltados à produção de
valor, que esconde uma doutrina legal
universalista e naturalizada de violência e
violações de povos e territórios.
(Boaventura Santos)
60. 2 - Laicidade estatal X
fundamentalismos religiosos
Estado laico é garantia essencial para o
exercício dos direitos humanos.
Separar a esfera do Estado e a esfera da
religião, separação entre a razão pública e o
domínio privado do sagrado
61. • Os advogados modernos são, de fato,
feiticeiros poderosos. A principal diferença
entre eles e os xamãs tribais é que os
advogados modernos contam histórias
muito mais estranhas. (Yuval Noah Harari)
62. 2 - Laicidade estatal X fundamentalismos
religiosos
• A era moderna testemunhou a ascensão de uma série
de religiões baseadas em leis naturais, como o
liberalismo, o comunismo, o capitalismo, o nacionalismo
e o nazismo. Esses credos não gostam de ser
chamados de religiões e se referem a si mesmos como
ideologias.
• Mas esse é apenas um exercício semântico. Se uma
religião é um sistema de normas e valores humanos que
se baseia na crença de uma ordem sobre-humana,
então o capitalista de livre mercado (acredita que a
competição aberta e a busca dos próprios interesses
são as melhores maneiras de criar uma sociedade
próspera), o humanista liberal (acredita que os humanos
foram dotados pelo criador de certos direitos
inalienáveis), o nacionalismo, o comunismo soviético,
são religiões tanto quanto o cristianismo...
63. 2 - Laicidade estatal X fundamentalismos religiosos
• Para que as ordens sociais modernas se
mantenham coesas é a disseminação de uma
crença quase religiosa na tecnologia e nos
métodos da pesquisa científica, que, em certa
medida, substituíram a crença em verdades
absolutas.
• Estudantes de medicina são formados com uma
atenção biológica e fragmentada e tecnológica e
podem se formar sem ter estudado nada sobre
o impacto do analfabetismo e da solidão na
saúde dos idosos.
64. 2 - Laicidade estatal X
fundamentalismos religiosos
• Nossa ciência não passa de uma criança
que apanha conchas na praia sem nunca
ter visto o mar da verdade. Os fatos que
vemos com a orientação de nossa ciência
e razão talvez não sejam verdades
objetivas.
65. 2 - Laicidade estatal X
fundamentalismos religiosos
• “Ela tem pelo menos um diploma de
graduação, mas não tem doutorado. Ela
tem boa formação, mas não chega ao
ponto de ficar indiferente. Os estudos só a
deixaram mais sensível à vida e ao
mundo.” (Cixin Liu)
66. 2 - Laicidade estatal X fundamentalismos religiosos
• Maldito é o solo por causa de ti! Com sofrimento dele te nutrirás
todos os dias de tua vida. Ele produzirá para ti espinhos e cardos, e
comerás a erva dos campos. Com o suor de teu rosto comerás teu
pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado. Pois tu és pó e
ao pó tornarás. (Gênesis 3,17-19)
• O veredicto de Deus da expulsão de Adão e Eva do Jardim do
Éden é uma alegoria para a primeira causa realmente importante de
desajuste: o fim do modo de vida caçador-coletor.
• A punição da espécie humana foi labutar miseravelmente como
agricultores, cultivando nosso pão de cada dia em vez de arrancar
frutos saborosos prontos para serem colhidos.
68. Direito ao desenvolvimento X Assimetrias
• o motor de nossa revolução industrial tem sido a energia barata e
acessível.
• a demanda por energia continuará crescendo à medida que a
população se expande e as pessoas lutam para melhorar seu
padrão de vida.
• a queima de combustíveis fósseis, provocando o lançamento de
dióxido de carbono e outros gases na atmosfera, está aquecendo
de forma sistemática o planeta. Ou continuamos mais lentamente e
depois paramos ou nossos netos enfrentarão uma gigantesca
catástrofe econômica e humana.
• Como podemos seguir mais devagar e parar ao mesmo tempo em
que preservamos nossa civilização e continuamos a arrancar
milhões de pessoas das garras da pobreza? Não será somente nos
tornando virtuosos, reciclando as garrafas, desligando o ar-
condicionado e comprando um carro menor. Isso apenas posterga a
catástrofe.
69. Vaticínio Capitalista
• Seres humanos descambando para a
calamidade, as cidades costeiras
desaparecendo sob as ondas, as colheitas
fracassando, centenas de milhões de refugiados
lançados de um país e de um continente para
outro, tangidos por secas, inundações, fome,
tempestades e guerras permanentes pela posse
de recursos cada vez mais escassos.
70. Pobreza
• As profundas desigualdades na distribuição da riqueza no mundo atingiram
atualmente proporções verdadeiramente chocantes.
O número de pobres não pára de crescer e já chega a 307 milhões de pessoas
no mundo. Relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o
Desenvolvimento (Unctad) recentemente publicado mostra que nos últimos 30
anos o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1,00 duplicou nos países
menos desenvolvidos.
Para a agência da ONU, o dado mais preocupante é a tendência de que esse
número aumente até 2015, quando os países menos desenvolvidos poderão passar
a ter 420 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.
Em algumas regiões, principalmente na África, parte da população já tem um
consumo diário de apenas 57 centavos de dólares, enquanto um cidadão suíço
gasta por dia US$ 61,9. Nos anos 70 cerca de 56% da população africana
vivia com menos de US$ 1,00, hoje este valor é de 65%.A pobreza está a
aumentar, em vez de diminuir
71. Solidariedade !!!
• As ajudas dos países mais ricos aos mais
pobres são uma gota de água no
Oceano, cifrando-se 0,22 por cento do seu PIB.
• O mais grave é todavia os
subsídios que atribuem às suas empresas para
exportarem e barreiras
comerciais que levam aos produtos oriundos
dos países mais pobres. O
desequilíbrio de meios sufoca completamente
as economias mais pobres. (Banco
Mundial,Abril de 2003)
72. Fome
• Segundo as estimativas da ONU as pessoas
grave e permanentemente subalimentadas do
planeta chegavam a 1.023 milhôes em 2009,
925 milhões em 2010, ou seja uma em cada 7
pessoas desse planeta padecem de fome
permanentemente..
73. Fome
• São 25 mil mortes por dia devido a fome, a
subnutrição infantil seja a causa de morte de
mais de 2,5 milhões de crianças por ano.
Metade dos óbitos de crianças até cinco anos
no mundo tem como causa direta ou indireta a
má nutrição. No ser humano, os neurônios
formam-se nos primeiros cinco anos de vida. Se
nesse período a criança não receber
alimentação adequada, suficiente e regular,
ficará lesionada por toda a vida.
74. Fome
• Atualmente, as duzentas maiores sociedades do ramo
agroalimentar controlam cerca de um quarto dos recursos
produtivos mundiais. Tem lucros astronômicos e dispõem de
recursos financeiros bem superiores a maioria dos países onde elas
operam. Monopolizam a cadeia alimentar, da produção à
distribuição, passando pela transformação e a comercialização dos
produtos, restringindo as escolhas dos consumidores. Controlam Tb
as sementes, os adubos, os pesticidas, a estocagem, os
transportes...
• O objetivo desses gigantes da área agroalimentar certamente não é
o de produzir alimentos , mas mercadorias para ganhar dinheiro.
• ZIEGLER, J. Destruição em Massa: Geopolítica da Fome. São Paulo: Cortez, 2013. .376p,
75. Fome
• Na nossa época, quando se quer
invisibilizar qualquer coisa, em lugar de
ocultá-la, se banaliza, quer dizer, se
expõe tanto a vista que termina
produzindo indiferença.
76. Crise ambiental
• A crise ambiental é o desconhecimento do
real – a exclusão da natureza, a
marginalização da cultura, o extermínio do
outro, a anulação da diferença – pela
unidade e sistemicidade e homologação
das ciências. (Enrique Leff)
• Solução: uma sociedade fundada na
convivência de sujeitos autônomos,
baseados em suas diversidades culturais
e em uma política da diferença.
77. Cortina de ouro
• Oficialmente as utopias estão mortas, mas a realidade
que as alimentou e justificou durante séculos continua
bem viva. As desigualdades em todo o
mundo, desde o "triunfo" do liberalismo nos anos
oitenta, são cada vez maiores. O esbanjamento de
recursos nos países mais ricos está a conduzir a
humanidade para a sua própria extinção.
• Como refere Peter Singer, bastava
que nestes países, se deixassem de alimentar os
animais domésticos à base de cereais e de soja, e estes
alimentos fossem distribuídos pelos necessitados,
para se pôr fim à fome no mundo.
78. Justiça Global X Monetarismo Global
• “Há milhões de pessoas morrendo de
inanição, a medicina que poderia salvar
pessoas de doenças tem outros objetivos
em jogo.”
• Amartya Sem
• (Premio Nobel de Economia em 1998)
79. • O que é não ter liberdade de
escolha como consumidora
80. • A fome e a obesidade têm raízes na
mesma origem:
• O sistema de produção, distribuição e
consumo de alimentos, baseado na
monocultura em grande escala, em
latifúndios e no alto uso de agrotóxicos.
Mais recentemente, também no avanço do
uso de transgênicos.
81. Revolução Verde do final do
século XIX
• Modelo produtivo legitimado pelo domínio
da técnica e da ciência, fortemente
dependente de insumos industriais e
energia não renovável.
• Ampliou substancialmente a produção de
alimentos e liquidou a diversidade de
culturas, expulsando para as cidades
milhões de agricultores despossuídos.
82. Monocultura
• Das aproximadamente 200.000 espécies
de plantas floríferas, só cerca de 3.000
tem sido usadas extensivamente como
alimentos humanos. Dessa, apenas 15
foram e continuam sendo de grande
importância (trigo, arroz, milho, açúcar,
lentilha, ervilha, ervilhaca, fava, soja,
amendoim, batata, batata-doce, inhame,
mandioca e banana).
83. Concentração no sistema
alimentar
• 200 sociedades agroalimentares dominam um
quarto dos recursos produtivos mundiais.
• Recursos financeiros superior a muitos países
onde estão implantadas
• Monopólio da produção à distribuição, passando
pela transformação e comercialização de
produtos.
• Influência nas decisões do governo.
84. Que tipo de alimento é suficientemente barato para que um
salário não justo permita adquirir alimentos?
• Renda baixa precisa de alimento barato.
• Necessário diminuir o custo dos
alimentos.
• Como a opção pela quantidade e custo
baixo está afetando a população?
• Segurança alimentar compreende
quantidade, qualidade, cultura e saude,
entre outras variáveis.
85. • Grande parte dos alimentos dos
supermercados são altamente
processados.
• Os alimentos verdadeiros tem
desaparecido das prateleiras, substituídos
por produtos altamente processados que
imitam comida.
• Congelados, iogurtes, carnes
processadas, chocolates...
86. A criança padece de uma privação que
prejudica sua vida inteira
• Os adultos já não consideram um dever orientar
o gosto das crianças.
• Cedem a pressão dos filhos decorrentes de
vários produtos concebidos para seduzi-los,
tanto pelo sabor como pela apresentação.
• Com paladar viciado em produtos processados,
como poderão ser responsáveis por escolhas
saudáveis quando adultos?
87. Procura por um modelo
alimentar alternativo
• O sistema alimentar atual é paradoxal:
persistência da fome e o aumento da
obesidade,
• Reforma agrária é uma condição, para se opor
ao agronegócio visto como única solução para
alimentar a população.
• A maior parte da intervenção estatal é
direcionada aos setores conservadores,
econômica e politicamente dominantes
88. O alimento-mercadoria
• O interesse das grandes corporações alimentares é a
venda de produtos e o lucro.
• Base da criação dos produtos alimentares (comidas
falsas que inundam os supermercados)
• Produtos industrializados relacionados a doenças
crônicas não comunicáveis e com o excesso de peso.
• Desigualdade: problema ainda é maior nas classes
menos favorecidas devido ao barateamento da
alimentação.
89. O alimento-mercadoria
• Uso de quantidades importantes de sal, açúcar
e gordura. Estratégia fundamental pois seus
poderes aditivos têm sido demonstrados
cientificamente.
• Modificação do paladar das consumidoras, em
alguns casos viciados.
• Facilidade maior de acesso aos produtos
alimentares baratos, altamente calóricos, de
baixa qualidade nutricional e alto conteúdo
publicitário.
90. O alimento-mercadoria
• Produtos alimentares proveniente das 10
maiores empresas alimentares (Coca-
Cola, Danone, Kellog, Kraft, Nestlé,
PepsiCo, Unilever entre elas).
• Receitas de mais de 1 bilhão de dólares
por dia.
• Representam 10% da economia global
(Maior que o setor energético!)
• OXFAM, 2013
91. • A ação insidiosa das indústrias de
alimentos, sobretudo em países de baixa
renda, não tem sido abordadas na
determinação da saúde.
• Um alimento cuja missão é gerar lucro,
assim como em qualquer outro ramo
empresarial, nem sempre terá
preocupação com os consumidores.
92. primavera silenciosa Rachel Carson
Agrotóxicos
• Quantos outros atos da humanidade que
pareciam normais ou até corretos eram,
na realidade prejudiciais?
93. Compatibilizar ciência e vida
• Tão fundamental quanto caçar era contar
histórias sobre a caçada. Comer – contar
como se prepara.
• Vivemos a obesidade do vazio e do
desespero.
• A fome de cultura, de ética, de sentido
para vida.
• O eufemismo da nova ordem mundial.
94. As guerras como um dos fatores mais
importantes das mudanças dietéticas
• Pesquisa científicas modernas
preconizam padronização das
necessidades nutricionais humanas com
base no conceito de caloria e na análise
qualitativa dos nutrientes. Mensuração,
cálculo, predição e organização
sistemática (neopositivismo)
95. • Considerando que a base bioquímica
alimentar é alterada pela adição de
substâncias de natureza duvidosa para a
saúde humana podemos afirmar que a
tecnologia que expande a oferta e reduz
os preços, visando maior lucro,
transformando a condição biológica dos
alimentos, corresponde a uma proposta
tecnológica insegura!
96. RISCO
• nem todas as substâncias podem ser
avaliadas no seu potencial de risco, nem
podem ser avaliados os efeitos das
combinações no nosso corpo e no meio
ambiente;
97. RISCO
• não consideram os efeitos cumulativos a
longo prazo; projetam-se resultados
estudados em animais para os humanos
de forma controvertida e ignoram-se
fatores sociais que podem influenciar as
peculiaridades da sensibilidade dos
indivíduos.
98. RISCO
• Precisamos aceitar os limites inevitáveis
do conhecimento científico para
determinar os riscos a longo prazo de
forma precisa e definitiva. Na globalidade
da contaminação e nas cadeias mundiais
de alimentos e produtos, as ameaças à
vida prevalecem e os sistemas jurídicos
não dão conta das situações de fato
99. RISCO
• investigações voltadas unicamente a substancias
tóxicas isoladas jamais podem dar conta das
concentrações tóxicas no ser humano. Aquilo que pode
parecer inofensivo num produto isolado talvez seja
consideravelmente grave no reservatório consumidor
final. A ingestão de vários medicamentos pode anular ou
reforçar o efeito deles. Mas não tomamos só os
medicamentos, Tb respiramos, bebemos, comemos, as
inocuidades acumulam-se consideravelmente.
100. RISCO
• Riscos não se esgotam em efeitos e
danos já ocorridos. Exprimem-se
sobretudo num componente futuro.Baseia-
se em parte na extensão futura dos danos
previsíveis. Tem a ver com antecipação,
com fatos destrutivos que ainda não
ocorreram mas que são iminentes, e que
nesse sentido, já são reais hoje.
101. RISCO
• A indiferença diante dos riscos, sempre
encontra na superação da carência palpável a
sua justificação, e é esse o terreno cultural e
político onde os riscos florescem e frutificam. A
sociedade de mercado de um lado e a
sociedade do risco do outro. A lógica da
produção de riqueza acaba por prevalecer,
ofuscando a percepção dos riscos, mas não a
sua concretude.
102. RISCO
• Definições de limites de tolerância ou estipulação de valores
máximos , são uma forma de dizer que não sabemos como lidar
com os riscos.Limites de tolerância para substancia tóxicas na água
ou nos alimentos tem significado comparável a distribuição desigual
da riqueza, simultaneamente admitem as emissões tóxicas e a
legitimam dentro dos limites que estipula, passando a ser
considerado inofensivo. São um álibi para envenenar um pouquinho
o ambiente e o ser humano. Pode envenenar um pouquinho, só não
pode envenenar plenamente. O pouquinho de envenenamento
converte-se em normalidade, é declarado inofensivo. A estipulação
de teores máximos está na base de uma mentira tecnológica, em
caso de dúvida, vamos manter o veneno.
103. RISCO
• Quanto mais complacentes forem as faixas de
tolerância, a ameaça a população se amplia, o
volume total de diferentes substancias
isoladamente venenosas significa também um
nível mais alto de envenamento total. Existe a
interação entre as substancias tóxicas isoladas.
Uma determinada substancia tóxica , nesta ou
naquela concentração, é ou não prejudicial, se
ao mesmo tempo nada se souber sobre as
reações desencadeadas pela interação com
outros resíduos tóxicos?
104. RISCO
• Os estudos de tolerância baseiam-se em duas falácias:
• - é um equivoco estender os resultados de um
experimento com animais as reações dos seres
humanos.
• – o experimento que ocorre com o ser humano não
ocorre. Ele é administrada a certas pessoas em certa
dosagem. O experimento com o ser humano ocorre na
verdade, sem controle científico sistemático, sem
levantamento de dados, sem análise de correlações, e
com o ônus da prova invertido. Os efeitos da intoxicação
devem ser provados, pois existem limites de tolerância
sendo respeitados!
105. RISCO
• O grupo profissional médico a partir do seu
controle cognitivo no campo da atividade por ele
monopolizada, gera estratégias profissionais
constantemente novas, favorecendo-se dos
riscos e situações de ameaça que ele mesmo
produz e expande assim continuamente seu
âmbito de atuação por meio de inovações
tecnológicas e terapêuticas relacionadas a
esses mesmos riscos. (BECK, Ulrich. Sociedade de
Risco: Rumo a uma outra modernidade. 2011)
106. • Acredito que são as mulheres que historicamente se
preocupam com sustentabilidade. São elas que cuidam
da família, da comunidade, e quando dependem dele,
do ecossistema. Por causa da divisão de trabalho,
mulheres são mais responsáveis quando se trata de
cuidar. Elas são menos ambiciosas e tendem a se
preocupar com os outros e a pensar em médio e longo
prazo, o que também tem relação com exclusão, com
seres muitas vezes considerados cidadãos de segunda
classe. É por isso que as mulheres estão no que eu
chamo de "economia do cuidado", a única que
deveríamos ter. ( Vandana Shiva)
107. Direitos fundamentais com pretensão de validade
universalista foram conquistados na articulação da
jurisprudência com a esfera publica dos meios de
comunicação.
• O judiciário, quando tem que decidir a
respeito de erros médicos ou negligencia
profissional, tem que recorrer as normas e
fatos que foram medicinalmente
produzidos e controlados, e que portanto,
podem ser julgados apenas por médicos e
por mais ninguém!
155. • 4 - Proteção dos direitos econômicos,
sociais e culturais vs. desafios da
globalização econômica
156. Produção/Consumo
• O direito de propriedade depende da
perspectiva: a do possuidor e a do não
possuidor. O direito individual da propriedade dá
o caráter de privado a bens que são comuns e
elementares à existência humana. A
propriedade privada foi sendo pouco a pouco
identificada com a propriedade em geral.
• Questionar a propriedade privada dos grandes
meios de produção, troca e comunicação é uma
ameaça a posse individual, pois essa dá poder
sobre o trabalho de outrem. (Daniel Bensaid)
157. Produção/Consumo
• A privatização hoje visa tanto os recursos
naturais como os produtos do trabalho e
cada vez mais os conhecimentos e
saberes.
• A lógica neoliberal estimula a produção de
bens inúteis ou nocivos, exige campanhas
publicitárias caras, gera superprodução e
desperdício.
158. Produção - consumo
• Define o que é real – não oferece
alternativa
• Define as necessidades humanas – não
as que são ou devem ser
• X
• Felicidade é uma construção da
criatividade e das relações humanas
159. Produção - consumo
• Estraçalha a pureza do ar, a poesia das
paisagens, a natureza dos alimentos.
• Cria a miséria, a exploração ( a máquina
não escraviza o homem, é o homem que
escraviza o homem)
• Desfaz os círculos de amizade, as
relações humanas
160. Produção - consumo
• Cria a solidão, a depressão, o consumo
de medicamentos
• Ter dinheiro, ter carro, ter poder, ter
saúde, ter posição e ter cada vez mais...
• X
• Ser ético, ser amigo, ser solidário,
convivência...
161. Economia baseada em consumo provoca uma
atrofia profunda no modo de ser do homem
• BELEZA
• LIBERDADE
• AMIZADE
• Não podem ser reduzidas a bens de
consumo
• A poesia da natureza, a simples alegria de
viver, não se contabilizam em livro-caixa
nem geram lucro.
162. • A luta decisiva de hoje não se trava entre
uma economia capitalista e uma economia
socialista mas entre uma ECONOMIA
PRODUTIVISTA e uma ECONOMIA
POÉTICA (ecumênica = habitação e
morada, a terra habitada pela vida)
163. • Em 1500, a humanidade consumia por
volta de 13 trilhões de calorias de energia
por dia. Hoje, consumimos 1,5 quatrilhão
de calorias por dia. A população humana
aumentou 14 vezes; a produção (de
alimentos) 240 vezes. Em 1500 a
produção per capita anual era, em média,
550 dólares, enquanto hoje todo homem,
mulher e criança produz, em média, 8,8
milhões de dólares por ano.
164. Doenças do desajuste
• Mudanças tecnológicas e econômicas durante as
últimas gerações alteraram as doenças infecciosas que
contraímos, as comidas que comemos, as drogas que
usamos, o trabalho que fazemos, os poluentes que
ingerimos, a quantidade de energia que despendemos e
consumimos, os estresses sociais que enfrentamos etc.
• Mudou o que comemos, nosso modo de mastigar, de
trabalhar, de andar e correr, dar à luz, adoecer,
amadurecer, reproduzir, envelhecer e conviver com
nossos semelhantes.
165. • Não é em termos de trabalho adulto, mas de trabalho infantil, que
se dá a maior diferença. Na maioria das sociedades caçadoras-
coletoras as crianças trabalham apenas uma ou duas horas por dia,
sobretudo caçando, coletando, pescando, catando lenha e
ajudando em tarefas domésticas como o processamento de comida.
Em contraposição, filhos de um agricultor de subsistência trabalham
em média entre quatro e nove horas por dia fazendo jardinagem,
cuidando de animais, carregando água, catando lenha,
processando comida e desempenhando outras tarefas domésticas.
• Trabalho infantil também ajuda a ensinar às crianças as
habilidades de que precisarão como adultas. Hoje
substituímos o trabalho físico por escola, mas para
alcançar os mesmos objetivos.
166. Doenças do desajuste
• autismo, por exemplo, poderia ser uma doença de
desajuste porque costumava ser raro, mas só muito
recentemente está se tornando comum (não apenas em
razão de critérios diagnósticos alterados) e ocorre em
geral em nações em desenvolvimento.
167. Doenças do desajuste
• Doenças de desajuste não infecciosas conjecturais – uma lista
parcial:
• Acne, Alzheimer, Asma, Câncer (somente alguns tipos), Cárie,
Cirrose, Constipação (crônica), Depressão, Diabetes (tipo 2),
Doença cardíaca coronária, Doença de Crohn, Dor na região
lombar, Endometriose, Enfisema, Eritema das fraldas, Esclerose
múltipla, Escorbuto, Fascite plantar, Glaucoma, Gota, Hemorroidas,
Insônia (crônica), Intolerância à lactose, Joanete, Miopia,
Osteoporose, Pé de atleta, Pré-eclampsia, Pressão sanguínea alta
(hipertensão), Raquitismo, Refluxo, Síndrome da fadiga crônica,
Síndrome do intestino irritável, Ovário policístico, Túnel do carpo,
Síndrome metabólica, Transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade, Transtorno obsessivo-compulsivo, Transtornos
alimentares, Úlceras de estômago.
168. Bem Viver
• Ao invés de "viver melhor" se fala em "bem viver". Esta
categoria entrou nas constituições da Bolívia e do
Equador como o objetivo social a ser perseguido pelo
Estado e por toda a sociedade. O "viver melhor" supõe
uma ética do progresso ilimitado e nos incita a uma
competição com os outros para criar mais e mais
condições para "viver melhor". Entretanto para que
alguns pudessem "viver melhor" milhões e milhões têm
e tiveram que "viver mal". É a contradição capitalista.
Contrariamente, o "bem viver" visa a uma ética da
suficiência para toda a comunidade e não apenas para o
indivíduo.
169. Bem Viver
• O "bem viver" nos convida a não consumir
mais do que o ecossistema pode suportar,
a evitar a produção de resíduos que não
podemos absorver com segurança e nos
incita a reutilizar e reciclar tudo o que
tivermos usado. Será um consumo
reciclável e frugal. (Leonardo Boff )
170. Bem Conhecer
• Mudança do conceito de recurso para
patrimônio.
• Otimização das energias naturais promovendo a
agroecologia e processos de conhecimento
livres.
• Marcos legais necessários para ampliar os
direitos e liberdades do patrimônio agroflorestal.
• Intercâmbio entre conhecimento científico e
saberes ancestrais para garantir o bem comum.
171. abordagem das capacitações de Amartya
Sen
• Essa abordagem busca compreender
como limitações nas diversas dimensões
que afetam o ser-humano (como saúde,
educação, cultura, política) restringem
suas liberdades de ação, resultando em
privações. De maneira resumida, quanto
menos privações um indivíduo tiver, maior
será seu bem-estar sob o ponto de vista
econômico.
172. Abordagem das capacitações
• Amartya Sen define que o bem estar de
um indivíduo aumenta quando ele tem
mais acesso às liberdades. Entendendo
liberdade como o leque de possibilidades
de escolha dos indivíduos.
173. Abordagem das capacitações
• A eficácia da liberdade como instrumento
reside no fato de que diferentes tipos de
liberdade apresentam inter-relação entre
si, e um tipo de liberdade pode contribuir
imensamente para promover liberdade de
outros tipos.
174. Abordagem das capacitações
• Diferenciar “liberdades reais” ( real
freedom) de liberdades formais ( liberties)
é importante. Enquanto o primeiro termo
se relaciona com as liberdades efetivas de
um indivíduo, a segunda está atrelada a
direitos socialmente concebidos, mas não
necessariamente realizáveis. Ou seja,
direitos formais não significam
necessariamente garantias reais.
175. Ampliação dos direitos
humanos
• - igualdade étnica e de Gênero
• - direito a opção sexual e contracepção
• - ampliação dos direitos do trabalho
• - ampliação dos direitos ambientais
176. 4 - Proteção dos direitos econômicos,
sociais e culturais vs. desafios da
globalização econômica
• redefinir o papel do Estado, reforçando a sua
responsabilidade no que tange à implementação
dos direitos econômicos, sociais e culturais.
• sigo sendo comunista, entendendo por tal
alguém que considera a justiça e o controle dos
bens sociais um dever do Estado, o único que
pode nivelar as diferenças naturais e as
construídas social e históricamente de liderança
e capacidade entre os homens, diferenças que
sabemos que existem na vida.
177. 5 - Respeito à diversidade X Intolerâncias
as mais graves e perversas violações de direitos humanos
têm a mesma raiz: negar ao outro a condição plena de
sujeito de direito; ver no outro um objeto, uma coisa ou um
ser apequenado na sua dignidade. Daí a urgência do
combate a toda e qualquer forma de racismo, sexismo,
homofobia, xenofobia e outras formas de intolerâncias
correlatas.
178. 5 - Respeito à diversidade X
Intolerâncias
• A maioria das pessoas afirma que sua
hierarquia social é natural e justa, enquanto as
de outras sociedades são baseadas em critérios
falsos e ridículos. Os ocidentais modernos são
ensinados a desprezar a ideia de hierarquia
racial. Eles ficam chocados com as leis que
proíbem os negros de viver em bairros de
brancos, ou estudar em escolas de brancos, ou
ser tratados em hospitais de brancos.
179. 5 - Respeito à diversidade X
Intolerâncias
• Mas a hierarquia de ricos e pobres, que autoriza os ricos
a viver em bairros distintos e mais luxuosos, estudar em
escolas distintas e de mais prestígio e receber
tratamento médico em instalações distintas e bem
equipadas, parece perfeitamente sensata para muitos
de nós. No entanto é um fato comprovado que a maior
parte dos ricos são ricos pelo simples motivo de terem
nascido em uma família rica, enquanto a maior parte dos
pobres continuarão pobres no decorrer da vida
simplesmente por terem nascido em uma família pobre.
180. Educação, direitos humanos e saúde
• A educação em saúde com a abordagem dos direitos humanos ainda não
faz parte da prática nem do currículo da formação em saúde como deveria.
A crise de valores públicos e privados e da sociedade como um todo torna
imperativo que temas como a diversidade e a dignidade humana não sejam
apenas “leis”, mas que sejam internalizados por todos que atuam tanto na
educação formal como na não formal. Não só a revisão curricular dos
cursos, mas a formação docente devem incluir em seus programas os
direitos humanos.
181. 5 - Respeito à diversidade X
Intolerâncias
• Somos uma espécie geneticamente homogênea. Se
catalogarmos todas as variações genéticas que existem
em toda a nossa espécie, descobriremos que
aproximadamente 86% delas são encontradas dentro de
qualquer população.
•
182. 5 - Respeito à diversidade
X Intolerâncias
• Vivemos numa cultura que obriga as
pessoas a concretizar algumas
possibilidades e proíbe outras. A biologia
permite que as mulheres tenham filhos –
algumas culturas “obrigam” as mulheres a
concretizar essa possibilidade. A biologia
permite que homens pratiquem sexo uns
com os outros – algumas culturas os
proíbem de concretizar essa possibilidade.
183. 6 – Redução da Violência X Preservação
de direitos e liberdades públicas
• como preservar a era dos direitos em
tempo de terror
• Intervenção Militar?
• Intervenção Médica?
184. 6 – Redução da Violência X Preservação de
direitos e liberdades públicas
• O entusiasmo patriótico por via negativa que necessita
da existência de um inimigo exterior. E também os
mortos pelo tráfico (combate), os mortos na estrada. As
sociedades industriais admitem o custo de mortos pela
utilização do automóvel/motos, mas não o dos mortos
atribuídos a loucura política, religiosa ou sexual. Existem
mortes permitidas e mortes proibidas. A cultura urbana
gera um cenário para a violência regida por leis que
distinguem entre violência boa e violência má.
185. Intervenção Médica
• Sol fora do meio dia
• Sexo com camisinha
• Alimentação escassa e sem graça
• Criança nunca na cama de vocês
• Diariamente meia hora de exercícios
• Meia taça de vinho no jantar
• Muita, muita água
• O paciente passa a ser responsável pelo
seu sofrimento!!!!
186. Se os direitos humanos não são um dado,
mas um construído, há que se ressaltar
que as violações a estes direitos também
o são. Isto é, as violações, as exclusões,
as discriminações e as intolerâncias são
um construído histórico, a ser
urgentemente desconstruído. Há que se
assumir o risco de romper com a cultura
da “naturalização” e da “banalização” das
desigualdades e das exclusões, que,
enquanto construídos históricos, não
compõem de forma inexorável o destino
da humanidade.
187. Palavras de Ordem na Luta Pelo Direito à Saúde
• Trabalhar Menos!
• Consumir Melhor!
• Integrar a Cultura na Vida Cotidiana de TODOS!
• Abaixo o crescimento durável. Viva o crescimento
convivial!
• "Abundans cautela non nocet - Precaução mesmo
demasiada não prejudica." (AGOSTINHO, Santo)
• Por um mundo livre de intervenções médicas
desnecessárias
• O diálogo é o encontro de amor de pessoas, que
mediadas pelo mundo, proclamam esse mundo. Elas
transformam o mundo e, ao transformá-lo, humaniza
para todos (Paulo Freire)